Expressão 112 outubro 2017

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número 12 ano 24 usjt outubro/2017

Jornalismo Universitário levado a sério

Mas você não come carne? Descubra como ter uma vida saudável, livre de produtos de origem animal Especial - pág. 4 e 5


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Vida saudável sem proteína animal Já pensou ser vegetariano ou vegano? Jamais? Ou, claro que sim!! Inclusive, você já adotou esse estilo de vida. Ser vegetariano – ou seguir outras ramificações desse estilo vida – não é uma decisão simples, mas pode ser feita de forma planejada. É o que recomendam especialistas em nutrição. Nossa reportagem Especial desta edição procurou compreender melhor o impacto que o consumo de proteína animal tem na sociedade. Ao mesmo tempo, buscamos saber o que o mercado alimentício oferece para os vegans; falamos sobre eventos e espaços especializados para esse público; sugerimos alguns locais e produtos para você conhecer; conversamos com nutricionistas sobre as opções de proteínas vegetais; ouvimos relatos de pessoas que adotaram esse estilo de vida e consideram essa escolha que une um posicionamento mais sustentável e ético na vida. Enquanto você pensa sobre as questões da vida vegana, o Expressão tem diversas outras reportagens de destaque para você curtir. Em Educação, nossos repórteres falam sobre um curso de acessibilidade voltado a engenheiros e arquitetos, que faz parte de uma programação em educação continuada oferecida pela prefeitura de SP. Na editoria Vida Digital, fazemos um alerta sobre os transtornos por jogos de internet. O problema preocupa especialistas no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, já existem grupos de apoio que procuram auxiliar pessoas com dependência tecnológica. Na página de Artes, nossos repórteres foram à Praça Roosevelt, no centro de Sampa, para conhecer o ‘Slam Resistência’, um evento competitivo que reúne poesia, música, política e crítica social. Por fim, em Esportes+Lazer, fomos conhecer de perto a paixão de um mooquense pelo Juventus. Desta paixão, nasceu um empreendimento que comercializa diversos tipos de produtos unindo as tradições do bairro com a história do amado time de futebol. Boa leitura!!

Estrutura Rachada

O que esperar de uma São Paulo de estruturas inacabas e destruição de matas? O que resta nesse céu cinza é apenas a esperança de que um dia o Sol irá aparecer. Vitor Hugo -Aluno do 4º ano de Jornalismo da São Judas.

Prof Iêda Santos e Prof Jaqueline Lemos a

a

Davina,

Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes Vitor Mauricio | vitor.mauricio17@hotmail.com

a doadora de sorrisos Náthaly Pedrosa | souza.nathaly@hotmail.com

Trimmmmm! O despertador anuncia que são 5h30 do terceiro domingo do mês. Acende-se as luzes na casa de Davina Climaco dos Santos, em Guainazes, Zona Leste da Capital. Ela levanta, se arruma e toma um café reforçado. Vai precisar de energia, hoje, irá ao Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes, em Itu, local onde faz trabalho voluntário há 10 anos visitando os lares de pessoas portadoras de hanseníase. Para chegar a Pirapitingui, como é chamado o Hospital, são cerca de duas horas de viagem. O grupo de voluntários aluga um ônibus fretado que sai da região da Barra Funda às 8 horas. São cerca de 30 pessoas da comunidade Espírita de São Paulo. O clima é de animação dentro do veículo. No bagageiro, entre os pertences pessoais, estão os produtos que serão distribuídos as famílias: roupas, brinquedos, comida e itens de higiene pessoal. Além de muito amor e dedicação e fé, que não podem faltar em nenhuma visita. O ônibus passa pelo arco antigo e a guarita que delimita a entrada de Pirapitingui, são 9h50 da manhã. Quem passa pelo local tem a impressão de estar em uma cidade fantasma. As construções são antigas, com mofo nas paredes e cobertas por telhas de barro. Há muitas ruas de terra e paralelepípedo. As visitas são tão raras que, nos dias determinados, os voluntários são esperados por muitos moradores nas calçadas. Ao descer do veículo o grupo se direciona a um salão, que é reservado para recebe-los. Todo o terceiro domingo uma moça vem e organiza esse local para eles se instalarem. Organizam as coisas que trouxeram para o café da manhã e para o almoço e fazem a prece matinal de agradecimento, o que dura mais ou menos 30 minutos, depois dessa abertura estão prontos para iniciar os trabalhos. As pessoas se dividem em grupos de 3 a 4. Cada equipe recebe um crachá de identificação e uma pasta com as

informações das famílias que tem que visitar aquele dia, com: nome, endereço, situação de saúde etc. São cerca de 5 residências para cada um e eles tem que visitar todas que estão ali listadas, não podem deixar ninguém de fora, pois, os residentes já estão esperando. Após um rápido café da manhã, começam a jornada. Na maior parte das vezes os grupos são recepcionados nas calçadas. Dentro do lar eles leem a bíblia, fazem uma prece e perguntam sobre como as pessoas passaram o mês. O olhar no rosto deles se anima com gestos simples: ajudar a virar uma cama, empurrar uma cadeira de rodas, pegar um copo d’agua, pois raramente há alguém que faça isso por eles. A situação das pessoas que morram em Pirapitingui é muito triste. A maior parte deles foram internados ainda jovens, ou até mesmo bebês, diagnosticados com a hanseníase. Muitos são sozinhos, pois a família abandonou ou nem sabem quem são. A doença hoje tem cura, mas muitos estão marcados pelo resto da vida. Perderam um braço, uma perna, tem cicatrizes, andam em cadeiras de rodas ou tem que ficar prostrados em camas, até que morrem, sem ninguém. Nesse dia, Davina foi visitar um morador antigo, o Seu Sebastião. Ele lembra que quando chegou aqui era tudo mato, só existiam algumas casas que as pessoas tinham que dividir entre si. O Hospital na época ainda não tinha sido construído e ele teve que trabalhar para pagar a estádia na moradia que ficou. O mais curioso é que hoje é dia dos pais, e ela não sabia que o Seu Sebastião tem filhos. Muito amargurado, conta que, suas três filhas não querem nenhum tipo de contato com ele, pois pensam que foram abandonadas. Na época em que foi internado os diagnosticados com a doença eram arrancadas de suas famílias sem nenhum tipo de aviso, por causa do risco de contágio. Depois que a cura foi descoberta, ele relata a Davina que tentou vê-las, mas elas não quiseram ter nenhum tipo de relacionamento com ele.

São histórias como essa que comovem pessoas a fazer esse trabalho. A cada casa que Davina passa tem a sensação de ter feito a vida de alguém mais feliz, e isso a enche de satisfação. Hora do almoço. Todos têm até 12h30 para visitar todas as famílias da lista, pois o trabalho ainda não terminou. Após comerem, ainda visitam os leitos dentro do Hospital, lá vivem os que estão muito debilitados ou ficaram com sequelas graves demais para se cuidarem sozinhos. O período da tarde até umas 14h30, é destinado para passar pelas alas masculinas e femininas. Porém nem sempre é possível ver todos os doentes.

Às 15 horas todos já estão no salão, fazem uma oração e encerram o dia. Recolhem as coisas e levam até o ônibus com sentimento de dever cumprido. Davina sente que esse trabalho a completa, o mês em que ela não consegue ir, por algum motivo, se sente vazia. Existem diversos grupos voluntários que vão a Pirapitingui: evangélicos, católicos, jovens de escolas que vem trazer apresentações de música, grupos teatrais que se vestem de palhaço. Mas ainda há muito a ser feito por essas pessoas. Davina deixa aqui o convite, a quem quiser ser, um doador de sorrisos. Arquivo Pessoal

Copeira e residente da Zona Leste de SP, ela escolheu, apesar das adversidades, ajudar quem mais precisa

