
RE PO R T AGE M 3
A MULHER NA MÚSICA SERTANEJA

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FINANCIAMENTO DE ESPORTE E LAZER

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ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS LETRAS COMPROVA MACHISMO AO LONGO DO TEMPO E PESQUISA REVELA SENSO CRÍTICO DOS ESTUDANTES
Ouvir música, cantar em alto e bom som, dançar livremente, são práticas do cotidiano aparentemente banais. A música, como forma de expressão cultural, entretanto, pode mostrar coisas essenciais da sociedade em que está inserida. A partir dessa premissa, uma professora e três estudantes do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) decidiram se debruçar sobre a música sertaneja e analisar como a mulher é retratada nela.
O caminho percorrido foi longo, mas a professora Lídia Milhomem, doutora encontrar estudantes interessadas no projeto. Já nas conversas iniciais Marília Santana Lima e Isadora Coutinho da Costa, na época alunas do curso técnico integrado de Controle Ambiental, e Géssika Fernandes da Silva, aluna do curso técnico de Instrumento Musical, demonstraram empolgação.
Coube à professora, inicialmente, mostrar como a pesquisa sobre a retratação da mulher na música sertaneja inseria-se que abarca práticas do cotidiano. Com a música sertaneja presente e reverenciada
no estado de Goiás, a pertinência da proposta estava evidente.
O projeto de pesquisa “Do Mato ao Batom Cereja: a evolução e retrocesso do retrato das mulheres nas músicas sertanejas” foi aprovado dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação (Pibic-EM), em 2021. Isadora e Géssika projeto como voluntária.
Depois do projeto elaborado, foram três frentes de trabalho. A primeira análise das letras de uma seleção de questionário junto a um grupo de cerca de 120 estudantes do IFG, para aferição da visão deles sobre a música sertaneja.
Mesmo considerando uma diferenciação e o sertanejo universitário, já na pesquisa como desfavoráveis à mulher.
a equipe da IFG partisse do pressuposto que “esse estilo é responsável por disseminar preconceitos evidentes
dentro de suas composições, como o machismo, a apologia à violência contra a mulher, a visão domesticada feminina”.
As pesquisadoras chegaram à compreensão de que “o rebaixamento da imagem da mulher nas músicas sertanejas cantadas por homens segue
inconsciente das relações de poder entre homens e mulheres”.
sertanejo universitário, mas que, nesta última modalidade, a mulher aparece com mais liberdade, alguém sensual, que frequenta festas, que é “fácil” e causa sofrimento para o homem.
“Estudamos muito e cada texto que a gente lia e debatia aumentava o nosso senso crítico. As leituras abriram minha mente. Depois, comecei a analisar as letras das músicas e fui entendendo o real
Santana Lima, atualmente com 20 anos e cursando faculdade de Enfermagem.
Segundo ela, a música sertaneja dissemina o machismo e muitos preconceitos contra mas também aparece sutilmente, indiretamente, como quando coloca a mulher como dependente emocional do homem”, alertou.
Já a professora Lídia Milhomem chama a atenção para o aspecto lúdico da música sertaneja e que leva a maioria a não prestar atenção nas letras, muitas delas machistas e apresentando situações violentas, de relações abusivas.
Na análise das letras das músicas sertanejas, as pesquisadoras constaram que o machismo está de maneiras diferentes no sertanejo por serem muito emblemáticas.
Na música Franguinho na panela , de Craveiro e Cravinho, lançada no ano 2000, por exemplo, o modelo patriarcal de família, na qual o homem é o provedor e a mulher é a cuidadora, aparece claramente:
“Eu levanto quando bate o sininho da capela e lá vou eu pro roçado, tenho Deus em sentinela. Tem dia que meu almoço é o pão com mortadela, mais lá no meu ranchinho a mulher e os filhinhos têm franguinho na panela.”
As pesquisadoras concluem: “Nesse trecho da canção é perceptível a ideia do homem provedor, a ideia de sacrifício pelo bemestar da família [...] vale analisar que o
na representatividade da vida rural das campo, mas não se sustenta ao representar
feminina, que são excluídas das estatísticas, na agricultura familiar as mulheres dedicam 21,3 horas por dia ao trabalho doméstico
ideia central de que a mulher nasceu para o papel da maternidade.”
