Folha da Rua Larga Ed.23

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Sacha Leite

Centro receberá circuito esportivo A partir de 19 de dezembro, o Centro do Rio será palco da Maratona Rio Antigo. Largada e chegada na Avenida Marechal Floriano. Veja o percurso e como se inscrever.

Ações sociais ganham vida nas UPPs

folha da rua larga

A coordenadora do CRAS, Marítza Macieira, revela dificuldades e conquistas ao longo de três anos de atividades na comunidade da Providência. Página 5

páginas 8 e 9

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2010

social

Casa do Pequeno Jornaleiro completa 70 anos

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 23 ANO III

Subprefeito do Centro inicia movimento pela reurbanização do Beco das Sardinhas

A CPJ comemorou sete décadas de inclusão social de jovens moradores da Zona Portuária através da educação. Os alunos de instituições públicas de ensino podem se inscrever em cursos livres e profissionalizantes, antes ou após o horário escolar. página 10

Carolina Monteiro

opinião

Solução para a fome via informação e cidadania João Guerreiro, coordenador cultural da Ação da Cidadania, recebeu uma menção honrosa da Alerj pelo Dia Mundial da Alimentação. Em vésperas de eleição, ele analisa as políticas de base do governo, relacionando alimentação, educação e cidadania. página 6

gastronomia

Boteco-arte no Morro da Conceição página 14

Thiago Barcellos visita o Beco das Sardinhas, na Rua Miguel Couto, em frente à Igreja de Santa Rita, e convoca as autoridades competentes para ajuste de iluminação, calçamento, sinalização e limpeza. Além disso, disse que verificará autorização para a implantação de toldos fixos. página 12 Lielzo Azambuja

cultura

Noel Rosa revisto por expoentes da MPB O projeto Noel, Feitiço do Samba, sediado no Centro Cultural Light, traz diversos artistas para interpretar as composições do boêmio, tais como Cristina Buarque, Henrique Cases, Ana Costa e Marcos Sacramento. Este último interpretará peças menos conhecidas de Noel, como Dama do cabaré e Meu páginas 16 barracão, há tempos em seu repertório.


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nossa rua

Se essa Rua fosse minha

cartas dos leitores Portuguesas

Fabiola Buzim

“Faria uma feira livre semanal, com espaço para exposição dos artistas locais. Temos um bom espaço na Rua Miguel Lemos e haveria barracas vendendo comidas típicas, tortas, bolos e artesanatos. Seria uma oportunidade de divulgar e vender o meu trabalho.”

Cristiano da Fonseca, artesão

Ontem minha mulher saiu com minha filha, ainda de colo, e tombou no chão. Isso por causa da calçada, que estava faltando algumas das pedrinhas portuguesas. Esse tipo de calçamento que não funciona para as mulheres deveria ser repensado, já que hoje são boa parte da população economicamente ativa. Josué dos Santos Edifício A Noite

Fabiola Buzim

“Eu gosto muito de feiras de livros e nesta região quase não temos nada acontecendo. Adoraria que fosse organizada uma grande feira, tipo a Bienal do Livro, com debates com grandes escritores. O evento seria permanente e com sede no Colégio Pedro II. ” Vinicius da Rocha, estudante

Fabiola Buzim

Débora Tavares, consultora de projetos

“Organizaria uma festa junina que envolvesse toda a comunidade. O evento seria realizado com a parceria das empresas e comércios locais. A Rua Camerino é um bom espaço para montar as barraquinhas e o palanque para shows. Gostaria que a festa entrasse no calendário oficial da cidade.”

O edifício A Noite, primeiro arranha-céu do Rio de Janeiro e que hoje abriga a Rádio Nacional, está uma vergonha. Há anos foi colocada uma marquise/tapume sobre a calçada, e a primeira ideia que se poderia ter é que a mesma serviria para proteger os pedestres de uma obra realizada na fachada. A verdade é que a mesma serve somente para evitar que pedaços do reboco da fachada caiam sobre os pedestres sem que nenhuma obra seja realizada. Esse improviso persiste por vários anos. Recentemente, ao invés de iniciar as obras, foram colocadas estruturas metálicas para segurar as partes mais saliente da fachada do edifício. É uma vergonha e um desacato que contribui para manter uma imagem não muito boa do Centro do Rio. Gustavo Tamaki Atrações culturais Trabalho na Avenida Marechal Floriano e sempre

folha da rua larga Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Diagramação - Suzy Terra

Margutti, Mozart Vitor Serra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Direção Executiva - Fernando Portella

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Colaboradores - Ana Carolina Portella, Carolina

www.maviartesgraficas.com.br

Monteiro, Fabiola Buzim, Gustavo Speridião, João

Contato comercial - Teresa Speridião

Guerreiro, Karina Howlett Martin, Lielzo Azambuja,

Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Marcelo Frazão, Maria Braga, Mauricio Hora, Teresa

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Speridião

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

ouvi dizer que a região tem muita riqueza cultural. Acho que as atrações deviam ser melhor divulgadas. Não sou carioca. Busco informações sobre esses lugares e não encontro! Keila Campos Em frente à Santa Rita Sempre que saio da missa na Igreja de Santa Rita, na Avenida Marechal Floriano, encontro dificuldades para atravessar a rua. Seria necessário colocar um sinal ali em frente à igreja e ao Beco das Sardinhas, já que vira uma confluência de três vias sem sinalização e o pedestre tem que contar com a sorte para atravessar e sair ileso. Kléber Moreira Higiene na comida Andei acompanhando pelos jornais a investigação de restaurantes por parte da Vigilância Sanitária. Trabalho no Centro e almoço na região todos os dias. De acordo com o que acompanhei, nenhum estabelecimento do Centro foi analisado. Gostaria de sugerir aos órgãos competentes que essa inspetoria seja feita também na região central da cidade, que contém um grande número de restaurantes a quilo. Jefferson Dantas

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.



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nossa rua folha da rua larga

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boca no trombone

Cliques Rua Larga Sacha Leite

A cadeira do presidente da República Dizem os marqueteiros que as pessoas votam nos políticos que prometem, com capacidade de convencimento, o aumento de consumo da população. A estabilidade econômica advinda do Plano Real promoveu Fernando Henrique. O Programa Bolsa Família e a ampliação do prazo das prestações deram ao Lula a reeleição. Mas os resultados desse pleito no 1º turno revelaram a existência de um grande número de pessoas (milhões) que desejam, além do consumo natural, governos mais éticos, políticos com capacidade administrativa e dirigentes preocupados com o meio ambiente. Depois de algumas cervejas, João, balconista na Rua Larga, cidadão comum, subiu numa cadeira no Beco das Sardinhas e, em tom político sincero, desabafou: “O Bolsa Família foi uma medida paliativa, emergencial de momento, mas não deixa de ser uma ‘esmola de cala a boca’ para aqueles que já perderam as esperanças de realizar seus sonhos e de seus filhos, preferindo sentar-se na soleira da vida e esperar de véspera a morte. O Brasil é o único país do mundo que tem o nome de uma árvore e um povo deitado à sua sombra”. Fez-se silêncio no bar apinhado de gente. Ele desceu da cadeira, e a Dona Maria, florista, tomou seu lugar e continuou: “O Bolsa Família é na verdade a maleta da CVC para uma viagem de turismo ao mesmo lugar. Se eu fosse político, primeiro mapearia o país, localizando todas as escolas públicas e privadas, todas as escolas técnicas, oficinas de arte, bibliotecas, universidades, centros médicos e hospitais. Faria uma pesquisa nesses locais para saber suas

