Folha da Rua Larga Ed.47

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Divulgação

Cineasta documenta a revitalização do Porto

Estado oferece apoio a agentes da economia criativa

Através da produtora de Luiz Carlos Barreto, o diretor Daniel Tendler tem registrado as transformações da Região Portuária promovidas pela Operação Urbana Porto Maravilha. Cinco minidocumentários constituirão um longa-metragem, com estreia prevista para 2016.

folhabacharel da rua larga Ana Paula Jones é atriz, bailarina, professora, produtora cultural, em Artes Cênicas pela Uni-Rio e fundadora da ONG Raízes da Tradição. Sua entidade venceu a licitação da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro para coordenar os trabalhos do Escritório de Apoio a Projetos e da Incubadora Rio Criativo. página 13

cultura e cidadania - página C1

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2014

comércio

Polo Região Portuária amplia suas atividades

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 47 ANO VII

Secretário de Estado de Turismo quer eliminar o divórcio entre o seu setor e os atrativos culturais do Rio de Janeiro Mário Margutti

Num reflexo do bom trabalho realizado por sua atual diretoria, o Polo Região Portuária vem ganhando a adesão de novos comerciantes locais e conquistando recursos para realizar projetos de desenvolvimento da região. página 3

história

A história dos Filhos de Gandhy do Rio O Afoxé Filhos de Gandhy, criado em 1951, na Região Portuária, por um grupo de estivadores, é o tema abordado na seção Baú da Rua Larga. página 4

O secretário Claudio Magnavita revelou planos para dinamizar o turismo no Estado e mostrou, orgulhoso, o prêmio de Melhor Destino Turístico Nacional que o Rio ganhou do Guia 4 Rodas e da revista Viagem. cultura e cidadania I página C4

gastronomia

Divulgação

cultura e cidadania

Creperie Cliché: guloseimas à moda francesa página 14 Carolina Monteiro

Prefeitura está criando um laboratório de arqueologia que ficará aberto ao público na Região Portuária Um galpão será a sede do novo Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana, que oferecerá aos cariocas a oportunidade de conhecer as peças que arqueólogos encontraram no subsolo das obras de revitalização do página Porto.

O Centro Cultural Light abriu uma sala exclusivamente dedicada ao talento do grande pintor carioca Di Cavalcanti. O espaço possui quatro painéis originais e uma réplica da série Composição Rio, na qual Di retratou o dia a dia de uma redação de imprensa. As telas abordam temas comuns em jornais, como o carnaval, a criminalidade e o futebol. C5

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setembro – outubro de 2014

porto hoje

Demanda do Instituto Favelarte

farol

Maurício Hora

O fotógrafo social Maurício Hora criou no Morro da Providência o Instituto Favelarte, uma organização não-governamental dedicada a ensinar fotografia para os jovens moradores do Centro, como forma de geração de trabalho e renda. De um simples sonho de Maurício, hoje o Instituto é realidade desde o ano de 2010 e já consegue recursos financeiros para desenvolver suas atividades. Um dos principais projetos da entidade é a Zona Imaginária,

Morro da Previdência visto da Perimetral

uma cooperativa de artes visuais que será incubada no Morro, aberta a fotógrafos, cineastas e grafiteiros interessados em obter quali-

ficação profissional e posterior inserção no mercado de trabalho. Empresas, órgãos governamentais e entidades de fomento que estiverem

interessadas em se tornar parceiras do projeto devem se dirigir à sede do Favelarte (Rua Senador Pompeu, 122 Centro / telefone [21] 22330000), ou mandar uma mensagem para o email: atendimento@favelarte.org. br. Quem preferir, pode se comunicar através do site da ONG: http://www.favelarte. org.br/contato.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Resgate da história

Orquestra Sinfônica Brasileira e o Coro da Associação Canto Coral

redo e direção artística de Fernando Bicudo. O programa musical incluiu obras de Ernani Aguiar,

A Região Portuária vai ganhar um novo albergue, na Rua Senador Pompeu, 122, onde funcionou uma gráfica por 21 anos. Os recursos financeiros vieram do Programa de Apoio à Conservação do Patrimônio Cultural dos Bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo (Pró-Apac Sagas), coordenado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Como o prédio é tombado, o proprietário Guilherme Borrel decidiu concorrer ao edital de apoio do Instituto e foi contemplado com R$ 400 mil. Além de ofertar hospedagem, Borrel deseja criar um verdadeiro ponto de referência musical: “Quero que o primeiro andar vire um point para quem curte boa música na Região Portuária do Rio, com um pub com espaço para shows de bandas de rock, aberto ao público”, afirma ele. Por isso, o nome do albergue será Rock n’Hostel. Nos pavimentos superiores, irá abrigar até 58 hóspedes. A inauguração está prevista para o final de 2015. Carnavália

Divulgação

As obras de revitalização da Região Portuária trouxeram à tona uma relíquia histórica: a Pedra Fundamental das Docas Dom Pedro II. A história desse espaço foi revivida através do projeto Docas Dom Pedro II, um patrimônio da região portuária a revelar, que ocorreu entre 26 de setembro e 03 de outubro no Galpão do Centro Cultural Ação da Cidadania, como é conhecido o espaço hoje. No dia 26, às 20h, a Orquestra Sinfônica Brasileira e o Coro Sinfônico da Associação de Canto Coral realizaram um Concerto da Cidadania, com regência do maestro Jesus Figuei-

Um albergue musical

Villa-Lobos e do Padre José Maurício Nunes Garcia, considerado o maior compositor do Brasil Co-

lônia. Sua obra Missa em mi bemol maior, que evoca Mozart e Rossini, foi executada pelos solistas Jacques Rocha, Fabrízio Claussen, Juliano Franco e Lara Cavalcanti. No dia 1º de outubro, foi inaugurada uma exposição sobre o prédio das Docas, uma palestra com Nei Lopes com a temática Os Negros da Saúde, Religião e Samba e a peça O Cheiro de Feijoada, texto de Thomas Back, interpretado pela expressiva atriz Iléa Ferraz.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Speridião

Portella, Francis Miszputen, Maria Eugênia Duque

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Estrada, Mozart Vitor Serra, Roberta Abreu,

Diagramação - Suzy Terra

Sacha Leite, Teresa Serra e Teresa Speridião

Revisão ortográfica - Raquel Terra

Direção executiva - Fernando Portella

Produção gráfica - Suzy Terra

Editor e jornalista responsável - Mário Margutti

Produtora Executiva - Roberta Abreu

Colaboradores - Aloysio Clemente Breves, Ana

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Carolina Portella, Berzé, Carolina Monteiro,

Contato comercial - Márcia Souza

Fernando Portella, Roberta Abreu e Teresa

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Berço do samba ganha lei de proteção No dia 23 de julho, o prefeito Eduardo Paes sancionou projeto do vereador Eliomar Coelho, (PSOL/RJ), que transforma o Quilombo da Pedra do Sal em Área de Especial Interesse Cultural (AEIC). O projeto inclui, no perímetro de proteção, os largos João da Baiana e São Francisco da Prainha, os imóveis do lado ímpar deste último largo e nove construções das ruas Argemiro Builcão, Sacadura Cabral e Camerino, além da Travessa do Sereno. da redação I redacao@folhadarualarga.com.br Curta a Folha da Rua Larga no Facebook!