Já na canção Maria Chiquinha, lançada em mais tarde cantada pela dupla infantil Sandy
“Que c'ocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha?
Que c'ocê foi fazer no mato?
Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem. Eu precisava cortar lenha.
Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha?
Quem é que tava lá com você?”
E mais, ao analisar outro trecho da letra, as pesquisadoras constataram que há apologia
“Os passarinhos comeram tudo, Genaro, meu bem
Os passarinhos comeram tudo
Então eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha
Então eu vou te cortar a cabeça
Que c'ocê vai fazer com o resto, Genaro, meu bem?
Que c'ocê vai fazer com o resto?
O resto? pode deixar que eu aproveito.”
“No ano de 1992, no programa Clube do Bolinha, Sandy & Junior ainda crianças interpretaram a música ao vivo, cuja repercussão foi alta. A composição, mesmo contendo explícita apologia, foi interpretada em teor gentil e amigável pelo visão da mulher domesticada, reclusa ao lar,
impedida de conhecer o mundo afora exceto para a agricultura familiar, não sendo vista
Dando um salto para o sertanejo universitário, o grupo das pesquisadoras do IFG analisou a música Vidinha de balada , interpretada pela dupla Henrique e Juliano, lançada em 2017.
“A gente ficou, o coração gostou não deu pra esquecer. Desculpa a visita, eu só vim te falar
Tô afim de você e se você não tiver ‘cê vai ter que ficar Eu vim acabar com essa sua vidinha de balada.
[...] Vai namorar comigo sim, vai por mim igual nós dois não tem.
Se reclamar ‘cê vai casar também.”
“Observamos que a figura feminina continua sem autonomia de escolha [...] colocada como figura passiva assim como Maria Chiquinha no passado. O verso
abusivos e representa que, mesmo décadas depois, a liberdade feminina ainda é questionada por um homem [...]
embasada necessitam de uma cara-metade e são feitas para outros homens”.
Na canção que deu nome à pesquisa: Batom de Cereja, lançada em 2021 pela dupla Israel de sofrimento para o homem. No trecho:
“[...] Será que eu vou ficar de boa, pegando outra e vendo você ficar com outra pessoa
Não vou não, já dispensei a gata que eu tava [...] [...] Eu vim aqui foi pra beber e passar raiva, Tô solteiro na night, ‘cê’ tá batendo muito mais que um grave Enquanto o som do paredão toca
Cê gasta o seu batom de cereja
Eu bebo, ‘cê beija, eu bebo, ‘cê beija [...]”
Um aspecto das mudanças ocorridas na música sertaneja, em especial do sertanejo universitário, não poderia passar despercebido pela pesquisadoras do IFG: o crescimento do número de mulheres cantoras e do sucesso delas junto ao público. Até mesmo o neologismo “feminejo” foi criado para designar a música composta e cantada por mulheres e voltada para o público feminino.
No “feminejo” as mulheres deixam o papel do lar e assumem comportamentos associados ao masculino, como beber e se divertir. A pesquisa cita a música Nem te culpo , que há um empoderamento feminino na forma como a mulher traída lida com a traição e como se liberta da dominação sexual masculina:
“Sua maior frustração não
É eu tá tirando você da minha vida
É saber que me traiu
Só pra alimentar a sua autoestima
Que de alta não tem nada
Você só dá conta de uma madrugada [...]
É, no fundo, lá no fundo
Eu nem te culpo
Você não soube o que fazer com isso tudo
Que eu coloquei de baby doll na sua cama
Eu tive que aprender a me satisfazer sozinha”
Aintimamente ligada ao processo de como marca a viola, instrumento que chegou presentes. Dessa forma, à medida que o interior do Brasil foi sendo ocupado, os povos residentes nestas regiões passaram a ser conhecidos como caipiras e levaram consigo a viola que era tocada como forma
Assim, Goiás se destaca na musicalidade sertaneja por ser um estado pertencente ao interior do Brasil, no qual as atividades pouco tempo atrás e as características desse modo de vida estão presentes na essência goiana até os dias atuais.