“Que estranho país é o Brasil, onde até um louco pode ser presidente da República e eu não posso”, com essa frase de Rui Barbosa no início do livro escrito pelo jornalista Paulo Schmidt, a editora Leya continuou com a coletânia Guia do Politicamente Incorreto, com a intenção de contar histórias bizarras, dessa vez, de todos os Presidentes do Brasil. O Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes foi publicado no início de 2016, e conta de uma forma diferente como foi a passagem de cada chefe do Executivo, desde a república velha até o processo de Impeachmant do segundo mandato de Dilma Rousseff. “É um livro com um bom papo, sabe usar as palavras e é muito agradável como o livro nos leva e nos chama para continuar a ler”, disse a estudante de Rádio e TV, Mariana Fernandes. Com essa proposta interessante, o livro conta de jeito humorado a história da política brasileira, tendo grandes referências de historiadores, entre eles: Hindemburgo Pereira Diniz, Marco Antônio Villa, Darcy Bessone, Isabel Lustosa, entre outos. “O Guia Politicamente incorreto, tenta nos deslocar de doutrinas explícitas em tablóides, mas, ao mesmo tempo passa uma ideologia conservadora de direita”, ressaltou Fernandes. Além de expor algumas curiosidades e lendas dos Presidentes, como, o suícidio da amante do então presidente, em 1926-1930, Washington Luís. “…Na madrugada de 23 de maio de 1928, no apartamento 235 do Hotel Copacabana Palace, onde morava a linda

marquesa Elvira Vichi Maurich, amante italiana do presidente da República. Ela e Washington tiveram uma violenta discussão, que terminou com a ciumenta marquesa dando-lhe um tiro no abdome[...]. Pouco depois do atentado, a jovem de 28 anos se suicidou, atirando-se da janela…”. Dessa forma Schmidt diserta em cada tópico uma curiosidade de cada presidente eleito, ou emposado, o único momento em que o escritor não consegue descrever um fato claro é quando chega ao período da Ditadura Militar, ele mesmo esclarece o porquê disso. “Como só ocorre em instituições fechadas, exclusivistas, tudo é secreto e confidencial, de modo que pouco se conhece de suas vidas pessoais exceto o que eles mesmos divulgaram e que não foge muito de dados obteníveis em qualquer lugar, a saber, local e data de nascimento, escola militar em que estudou, nome da esposa, quantos filhos teve, etc”. “Por contar particularidades de Presidentes, o livro é consegue atrair o leitor com fatos curiosos, mesmo que ressalte alguns governantes e degrina outros de uma forma pessoal, o livro consegue atrair por demonstrar curiosidades”, finaliza a estudante.

ERRATA: Por um equívoco de edição, o texto do #fica a dica, edição 5, junho/2017, sobre o livro “Quarto do Despejo”, de Maria Carolina de Jesus, está assinado por Paola Munhoz, mas é totalmente de autoria de Hysabella Conrado.

expediente

Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenadora dos cursos de Comunicação Profª Jaqueline Lemos Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

Jornal Expressão

Capa Foto: Thaís Martins

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Curso para engenheiros e arquitetos foca na acessibilidade Conhecimentos sobre inclusão são ministrados para a melhoria da mobilidade pública

O Curso de Educação Continuada e Certificação em Acessibilidade atende a engenheiros, arquitetos e funcionários da Prefeitura do Município de São Paulo que são envolvidos na construção e fiscalização de edificações e vias públicas. Surgiu em 2007 e foi idealizado pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência – SMPED. O principal intuito foi de atualizar e difundir questões de acessibilidade aos funcionários públicos. “O curso busca difundir conhecimentos da acessibilidade, do Desenho Universal, envolto à eliminação de barreiras arquitetônicas nos

projetos de edifícios, equipamentos e áreas urbanas, da legislação pertinente, além de sensibilizar as pessoas por meio da vivência e também por ser um exercício onde a pessoa pode se colocar no lugar da outra, no caso, a pessoa com deficiência”, explica Eduardo Flores Auge, Arquiteto e Urbanista da Comissão Permanente de Acessibilidade – CPA. O curso é presencial com aulas práticas e expositivas, além de ser dividido em três módulos com a duração de três dias. Um grupo de 25 pessoas participa do curso. As inscrições são priorizadas de acordo com a ordem

de inscrição e a disponibilidade do servidor público. “Participei do curso em 2012 e foi de extrema importância para me preparar e para me adequar ao exercício profissional, além do reconhecimento oficial de capacitação em acessibilidade e de me incentivar profissionalmente”, destaca o Arquiteto e Urbanista Paulo Andrés Montes. O Módulo I é composto por aulas expositivas de ‘desenho universal’, que permite que o aluno consiga se colocar no lugar da pessoa com deficiência mediante uma experimentação da edificação e do espaço urbano, além de uma aula expositiva

Planetário de São Paulo ensina Astronomia Curso em parceria com o SME atende os professores e estudantes Raquel Porto | quelbporto@gmail.com

Arquivo pessoal

em relação à acessibilidade em edificações. O Módulo II é apresentado no segundo dia e complementa o da acessibilidade em edificações. Oferece uma aula expositiva sobre mobilidade urbana e acessibilidade em vias públicas. O Módulo III consiste em uma avaliação com questões de múltipla escolha ou dissertativas. Após a avaliação, o certificado será emitido pela prefeitura com expiração em três anos. São oferecidas 30 vagas por turma, uma vez por mês. O curso é realizado das 10h às 17h nos dois primeiros dias e das 10h às

Divulgação

Bruna Fillol | brunafillol@hotmail.com

Iniciativa pretende reduzir barreiras arquitetônicas 12h no terceiro dia, onde é realizada uma avaliação com questões de múltipla

escolha. O local é na Rua Líbero Badaró, 425 – Centro – São Paulo – SP.

Verba para educação alimentar nas escolas congelada Lei garante comida de qualidade nos educandários de SP, mas pode acabar Leonardo Barbeiro | leonardo.barbeiro@hotmail.com

Alunos visitam o Planetário do Carmo, que também recebe excursões O Planetário de São Paulo, localizado nos parques Ibirapuera e do Carmo, oferece a oportunidade de viajar entre as estrelas, conhecer planetas, ir além da via láctea, bem como nos ensina que, comparados à imensidão do universo, somos menores que um grão de areia. E tudo isso é dado gratuitamente para estudantes e também para o público em geral. Depois de restaurado e modernizado, o planetário Professor Aristóteles Orsini, no Ibirapuera, foi reinaugurado em 2006 e conta hoje com uma cúpula de 18 metros de diâmetro e uma sala com capacidade para 300 visitantes. Já o planetário do Carmo foi aberto em 2006 e reinaugurado em 2016, com uma sala de 20 metros de diâmetro e capaz de ocupar 230 pessoas. Ambos possuem equipamentos de altíssima tecnologia, equiparados apenas com os de alguns países europeus e a cidade de Nova York nos Estados Unidos. Em ambos os planetários há visitações diárias e gratuitas, e o atendimento funciona de

duas formas: nos fins de semana são abertos para o público em geral e durante a semana as escolas, públicas e particulares ligam e agendam as visitações. De acordo com informações dadas pela direção do lugar, pelo menos 150 mil pessoas passam pelos planetários por ano. A programação é variada e dividida por faixa etária, como “A Janela Mágica”, uma sessão específica para o público infantil. Além da visualização do céu, há também outras atividades complementares, como as oficinas, cursos e palestras. O diretor dos Planetário de São Paulo, o astrofísico Fernando Nascimento, explica que a curiosidade com o que desconhecemos do universo é uma das razões que leva tantas pessoas a visitarem os espaços. “É uma chance que as pessoas têm de se conectar com as questões mais íntimas da existência. Todos de alguma forma acabam sensibilizados, uns mais, outros menos. Todo mundo é receptivo com esse

tipo de atividade, todos se sentem conectados”, afirma. O Planetário de São Paulo tem trabalhado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Nesse projeto os professores são convidados para uma aula especial sobre astronomia e posteriormente os alunos podem vivenciar a mesma experiência no local. Rosana Lo Duca, auxiliar técnica educacional da Diretoria Regional de Educação Penha, é a responsável pelo agendamento de cursos e excursões. Ela afirma que a procura das escolas pela visita ao planetário aumentou consideravelmente no primeiro semestre do ano. “Acredito que isso se dá porque o planetário é fascinante e mexe com o imaginário das crianças ao falar sobre o céu, estrelas, planetas. É uma atividade muito boa”, finaliza. A programação completa é disponibilizada no portal da prefeitura. Os agendamentos são feitos pelos telefones: Planetário do Carmo – 2522 – 4669; Planetário do Ibirapuera – 5575 – 5425.

A inclusão de alimentos orgânicos ou de base agroecológica está mudando os hábitos dos estudantes paulistanos, com o incentivo ao consumo de comida saudável no sistema municipal de ensino. Levando em consideração que uma boa parte dos estudantes da rede pública tem como refeição principal os alimentos fornecidos na escola, a legislação, em vigor desde 2015, atua na conscientização do quanto a alimentação influencia na qualidade de vida pessoal e no desempenho estudantil. Apesar do esforço da lei, no entanto, a verba para a compra dos alimentos escolares de origem orgânica ou de base agroecológica, de R$ 5,5 milhões, foi congelada.