Onde encontrar o jornal

folha da rua larga Conselho editorial - Alberto Silva, Fernando

Com patrocínio da Concessionária Porto Novo, a Feira Carnavália/Sambacon foi realizada no Centro de Convenções Sulamérica, entre 31 de julho e 2 de agosto. O evento reuniu escolas de samba e blocos carnavalescos, empresários e representantes do poder público, para debater o impacto da economia do carnaval na economia, no turismo, na cidadania e na qualificação de mão de obra. Além dos debates, foi montada uma feira com exposição dos produtos e serviços que fazem parte da cadeia produtiva carnavalesca. Cerca de cinco mil pessoas participaram da feira.

A Folha da Rua Larga é de distribuição gratuita e pode ser encontrada com mais facilidade nos seguintes endereços: Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

• Biblioteca Estação Leitura – Estação Central do Metrô Rio • Colégio Pedro II – Avenida Marechal Floriano, 80 • Tetto Habitação – Avenida Marechal Floriano, 96 • Bandolim de Ouro – Avenida Marechal Floriano, 120 • Sapataria Souza – Avenida Marechal Floriano, 121 • Principado Louças - Avenida Marechal Floriano, 153 • Restaurante Velho Sonho – Avenida Marechal Floriano, 163 • Cedim (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher) – Rua Camerino, 51 • Multicoisas – Rua São Bento, 26 • Restaurante Málaga – Rua Miguel Couto, 121 • Centro Cultural Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 • Bar Imaculada – Ladeira João Homem, 7 – Morro da Conceição • Subprefeitura do Centro – Rua da Constituição, 34


3 folha da rua larga

setembro – outubro de 2014

comércio

Polo Região Portuária amplia seu papel aglutinador Entidade conquistou parcerias importantes para viabilizar seus projetos Divulgação

Graças ao dinamismo da sua atual diretoria, com a designer Maria Eugênia Duque Estrada na presidência, o Polo Região Portuária cresce de importância para os comerciantes locais. Um dos motivos é a conquista de recursos da Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária), assim como o apoio do Sebrae/RJ, para realização do Festival À Moda do Porto que, de julho a novembro, promoverá oficinas gastronômicas, circuitos de restaurantes e do comércio de rua e roteiros culturais. O

encerramento será a Mostra Prainha, uma feira das quituteiras da região, no Largo da Prainha, no dia 8 de novembro. O Polo é uma instituição sem fins lucrativos, formada por empreendedores do Porto do Rio, com os seguintes objetivos: • Representar e defender os interesses empresariais; • Promover ações de fortalecimento das empresas; • Facilitar o acesso a conhecimentos estratégicos; • Gerar relacionamentos competitivos;

Divulgação

Uma das oficinas de preparação do festival de gastronomia À Moda do Porto

O chef Enrique Rentería apresentou a palestra Velhos Sabores: pitadas de história do Brasil e memórias do Porto

• Buscar soluções para questões de ordem pública, segurança e infraestrutura urbana, junto ao poder público.

divulgar na mídia o que acontece no Porto; 3) O site do Polo está finalizado e a página que a entidade criou no Facebook recebe postagens diárias sobre o Festival, os eventos do comércio e a cultura local; 4) O Polo vai produzir um mapa da gastronomia e do comércio de rua da Região Portuária, que será amplamente distribuído na cidade. Associados terão sua divulgação garantida; 5) Ao fim do Festival, será editada uma publicação com as receitas da festa, o histórico dos participantes, com fotos dos estabelecimentos e de seus pratos; 6) Quem participa do À Moda do Porto é sinalizado com um banner; 7) O fotógrafo especialmente contratado pelo

Recentemente, o Polo recebeu a adesão de dez novos associados: Multicoisas, Restaurante Cine Botequim, Restaurante Centro Grill, Bistrô Santa Rita, Restaurante Costelão Centro, Bar Imaculada, Bar da Jura, Casa Porto, Bar Servidor e Restaurante Baroa. Os comerciantes que aderiram à entidade perceberam que o Polo traz inúmeras vantagens para seus associados. Entre elas, podemos mencionar as seguintes: 1) Somente associados podem participar do Festival À Moda do Porto, que agita o cenário da gastronomia na Região Portuária; 2) O serviço de assessoria de imprensa está funcionando bem e a profissional responsável por ele vai visitar os empreendimentos da região para

Polo para cobrir o festival é Berg Silva, que oferece descontos especiais para os associados até o mês de novembro. Para se tornar associado do Polo, basta entrar em contato com a secretaria da entidade pelo telefone (21) 99627-2560 ou pelo e-mail contato@poloregiaoportuaria.com.br, para tirar todas as dúvidas e obter informações adicionais. Até o final deste ano, a mensalidade custa apenas R$ 50. Em janeiro de 2015, será reajustada para R$ 80. Importante: micros e pequenos empreendedores individuais (MEIs) têm desconto de 30%.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

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setembro – outubro de 2014

história baú da rua larga

Filhos de Gandhy, badauê! Baianos e cariocas no ijexá da paz A história de um dos mais tradicionais blocos de carnaval do Rio de Janeiro Divulgação

Em 18 de fevereiro de 1949, os estivadores de Salvador, Bahia, fundaram um cordão carnavalesco: Os Filhos de Ghandy. O idealizador do bloco foi Vavá Madeira, apelido de Durval Marques da Silva, apoiado por outros estivadores: Gaiolão, Mica, Bigode de Arraia, Baé, Tristeza, Cara Feia e outros. Algumas regras foram criadas para participar do bloco: as mulheres podiam apenas assistir e levar comidas para os homens e a bebida alcoólica estava proibida, por conta dos ideais de paz preconizados pelo bloco. Na época o sindicato de estivadores sofria forte intervenção do governo. Vavá Madeira, após assistir no Cine Jandaia um filme sobre Gandhi, apresentou a ideia de criar o bloco aos seus colegas de trabalho no Porto. A falta de dinheiro fez com que os primeiros foliões pedissem os lençóis para as prostitutas para confeccionar as fantasias. O Afoxé, palavra de origem iorubá, pode ser chamado também de candomblé de rua. O ritmo ijexá é fornecido ao cortejo por três instrumentos: a cabaça (agbê ou afoxé), coberta por uma rede que, ao roçar com a casca da fruta seca dá o som; o atabaque, com tamanhos variados; e o agogô,