condições. Com os melhores, montaria um grupo de multiplicadores de conhecimento. Enxergaria no mapa as áreas vazias, a falta dessas escolas e centros médicos e marcaria as unidades necessárias para que em cada comunidade houvesse boas escolas e pontos de atendimento médico decentes para se chegar a pé ou de bicicleta. E pouco distante, com bom transporte, construiria boas escolas técnicas, centros universitários, espaços culturais e hospitais de qualidade, criando assim oportunidade de conhecimento de fato para todos os brasileiros”. As palmas dos presentes não paravam. Uma multidão ouvia os discursos sinceros de cidadãos de todas as classes sociais. Pedro, um motorista de táxi, subiu na cadeira e falou: “Chamaria esse Programa de ‘Bolsa Educação, Cultura e Saúde – Uma passagem definitiva para a independência financeira do cidadão’. Criaria prédios diferentes para cada lugar, arquiteturas inspiradas no clima e na identidade de cada região. Qual o pai, mãe, pobre ou rico, não se sentiria orgulhoso ao ver seu filho com saúde, fora da violência, com um diploma na mão? Esteja ele morando aqui na cidade do Rio de Janeiro ou no município mais pobre e distante da capital. Afinal, quem tem estudo e saúde sobrevive e vai além”. E assim foram descendo e subindo a cadeira diversas pessoas comuns, de todas as origens, cor e credos, brasileiros e brasileiras, até que todos os homens de bem falaram sobre os mais diversos assuntos. Quem sabe um João, uma Maria, um Pedro, um José, uma Marina não se unem e mudam para melhor esta nação...

gabriel provocador gabriel@folhadarualarga.com.br

Frequentadores da Pedra do Sal armam toldo improvisado sempre que há ameaça de chuva. Sacha Leite

Tudo azul no Largo de São Francisco da Prainha: o conjunto de garrafas vazias forma intervenção urbana.


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entrevista

Por uma comunidade segura e cidadã Melhorar o convívio familiar e a cidadania são nortes para o centro comunitário coordenado por Marítza Macieira Há três anos, a assistente social Marítza Macieira Couto coordena o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), na Providência. Os principais objetivos do CRAS estão em desenvolver as potencialidades da comunidade, fortalecer os vínculos familiares e comunitários e ampliar o acesso aos direitos de cidadania. Segundo Marítza, essas metas estão aos poucos se concretizando ao longo dos, aproximadamente, 1,5 mil atendimentos por mês. De acordo com a ativista social, este é um trabalho de longo prazo: “Talvez sejam necessárias tantas outras décadas de ofertas de serviços, cursos, cultura, esportes e oportunidades para que a comunidade experimente outra forma de vida e possa fazer suas escolhas”. Em que período o CRAS foi instalado na Providência? O Centro de Referência da Assistência Social Dodô da Portela (CRAS) foi inaugurado em setembro de 2007, sendo a concretização da parceira entre a Secretaria Municipal de Assistência Social e a Secretaria de Segurança Pública através do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE). A proposta era de que as duas políticas públicas estivessem presentes com serviços socioassistenciais e de policiamento comuni-

Divulgação

maior aliado na divulgação de nossa atividades é o usuário dos serviços, o morador da comunidade. Como a senhora analisa as comunidades antes e após as UPPs?

À direita, de preto, Marítza Macieira abraça representantes da comunidade da Providência

tário, respectivamente. Qual o objetivo principal da instituição? Este CRAS nasceu com o desafio de contribuir para a aproximação entre as famílias residentes no Morro da Providência e os policiais militares, na perspectiva da construção de uma relação saudável. Passamos então a sensibilizar os policiais no sentido de ofertarem seus conhecimentos para os moradores, e assim desenvolvemos os cursos de iniciação a informática, eletricidade e aulas de capoeira, caratê, reforço escolar, além de horticultura familiar. Quais são os projetos e atividades desenvolvidas? O CRAS executa os programas previstos pelo

governo federal, dentre eles, os dois programas de transferência de renda – Programa Bolsa Família (PBF) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – além da inserção da família no Cadastro Nacional de Programas Sociais (Cad Único) para que se possa acessar outros programas, como os da habitação. Realizamos ainda reuniões semanais com famílias sobre temas variados de interesse coletivo, Grupos de Convivência de Crianças – brinquedoteca e caratê – de Idosos e de Reflexão Comunitária. Em breve, iniciaremos o ProJovem Adolescente Temático (Aderecista). Desenvolvemos ainda alguns projetos municipais, como o Banco Carioca de Bolsas de Estudos e o Agente Experiente. Desde abril deste ano, em parceira com a UPP,

passamos a participar da avaliação e da implantação dos projetos com outras instituições e empresas, tais como cursos de ensino fundamental e médio, profissionalização na área de petróleo e gás, inglês, informática, cozinha comunitária, orquestra comunitária, dentre outros. Como é feita a divulgação das iniciativas do CRAS? De forma humilde, precária e de pequeno alcance comunitário. Contudo, o que nos é possível. Utilizamos as reuniões semanais de família, os alunos que frequentam as aulas de caratê e demais cursos, fazendo caminhadas de divulgação pela comunidade, afixando cartazes nos pontos comerciais e nos parceiros institucionais locais. Na verdade, o

Vejo que as comunidades, especialmente o Morro da Providência, porque trabalho nele há três anos, estiveram, durante décadas, asfixiadas, submersas na rotina de medo, coação e violência que a presença do tráfico impunha aos moradores, além da ausência das políticas públicas que deixaram de oferecer serviços e oportunidades. Após a instalação da UPP, que vem com uma quantidade muito maior de policiais orientados para exercerem o verdadeiro policiamento comunitário, com forte apoio do governo, da mídia e de diversas instituições sociais e empresas dispostas a investirem no material humano da comunidade, os moradores estão consumindo todas as oportunidades. Somente no mês de junho, mais de 250 adultos com 2º grau completo foram ao CRAS fazer inscrições em cursos profissionalizantes na área de petróleo e gás. Alunos do caratê que não conheciam o CCBB na Candelária, já viajaram para competir duas vezes em São Paulo e, em setembro, estiveram na Bahia.

