
REPORTAGEM 1
REPORTAGEM 1
REPORTAGEM 2
METABOTIX
REPORTAGEM 1
PESQUISA SOBRE A OBRA DE TRÊS AUTORES GOIANOS UNE MEMÓRIA
OLFATIVA E GEOPOESIA, NUMA PERSPECTIVA TEÓRICA INÉDITA
Pode o aroma desprender-se da escrita, de uma imagem ou de outro signo de linguagem? A pergunta aparentemente de difícil resposta será respondida facilmente a partir da ideia de “poéticas olfativas”, que une poesia e olfato, com a mediação da memória. A teoria inédita é uma criação do professor Lemuel da Cruz Gandara, doutor em literatura e professor do Câmpus Formosa do IFG.
A partir de sua “ideia teórica e prática em
no Câmpus Formosa e, depois delas, veio o projeto de pesquisa “O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia goiana”, que analisou a poesia de três autores goianos: Augusto Niemar, Cora Coralina e José Godoy Garcia, respectivamente, nas obras Poemas da rua do fogo, Meu livro de cordel e Poesias.
seu material que provocou o despertar do sentido olfativo.
O projeto foi desenvolvido entre 2020 e 2021. Juntaram-se a Lemuel os estudantes Karla Patrícia Soares e Mateus Guedes Borges. Ela era aluna do curso de Ciências Biológicas; ele, do curso de Ciências Sociais. Ela era bolsista do Programa Institucional de Bolsas
voluntário na pesquisa, que contou também com a coorientação da professora Ana Paula Melo Saraiva Vieira.
Os pesquisadores revelaram o encontro entre a literatura e o sentido do olfato em poemas palavras, os poetas fazem surgir lembranças
“(...) por meio das palavras, os poetas fazem surgir lembranças
dos mais variados aromas, do cheiro da terra ao dos doces típicos do estado. Percorrendo os poemas, com a razão e com os sentidos aguçados, eles demonstraram que a memória olfativa está presente na geopoesia goiana.
“Coralina se envereda pelos doces e transita na terra molhada, nas tabacarias e nos charcos; Niemar se envereda nos doces, nas roupas recém-lavadas e no pequi.
As obras oferecem um ambiente olfativo peculiar possível no horizonte tanto físico quanto estético geopoético goiano, visto que
elas se passam em cidades do estado de Goiás e são escritas por autores que viveram a experiência goiana, com seus sabores e relatório da pesquisa.
Além de enfatizar a importância do olfato, os pesquisadores também ressaltam o papel imprescindível da memória para as poéticas olfativas. “A memória que temos constitui uma herança da experiência vivida e pode ser acionada por diversos meios sensoriais. [...] essas memórias surgem nos textos através da gastronomia,
traduzidos enquanto palavras nos textos. Dessa maneira, as poéticas olfativas surgem na obra a partir da memória. É justamente esta que monta um panorama de aromas goianos, da experiência de sujeitos líricos imersos nesse ambiente”, explicam. No relatório da pesquisa, os pesquisadores fazem cheirar o cerrado do povo goiano, das pessoas que trabalham no sol a pino do meio-dia, dos mascates, dos caminhoneiros, do prazer sexual entre geraldos e jerusas, da
E, numa demonstração de valorização do olfato, concluem que: “Se este estudo fosse um perfume, as notas de entrada seriam cítricas (cajus e laranjas), as notas de baunilha, madeiras e almíscar com civeta sintéticos; como elementos organizador, teríamos um âmbar solar que ligaria os caminhos dessa fragrância que poderia ser nomeada Sob o céu do cerrado.”
Ateoria das poéticas olfativas, criada pelo professor Lemuel da Cruz Gandara, segundo ele mesmo explica, surgiu a partir da necessidade de buscar uma perfumaria. Os primeiros passos foram dados nos anos no Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG).
A primeira delas, intitulada “Poéticas olfativas e aromas”, aconteceu em junho de 2019, durante o 3º Encontro Regional Socioambiental do Cerrado. A segunda foi ralizada durante a semana de integração e recepção aos estudantes do câmpus, em fevereiro de 2020, e abordou a ligação entre “Perfumaria, cinema e literatura”. A terceira leitura e perfumaria”, ocorreu durante a comemoração do Mês das Mulheres, também em 2020.
tiveram experiências imersivas no universo dos aromas, das matérias-primas e dos perfumes. “Elas despertaram o interesse em muitos alunos. Para citar um exemplo, temos mulheres adultas na educação de jovens e adultos (EJA) que vendem perfumes e outros produtos cosméticos.