Desfile dos Filhos de Gandhy em Copacabana (2013) Divulgação

Presente dos Filhos de Gandhy a Iemanjá, em Copacabana

que produz o som metalizado e dá o ritmo. Incorporando elementos religiosos de orientação do candomblé, permitindo a fusão de religiões sem preconceito, e promovendo a paz e a sua difusão, como pregava

o líder Mahatma Gandhi, assassinado em janeiro de 1948, o bloco baiano que, inicialmente cantava marchinhas, só deixou de desfilar durante dois anos (1974 e 1975). Ao cortejo foram inseridos alguns símbolos: a

cabra, o elefante e o camelo, respectivamente, o símbolo da vida, da força e da resistência da “Grande Alma”, como era chamado Gandhi. Em 1951, estivadores do Cais do Porto do Rio de Janeiro, vindos de Salvador, resolveram desfilar no carnaval a versão carioca do Filhos de Gandhy. Aquele simples lençol branco recortado na parte superior e costurado nas laterais foi a grande sensação do reinado de Momo no ano seguinte. Um turbante (que podia ser uma toalha de banho dobrada e alinhavada), finalizada por um broche e complementada por um par de sandálias, colares azuis e brancos que reverenciam os orixás Oxalá e Ogum, finalizavam o traje do Afoxé Filhos de Gandhy, perfumados por alfazema. Sucesso absoluto! Em cinco anos de desfile a imprensa noticiava: “Entoando ritmos afrobrasileiros, um dos mais organizados blocos, o Filhos de Gandhy, que invariavelmente sai no domingo e terça de carnaval entoando apenas cânticos de fundamentos afro-brasileiros, como macumbas, batucadas etc., com trajes característicos hindus, desfilaram no tríduo de Momo. Partiram do Palácio de Alumínio da Praça Onze, com

50 figuras, e desfilaram das 8 horas da manhã até as 8 horas da noite”. O jornal Última Hora, de fevereiro de 1962, salientava o sucesso do bloco e os altos gastos realizados pelos integrantes: “O turbante branco distingue imediatamente os integrantes do Filhos de Gandhy e seus instrumentos são o atabaque, a cabaça e o caxixi. Todos gastaram verdadeiras fortunas nas vestimentas e ornamentos com que se exibem no domingo e terça gorda. Segundo os dirigentes, o bloco gastou mais de 1 milhão de cruzeiros somente em fantasias, sendo que uma fantasia de índio usada por Babalu, diretor social do bloco e estivador do Cais do Porto, custou 150 mil cruzeiros”. A sede baiana, doada pelo governo do estado da Bahia, está localizada no Pelourinho. No Rio, a sede é na Rua Camerino, números 7 e 9, no Centro. É uma casa antiga em ruínas, cedida pelo Governo do Estado. A Associação Recreativa Cultural Afoxé Filhos de Gandhy-RJ promove inúmeras atividades, como a Lavagem da Igreja do Bonfim em janeiro, a oferenda de presentes para Iemanjá no último dia do ano, exposições e o desfile de carnaval. Além

disso, promove dança, música afro, música popular, regional e MPB, passeios, palestras, eventos artísticos e culturais, apresentações contratadas, shows e muitas outras expressões da arte afro-brasileira. Em 1975, na antiga sede na Central do Brasil, foi gravado um compacto com seis faixas interpretadas por Aurelino Gervásio da Encarnação. Os temas foram: Cantiga de Exu, Cantiga de Ossãe, Cantiga de Omulu, Afoxé, Cantiga de Oxalá e Hino do Afoxé Filhos de Gandhi. O disco foi produzido pelo Ministério da Educação e Cultura e pela Funarte. Hoje, o presidente do Afoxé do Rio é Carlos Machado, que vem lutando para conseguir os recursos financeiros necessários para fazer o restauro da sede do grupo, que está em ruínas. São milhares de adeptos que saem às ruas para levar sua mensagem de paz. Lembramos então com saudades de Clara Nunes, que entoava: “Filhos de Gandhi, badauê / Ylê ayiê, malê debalê, otum obá / Filhas de Gandhi / Ê povo grande / Ojuladê, katendê, babá obá...”

aloysio clemente breves soubreves@yahoo.com.br


cultura e cidadania

Divulgação

Sacadura Cabral vai ganhar galeria de arte A marchand Susi Cantarino, dona da Galeria Metara de Ipanema, planeja abrir uma filial no Centro. Ela é proprietária de um imóvel na região e vai receber recursos do IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), órgão da prefeitura, para fazer o restauro necessário para a abertura da nova galeria. cultura e cidadania - página C8

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

setembro – outubro de 2014

Edição Especial

A revitalização da Região Portuária será mostrada em filme Porto Novo contrata produtora de Luiz Carlos Barreto para documentar as obras Divulgação

Divulgação

O projeto nasceu da amizade entre o cineasta Luiz Carlos Barreto e o executivo Leo Pinheiro, presidente da OAS, empresa construtora que lidera o consórcio das obras da Operação Urbana Porto Maravilha. Num jantar informal, os dois começaram a conversar sobre o Porto, região que Barreto frequenta desde os tempos em que era fotógrafo da antiga revista O Cruzeiro. Logo surgiu a ideia de documentar em filme as grandes transformações pelas quais passa a zona portuária. Pouco tempo depois, a produtora de Barreto foi contratada pela Concessionária Porto Novo e realizou cinco minidocumentários sobre diferentes aspectos da região. Os filmes são: • Dallier e o Morro da Conceição – documentário sobre o pintor Paulo Dallier, um dos mais antigos moradores do Morro da Conceição e idealizador do Projeto Mauá; • Praça da Harmonia – documentário sobre a Praça Coronel Assunção, da Gamboa, mais conhecida como Praça da Harmonia. O filme mostra a importância do logradouro para os moradores próximos, com muitos depoimentos. • Pequena África – fala a respeito do território que é berço da cultura afro-brasileira, que começa na Pedra do Sal, berço do samba, e se estende até a Praça XI. • Cinema na Praça – documentário acerca do

Luiz Carlos Barreto, produtor renomado, assina a produção dos cinco documentários

A Igreja de São Francisco da Prainha aparece em uma cena de Caminhos do Porto Divulgação

O projeto Porto Maravilha é o foco principal das grandes transformações que passa a zona portuária

projeto promovido pela Porto Novo na Praça da Harmonia, que exibe filme numa tenda para a população local. • Caminhos do Porto – um passeio cultural na Região Portuária, que começa no recém-inaugura-

do MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro), passa pela Igreja e pelo Largo de São Francisco da Prainha, Pedra do Sal, Jardim do Valongo, Cais da Imperatriz e Museu Porto Maravilha, para mencionar apenas alguns dos lo-

gradouros documentados. Todas as cinco produções foram dirigidas por Daniel Tendler e estão disponíveis no You Tube e no site da TV Porto Novo (http://www. portonovosa.com/pt-br/ noticias-tv-porto-novo).