Quais foram os avanços mais relevantes alcançados até agora? O maior de todos os avanços é ver poder público, iniciativa privada, sociedade civil organizada e a própria comunidade construindo uma nova forma de conviver, cada um cumprindo o seu papel. Além disso, a aceitação crescente da comunidade em relação à presença da UPP também é um grande avanço. As instituições passaram a ter mais segurança em “subir” a Providência após a instalação da UPP. Não existem mais confrontos armados entre policias e traficantes, o que transmite tranquilidade e maior liberdade aos moradores. Agora as crianças brincam à vontade nas ruas e becos, assim como temos tido maior facilidade em convencer profissionais a virem desenvolver atividades no CRAS. Quais são as maiores dificuldades a serem superadas? A continuidade na atuação das UPPs. A quebra das ações nesse sentido alimentaria a desconfiança que a população da comunidade tem acerca do poder público.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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opinião Dia Mundial da Alimentação, eleição e cidadania Maurício Hora

João Guerreiro, coordenador de ações culturais da Ação da Cidadania, recebe menção honrosa na Alerj

No próximo dia 29 de outubro, a Ação da Cidadania estará lançando sua 18ª campanha, intitulada agora Natal dos Sonhos. Surgimos na denúncia de nosso coordenador, Herbert de Souza (o Betinho), sobre a existência de 32 milhões de brasileiros famintos. De lá para cá, muita coisa mudou no país. A sociedade civil atingiu proeminência na constituição do Estado: governo e sociedade civil estabeleceram diálogos dos mais diversos na construção de políticas públicas universais; emendas de iniciativa popular viraram realidade, como a Lei da Ficha Limpa, entre outros avanços. A denúncia de Betinho foi finalmente ouvida pelo poder público. Foram criados conselhos de segurança alimentar e nutricional nas três esferas do poder público e programas de transferência direta de ren-

da passaram a existir nestes últimos 18 anos. No dia 16 de outubro, comemoramos o Dia Mundial da Alimentação. No Rio de Janeiro, pela primeira vez, existiu a Semana de Alimentação Carioca. Temos o que comemorar? Certamente, sim. O Brasil saiu da lista dos países críticos em relação à fome para um país que tem uma tecnologia social para o combate à fome. Mas falta muita coisa: a agricultura familiar ainda precisa se fortalecer e as redes de economia solidária, também. A articulação entre ações emergenciais e estruturais ainda é débil. Apesar das condicionalidades existentes nos programas de transferência de renda em relação à educação, as escolas públicas continuam desaparelhadas, com professores desmotivados, alunos mais ainda e o número de analfabetos funcionais perto dos 32 milhões.

A Ação da Cidadania também mudou junto com o país. Desde 2006, estamos levantando a bandeira da educação pública com qualidade, para todos. As ações emergenciais continuam importantes, mas as de caráter estrutural se fazem mais do que necessárias. E a educação, prioritária. Muito avançamos nesse período, mas muito teremos que avançar. A exclusão social, vista aqui como o oposto de cidadania, ainda é grande no país. Imensas áreas das regiões metropolitanas continuam não sendo objeto de políticas públicas locais. E outras áreas do interior brasileiro continuam demandando políticas específicas para romper o ciclo da pobreza. Estamos fazendo a nossa parte, não apenas com a bandeira de Educação Pública de Qualidade, mas também com experiências

diretas de incentivo à leitura em mais 150 comunidades do Rio de Janeiro – os Espaços de Leitura. O Sarau Providencial aqui no Morro da Providência é um exemplo. Entretanto, não é nosso papel prover educação de qualidade, mas, sim, apresentar iniciativas da sociedade civil que devem ser debatidas e, as que realmente valerem a pena, apropriadas pelos governantes. Assim, neste dia 31 de outubro, tenha em mente qual é a melhor proposta para a educação neste país, quais avanços e retrocessos se apresentam nas duas propostas e qual projeto poderá fortalecer a cidadania contra a exclusão social. Boa sorte e bom voto!

joão guerreiro jguerreiro@acaodacidadania.com.br

A importância do debate Neste mês de outubro, milhões de brasileiros foram às urnas de forma obrigatória. Somos uma democracia. No entanto, neste momento da história do país, acho que não seria produtivo para a cidadania se o voto fosse opcional. Uns gatos pingados iriam votar e não criaríamos o debate necessário para rever nossos padrões, analisarmos o que foi feito e para onde a nação está caminhando. Não seria assunto nem mesmo digno das capas de jornais. Uma outra questão que me chamou atenção foi a importância do debate. Em uma ocasião, a candidata Dilma não compareceu a um dos debates. E isso foi ruim para sua imagem pública. Ela foi tão criticada, que começou a ir a todos os seguintes, preparou-se para isso. A discussão de ideias, propostas, programas e até mesmo a abordagem não só do público, como também do candidato adversário, são sinalizadores essenciais para calibrar o feeling dos eleitores. Esse ano foi realizado, pela primeira vez, em escala nacional o debate entre vice-candidatos. Foi um avanço da democracia. Estamos aumentando a capilaridade de nossa escolha. A partir de agora, tomamos consciência de que, levando o candidato X, estaremos levando por tabela, compulsoriamente, o candidato Y, que sentará incontáveis vezes em sua cadeira sem pedir licença. Logo, é preciso avaliá-lo também. Um costume que é proibido em dia de eleição, mas continua sendo praticado, é a boca de urna. No primeiro turno, alguns militantes foram presos a partir da tentativa de convencimento de eleitores próximo à zona eleitoral. Isso é algo

que fere a democracia e o respeito aos candidatos. Os militantes devem se dar conta de que esse tipo de comportamento não estimula o debate e nos remete a algo que, se pudéssemos, apagaríamos de nossa história: o voto de cabresto. Passei a perguntar a todos os taxistas com quem peguei carona sobre as eleições. Aprendi muito. Eles me contaram suas histórias, umas mais interessantes do que as outras, críticas latentes ao governo e à organização da sociedade como um todo. Acho que poderia virar um programa popular de televisão, para educar politicamente a população, trazendo questões práticas do dia a dia para discussão e possibilidades políticas de solução, de acordo com diferentes linhas de ação. Observo que a política não é discutida mais nos colégios. Não essa política, mais prática. E por que não? Isso me preocupa e faz lembrar uma sociedade de repressão e alienação que não vivi. Temos a faca e o queijo na mão. Possuímos todos os instrumentos democráticos. Falta agora somente ir em frente e nos apoderarmos deles. A UPP social é uma forma latente de se discutir política. É a convivência de forças que foram opostas durante muitos anos. É a pacificação de relações sociais desgastadas e a volta dos direitos cidadãos para milhões de moradores das comunidades cariocas. Mais um instrumento para gerar democracia no futuro, mas que, no momento, não poderia ser opcional, porque senão não se deflagraria. Entretanto, o debate a respeito se faz essencial.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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empresa

Eletrobras-Eletronuclear ganha prêmio de sustentabilidade Othon Pinheiro da Silva recebe troféu criado pelo projeto Mulheres Ceramistas da Maré Divulgação

No último dia 8 de outubro, a Eletrobras-Eletronuclear foi homenageada com o prêmio ACRJ de Sustentabilidade 2010. A premiação destaca e valoriza as empresas do estado do Rio de Janeiro que promoveram ações de sustentabilidade. Em sua segunda edição, o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Joaquim Falcão, acredita que a união do Conselho de Ética e o Conselho de Meio Ambiente da ACRJ expressam a postura da associação frente à questão ambiental de sustentabilidade, acreditando que esta não seja apenas uma questão estética, mas uma questão ética. Durante a cerimônia, a comissão julgadora declarou não ter encontrado dúvidas em relação ao vencedor desta edição, por reconhecerem a importância da energia nuclear para a sociedade no processo global de transição das fontes energéticas, e, principalmente, por enxergarem a necessidade dessa energia limpa quando as fontes de petróleo estiverem esgotadas. Além disso, a comissão que julgou as empresas participantes se empenhou em considerar que a vencedora apresentasse o melhor desempenho em todos os critérios de avaliação, como o cumprimento da legisla-

Othon Pinheiro da Silva: “o que mais polui nesse planeta é a miséria e a fome”

ção ambiental e trabalhista, as ações realizadas na área ambiental, ações na área de responsabilidade social, dados do grau de comprometimento da empresa e, principalmente, os resultados mensuráveis tanto na área social quanto na área ambiental, fator determinante para a vitória da Eletrobras-Eletronuclear Termonuclear SA.

