HISTÓRICO DO EDIFÍCIO
Para contextualizar sua importância histórica, é interessante saber que a Casa das Rosas foi projetada e construída entre 1928 e 1935 pelo escritório do arquiteto paulista Francisco de Paula Ramos de Azevedo (arquiteto renomado do período cafeeiro de São Paulo) Além disso, ele foi responsável por idealizar inúmeros projetos que ajudaram a definir São Paulo como metrópole, como por exemplo o Mercado e o Teatro Municipal
Para ser uma mansão no estilo clássico francês, o casarão localizado na Avenida Paulista abriga 30 cômodos, além de pomares, edículas e jardins que cultivavam e ainda cultivam as mais belas rosas paulistas, o que deu origem ao nome, sendo assim, um imóvel de grande valor arquitetônico Por isso, e com intuito de preservação, o casarão foi tombado pelo Condephaat, em 1985
Na parte do terreno que dá para a Alameda Santos, foi liberada a construção de um moderno edifício comercial enquanto a casa foi restaurada e transformada pelo Estado de São Paulo em espaço cultural, inaugurado no ano do centenário da Avenida Paulista, 1991
A avenida que era reconhecida pela riqueza agrária havia se transformado na via dos casarões dos industriais e logo em seguida na avenida do mundo das finanças, dos prédios modernos e de bancos suntuosos Eleita pela população da cidade como símbolo de São Paulo, certamente a Paulista é a “perfeita tradução” da história econômica da cidade e do país Da agricultura à indústria, e dessa ao mercado financeiro, em menos de um século Em 1991 a Paulista já estava claramente se convertendo na avenida da cultura, transformação que as últimas décadas testemunharam Museus, livrarias, salas de cinema e de teatro, parques e jardins, rosas, flores e estátuas foram se multiplicando para tornar a Avenida Paulista uma atração cultural ímpar na cidade
Levando-se em conta a estrutura urbana da avenida e seu entorno, podemos dizer que a avenida mais paulista da cidade transformou-se em um dos espaços de cunho democrático, onde todas as manifestações têm vez, representando na dinâmica da cidade um grande fórum de debates É nesse cenário chamado Avenida Paulista que a Casa das Rosas permanece um legítimo representante da arquitetura paulista como símbolo e referência de memória do cotidiano e das transformações da cidade e modos de vida
Casa das Rosas - Fonte: MapioNet
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Casa das Rosas - Fonte: MapioNet
Implantação - 1935Fonte: TesesUsp
Planta do pavimento térreo - 1929 - Fonte: TesesUsp
Planta do pavimento superior- 1929 - Fonte: TesesUsp
Planta da mansarda1929 - Fonte: TesesUsp
Planta do porão - 1929Fonte: TesesUsp
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USOS DO EDIFÍCIO ATÉ HOJE
A Casa das Rosas foi habitada durante os primeiros 51 anos de sua existência A casa em si foi finalizada em 1935, contudo, o Ramos de Azevedo faleceu no ano de 1928, ou seja, ele nem participou da inauguração e muito menos morou no local Mesmo assim, foi ele o responsável por adquirir o terreno ainda no começo do séc XX e em 1913, por passar a escritura para o genro Ernesto Dias de Castro, que morou no local com sua esposa Anna Rosa Com o passar dos anos, a importadora de materiais de construção (materiais de primeira linha), que era administrada pela família, fechou e a família ficou gradativamente exposta a uma situação financeira cada vez mais difícil, o que os obrigou a vender o imóvel e o terreno
Apesar de tudo, a casa foi ameaçada de demolição antes de ser tombada pelo Condephaat no dia 22 de outubro de 1985 e desapropriada em 1986 pelo Governo do Estado de São Paulo, que assumiu sua conservação A casa passou por algumas reformas até que, em 1991, a Secretaria de Cultura inaugurou a Casa das Rosas – Galeria Estadual de Arte, com o objetivo de abrigar exposições circulantes e do próprio acervo de obras de arte do Governo do Estado de São Paulo