A Porto Novo já investiu R$ 4 milhões no projeto, que contou com a participação de depoentes ilustres, como o sambista Rubem Confete, a urbanista Verena Andreatta, o antropólogo Rolf Malungo e o historiador Cláu-

dio Honorato. Já está em andamento a produção de um longa-metragem sobre o conjunto das obras que transformaram o Porto do Rio, com diversas tomadas das obras em timelapse. A estreia está prevista para 2016. Para José Renato Ponto, presidente da Concessionária Porto Novo, esses minidocumentários têm a missão de se tornar um legado: “Não queríamos que as histórias se perdessem com o tempo, por isso, estamos produzindo materiais que vão ajudar as próximas gerações a entender e valorizar os bairros que originaram o Rio de Janeiro”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


C2 Edição Especial

setembro – outubro de 2014

cultura e cidadania boca no trombone

Cliques Rua Larga Divulgação

Almas Livres Deus não criou o mundo sozinho. Chamou seus anjos criadores para conceber um lugar no universo que se chamaria Terra. Decidiram, depois de muita discussão, que o seu formato seria redondo, orbitando o sol. Mas havia um problema. Na maquete, tudo o que colocavam no alto do globo caía. Foi então que um anjo cabeludo, com cara de nerd, criou a Lei da Gravidade. Deus chamou seus anjos botânicos, ambientalistas, decoradores e desenhistas para criarem a vida. Desenharam as árvores, folhas, flores e frutos. Nutricionistas gordos, cheios de apetite, inventaram os sabores. Foi nesse instante que os pintores, inspirados nos reflexos do sol, inventaram as cores e suas combinações. Foi uma guerra de tinta danada! Numa reunião de trabalho, os anjos químicos criaram os estados da matéria gasoso, sólido e líquido – foi quando inventaram a água, espalhando-a com a ajuda dos arquitetos e engenheiros no globo terrestre. Nasceram as montanhas, rios, cachoeiras e oceanos. Deus se emocionou e deixou cair uma lágrima, salgando os mares. Como tudo teria que ser autossustentável, os anjos imaginaram o ciclo da vida: nascer, crescer, morrer, nascer... “Nada de solidão!”, disse Deus, “Precisamos habitar a Terra”. Os anjos mais vaidosos exageraram, criaram os dinossauros (acho que se arrependeram depois). Outros mais tímidos inventaram os seres microscópicos. Anjos pintores e escultores ficaram eufóricos: esculpiram todos os bichos em espécies, pintaram as asas das borboletas, os pássaros, as escamas dos peixes, as penas do pavão... As pranchetas do céu estavam repletas de obras de arte. Tudo parecia ir muito bem, fazendo-se um conserto aqui, outro ali... Mas Deus achava tudo muito silencioso. Mandou chamar os anjos músicos e suas orquestras para criarem os sons. Houve muito tumulto para compor o canto de cada pássaro, o rugido do leão, o código de comunicação dos peixes, os barulhos do mar e do vento. Ainda insatisfeito, Deus reuniu novamente seus anjos: precisamos agora criar uma inteligência, semelhante à nossa, para usufruir com consciência de toda esta maravilha. Um anjinho, produtor cultural, levantou o dedo na assembleia divina e sugeriu: “Será que não podemos todos morar na Terra? Ela ficou tão legal!”. Deus pensou um pouco e disse: “Nossa natureza é assistir, cuidar e intervir quando necessário”. O Criador pediu um intervalo para pensar e voltou como a ideia: “Vamos criar o homem e a mulher. Deles nascerão filhos e filhas, que se multiplicarão para sempre, protegendo a Terra”. Foi então que os anjos poetas criaram o amor. Mas o homem e a mulher, por não terem participado de toda a obra divina, não a valorizaram e disputaram terras, destruíram matas, guerrearam, poluíram a água e o ar, desapontando a Deus. Triste e bravo, o Senhor autorizou seus anjos para ir e vir eternamente a Terra para protegê-la de todos os males. Deus os chama de Almas Livres ou, carinhosamente, de “meus artistas”!

fernando portella cottaportella@globo.com

Mais de 51 mil pessoas visitaram a ArtRio 2014, uma das maiores feiras de arte da América Latina. De 11 a 14 de setembro, o público teve acesso a cerca de 4 mil obras de arte. Divulgação

A impressionante instalação do artista Osvaldo Gaia, morador do Morro da Conceição, na Artigo Rio 2014, intitulada Unvorsum. Para o curador Nuno Ribeiro, a obra irradia tensão entre sua morfologia e o conceito poético, além de relacionar, por meio da matéria, memória e projeção.


cultura e cidadania C3 Edição Especial

setembro – outubro de 2014

Cidade sustentável Maneiras simples de economizar água Solutions Eau

A água é um dos recursos naturais mais preciosos do nosso planeta. Decididamente, é algo que não pode ser desperdiçado, porque a porção de água doce que, de fato, está disponível para consumo em todo o mundo, é muito pequena: apenas 0,26% do total. Por isso, aprenda na lista abaixo algumas estratégias para economizar esse bem tão valioso: l Tome banhos mais rápidos. Se cada pessoa diminuísse um minuto de seu tempo de banho no chuveiro, a energia economizada em um ano equivaleria a 15 dias de operação da Usina de Itaipu, em sua geração máxima. l Não deixe a água

l Coloque um aerador na torneira (aquela peneirinha). Como proporciona sensação de fluxo de água mais intenso, o aerador, conforme cálculos do Instituto Ikatu, permite economizar água equivalente ao volume de uma piscina olímpica, se 12 apartamentos colocassem aerador em suas torneiras. l Retire o excesso de sujeira dos pratos, copos

e talheres antes de abrir a torneira. E nunca deixe a água escorrendo quando estiver ensaboando as louças. l Não lave a calçada nem o chão do quintal com a vassoura hidráulica. Em 15 minutos de uso, o desperdício de água chega a 280 litros. A mangueira gasta menos, mas também pode ser substituída por um balde (com água reuti-

lizada da máquina de lavar, por exemplo). l No trono do banheiro, opte pelo modelo de caixa acoplada, que gasta apenas seis litros de água por descarga. As válvulas de parede gastam até 30 litros a cada apertada de botão.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br Berzé

correndo enquanto escova os dentes. Uma só pessoa pode economizar 1,9 milhão de litros de água ao longo da vida se fizer isso. Se duas pessoas fizerem, a quantidade de água economizada equivalerá a uma

piscina olímpica e meia. l Nada de pinga-pinga. Durante um ano, o desperdício de gotinhas representa 16 mil litros de água limpa e tratada, o que custa mais de R$ 1 mil na conta de água.

