31-01-12 Indústria&Comércio

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GeralEstadual Curitiba, terça-feira, 31 de janeiro de 2012 | A3 | Indústria&Comércio

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Aroldo Murá G.Haygert

RETRATO DO DIA

AFINAL, O QUE É A PRONÚNCIA ÍTALO-ECLESIAL? Um estudioso – na verdade, um erudito, que sabe quase tudo de tudo – do linguajar dos europeus no Sul, assunto abordado na coluna de ontem, para analisar a fala paranaense (e curitibês, em particular) encaminha as seguintes considerações à coluna: “O fenômeno fonético “italo-eclesial”, muito generalizado entre descendentes de italianos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e um pouco menos no Paraná, decorre da religiosidade desses imigrantes. Religiosidade praticamente absoluta entre as mulheres e mais diluída entre os homens, muitos vindos do país de origem portando idéias anti-clericais, com tendências socialistas e anarquistas.

mais isoladas, quanto difundido em transmissões radiofônicas. Trata-se de mistura do dialeto vêneto com palavras do italiano culto e palavras portuguesas, em diversas formas de influência e combinação, além de neologismos. Curiosamente, este fenômeno restringe-se às comunidades rurais ítalo-brasileiras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sem se manifestar no Paraná, mesmo nas vastas regiões do sudoeste ocupadas por gaúchos ítalo-brasileiros. A pronúncia ítalo-eclesial, entretanto, está presente em vários municípios da Região Metropolitana de Curitiba e mesmo na Capital, como é o caso do bairro de Santa Felicidade.

APRENDENDO NAS MISSAS

Resta estudar o caso de Estados como São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, onde também aportaram, no final século XIX e início do século XX, grandes levas de imigrantes italianos. Ao contrário dos vênetos, que procuraram os Estados mais frios do Sul, mais compatíveis com o clima ao qual estavam acostumados, os italianos que se dirigiram aos demais Estados eram predominantemente do sul e da Itália central, salientando-se napolitanos e calabreses majoritários em S.Paulo. As características da imigração nesses Estados parecem ter sido marcadas, além de outras contingências, pelo pequeno número de padres que acompanhou os imigrantes. Com a língua portuguesa falada por oficiantes brasileiros ressoando nos altares e nos púlpitos foi-se “abrasileirando” rapidamente a pronúncia dos recém-chegados. Em S.Paulo, o falar dos imigrantes incorporou a prosódia paulista, às vezes com pronúncia meio “cantada” do modo de falar napolitano e siciliano.

Mas deve-se observar que entre as concepções ideológicas e a prática política – excetuando-se alguns poucos militantes. engajados até em atos terroristas, como o célebre Gigi Damiani – grande era a distância. É o que bem retrata o próprio título do livro de memórias de Zélia Gattai, mulher de Jorge Amado “Anarquistas, graças a Deus”. Muitos “esquerdistas” punham seu terno azul-marinho e participavam das missas dominicais, pelo menos para acompanhar a família. E o grande aprendizado da nova língua desenrolava-se no culto, quando os padres deixaram de rezar a missa no idioma da terra de origem.

A INFLUÊNCIA VÊNETA

E EM OUTROS ESTADOS?

A FALA DE ADONIRAN

Mesmo no meio urbano cosmopolita, entretanto, desenvolveuse um típico linguajar no bairro do Brás, que está mais para Adonirã Barbosa do que para qualquer influência eclesiástica. Nas grandes concentrações urbanas, em todos os Estados brasileiros, o sotaque logo se diluiu na forma prosódica, culta ou popular, com que é falado o português no Brasil.

AINDA DE ITALIANOS

Dançarinos de folclore italiano, interpretando A Tarantela

Observe-se que os sacerdotes e colonos, nos três Estados sulinos, eram predominantemente procedentes da região do Vêneto, Norte da Itália, plasmando-se o linguajar ítalo-eclesial com influência das palavras ou pelo menos da entonação dialetal, tudo escandido no rítmo de orações, jaculatórias e sermões. Explica-se esse aprendizado nas missas considerando-se a circunstância de que a maioria dos camponeses italianos que chegaram ao Brasil não era alfabetizada, principalmente as mulheres. Assim, aprenderam a nova língua “ouvindo” e não “lendo”. Mesmo que na época a missa fosse em latim, a pronúncia dos padres era italiana, afetando também a parte falada em português, como o sermão e a leitura do evangelho.