LEMUEL DA CRUZ GANDARA: A LITERATURA E A PERFUMARIA.
Aliteratura está presente em toda a sua trajetória acadêmica e na vida, porque ele também é poeta. A perfumaria, que corria paralelamente em estudos sobre perfumes e aromoterapia, juntou-se à literatura a partir da teoria das poéticas olfativas.
“Eu semprei gostei da pesquisa teórica, mas no Centro-Oeste acabamos reproduzindo o que é estudado no eixo Rio-São Paulo. Eu não queria isso, porque também sempre acreditei que, a partir da nossa experiência individual, podemos chegar a uma foma autônoma
No IFG, Lemuel encontrou espaço para fazer propostas novas, como a
para propôr e desenvolver sua pesquisa sobre as poéticas olfativas.
No projeto desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas pôde utilizar seus conhecimentos em perfumaria para aprofundar os estudos sobre o sentido do olfato e sobre
O passo seguinte foi buscar nos textos
literários de autores goianos a memória
A escolha dos autores a serem estudados deu-se sob três perspectivas: autores goianos; autores consagrados e pelo menos um contemporâneo; uma mulher. Cora Coralina foi a escolha mais fácil: poeta consagrada, inserida na geopoesia goiana e com uma experiência olfativa (e gustativa) grande, por ter sido também doceira.
Augusto Niemar foi escolhido por ser um poeta e escritor contemporâneo, em plena atividade, que fala das memórias de Goiás e da família. E José Godoy Garcia, um poeta e escritor consagrado, que fala das frutas, do trabalho, da vida cotidiana e da gente da terra.
Depois do projeto “O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia Goiana”, desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação artigo “Poéticas olfativas na geopoesia de Goiás: imagens gourmandes em O prato azul-pombinho, de Cora Coralina”, na revista Territórios culturais, fronteiras e tradução (2021), da Associação Brasileira de Literatura Comparada.
ENTREVISTAMOS ESTUDANTES QUE PARTICIPARAM DO PROJETO DE PESQUISA
“O AROMA DAS PALAVRAS: MEMÓRIAS OLFATIVAS NA GEOPOESIA GOIANA”
Participar do projeto de pesquisa
“O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia Goiana” foi uma experiência enriquecedora e impactante para os estudantes Karla Patrícia que tiveram de mergulhar em áreas distintas do conhecimento para poder comprovar que elas podem, sim, estarem conectadas e que passaram a ler poesia
Karla conta que, na época da pequisa, era estudante do curso de Ciências Biológicas e que se interessava por aromoterapia. Mas não passava pela sua cabeça unir a Biologia e a Literatura, até participar da primeira
da Cruz Gandara e, depois, se convidada para desenvolver o projeto de pesquisa.
“(...)nunca tinha pensado nessa questão da memória olfativa. Então estava diante de uma nova perspectiva”
“Eu não conhecia essa possibilidade de trabalhar áreas distintas em um mesmo projeto. Já tinha desenvolvido uma pesquisa sobre plantas medicinais, mas nesse projeto o orientar me deixou livre para eu me expressar e para sentir que eu era capaz. O professor Lemuel é encantador. Ele vê a beleza das coisas”, elogia.
Mateus Guedes, estudante do curso de se com o projeto e quis participar da pesquisa, mesmo não tendo uma bolsa
Literatura, mas nunca tinha pensado nessa questão da memória olfativa. Então estava diante de uma nova perspectiva”, lembra.
Ele conta que gosta de ler desde criança e que Mas dos autores estudados, conhecia apenas Cora Coralina. Já Karla confessa que não tinha o hábito de ler poesias e também conhecia apenas a poeta da cidade de Goiás, onde sua mãe viveu e conheceu pessoalmente Cora Coralina.
Depois da pesquisa, Karla passou a ler poesias com regularidade e diz que segue sendo um leitor contumaz. “Foi uma época de muitas descobertas. Hoje, eu vejo o belo nas poesias e até troco poemas com outras pessoas”, conta.
“(...) a poesia não precisa ser/ estar restrita às palavras (...)”
Mateus, que também é fotógrafo, diz que viu um mundo de possibilidades se abrir com a pesquisa. “Eu posso misturar as imagens com outros sentidos, além do da visão. E a poesia não precisa ser/estar restrita às palavras. Podemoas aguçar nossos sentidos e chegar a uma verdadeira expansão sensorial”, entusiasma-se.