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C4 Edição Especial

setembro – outubro de 2014

entrevista

Secretário de Estado de Turismo fortalece os potenciais do Rio Entre as estratégias, a valorização da cachaça e a sinalização de interesse cultural Mário Margutti

FRL - Quais as suas propostas para dinamizar o turismo no Estado? Claudio Magnavita – Nós vivemos um profundo divórcio entre cultura e turismo. Existe um fosso real, no sentido de existir um espaço que não é ocupado. Há uma empáfia dos dois setores, que não conversam entre si, não veem que são complementares. Nossa missão maior é fazer uma ponte entre equipamentos culturais e históricos, que ganham sustentabilidade e viabilidade econômica por meio do aumento do fluxo turístico. Por exemplo: em Nova Iorque, a Broadway é responsável pelo aumento de 1,6 no pernoite, elevando a permanência dos turistas naquela cidade. O Rio é hoje

a “Broadway” do Brasil, com uma grande coleção de espetáculos teatrais e musicais que não são promovidos como atrativos turísticos. Por outro lado, temos joias arquitetônicas, como os fortes militares que faziam a linha de defesa da Baía de Guanabara. Se estivessem na Europa, já estariam transformados em equipamentos culturais vivos e ativos. No interior, temos as fazendas do Vale do Café, que começam a se despertar como equipamentos para o turismo. Mas poucas delas têm infraestrutura para isso. Há uma quantidade enorme de sedes coloniais que não são plenamente utilizadas. Um destaque, nesse campo da retomada do turismo histórico, é o que ocorreu em São João Marcos, com a recuperação das

FRL – Que propostas a sua pasta desenvolve em favor do turismo?

Claudio Magnavita: “Nossa missão é fazer uma ponte entre turismo e cultura”

ruínas da cidade e a criação de um centro de memória. Outro potencial é o resgate do período colonial. O Rio foi a única capital de um império nos trópicos, isso desperta a atenção dos turistas para a nossa cidade e também para Petrópolis. Esse potencial é amplificado pela literatura recente, como é o caso do bestseller El império eres tú, do espanhol Javier Moro, que narra as sagas da vinda de Dom João VI para o Rio de Janeiro e as peripécias do primeiro reinado de Dom Pedro I. FRL – Qual a sua visão da requalificação da Região Portuária?

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ção Mundial em 1922, gerando reformas na Urca e no Centro, com construções que são referências monumentais até hoje. A região estava escondida pelo “progresso” e pela rudeza dos anos de chumbo do regime militar, com pessoas desaparecidas. A demolição da Perimetral eliminou o último resquício do período ditatorial e promoveu a redescoberta da paisagem do Rio.

Claudio Magnavita – Os avanços já ocorridos na região mostram o acerto da coragem do prefeito Eduardo Paes, que retomou o berço da cidade para os cariocas. Os visitantes que o Rio recebeu recentemente perceberam a beleza que ficou com a retirada de parte da Perimetral. Tudo contribui para reforçar a Região Portuária como um dos maiores atrativos dos próximos anos. O contraste entre o novo e o antigo é a marca dessa recuperação, que irá suplantar em bons resultados o que ocorreu em Buenos Aires, com a revitalização de Puerto Madero, em Lisboa e em Barcelona. Um dos acertos, além do processo de reurbanização, é a ocupação dos espaços de forma responsável, criando um novo eixo de desenvolvimento e gerando emprego e renda para o setor do turismo. Uma revolução como essa só pode ser comparada ao momento em que o Rio sediou a Exposi-

Claudio Magnavita – Na Copa do Mundo, vimos que triplicou o consumo de cachaça, produto cem por cento brasileiro. Estamos, então, criando um roteiro no Vale do Café, nas fazendas que produzem cachaça de altíssima qualidade, que podem custar até mais que uma garrafa de uísque escocês. Queremos consolidar nessa região o Polo da Cachaça, se possível um Museu da Cachaça. Também estamos fazendo uma campanha junto à rede hoteleira, para que os hóspedes recebam de brinde não mais uma garrafa de vinho, mas sim uma garrafa de cachaça de qualidade. Também estamos incentivando o turismo na Baía de Guanabara, com destaque para Paquetá, com sua igreja secular e seus festejos espetaculares. Seria bom que a Baía de Guanabara recuperasse a balneabilidade de 30 anos atrás, quando não havia se tornado, infelizmente, depósito de esgotos. O Rio vive hoje um momento especial, porque ganhamos o prêmio de Melhor Destino Turístico Nacional, concedido pelo mais sério guia de turismo do país, Quatro Rodas, em conjunto com a revista Viagem. Foi um reconhecimento pelo desempenho do Rio durante a Copa do Mundo e conseguimos superar Santa Catarina, que costumava ganhar esse prêmio. Atendemos ao governador Pezão, que nos pediu para que mostrássemos as belezas de todo o Estado, de todas as cidades maravilhosas que temos, sem focar apenas a capital. Nosso projeto mais recente é a criação de uma sinalização de interesse cultural, que vai pontuar detalhes como este: a cidade de Carmo é a terra natal do grande músico Egberto Gismonti.

mário margutti mfmargutti@gmail.com


cultura e cidadania C5 Edição Especial

setembro – outubro de 2014

Prefeitura monta na Gamboa um Laboratório de Arqueologia Urbana Achados arqueológicos da região ficarão em espaço aberto ao público Clarice Tenório Barreto

Mariana Aimée

Um dos Galpões da Gamboa, no antigo pátio de manobras da Rede Ferroviária Federal, será a sede do novo Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana. A iniciativa é da Prefeitura, por meio do IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) e oferecerá aos cariocas a oportunidade de conhecer um pouco mais do trabalho dos arqueólogos que fizeram achados no subsolo das obras de revitalização da Região Portuária. No novo espaço de estudos, que será aberto à visitação pública, diversos arqueólogos farão análise e seleção das peças do acervo encontrado na região para a montagem de uma exposição. O momento atual é de contratação da equipe de arqueologia que concluirá o trabalho de catalogação das peças históricas que foram encontradas na primeira etapa das obras da Operação Urbana Porto Maravilha. A expectativa é a de que, no final de

Os Galpões da Gamboa, restaurados pelo Porto Maravilha Cultural, são testemunho da influência da arquitetura industrial inglesa e elementos da memória do Rio

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Alguns dos achados arqueológicos do Cais do Valongo

2015, o laboratório esteja em pleno funcionamento. O conjunto dos trabalhos está sendo monitorado por técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional). Na visão de Washington Fajardo, presidente do IRPH, o novo espaço será “um laboratório acessível à população que quiser conhecer um pouco mais dessa história redescoberta”. E complementa: “Daremos oportunidade para que todos possam acompanhar como é feito o trabalho de arqueologia na prática”. Além do laboratório e da exposição permanente das peças, o IRPH também planeja construir no galpão um auditório multiuso, que será usado para eventos e palestras que envolvam o tema Patrimônio. Fajardo vê o novo espaço com visão de futuro: “A Região Portuária está em constante revitalização, e é muito provável que novos achados surjam com o decorrer do tempo”. A proposta é utilizar o laboratório para abrigar novas peças que venham a ser encontradas, criando, ao mesmo tempo, um espaço de estudo e conhecimento tanto para os arqueólogos como para a população carioca.