Em 2004 a mansão passou por novas reformas e foi reinaugurada como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em homenagem ao importante poeta e tradutor brasileiro falecido em 2003, e o local se tornou um museu bastante frequentado por moradores e turistas Ademais, após a reinauguração a casa passou a direcionar sua agenda mais especificamente para a arte literária, com cursos, oficinas de criação literária, palestras, círculos de debates, saraus, lançamento de livros e cursos de formação aos que pretendem se tornar escritores Além de tudo isso, o local ficou conhecido como a primeira biblioteca especializada em livros de poesia, e o acervo conta com mais de 35 mil volumes A biblioteca reúne, também, raridades, como as primeiras edições autografadas de livros de Octavio Paz e João Cabral de Melo Neto Nas estantes, encontram-se as respeitadas traduções do próprio Haroldo de obras de inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, russo, hebraico, chinês e japonês E também cantos da ‘Divina Comédia’, em que ele trabalhava pouco antes de morrer
Atualmente, a instituição possui o Centro de Apoio ao Escritor, que promove concursos literários e oferece orientação a respeito do mercado literário. Além disso, o Centro de Referência Haroldo de Campos, além de preservar a memória e o acervo do artista, promove aulas de poesia e no site da Casa das Rosas é possível também, obter informações sobre a programação de eventos, cursos e exposições Nele também é possível realizar oficinas on-line
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Feira de Artes Gráficas em 2017 - Fonte: GravuraContemporânea
DETALHES DA OBRA
Apesar de a arquitetura revelar elementos dos estilos neoclássico, neocolonial e art noveau, o estilo clássico francês predomina no projeto
A casa de 1500 m² possui 30 cômodos distribuídos em quatro pavimentos: porão, térreo, pavimento superior e sótão Além da casa, o terreno de 5500 m² abriga ainda pomares e jardins de roseiras, que deram origem ao nome da instituição
Quase todos os materiais e revestimentos nela utilizados foram importados: os mármores que revestem as escadas internas e externas são italianos; os vidros e cristais vieram da Bélgica; a tubulação hidráulica de cobre e as louças também vieram da Europa
Banheiro InternoFonte: Guia Melhores Destinos
MISSÃO DA CASA DAS ROSAS
MISSÃO
Entrada Casa das RosasFonte: Guia Melhores Destinos
“Promover o conhecimento, a difusão e a democratização da poesia e da literatura, incentivando a leitura e a criação artística, preservando e problematizando o patrimônio histórico-cultural que abriga, tanto o arquitetônico quanto o acervo Haroldo de Campos”
Principais Diretrizes
1 Tornar a Casa das Rosas, “museu de si mesma”, conscientizando o público para a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade
2 Apoiar a criação literária em todas as suas etapas, propiciando, desde ao iniciante até ao escritor já consagrado, capacitação técnica e recursos de profissionalização
3 Constituir um núcleo de preservação, investigação, reflexão, documentação e difusão da obra do poeta e ensaísta Haroldo de Campos que sirva como referência indispensável, nacional e internacional
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PROJETO DE RESTAURO
A Casa das Rosas iniciou um processo de restauro em 2020 A Casa das Rosas, instituição da Secretaria de Cultura e Economia do Estado, é conhecida por ser um dos principais meios turísticos e de preservação da memória da capital paulista e sua obra ser iniciada no segundo semestre de 2020 e terá 80% de seu valor total custeado por recursos obtidos junto ao Fundo da Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça O projeto foi inscrito e selecionado para receber o investimento, que devolve à sociedade valores arrecadados decorrentes de multas, acordos e condenações judiciais Os outros 20% serão custeados pelo Governo do Estado A obra vai ter o custo de R$ 4,2 milhões e previsão de realização de 2 anos