Os dois lembram que o projeto “O aroma das palavras: memórias olfativas na geopoesia Goiana” foi desenvolvido durante a pandemia
como uma interrupção nos trabalhos e a impossibilidade de encontro presenciais.
“Eu me tornei uma referência no Câmpus Formosa, o que me deixou muito poéticas olfativas é muito pertinente. Eu
sempre teve essa perspectiva. Ela precisa é de ser mais difundida”, assegura Mateus.
Ele está elaborando o seu trabalho de conclusão de curso (TCC), e atualmente é bolsista de um projeto do Câmpus Formosa sobre políticas públicas para a juventude. E já sonha com o mestrado.
Ela teve de trancar o curso de Ciências Biológicas quando estava no 6º período. Começou a trabalhar na área de tecnologia da informação e está estudando desenvolvimento de sistemas. Mas sonha em voltar à Biologia. “Fui para a área de TI para me
Vou terminar a faculdade e estou estudando para concursos. Assim que for possível, volto, porque sou apaixonada por Botânica”, diz.
I
plantar café, grão, no quintal perto do rio, aguar, aguar, cas própria mão e ver deixar crescer quando vermelhinho de madurar deixar madurecer e colher café na sustentabilidade de ser
II e quando, bate palma, ô de dentro, vai entrado em comunhão torrar moer deixar a água ferver na prosa do dia notícias do viver e o cheiro de café coado da cozinha correndo mundo na casa de ser [...]
“O café plantado, cuidado e maduro delimita o espaço temporal do ser. O sujeito do poema acompanha o fruto aromática e estimulante, bem como um dos cheiros que fazem parte da mesa do brasileiro. Depreendemos um ambiente olfativo fundamentado no café recém-colhido, semeado com afeto e traduzido enquanto poema. O texto do poeta caminha para esse lugar do afeto com os frutos da terra. Nesse sentido, o café proporciona das queimadas, dentro das casas que recebem amigos. A terra e seus aromas se confundem com os sujeitos dos poemas ou mesmo se fundem com eles.”
É meio-dia
a sombra está marcando.
fustiga a poeira da estrada.
Silêncio no sítio.
Um galo canta longe.
Distante, um corno de ponteiro.
Boiadeiro vem vindo devagar...
Os homens lá no eito relanceiam enxadas.
O milharal chama Dorva.
O cheiro da terra chama.
[...]
“O poema tem uma marcação temporal fundamentada na natureza e no ritmo da vida das pessoas que trabalham no campo. O sol, o galo, o boiadeiro e dona Dorva traduzem em seus atos ao meio-dia a passagem do tempo. Não é o tempo do relógio, é o tempo alude a algumas possibilidades, sendo a mais contundente a do trabalho, pois cada um dos personagens é alocado em um fazer pós-almoço. Depois desse momento, o silêncio toma o sítio, pois as enxadas voltam a furar a terra, Dorva colhe o milho, o galo canta e o sol inicia seu caminho para a madrugada. O cheiro da terra é o cheiro do fazer campesino."
O prato azul-pombinho
Era um prato original, muito grande, fora de tamanho, um tanto oval.
Prato de centro, de antigas mesas senhoriais de família numerosa.
De faustos casamentos e dias de batizado.
Pesado. Com duas asas por onde segurar.
Prato de bom-bocado e de mães-bentas.
De receita dobrada de grandes pudins, recendendo a cravo, nadando em calda.
Do meu tempo só foi mesmo aquele último que, em raros dias de cerimônia ou festas do Divino carregado de doces secos, variados, encimados por uma coroa alvacenta e macia
“O prato familiar era histórico. A narrativa poética se concentra em contar tanto a história do utensílio quanto da imagem em seu interior. Para nossa ideia, o primeiro é o foco principal. Nos dois fragmentos, temos acesso a uma série de doces típicos da confeitaria
doces remete à memória do açucarado, da sobremesa, das festividades, da alegria da espera e do encontro, dos almoços e jantares em famílias numerosas no casario da cidade.”
Era uma estrada por onde passavam todas as laranjas da região. passavam para a cidade, a alegre cidade onde os mendigos sabiam atender a visitantes com aplombe e a que vagabundos observavam a vida de um ângulo irreal e acordavam de madrugada para ver nascer as rosas vermelhas. Em certas épocas de estios demorados ah, tanto os mendigos como os vagabundos pensavam na vida das laranjas.