O prêmio foi entregue ao presidente da empresa, Othon Luiz Pinheiro da Silva, em cerimônia realizada na Associação Comercial do Rio de Janeiro, no Centro da cidade. O troféu foi confeccionado pelo projeto Mulheres Ceramistas da Maré, desenvolvido pela Ação Comunitária do Brasil do

Rio de Janeiro, que atinge mulheres prioritariamente negras, adultas, moradoras das comunidades da Favela da Maré e adjacências, com baixa escolaridade e consequente dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Elas aprendem técnicas primitivas de origem africana de fabricação de objetos decorativos de cerâmica,

incorporando ao trabalho um conteúdo ético capaz de agregar valor ao produto final. O presidente da Eletrobras-Eletronuclear, Othon Luiz, ressaltou a coragem da ACRJ ao conferir este prêmio a uma empresa que gera eletricidade a partir da fonte nuclear. “É um gesto de extrema coragem e, mais do que co-

ragem, entendimento das transformações tecnológicas do mundo e, sobretudo, que o que mais polui nesse planeta é a miséria, a fome, e que para combater a miséria e a fome nós precisamos de energia limpa. Eu tenho certeza que, neste momento, eu falo em nome de todos os funcionários da Eletronuclear, é uma honra muito grande para a empresa receber este prêmio”, declarou durante seu discurso de agradecimento. A participação da engenheira Ruth Alves também foi considerada fundamental pelo presidente da Eletrobras-Eletronuclear, pois seu relatório viabilizou a entrada da empresa por concorrência ao Prêmio de Sustentabilidade 2010 da ACRJ. Othon Luiz destacou ainda que “a energia nuclear é uma fonte limpa porque é o único tipo de indústria que o cidadão não convive com o resíduo ou rejeito em seu cotidiano. Essa indústria é mais segura porque tem os limites de operação de seus funcionários mais bem definidos do que qualquer outra indústria. Ao conferir esse prêmio, eu entendo como um gesto de clarividência e entendimento da realidade e de coragem”.

marina ayres costa mayres@eletronuclear.gov.br


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esporte

Atletismo pelas ruas do Centro Histórico Maratona Rio Antigo traz para as ruas da região da Rua Larga uma competição inédita A partir da segunda quinzena de novembro, o Centro do Rio será palco das ações do projeto Animando a Rua Larga, que trará um circuito de atividades culturais para a região. Um dos destaques desse panorama será a Maratona Rio Antigo, em que frequentadores do Centro serão convidados a participar de um evento inédito, a ser realizado pela De Castilho Sports, patrocinado pela Light e com o apoio da subprefeitura do Centro Histórico. A competição apresentará duas modalidades: 5 km e 10 km, com partida e chegada na Avenida Marechal Floriano, a antiga Rua Larga. As inscrições começaram no dia 19 de outubro, quando entrou no ar o site oficial com todas as informações sobre o evento. A entrega dos kits será feita nos dias 17 e 18 de dezembro, no Instituto Light. Oscar Guerra explica porque investir em um projeto como esse: “A Light está há algum tempo desenvolvendo um projeto de revitalização na região da antiga Rua Larga e adjacências. A Maratona do Rio Antigo, que estava prevista para acontecer de forma isolada, surgiu para nós como uma oportunidade de se integrar ao programa Animando a Rua Larga, que consiste em trazer uma série de atividades culturais com o objetivo de atrair atenção da população e poder público para a região”. “Esta nova versão (de maratona) do Rio Antigo vem como uma alternativa de cenário para mostrar mais de nossa cidade” Oscar Guerra, superintendente de Comunicação da Light O carioca e ex-triatleta, Virgilio de Castilho,

Divulgação

Virgílio de Castilho durante treino no percurso da Maratona do Rio

que participou dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e trouxe medalha para o Brasil, explana as bases da competição: “Através do esforço da subprefeitura do Centro, na pessoa do Thiago Barcellos, a organização atingiu o ideal de percurso e logística, em conjunto com os órgãos competentes envolvidos. Sem esse suporte, seria impossível realizar

algo parecido com o que estamos nos propondo a fazer no Centro da Cidade Maravilhosa. O trecho escolhido pelo próprio subprefeito, em comum acordo com a organização do evento, irá contemplar os participantes com um asfalto totalmente regular, resultado de recentes investimentos em infraestrutura na cidade”. Oscar Guerra , superintendente de comunica-

ção empresarial da Light, fala sobre a importância de se fazer um evento desse porte na região: “Maratonas são eventos que atraem cada vez mais atenção no mundo inteiro. O Rio já tem a sua maratona internacional oficial, apoiada pela Light, e esta nova versão, do Rio Antigo, vem como uma alternativa de cenário para mostrar mais de nossa cidade. Trazê-la

para dentro do nosso programa Animando a Rua Larga é, sem dúvida, uma forma de gerar atenção e enriquecê-lo”. A competição, idealizada pelo ex-triatleta Virgilio de Castilho, em parceria com o subprefeito do Centro, Thiago Barcellos, será realizada em quatro etapas. A primeira, chamada Etapa Rua Larga, será no dia 19 de dezembro. As

áreas de largada e chegada acontecerão na Av. Marechal Floriano, em frente à Light, principal patrocinadora do evento. A largada será dada às 9h, com a participação de 4 mil pessoas. O evento será dividido em Corrida e Caminhada de 5 km e Corrida de 10 km. Iremos percorrer grande parte do corredor cultural e marcantes pontos da história da nossa cidade.


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cultura

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Percurso da Maratona Rio Antigo Percurso 1 – 5 KM Largada na Av. Marechal Floriano, em frente ao Prédio da Light. Seguir até acesso à Rua Bento Ribeiro e entrar na pista central da Avenida Presidente Vargas. Depois, retorno em frente à Rua General Gustavo Barroso, seguindo pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas até acesso à direita para a Praça da República (Campo de Santana). Virar à esquerda na Rua da Constituição, indo em direção à Praça Tiradentes, entrar à direita na Avenida Passos, logo depois, esquerda na Rua da Carioca, seguindo até a Rua Uruguaiana, onde entrará à esquerda sentido Avenida Presidente Vargas, para pegar a pista central. O caminho agora é a Igreja da Candelária, o corredor realiza retorno abraçando

O trajeto previsto para a Maratona Rio Antigo está grifado em amarelo no mapa

a igreja e segue pela pista lateral da Presidente Vargas até a Rua Uruguaiana, onde irá entrar à direita e depois virar à esquerda na Avenida Marechal Floriano, e partir para a Chegada no mesmo local de Largada.

