Folha da Rua Larga Ed.41

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Divulgação

Bar e barbearia: a raiz é a mesma!

Daniel Murgel traz ruínas ao Morro da Conceição

Sr. Fernando conta a trajetória da Barbearia Miguel Couto, no Largo de Santa Rita. Dono de dois bares no Beco das Sardinhas, ele explica como tudo começou, há quase 30 anos. nossa rua I página 2

folha Recémda rua larga Teresa Speridião traça o perfil do artista plástico Daniel Murgel. chegado ao Morro da Conceição, o jovem ocupa um ateliê em frente ao Jardim do Valongo. Em sua coluna, Teresa descreve o estilo do artista, que esculpe em terra prensada. cidade I página 13

folha da rua larga RIO DE JANEIRO | SETEMBRO – OUTUBRO DE 2013

cultura e cidadania

Profissionais da região ganham curso de idiomas

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 41 ANO VI

Igreja de São Francisco da Prainha inicia processo de restauro após 10 anos de espera Sacha Leite

O Polo Região Portuária identificou que um dos pontos fracos dos funcionários de empresas da região é o conhecimento de idioma estrangeiro. Pensando nos eventos internacionais que a cidade receberá nos próximos anos, o Polo passou a oferecer essa capacitação. página C3

cidade

Feira da Harmonia aumenta e padroniza estandes Desde 2011, artesãos moradores da região portuária expõem na Praça da Harmonia, Gamboa. Organizada pela Amaga, a feira cresceu em tamanho e qualidade, sendo realizada, hoje, no segundo sábado de cada mês e em eventos relacionados à região. cidade 13

cultura e cidadania I páginas C6 e C7

gastronomia

Daniel Murgel

Oishii investe na elegância oriental página 14 Divulgação

cultura e cidadania

Sebrae oferece suporte a negócios locais A partir de pesquisa com mais de 3 mil empreendedores da região, entidade justifica sua atuação no Porto do Rio. Flávia Guerra, coordenadora do projeto “Sebrae no Porto”, explica que a instituição pretende incentivar a permanência de empreendimentos já existentes e o surgimento de novos pequenos negócios no Porto revitalizado. cultura e cidadania I páginas C6 e C7


2 folha da rua larga

setembro – outubro de 2013

nossa rua espaço dos leitores

Rua Miguel Couto abriga uma das raras barbearias da região

Progresso à vista

Salão unissex divide espaço com diversos bares no Beco das Sardinhas Elisa Rigoto

A profissão de barbeiro é uma das mais antigas que existe, mas atualmente é raro se ver uma barbearia pelas ruas da cidade. Com o passar dos anos, as barbearias deram espaço aos modernos salões de beleza com públicos cada vez mais exigentes. Esse fato foi comprovado ao se fazer uma pesquisa sobre barbearias no Centro do Rio no Telelistas. A busca traz como resultado cerca de sete desses estabelecimentos, como o Salão de Barbeiro Miguel Couto, localizado na Rua Miguel Couto. A barbearia existe na região há muitos anos, como relata seu atual dono, Sr. Fernando Barbosa. No entanto o comerciante, de 77 anos, não sabe dizer ao certo quando ela foi inaugurada. Ele conta que, ao chegar de Portugal para morar no Rio de Janeiro, em 1956, ela já existia e pertencia a dois sócios, um brasileiro e outro português. Em 1960, o comerciante, recém-chegado na cidade, decidiu abrir a Adega e Bar Quinta das Videiras, localizada em frente à barbearia. O restaurante Rei dos Frangos Marítimos, duas lojas depois da adega, fora inaugurado 22 anos depois. Com o passar dos anos, a clientela dos restaurantes

Primeiramente, quero parabenizar os amigos da Folha da Rua Larga pela consistência do trabalho de conscientização da importância do local onde vivemos e trabalhamos para a vida de cada um de nós. Com tantas mudanças acontecendo nas vizinhanças, é muito fácil as pessoas perderem suas referências. Nossas histórias de vida têm a ver com os locais que frequentamos e onde vivemos. As obras trazem o progresso que finalmente chegou à Zona Portuária, depois de tantos anos de espera por atenção e interesse dos governantes. Que sejam bem-vindas! Que venham os museus, as grandes avenidas, os investidores e os turistas. Tudo isso só soma à região. Mas não tem por que perdermos uma identidade construída por tantos indivíduos durante tantos anos. A região tem características e personalidade próprias, que precisam ser lembradas, reafirmadas e realimentadas. Daí a importância do trabalho de vocês. Que venha o progresso para a Rua Larga! Miguel Gomes produtor cultural

Há mais de 50 anos no bairro, Fernando Barbosa gerencia outros dois bares além da barbearia

foi aumentando e o espaço interno já não comportava mais o número de clientes que recebia. Então, em 1985, o Sr. Fernando comprou a barbearia para poder utilizar o espaço em frente ao estabelecimento para pôr mesas e cadeiras e atender mais pessoas na hora do almoço. Assim teve início o que se conhece atualmente como Beco das Sardinhas, que fica localizado na Rua Miguel Couto, esquina com a Avenida Marechal Floriano. Apesar da mudança de dono, a clientela do Salão de Barbeiro Miguel Cou-

to, que sempre foi formada por moradores da região e trabalhadores do comércio local, se manteve fiel. É o que demonstra Francisco, de 67 anos, que trabalha no Centro e é freguês do estabelecimento há mais de 30 anos: “Eu já venho condicionado a passar aqui na barbearia. Pode até ter uma com o preço mais barato, mas a gente se acostuma com o profissional”, conta. O próprio dono da barbearia confessa que não corta o cabelo nem faz a barba no seu próprio estabelecimento. Ele diz que frequenta outra barbearia há algum tempo, e não a

troca por estar acostumado com o barbeiro que lhe atende. O Salão de Barbearia funciona de segunda a sexta e, apesar de atender um público predominantemente masculino, que procura o serviço de barbeiro, também oferece cortes de cabelo e manicure para suprir a demanda feminina. Os valores são acessíveis e variam de R$ 10, a manicure feminina, e R$ 22, o corte unissex.

elisa rigoto elisarigoto@hotmail.com

folha da rua larga Conselho editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Diagramação - Suzy Terra