“Os cinco poemas nos apresentam uma atmosfera olfativa cítrica, orvalhada, conjunto. Temos em mira que Garcia se preocupa com a vida do camponês e com a
Os dois primeiros poemas se estruturam na laranja, que aparece já no título. A construção ‘eram os caminhos por onde passavam as laranjas da região’ está presente laranjas por entre estradas que cortam os laranjais. Os frutos colhidos eram distribuídos para outros lugares através desses caminhos que ora servem de escoamento ora
A laranja
ela estava parada olhando se equilibrando em si mesma se dizendo e se mostrando sex appeal só apenasmente com a casca da vida brilhando ao sol e Manuel indo os seus caminhos acreditou um que dia que seria melhor que os homens fossem menos orgulhosos e aprendessem com o dia e Manuel disse à Jerusa na estrada que ela era mais bonita que todas as laranjas, quando Jerusa, humilde, respondeu: nunca, sou minha beleza e minha bondade mas apenas um só dia na vida das laranjas tem a mesma dignidade que eu tenho.
(...) Os sujeitos que habitam os poemas estabelecem uma relação íntima e refrativa com os (semeadura, crescimento, colheita e morte através da doação do seu sumo). No segundo, existe uma nuance erótica que acompanha o casal Manuel e Jerusa, que comparam suas vidas com a das laranjas. Os óleos essências e a fragrância característica do fruto estão guardados, sobretudo, em seus poros, que, metaforicamente, podem ser lidos como a pele humana a exalar seus odores e suores que pode ser na lavoura o no ato de prazer sexual.
Outubro é o tempo da colheita dos cajus do campo. mas como? como se há de ir ao campo para a colheita? como? se o coronel e o general estão tocando o tanque de reunir de seu rebanho para rondar as casas e as ruas e os campos?
MEDO
A terra tem cor de sangue.
A terra não é feliz.
A terra tem cheiro de pântano.
A terra não é feliz.
As crianças são como as mulheres desenganadas. Não são felizes.
(...) Outro fruto cítrico retomado pelo poeta é o caju silvestre do campo. Ele surge interditado pelo coronelismo patriarcal dos fazendeiros goianos é o tema do poema O tempo de colheita dos cajus. O cajuzinho-do-cerrado não brota mais, em seu lugar surgem pastos que matam o bioma cerrado. Além disso, o homem do campo (não o fazendeiro) é perseguido e tem sua liberdade condicionada ao coronel, ao general. O aroma adocicado do fruto contrasta com o amargor da cena, é um cheiro interrompido e evanescente. O poema Medo parece continuar a triste cena.
O sol vinha com as espigas rindo e as estrelas
forte das frutas mordidas. à madrugada, gestando néctar, madeiras recém-mortas orvalhadas precipitando resinas.
Alegres falos prontos a captar a vitalidade de vulvas molhadas. A fria envolvência de mil corpos no chão, troncos, águas, lãs do céu, vida renascendo em frutos mortos, decomposição de húmus presente, hora terrena rompendo o véu que acorda sonho. O suor aparece antes do sonho: o servo e sua mulher surgem na manhã com suas enxadas. as sementes, na terra.
(...) Enxadas é o poema sumular de Garcia para as poéticas olfativas. A atmosfera é composta emoldura o ato sexual que ocorre antes do sono reparador que descansa o corpo do trabalhador que, no dia seguinte, fecundará a terra. As imagens fálicas surgem desde o título erigidas, pronta para penetrar na terra, penetrar na vulva, plantar a semente que continuará a sina de nascer e
Augusto Rodrigues da Silva Júnior é poeta, escritor, ensaísta e professor associado de Literatura Brasileira da Universidade de Brasília.
Coordenador da Cátedra Agostinho da Silva (UnB), cursou pós-doutorado em Literatura no programa de Pós-Graduação em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP/2021). É doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (2008) e mestre pela Universidade Federal de Goiás.
Como professor e pesquisador, desenvolve trabalhos nas áreas de Literatura Comparada; Literatura e Outras Artes; Campo; Estudos da performance; Artes atua com os conceitos autorais de Crítica Polifônica; Tradução coletiva; Cinema literário; O Problema do Hífen Colonial, e Norte do Brasil).
Publicou os seguintes livros de poesia: Niemar (2008);
Onde as ruas não têm nome. (2010); Do livro de Carne (2011); Centésima Página (2015); Poemas da rua do fogo. (2019).
Publicou também as obras infanto-juvenis Joãozinho e o pé-de-pequi (2017); e Era uma vez uma vez outra vez (2018).