Ariana Iara | ariana.ip@gmail.com

A permacultura tem como objetivo minimizar os impactos negativos na natureza, gerados pelos seres humanos. Com base na economia solidária, comunidades ensinam técnicas de plantação orgânica e bioconstrução, que são passadas nas aulas práticas e os produtos são comercializados assim gerando renda para seus participantes. Embora inicialmente a permacultura tenha sido pensada para a vida rural, seus princípios podem ser aplicados no dia a dia dos grandes centros urbanos, como expli-

ca a bioarquiteta Priscila Martins Last. “Rever os nossos hábitos de consumo, como descarte de resíduos, separar recicláveis orgânicos e fazer a compostagem caseira já reduz e muito o impacto no meio ambiente”, comenta. Na cidade de Conceição do Rio Verde – MG, o grupo Morada Natural é um laboratório vivo onde tecnologias sustentáveis são voltadas para a autossuficiência. Com o crescimento das ecovilas e a disseminação através da internet, houve uma abertura maior para a população em geral de conhecê-las. Jornal Expressão

Priscila também fala como bioconstruções residenciais são feitas com materiais disponíveis no local a serem construídas aliada a materiais inteligentes e de demolição, como também o uso de energia solar, a captação de água da chuva e tratamento para água de reuso auxilia na redução dos custos com contas de água e luz. Apesar do tema ser importante nos centros de educação tradicionais a educação ambiental é pouco trabalhada em sala de aula e em empresas, assim dando espaço aos empreendimentos no terceiro

Haddad. Os próprios estudantes, ao transmitirem aos familiares seus conhecimentos sobre a alimentação saudável, propagam esta consciência aos amigos criando-se uma corrente que interfere nos âmbitos da saúde, do saneamento e até financeiros, pois a compra destes produtos geram novos empregos, aumentando um mercado que ainda é pequeno. “É importante que as novas gerações tenham consciência do quanto a alimentação interfere no dia a dia. Os casos de obesidade e hipertensão infantil não param de crescer e não são só essas doenças que têm chegado a essas crianças e adolescentes”, afirma a nutricionista Graziela Marini. Press foto Freepik

Mudanças de hábitos alimentares objetivam melhora na saúde

Iniciativas socioeducativas a favor do planeta Educação ambiental e preservação beneficiam economia solidária

Contratos foram encerrados e outros estão por vencer. “Na escola em que trabalho, realizamos ações de consciência aos pais e alunos. A princípio, gerou um estranhamento por parte das crianças que nunca tinham provado algum tipo de alimento orgânico ou pouco processado, mas aos poucos fomos vendo os resultados. Hoje já temos alunos que trazem como lanches frutas, pães integrais, sucos naturais... E aí se dá conta de que estamos ensinando mais uma coisa a eles”, relata a pedagoga Tamirys Correa. Além das crianças, toda a comunidade ligada às escolas é beneficiada a partir da lei 16.140, decretada pelo ex-prefeito Fernando

setor, conhecidas como Microempresas Individuais (MEI) focadas no meio ambiente. Idealizado por Leonardo Gouvêa, o Centro de Educação Ambiental e Lazer, o Projeto Muda, localizado na cidade de Bertioga-SP, recebe pessoas interessadas em turismo ecopedagógico e preservação da natureza, sem esquecer o lado social, e mostra os benefícios econômicos da sustentabilidade. Nas oficinas de agroflorestas e plantação orgânica, a tecnologia usada consiste em usar árvores e plantas nativas para evitar a degradação e erosão do solo sem alterar o ambiente onde vivem animais silvestres, que ajudam também na con-

tenção de pragas, reduzindo o número de agrotóxicos assim diminuindo a contaminação do solo e recursos hídricos. “Percebo que quando o assunto é educação ambiental

implementar esse conhecimento, seja em escolas ou em empresas, acaba sendo visto como uma despesa e não como um investimento a longo prazo”, adverte Leonardo. Ariana Iara

Orgânicos reduzem impactos na natureza


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Vegetarianismo

Proteína:animal ou vegetal? Paola Munhoz | andr.eli.ze@hotmail.com

“A proteína animal é insubstituível? É caro ser vegetariano? Você não come nada? Vive só de mato!” São vários os equívocos que cercam o mundo dos vegetarianos. Há várias mentiras contadas sobre esse estilo de vida, incluindo que vegetarianos ficam mais doentes por não consumirem nenhum tipo de proteína animal. Ao invés disso, ele encontra em maior quantidade proteínas em diversos vegetais, substituindo o uso de carnes, peixes e frango, sem que afete diretamente a sua saúde. Ser vegetariano pressupõe elevação espiritual por trás daquela pessoa com um tom de excentricidade intitulada como vegetariana ou vegana? Se você acredita que a vida animal tem exatamen-

te o mesmo valor que a sua e de todos os outros animais, já é meio caminho andado, mas mudança da alimentação e do estilo de vida deve ser feita de forma gradual. “Quando comecei a parar de consumir carne, foi pelo sentimento mais puro. Pensar mais na nossa mãe natureza, pensar nos animais e pensar, se essa forma de nos nutrirmos está errada, pois podemos consumir e substituir a carne por outros alimentos”, disse Melissa Galdino, jornalista, Ovolactovegetariana há 7 anos. O Instituto Ibope conduziu uma pesquisa entre os anos de 2012 a 2016, na qual apurou que, no Brasil, 8% da população se declara vegetariana ou vegana. Isto corresponde a mais de 16 milhões de vegetarianos.

Arquivo pessoal

Bom humor e sabor são aposta dos pratos vegetarianos em restaurantes e lanchonetes

Consumo de carne gera diversos impactos Joyce Gonçalves | ferreirajoyce11@hotmail.com

O consumo de carne gera diversos impactos, pois não afeta somente a saúde humana mas sim o ambiente de forma geral. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já vinculou o consumo de carne com um maior risco de contrair câncer, além disso, há limitação ambiental para produção de carne. Pois o consumo de água acaba excedendo, já que a agropecuária usa mais de 90% da água do mundo; e para produzir 1kg de carne usam-se 15 mil litros. “O estilo de vida vegetariano e o meio ambiente estão intimamente ligados,

pois as fazendas de criação de gados devastam a vegetação nativa do local; acarretam compactação do solo e geração de poluentes ambientais, tais como os gases do efeito estufa. Outro fator é o consumo de água que é utilizada na produção de carne. A redução do consumo contribuiria para a preservação ambiental das regiões onde há o cultivo de gado”, ressalta Cibele Silva, engenheira ambiental. Alguns dados a seguir ajudam a entender o porque comer carne é tão prejudicial à saúde e ao planeta. Quase

70% da área desmatada na Amazônia é usada como pasto e boa parte é ocupada pela produção de ração. No Brasil a cada quilo de camarão pescado, cerca de dez quilos de organismos marinhos são capturados “acidentalmente”. Se não fosse necessário criar e alimentar animais para consumo, poderíamos aumentar em cerca de 50% da quantidade de calorias disponíveis, produzidas em terras agrícolas já existentes. Com um detalhe: teríamos o suficiente para alimentar mais 3,5 bilhões de pessoas no planeta.

“Cada vez que trabalhamos a nossa consciência e avaliarmos nossa alimentação ou nosso modo de vestir, crescemos e tomamos escolhas mais responsáveis, com a gente, com os animais e com o mundo”, cita Sabrina Cirilo, administradora, Ovolactovegetariana há 3 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, por muitas vezes, as pessoas não apenas escolhem ser vegetarianas, mas há outros fatores que colaboram para isso, como: intolerância a determinados tipos de alimentos, e doenças que afetam diretamente o ser humano, como exemplo, maior incidência de doenças cardíacas, diabetes, derrames e alguns tipos de câncer.

Que tipo de vegetariano você é? Thaís Martins | thaismartinsr@hotmail.com

Quem está interessado e quer conhecer um pouco mais sobre o vegetarianismo, costuma encontrar informações que nem sempre são esclarecedoras. No meio das pesquisas, o que muitos não sabem é que há algumas ramificações desta prática alimentar. E o que determina que tipo o indivíduo será é a inclusão ou exclusão dos produtos derivados de animais. Dentro do grupo principal tem-se as seguintes categorias: o ovolactovegetariano que exclui o consumo de qualquer tipo de carne e permite ovos e lacticínios; o lactovegetariano que exclui ovos e qualquer produto que os contenha, mas continua com a inclusão dos lacticínios; o vegetariano estrito ou puro que não consome nenhum tipo de carnes, ovos, lacticínios e seus derivados; e por último o vegano, que além de excluir o consumo de carne, ovos, lacticínios e seus derivados, também não utiliza nenhum componente não alimentício de origem animal, é uma filosofia de vida. Sobre a categoria secundária, existe o crudivorismo, que consome alimentos crus, aquecidos a no máximo 420C ou em processo de germinação e o frugivorismo que se alimenta apenas de frutas, incluindo também alguns cereais e legumes.

Joyce Gonçalves

Poluição causada pelo impacto do consumo de carne

Anote aí... Produtos e serviços veganos

Renata Tomaz | renatatomaz18@hotmail.com

• Vinder O Vinder é uma espécie de Tinder, a diferença é que esse aplicativo reúne, em um único ambiente virtual, pessoas que tem um interesse em comum: o estilo de vida vegano. Para fazer parte do Vinder é preciso ser ovolactovegetariano, vegano ou ovolactovegetariano em transição para vegano.