As obras de restauração da Região Portuária começaram no ano de 2009. Na primeira etapa, a prefeitura investiu R$ 139 milhões na reurbanização de 350 mil metros quadrados, etapa que foi concluída em 1º de julho de 2012. Desde então, a região continua em processo constante de transformação e revitalização, abrangendo uma área de cinco milhões de metros quadrados, por meio da maior parceira público-privada do país. Durante a primeira fase de revitalização, o Cais do Valongo foi redescoberto. Por lá, mais de 500 mil africanos escravizados chegaram ao Brasil. Hoje, o sítio arqueológico local está exposto como memorial aberto à visitação pública. As peças arqueológicas é que serão transferidas para o laboratório a ser instalado em um dos galpões da Gamboa.

da redação redação@folhadarualarga.com.br

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C8 Edição Especial

setembro – outubro de 2014

cultura e cidadania

Artes plásticas ganham novo espaço na Sacadura Cabral A marchand Susi Cantarino pretende abrir na região a terceira filial da Galeria Metara Divulgação

A Operação Urbana Porto Maravilha está criando novas oportunidades de negócios na Região Portuária: a marchand de tableaux Susi Cantarino, que é dona da Galeria Metara de Ipanema (Rua Teixeira de Melo, 25A), está implementando um projeto de abertura de uma galeria de arte num imóvel de sua propriedade, na Rua Sacadura Cabral. Em entrevista para o boletim eletrônico do Porto Maravilha, Susi declarou: “Comprei o imóvel antes mesmo de saber da revitalização. Eu considero essa região a veia do Rio de Janeiro, onde tudo começou. Estou disposta a trazer a Metara para a área do Porto”. Acrescenta ela: “Sei que é um lugar difícil, do ponto de vista da segurança. Mas o meu desejo é intenso e é global. Gostaria que a cidade do Rio fosse sempre a cidade segura que todos desfrutamos durante a ECO-92”. O primeiro passo já foi dado: Susi concorreu às verbas do Edital do Programa de Apoio à Conservação do Patrimônio Cultural dos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo (Pró-Apac Sagas), e conseguiu do IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), órgão da prefeitura, R$ 337.314,20 que serão usados no restauro do imóvel de sua propriedade. As obras estão em andamento e Susi

Divulgação

Projeto da nova Galeria Metara, na Rua Sacadura Cabral Cantarino abrirá uma nova filial de sua galeria de arte no Porto Maravilha

comentou para a reportagem da Folha da Rua Larga as características do seu projeto: “Meu desejo é que o Rio tenha um Porto Maravilha de verdade, e que essa conquista seja realizada o quanto antes. Acho que a revitalização já deveria ter acontecido há muito tempo e eu gostaria de manter na região uma galeria nos mesmos moldes da Metara de Ipanema. Quero ofertar aos turistas nacionais e estrangeiros arte contemporânea de excelente qualidade”, revela a marchand,

com os olhos brilhando. Susi já abriu uma segunda Galeria Metara perto da Praça Mauá, na Rua Beneditinos, 22, que oferece ao público obras de arte e também molduras de qualidade. “Sou pioneira na introdução de molduras estrangeiras no Rio de Janeiro. Depois comecei a trabalhar com madeiras nacionais certificadas, utilizando máquinas underpiner, que possibilitam encaixes de qualidade superior. Também fui a primeira a oferecer pôsteres de outros países e pas-

separtouts com PH neutro, que são mais resistentes ao ataque de fungos”, conta ela. Cantarino é exigente na escolha dos artistas que compõem o acervo da Metara. Entre os nomes de artistas cujas obras ela oferta à clientela, podem ser mencionados: o multimídia Xico Chaves, que utiliza pós de minério brilhante em suas telas; o inventivo Osvaldo Gaia, que é morador do Morro da Conceição e um dos integrantes do Projeto Mauá; o abstracionista lírico Rogério Camacho e Paulo Gaiad, que faz interferências sobre ima-

Caderno Cultura e Cidadania Realização

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gens fotográficas e pinturas também abstratas. Susi também acolhe grandes nomes da fotografia em sua galeria, entre eles, podem ser citados Walter Carvalho, Evandro Teixeira, Marco Semola e José Amarílio. Ela também se dedica ao ramos dos brindes feitos com engenho e arte: “Estou criando brindes novos, gravuras, objetos, porque também gosto muito de design”, informa. Nascida na Argentina e brasileira de coração, Susi Cantarino também é artista plástica de longo percurso. Além de delicadas pinturas

abstracionistas, ela inventa “malas-objetos-de-arte” que aludem a viagens imaginárias e já criou uma série de trabalhos em homenagem a seu avô judeu, que sobreviveu ao holocausto nazista. O crítico Ferreira Gullar, ao comentar uma fase dos trabalhos de Susi, afirmou que ela “compõe paisagens valendo-se de manchas e cores, de modo inventivo e poético”.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


13 folha da rua larga

setembro – outubro de 2014

cidade morro da conceição Meu caminho eu mesma traço Para finalizar o perfil dos artistas moradores do Morro da Conceição, falo hoje da mais nova artista a se integrar ao Projeto Mauá: Erikka Costa. Educadora, artista e poeta, ela é carioca, formada em Belas Artes pela UFRJ e trabalha com Arte e Educação. Há 13 anos ministra aulas de Educação Artística em duas escolas da rede municipal. Inclusive, vem desenvolvendo há dois anos, em sala de aula, um experimento com mandalas, na Oficina de Eco-Conexão. Antes de vir para o Morro da Conceição, morava em Santa Teresa, e lá já participava de vários movimentos artísticos. Em 2010, mudou-se definitivamente para o número 109 da Rua do Jogo da Bola (Casa Espaço, 109). Com um ar calmo, a jovem artista e poeta, na verdade, é uma agitadora incansável, que participa ativamente de movimentos religiosos, culturais, históricos, artísticos e tudo mais que aparecer no entorno. Além, é claro, de ser amante de música, cinema e fotografia. Em 2011, criou o projeto “Intervenções sonoras e gastronômicas” na pracinha em frente à sua casa-ateliê, utilizando o corpo como eixo da linguagem poética. Assim, atraiu um grande número de artistas com interesses comuns. Tempo depois, com a chegada das obras do Porto Maravilha no Morro, foi dada uma pausa, para tristeza dos frenéticos frequentadores. Vale lembrar que Erikka é a criadora da série SINCRetnicos. Nesse trabalho, ela usou e abusou das formas e cores, transformando elementos simples em objetos belíssimos, usando materiais reaproveitáveis. Erikka já participou dos dois eventos do FIM (Fim de Semana do Livro). No primeiro, lançou Interferências, um livro de poesia artesanal com ilustrações e colagens. No segundo, fez uma performance poética. O sucesso foi tanto que, em breve, irá lançar um vídeo do evento. A performance se chamou “Eu sou o poema-objeto”. Ela escreveu suas poesias no chão, nos móveis, nos objetos, nas paredes e, finalmente, usando seu próprio corpo como suporte das palavras. A inspiração brota da mente, tatua a pele, sai pelos poros e vai além, permitindo a intervenção do outro, deixando que todos escrevam em seu corpo, pensamentos e frases. Enfim, é uma completa simbiose do fazer artístico. Essa bela apresentação artística teve a participação de uma convidada especial, a performer e bailarina Jaqueline Pradié, que abrilhantou o evento com sua dança. Em entrevista, Erikka nunca se esquece de agradecer o apoio incondicional que recebe de Ana Paula Aniceto na cocriação das ideias e eventos que fazem.