O sertanejo começou a sofrer alterações desde a década de 60 devido ao processo de expansão da indústria musical no país.
Contudo, o termo sertanejo universitário que de 2000 tendo como precursores os jovens que saíam do interior para estudar nas faculdades das capitais e levavam consigo a viola, inserindo nesse estilo características da vida urbana juvenil e inserindo futuramente características de outros estilos musicais para tornar as músicas mais dançantes.
A antiga imagem do caipira malvestido, banguela, com chapéu de palha foi superada. As novas duplas usam roupas de grife, cabelo bem aparado e penteado. As mudanças estilísticas têm forte apelo comercial destinado a um público ávido por novidades. Dessa forma o sertanejo universitário ganhou popularidade e reconhecimento midiático
abordando principalmente a vida de solteiro, as baladas e a sensualidade.” (texto do
As mulheres são rebaixadas nas músicas sertanejas. Essa foi a opinião de 51,6% dos estudantes do IFG, que responderam ao questionário da pesquisa “Do mato ao batom cereja: a evolução e retrocesso do retrato das mulheres nas músicas sertanejas”. Já 48,4% acham que as mulheres são exaltadas, quando retratadas nas canções desse gênero musical.
A maioria dos estudantes considera que os temas tratados nas músicas sertanejas são regulares (40%) ou ruins (11,4%). Outros
Os estudantes também informaram se gostam mais de homens ou mulheres cantando música sertaneja: 57,1% responderam
Os questionários foram aplicados nas turmas de Licenciatura em técnicos integrados ao ensino médio em Controle Ambiental, Instrumento Musical , todos do Câmpus Goiânia. E o estudante não
A maioria dos respondentes era do sexo feminino (62,9%), nascida no estado de Goiás (91,4%) e com idade entre 15 e 17 anos (54,3%).
TRÊS PERGUNTAS DIRETAS POSSIBILITARAM AOS ESTUDANTES DO IFG OPINAREM SOBRE A MÚSICA SERTANEJA:
Exaltadas 51,6%
Rebaixadas 48,4%
PARTICIPARAM DA PESQUISA ESTUDANTES DO CÂMPUS GOIÂNIA, DOS CURSOS SUPERIORES DE LICENCIATURA EM MÚSICA E EM HISTÓRIA E DOS CURSOS TÉCNICOS EM CONTROLE AMBIENTAL, ELETROTÉCNICA, ELETRÔNICA, INSTRUMENTO MUSICAL, MINERAÇÃO E TELECOMUNICAÇÕES
54,3%
Entre 15 e 17 anos
37,1%
Entre 17 e 20 anos
8,6%
Abaixo de 15 ou acima de 20 anos
QUAL A SUA NATURALIDADE? 91,4% Goiano 8,6% Outros
As estudantes Isadora Coutinho da Costa e Marília Santana de Lima participaram do projeto de pesquisa “Do mato ao batom cereja: a evolução e retrocesso do retrato das mulheres nas músicas sertanejas” e foram muito impactadas por ele.
Marília mudou seu gosto musical e também alguns de seus hábitos. “Passei a gostar de outro tipo de música e passei a observar mais as falas e os comportamentos das minhas colegas”, conta. Isadora continuou gostando de música sertaneja, mas também adquiriu o hábito de analisar as letras das músicas.
Marília participou do projeto de pesquisa
como aluna e como pessoa. “Participar do projeto foi sair da caixinha. Como aluna, passei a entender a importância
Isadora, que participou do projeto como bolsista, atualmente cursa o pesquisa lhe proporcionou um salto médio, tive que aprender os aspectos como aprofundar uma temática. Isso me ajudou muito na faculdade”, comenta.
Uma das descobertas de Isadora foi
na música sertaneja: “muitas pessoas pensaram a questão, o que facilitou a
Isadora também teve de apresentar a pesquisa publicamente e considera que falar para o público foi uma “experiência incrível”.