Thais Martins

• No Bones - Açougue sem carne • Animalvega A Animalvega, uma marca de ração, trouxe recentemente ao mercado pet a Ração Vegetariana Animalvega, que é produzida com farinha de arroz e possui em sua composição ingredientes e nutrientes 100% naturais. Eles afirmam que é uma ração vegetariana e vegana formulada com todos os nutrientes necessários a uma alimentação saudável e equilibrada que garante aos animais o aumento da qualidade de vida.

No Bones – The Vegan Butcher Shop é o primeiro açougue vegetariano e vegano do Estado de São Paulo. Ele conta com diversos tipos de hambúrgueres Premium, salsichas, linguiças, nuggets, cortes especiais, alem de espetinhos e produtos para churrasco. Liderado pela chef Marcella Izzo que é apaixonada pela gastronomia e cozinheira desde pequena, encontrou o desafio de proporcionar pratos veganos com Sabor e textura incomparáveis. Site: www.nobones.life/ Endereço: R. Caraíbas, 1243 - Vila Pompeia, São Paulo - SP, 01254-000

Jornal Expressão


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Vegetarianismo

Comer bem sem carne no prato: é possível!

Franciellen Batista

Adeptos ao veganismo têm cada vez mais opções gastronômicas na cidade Franciellen Batista | franciiellen@hotmail.com

Considerado como uma moda por muitos, o estilo de vida vegano agrega cada vez mais praticantes e simpatizantes mundo afora. Nos dias atuais, é difícil não ter ao menos um conhecido que tenha trocado a carne por alimentos vegan. Seguindo o grande boom do estilo, o mercado tem trabalhado para atender as demandas que não param de crescer do segmento – marcas alimentícias, de roupas, cosméticos e até mesmo de eventos têm apresentado novidades pensadas especialmente para vegans. O segmento alimentício, diretamente ligado aos interesses e necessidades do público, é o que apresenta

maiores ganhos: segundo empresários do setor, o crescimento do mercado de produtos veganos tem aumentado em 40% ao ano, o que reforça a ideia de que o veganismo já não é mais um tabu para a maioria das pessoas. Em grandes cidades, feiras e festivais vegans já não são novidade. É o caso da popular Festa Junina Vegana, que teve sua 4ª edição em São Paulo durante o mês de junho. Realizada pela VegNice, empresa especializada em eventos veganos, a festa reuniu pratos típicos juninos em versões adaptadas para o público, como canjica e arroz doce sem lactose feitos com leite de

amêndoas, bolinho caipira recheado de linguiça vegetal e “carne” de jaca louca, entre outros. Ricardo Dantas, desenvolvedor e vegano há um ano e meio, esteve presente na Feira. “Eventos como esse são importantes para desmistificar o veganismo e servem como primeiro contato de muitas pessoas que não conhecem a cultura. É legal porque dá oportunidade a quem não é vegetariano ou vegano de experimentar os pratos adaptados ao mesmo tempo em que dá liberdade para os vegans.”, ressalta. Em agosto, abriu na capital o primeiro parque vegano – o Vegan Park, na

Vegan Park é um ambiente de convívio e espaço de consumo região da Vila Mariana. É como um shopping vegano: o terreno de 1,4 mil m² é disposto em cerca de 30 contêineres em ambiente arborizado, área de convívio, terraço, playground, área zen, estacionamento e bicicletário. Tudo totalmen-

te livre de crueldade contra os animais. A ideia partiu de uma parceria entre o SEBRAE e a VegNice, com objetivo de disseminar o estilo de vida e servir como ponto de encontro, além de ser um mercado confiável para veganos. “O

local é um centro de convivência e cultura. Com ele, temos o objetivo de propagar a filosofia de vida vegana e, quem sabe, trazer mais adeptos por meio da desmistificação e conhecimento”, conta Rama Jonas das Almas, sócio do empreendimento.

Um mercado que está em ascensão Pode ser veggie? Aumenta popularidade do estilo de vida livre de produtos e alimentos de origem animal no país Julia Lopes | julialopes.sp@hotmail.com Nos últimos anos no Brasil mercadorias de origem 100% vegetal estão crescendo cada dia mais. Em uma pesquisa realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo este negócio cresce em uma média de 40% ao ano. Estima-se que quase 5 milhões de cidadãos são adeptos à este estilo de vida e o número não para de aumentar. Cada vez mais abrem restaurantes especializados para esses grupos de pessoas que não ingerem ou utilizam nada

de origem animal. Uma das causas de todo esse crescimento é a entrada de produtos veganos em grandes redes de mercado e de investimentos no e-commerce. Mesmo com todo o crescimento este mercado ainda arrecada cerca de R$55 bilhões por ano, muito menos do que o tradicional pecuária que movimenta em média R$485 bilhões. Muitas celebridades como Gisele Bundchen, Leonardo DiCaprio, Miley Cyrus,

Ariana Grande, Natalie Portman e Yasmin Brunet são adeptos aos hábitos veganos, e falam sobre o movimento em suas redes sociais e na mídia, fazendo que seja uma tendência mundial. Páginas no FaceBook, perfis no Instagram, blogs e ONGs também ajudam na conscientização do movimento e algumas postam receitas ou compartilham histórias pessoais de quem curte a página. “Em São Paulo é fácil encontrar opções, tem restaurantes que realmente não tem nada, mas sempre um do lado têm um prato vegano ou adaptável”, disse Débora Neves Freixeledo, 28 anos. Ela é adepta a este estilo de vida há dois anos, mas já era vegetariana desde aos 16 anos. Ela acredita que esta filosofia de não utilizar ou comer nada de origem animal está em ascensão por que agora as pessoas têm mais acesso à in-

Especialistas apontam os prós e contras desta escolha alimentar

formação, através da internet e dos smartphones. A Sociedade Vegetariana Brasileira é uma entidade que supervisiona e certifica os produtos veganos no Brasil através de análises da cadeia produtiva. As taxas variam de R$ 300 a R$ 1 mil, dependendo do tamanho da empresa. Hoje cerca de 200 produtos já possuem a certificação. O bairro Vila Mariana, zona sul da capital paulista, se destaca quando o assunto são restaurantes que não utilizam nada de origem animal em sua produção, andando pelas ruas é visível que eles oferecem opção de uma alimentação saudável e que não possuí nada de carne, leite, mel ovos e afins. Até o mercado das hamburguerias resolveu arriscar e investir neste setor ,com lanches veganos, hambúrgueres feitos de beterraba ou tomate seco e até mesmo de jaca.

Gizela Lima

A melhor opção de estilo de vida Gabrielle Borges | gaaby_borges@hotmail.com Em janeiro de 2017, Ana Carolina Tenerelli de 22 anos decidiu ser vegetariana, optou por esse estilo de vida por razões éticas e humanitárias. Sua amiga começou a fazer postagens sobre o assunto e chamou a sua atenção. O seu amor por animais, fez parar para pensar se faria sentido ela amar alguns e comer outros e não fez sentido. Por esse motivo, se existisse um meio de viver sem que outro ser vivo precisasse morrer para isso, Ana queria tentar, então foi pesquisar. Depois de todas as pesquisas e reflexões, assistiu o documentário “Terráqueos” e chorou muito, no dia seguinte não comeu mais carne vermelha e nem frango. E em um mês já havia mudado seu estilo de vida. Vinicius Bento, seu namorado, simultaneamente entrou nessa sintonia também por razões éticas e humanitárias, incluindo responsabilidade coletiva ao meio ambiente. Quando ele parou para refletir sobre o assunto, viu que faz todo sentido deixar os animais fora do prato. Fizeram essa escolha e adquiriam consciência sobre todo mal que o consumo de animais pode fazer a todos, aos animais, ao planeta e á humanidade, eles simplesmente não conseguiram mais fazer parte desse consumo. Eles continuam frequentando todos os lugares onde

Gabrielle Borges

Prato Vegano

Opções para todos os gostos Gizela Lima | gizelallima@gmail.com

iam anteriormente. Os lugares têm opções sem carne e pratos para eles, quando é possível eles vão a restaurantes veganos e vegetarianos para experimentar. Até mesmo em fast foods e hamburguerias tem opções de lanches veggies. Jornal Expressão

“Foi uma das melhores escolhas que fiz na vida. No início eu virei vegetariana por compaixão aos animais, mas com o tempo fui descobrindo que este estilo de vida principalmente para quem é vegano não só poupa à vida de outros seres vivos. Me sinto muito

feliz com esse novo estilo de vida, em especial, por poder compartilhá-lo com o Vini, juntos passamos a ver o mundo de outra forma e continuamos com o objetivo de sermos pessoas melhores sempre que pudermos, ” comenta Ana Carolina, advogada, 22 anos.