Margutti, Mozart Vitor Serra

Revisão tipográfica - Raquel Terra

Direção executiva - Fernando Portella

Produção gráfica - Paulo Batista dos Santos

Editora e jornalista responsável - Sacha Leite

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

Colaboradores - Aloysio Breves, Ana Carolina Portella,

www.maviartesgraficas.com.br

Carolina Monteiro, Danielle Silveira, Daniel Murgel, Elisa

Contato comercial - Teresa Speridião

Rigoto, Fernando Portella, Marcelle Braga, Mário Margutti

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares

e Teresa Speridião

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

Redação do jornal Rua São Bento, 9 - 1º andar - Centro Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690 www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

Reclamações em vão Meus pedidos, na verdade, são atendidos. A rua fica imunda e vários dias sem ser varrida, então eu ligo para o famigerado 1746 e, uns dias depois, a Comlurb reaparece e varre a rua. O problema é ter que ligar pedindo por algo que deveria ser rotina. A população de rua é outro caso complicado, porque, mesmo com crianças, a Secretaria de Ação Social não vem. Sei que é difícil, pois eles não podem obrigar as pessoas a acompanhá-los. Quanto ao estacionamento irregular, temos inúmeros protocolos de chamados e a Guarda Municipal, quando aparece, só vem no primeiro trecho da rua, sendo que a irregularidade é na rua toda. Ou então eles nem aparecem e dizem que vieram e não constataram nada de errado. Ou vêm e não fazem nada. Enfim, muitas falhas. Ando meio cansada de reclamar e reclamar em vão. Cristina Cavalcanti médica

A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9, sala 101, CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br.


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cultura e cidadania setembro – outubro de 2013

• Arquiteta da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Rio de

Janeiro esclarece detalhes técnicos sobre a reforma da quatrocentenária Igreja de São Francisco da Prainha. páginas C6 e C7

• Conheça os participantes do Projeto Mauá, no Morro da Conceição.

Tradicionalmente, os artistas residentes abrem as portas de seus ateliês nas comemorações do dia 8 de dezembro. página C8

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio

Edição Especial

Criatividade dos ambulantes ganha exposição Galeria Pretos Novos expõe objetos projetados por artesãos anônimos Douglas Mayhew

A arte de vender produtos e oferecer serviços nas ruas do Rio pauta a exposição Design de rua, inaugurada no dia 12 de setembro. A mostra, em cartaz na galeria do Instituto Pretos Novos, na Gamboa, traz artefatos criados e utilizados há décadas por vendedores ambulantes. Estufas para amendoim, fornos improvisados para aquecer queijo coalho, placas pintadas à mão para informar promoções aos fregueses e caixas de engraxate são alguns exemplos do material apresentado. De acordo com os curadores Marco Antônio Teobaldo e Douglas Mayhew, o objetivo da mostra está em dar visibilidade aos mais diversos tipos de design criados por cidadãos anônimos. Marco Teobaldo afirma: “Esta é uma exposição de design sem grife e com uma importante carga de significados que a vida desses artesãos revela em cada uma de suas criações”. O acervo, proveniente de uma coleção particular, estampa a criatividade dos camelôs: “Caminhando pelo Centro da cidade e nas comunidades de periferia, ou desfrutando de um dia

Forninhos para assar queijo de coalho, com materiais reciclados

de sol nas praias cariocas, é possível descobrir até onde chega a criatividade destes trabalhadores”, descreve o curador Marco Teobaldo, no texto de divulgação da exposição. Na mostra figuram, de forma inédita, pequenas estufas construídas por vendedores de amendoim torrado para a manutenção da temperatura do produto, os variados recursos

concebidos pelos vendedores de queijo de coalho no palito, que criaram uma tecnologia para conseguir caminhar sem se queimar, o som das matracas dos comerciantes de biscoitos, que competem com o barulho do trânsito para chamar a atenção dos clientes, as placas sinalizadoras que fazem a publicidade popular, as caixas de engraxate, que circulam pela cidade

Douglas Mayhew

Estufa para amendoim torrado, em latão e aramado

há décadas, com seus desenhos anatômicos. A Galeria Pretos Novos é um espaço voltado à pesquisa curatorial e ocupações artísticas, instalada sobre o sítio arqueológico do recém-descoberto Cemitério dos Pretos Novos, na Gamboa. O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) tem como missão a preservação da memória da cultura afro-

-brasileira e, com a abertura da galeria, passou a divulgar e promover arte contemporânea produzida por artistas brasileiros. A galeria criou uma programação de artes visuais com o propósito de movimentar a cena cultural na Região Portuária durante todo o ano. O IPN está localizado na Rua Pedro Ernesto, 32/34, Gamboa. Segundo os orga-

nizadores, a exposição Design de rua permanecerá no local até 30 de novembro, com visitação de terça a sábado, das 12h às 18h. A entrada é franca. Outras informações pelo telefone: (21) 2516-7089.

da redação redação@folhadarualarga.com.br


C2 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

cultura e cidadania boca no trombone

Cliques Rua Larga

Divulgação

Máscaras ou não Carnaval de Veneza, foliões, blocos cariocas, alegria. São atores populares criticando alguém, valorizando outros, representando papéis de ninguém. O palhaço da Folia de Reis é misterioso – ele é o inconsciente coletivo brasileiro disfarçado em cidadão comum. Não são pessoas de briga, é gente do bem. Quem fala dentro de você e lhe diz o que é certo e errado? É você, seu desejo real, sincero, impressão digital da face, com firma reconhecida, ou são as vozes que te educaram, influenciaram? Não temos senhas para o que entra na nossa cabeça. “Clementina, Clementina, Clementina de Jesus...” Quem colocou esta música na sua cabeça? É você quem faz a sua agenda cotidiana ou é a demanda que comanda seus atos? Quantos “nãos” você deu ao seu coração? Na maior parte do tempo vestimos a máscara mais adequada – aquela que a sociedade impõe. Antes de dormir vá até o espelho e descole lentamente sua máscara, puxando os fios tensos da sua testa. Vá se despindo lentamente, olhe fundo nos seus olhos – são as portas para o seu espírito. Pergunte a si mesmo: “Este sou eu?” Saudade daquela criança que fomos, soltava balões de gás no céu dos sonhos e acreditava realizá-los no chão. Ao tirar a roupa para amar, desmascare-se. Quem são os mascarados das ruas que se escondem por trás da violência, forjada por um Brasil sem oportunidades? Somos todos nós, a sociedade decepcionada, censurada, controlada. Como pode um Caetano Veloso defender as máscaras e ir contra o voto secreto? Ou não? Mesmo no voto aberto, as faces do poder são máscaras empilhadas em anos de mandato. Quantas camadas de disfarces não foram coladas ao longo da política vaidosa em cima do puro olhar (talvez) de outrora, quando esses jovens ingressavam na política, sonhando com um país melhor? São plásticas e mais plásticas, tantas quantas necessárias para parecer o que acham que deveriam ser. Quem engole sapos acaba se transformando em sapo e termina a vida no brejo da outra vida, além da morte. “Cai o rei paus, cai o rei de ouros... e não fica nada”. Um amigo certa vez me disse: “Só se reconhece um homem quando ele está na sarjeta”. Ali na calçada, bêbado, vomitado de si, largado. Pegou pesado. É preciso decidir quem somos e quem queremos ser. Cara lavada, protesto de cara limpa, grito de cara pintada – estampe sua identidade! Não tenha medo do que você pensa hoje, mesmo que mude depois sua maneira de pensar. Seremos amanhã o que não somos hoje e nunca fomos ontem, apesar daquilo que sempre permanece. Quebra-se tudo, mascarado, quando não há inteligência para planejar, liderança para mobilizar, estratégia para conquistar, documento para provar, vontade de dialogar, reunir, contestar na razão, vencer a contestação, perder, ganhar. Seja contra isso e aquilo, a favor disso ou daquilo, discuta sua opinião, mude, tenha certeza (ou quase). Peço a Deus apenas: lucidez e o direito de protestar – uma vida nua, sem máscaras, apesar...