Ela continua gostando do gênero sertanejo, mas adotou a análise crítica das letras como prática corrente. “Às
estou, ouço todas, mas muitas já não
Marília recorda-se também de que, no IFG, os estudantes não gostavam muito do gênero sertanejo. Segundo ela, as músicas mais ouvidas eram pop e rap, com letras que falavam mais de estudos,
curso de Enfermagem, a presença do sertanejo é maior.
“Passei a gostar de outro tipo de música e passei a observar mais as falas e comportamentos das minhas colegas” (Marília Santana de Lima)
“Temos de estudar as práticas do cotidiano. No caso da música sertaneja, em festas, nos bares, todos dançam e não prestam atenção nas letras” (Lídia Milhomem)
aprender os aspectos formais da
aprofundar uma temática. Isso me ajudou muito na faculdade” (Isadora Coutinho da Costa)
Conhecedora da realidade do estado de Goiás e da força da música sertaneja, a professora Lídia Milhomem continua pesquisando suas repercussões nos comportamentos e na cultura local. O enfoque continua sendo a retratação das mulheres. “Em festas, nos bares todos dançam e não prestam atenção nas letras”, observa.
A falta de criticidade da maioria em relação aos conteúdos das letras não
é uma característica somente dos amantes do gênero sertanejo. Tanto é assim que a professora Lídia abriu outra frente de pesquisa: como a mulher é retratada no funk.
o mundo acadêmico e para a sociedade, ao estudar as práticas do cotidiano.
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CHAMADA PÚBLICA - PROGRAMA DE DIVULGAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA - IFG FAZ CIÊNCIA
EDITAL n° 32/2022-PROPPG, de 27 de setembro de 2022.
FICHA TÉCNICA DA REPORTAGEM 3: “A MULHER NA MÚSICA SERTANEJA”
Texto e Revisão
MARIA JOSÉ BRAGA
Jornalista (Dicom)
ISABELA MAIA MARINHO
Capa e Diagramação
MICHELE JUSSARA BAGESTÃO
Programadora Visual (Dicom)
Revisão
ADRIANA SOUZA CAMPOS - Jornalista (Dicom)
PAOLA NUNES DE SOUZA - Redatora (Dicom)
PROTAGONISMO DA ESFERA MUNICIPAL É DESTAQUE EM INVESTIGAÇÃO REALIZADA NO IFG
Você já parou para pensar como funciona o financiamento público do esporte e do lazer no Brasil?
Pois essa dúvida foi a responsável por originar no Instituto Federal de Goiás (IFG) uma pesquisa sobre a questão. O responsável é o professor Fernando Henrique Silva Carneiro, do Câmpus Inhumas. O docente, que atualmente é diretor de Ações Sociais da Pró-Reitoria de Extensão, começou a pesquisar o tema em 2014, quando entrou no doutorado na Faculdade de Educação Física, da Universidade de Brasília.
De acordo com Fernando Carneiro, o objetivo da pesquisa, que foi fomentada pelo Câmpus Inhumas do IFG, por meio do Edital nº 18/2023/Gepex/Inhumas, do esporte e lazer pela União, estados, Distrito Federal (DF) e municípios.
O que norteou o trabalho do professor foi a busca pela compreensão das implicações do federalismo do Estado brasileiro e das diferentes regiões do esporte e lazer. Além disso, a
pesquisa também procurou investigar dos estados/DF e dos municípios
pela União, pelos estados/DF e pelos pesquisa buscou analisar como se dá o
pelo Estado brasileiro nas diferentes
A coleta de dados, que teve como foco os anos de 2013 a 2022, foi realizada por meio do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) e no Siga Brasil, que é um sistema criado pela Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle e pela Secretaria de Tecnologia da Informação do Senado (Prodasen), para permitir acesso amplo e facilitado aos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos de maneira integrada.