Os debates são acalorados. Mas quem está com a razão? É mais saudável ser vegetariano? Ou comer carne é necessário? Existe uma verdade para os profissionais da área da saúde? “Quando uma pessoa decide seguir um regime alimentar baseado no consumo de alimentos de origem vegetal é necessário um cuidado maior em relação à “falta” de nutrientes, é preciso ingerir outras fontes de proteínas, além de ferro e cálcio, mesmo assim é completamente aceitável viver sem carne”, explica a nutricionista Júlia Ribeiro que é vegetariana. A nutricionista ressalta que a proteína vegetal é menos completa em aminoácidos em relação à proteína animal, em caso de substituição é necessário aumentar o número de porções consumidas e o acompanhamento com um nutricionista é fundamental. Pesquisas mostram que deixar de consumir alimentos de origem animal tem relação direta com a redução do risco de doenças como obesidade,

hipertensão, diabete e até osteoporose. E ao contrário com um consumo excessivo há um risco maior no desenvolvimento de doenças cardíacas e até câncer de intestino. Já a nutricionista Camila Agnelo não se posiciona contra, mas enfatiza o risco que muitas pessoas correm por aderirem de forma equivocada um regime alimentar sem preparo. “Já atendi pacientes que sofreram com a adaptação, por acreditarem que a ausência da proteína animal poderia ser facilmente substituída, por exemplo, com uma fruta após a refeição”. “De todo modo, o paciente conseguindo suprir de forma correta esta ausência não vejo motivo para uma contraindicação de qualquer tipo de carne, a não ser que o consumo ocorra de forma desordenada, assim também trará malefícios. Não sou vegetariana e não costumo incentivar a prática, mas ressalto a importância de que todos percebam que cada situação é única e merece ser tratada de forma particular”, finaliza Camila.


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Jogos online pedem limites Especialistas alertam para transtornos causados pelo excesso de tempo diante dos games na internet Estela Alves | estelaalves38@yahoo.com.br

Estela Alves

Garoto jogando por horas na frente do notebook

Seremos

substituídos?

Conheça a máquina capaz de pensar como o ser humano Beatriz Simonelli | biafernandessimonelli@gmail.com

O mais novo robô produzido pela empresa de TI (Tecnologia da Informação) IBM, nomeado por seus criadores de Watson, é uma tecnologia cognitiva que pode pensar como um ser humano. Ele é capaz de analisar e interpretar dados, incluindo textos, imagens, áudio, vídeo e analisar até 200 milhões de páginas e responder a qualquer ques- tão com precisão em menos de três segundos. Watson chamou a atenção da mídia após vencer um programa de perguntas e respostas americano, chamado Jeoparty, em que os participantes devem formular questões a partir de pistas dadas pelo apresentador. E agora, Watson também conquistou o ramo da saúde e é o mais novo membro da equipe de diagnósticos do sistema de saúde americano, WellPoint. Entre suas funções, ele analisa históricos médicos, auxilia a identificar quais problemas clínicos os pacientes apresentam e se mantém atualizado às pesquisas científicas. Em cinco anos desde a sua criação, o robô se transformou em uma grande plataforma tecnológica e comercial, que já atingiu diversas áreas econômicas, como bancos, lojas de varejo, hospitais e centros de pesquisas médicas, usando um

sistema chamado DeepQA, uma arquitetura probabilística paralela maciça e baseada em evidências para gerenciar suas informações. Segundo Taynara Simões, estudante do último ano de TI e ex-funcionária da IBM, os investimentos para tecnologias como essa são enormes. “Vivemos em uma sociedade em que economizar tempo e dinheiro é primordial. O mundo gira em torno de tecnologia, por isso sempre buscamos evitar erros, falhas e fracassos e através do conhecimento de uma máquina como o Watson, muitas decisões serão precisas”, complementa a estudante. De acordo com Renato Fernandes, técnico em eletrônica e automação predial e industrial, existem projetos similares em andamento, como carros autônomos e inteligências artificiais para resposta direta aos usuários, o que gera a remoção dos atendimentos humanos. Ele explica que a automação está iniciando a sua quarta revolução industrial. “A quarta revolução industrial será a inserção de máquinas com resposta em tempo real, que tomam ações de modo autônomo e sem a necessidade de interferência humana como o Watson da IBM, que é um projeto gigantesco”, finaliza Renato.

Os jogos de internet cada vez mais ganham adeptos no Brasil devido à popularização dos smartphones. Os games são uma distração em qualquer momento do dia. Mas isso vira um grande problema quando os jogadores passam diversas horas na frente de uma tela, seja celular, tablet ou computador. O chamado “transtorno por jogos de internet” passou a fazer parte do manual usado por psiquiatras do mundo todo devido aos problemas de saúde causados a jogadores. O manual auxilia no diagnóstico de doenças mentais e ajuda no tratamento de pessoas que se tornaram dependentes de tecnologia. Grande parte das pessoas, em sua maioria jovens, passam horas e horas do dia jogando. Essa diversão se torna dependência em muitos casos e acaba afetando diversas áreas da vida do jogador. João Filipe Alves de Sousa, que jogava o dia todo, muitas vezes nem via o tempo passar, mas quando isso começou a afetar os estudos, ele percebeu que era hora de controlar mais os jogos. “Teve um tempo em que eu estava muito viciado, mal chegava da faculdade e já ia direto para o meu quarto jogar. Se as

pessoas não me chamassem para comer, eu ficaria o dia todo de estômago vazio, não estudava mais para as provas e acabava indo mal. Foi ai que percebi que tinha algo errado e comecei a controlar o tempo que ficava na frente do computador”, conta João Filipe. As conseqüências para esse problema são muitas, como baixo rendimento escolar, afastamento e conflito com familiares e amigos, dores na coluna por ficar muito tempo sentado, e geralmente de maneira incorreta e problemas na visão. Os homens ainda são a maioria entre os jogadores, mas nos últimos anos vem se notado um grande crescimento de mulheres. Hoje elas representam 47% dos jogadores. Os jogos online são capazes de levar para outras realidades, interagir com outras culturas, possibilitam as pessoas serem quem elas querem e estar em um mundo virtual. Pesquisas mostram que as pessoas vêem seus personagens como versões que são idealizadas por elas mesmas. O psiquiatra Israel Pinheiro dos Santos alerta as características de um dependente. “Geralmente os viciados apresentam os mesmos sintomas

e são pessoas neuróticas, introvertidas, impulsivas e que possuem baixa autoestima. Daí vem a ideia de criar um personagem para ser aquilo que não conseguem ser no mundo real”, explica a psiquiatra. O tratamento para aqueles que se tornam viciados depende muito do nível de vício de cada pessoal. Muitas têm feito uso de medicamentos psiquiátricos. Já outras pessoas, quando os casos são considerados mais graves, precisam ir para uma clínica se tratar. O transtorno por jogos na internet é um problema real e que preocupa. O não tratamento desse problema é tanto mental como fisicamente perigoso.

Para quem precisa de ajuda: Grupo de Dependência Tecnológica do Hospital das Clínicas contato@dependenciadetecnologia.org

Ônibus melhora ar de São Paulo Aumento de mortes por poluição incentiva a produção de coletivos elétricos Bruna Diniz | brunadeboni@hotmail.com

Que a cidade de São Paulo está com um nível de poluição agravado, a maioria dos moradores já sabe. Quando se observa um filtro cinza sobre os olhos. Um dos grandes causadores pela emissão de poluentes é a frota de coletivos a diesel, mas a solução para a diminuição destes números tem nome e já está ao nosso alcance: o ônibus elétrico. Essa nova geração de transportes ecologicamente corretos faz parte de um movimento para tentar salvar o planeta. De acordo com uma análise feita pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), em junho deste ano, o número de veículos que rodam na cidade, contando com os públicos e particulares, ultrapassam 8 milhões. E ainda segundo o órgão público, estas estatísticas trazem grande preocupação para as organizações ambientais. “O ônibus elétrico vai colaborar muito com o meio ambiente se os planos da prefeitura de São Paulo derem certos. Toda essa poluição que inalamos vai além de prejudicar o meio ambiente, entra no sistema respiratório e alcançam os alvéolos pulmonares até a corrente sanguínea. Isso é mais uma consequência das atitudes humanas impensáveis”, afirma Roberta Faria, engenheira ambiental. Mas o que muitos não imaginam é que mais de 11,2 mil pessoas morrem todos os anos no Estado por problemas de saúde agravados pela alta quantidade de poluentes no ar, segundo um levantamento realizado pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade.