fernando portella cottaportella@globo.com

Thiago Tarm, um dos artistas visuais participantes do Art Rua, realizado em setembro. Evento paralelo ao Art Rio, realizado em setembro, teve como missão cobrir de cores as ruas dos bairros do Porto do Rio. Divulgação

O festival mostrou pinturas, fotografias e painéis feitos por 55 artistas do grafite nacional e internacional, além de performances e instalações, distribuídas na grande área dos galpões da Vila Olímpica da Gamboa.


cultura e cidadania C3 setembro – outubro de 2013

Edição Especial

Trabalhadores da região recebem aulas de idioma estrangeiro Polo Região Portuária oferece curso de inglês aos seus associados Elisa Rigoto

As obras de revitalização na Zona Portuária fizeram com que os bairros em seu entorno ficassem em evidência. Com isso, novos empreendimentos foram levados para a região, que atualmente abriga cerca de 500 bares e restaurantes. Devido à localização do Porto nessa área, a circulação turística é intensa. Além disso, a realização de grandes eventos na cidade, como a Copa do Mundo de 2014, e os Jogos Olímpicos Mundiais de 2016, atrairá pessoas de diversos países para a cidade. Segundo a presidente do Polo Região Portuária, Maria Eugênia Duque Estrada, nesse contexto, o domínio de outro idioma é fundamental para o comércio

Aula de inglês para os associados do Polo Região Portuária

da região, pois o Rio vem se firmando cada vez mais como destino turístico e, consequentemente, o perfil dos consumidores está mudando. Por isso, surgiu a necessidade de qualificar os funcionários dos bares e res-

taurantes locais para prestar um serviço de qualidade aos clientes estrangeiros que têm como destino o Rio de Janeiro. Com o intuito de preparar o Brasil para esses eventos, o Ministério do Turismo se

uniu ao Ministério da Educação para levar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ao segmento turístico. O Pronatec foi criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. O programa, em parceria com o Senac, oferece um curso de inglês básico aos associados do Polo Região Portuária através do Programa Pronatec Copa na Empresa. Maria Eugênia conta que o curso é o primeiro a ser oferecido aos seus associados e que o interesse pela qualificação partiu de um deles, que levou ao Polo as informações sobre o programa do governo. O curso tem como objetivo que o aluno

aprenda a se comunicar com facilidade em situações cotidianas pessoais e também em contextos profissionais. O foco do curso é a prática do idioma, por isso a dinâmica de aula oferece bastante diálogo em grupo e há simulações de situações sugeridas pelos próprios alunos. No primeiro módulo, é passada a parte básica de gramática e vocabulário. Já no nível seguinte, os alunos aprendem a utilizar esse conteúdo para dialogar em inglês sobre sua vida, seus interesses, sua família e seu trabalho. No último módulo, o curso enfatiza o conteúdo necessário para que o aluno saiba expressar opiniões. As aulas acontecem às terças e quintas, com duração de duas horas, no Sindi-

Você, empresário...

cato dos Garçons, Barmen e Maîtres do Estado do Rio de Janeiro (Sigabam). O programa tem duração de 180 horas e previsão de término para abril de 2014. Após a formação no curso, os cerca de 20 alunos estarão aptos a atender o público estrangeiro que chegará em julho para a Copa do Mundo. Um desses alunos é Francisco das Chagas, de 40 anos, que trabalha como garçom no Restaurante Málaga, no Centro. “É uma grande oportunidade participar dessa parceria do Senac com o Polo. Só temos a agradecer e parabenizar”, comemora.

elisa rigoto elisarigoto@hotmail.com

Espaço Meu Porto Maravilha

formal ou informal, pode aproveitar as oportunidades que surgem com o desenvolvimento A Prefeitura do Rio e o Sebrae oferecem serviços gratuitos: consultorias, eventos, cursos e divulgação do seu negócio.

Feira da Harmonia

Informações: Atendimento presencial Quartas-feiras, das 10h às 16h, no espaço Meu Porto Maravilha esquina das avenidas Barão de Tefé e Venezuela

MAR

Rodada de Negócios 2013

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C4 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

cultura e cidadania

Um impulso aos micro e pequenos empreendedores da Região Portuária Sebrae promove pesquisa de campo e auxilia negócios locais a alcançarem sucesso Divulgação

O projeto especial Sebrae no Porto começou em 2011 com o planejamento das ações que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro está realizando no território da Operação Urbana Porto Maravilha. A coordenadora do projeto pelo Sebrae/RJ, Flávia Guerra, esclarece que o objetivo geral da entidade está em apoiar o desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios na Região Portuária do Rio de Janeiro, contribuindo para a inclusão produtiva e a integração socioeconômica desses pequenos negócios no processo de transformação que acontece em toda a área do Porto. Após a etapa de planejamento, o Sebrae/RJ firmou convênios com os principais parceiros governamentais e privados atuantes na região: a prefeitura do Rio de Janeiro, através da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) – responsável pela Operação Urbana Porto Maravilha – e do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, a Incubadora de Empreendimentos Populares – que é um braço da Incubadora Afrobrasileira –, o Polo Empresarial da Região Portuária – que sucedeu ao pioneiro Polo da Nova Rua Larga –, as associações de moradores e entidades civis presentes no território e os coletivos de artistas e empreendedores com atividades relacionadas à Economia Criativa – como o movimento ConDomínio Cultural,