Percurso 2 – 10 KM Largada na Avenida Marechal Floriano, em frente ao prédio da Light. Seguir até o acesso à Rua Bento Ribeiro e entrar na pista central da Avenida Presidente Vargas. Depois, retorno

em frente à Rua General Gustavo Barroso, seguindo pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas, até acesso à direita para a Praça da República (Campo de Santana). Virar à esquerda na Rua da Constituição, indo em direção à Praça Ti-

radentes, entrar à direita na Avenida Passos, logo depois, esquerda na Rua da Carioca, seguindo até a Avenida Rio Branco, onde vira à direita, e novamente à direita para entrar na Avenida República do Chile. Na Avenida República do Chile, seguir até virar à direita na Rua dos Inválidos, depois esquerda na Rua do Senado, e direto até pegar a esquerda na Rua Tenente Possolo, no cruzamento com a Avenida Men de Sá, seguindo depois à esquerda na Avenida Henrique Valadares até a Praça da Cruz Vermelha. Em seguida, o caminho é virar à esquerda na Rua Carlos Sampaio, mais uma vez à esquerda na Rua do Rezende, e seguir direto até a Rua dos Arcos, depois Praça Cardeal Câmara e pegar o acesso para a Rua Evaristo da Veiga. Daí, seguir até a Ave-

nida Rio Branco, virar à direita e entrar à esquerda na Rua Santa Luzia, para chegar à Avenida Presidente Antônio Carlos, onde o corredor irá virar à esquerda, seguir em direção à Rua Primeiro de Março e depois à Praça Pio X (Candelária), onde passará pela igreja e pegará a pista lateral na Avenida Presidente Vargas. Então virar à direita na Rua Uruguaiana e depois à esquerda para entrar na Avenida Marechal Floriano. Estamos próximos do fim da prova e o corredor deverá correr até em frente ao Instituto Light, onde estará a linha de Chegada no mesmo local da Partida.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br

Concurso Cultural A Folha da Rua Larga está premiando os amantes de uma boa batucada! Basta escrever um texto sobre a história do samba no Rio de Janeiro. As três melhores respostas ganharão ingressos para o show do grupo Sururu na Roda, no Centro Cultural Carioca. Escreva um texto de até 15 linhas e envie para: Rua São Bento, 9 - 1º andar, ou por e-mail a leitor@folhadarualarga.com.br. Participe!

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social

70 anos de incentivo aos jovens da Zona Portuária Casa do Pequeno Jornaleiro educa jovens de 11 a 18 anos, antes e após o horário escolar Situada no bairro da Saúde, na Rua Souza e Silva, nº 112, a Casa do Pequeno Jornaleiro (CPJ), principal projeto da Fundação Darcy Vargas, completou no mês de setembro 70 anos de existência. O superintendente, Sr. Francisco José Vogt, que gentilmente nos recebeu, disse que a festa de comemoração dos 70 anos foi muito bonita, com várias apresentações dos alunos como o coral, que, segundo ele, emocionou a todos. A história do CPJ começou em 1940, quando a senhora Darcy Vargas, de forma pioneira, se reuniu com várias entidades, tais como a Associação Brasileira de Imprensa, presidentes e diretores do Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas, presidente e diretores do Sindicato dos Distribuidores e vendedores de jornais e revistas, além de outras instituições e personalidades. Ela também articulou governo e sociedade civil para enfrentar o problema. Dessa forma, a senhora Darcy Vargas conseguiu concretizar seu grande objetivo que era o de dar abrigo às crianças que entregavam os jornais e dormiam nas ruas. Inicialmente, elas saíam para vender os periódicos e retornavam para dormir na instituição. Lá recebiam também serviços médicos e alimentação. Com o passar do tempo, a CPJ foi se adequando às necessidades da sociedade e hoje funciona assim: são 300 alunos de 11 a 18 anos com quatro horas e meia de cursos e atividades diversas, com frequência diária e obrigatória, que completam o horário escolar do jovem. A CPJ funciona em dois turnos, atendendo, à tarde, alunos da rede pública que estudam de

Divulgação

Comemoração pelo aniversário de 70 anos da Casa do Pequeno Jornaleiro, em setembro deste ano Divulgação

Apresentação do coral da Casa do Pequeno Jornaleiro

manhã, e pela manhã, os alunos que estudam à tarde. Os beneficiados são meninos e meninas moradores das proximidades da Zona Portuária do Rio de Janeiro. Por serem moradores de área considerada de risco, a instituição tenta protegê-los, mantendo-os ocupados o dia inteiro. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, de 8h a 12h30 e de

12h30 a 17 horas. As instalações do CPJ possuem 6 mil m², com ótimas salas de aula, quadra coberta para esporte, piscina semiolímpica, horta e um belo jardim. Os cursos e atividades dos alunos são de acordo com as suas inclinações e também incluem reforço escolar diário, informática, inglês, atividade esportiva e as seguintes atividades artísticas: dança, artes

Divulgação

Alunos no refeitório da sede

plásticas e música. A casa também oferece capacitação profissional em marcenaria, jardinagem, auxiliar de cozinha, costura e modelagem industrial. Além de tudo isso, há uma hora semanal de grupo de reflexão, conhecida como horário educativo: trata-se de grupos de, em geral, 15 alunos, que discutem sobre diversos assuntos, inclusive o forta-

lecimento da autoestima, preparando-os psicologicamente para construírem um projeto relevante no futuro. O grande mérito da instituição, entre tantas coisas, é a de ampliar a percepção dos alunos sobre a sociedade e o mundo atual. Assim, o jovem adquire maior chance de enfrentar seu futuro com segurança. O aniversário da CPJ foi

em setembro, mês da primavera. Há 70 anos a instituição vem plantando a semente do saber e da educação. Muitos jardins já se formaram apesar das condições adversas do tempo. Bons exemplos não faltam. A CPJ é um deles.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com


fabíola buzim fabiolabuzim@gmail.com

da redação


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cidade

Luzes sobre o Beco das Sardinhas Subprefeitura diz que providenciará as autorizações necessárias para a ordenação local Para quem frequenta a Avenida Marechal Floriano e arredores, há unanimidade ao se pensar no coração da região: Beco das Sardinhas. O lugar foi apelidado carinhosamente dessa forma quando portugueses começaram a vender sardinhas empanadas no lugar. Os quitutes são conhecidos hoje como “frango marítimo”. O ponto obrigatório da happy hour chega a vender mais de seis mil sardinhas nas sextas-feiras de verão. Apesar disso, de alguns anos para cá, os habituais fregueses começaram a observar problemas estruturais, como calçamento irregular, iluminação precária, lixo a céu aberto e toldos improvisados nos dias de chuva. Sr. Fernando, dono da Adega e Bar Quinta das Videiras, um dos cinco bares que compõem o Beco das Sardinhas, guarda há anos, em um envelope amarelado, um projeto de reurbanização para a área: “Queríamos colocar ombrelones no Beco. Existe um projeto, mas ainda não