Foto divulgação

Ônibus movidos à energia alternativa colaboram com o meio ambiente

O projeto de melhoria do ar, inspirado na cidade chinesa, Shenzhen, já foi apresentado pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), por meio da SPTrans. Atualmente, São Paulo tem cerca de 15 mil ônibus, três apenas são elétricos, apenas um produzido no Brasil. A prefeitura afirma que até o final deste ano serão 60 coletivos de emissão zero de poluentes em circulação. O primeiro ônibus elétrico pronto para rodar na capital paulista foi produzido pela empresa BYD, em Campinas e leva de quatro a cinco horas para ser carregado com a potência de 300 km/h. A maioria das peças são importadas da China, mas a ideia é nacionalizar a produção aos poucos. A máquina utiliza baterias de lítio e fosfato de ferro, uma opção ainda cara no mercado, mas muito segura. Finalizado, ele chega a custar mais de um milhão, porém, em comparação com frotas que uti-

App resolve tudo para você

lizam o diesel a vantagem é muito superior com uma vida útil de 15 anos versus 10 do atual utilizado. Com um ótimo custo benefício, diminuindo até 60% o valor operacional de uma frota. João Ferreira trabalha com engenharia automobilística e fala um pouco sobre como funciona o coletivo. “Essa tecnologia do novo transporte fará muito bem para a cidade e será muito funcional. Estudei sobre o assunto e, em aceleração, o sistema consome energia das baterias tracionárias, porém, nos momentos de frenagem, a parte de tração transforma a energia cinética do ônibus em elétrica, armazenando na mesma bateria”, explica. O avanço da realização do projeto ainda precisa ser aprimorado. Por menor que a frota de transportes seja, a prefeitura da cidade precisa planejar miniestações elétricas pela cidade para abastecimento

Núbia Lima

Aplicativos oferecem serviços em diversas áreas para facilitar a vida em emergências Núbia Lima | nubialima52@gmail.com

Aplicativos que oferecem mão de obra de profissionais de todas as áreas, desde um problema do encanamento até uma consulta dentária. Desenvolvidos para atenderem uma série de contratação de serviços, com cerca de 200 áreas de profissionais especializados. Kaique Sousa utilizou os serviços de uma passadeira. “Chegou o dia do casamento do meu melhor amigo e notei que meu terno estava todo amassado, fiquei desesperado e uma amiga indicou o app e disse que alguém podia fazer isso para mim”, conta Sousa. Os aplicativos para celular passam a alcançar números altos de

download nas plataformas Google Play e Apple Store. A marca já chega a bilhões de instalações. O uso empresarial de apps é uma das cartas na manga, pois estabelece um relacionamento de proximidade e facilidade aos clientes. Uma das opções é que através destes mecanismos um profissional de qualquer área poderá se cadastrar para poder prestar seus serviços – reformas, faxina, concertos, aulas, dicas de beleza, estética e etc – seja à distância ou a domicílio com qualidade. Os empreendedores digitais Eduardo Firmino e Felipe Kawahara explicam mais sobre o investi-

mento de um aplicativo de prestação de serviços. “Acredito que seja um empreendimento com valor social muito maior que o capital. Queremos disseminar conhecimento para todos que queiram aprender. O investimento inicial é alto, assim como o intelectual. Investimos muito do nosso tempo para que, ao ser lançado, esteja na sua melhor forma possível”, afirma Firmin, idealizador do projeto Answer. O processo geralmente é feito a partir de poucas etapas pelo celular, cadastro do número, assim economizando tempo e sendo mais cômodo tanto ao cliente quanto ao prestador de serviços. Através do

menu é possível fazer a contratação dentro do período desejado do serviço que necessita. A novidade que traz facilidade aos clientes quer provar que pode haver praticidade e qualidade de prestação de serviços através de aplicativo. “Tínhamos em mente, a princípio, a prestação de serviços para aulas particulares online, com métodos de streaming de áudio e vídeo e formas de pagamentos inovadoras”, explica Felipe Kawahara, desenvolvedor e idealizador do app Answer. Jornal Expressão

Aplicativos como Answer, GetNinjas, Trinks e Miss Limpeza entre outros do ramo, procura atender não só o cliente com rapidez e praticidade, mas são mecanismos que oferecem oportunidades aos freelancers, ou seja, contribui também para gerar empregos, já que a plataforma abrange as mais variadas áreas profissionais no mercado de trabalho.


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Slam Resistência: quando a poesia e o protesto viram um só Evento na Praça Roosevelt reúne juventude sedenta por arte Gabriel Proiete | gabrielproiete@hotmail.com

Democratizar os espaços públicos e a forma de se expressar neles. Essa é a essência do Slam Resistência, realizado em todas as primeiras segundas-feiras do mês, a partir das 19h, na Praça Roosevelt (centro de São Paulo), e composto por jovens que buscam ter a sua voz ouvida. O evento mistura poesia, política, música e críticas sociais. Organizado como uma forma mais branda de competição, o Slam se organiza basicamente com um círculo de espectadores, que apreciam um participante mesclando declamação e rap para destilarem em seus textos questionamentos e histórias de suas vidas, abordando assuntos como racismo, machismo e desigualdade social. “O Slam Resistência é uma festa na qual eu tenho liberdade para ser eu mesma e expressar o que penso e sinto. É ao mesmo tempo bonito e necessário e ver jovens se reunindo para discutir sobre temas importantes, denunciar problemas que vivemos, dar suporte a alguns movimentos e colocar a favela no jogo, mostrar o que temos para falar”, diz Tássia Lima, participante do Slam.

As leituras das poesias duram cerca de três minutos e são avaliadas por uma espécie de júri, que assiste a tudo (e picha as notas das performances, de 0 a 10, em folhas de jornal). O termômetro da qualidade dos textos muitas vezes é a própria plateia, que vibra alvoraçada durante as apresentações com a declamação de punch lines – no sentido literal do termo, linhas poéticas que são um verdadeiro “soco na barriga” do público. “É meio que um momento de êxtase. O poeta solta uma e todo mundo, de repente, automaticamente grita ‘WOOOOW’, e a apresentação dele já vai para outro nível”, conta Tamires Pereira, espectadora assídua do evento. O sucesso dos Slams foi consideravelmente amplificado através das redes sociais, nas quais são postados vídeos de poetas que exibem grandes apresentações e levam o público à loucura. O espaço, usado na maioria das vezes como eco para jovens que não possuem grande representatividade na configuração atual da sociedade, também abriga muitos poetas profissionais e artistas da cena hip-hop.

O local é um atenuante. “A Praça Roosevelt, por ser tão próxima de ruas conhecidas pela galera como a Augusta e a Consolação, e por ficar no Centro e ter essa característica boêmia, é o lugar ideal para realizarmos isso. Toda a sua característica marginal, com pichações e pistas de skate, e por reunir várias tribos da juventude paulistana, vira um palco recheado de pluralidade para nós”, continua Tássia. Os critérios para se avaliar os participantes são cadência, ritmo próprio, a performance, o chamado flow – termo que caracteriza a junção entre dicção e levada do poeta –, mas, acima de tudo, o Slam Resistência é uma expressão artística que não cabe apenas em uma nota. Pode ser comparado ao surgimento do rap no país nos anos 80 ou até mesmo com o funk na atualidade, portas pelas quais jovens com pouco espaço conseguem exibir seus talentos e criarem (ou adentrarem) um núcleo de identificação. Uma forma da poesia não ficar restrita aos círculos elitistas, tornando-se popular e, enfim, democrática. Slam Resistência

Arte para contemplar na correria

Obras artísticas são altenativa para desestressar no transporte de metrô Aline Oliveira | aline_oliveira28@hotmail.com

Se você pega metrô, certamente já deve ter visto em alguma estação aqueles quadros ou maquetes expostos, até mesmo na pequena televisão, dentro dos vagões, que diariamente anuncia a programação do mês. Não é todo mundo que para ali para contemplar alguma obra, mas algumas chamam muito a atenção dos usuários que passam tão depressa, remetendo à uma calmaria em meio ao caos. O nome é Linha da Cultura, que leva algumas obras de artistas conhecidos, mas, em sua maioria, criadores desconhecidos do público em geral. As fotografias de Leló Nespoli foram expostas na Estação Sé, que recebe cerca de 79 mil passageiros por dia. “Considero as estações do Metrô um museu a céu aberto. Diferentemente dos museus em que as pessoas se dirigem com o propósito de visitar uma obra, os usuários em trânsito apressado muitas vezes são pegos de surpresa com determinada exposição e param, admiram e depois seguem seu rumo”, diz o fotógrafo, sobre o que o incentivou a expor suas fotos na estação. “Diariamente, essas obras ficam expostas aos passan-

Aline Oliveira

Exposição de Leló Nespoli pode ser vista na Estação Sé

tes e visitantes quase que 24 horas por dia. Nesse sentido as exposições nas estações ajudam a democratizar a arte”, completa Nespoli. Este projeto, existente desde 1986, abrange diversos tipos de artes que promovam expressões artísticas, podendo ser exposições, música, dança e teatro. Além das mostras que ficam por volta de um mês, há também as exposições fixas nas estações Alto do Ipiranga, Largo Treze e Adolfo Pinheiro. Para o artista Nespoli, os retornos são muito bons, principalmente no sentido de divulgar o trabalho que eles realizam. “Nesse processo estão envolvidos conceitos de arte e ciência. Vi uma óti-

ma oportunidade de divulgar para interessados o trabalho que venho realizando desde 2005. Tive encontros com alunos, fotógrafos e usuários do metrô que queriam saber como tudo aquilo funcionava”, conta Lelo. André Bueno, que expôs seu trabalho na Estação República, diz que muitas pessoas o procuraram para comentar sobre sua exposição. “Recebi muitas mensagens de pessoas que passaram pelas estações e viram o trabalho. Alguns que eu já conhecia e outras que sem me conhecer entraram em contato. Exatamente por isso os espaços do metrô são importantes para exibição de trabalhos, por seu potencial de circulação de pessoas”, diz.