recentemente criado na região, e outras organizações não-governamentais que trabalham de forma independente no território do Porto Maravilha. A primeira ação consistente do projeto foi a realização de um amplo estudo socioeconômico da região, que possibilitou mapear as quantidades, as características, os tipos e as principais demandas dos pequenos empreendedores do Porto. Os resultados desse estudo foram publicados em um boletim semestral, de julho de 2013, intitulado O Porto Maravilha e os desafios da reintegração econômica da região na dinâmica da cidade. Os dados contidos nesse boletim permitiram balizar as ações do Sebrae no Porto, tendo como público-alvo, segundo informou Flávia Guerra, os potenciais empresários, os microempreendedores individuais, as micro e pequenas empresas localizadas no território-alvo do projeto Porto Maravilha, bem como os empreendimentos que deverão se instalar na região, criando novas oportunidades de negócios e trabalho. Entre os estudos realizados, destaca-se uma pesquisa de campo com cerca de 3 mil empreendedores da região. Também foi feito um estudo das potencialidades da cadeia produtiva do turismo para pequenos negócios. Outro estudo relevante teve como foco as potencialidades do Circuito Cultural da Herança Africana (daí a importância da parceria com o Instituto Rio Patrimônio da Hu-

manidade). Por fim, cabe ressaltar também a feitura de um diagnóstico sobre as oportunidades de negócio para o setor de bares e restaurantes. Segundo Flávia, a proposta inclui “a retenção dos empreendimentos que já existem, e o apoio à chegada dos novos pequenos negócios que irão se instalar na região no ano de 2014, quando as obras de infraestrutura do Porto Maravilha deverão estar concluídas”. O projeto tem características inovadoras. A participação do Sebrae na rica experiência que é o Porto Maravilha, possibilitará identificar os componentes estruturantes de um modelo de atuação da entidade em áreas urbanas que estejam passando por um processo de requalificação, revitalização ou influência de grandes investimentos em infraestrutura, que, por sua vez, alteram as dinâmicas social, econômica, cultural e/ou política dessas áreas.

Flavia Guerra, coordenadora do projeto Sebrae no Porto Divulgação

Capa do Boletim do Sebrae/RJ, que divulga as estatísticas socioeconômicas do território da operação Porto Maravilha Reprodução

Estudos do Sebrae/RJ revelaram que trabalhadores por conta própria, na área do Porto e Caju, recebem a menor renda média em comparação com o entorno e com a cidade do Rio de Janeiro (R$ 903), comprovando a necessidade do apoio da entidade aos negócios locais

Padarias são oportunidades de negócios na região Entre os principais projetos na região, destaca-se o apoio à revitalização da feira de artesanato que acontece todo segundo sábado de cada mês, na Praça da Harmonia, na Gamboa. Segundo Flávia Guerra, hoje a feira funciona de modo organizado, após o Sebrae ter promovido a capacitação dos artesãos, o incentivo à formalização do negócio de cada um, além da melhoria do design e dos produtos colocados à ven-

da. A entidade também proporcionou aos feirantes a publicação de um catálogo e o acesso a novos canais de comercialização. De acordo com a coordenadora do projeto, somente os moradores da região frequentam a feira de artesanato da Praça da Harmonia. Para ela, é preciso tempo para que esse tipo de atrativo cultural se estabeleça: “A feira ainda não está consolidada, como é o caso da Feira do Lavradio ou da Feira da Praça XV, que já existem há muitos anos e precisaram de pelo menos uma década para acontecer”. Porém sua expectativa é otimista: “Acredito que a feira irá se inscrever no calendário da cidade, até por conta de atrativos culturais, como é o caso dos integrantes dos Escravos da Mauá, que antes se reuniam no Largo de São Francisco da Prainha e agora passaram a fazer sua música na Praça da Harmonia”. Uma parceria com a Incubadora de Empreendimentos Populares (IEP) resultou na mobilização, seleção e acolhida de 100 empreendedores radicados no Porto. Localizada num velho sobrado da Rua Senador Pompeu, nº 75, a Incubadora vai oferecer consultoria gratuita aos 100 incubados, nas áreas de gestão de negócios, consultorias especializadas, assessoria técnica e apoio logístico. O processo iniciou-se com palestras informativas na Semana do Porto Empreendedor, na sede da Incubadora (mais informações sobre o trabalho da IEP


cultura e cidadania C5 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

Divulgação

podem ser encontrados em reportagem da edição 40 da Folha da Rua Larga). Por sua vez, a Semana Porto Empreendedor é um evento anual do Sebrae/RJ, que abrange palestras, cursos, consultorias e legalizações de pequenos negócios. A média é de 1.500 atendimentos por ano. Outro resultado importante está vinculado à revitalização dos pequenos negócios tradicionais do território do Porto: o comércio varejista, as gráficas de tipos móveis, os sebos, os bares e os restaurantes. Para esses empreendedores, conta Flávia Guerra, o Sebrae proporcionou “reforço da identidade de cada negócio, melhoria no visual das lojas ou estabelecimentos, além de capacitação em marketing e gestão”. No ano que vem, deverá ser lançado um masterplan da Região Portuária, um mapa digital que permitirá monitorar e detectar boas oportunidades de negócios em função das transformações ocorridas na região. Flávia já adianta que o Sebrae constatou que boa parte do território do Porto Maravilha não dispõe de uma padaria. “Há locais que vendem pão, mas não existe uma única padaria em grande parte da região”, afirma. Outro resultado importante foi obtido em parceria com a IEP: “Oferecemos 100 vagas para pequenos empreendedores, que agora poderão melhor desenvolver seus negócios porque terão cursos de capacitação e consultorias totalmente gratuitas”,

conta Flávia. Segundo ela, a IEP teve preferência em relação à Incubadora Afrobrasileira porque “não tem um recorte étnico e porque seu trabalho é voltado para as classes sociais D e E. O Sebrae está complementando o trabalho da IEP no apoio aos empreendedores incubados, oferecendo cursos de capacitação, consultorias especializadas e acesso a ferramentas de mercado. Uma ação das mais relevantes do projeto Sebrae no Porto foi a mobilização de consultores especializados para fazer o monitoramento e o acompanhamento dos diversos segmentos atendidos. Esses agentes, informa Flávia Guerra, “percorrem o território da Operação Urbana Porto Maravilha para detectar pessoalmente os pequenos negócios da região e atender às demandas que aparecem”. O foco dos agentes é o relacionamento direto com os micro e pequenos empresários. O Sebrae também criou uma forma de atendimento especial para os pequenos negócios da Região Portuária: um plantão empresarial gratuito. Através desse plantão, um consultor da entidade fica no Centro de Exposição Meu Porto Maravilha, da Cdurp, na Rua Barão de Tefé, esquina com a Avenida Venezuela, todas as quartas-feiras, das 10 às 16 horas, oferecendo orientações para formalização de empresas, consultoria para legalização de microempreendedores individuais, informações sobre crédito e problemas

