Planejando Inclusão

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUDO- ICAM TECH

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PLANEJANDO INCLUSÃO:

ACESSIBILIDADE APLICADA EM EDIFICIO DE USO MISTO NO CENTRO DO RECIFE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Arthur Baptista

Orientanda: Ana Carolina Hasmann

RECIFE

2023

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais pelo apoio constante, por todo investimento e zelo em todas as áreas da minha vida. Obrigada por serem meus anjos da guarda e meus guias. Vocês são o maior exemplo acadêmico que eu tenho.

Agradeço também aos meus amigos e colegas por sempre me ajudarem a manter o otimismo. Especialmente aos meus amigos próximos e meu parceiro, por sempre compartilharem comigo os momentos bons e ruins. Me parabenizando em todas as mínimas conquistas e me consolando até nas menores perdas; o valor que vocês agregam ao meu trajeto pessoal e acadêmico é inestimável.

Agradeço também a todos os professores que contribuíram na minha formação. Principalmente àqueles que acreditaram em mim, mesmo que eu insistisse em sair do espectro do que era considerado comum em produtos de atividades; com todos os meus softwares que não eram bem conhecidos e minhas formas absurdas.

Obrigada também aos meus colegas de trabalho da CBTU por me mostrar o que é a real dedicação a acessibilidade, por me apoiarem e me ensinarem tantas coisas. Vocês são a maior inspiração para esse trabalho.

Por fim, obrigada a todos que seguraram minha mão e acreditaram em mim em algum momento Se fosse listar toda minha rede de apoio, não sobraria papel para este trabalho

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“Oresultadodaarquiteturanãoéapenasavisãodoarquiteto,tambéméavisãodeumpovoedeumasociedade.”(AutorDesconhecido).

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RESUMO

Este trabalho, intitulado "Planejando Inclusão: Diretrizes de Acessibilidade Aplicadas em Edifício de Uso Misto”, tem como temática a acessibilidade e visa a criação de um edifício de uso misto totalmente acessível no centro do Recife, que contempla ferramentas de acessibilidade desde o espaço comum até dentro das residências. Com embasamento na análise crítica dos elementos fundamentais relacionados à acessibilidade na arquitetura contemporânea em um enfoque multidisciplinar, é abordado os tipos e níveis de acessibilidade, contextualizando historicamente sua evolução por meio de uma linha do tempo que destaca marcos significativos na luta pela acessibilidade e se investiga as ainda existentes barreiras e a relevância da legislação nesse cenário, tomando como foco central a ABNT NBR 9050 e o conceito de desenho universal para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos inclusivos.

O produto foi o Edifício Keller, que ocupa um terreno em desuso de 2.067,74 m² na rua Floriano Peixoto, com acessórios de acessibilidade urbana que guiam o morador do transporte público e entorno até sua moradia. O Edifício contempla estacionamento, lojas, banheiros, hall, brinquedoteca, parque, circulação vertical e unidades habitacionais acessíveis. Além da acessibilidade por si só, os espaços de são adaptados para contemplar diversidade de forma sensível, escapando do visual clínico no qual se atribui à acessibilidade e criando um ambiente agradável e permeável para todos.

Palavras-chave: acessibilidade; inclusão; diretrizes; edifício.

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FIGURA 1: PROJETO E ENTORNO 13 FIGURA 2: CULTURA DO ENTORNO 13 FIGURA 3: CAPÍTULOS...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 13 FIGURA 4: PESSOAS E DIFICULDADES .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 13 FIGURA 5: INCLUSÃO 14 FIGURA 6: DEFICIÊNCIA NO BRASIL 14 FIGURA 7: ACESSO À EDUCAÇÃO E TRABALHO....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 14 FIGURA 8: ACESSIBILIDADE NA PRAIA.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 15 FIGURA 9: MAPA DA ÁREA 15 FIGURA 10: VISÃO DE FUTURO DA RUA DO PEIXOTO 15 FIGURA 11: FLUXO DE PROJETO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 17 FIGURA 12: DIVERSIDADE 18 FIGURA 13: INTERSECÇÃO DOS CONCEITOS SEGUNDO AMIRALIAN 20 FIGURA 14: MESA ADAPTADA PARA PCD 21 FIGURA 15: MEDIDAS DE PCR NA NBR 9050 ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 22 FIGURA 16: DIMENSÕES DE BEBEDOUROS SEGUNDO A PRIMEIRA EDIÇÃO DA NBR 9050 ............................................................................................................................................................................................................................................................................................. 23 FIGURA 17: FERIDOS DA PRIMEIRA GUERRA 24 FIGURA 18: RON MACE 24 FIGURA 19: CAPITAL CROWL ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 25 FIGURA 20: ACESSIBILIDADE FÍSICA.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27 FIGURA 21: NORMATIVA DE RAMPAS 27 FIGURA 22: MEDIDA DE ELEVADORES 28 FIGURA 23: NORMATIVA DE ESCADAS................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 28 FIGURA 24: DIMENSIONAMENTO DE BARRAS DE APOIO EM CHUVEIROS 29 FIGURA 25: DIMENSIONAMENTO DE BARRAS DE APOIO EM SANITÁRIOS 29 FIGURA 26: DIMENSIONAMENTO DE BARRAS DE APOIO EM LAVATÓRIOS 29 FIGURA 27: MAPA TÁTIL.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 30 FIGURA 28: POSICIONAMENTO DE PISO TÁTIL....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 31 FIGURA 29: LOCALIZAÇÃO EM EVENTOS 32 FIGURA 30: CONTRASTE NO DESIGN 32 FIGURA 31: HUMANIZAÇÃO DO ESPAÇO 34 FIGURA 32: EQUIDADE DE USOS ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 34 FIGURA 33: FLEXIBILIDADE ESPACIAL 35
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
7 FIGURA 34: CAMINHAR INTUITIVO 35 FIGURA 35: INFORMAÇÃO CLARA 35 FIGURA 36: TOLERÂNCIA AO ERRO EM ESCADAS 35 FIGURA 37: JANELA COM ABERTURA DE ALAVANCA ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 36 FIGURA 38: DIMENSIONAMENTO ACESSÍVEL DE ESCRIVANINHA 36 FIGURA 39: ALCANCE 37 FIGURA 40: DESNÍVEIS 37 FIGURA 41: INTERIOR CASA – ESTUDO DE CASO.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 38 FIGURA 42: FACHADA- ESTUDO DE CASO 38 FIGURA 43: LEGENDA DE PISO – ESTUDO DE CASO 39 FIGURA 44: ROTA OBJETIVA- ESTUDO DE CASO 39 FIGURA 45: MATERIALIDADE- ESTUDO DE CASO ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 39 FIGURA 46: ÁREA DE ESTUDO 40 FIGURA 47: FORTE DAS CINCO PONTAS 40 FIGURA 48: MAPA- LOCAIS DE INTERESSE 41 FIGURA 49: LEGISLAÇÃO- ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 41 FIGURA 50: RUA DA CONCÓRDIA- SOBRADOS DESCARACTERIZADOS 42 FIGURA 51: VISTA AÉREA DO TERRENO 45 FIGURA 52: FRENTE DO TERRENO 45 FIGURA 53: FACHADA ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 47 FIGURA 54: EIXOS 47 FIGURA 55: TRAVESSIA ELEVADA 49 FIGURA 56: PONTO DE ÔNIBUS ACESSÍVEL 49 FIGURA 57: CORTE ESQUEMÁTICO..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 51 FIGURA 58: PARQUE DO EDIFÍCIO 51 FIGURA 59: BALANÇO ACESSÍVEL 51
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TABELA 1: TIPOS DE ACESSIBILIDADE .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 19 TABELA 2: CLASSIFICAÇÃO DE DEFICIÊNCIAS SEGUNDO AMIRALIAN 20 TABELA 3: VERSÕES DA NBR 23 TABELA 4: LINHA DO TEMPO 26 TABELA 5: LINHA DO TEMPO ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 26 TABELA 6: MEDIDAS REFERENCIAIS 36
LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