NO RS, SURGE O “TALIAN”

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, incorporando a prosódia “ítalo-eclesial”, desenvolveu-se mais recentemente um novo fenômeno linquístico, o “Talian” , usado tanto por comunidades

ENSINO BILÍNGUE EM CRESCIMENTO

Os primeiros frutos de uma escola bilíngüe inglês/português em Curitiba estão visíveis em homens e mulheres que hoje andam na casa dos 60/70 anos anos. Corresponde ao período – a partir de 1959 - quando começou a funcionar a Escola Internacional de Curitiba, sobre cuja história, nas suas raízes, há poucas referências. A segunda e definitiva fase (bem documentada) da Escola Internacional de Curitiba aconteceu no início dos 1980, com a inauguração da sede no Bom Retiro, num casarão de estilo eclético assentado sobre amplo terreno. Hoje ali funcionam o maternal e jardim de infância da Escola Internacional. O novo campus localiza-se em Santa Felicidade, moderníssimo, com todas as facilidades que fazem as delícias das crianças e jovens que formam seu público-alvo: cafeteria, campo de futebol, teatro, pistas esportivas, instalações com laboratórios, etc. Ali estudam alunos que vão até o décimo segundo grau, ao final do qual podem receber o chamado bacharelato internacional. É o certificado de reconhecimento pela conclusão do sênior high school, aceito internacionalmente.

Fontes confiáveis admitem que o Estado brasileiro com maior número de descendentes de italianos é o Espírito Santo, e não São Paulo, como muitos acreditam. Segundo essas fontes, pelo menos 60% da população capixaba tem origem italiana, marcadamente identificada a partir do século 19.

POSITIVO BILÍNGUE

O Grupo Positivo, de Oriovisto Guimarães, assim atende a essa realidade que se impõe: o seu curso bilíngüe passou a existir este ano, as aulas começam em 6 de fevereiro. O seu funcionamento será no Colégio Positivo Junior, no Champgnat, para alunos da primeira a oitava série. Os inscritos, até ontem, eram 200 alunos, que freqüentarão as aulas em período integral. “O aluno sairá do oitavo ano fluente em inglês,” garante um dos dirigentes do curso bilíngue.

OUTRAS EXPERIÊNCIAS

Duas experiências já sólidas de ensino bilíngüe ocorrem em escolas católicas: uma, no Bom Jesus Internacional, na região de Pinhais, na Estrada da Graciosa. O colégio assenta-se em terreno

AB Notícias

abnoticias@abcom.com.br

TECNOLOGIA DAQUI A região dos Campos Gerais tem atraído técnicos de agricultura e pecuária de diversos países devido a tecnologia na produção de leite e a técnica do plantio direto. Um grupo de canadenses vai fazer visitas técnicas a propriedades em Castro nesta semana. Em fevereiro e março, estão programadas visitas de profissionais americanos. Um dos destaques é a Castrolanda, que atrai os técnicos estrangeiros pela excelência na produção leiteira.

VIAS SEGURAS As rodovias estaduais do Vale do Ivaí, Norte do Estado, receberão 38 milhões de reais nos próximos dois anos. A verba do Departamento de Estrada e Rodagem será investida em reparos e conservação do pavimento e também na limpeza de canaletas, bueiros e serviços de roçagem. O objetivo é garantir mais segurança para os motoristas que passam por ali. As licitações devem ser feitas até março e as obras iniciam entre maio e junho.

PEPINO DE MATELÂNDIA O município de Matelândia, no Oeste, investe na diversificação como ferramenta para aumentar a renda nas propriedades rurais. Uma das opções é o cultivo de pepino, que será industrializado na região pela Cerme. Com isso, a prefeitura dará subsídios a quem desejar investir no plantio do legume em escala comercial. O objetivo é gerar mais ganhos para o campo, beneficiando os produtores.

MUITOS IMPOSTOS Dom Pedro Fedalto: exemplo de fala “ítaloeclesial”

de 3 hectares de terra. A escola, integral, dispõe-se a formar alunos dentro das propostas técnica, tecnológica e teológica, “no espírito franciscano”, que é de valorização do ser humano, como diz o site do colégio. COLÉGIO EVEREST A outra experiência desenvolve-se desde o final dos anos 1990, é o Colégio Everest, na Ecoville. Foi fundado e é mantido por uma entidade católica internacional (escolas e universidades em vários países) ligada ao Movimento Regnum Christi (e Legionários de Cristo). É dirigido por mulheres, as chamadas “consagradas do Regnum Christi”, boa parte oriunda de países de língua espanhola. A formação é dada em inglês-português. Quando estiver plenamente implantado, o colégio deverá fornecer diploma de segundo grau reconhecido internacionalmente. O Everest é considerado, em meios educacionais, uma certa “réplica” de antigas escolas católicas voltadas para elites econômicas.