Após capacitar os artesãos e promover melhorias no design, a meta do Sebrae/RJ é consolidar a Feira de Artesanato da Praça da Harmonia no calendário da cidade Divulgação

Fachada da sede da Incubadora de Empreendimentos Populares, na Rua Senador Pompeu, que realiza, em parceria com o Sebrae/RJ, a Semana Porto Empreendedor

trabalhistas, além de informações sobre capacitação empresarial e eventos de negócios. Essa ação do Sebrae integra o Programa Porto Maravilha Cidadão da Cdurp, que também apoia os empreendedores locais e ajuda na geração de empregos para a população moradora da região. Rodadas de negócios aproximam pequenos empreendedores de grandes empresas Na região do Porto, o Sebrae já realizou duas

rodadas de negócios. Essas reuniões aproximam micro e pequenos empreendedores de grandes empresas-âncoras, para que os primeiros possam negociar a venda de seus produtos e serviços. O primeiro evento do gênero foi realizado em 2012 e contou com a participação de oito organizações-âncoras: Bunge, Consórcio Porto Rio, Concessionária Porto Novo, Píer Mauá, Tishman Spyer e Light. A segunda rodada, realizada em 2013, movimentou R$ 5 milhões em negócios. O objetivo foi

promover a venda de material de limpeza, papelaria e serviços gráficos para as âncoras, que neste ano foram: o Museu de Arte do Rio de Janeiro, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária, o próprio Sebrae, o Consórcio Rio Paz, a Concessionária Porto Novo e o Consórcio Porto Rio – que executam as obras de revitalização da Região Portuária mediante a associação das empresas de engenharia OAS, Carioca Engenharia e Norberto Odebrecht. Na visão de Flávia

Guerra, “no que se refere ao componente socioeconômico, o Sebrae é o principal parceiro e agente executor que tem convênio com a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro”. Uma parceria que deverá ficar ainda mais intensa, quando a Cdurp se transferir do prédio que ocupa em Laranjeiras para a nova sede que está sendo construída na Rua Sacadura Cabral. O grande desafio do projeto é encontrar a melhor maneira de potencializar o desenvolvimento da região através da geração de pequenos negócios locais e da atração de novos empreendimentos. Estes dois movimentos básicos deverão estar alinhados com uma política de preservação do patrimônio histórico material e imaterial. De acordo com o boletim do Sebrae, a Região Portuária possui vocações relacionadas ao turismo, entretenimento, cultura e lazer, com destaque para o circuito histórico local e a cadeia produtiva do Carnaval. As atividades de tecnologia, inovação e economia criativa também estão em pauta quando o objetivo é a atração de novos negócios. Além disso, a chegada de grandes empreendimentos abre novas oportunidades, como é o caso da instalação da nova sede do Banco Central, atualmente em obras, que deverá transferir 800 funcionários para o novo prédio da Gamboa.

mário margutti mfmargutti@gmail.com


Teresa Speridião

C6 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

cultura e cidadania

Começa o restauro da Igreja de São Francisco da Prainha Templo foi interditado pela Defesa Civil em maio de 2004 Teresa Speridião

A Igreja de São Francisco da Prainha fica em uma ladeira de pedras e poucas escadas na Rua Sacadura Cabral, Praça Mauá. Um pouco afastada da rua, em um pequeno largo, chamado Adro de São Francisco, havia 10 anos que o monumento, datado do século XVII, aguardava reformas emergenciais. Testemunha de importantes episódios da história do Rio de Janeiro, a casa religiosa foi fechada pela Defesa Civil há quase uma década devido à má conservação, que provocou, inclusive, o desmoronamento de boa parte do telhado da igreja. Tombada pelo Iphan como patrimônio artístico, a igreja pertence à fraternidade franciscana Venerável Ordem Terceira da Penitência. Diversos casarios do entorno também são da entidade, até mesmo a escolinha do Adro, Dr. Padre Francisco da Motta. Iniciou-se, em setembro, a aguardada restauração da igreja, financiada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), responsável pelo Porto Maravilha. A escolha da empresa que fez o projeto de restauração e da que realizará o restauro se deu por meio de licitação.

Fachada da Igreja construída no século XVII Teresa Speridião

Ordem de incêndio para defesa contra os franceses Diz a história que tudo começou em 1656 e, ao que tudo indica, a Igreja de São Francisco da Prai-

Placa fixada em 1910 cita a data de fundação do templo

nha foi mesmo construída por Padre Dr. Francisco da Motta. Ele dedicou sua vida à igreja e faleceu em 1704, deixando em testamento tudo o que possuía: imóveis, terrenos, escravos e trapiche (armazém) para a Venerável Ordem Terceira da Penitência (VOT). Em troca, pediu rezas e um altar para Santo Ivo. Eram tantos os imóveis e terrenos doados que, até hoje, mais de 300 anos depois, os moradores ainda são obrigados a pagar, anualmente, o foro para a VOT, além de uma porcentagem na venda dos imóveis. De 1656 para cá, muitas águas rolaram, inclusive a Invasão Francesa, em 1710, quando a população viu, atônita, a chegada dos franceses, para terror dos moradores. O povo revidou e os franceses se amotinaram no trapiche e na Igreja de São Francisco da Prainha. Temendo que eles dominassem o Morro da Conceição, o então governador Francisco de Castro Moraes ordenou que colocassem fogo na igreja e no trapiche. Durante anos, a igreja permaneceu sob escombros e cinzas, mas foi reconstruída em 1738. Vale lembrar que o nome São Franciso da Prainha se deve ao fato de que o mar seguia até o sopé do Morro da Conceição. Portanto, a Rua Sacadura Cabral, na altura do Largo da Prainha, formava uma faixa de areia adornando o Morro. Em seu interior, a capela conservava o estilo barroco, como a maioria das igrejas em sua época.