Carolina Monteiro

Thiago Barcellos dialoga com os funcionários do Beco das Sardinhas

temos a autorização para levá-lo adiante”, lamenta. O subprefeito do Centro Histórico, Thiago Barcellos, recebeu a reportagem da Folha da Rua Larga em seu gabinete, e depois, a convite do jornal, foi ao Beco das Sardinhas. Ao

chegar lá, afirmou que se o problema fosse a falta de autorização, a partir de agora estaria resolvido O subprefeito disse que conhece os estudos de reurbanização da área e, de acordo com a sua análise, são perfeitos. Ao observar os toldos

improvisados, a precariedade de piso e iluminação das ruas no Beco das Sardinhas, o subprefeito pegou o próprio celular para marcar uma reunião com as instâncias competentes – Comlurb, Rio Luz, CET Rio – para falar sobre a re-

Instituto Pereira Passos apresenta projetos de renovação para o Beco

gião: “Vamos fazer tudo o que fizemos na Lapa Legal por aqui. Semana que vem vou colocar tudo iluminado por aqui”. De acordo com ele, desde que foi transferido da Barra da Tijuca para o Centro do Rio enfrenta um de-

safio: “Os últimos governos deixaram a Zona Portuária abandonada. Agora temos que lidar com todos esses anos de abandono”. O gestor se entusiasma com as promessas de novidades para a região: “O Porto Maravilha é o projeto mais importante dos últimos 20 anos para o Rio de Janeiro. É um projeto de mudança na porta de entrada da cidade, já que os últimos governos sucatearam o Porto do Rio”. Thiago Barcellos afirma que irá estudar de que forma o projeto Porto Maravilha pretende interagir com a região da antiga Rua Larga: “Não basta ler o projetão. Preciso ir ao Instituto Pereira Passos e conversar com as pessoas”. De qualquer forma, ele pretende, a princípio, aplicar no entorno da Avenida Marechal Floriano os mesmos moldes criados para a Lapa Legal. “Criamos um espaço para pedestres e colocamos 150 PMs, 50 GMs, 12 agentes de controle urbano e 60 garis trabalhando 24 horas por dia”. O subprefeito mencionou o projeto que está elaborando no momento, intitulado Vem pro Centro. Segundo ele, trata-se de uma série de eventos de sensibilização para que as pessoas quebrem a associação do Centro a um lugar perigoso.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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morro da conceição Não é preciso dar um milhão para ver outra vez Conceição Sacabral Art Gallery é o nome do restaurante que inaugurou em maio deste ano. Fica no número 63, esquina da Rua Sacadura Cabral com a Ladeira do Escorrega. Percebe-se logo na entrada que não é um restaurante comum. Não sei dizer qual é o mais tentador, se o aroma que vem da cozinha ou a emoção de entrar em uma galeria repleta de arte. As obras artísticas estão por todos os cantos: paredes, janelas e teto. Outras preciosidades são as paredes e mesas feitas de material reciclado e que combinam perfeitamente com o ambiente.

Sacabral foi um presente para o Morro da Conceição e entorno. O bom gosto e harmonia do lugar são perfeitamente explicáveis. Ana Tannus, a proprietária, é artista plástica e seu esposo, Carlos Alberto de Souza, é arquiteto. Portanto, percebe-se que as coisas não são obra do acaso. A simpatia do casal é tão grande que as pessoas entram clientes e saem amigos. Mas a incrível história da dupla não para por aí. Conversa vai,

conversa vem, a arte atrai a arte, e logo, logo eles foram conhecer os ateliês do Morro da Conceição. Convite feito, convite aceito: no dia 29 de setembro a arte desceu o Morro e se instalou no Sacabral. Nesse dia, houve uma bela comemoração, e lá estão as paredes repletas de obras dos artistas do Projeto Mauá: Cláudio Aum, Paulo Dallier, Oswaldo Gaia, Guenther Leyen e Teresa Speridião. Os artistas agradecem a oportunidade e os clientes, imagino, devem involuntariamente agradecer também o conforto de almoçar

vendo uma exposição. O Sacabral ainda oferece happy hour às quintas e sextas-feiras. Interessantíssimo também é o chamado clube Vinil Senil, onde as pessoas se reúnem para ouvir discos de vinil. Tudo isso também com a presença constante e participação dos proprietários. Isso é o que podemos chamar de casal Zicartola!

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com

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A resistência do comércio na Rua Camerino Apesar da queda das vendas, empresário não deixa a região e aguarda a revitalização Quem passa em frente à loja Adelino Couro, na Rua Camerino, nº 130, pode até estranhar o prédio antigo e a aparência da fachada com pintura descascada, pichações e precisando de uma boa modernização. Mas, ao entrar na loja, pode se surpreender com a diversidade de produtos oferecidos: couros, estofamentos, borracha para calçados, materiais para selaria, cordas, cadarços, pelica. Apesar de sua resistência ao tempo, ela corre o risco de fechar e a Camerino perderá mais um de seus tradicionais comércios. O comerciante Waldyr Costa de Vilhena, de 43 anos, afirmou que o fechamento será uma questão de tempo. As vendas caíram, o estoque está parado e ele precisou reduzir o número de funcionários. Para ele, houve uma diminuição no número de sapateiros e pequenos fabricantes. “Antigamente, se fazia sapato por medida, agora é tudo descartável. O trabalho do sapateiro ficou desvalorizado. Consertar fica muito mais caro do que comprar um sapato novo. Para a maioria não vale a pena”, explica. Além disso, o proprietário reclamou que aguarda há mais de sete meses uma liberação da prefeitura para reformar a fachada e lamenta: “O prédio é tombado, não posso reformar sem esta autorização e ao mesmo tempo preciso tornar este espaço mais atrativo para os meus clientes. Que decorador irá trazer o cliente dele aqui?”. A loja está situada na Camerino há mais de 100 anos. Em 1952, o português Adelino José Neves de Vilhena comprou dos antigos sócios, assumindo a direção do estabelecimento. O negócio passou a ser administrado por seu filho, Newton Neves de Vilhena e viveu épocas de “ouro” tornando-se referência para pequenos fabricantes, decoradores e

Fabiola Buzim

Os funcionários Edelson Afonso e Jorge Gomes, da Adelino Couro Fabiola Buzim

A loja Adelino Couro: apesar da aparência antiga, grande variedade de produtos à venda

sapateiros. Quem lembra com saudade dessa época é o funcionário Edelson Afonso, de 52 anos, que trabalha há mais de 25 anos na loja. De acordo com ele, o movimento era constante e a rua tinha grande frequencia devido à variedade de comércio e a facilidade para estacionar. “Muitas pessoas vinham aqui porque sabiam que iriam encontrar de tudo e ainda por cima seriam bem atendidas. A gente não parava, era correria o dia inteiro e não dava nem para estocar. Por exemplo, a cola a gente vendia lata ou latão”, relembra. A decoração da loja ainda é original e os móveis – escadas, prateleiras, balcões e até um elevador

que facilitava o transporte de produtos – são feitos de madeira maciça. O imóvel chegou a ser alugado para algumas produções da Rede Globo. O aposentado Mauro Andrade, de 71 anos, frequenta a loja desde que tinha 10 anos de idade, quando acompanhava o pai em suas compras. Daí acabou sendo influenciado. “Hoje em dia, temos oferta, preço baixo, mas a qualidade caiu muito e é difícil encontrar um sapato bom, por isso prefiro conservar os meus”, afirma. Para ele, o Centro da cidade ainda é o melhor local para fazer compras. “Eu moro em São Conrado, mas sempre venho aqui, tem vários atrativos e encontro de tudo”, garante.