“Potencializar e fomentar recursos para a cultura por meio de parcerias como esta é uma das principais diretrizes do Governo do Estado de São Paulo Com os recursos do Fundo de Defesa de Direitos Difusos será possível realizar uma reforma completa, interna e externamente, recuperando as características originais e preservando o imóvel, sem interrupção das atividades do museu”, afirma o Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado Sérgio Sá Leitão
Durante o período de restauro, os objetos abrigados no museu, inclusive seu acervo museológico, serão devidamente acondicionados em reserva técnica, e o acervo bibliográfico Haroldo de Campos – a biblioteca que pertenceu ao poeta – permanecerá preservado e à disposição dos pesquisadores em ambiente preparado para esse fim no edifício da POIESIS – Organização Social de Cultura, localizado no Bom Retiro (Rua Lubavitch, nº 64), Centro de São Paulo
O projeto de restauro do imóvel da Casa das Rosas está alinhado com o tema “Compondo memórias”, adotado para a programação 2020 da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo Durante as obras, as atividades educativas e culturais seguem acontecendo no jardim do museu, que será especialmente preparado para receber visitas, oficinas e outras atividades, incluindo ações voltadas ao tema da preservação do patrimônio histórico material e imaterial Será montada uma tenda no jardim para as atividades, além de exposta no pergolado uma mostra sobre a casa e o processo de restauro; no orquidário, serão realizadas as ações do educativo
Projeto para a fachada voltada à Avenida
Paulista - Data: 1929
Fonte: TesesUsp
Projeto para a fachada voltada ao jardimData: 1928
Fonte: TesesUsp
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Número do Processo: 22104/82
Resolução de Tombamento: Resolução 57 de 22/10/85
Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 241, p 65, 21/01/1987
Publicação do Diário Oficial
FONTE http://condephaatspgovbr/benstombados/casa-das-rosas/
R E S O L U Ç Ã O D O T O M B A M E N T O 09
C O N C L U S Ã O
CASA DAS ROSAS
Assim, após tudo que já foi apresentado, podemos concluir que a Casa das Rosas já teve diversos usos e até hoje está bem conservada, visto que é uma construção da década de 1930
Quanto ao estilo do bem tombado, podemos dizer que o projeto se insere no padrão eclético das construções do início deste século (Essa concepção se dá exatamente pela presença de elementos neoclássicos, da Art Noveau, Art Déco e Neocolonial), além de que há também muita inspiração européia (Exemplos são: o telhado em ardósia, com águas acentualmente inclinadas e os terraços descobertos com guarda-corpos com elementos vazados) Vale ressaltar também, que nos fundos do lote foi construído um edifício de grandes proporções cujo projeto teve a preocupação de respeitar as visuais do bem tombado
Dessa forma, fica evidente o valor histórico que a Casa das Rosas possui, devido sua localização, construção e história, pois é um dos edifícios remanescente da época característica da ocupação inicial de uma das principais vias da cidade Tem sua importância por ser um dos poucos restantes desse período relevante para o desenvolvimento do próprio Brasil, ademais, sua importância se dá por ser um bem cultural de interesse tanto histórico quanto arquitetônico
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Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
"Você sabe quem mora na casa das rosas?" - Biblioteca Central Irmão José Otão- PUCRS - link de acesso: https://bibliotecapucrsbr/curiosidades-literarias/voce-sabe-quem-mora-na-casa-dasrosas/
"Casa das Rosas- Institucional" - link de acesso: https://wwwcasadasrosasorgbr/institucional/
"Casa das Rosas – Que prédio é esse?", por Carolina Scordamaglio - link de acesso: https://liveaptovc/casa-das-rosas-que-predio-e-esse/
"Feiras de Artes Gráficas e Tiragem Limitada" – Conheça as feiras do país - link de acesso: http://gravuracontemporaneacombr/feira-de-artes-graficas/
"Acessibilidade nos bens culturais imóveis", por Elisa Prado de Asssis - link de acesso: https://wwwtesesuspbr/teses/disponiveis/16/16133/tde23052012144557/publico/Elisa Prado Assis MEpdf
http://condephaatspgovbr/benstombados/casa-das-rosas/
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