Estilo sofreu alteração com a reconstrução no século XX Depois da reforma, em 1910, o estilo foi modificado e ela tomou feições neogóticas. O teto abobadado, o mobiliário e o confessionário são de madeira escura e envernizada. A nave é iluminada por um riquísismo lustre de cristal, com pingentes. Ainda no seu interior, há três altares: o principal possui imagem de Cristo crucificado, ali denominado Bom Jesus dos Navegantes. Mais abaixo, São Francisco de Assis, e nas laterais, São Lúcio e Santa Dona. Na capela mor, há imagens de São José e Santo Antônio. No lado do Evangelho está Nossa Senhora da Bonança e, em frente, o Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora dos Navegantes e São Sebastião estão no lado da Epístola. A sacristia está situada do lado esquerdo da igreja, com entrada idependente. Há também um quadro, em tamanho natural, de Padre Dr. Francisco da Motta, sobre um fundo escuro. Um altar de talha, com adornos dourados, que mostra a imagem de Santo Ivo, conforme pedido pelo Pe. Francisco da Motta, em testamento. Dois grandes painéis ladeiam o altar, ambos de São Francisco de Assis. A população aguarda a inauguração dessa igreja, que é mais uma importante riqueza entre tantas outras do Rio de Janeiro.


cultura e cidadania C7 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

Teresa Speridião

Restauro manterá lustre original

Teresa Speridião

Forro do telhado é um dos aspectos deteriorados que será renovado

entrevista I com Fabíola Amaral, supervisora do projeto pela Cdurp De início, o que será feito nas instalações do histórico monumento?

De acordo com avaliação técnica, qual era o estado do bem?

Haverá alguma mudança com relação à original?

Inicialmente, faremos as obras emergenciais de escoramento da parede lateral da Igreja e a cobertura provisória, visando a proteção dos pontos mais críticos do bem.

A igreja apresenta um avançado estado de degradação, em função do desmoronamento da cobertura e do forro do salão sobre a sacristia, além das diversas infiltrações, trincas e fissuras no forro da nave e da capela mor, por isso a necessidade da execução das obras da cobertura provisória e de restauro. A igreja foi fechada em 2004 pela Defesa Civil, e devido à sua importância histórica para a Região do Porto, iniciamos o processo de restauração.

Não. A restauração da igrejinha vai manter as características originais do bem. Apenas as instalações serão modernizadas.

Como se deu o processo de escolha da empresa que realizará o restauro? Em setembro do ano passado, a Cdurp lançou o edital de licitação para contratação de empresa especializada, para elaboração do projeto de restauração da igreja, com recursos do Programa Porto Cultural. Após a finalização dos projetos, a Cdurp contratou, também através de licitação, a Construtora Biapó, para execução das obras de escoramento, cobertura provisória e restauro arquitetônico. A ordem de início foi no dia 05 de setembro de 2013. A Igreja São Francisco da Prainha é um bem tombado federal e todo o projeto de restauração foi desenvolvido conforme orientações do Iphan.

Qual é o principal objetivo dessa ação? Reestabelecer as funções e criar condições para que a população possa voltar a frequentar a igreja. Qual é a previsão de finalização e reabertura da igreja? O prazo da obra é de oito meses. A previsão de reabertura é maio de 2014.

Qual é a importância de se restaurar esse bem? Trata-se de uma igreja do final do século XVII, de grande importância histórica e arquitetônica para a Região do Porto, e a Cdurp tem a missão de reintegrá-la à região e à comunidade. Após a reabertura, de que maneira será feita a manutenção das instalações da igreja? Após o término das obras de restauração iremos devolvê-la à irmandade proprietária e a manutenção será feita pela mesma.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com.br


C8 Edição Especial

setembro – outubro de 2013

cultura e cidadania

Mais um Dia da Conceição comemorado com artes plásticas Artistas residentes no Morro da Conceição abrirão as portas de seus ateliês no final do ano

Quatorze artistas do Morro da Conceição deixarão abertos seus ateliês para visitação nos dias 6, 7 e 8 de

dezembro, por ocasião dos festejos para a padroeira Nossa Senhora da Conceição. Além disso, o evento

inclui também instalações, intervenções urbanas, márcaras interativas, cineclube e o FIM – Fim de Semana

do Livro no Porto. Confira a programação a partir de novembro na página do Projeto Mauá, no Facebook.

Participarão do evento os seguintes artistas: Gaia – Casa de Técnicas e Artes Ladeira Felipe Neri, nº 15 Osvaldo Gaia Ladeira João Homem, nº 34 Renato Sant’Ana Ladeira João Homem, nº 46 Paulo Dalier Ladeira João Homem, nº 52 Claudio Aun Ladeira João Homem, nº 59 Ateliê Oficina Garagem Ladeira João Homem, nº 68

Fotografia de Guenther Leyen

Leandro Barbosa Ladeira João Homem, nº 76, aptº 202 Teresa Speridião Rua Sacadura Cabral, nº 63 Juan Russo Largo da Santinha, nº 87 Lua Luz Rua do Jogo da Bola, nº 101

Quadro de Teresa Speridião

Adrianna Eu Rua do Jogo da Bola, nº 102 Ventos do Norte Rua do Jogo da Bola, nº 117, sobrado Vilmar Madruga e Bianca Madruga Rua do Jogo da Bola, nº 119 Bordado Carioca Rua do Jogo da Bola, nº 140 Pintura de Renato Sant’Ana

Patrocínio

Escultura de Cláudio Aun

Realização


13 folha da rua larga

setembro – outubro de 2013

cidade

Feira da Harmonia cresce em tamanho e qualidade Artesãos investem em estandes e recebem capacitação para melhoria de produtos e serviços Teresa Speridião

Há dois anos, a Praça da Harmonia, como é conhecida popularmente a Praça Cel. Assunção, na Gamboa, abriga um crescente movimento de artesãos locais. A organização geral fica por conta da Associação de Moradores e Amigos da Gamboa (Amaga) da chamada Feira da Harmonia. O evento vem evoluindo em ritmo acelerado há quatro meses, quando houve o crescimento do número de barracas e a padronização das participantes. Além disso, hoje o festival Sabores do Porto participa