O SUIÇO-BRASILEIRO

Os brasileiros pagaram valor recorde de impostos e contribuições no ano de 2011. Segundo a Receita Federal, a arrecadação federal somou R$ 969,907 bilhões de reais, um aumento de mais de 143 bilhões em relação a 2010, representando uma alta de cerca de 10% em relação ao ano anterior. Dois tributos, o IRPJ e o CSLL, que incidem sobre o lucro das empresas, apresentaram alta de 12,82%. A arrecadação de ambos representa R$ 166,63 bilhões.

COURO E EMPREGOS O município de Apucarana, Norte do Estado, ganha destaque com o segundo maior volume de produção de couro do Paraná. Algumas empresas chegam a gerar centenas de empregos, como é o caso da KPS Industrial, que está a dois anos funcionando ali e já abriu 400 vagas de trabalho na cidade. Outra que se destaca é a BSB Safety, que gera 500 empregos na fabricação de calçados de segurança.

ARTE DOS CAMPOS GERAIS Castro será a primeira cidade dos Campos Gerais a ter obras de uma artista expostas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Dorothea Wiedemann tem hoje 250 obras que serão catalogadas, entre gravuras, tapeçarias e aquarelas que estão expostas na Casa da Cultura de Castro. Para o MON, serão selecionadas 50 peças, especialmente de xilogravura. Em sua obra, valoriza a diversidade cultural e os detalhes. Já realizou exposições nos Estados Unidos e no Japão.

BOA COMIDA

ENSINO BILÍNGUE - 2

A nova sede de Santa Felicidade foi lançada em 2009, com a presença de Beto Richa e Jaime Lerner. A Lerner foi dedicada uma placa de agradecimento, colocada no campus, em reconhecimento ao empenho que ele fez em diversos momentos em favor da instituição de fins não lucrativos, quando prefeito de Curitiba e como governador. Agora, as escolas e cursos bilíngües vão sendo ampliados, como conseqüência mais ou menos ‘natural’ da globalização que diminui fronteiras, ampliando a necessidades do manejo de línguas essenciais, como o inglês. E também para atender a centenas e centenas de família que para cá se deslocaram para trabalhar em multinacionais. O Grupo Positivo é o exemplo dessa preocupação.

ANA CLARA CASTOR LOHMANN, dupla cidadã, brasileira e alemã, no colo da avó Elizabeth Castor, embarcando para a Alemanha, depois de visitar os avós, Belmiro e Elizabeth Castor. Registro de um “até logo”.Volta em março, para ser batizada em Curitiba.

O programa Restaurante Popular vem fazendo sucesso em Maringá. Em um ano e cinco meses de funcionamento, o local oferece mil refeições por dia ao valor de R$ 1,50. A ideia agora é ampliar o programa para os bairros da cidade, trazendo o local para mais perto da população. Além dos baixos preços, há um investimento também na boa qualidade do que é servido. O local atende principalmente a pessoas de baixa renda, aposentados e estudantes.

Colégio Suíço-Brasileiro: sem luxos. Eficiência

De todas essas escolas e cursos internacionais, com ensino bilíngüe em Curitiba, o de maior projeção nacional deve ser o Colégio Suíço-Brasileiro. Tem status não exatamente de oficial do governo suíço, mas conta com seu apoio explícito. É similiar ao Colégio Suíço-Brasileiro localizado em São Paulo. O nosso Suíço-Brasileiro existe há pelo menos 30 anos, funciona em Pinhais, na área urbana. Ao contrário dos outros bilíngues, a aparência do Suíço-Brasileiro é simples, sem apresentar instalações luxuosas. As aulas, em período integral, são dadas, desde o jardim de infância, em alemão e português, com o rigor da pedagogia germânica. Os resultados conseguidos por seus ex-alunos em universidades européias e brasileiras “são alentadores, o que nos alegra a continuarmos assim como somos”, diz uma das diretoras do colégio, pedindo para não ser identificada. Grande parte dos alunos é oriunda de famílias de profissionais estrangeiros que trabalham em indústrias em Curitiba e RMC, mas bom número desses estudantes tem origem em famílias da Capital e cidades da região.

SEMENTE PODEROSA De origem mexicana e consumida há mais de 2 mil anos, a Chia, alimento rico em ômega 3, ganha cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros. Além de contribuir para a saciedade, fazendo com que as pessoas percam peso, ela também é importante fonte de fibras, proteínas, minerais e antioxidantes. Suas proteínas possuem alto valor biológico, ideal para a prevenção de diabetes, pressão alta e obesidade.

AULAS COMEÇANDO Nesta semana que antecede a volta às aulas, professores e Iporã, no Noroeste, estão realizando cursos de capacitação e reciclagem. Outros profissionais da área de educação também participam. O objetivo é programar as atividades do ano, proporcionando aos alunos educação de qualidade. Cerca de 1200 estudantes voltam para as salas de aula no dia 8 de fevereiro, incluindo os inscritos na Educação de Jovens e Adultos.


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