Opesquisador do IFG, Fernando Carneiro, afirma que faltam no Brasil investigações que façam uma análise abrangente sobre o financiamento do esporte e lazer, avaliando a participação de cada um dos entes federados em conjunto: “ter essa dimensão de totalidade é importante, pois possibilita avaliar como o pacto federativo
brasileiro reverbera nas políticas públicas; neste caso específico, as de esporte e lazer”,
De acordo com o professor, há uma concentração de pesquisas no âmbito da esfera federal: “é possível perceber que nos últimos anos tem ocorrido um aumento orçamentário municipal do esporte e lazer. Além disso, têm se ampliado os e lazer no Brasil”. Contudo, como Fernando
pontua, “essas pesquisas abordam, em sua grande maioria, apenas uma das esferas da federação. Dessa forma, é possível caracterizar que a marca dos estudos sobre é a parcialidade, isto é, a análise de apenas uma das esferas federativas”.
Fernando destaca que, “como o diferente nas três esferas federativas, isso acaba fazendo com que as investigações se concentrem em uma unidade federativa. No entanto, isso limita um olhar de conjunto brasileiro em suas diferentes esferas, ou seja, faltam pesquisas que façam uma análise abrangente sobre a totalidade do
a participação de cada um dos entes federados em conjunto”.
Pensando na importância de mapear esses dados, Fernando ressaltou que o objetivo da pesquisa era que a análise “possibilitasse conferir se de alguma
maneira o lazer pelos diferentes entes federados tem possibilitado a mitigação de desigualdades regionais”. Isso porque, segundo Fernando, com isso, “seria possível ter clareza sobre esse desvelamento da realidade e fazer dele um instrumento de luta política para que as políticas públicas de esporte e lazer materializem esses direitos”.
Fernando Henrique Silva Carneiro Professor do Câmpus Inhumas
Falando sobre os resultados da pesquisa, Fernando destacou que o protagonismo dos municípios brasileiros no financiamento do esporte e lazer foi o que mais o surpreendeu: “a centralidade das pesquisas tem sido analisar o financiamento federal do esporte e lazer, contudo a União é o ente federado com menos gasto com a área. Os municípios foram o ente federado que mais gastaram com esporte e lazer, tanto em volume de recurso, quanto em percentual do seu orçamento público total.”
Para entender como foram organizados os gastos por ente federado, Fernando levou em consideração o gráfico a seguir. Nele, é possível ver que, em 2013, o financiamento dos estados/DF era maior. Nos anos seguintes, contudo, o maior gasto foi dos municípios.
De acordo com Fernando Carneiro, “mais de 90% dos municípios direcionaram recursos orçamentários anualmente para o esporte e lazer, demonstrando uma grande adesão por parte deles à implementação de políticas da área."
Segundo o professor, "os estados/DF, todos direcionaram recursos para esporte e lazer e também foram o segundo ente federado que mais gastou com a área. A União foi o ente federado que menos gasto teve com esporte e lazer, embora seja aquele que teve mais
recursos para serem gastos com as políticas públicas”.
possível ver como tem sido materializado o orçamento da Função Desporto e Lazer (FDL) pelos diferentes entes federados do Estado brasileiro de 2013 a 2022.
Como destaca o docente, “os dados da pesquisa revelam que os diferentes entes federados variaram significativamente o gasto com FDL no período; os municípios foram o ente federativo que mais investiu em FDL, além de mais de 90% daqueles terem aderido a destinação de recurso financeiro para a FDL; todos os estados/ Distrito Federal direcionaram recursos para a FDL no período, mas foram o segundo ente federado que mais gastou; e a União foi a que teve menor investimento”.
Fernando observa que, ao longo do período analisado, “os recursos da União, dos estados/ DF e dos municípios para FDL oscilaram consideravelmente, houve uma tendência de queda nos recursos direcionados a FDL de 2013 até 2021, com retorno do crescimento em 2022.
Segundo o docente, "essa oscilação do investimento com a FDL pelos diferentes entes federados tem sido demonstrada por diferentes estudos e indicam a descontinuidade das políticas para o setor no período analisado”.
Ao longo da investigação sobre o financiamento público dos esportes e do lazer no Brasil, foram convidados diferentes pesquisadores de outras instituições. Fernando Mascarenhas
Lino Castellani Filho (Universidade de do Esporte) foram alguns deles. Além desses pesquisadores, estudantes do ensino médio do IFG também participaram da iniciativa e puderam ter a chance de fazer uma pesquisa científica pela primeira vez.