Erica Provenzano Martins Marques, diretora de arte e cultura da Amaga

da feira com 10 a 15 barracas de alimentos. A feira apresenta, no segundo sábado de cada mês, diversos tipos de roupas, bijuterias, quadros, bolsas,

acessórios, souveniers e inúmeros tipos de artigos manufaturados. Apesar de a feira ter progredido, Erica Provenzano Martins Marques, coordenadora de Arte

e Cultura da Amaga, aponta o que ainda precisa melhorar: “A Amaga organiza a feira desde 2011. Em abril, entrei para a diretoria da Associação. As vendas não são enormes. A divulgação que temos é só nossa, no boca a boca, e no Facebook”. Erica explica que, além de a feira de artesanato sempre acontecer no segundo sábado de cada mês, os artesãos também procuram participar de eventos de grupos relacionados à região: “Quando promovem eventos desse tipo, como o Prata Preta, Cia de Mystérios e Novidades, ComDo-

mínio Cultural, dentre outros, participamos como feira”. Em outubro, a Feira abrirá em virtude do Dia das Crianças. Já em novembro, a programação está sendo discutida, mas ainda está em aberto. O segundo sábado de dezembro será voltado para o artesanato natalino. Os organizadores afirmam que o calendário de 2014 já está pronto, inclusive para o mês de Carnaval, e sugerem que o leitor vá conhecer a Feira da Harmonia. Carlos Frederico, assessor de Desenvolvimento Econômico e Social da

Cdurp, uma das apoiadoras do evento, lembra da importância do auxílio do Sebrae: “Há uma reunião semanal com representantes do Sebrae que identificam as necessidades dos 20 a 30 artesãos participantes, sendo que a maioria é morador da região”. Ele explica que a instituição dá consultorias sobre assuntos úteis como finanças e marketing.

teresa speridião e sacha leite teresa.speridiao@gmail.com sacha@folhadarualarga.com.br

morro da conceição Ruínas e Rendas Mais um artista retorna ao Rio de Janeiro. Sem hesitar, escolhe o Morro da Conceição para montar seu novo ateliê: num casarão antigo, sobre o novo Valongo, limpo e restaurado. Lá está ele com uma vista privilegiada e a sensação de que o Jardim do Valongo é todo seu. Nada mais perfeito e inspirador para um artista recém-chegado. Daniel Murgel nasceu em Niterói, mudou-se para o Rio, formou-se em Belas Artes no curso de Pintura da UFRJ. Depois, foi morar em Santa Teresa e história vai, história vem, muitos trabalhos e uma longa experiência como artista que lhe renderam várias exposições, vídeos, instalações e performances. Há algum tempo, ganhou uma bolsa de um ano para o projeto Construindo Ruínas, em Belo Horizonte, na Pampulha. O trabalho tinha tudo a ver com seus projetos artísticos. Além do mais, o que é construir ruínas e

sonhos para quem é filho e neto de arquitetos? Já veio no DNA! Depois de Belo Horizonte, Murgel foi para São Paulo. Lá morou em uma espécie de centro cultural chamado Fhosforus. Foi um período bastante fértil em sua vida. De lá, trouxe muitas saudades e boas lembranças dos colegas e amigos que deixou. Murgel conta com entusiasmo sobre um convite que recebeu, quando ainda morava no Fhosforus, para uma residência na reserva ecológica Terra Una, sul de Minas, na Serra da Mantiqueira. Nadan Guerra, o artista que o chamou, era o coordenador encarregado de promover as atividades socioculturais, artísticas e esportivas da reserva Augusto Pestana. Na verdade, lá é uma ecovila onde os participantes trabalham, inclusive, com oficinas para crianças, além da criação de brinquedos nas praças, usando recursos naturais da região e instigando o imaginário de adultos e crianças.

Tudo isso é passado e agora, do lado de cá, está o seu ateliê, no alto do Valongo, repleto de projetos, trabalhos, sonhos, livros, vídeos e fotos. Nada mal para um jovem artista com tanto tempo pela frente e quatro belas estátuas gregas, que testemunham a história da casa laranja. Recentemente, Murgel recebeu um convite das curadoras Marta Mestre e Fernanda Pequeno para um trabalho no Museu Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Lá estão aproximadamente 800 obras de Bispo do Rosário, que vêm ganhando projeção mundial com a participação em bienais como as de São Paulo, Veneza e Londres. Ruínas e Rendas é o nome do trabalho que Murgel desenvolverá no museu a partir de 4 mil adobes (terra prensada). Ele construirá, aos moldes dos imigrantes negros escravizados, uma habitação com esses “tijolos”, retirados do próprio local, nas dimensões 3m x 4m e 2m de altura, usando

Obra de Daniel Murgel

uma massa de cimento forte para unir os adobes entre si, de forma que, quando a chuva cair, os adobes retornarão ao chão, de onde foram extraídos e, então,

sobrará apenas o esqueleto de cimento, em forma de renda. Para esse trabalho, o artista se inspirou, entre outras coisas, no título de um trabalho de Bispo do Rosá-

rio: “Como devo construir o muro nos fundos da minha casa”. Se a ruína se tornar renda ou se a renda se tornar ruína, não importa. Impera e floresce a ideia da terra transformada num ciclo que sempre se fez entre o homem e a terra, ora como provedora, ora acolhedora e infalivelmente consumidora de nós mesmos. É por isso que as obras de arte nos comovem tão profundamente. Elas estabelecem um diálogo com a gente para que possamos entender o fazer artístico. O trabalho de Murgel pode ser visto até abril de 2014, na exposição Play, em cartaz no Complexo Cultural Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, na Estrada Rodrigues Caldas, nº 3.400, Taquara, Jacarepaguá. Mais informações pelo telefone: (21) 3432-2402.

teresa speridião teresa.speridiao@gmail.com


14 folha da rua larga

setembro – outubro de 2013

gastronomia

Oishii é a mais nova aposta do almoço no Centro do Rio

receitas carol

Restaurante japonês oferece rodízio com mais de 50 opções de pratos frios e quentes Divulgação

Uma porta decorada por um belo painel oriental orna a fachada vermelha de um diminuto salão na Rua Teófilo Otoni, localizada no coração do Centro do Rio. Dentro dela, encontra-se uma nova aquisição da região que vem se reinventando e ganhando espaço como um novo polo gastronômico da cidade: o moderno e sofisticado restaurante oriental Oishii, nome que significa “gostoso” em japonês. A casa de dois andares, com pé direito alto, surpreende pela decoração, cuidadosamente elaborada pelo cenógrafo Luiz Cláudio Velho. Budas, lanternas japonesas e até mesmo um belo aquário fazem parte do espaço criado para receber os comensais. O empreendimento é a nova aposta dos proprietários do Yumê, no Jardim Botânico, casa que se tornou referência da boa culinária japonesa, recebendo até mesmo artistas internacionais, como Madonna e Steven Spielberg. Desde janeiro o Oishii funciona com a ideia de levar o conceito de excelência e modernidade, desenvolvido na matriz, para o Centro da cidade. A casa adotou um serviço diferenciado, com funcionários experientes no atendimento de restaurante japonês e treinados para atender os clientes, durante o horário do almoço, com habilidade e rapidez. Por enquanto, o rodízio, com preço fixo de R$ 57,90, é a única modalidade servida no cardápio local. O Oishii pretende lançar ainda em outubro um menu de pratos executivos, em que irá servir clássicos da culinária japonesa que se consagraram junto ao paladar brasileiro. Para comandar o balcão

de sushis da casa foi escalado o sushiman Edmilson Medeiros. Da ponta de sua faca saem sashimis de salmão e atum selado com gergelim, sushis de camarão, kani e peixe branco defumado, makimonos, como Hot Filadélfia, Califórnia e tartar de salmão e temakis variados. O sistema de rodízio conta ainda com pratos quentes, como harumaki de camarão com catupiry, espeto de lula, tempura de legumes e yakissoba de diversos sabores.