Cora Coralina é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto, que nasceu em 20 de agosto de 1889, na Cidade de Goiás, e faleceu em Goiânia, no dia 10 de abril de 1985, vítima de uma pneunomia. Estudou apenas até o terceiro ano do atual ensino fundamental, mas já na adolescência começou a escrever.
Aos 15 anos, teve seu primeiro conto publicado, sob o pseudônimo de Cora Coralina. Fugiu e casou-se com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem morou em diversas cidades, incluindo Rio de Janeiro
quais dois morreram logo após o parto.
Ficou viúva em 1934 e morou em inúmeras cidades paulistas, incluindo a capital e Jaboticabal, cidade-tema de alguns de seus poemas. Em 1956, voltou para a cidade de Goiás e ganhou fama como doceira.
Seu primeiro livro publicado foi Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais (1965), quando ela tinha 75 anos. Publicou também:
Meu Livro de Cordel (1976); Aninha (1983); Estórias da Casa Velha da Ponte (1985).
ainda os livros Meninos Verdes (1986); Tesouro da Casa Velha (1996); A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu (1999); Villa Boa de Goyaz (2001); O Prato Azul-Pombinho (2002).
Nasceu em Jataí, em 3 de junho de 1918, e faleceu em Brasília (DF), no dia 20 de junho de 2001, vítima de um infarto.
Escritor e advogado, iniciou os estudos em Uberlândia (MG), depois transferiu-se para a Cidade de Goiás e para Goiânia, onde concluiu o curso de Direito (1948).
Passou três anos no Rio de Janeiro (de 1937 até início de 1941), onde manteve contato com modernistas, principalmente Lúcio Cardoso, Rubem Braga e Solano Trindade.
Participou, como assessor jurídico, da Comissão Goiana para a Mudança da Capital e transferiu-se para Brasília em 1957. Marxista convicto, militou no Partido Comunista Brasileiro de 1945 a 1957.
Publicou os seguintes livros de poemas:
Rio do Sono (1948)
Viramundo (1980);
Aqui É a Terra (1980);
Entre Hinos e Bandeiras (1985);
Os Morcegos (1987);
Os Dinossauros dos Sete Mares (1988);
O Flautista e o Mundo Sol Verde e Vermelho (1994);
A Última Nova Estrela (1999)
Poesia (1999).
Publicou também o romance Caminho de Trombas (1966); o livro de contos Florismundo Periquito (1990) e o livro de crítica literária, Aprendiz de Feiticeiro (1997).
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EDITAL n° 32/2022-PROPPG, de 27 de setembro de 2022.
FICHA TÉCNICA DA REPORTAGEM 1: “POÉTICAS OLFATIVAS: UMA TEORIA
QUE NASCE NO IFG”
Texto e Revisão
MARIA JOSÉ BRAGA
Jornalista (Dicom)
ISABELA MAIA MARINHO
Capa e Diagramação
ISABELA MAIA MARINHO
Revisão
ADRIANA SOUZA CAMPOS - Jornalista (Dicom)
PAOLA NUNES DE SOUZA - Redatora (Dicom)
Robótica, desenvolvimento de livre, metarreciclagem, prototipagem, impressão 3D e cultura são alguns dos elementos que fazem parte do universo do Metabotix e, também, um laboratório do Instituto Federal de Goiás (IFG) que busca fazer com que mais meninas entrem no mundo da ciência, por meio da criatividade, inovação social, colaboração, sustentabilidade e inclusão.
Desenvolvido no IFG desde dezembro de 2013 e coordenado pela docente do Câmpus Luzi ânia, Christiane Borges Santos, o Laboratório de Robótica Educacional, Metar reciclagem, Software um projeto multidisciplinar que envolve várias áreas do conhecimento. Com foco na atuação de meninas, o laboratório é voltado ao uso da metarreciclagem e ao ensino de robótica e tem como pilares a aprendizagem criativa, a inclusão e a cultura
Software livre
É um tipo de programa ou aplicativo que concede liberdade ao usuário para executar, -
Free Software Foundation em conjunto com o projeto GNU.
Metarreciclagem
Consiste em uma rede organizada que tem como principal objetivo a desconstrução da tecnologia para que ela possa ser reaproveitada e utilizada novamente, com outras funções, em prol das comunidades e da transformação social.