O empresário Waldyr Vilhena aguarda com esperança pelo projeto de revitalização do Centro, Rua Larga e Zona Portuária. Para ele, a região tem um grande potencial comercial, porém não é valorizada pelo poder público. “Esta região tinha tudo para ser um grande centro comercial, mas está abandonada. As pessoas têm medo de vir aqui. Quando comecei a ajudar meu avô e meu pai, eu tinha 15 anos. Via o amor deles por este lugar. É difícil pensar em fechar, mas o que vou fazer?”, indaga.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com


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gastronomia

Um botequim regado a arte e história Bar Imaculada, no Morro da Conceição, mistura galeria de arte, bar e almoço Almoçar observando obras de arte em um lugar que abriga parte da história da fundação da cidade pode parecer algo difícil de ser feito, mas é exatamente essa combinação que um novo espaço recentemente inaugurado no Centro do Rio oferece aos seus visitantes. Misto de bar e espaço cultural, o Imaculada Bar e Galeria abriu suas portas em agosto no Morro da Conceição, na Praça Mauá. Localizado no começo da Ladeira João Homem, a poucos metros da Travessa do Liceu, o belo botequim ocupa um simpático casario. Nas paredes, obras de arte são expostas, enquanto nas mesinhas, petiscos, refeições e uma farta lista de cervejas são servidos. O Imaculada, cujo nome é uma homenagem à santa padroeira do Morro, Imaculada Conceição, é fruto da união entre dois moradores do local, o economista Júlio Guimarães e o artista plástico Marcelo Frazão, e o casal Kátia Ibrahim, arquiteta, e Márcio Oliveira, designer. “A ideia inicial era montar apenas uma galeria de arte, mas, para ajudar com as despesas da galeria, resolvemos montar um botequim dentro dela”, explica Marcelo. O carro-chefe da casa está nas cervejas nacionais e importadas, nos petiscos luso-brasileiros e, mais recentemente, nas refeições que o Imaculada passou a servir na hora do almoço. Para começar, as sugestões são o bolinho de bacalhau, feito com lombo de bacalhau (R$ 17,50 a porção), e o Bola Sete, um bolinho de feijão com arroz (R$ 14,90 a porção). Opções fartas e que servem duas pessoas são

Carolina Monteiro

Ambiente acolhedor do Fim de Tarde O aconchegante ambiente que une bar e galeria Carolina Monteiro

Caldinho de feijão Carolina Monteiro

O exclusivo petisco Bola Sete: bolinhos de arroz com feijão

o Castelo de São Jorge, uma omelete de sardinhas portuguesas com ervas e azeitonas (R$ 14,30), e o Punheta de Bacalhau, lombo de bacalhau desfiado, marinado no azeite, cebola e azeitona, acompanhado por torradas (R$29,50). Todos os dias são servidos também duas opções de pratos executivos e duas opções à la carte. Os pratos executi-

vos custam entre R$ 12 e R$ 15. Já os à la carte, mais elaborados, como feijoada, salmão e cozido têm preços diferenciados, em torno de R$ 25. Três garçons se revezam no atendimento à clientela, composta em sua maioria por músicos, artistas e moradores do morro. Além de exposições, o Imaculada também recebe palestras e

lançamento de livros. A programação é bem variada: “Nós não temos um critério pré-definido na hora de escolher os eventos e exposições que vamos abrigar. O que buscamos é a multiplicidade, tanto de técnica e estética como temática, não importando se o artista é do morro, da região, ou de longe”, afirma Marcelo. O Imaculada abre de segunda a sábado. O almoço é servido até as 15h, mas a casa fica aberta até as 20h, servindo quitutes e bebidas. O melhor é deixar o carro em casa ou no trabalho e ir caminhando, já que não há estacionamento e a subida a pé é parte do passeio. Basta descer a Rua Acre e, antes da Av. Rio Branco, subir uma escadinha no lado esquerdo. O Imaculada fica logo à esquerda. Lembrando que o Morro da Conceição conserva até hoje a paz dos antigos tempos e não apresenta perigo algum. Ladeira João Homem, 33, perto da Praça Mauá. Fone: (21) 2253-3999

karina martin karina.martin@light.com.br

receitas carol Recentemente recebi por e-mail uma reportagem sobre os benefícios do ovo. Ricos em vitaminas e proteínas, eles voltaram a entrar na moda. Os ovos bons são os orgânicos, é claro, aqueles que são vindos de galinhas criadas soltas, alimentadas com grão de milho, sem hormônios, cuja gema é quase laranja! A imagem de um ovo assim é realmente deslumbrante, dá logo vontade de comer. Confesso que eu não sou muito fã de gema mole, mas acho lindo aquele ovo molinho, com um líquido amarelo forte escorrendo por cima da comida. Acho que é trauma de infância... Na fazenda do meu tio, no interior de Minas, eu era obrigada a comer um ovo por dia, desses quase crus, para crescer e ficar forte. Bom, hoje os ovos são

para mim apenas ingredientes de outras receitas, mas depois que li esse texto, resolvi dar mais uma chance para eles. Em casa, tenho dois fanáticos por ovos: meu marido e meu filho, de 9 meses, tão novo e já tem um paladar apurado, seguindo os passos da família. Essa receita leva uma manteiga apimentada. Caprichei propositalmente nos temperos para me ajudar com o ovo, e não é que funcionou? A torrada ficou divina, foi sucesso absoluto no café da manhã de um desses domingos chuvosos. Nunca vi o Rio ficar tanto tempo sem praia no final de semana! Espero que o tempo melhore, mas não deixe de se alimentar bem e se dar prazer nos dias de folga!