Para conferir a programação do mês da Linha da Cultura, basta acessar o site: http://www.metro.sp.gov.br/cultura/linha-cultura/index.aspx. Lá você tem acesso ao que estará exposto nas estações, resumo das obras dos artistas e como participar com seu trabalho.

Revendo conceitos:

o funk como você nunca viu Jovens compõem letras e rimam palavras retratando a realidade nas comunidades Henrique Santos | henrique.santos00@hotmail.com

O evento precisa de pouco para acontecer: um círculo de espectadores compõe o cenário

Pinhole, luz e sensibilidade na fotografia artesanal Método rudimentar captura imagens poéticas do cotidiano paulistano Ary Cruz | cruz.ary@hotmail.com

Uma pequena abertura para a entrada de luz, um literal “buraco de alfinete” e imagens do mundo que se revelam, registradas por meio de caixas de fósforo, de sapatos, papel-cartão ou materiais para criar uma espécie de câmera. Dentro deste “aparelho”, coloca-se um filme para revelação, a ser banhado por luz e sorte. Aí, é só sair pelas ruas para fotografar a vida. Assim nascem as pinholes, estilo pré-fotográfico de captura de imagens em câmera escura que persiste nestes tempos atuais, dominados pelas mais modernas tecnologias. Trabalho artístico minucioso e manual, a técnica pinhole exige atenção e talento de quem a cria. Não existem lentes que possibilitem ajuste de foco, zoom ou recursos para corrigir as imagens. Qualquer erro pode comprometer a formação da foto no filme, deixando claro que fotografar é mais do que controlar velocidade de obturador, tempo de exposição à luz, capturar cores nítidas e fazer um belo enquadramento. Leo Sombra, 31 anos, é um expoente desta arte fotográfica no Brasil, cujas obras estão em exposição itinerante no Metrô de São Paulo. Nascido no Rio Grande do Norte, o artista trabalha e vive em São Paulo,

Leo Sombra

O garoto viaja ao som da batida, sonhando com uma vida melhor e escrevendo algumas rimas de episódios vividos por ele e seus familiares. Um pouco das letras registradas no pequeno caderno de capa azul falam sobre luxo e sucesso através da música. O ritmo ganhou força dentro das comunidades brasileiras como uma ferramenta de recado dos jovens. A falta de inserção de cultura por parte dos representantes públicos alimenta a criatividade de meninas e meninos, que encontraram no funk uma forma de se expressar através de um gênero musical. Esse som envolvente que cativou o Brasil retrata a vida nas periferias e divide opiniões. Leandro Alves Clarêncio Ribeiro é conhecido nos palcos como MC Lebra. Assim que o sol ilumina as janelas, começa a correria. Veste a bermuda rapidamente, coloca uma blusa, boné e vai para rua. Vai vender peças de skate e ajudar a garotada que quer aprender sobre o esporte. Volta para casa, toma

aquele banho, come algo e se prepara para a segunda parte das aulas, mas agora na carreira musical. Pois no funk, suas rimas sobre a batalha travada para alcançar as metas e a correria pelo certo, alcançam um grande número de jovens que residem no bairro Cidade Tiradentes. “A maioria das pessoas que encaram o funk de forma criminosa não fazem parte da nossa atmosfera e nunca vieram aqui. Nada sabem sobre nós e tudo que sai daqui não interessam para eles. O desespero deles é a força da periferia e como o funk está fazendo tudo isso nas pistas, não aguentam e falam que é coisa de bandido. Procuro retratar as infinitas situações que podemos viver e transformo em funk. Não falo só do consumo, rebolado, crime e etc.”, explica Leandro Alves. Nesse ano, uma sugestão legislativa que tramita no Congresso Nacional desde o início do mês de maio propõe o fim do funk no Brasil e a caracterização do estilo

como um crime de saúde. Constantemente criticados e marginalizados, apreciadores do estilo ainda mostram como também há espaço para letras conscientes que querem discutir assuntos relevantes para a sociedade. “Assim como há um lado enaltecendo as festas, existe outro para as críticas sociais. Eu, particularmente, escuto diversos MCs como, por exemplo, MC Garden que, muitas vezes, produziu funks sobre o caótico cenário político de nosso país”, relata Silmara Lazzaretti, que trabalha na área educacional como jovem acolhedora. Não é a primeira vez que um estilo musical nascido nos morros é encarado de maneira negativa. Foi assim com a trajetória do samba, rap e entre outros. O desafio desses artistas que remam contra a maré é mostrar que esse fenômeno não pode ser encarado com simplificação e onde há espaço para letras de ostentação, também há oportunidade de educar. Arquivo Pessoal

Técnica de Leo Sombra retrata a realidade das ruas onde começou a fotografar no estilo pinhole para driblar com criatividade a falta de recursos técnicos, experiência transformada por ele em sua característica mais marcante. “Começar com recursos precários foi uma opção que me possibilitou gostar da dificuldade de fotografar por meios “primatas”. A sensação é a coisa mais prazerosa do mundo. Não há glória sem dificuldade. Já cheguei a fazer dezenas de imagens para garantir uma apenas, andei de ônibus cheio de latas batendo, percorri vários km a pé pelo centro de São Paulo buscando Jornal Expressão

saciar meu desejo pela imagem”, relata Sombra. A pinhole é a prova viva – e visível – de que o conceito da fotografia veio muito antes do surgimento dos aparelhos tecnológicos. Neste estilo de foto, a “estética limpa”, tão venerada com a padronização dos recursos tecnológicos modernos, é nula. Na técnica, a mensagem da imagem capturada conta mais do que a estética ou do que o equipamento utilizado. O propósito de registrar a cena fica em primeiro plano, que é o seu desafio e encanto.

Leandro Alves Clarêncio Ribeiro, o MC Lebra, dá a letra no ritmo da música


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Mooca: orgulho e paixão no peito Produtos comercializados pela Camiseteria de Mooca são atrações no bairro Julia Funchal | julia.funchal@yahoo.com

Há quase oito anos, um morador da Mooca começou a vender em seu carro diversos modelos de camisetas do Clube Juventus. O crescimento deste projeto foi alimentado pela paixão de torcedores pelo time e, em 2009, Henrique dos Santos Dias decidiu investir e criar uma loja física para a venda destes produtos: a Camiseteria de Mooca, que hoje fica na Rua Visconde de Laguna, uma travessa da Rua da Mooca. Tudo na loja remete ao Juventus e ao bairro da Mooca. Itens como chaveiros, bonés, ímãs de geladeira, chinelos, sungas e viseiras podem ser encontrados por lá. Entre os produtos criativos, estão o avental com o tema “MoocaChef”, que tem como inspiração o programa de culinária “MasterChef”, e também a camiseta “Mooca-Cola”, que remete à marca de refrigerantes Coca-Cola. Victor Collaço trabalha na loja há dois anos e explica o sucesso: “Os produtos mais vendidos ainda são os que têm a estampa que ilustram o bairro, como ‘Mooca é Mooca’ e ‘Orra meu, eu sou da Mooca’, além da linha retrô”. Uma novidade também vem chamando a atenção dos compradores: as camisas do time recém-fundado Mooca

Victor Callaço

Loja localizada no coração da Mooca oferece camisetas com frases do bairro Destroyers, que representa o Clube Juventus nos campeonatos de Futebol Americano e ganha fãs. Apesar do futebol tradicional

‘Basquete de rua’ vira modalidade Olímpica Alexandre Dias | allexandr_e@outlook.com

ser a grande paixão dos torcedores, é notável que eles têm e se interessado cada vez mais essa nova modalidade.