Em agosto, Erikka dará uma oficina na Casa Porto, intitulada Construções Poéticas. E, a partir de setembro, no mesmo local, fará uma exposição chamada Trajetórias, na qual realizará uma intervenção a cada mês. E assim segue a história de vida de mais uma artista que cria, inventa, constrói sonhos, grandes e pequenos, no seu mundo, neste pequeno Morro chamado Conceição. Agora, aos artistas do Morro: há aproximadamente três anos, tenho ocupado o espaço desta coluna para apresentar aos leitores os artistas moradores do local, muitos pertencentes ao Projeto Mauá. Quero agradecer a todos esses artistas que, ao longo do tempo, colaboraram com a Folha da Rua Larga, possibilitando aos leitores conhecer a diversidade artística e cultural existente no Morro da Conceição. Erikka: Casa Espaço, 109 – Rua Jogo da Bola, 109. Contato: erikkasanta@hotmail.com. Site da Casa Porto: teresa speridião www.casaporto.org.br. teresa.speridiao@gmail.com

Estado oferece apoio a agentes da economia criativa Pioneiro no gênero, Rio Criativo também incentiva o empreendedorismo Divulgação

Alunos e professores do Rio Criativo que participaram de cursos em Macaé

Com sede no Liceu de Arte e Ofícios, o Escritório de Apoio a Projetos / Rio Criativo é a principal plataforma para a economia criativa do estado: estimula o empreendedorismo dos agentes fluminenses e oferece uma série de serviços de apoio à geração, à consolidação e ao fortalecimento de empreendimentos sustentáveis. Possui a primeira incubadora pública de economia criativa do país, idealizada pela Secretaria de Estado de Cultura, com suporte técnico do Instituto Gênesis da PUC-Rio. Hoje atende a empreendedores e produtores culturais dos 92 municípios do estado que atuam em um ou mais dos 20 setores da Economia Criativa: artes cênicas, música, artes visuais, literatura e mercado editorial, audiovisual, animação, games, software aplicado à economia criativa, publicidade, rádio, TV, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, entretenimento, eventos e turismo cultural. Está estruturado em quatro núcleos: Incubadora​, Núcleo de Conhecimento, Núcleo de Negócios e Laboratório de Produção de Conteúdos Digitais. Todos atuam de for-

ma interligada, de maneira a gerar conexões entre as redes de empreendimentos dos diferentes segmentos e regiões atendidos. Além de apoiar a incubação de empresas criativas, a entidade oferece cursos e oficinas no interior do estado, além de consultorias, espaços compartilhados e seminários que visam à promoção de negócios. A coordenadora do projeto é Ana Paula Jones, fundadora da ONG Raízes da Tradição, que venceu a licitação feita pela SEC/RJ em 2010.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


14 folha da rua larga

setembro – outubro de 2014

gastronomia receitas carol

Crème de la crepe: à moda francesa Creperia recém-inaugurada na Rua Acre segue tradição de Paris

Café da manhã é a minha refeição preferida. Principalmente quando temos tempo de aproveitar uma mesa farta de guloseimas. Um dos ingredientes que não pode faltar é o ovo. Caipira, é claro, com a gema quase laranja, cheia de vitaminas e sabor incrível. Para os americanos, colocar ovos no café da manhã é sinônimo

Carolina Monteiro

Cliché é o nome da creperia inaugurada há seis meses na Rua Acre. A proprietária, Anna Beatriz, explicou que a escolha do nome da casa de crepe foi uma brincadeira com o que é clichê no Rio, onde os crepes são servidos no formato quadrado e nos pratos, ao passo que no seu estabelecimento no Centro, eles são servidos encaixados em cones e na forma triangular, mantendo a tradição francesa. Portanto, trata-se de um clichê parisiense e não carioca. A ideia de montar uma creperia começou quando Anna Beatriz foi morar em Lyon, na França, porque seu marido foi fazer o doutorado lá. Foi assim que a Rua Acre ganhou esse presente tão original. Ao voltar para o Brasil, Anna e Paulo Emílio — seu pai e sócio — idealizaram a reforma do imóvel com muito gosto e o resultado foi surpreendente: cores sóbrias, o piso em estilo antigo, as paredes com almofadinhas revestindo meia-parede e peças decorativas francesas espalhadas pelas paredes. O salão é amplo, com bastante cadeiras e mesas, bem diferente dos congêneres franceses que, muitas vezes, obrigam os clientes a comer os crepes em pé. Enfim, um belo mimo para os cariocas que, aos poucos, vão descobrindo o conforto de viver como os franceses em pleno Rio de Janeiro. Os crepes são preparados na hora, sob os olhos atentos dos clientes. Outro detalhe diferencial é que na França há pouca variedade de recheios, enquanto aqui há uma enorme variedade. A Creperia Cliché oferece dois tipos de massas: uma de trigo comum e outra de trigo sarraceno, sem glúten. Para os mais comportados, há saladas coloridas, leves e variadas, por exemplo, ratatouille: abobrinha, berinjela,

de upgrade, e a refeição passa a se chamar brunch. Servido principalmente nos finais de semana, os ovos de alguns restaurantes ficaram famosos pela criatividade como são preparados, muitas vezes de forma super simples. A receita de hoje é inspirada num desses restaurantes. Bom apetite!

Torrada com ovo poché ACP

A Creperia tem um ambiente clean, decorado com cartazes franceses antigos Carolina Monteiro

O famoso Quarteto: um crepe salgado, um doce, uma salada e uma bebida Carolina Monteiro

Crepe de Nutella, um dos atrativos gastronômicos da creperia

tomate e cebola; tem saladas que vêm com molho de iogurte. Outras boas pedidas (que saem mais em conta) são o quarteto e trio. O primeiro é composto por crepe salgado com salada, bebida e crepe doce; o segundo, por crepe salgado, salada e bebida.