Ovos com torrada ACP

Ingredientes 100 g de manteiga 1 colher de chá de tabasco 1 dente de alho Suco de 1 limão 2 a 4 ovos 2 colheres de sopa de salsa 4 fatias de pão italiano Modo de preparo: Bata a manteiga com o tabasco, alho e limão. Use de 2 a 4 ovos, dependendo da sua fome. Ferva um pouco de água com sal na frigideira e acrescente os ovos um a um. Deixe ferver

levemente por 3 a 4 minutos, assim a clara cozinha, mas a gema continua molinha. Derreta 2 colheres de sopa da manteiga temperada, acrescente a salsa e deixe cozinhar por um minuto. Torre o pão e espalhe a manteiga que não foi derretida, coloque os ovos e regue com a manteiga de salsa. Polvilhe um pouco de sal e sirva imediatamente.

ana carolina portella carolnoisette@hotmail.comr


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lazer

Duas décadas de Curta Cinema Ailton Franco Júnior chama o público para as exibições do Festival, que começa dia 28 Divulgação

O Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro (Curta Cinema) comemora 20 anos de circuitos audiovisuais em 2010. Os amantes do gênero poderão assistir gratuitamente a produções nacionais e internacionais, de 28 de outubro a 7 de novembro. O destaque será a mostra Retrospectiva, um retrato dos principais curtas exibidos nos últimos 20 anos de evento. Será uma boa oportunidade de rever os melhores e principais curtas já produzidos e exibidos pelo festival. O evento tem caráter competitivo e apresenta uma programação diversa, com a participação de competidores de mais de 30 países. Além da competição nacional, há os lançamentos e a mostra Panorama Carioca. Os filmes serão exibidos no Cine Odeon, Caixa Cultural, Oi Futuro e no Ponto Cine, do Guadalupe Shopping. Na programação estão previstas também outras atividades, como o Workshop de Direção, a ser ministrado por Cláudio Assis, cineasta premiado por Amarelo Manga, e o Laboratório de Projetos de Curtas-Metragens, oferecido por David França Mendes, Nora Goulart e André Klotzel. Nesta oficina, um dos inscritos será premiado com latas de negativo, serviços de mixagem, legendagem, telecine, diárias de câmera e equipamentos. O objetivo da premiação é promover a realização do

O diretor do Festival Internacional de Curtas, Ailton Franco Júnior, em Cannes Divulgação

E agora, o que nois ramu comê”, de Luiz Batista. Um dos curtas que fará parte da mostra

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curta-metragem que mais se destacar no laboratório. E para quem curte música haverá ainda o programa especial Blogotèque, que reunirá os curtas performáticos e musicais, com diferentes propostas para os gêneros de videoclipes performáticos e documentais. De acordo com Ailton Franco Júnior, diretor do Festival, a expectativa é que o público se divirta e se emocione, e, principalmente, possa prestigiar a produção mundial de curtas-metragens: “O Festival foi criado para ser um espaço de formação de público, uma porta de entrada para as produções e para ser um espaço de debate e questionamento sobre a própria indústria do cinema”, comenta. O público esperado é bastante variado e, de acordo com o diretor, a cada ano aumenta a participação de jovens. Segundo Ailton, houve uma transformação no formato: “Graças à tecnologia e aos recursos da internet, temos espaço para exibição de curtas na rede, como é o exemplo dos sites YouTube e Porta Curtas, da Petrobras, e isso fez com que muitos jovens passassem a conhecer e assistir mais o gênero”. Já nas oficinas, é comum a participação de estudantes e profissionais ainda novos no mercado cinematográfico, que veem uma chance de aprimoramento de técnicas e de agregar conhecimentos. Ailton observa

que a produção nacional de curta-metragem cresceu em qualidade, técnicas, estilos e novas linguagens são experimentadas. Com vinte anos à frente do Festival, ele avalia que o evento é de grande importância, pois foi e continua sendo a porta de entrada de muitos diretores para o mercado audiovisual. A ideia do Curta Cinema surgiu a partir da necessidade de criar espaços de exibição para o público carioca e reunir pessoas ligadas ao cinema, onde pudessem mostrar e assistir seus filmes. No entanto, segundo Ailton, a paixão virou um negócio e sua fonte de renda. “Eu hoje estou em uma posição privilegiada no mercado de cinema, mas se eu tiver que carregar caixa para fazer meu negócio andar, eu faço. Adoro o glamour das viagens à Europa, mas compreendo que o mercado brasileiro não é feito de glamour, mas de muito trabalho árduo, muitas vezes sem recursos financeiros. Posso fazer qualquer trabalho na área de cinema, porque já suei muito nos bastidores e aprendi o quanto é difícil criar, produzir e vencer nessa área. Não sou uma estrela, mas uma parte da engrenagem que realmente faz o Cinema nacional andar para frente”, afirma.

fabiola buzim fabiolabuzim@gmail.com


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lazer

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dicas da cidade O Islã é aqui O Centro Cultural Banco do Brasil abarca, de 12 de outubro a 26 de dezembro, a exposição Islã, que traz mais de 300 obras de importantes instituições da Síria, como o Museu Nacional de Damasco, e do Irã, como o Museu Reza Abassi. Os curadores Rodolfo Athayde e Daniel Farah buscaram peças representativas da cultura islâmica do século XIII ao início do XX. Galpão Aplauso A peça Avenida Brasil – Crônicas de uma cidade a reparar está em cartaz na sede do grupo Galpão Aplauso, em Santo Cristo, durante todos os sábados de outubro, sempre às 21h. O texto do espetáculo foi

composto a partir de relatos dos cerca de 50 jovens que ocupam o palco, sob direção de Fernando Philbert. Saiba sobre o Porto Dia 26 de outubro, o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) realizará a oficina gratuita “A história da Zona Portuária”, ministrada pela professora Carla Marques. O curso acontecerá das 14h às 16h, na sede do IPN (Rua Pedro Ernesto, nº 32/34, Gamboa). Após a oficina, haverá apresentação do projeto Porto Maravilha, com o palestrante Jorge Luiz Arraes, presidente da CDURP.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br

Sacramentando Noel Marcos Sacramento participará da série de homenagens a Noel Rosa, no CCL O projeto Noel, Feitiço do Samba homenageia o compositor, que em tão pouco tempo de existência deixou centenas de canções inestimáveis. Marcos Sacramento participa da série de comemorações ao centenário do artista, sediada no Centro Cultural Light, em apresentação gratuita no dia 4 de novembro, às 12h30. Você já havia interpretado canções da obra de Noel, ou foi uma pesquisa que surgiu com o convite para o projeto? Já interpretei e gravei várias músicas do Noel. Canto sempre nos meus shows. Noel é uma paixão antiga. Como se encontram Marcos Sacramento e Noel Rosa? Afinidades e diferenças?

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Marcos Sacramento interpretará Noel Rosa no Centro Cultural Light

Afinidades com Noel? Algumas. Já fui boêmio inveterado. A diferença é que não aguentei o tranco e tive que parar com as drogas pra poder continuar. E muitas afinidades também com relação ao amor pelo Rio de Janeiro. Quais as peças de Noel que poderíamos destacar no show que ocorrerá no Centro Cultural Light?

Triste cuíca é sagrada no meu repertório. Dama do cabaré, Meu barracão. Estão no repertório porque as considero obras-primas. Em sua opinião qual é o maior legado de Noel Rosa para a música popular e a cultura brasileira? Noel é paradigmático. A música popular brasileira

se divide em antes e depois dele. Inovou na poética. Criou um estilo. Você ouve e saca logo que é ele. O Centro do Rio foi muitas vezes cenário inspirador para as músicas de Noel. Como você se relaciona com o Centro da cidade? Acha que o bairro hoje pode ser inspirador para os artistas brasileiros? Acho. Adoro o Centro do Rio. Moro no Centro, em Santa Teresa, e estou sempre flanando pelas ruas da cidade. Continua, sim, como fonte de inspiração.

sacha leite sacha@folhadarualarga.com.br


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