Bem-vindas as flores! Hoje é possível encontrarmos uma variedade de flores comestíveis que deixam qualquer prato incrível. Capuchinho, flor de laranjeira, borago, amor perfeito, cravina, todas

são lindas, coloridas e deliciosas. Passeando numa das feiras do Rio, encontrei ingredientes fresquinhos e orgânicos para fazer essa salada com cara de primavera. Aproveitem!

Salada de arroz integral com ricota e tomate seco ACP

O segundo andar do encantador Restaurante Oishiio Divulgação

Ingredientes • 300g de arroz integral cozido • 60g de tomate seco • 60g de ricota fresca ralada • 2 colheres de sopa de manjericão fresco picado • 3 colheres de sopa de cebolinha picada • ¼ de xícara de brotos de rúcula • Flores comestíveis para enfeitar O famoso Combinado Oishiio Divulgação

Para o molho

Divulgação

Para aqueles que desejam privacidade para uma reunião de negócios, ou mesmo um almoço mais reservado, foi criado um espaço VIP, que comporta até 12 pessoas, em um ambiente exclusivo e aconchegante. O Oishii fica na Rua Téofilo Otoni, nº 129. Telefones: 3173-4967 e 3172-4862.

Lula no espeto e o delicioso hamumaki de brigadeiro

danielle silveira daniellethamires@hotmail.com

• 2 colheres de sopa de vinagre balsâmico • 2 colheres de sopa de azeite extravirgem • ½ colher de chá de sal • ½ colher de chá de mel Modo de preparo Misture os ingredientes Bom apetite! do molho com um batedor manual e reserve. Misture os ingredientes da salada com o molho, menos ana carolina portella os brotos e as flores. carolnoisette@hotmail.com Coloque a salada num prato Confira outras e decore com os brotos e as receitas da Carol no blog flores. nacozinhacomcarol.blogspot.com



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lazer folha da rua larga

setembro – outubro de 2013

dicas da cidade Renovação nos Filhos de Talma Emílson Ramos, presidente da Sociedade Dramática Particular Filhos de Talma, informa que a entidade está sofrendo reforma emergencial, conforme prometido pela prefeitura do Rio, mas ainda não tem data para a reabertura. Ele lembra que a Sociedade foi fundada por um grupo de portugueses em homenagem ao dramaturgo francês François-Joseph Talma, que mudou a forma de vestir nos palcos da Europa. Esporte e Cultura no Galpão Gamboa O Instituto Galpão Gamboa oferece cursos de muay thai, kickboxing, jiu jitsu, judô, yoga, teatro, canto e dança gratuitos para moradores da região. A entidade, dirigida por Marco Nanini e Fernando Libonati, está sempre com programação cultural intensa. Confira no site: galpaogamboa.com.br. Jongo no Centro Cultural Justiça Federal Utilizando percussão, dança coletiva, canto e improvisações poéticas, o Jongo é uma conjugação da dança profana com componentes de religiosidade oriundos dos ancestrais negros. O Grupo Cultural Jongo da Serrinha, com um espetáculo intimista e festivo, lança seu mais novo CD, Vida ao Jongo, nos dias 19 e 20 de outubro, às 19h, no Centro Cultural Justiça Federal, da redação na Cinelândia. redacao@folhadarualarga.com.br

Pioneirismo na transformação do Centro do Rio Exposição traz curiosidades sobre origem e trajetória de Pereira Passos Divulgação

Francisco Pereira Passos, uma das figuras públicas mais emblemáticas que o Rio já teve, é tema da exposição Pereira Passos – Cidadão de São João Marcos, no Centro Cultural Light. Prefeito da cidade entre 1903 a 1906, ele esteve à frente de projetos como a estrada de ferro do Corcovado, a reconstrução do Palácio Monroe, o Obelisco na Avenida Central, a Avenida Atlântica, o túnel do Leme, com acesso para Copacabana, o mercado Municipal na Praça XV e a Escola Nacional de Belas Artes. Para Luís Felipe Younes do Amaral, analista de Comunicação da Light, “falar de Pereira Passos é trazer à tona a história de um homem que impulsio-

A fotografia de Augusto Malta mostra Bernardelli esculpindo o busto de Pereira Passos

nou o Rio de janeiro ao desenho de uma verdadeira metrópole, digna desse título e comparável a outras grandes cidades da Europa”. Para ele, as mudanças pelas quais passa o Porto hoje tornam tal referência ainda mais forte e oportuna.

A exposição conta detalhes pouco conhecidos da trajetória da vida de Pereira Passos, que vão além de sua passagem pela prefeitura do Rio, como a origem de sua família, na cidade de São João Marcos, suas viagens à Europa e alguns de seus escritos. Na exposição, que conta com textos assinados por Aloyzio Clemente Breves Beiler, o público poderá conferir ainda detalhes de importantes trabalhos ligados às ferrovias no país, como a Ferrovia Santos– Jundiaí, inaugurada em 1867, a Ferrovia Bagé– Uruguaiana, de 1869, e a viagem à Europa em companhia do Barão de Mauá, para tratar do capital envolvido na construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway.

A exposição Pereira Passos – Cidadão de São João Marcos conta ainda com elementos interativos como um mapa do Rio de Janeiro à época das reformas. Ele estará à disposição do público para ser preenchido com ímãs contendo imagens de lugares que passaram por transformações durante a gestão de Passos, como o Largo do Machado e a Avenida Central. Iniciativa do Instituto Light, realizada pelo Instituto Cultural Cidade Viva, a exposição ficará em cartaz até o dia 24 de outubro.

da redação redacao@folhadarualarga.com.br


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