Movimento Maker
O movimento maker (fazedores) representa a cultura conhecida como “faça você mesmo” (DIY – Do It Yourself , em inglês) ou, ainda, “mão na massa”. A proposta é promover o estímulo de pessoas comuns para que explorem sua criatividade e possam desenvolver soluções, baseando-se em um ambiente de colaboração e transmissão de informações entre grupos e pessoas. Como ressalta a coordenadora do Metabotix , Christiane Borges, “com as ferramentas certas e inspiração, os makers têm o potencial de mudar o mundo, transformando cidadãos ‘criadores’ em vez de ‘consumidores’.”
Arduino
É uma plataforma programável de prototipagem eletrônica de placa única e hardware livre, que permite aos usuários criar objetos eletrônicos interativos e independentes. Essa plataforma é constituída de hardware e software, tornando possível a realização de diversos projetos tecnológicos.
Como conta a professora Christiane Borges, o Metabotix surgiu a partir da aprovação do projeto de pesquisa no Edital nº 18/2013 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento
Esse edital “Meninas e Jovens Fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação” tinha como objetivo selecionar propostas paradade de ampliar o número de estudantes do sexo feminino nas carreiras de ciências exatas, engenharias e computação.
Inicialmente, o Metabotix contou com quatro alunas do Câmpus Luziânia: duas do curso superior em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas; uma da Licenciatura em Química; e outra do curso técnico integrado em Informática para Internet, além de outras quatro alunas de ensino médio e uma professora de Física da Escola Estadual Vasco dos Reis Gonçalves, de Luziânia.
Segundo Christiane, “o nome Metabotix surgiu após uma reunião com as estudantes da época, em busca de uma palavra que representasse os objetivos do laboratório, [...] é uma junção que representa um pouco do que trabalhamos: MEninas, METAreciclagem e o TIX lembra o som de roboTICS”.
De acordo com a docente, “desde sua criação, o laboratório tem como missão mostrar a importância da ciência, da educação pública de qualidade, da inovação e da tecnologia para motivar meninas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, por meio de projetos que integram diversos conteúdos disciplinares”.
Um dos principais objetivos do Metabotix é motivar meninas do ensino médio a se interessarem pelo mundo maker e por carreiras relacionadas à área de exatas, mulher na área de Tecnologia da Informação. Como explica a professora Christiane, por meio do projeto, a estudante tem a possibilidade de aumentar sua autoestima respeito de suas capacidades e habilidades, além de passar a considerar com mais em seus projetos de vida.
Uma das alunas que passou pelo laborató-
Egressa do Câmpus Luziânia, Giovanna atualmente estuda na Universidade de Brasília (UnB) e está no nono período do curso de Engenharia Mecatrônica. Nas palavras dela, “o Metabotix abriu muitas portas para mim em todos os aspectos da minha vida. Logo no meu primeiro semestre, eu tenho uma matéria chamada ‘Introdução à Engenharia Mecatrônica’, em que a gente estuda basicamente o que eu mexi no Metabotix causa do ‘lab’, eu cheguei à matéria tendo bastante noção das coisas e consegui fazer a matéria bem mais tranquila do que meus colegas. Além disso, apesar do meu curso não ser idêntico ao que eu fazia no Metabotix, ele já me deu uma noção muito boa do meu curso, foi realmente uma prévia bem simpli-to e que também passou a considerar a área de Tecnologia em seu caminho é Letícia Xavier. Falando a respeito do período em que participou do laboratório, Letícia, de Ciência da Computação na UnB, ressalta: “eu sempre enfatizo o quanto o lacomo pessoa. Lembro-me claramente de
me sentir perdida no começo do ensino médio no IFG e até de pensar que talvez a área da tecnologia não fosse para mim.
“o Metabotix abriu muitas portas para mim em todos os aspectos da minha vida. (...)”
o laboratório mostrou que esse espaço também é meu, não apenas nas competições que participamos, mas no dia a dia, na liberdade de criar e desenvolver nossas ideias, porque a professora Chris nunca nos privou de nada, muito pelo contrário, sempre incentivou todos os projetos, por mais inusitados que fossem, e eram justamente os que mais aprendemos.”
Da esquerda para a direita: Giovanna Nogueira, Christiane Borges e Letícia Xavier.
Giovanna Nogueira destacou a importância de participar e conhecer essas iniciativas: “Eu superrecomendo às meninas, em especial, participarem desse tipo de projeto. São coisas que normalmente você não estuda na sala de aula, mas sempre tem algo que você vê em alguma matéria que você pode aplicar em algum projeto. Além de você ter contato com conteúdos diferentes, você aprende muita coisa legal que não tem como ensinar durante as matérias do ensino médio. [...] É uma experiência única e incrível!”.
