Expressão 14 novembro 2017

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Dinheiro na mão dos brasileirinhos Educação financeira desenvolve a lida com as finanças desde a infância, evitando problemas futuros Bruna Diniz | brunadeboni@hotmail.com

Em 2016, o país entrou em uma grande crise econômica e, com a queda do PIB, o bolso da população foi atingido. Isto fez com que mui- tos mudassem de vida. A solução poderia estar próxima se todos fossem instruídos desde a infância sobre como é necessário

ganhar, poupar, doar e gastar com sabedoria. Quando o assunto é educação financeira, muitos se enganam pensando que essas duas palavras se resumem em economizar dinheiro. Mas vai além disso. Consiste em ter certeza de que suas escolhas irão proporcionar uma melhor qualidade de vida a longo prazo. Este é um conceito moderno que não faz parte da maioria dos currículos escolares, nem de planos universitários, portanto, a maior parte dos brasileiros

não tem contato direto com um assunto tão importante. A psicóloga Keity Barbara conta que não existe uma idade exata para começar a instruir um indivíduo sobre a relação dinheiro, porém, desde cedo é possível que os pais passem para seus filhos valores como a importância do trabalho, da poupança e da preservação e cuidado com os brinquedos, ensinando a fazer cofrinhos. Além do mais, o controle do consumo em lojas durante passeios ao shopping é de grande importância. “Outra forma de estimular a criança sobre a questão financeira é praticar o exercício da gratidão, que reside em apreciar bens materiais e pessoas. Se todos os dias os pais perguntarem aos seus filhos sobre as coisas boas que aconteceram no dia deles, acabam por despertar sentimentos saudáveis e dão

Psicólogos ajudam na educação básica

Lei prevê inserção de profissionais da Psicologia nas escolas públicas Jéssica Souza | js.souuza@gmail.com

Arquivo pessoal

Método do cirulado implantado pela psicóloga Simone Carvalho

Educação,

um direito de todos! Adultos e idosos aprendem a ler e a escrever Estela Alvez | estelaalves72@yahoo.com.br

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 a taxa de analfabetismo caiu em relação as pesquisas anteriores. A queda tem ligação com a realização de programas públicos para a alfabetização. Cerca de 12,9 milhões de pessoas não sabem ler e escrever, número equivale a 8% da população nacional. Em 2014 a porcentagem era de 8,3%. Com iniciativa do Governo Federal e colaboração dos Estados e Municípios do país, em 2003 foi criado o programa Brasil Alfabetizado. A ação garante recursos para a formação daqueles que não são alfabetizados como aquisição de material didático e pedagógico, alimentação e transporte. A pedagoga Tatiana Andrade Moura já deu aulas para adultos voluntariamente no bairro onde mora. “É muito triste ver a quantidade de pessoas que são analfabetas no nosso país, por isso tive a ideia de ensinar as pessoas da minha comunidade a aprenderem a ler e a escrever. Isso faz toda a diferença

na vida de uma pessoa, inclusive daquelas que não sabem nem escrever o próprio nome. Quando você alfabetiza uma pessoa depois de adulta, ela ganha uma liberdade que antes não tinha e isso é gratificante”, conta a pedagoga. A taxa de analfabetismo varia conforme a faixa etária de jovens e adultos. Pessoas com idades entre 15 e 19 anos representam 0,8%, já pessoas com idade igual ou superior a 60 anos o número cresce para 22,3% de analfabetos. Isso

significa que a cada cinco idosos, pelo menos um não sabe ler nem escrever. A empregada doméstica Maria de Lurdes Pereira Felix aprendeu a ler e escrever através de projetos públicos. “Umas das maiores alegrias que eu tive foi aprender a ler, no começo- eu lia tudo o que aparecia na minha frente, chegava a ser engraçado. Infelizmente não conclui o Ensino Médio, mas só de ter sido alfabetizada já me faz sentir incluída na sociedade, principalmente agora com as novas tecnologias”, conta a doméstica. As políticas públicas fortalecem a inclusão nos sistemas educacionais e facilita o acesso integral a educação básica obrigatória e gratuita. O Plano Nacional de Educação (PNE), pretende incentivar a alfabetização e reduzir em 50% a taxa de analfabetos até 2024. Arquivo pessoal

Maria de Lurdes, fazendo as atividdes do programa Jornal Expressão

a determinada importância”, afirma a psicóloga. Segundo um estudo da Big Data da Serasa Experian, jovens de 18 a 25 anos representavam em março deste ano 15,7% da inadimplência no país, o que deixa nítida a necessidade da educação financeira nas escolas. Em 2015 foi criado o “Sonhar, planejar, alcançar”, com a DSOP Educação Financeira, a Metife Foundation e a TV Cultura, que têm a iniciativa de implantar o fortalecimento financeiro em escolas públicas do Brasil. O projeto consiste em ensinar os alunos a criar sonhos e tomar decisões para alcançá-los, passar confiança em fazer planos e escolhas para chegar a um objetivo e mostrar a diferença do que é uma necessidade e do que é um desejo. Englobam também o consumo sustentável e consciente,

explicam a importância do trabalho e a relação entre dinheiro e bens de consumo. Na Escola Estadual Luis Elias Attiê esse projeto está em vigor desde 2016 e obteve ótimos resultados. “Percebemos durante as conversas com os alunos sobre como eles estão criando interesse em guardar um dinheirinho para comprar