Com mais de 450 anos de história, o bairro da Mooca é um dos mais conhecidos e tradicionais da cidade de São Paulo. O local é conhecido por ter moradores apaixonados e um tanto quanto fanáticos – caracterizados pelo sotaque com forte influência italiana e da gíria “meu” em quase todos as frases das conversas. Assim como grande parte dos brasileiros, os moradores do bairro são fãs de futebol e, em sua maioria, torcem para o Corinthians e o Palmeiras. Porém, o local conseguiu unificar as duas torcidas mais rivais do país em um só time: o Clube Atlético Juventus. Aos domingos e em outros dias de jogos, palmeirenses, corinthianos, são paulinos e outras torcidas se encontram no tradicional Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari, e vestem a camisa grená do time mooquense. Os picos de vendas de produtos na Camiseteria ocorrem nesses dias de jogos, quando moradores da Mooca trazem amigos e parentes de outros bairros, cidades e até países para adquidirem produtos do time grená. Entre os produtos mais divertidos, explica Victor, está o body para bebês: “Às vezes, o pai torce para um time e a mãe para o outro, então esse produto se encaixa bem”.

Mente sã em um corpo são

Inaugurada em 2017, academia de ginástica abre as portas na Mooca Alexandre Dias

Thaynara Dalcin | thaynara.usjt@gmail.com Thaynara Dalcin

Basquete 3 x 3 é uma modalidade popularizada entre os brasileiros O Basquete 3x3 foi incluído oficialmente nas próximas Olimpíadas, que serão realizadas em 2020, em Tóquio, no Japão. O jogo, disputado normalmente em quadras abertas, tem várias diferenças em relação ao basquete convencional, a começar pelo tamanho da quadra e o número de tabelas. Apesar de pouco conhecido como esporte regularizado, o basquete 3x3 tem mais de 50 mil jogadores registrados pela Fiba (Federação Internacional de Basquete), e em torno de 250 milhões de adeptos por quadras ao redor do mundo. A modalidade, muito popular pela acessibilidade (em seu formado amador, pode ser jogada em praticamente qualquer quadra com uma cesta), começou a se tornar profissional no final da década de 80, com algumas pequenas competições. Como o nome sugere, no 3×3 cada equipe é composta por três jogadores em quadra.

O jogo é disputado em uma área menor (15m x 11m) do que a metade de uma quadra padrão e as regras mudam: o que em um jogo normal é uma bola que vale três pontos, no 3×3 são pontuados dois, ganha a equipe que marcar 21 pontos primeiro ou a que estiver com maior número de cestas feitas ao final de 10 minutos. Cada time possui 12 segundos para executar suas jogadas e marcar sua pontuação, que pode variar entre lances de dois pontos (atrás da linha demarcada), e um ponto (dentro da linha ou lances livres, semelhantes ao do basquete convencional). Em caso de empate, a disputa vai para uma prorrogação, onde a primeira equipe a marcar dois pontos é a vencedora. Hoje, a ANB3x3 é a maior organizadora de torneios oficiais da modalidade no País. “Trabalhamos forte no processo evolutivo do basquete 3×3 no Brasil. A Federação Internacional de Basquete (Fiba), desde início, busca-

va colocar o 3×3 nos Jogos Olímpicos e por meio de muito esforço conseguimos. Hoje estamos realizados”, destaca Vinicius Cardozo, presidente da associação. “Nosso maior legado foi difundir as regras, a forma de jogar o basquete 3×3, capacitar profissionais do esporte e revelar atletas para disputa de Mundiais da modalidade”, explicou Cardozo. “Criado em 2010, o 3×3 ainda é uma novidade entre os atletas e fãs do basquete, por isso nosso trabalho está só no começo”, conclui. Thiago Prado começou a praticar basquete 3x3 em 2012, aos 17 anos. Hoje, com 22, frequenta torneios semiprofissionais que ocorrem anualmente no parque do Ibirapuera. “Meu primeiro torneio foi ano passado, quando eu e meus amigos ficamos com o quinto lugar. Hoje treino todo fim de semana a fim de me tornar um jogador profissional”, comenta.

Instalações da academia situada no campus Mooca Conciliar os estudos e o trabalho com uma vida saudável e longe do sedentarismo parece tarefa impossível para a maioria dos universitários, que passam boa parte de seu tempo na correria das atividades acadêmicas e de estágio, sendo condicionados a ingerir alimentos rápidos e industrializados, e a não praticar nenhuma atividade física por conta da famosa falta de tempo. Pensando em todas as adversidades possíveis, a Universidade São Judas, em parceria com a Academia Marlin, inaugurou no co-

meço deste ano uma academia de ginástica dentro do campus Mooca. Com mensalidade fixa de R$ 64,90 por mês, o espaço está localizado no mezanino e conta com estrutura básica de musculação e aeróbica, além de um instrutor profissional à disposição na parte da manhã e dois à noite. Lyla Mazuca, aluna do quarto ano de Direito, tornou-se, também, aluna da academia situada dentro da faculdade. “A estrutura é básica, todos os equipamentos são novos e muito bons. Ideal para quem só tem aqueles

30 ou 40 minutinhos livres entre o trabalho e a aula”. Para ela, a diferença na qualidade de vida é evidente. “O exercício físico antes da aula é uma forma de recarregar as energias. Sinto que estou relaxando a mente e isso torna a aula mais leve e o conteúdo mais fácil de ser absorvido”, diz. A relação entre o exercício físico e a capacidade mental é cientificamente comprovada. Inúmeros estudos apontam a atividade física como grande aliada da concentração e da autoestima, que por sua vez são características que auxiliam na absorção de conhecimento, além de ser uma medida eficaz contra o estresse, problema recorrente na vida dos estudantes universitários. A recepcionista Patrícia Ferreira afirma que a adesão dos alunos à novidade foi bastante expressiva. “Temos mais de 500 cadastros ativos no sistema e a frequência dos alunos é constante, principalmente no início da semana”. Às sextas-feiras, o movimento é menor e no fim do semestre o mesmo fenômeno acontece. “Com as provas e trabalhos, sabemos que as vindas à academia ficam menos frequentes e não há problema algum, o aluno tem o direito de se dedicar integralmente à faculdade e caso haja interesse, a academia possui planos que incluem o período de férias acadêmicas”, finaliza.

Dos Fradins aos Vingadores: biblioteca reúne raridades do mundo HQ Milhares de títulos estão disponíveis gratuitamente no Centro Cultural São Paulo Mayara Galdino | galdinob.mayara@gmail.com

Já pensou em ler a revista que traz a primeira aparição do Super Homem nos quadrinhos? E o primeiro HQ do Aquaman? Já imaginou como são os desenhos do primeiro gibi da turma da Mônica? Essas raridades e muitas outras podem ser encontradas na maior referência do segmento, a Gibiteca Henfil. Fundado em 1991 e localizado no Centro Cultural de São Paulo (CCSP), o espaço possui em seu acervo mais de 13 mil títulos entres álbuns HQ, fanzines, livros impressos, revistas HQ e revistas RPG.Entre eles, estão HQs que foram adaptados para as telas do cinema como os clássicos Watchmen, Ghost World, Kick-ass, V de Vingança, SinCity, Spirit e adaptações mais recentes como os Vingadores, Iron-man, Capitão America, Demolidor (Sé-

rie) e DeadPool. Na área das raridades, destaque para as coleções do Pato Donald, Mickey (Disney), e as do renomado cartunista brasileiro, Mauricio de Sousa. O professor Anderson Gomes, frequentador da Gibiteca, acredita na importância do espaço para o desenvolvimento da leitura na infância. “O aprendizado da leitura por meio dos quadrinhos encontra facilidade já que essa mídia mistura textos com imagens, o que consegue atrair a atenção do público jovem”, comenta Gomes.

Além dos materiais disponíveis no acervo, existem cartazes e gravuras na estrutura da biblioteca de gibis que expõem personagens e revistas eternizados no âmbito dos HQs brasileiros. Entre eles, estão os Fradins, personagens do cartunista, jornalista

e escritor Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil, que dá nome à Gibiteca. Já os cartazes trazem uma exposição organizada no espaço no ano de 2009 em comemoração aos 40 anos das HQs marginais no Brasil, quadrinhos do gênero underground que

surgiram como parte da contracultura americana no final dos anos 1960. O coordenador da Gibiteca Henfil e Coordenador de Coleções Especiais do Centro Cultural São Paulo, Hugo Leonardo Habud, sente-se realizado por participar da história da biblioteca que é a maior e mais organizada do gênero. “O es-

Jornal Expressão

paço é fundamental para os que gostam de HQs, pois somos uma biblioteca única e exclusiva de quadrinhos que não existe em nenhum outro lugar na América Latina. A importância do espaço como memória da HQ no país se dá principalmente por influenciar jovens e adultos na prática da leitura que é fundamental em um país carente de leitores como o nosso”, afirma Habud. Assim como outras bibliotecas municipais, a Gibiteca possui o sistema de empréstimo com período de até 14 dias podendo renovar. Para emprestar basta fazer a carteirinha, apresentando um comprovante de residência atualizado e um documento com foto. É permitido levar até 10 revistas de HQs, incluindo minisséries, álbuns e revistas periódicas.


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