Concordando com Christiane sobre a elevação da autoes-
“Acho que o laboratório me mostrou que não há nada que eu não possa fazer: basta querer. E, com certeza, foi decisivo para que eu continuasse na área da tecnologia”.
Letícia reforça que ainda há machismo na área, mas ela reitera que é importante mudar as estatísticas: “Admito que a Computação e a Engenharia, infelizmente, ainda são áreas muito machistas e enviesadas. Mas eu
Metabotix e de mudar um pouco essa estatística. E me conforta saber que existem tantos outros projetos como o Metabotix que inspiram várias outras meninas a seguir nessa área. A gente acaba percebendo na faculdade que, dentre as poucas meninas na graduação, a maior parte veio de projetos como o da professora Chris, tal como o ‘Meninas.Comp’ ou ‘Meninas Digitais’. Então, o que posso dizer para as meninas que estão começando nessa trajetória é que aproveitem essas oportunidades, ocupem esses espaços, sejam vistas e ouvidas, representem, se divirtam e aprendam o máximo que puderem. Esse espaço é de vocês, e sei que serão brilhantes.”
“(...) o que posso dizer para as meninas que estão começando nessa trajetória é que aproveitem essas oportunidades, ocupem esses espaços, sejam vistas e ouvidas.”
Ao longo dos dez anos do Metabotix , já foram desenvolvidos projetos de iniciação cien-
de conclusão de curso relacionado à robótica e hardware livre foi realizado e foram feitas várias palestras em conferências nacionais e
Uma outra realização do Metabotix diz respeito aos projetos de ensino voltados ao incentivo e ao treinamento de alunos para a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) e para a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), tanto na parte teórica quanto na prática – um trabalho que envolve professores da área de Informática, Física, Química e Biologia do Câmpus Luziânia.
Depois de ter participado pela primeira vez na OBR, apresentando o artigo “Robotics and programming: Attracting girls to technology” no ano de 2016, o Metabotix , em 2017, começou a fazer um trabalho de preparar estudantes de nível médio para competições regionais e nacionais de robótica e de informática.
E já no ano em que iniciou essa preparação,meira medalha de honra ao mérito, na OBR (prova teórica). Depois da primeira medalha, várias outras foram obtidas.
Uma das ganhadoras dessas medalhas é a egressa Giovanna Nogueira. Ela conta que fez a prova sem grandes expectativas: “Quando a Chris contou que eu tinha ganhado medalha, de bronze, depois que eu vi que era a de prata.”
Com a premiação da OBR, que entre os prêmios contempla vagas em universidades brasileiras, Giovanna conseguiu uma vaga na área de Engenharia na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Com a nota do Vestibular e do Enem, a egressa do IFG passou na UnB (para
Engenharia Mecatrônica e Engenharia de Redes), no IFG (Engenharia de Controle e Automação) e na Universidade Federal de Santa Catarina (Engenharia de Controle e Automação).
Como conta a discente, “em 2020, eu passei para Engenharia de Controle e Automação de novo na Unicamp, novamente com a vaga olímpica; passei para Engenharia de Controle e Automação, na Universidade Estadualpica; e para Física, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).”.
Ao longo do tempo, vários trabalhos de iniciafeitos por integrantes do Metabotix envolvendo as áreas de Informática e Química, a partir do desenvolvimento de protótipos para detecção de gases em laboratório, utilizando Arduino e sensores.
Entre os anos de 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, também foram desenvolvidos projetos. Entre eles estão três projetos de extensão em parceria com outros laborató-
utilizando impressora 3D”; “Metabotix Entrevista (em casa)”; “Capacitação de Educadores em Aprendizagem Maker e STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics)”.
Ao longo de seus dez anos, o Metabotix conseguiu fazer várias parcerias importantes. Uma delas é com o evento Campus Party Brasil , que é a versão brasileira de um dos maiores eventos de tecnologia parceira da Campus em 2016, na edição de edições realizadas também em Goiânia.
Segundo Christiane, “graças à parceria com a Campus Party , foi possível conseguir no início descontos utilizando código promocional exclusivo do laboratório e, ao longo da parceria, surgiu a possibilidade de ingressos gratuitos com e sem camping para todas as edições do evento”. Atualmente, como explica a docente, os membros do laboratório são incentivados a enviar propostas para apresentação de atividades e participação como voluntários e colaboradores no evento.