O projeto de lei 557 traz a proposta de atendimento psicológico para estudantes e profissionais da Educação Básica. A emenda está parada no senado. Seu último status é correspondente a 17 de julho deste ano. A proposta está aguardando inclusão ordem do dia de requerimento. A ideia do programa é do Projeto Jovem Semeador, através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. Em São Paulo, nas escolas estaduais, por exemplo, já existe o cargo de mediador. Este profissional é designado para trabalhar junto com a diretoria da escola para mediar os mais diversos conflitos dentro do ambiente escolar entre professores e alunos ou conflitos entre os próprios alunos. O mediador é um professor que não está atuando em sala de aula e que não necessariamente tenha cursado Psicologia dentro da sua formação. O governo

de São Paulo tentou sanar a questão de uma forma paliativa, mas, segundo a opinião de professores da rede, esta medida não é a ideal. Para os docentes, seria mais eficaz se um especialista preparado para lidar com autoridade nas situações de divergência atuasse neste cargo. “O que adianta um professor que se formou em História ou Química fazer uma função que não é sua. Ele pode quebrar um galho por um tempo, mas não será eficiente porque não é preparado para isso. O melhor mesmo é dar o cargo para quem entende do assunto. Com certeza, os psicólogos vão colaborar muito, principalmente no desenvolvimento das crianças”, comenta Marcela Diniz, professora do Ensino Fundamental I. A Psicologia Escolar tem o objetivo de acompanhar o desenvolvimento dos alunos com atendimentos individu-

algo que querem, são coisas pequenas, mas que já despertam ótimos valores, fora que eles aguardam ansiosos as palestras sobre o assunto”, conta Tania Oliveira, diretora da escola.

Quer aprender um pouco mais sobre economia?

A Caixa Econômica Federal deixa disponíveis aulas que ensinam um jeito simples e prático de organizar suas finanças pessoais. Além disso, é possível encontrar explicações de conceitos básicos como juros, inflação, créditos, investimentos, entre outros. Site: www.caixa.gov.br/educacao-financeira/aulas/Paginas/default.aspx

ais e em grupo, atividade em sala de aula com e avaliações individuais. O psicólogo escolar tem o papel de analisar e, se necessário, fazer a comunicação pela escola para outros profissionais para que aluno tenha um acompanhamento correto. “O psicólogo irá compreender melhor o ambiente escolar com uma ótica diferente. O nosso trabalho é entender os papéis de cada um. Ele deve ser a ponte entre alunos e professores, deve ajudar o educador em suas necessidades de reflexão e de construção do autoconhecimento, fatores que ajudam dentro da sala de aula “, destaca Simone Carvalho, psicóloga infantil. A psicóloga ainda complementa que um psicólogo pode ajudar as crianças e os adolescentes a detectar questões que podem virar problemas sérios, como quadros de depressão e bulimia

Tem jeito com crianças? Seja au pair! Programa possibilita conhecer um novo país cuidando dos pequenos Núbia Lima | nubialima@gmail.com Núbia Lima

coisa distinta, mas muitas famílias não entendem isso”, conta Carina Cristofoli, au pair em Turim na Itália. Para que a viagem seja segura e legalmente regularizada, é exigido pelo EUA o visto específico para au pair chamado J-1. Os portadores podem participar de programas governamentais, acadêmicos ou programas do setor privado, sendo que somente estando agenciado é possível adquiri-lo. O J-1 pode ser emitido mais de uma vez, Experiência de intercâmbio permite trabalhar legalmente para outros programas de intercâmbio, seja para trabalho O programa de intercâm- deve preencher requisitos ou estudo. bio au pair consiste na inscri- como ter filhos menores de São centenas de agências ção feita por famílias – host 18 anos e acomodações para no Brasil, entre elas estão families – de diversos países hóspede em sua casa, tendo alguns nomes conhecidos que procuram jovens entre em vista que o princípio do como Cultural Care (CC), 17 e 26 anos para cuidar de programa é desfazer a ima- Experimento Intercâmbio seus filhos no período de gem de babá e tratá-las como Cultural e CI Intercâmbio e um ano ou menos. Em troca, irmã mais velha. Viagem. É através delas que essa família local oferece um Geralmente as famílias a au pair recebe auxílios e gaquarto e refeições. Depen- inscritas são compostas por rantias de famílias realmente dendo do programa, é dado pais e filhos ou mãe solteira interessadas. um salário ou mesada para e filhos, de classe média alta, “Acho que a agência, os gastos pessoais, além das sendo que pode haver um in- independentemente de qual aulas de idiomas. vestimento de cerca de US$ seja, é importante princiA convivência diária do 10 mil para a contratação do palmente para a garantia au pair com as crianças e au pair, que pode passar a e o auxílio com o visto, seus pais faz com que haja cuidar de até quatro crianças. até porque eles fornecem um mergulho cultural, o que “As famílias de au pair treinamento. Por exemplo, facilita o aprendizado do geralmente têm duas atitu- a Cultural Care que nos dá idioma estrangeiro. Entre os des distintas: ou você é uma cinco dias de treinamento em países mais procurados para funcionária, à parte, como New York, e até certificado intercâmbio estão Estados uma babá, ou você é parte da Cruz Vermelha em treiUnidos, Canadá, Reino Uni- da família e eles te integram namento de primeiros socordo e Austrália. dessa forma. A minha me tra- ros”, descreve Lourdes VillaA família anfitriã que se ta como da família e esse é o fuerte Pacheco, ex-au pair em candidata a receber a au pair real significado. Babá é uma Los Gatos, Califórnia.


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