Fernando destacou que a participação dos estudantes foi um ponto muito importante da investigação realizada no IFG: “a pesquisa impactou diretamente a formação dos estudantes e de egressos do IFG e possibilitou que eles tivessem aproximações com o fazer de um projeto, a coleta e a análise de dados, até a sistematização de dados da pesquisa
Foi por meio do Programa Institucional de ao ensino médio (Pibic-EM), com o projeto intitulado “A política pública de esporte e lazer estadual e municipal em Goiás: análise do orçamento público de 2021 a 2022”,
que o egresso do Curso Técnico Integrado em Informática para Internet do Câmpus Inhumas, Davi Ramos, teve a chance de fazer
estudante, que atualmente está no segundo período do curso de graduação em Educação Física da Universidade Federal de Goiás, falou um pouco sobre a época da pesquisa e da importância que ela teve em sua vida.
de Educação Física antes mesmo de iniciar a pesquisa: “eu escolhi fazer a pesquisa com o professor Fernando por conta dessa
Ao mencionar a experiência da iniciação
projeto de pesquisa e fez expandir a minha maneira de pensar sobre o estudo em si e a respeito de como projetos como esse
Ainda sobre a época da pesquisa, Davi conta:
conforto, como palestrar para uma sala lotada, onde tinham mestres e doutores me ouvindo. Isso me fez crescer como pessoa e serviu para direcionar a área de estudo que eu seguiria posteriormente na faculdade”.
Davi destacou também a importância da bolsa ponto muito importante que devo ressaltar é durante a pesquisa me ajudou bastante”.
Discorrendo sobre a importância desse fomento, Davi salientou:
“pesquisadores e estudantes de um modo geral precisam desse incentivo monetário e precisam ser estimulados pela própria Instituição de Ensino para realizar suas pesquisas científicas e terem essa experiência única.”
O estudante também chamou atenção para a importância da pesquisa na sua vida mais preparada para o mercado de trabalho e também para a faculdade”.
Davi, que está no início da graduação, já está esperando uma nova oportunidade na eu tenha a possibilidade de fazer iniciação
A pesquisa do professor Fernando, que foi na publicação de três artigos. Além disso, “há a perspectiva de que novas publicações sejam realizadas com a continuidade do desenvolvimento das pesquisas”.
Como explica o docente, um novo projeto foi submetido pelo professor e terá como foco os aspectos da atuação estatal no
Egresso do Curso Técnico Integrado em Informática para Internet do Câmpus Inhumas
do esporte no Brasil: aspectos da atuação estatal” seja realizado de 2024 a 2027.
CASTELLANI FILHO, Lino. O desigual das políticas públicas de esporte e lazer pelas diferentes regiões brasileiras. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, v. 8, p. 1-17, 2021.
PINTOS, Ana Elenara. Financiamento do lazer no Brasil pelos diferentes entes federados. Revista Licere, v. 24, p. 160-181, 2021.
CARNEIRO, Fernando Henrique Silva. A política de esporte e lazer em Goiás: análise do 2018. Pensar a Prática (online), v. 25, p. 1-25, 2022.
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CHAMADA PÚBLICA - PROGRAMA DE DIVULGAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA - IFG FAZ CIÊNCIA
EDITAL N° 32/2022-PROPPG, DE 27/09/2022.
“FINANCIAMENTO DE ESPORTE E LAZER”
TEXTO E REVISÃO
PAOLA NUNES DE SOUZA - Redatora (Dicom)
REVISÃO
MARIA JOSÉ BRAGA - Jornalista (Dicom)
ADRIANA SOUZA CAMPOS - Jornalista (Dicom)
PROJETO GRÁFICO
ISABELA MAIA MARINHO
CAPA E DIAGRAMAÇÃO
MICHELE JUSSARA BAGESTÃO
Programadora Visual (Dicom)
IMAGENS ILUSTRATIVAS: FREEPIK, ADOBE FIREFLY E BANCO DE IMAGENS DO IFG.