Durante esses anos participando da Campus Party
Metabotix
cina de Chão”, com a equipe formada pelas egressas do Câmpus Luziânia, Giovanna
Nogueira, Eduarda Xavier e Letícia Xavier.ceiro lugar no Hackathon Aprender Bem, com a participação de Christiane e dos servidores Audir da Costa Oliveira Filho, Lucas Ribeiro e Robson Barbosa. Na ocasião, eles criaram um jogo webzagem de disciplinas da área de exatas para cursos do ensino médio.
Metabotix foi convidado para participar na curadoria de palco da bancada de con -
em diversos conteúdos apresentados pelos servidores e estudantes do IFG.
Além da parceria com a Campus Party , o Metabotix , desde 2018, é um projeto parceiro dode Brasileira de Computação (SBC). O programa tem como missão despertar o interesse de meninas para seguirem carreira em Tecnologia da Informação e Comunicação e tem como objetivo divulgar a área de Computação e suas tecnologias para despertar o interesse de meninas estudantes do ensino médio, nas
do ensino fundamental, para que elas conheçam melhor a área e sintam-se motivadas em seguir uma carreira em Computação.
Membros do Projeto recebem prêmio na Campus Party : da direita para esquerda Eduarda Xavier; Letícia Xavier; e Giovanna Nogueira com outros colegas no evento.
Foto no antigo laboratório com parte da equipe Metabotix 2024.
Atualmente, o Metabotix desenvolve projetos de ensino, gerando protótipos e fazendo impressão 3D. São eles: “Atividades investigativas paraca” e “Uso da prototipagem rápida na produção de recursos didáticos para en-
Dez anos depois de seu início, um pon-
bora tenha sido criado com foco na inclusão de meninas na ciência e na tecnologia, assim que terminou o pra-
tério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Metabotix continuou a funcionar no Câmpus Luziânia, mas com pequenas reformulações: hoje, ele é inclusivo; embora tenha foco em meninas do enpara esse público.
Segundo Christiane, atualmente participam do Metabotix os seguintes estudantes: Alec Kawam Seixas Fonseca; Ana Luiza Cassimiro Mendes; Anna Clara Valeriano Diniz; Adrian Leles; Eloisa Sousa Mendes; Elias Oliveira de Carvalho; Giovanna
Ribeiro Castro; Júlia Campos Rodrigues; Natly Gabrielle de Souza Monteiro; Nicolly
Davi Gomes; Mariana de Fátima da Cunha Mota, todos alunos e alunas do curso técnico integrado em Informática para
Diego Fabricio Correa de Siqueira, do curso de Engenharia de Controle e Automação (Câmpus Goiânia), e as estudantes
Jullyana Mira e Geovanna Brito Nunes, do Bacharelado em Sistemas de Informação (Câmpus Luziânia). Além deles, participa também a egressa Múria Viana, do curso de Engenharia de Controle e Automação (Câmpus Goiânia) e os egressos do curso técnico integrado em Informática para Internet do Câmpus Luziânia: Marcos
Farber, Giovanna Nogueira Freire e Letícia Xavier de Oliveira.
“(...) embora tenha foco em meninas do ensino médio, o Projeto não é exclusivo para esse público.”
Com o passar dos anos, aumentou também o número de servidores que
Christiane, integram o Metabotix: Audir da Costa Oliveira Filho; Aldo Lucio de Freitas Mundim; Lucas de Almeida Ribeiro; Diego
Barros de Castro; Marise Santos Maranhão
Mariana dos Santos Mello Andrade e
@METABOTIX
@METABOTIX
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OS ESTUDANTES FERNANDA BUFON, KEYLA LUIZA E LUCAS GREGÓRIO SÃO MEDALHISTAS DE BRONZE NA OLIMPÍADA BRASILEIRA DE ROBÓTICA
REPORTAGEM TV ANHANGUERA LUZIÂNIA, NA SECITEC #2019
APRESENTAÇÃO DE PROJETOS NO STAND DO IFG #2022
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FICHA TÉCNICA DA REPORTAGEM 2: “UNIVERSO DA TI E CULTURA MAKER É PARA MENINAS, SIM”
Texto e Revisão
PAOLA NUNES DE SOUZA Redatora (Dicom)
ISABELA MAIA MARINHO
Capa e Diagramação
ISABELA MAIA MARINHO
Revisão
ADRIANA SOUZA CAMPOS - Jornalista (Dicom)
MARIA JOSÉ BRAGA - Jornalista (Dicom)