Os recheios dos crepes, crème de la crepe, são vários: mussarela, gorgonzola, parmesão, queijo de búfala, brie, peru, carne moída, carne seca, camarão, frango, coalho e mignon. Os perfumes desses itens anteriores são: chutney, curry, manjericão, cebola, champignon,

azeitona, abacaxi e ameixa. E o luxo gastronômico não para por aí, porque todos os meses a creperia inclui sabores novos no cardápio. Difícil é escolher entre tantas delícias dessa verdadeira obra de arte que você mesmo leva cuidadosamente para a mesa. Após degustar a escultura, o cliente ainda tem à sua escolha deliciosos crepes doces: brigadeiro, ganache, Nutella, doce de leite ou, voilá, goiabada envolvida em queijo derretido. Vamos combinar que o paraíso é aqui e você ainda pode terminar seu almoço com um delicioso brownie. Antes de sair, peça um cafezinho feito na hora, com aroma encorpado. A casa também trabalha com café da manhã: crepe de queijo com presunto, mais café com leite. Você certamente vai se tornar o cliente mais francês do Cliché e, com tantas opções, seu pedido jamais será um clichê. A Creperia Cliché funciona de 2ª a 6ª feira, das 8h30 às 18h30, na Rua Acre, 47, loja B – Tel: (21) 35491609 – Site: www.creperiacliche.com.br.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com

Ingredientes • 1 pão de forma • 2 dentes de alho • 2 ovos caipiras • 1 maço de salsa • azeite a gosto Modo de preparo Torre o pão numa torradeira e esfregue um pouco do alho sobre o pão, depois de torrado. Cozinhe os ovos em água fervente por 4 minutos. Tempere com sal. Corte a salsa e frite no azeite. Escorra e reserve sobre papel toalha. Refogue o restante do alho e junte a salsa. Coloque o

pão num prato e disponha os ovos sobre ele. Salpique a salsa com o alho e sirva em seguida.

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lazer folha da rua larga

setembro – outubro de 2014

dicas da cidade Jazz na Pedra do Sal Desde o dia 6 de setembro, todo primeiro sábado de cada mês é dia de apresentações de jazz na Pedra do Sal. A primeira grande atração foi o saxofonista José Maria, na condição de convidado de Guga Pellicciotti Trio, que se apresenta em todas as edições. O conjunto é formado pelo baterista Guga Pellicciotti, o pianista João Braga e o baixista Berval Moraes. Depois do trio e seus convidados especiais, o DJ Dagema assume o comando das carrapetas para promover uma discoteca a céu aberto. O público não paga nada e o evento começa às 18h em ponto.

A arte de Di Cavalcanti é atração no Centro Cultural Light Empresa reabre a sala exclusivamente dedicada ao grande pintor carioca Divulgação

Uma nova Incubadora Cultural Com um projeto de criação de Incubadora Cultural, desenvolvido através da ONG PAC (Pró-Apoio Comunitário), o cineasta cubano Antonio Molina concorreu ao edital do Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania e conseguiu os recursos para materializar a sua proposta. Molina já está procurando uma sede no Centro do Rio de Janeiro para instalar a sua incubadora, que será voltada especificamente para os agentes culturais das comunidades de baixa renda. Um imóvel na Rua Uruguaiana está sendo avaliado no momento. Os principais objetivos do projeto são os seguintes: 1) Reunir 150 empreendedores culturais em grupos de trabalho no contexto de incubação voltado para criação de produtos culturais ancorados em planos de negócios; 2) Desenvolver as capacidades gerencial e operacional voltadas para novos produtos no setor cultural; 3) Fomentar a inovação de produtos culturais a partir de uma plataforma objetiva de projetos, preferencialmente pautados em planos de negócios. Para atingir seus propósitos, a Incubadora Cultural prevê as seguintes ações prioritárias: a) Sensibilizar as comunidades acerca do projeto, potencializando as inscrições para seleção do público alvo em bairros e comunidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro; b) Criar uma comissão para a seleção de 240 participantes/projetos, sendo que os 150 alunos farão parte do curso regular e os 90 restantes dos workshops; c) Realizar cursos sequenciais sobre elaboração de projetos, gestão financeira, produção e marketing cultural; d) Realizar nove palestras como forma de complementação das matérias desenvolvidas no curso; e) Realizar três aulas magistrais com personalidades de destaque no mundo da cultura, voltadas para temas específicos, tais como: produção cultural, gerenciamento da cultura e marketing. f) Estimular nos participantes a ideia de que a cidade é deles também e realizar visitas a centros e atividades culturais na cidade; g) Promover workshops com 90 vagas para alunos que não foram selecionados e que apresentem um bom desempenho em suas atividades criativas; h) Terminar o primeiro ano selecionando dez projetos desenvolvidos pelos alunos, de forma proporcional aos diferentes setores da cultura, para serem incubados na segunda fase; i) Fornecer assessoria para a organização dos alunos em grupos segundo seu grau de interesse e especialização; j) Sensibilizar o mercado e a classe artística, bem como estabelecer parcerias, que viabilizem a contratação dos serviços desses jovens, clientela do projeto. Essa é uma boa notícia para os agentes culturais das periferias cariocas e, assim que a incubadora estiver instalada, a Folha da Rua Larga da redação dará mais informações sobre o projeto. redacao@folhadarualarga.com.br

Um dos cinco painéis da série Composição Rio, de Di Cavalcanti. Pintor expressionista por excelência, Di também foi influenciado pelo cubismo de Picasso e pela arte dos muralistas mexicanos, como Diego de Rivera. Divulgação

Desde março, está reaberta para visitação pública a Sala Di Cavalcanti do Centro Cultural Light. O espaço contém quatro painéis originais e uma réplica de obra do pintor. Os quadros representam a série Composição Rio, que retrata o dia a dia de uma redação de imprensa. As telas medem 1,55m de altura por 2,40m de comprimento e tratam de temas comuns nas páginas de jornal, como as festas populares, a criminalidade e o futebol. Antes da inauguração dessa sala especial, as obras nunca haviam sido franqueadas à visitação pública. Essas obras foram encomendadas ao artista na década de 50, pelo jornalista Samuel Wainer, para comemorar o primeiro aniversário do jornal A Última Hora e, ao mesmo tempo, adornar a redação. Somente em 1971, com a extinção do veículo, os painéis se tornaram propriedade da Light: Weiner vendeu as pinturas para se livrar de um aperto financeiro e elas foram compradas por Antonio Gallotti, que era presidente da empresa na época. O artista Emiliano Di Ca-

valcanti (18971976) se consagrou como mestre pintor brasileiro pela forma alegre com que pintava os personagens do nosso povo, e pela exuberância com que retratava nossas paisagens. Suas pinturas de mulatas ficaram célebres. Di foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de São Paulo de 1922. Produziu importantes obras, como os painéis de decoração do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e o do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris. O projeto da Sala Di Cavalcanti foi realizado pelo Instituto Light e contou com a adaptação e qualificação do local para receber adequadamente o público. No passado, a sala era utilizada exclusivamente para reuniões da diretoria. Agora o ambiente ganhou temperatura contro-

lada, sistema anti-incêndio especial para obras de arte (sem necessidade do uso de água), iluminação não danosa à saúde humana e vitrines blindadas. Além disso, conta com reproduções dos painéis em alto relevo para atender aos deficientes visuais. A Sala Di Cavalcanti fica aberta de segunda a sexta-feira, das 11 às 17h, na Avenida Marechal Floriano, 168 - térreo.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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