UNICAP Universidade Católica de Pernambuco

NBR Norma Brasileira

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

AODA Accessibility for Ontarians with Disabilities Act

PFDC Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão

PNS Pesquisa Nacional de Saúde

PCD Pessoa com Deficiência

LBI Lei Brasileira de Inclusão

MYAP Multi-Year Accessibility Plan

CCD Council for Canadians with Disabilities

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10 SUMÁRIO 01. INTRODUÇÃO 13 01.1 JUSTIFICATIVA 14 01.2 OBJETIVOS 16 01.2.1 OBJETIVO GERAL 16 01.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16 01.3 METODOLOGIA 16 02. BASE TEÓRICA 18 02.1 CONTEXTUALIZAÇÃO CONCEITUAL 18 02.1.1 A ACESSIBILIDADE E SEUS TIPOS 18 02.1.2 NÍVEIS DE DEPENDÊNCIA 20 02.1.3 BARREIRAS ARQUITETÔNICAS 20 02.1.4 A LEGISLAÇÃO 21 02.1.5 ABNT NBR 9050 22 02.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 24 03. ACESSIBILIDADE NA ARQUITETURA 27 03.1 ACESSIBILIDADE FÍSICA 27 03.1.1 RAMPAS E ELEVADORES 27 03.1.2 CORRIMÃOS E BARRAS DE APOIO 28 03.2 ACESSIBILIDADE SENSORIAL 30 03.2.1 SINALIZAÇÃO SONORA E LUMINOSA 30 03.2.2 PISOS TÁTEIS E BRAILLE 30 03.3 ACESSIBILIDADE COGNITIVA 31
11 03.3.1 DESIGN UNIVERSAL 31 03.3.2 FACILITANDO A ORIENTAÇÃO E USO 32 03.4 ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL 32 03.4.1 RECURSOS PARA DEFICIENTES VISUAIS E AUDITIVOS 32 04. ACESSIBILIDADE EM HABITAÇÕES DE USO MISTO 34 04.1 APLICAÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL 34 04.2 PARÂMETROS PROJETUAIS 36 04.2.1 MÓDULO DE REFERÊNCIA 36 04.2.2 PISOS E DESNÍVEIS 37 05. ESTUDO DE CASO 38 05.1 VISÃO GERAL 38 05.2 DIRETRIZES 39 05.3 MATERIALIDADE 39 06. AREA DE ESTUDO 40 06.1 VISÃO GERAL 40 06.2 PONTOS DE INTERESSE E CULTURA 40 06.3 LEGISLAÇÃO 41 06.4 TIPOS E USOS 42 06.5 TERRENO DO PROJETO 45 46 07. DESENVOLVIMENTO DO EDIFÍCIO KELLER 47 07.1 MEMORIAL DESCRITIVO 47 07.2 ACESSO 49 07.3 USOS 51 07.3.1 TÉRREO 51
12 07.3.2 PAVIMENTOS SUPERIORES 57 08. CONCLUSÃO 64 09. REFERÊNCIAS 65

01. INTRODUÇÃO

O trabalho contempla a criação de um edifício de uso misto, nomeado Edifício Keller, no qual se tem como guia projetual principal o uso dos conceitos de acessibilidade efetiva e desenho universal. O Projeto foi locado em um terreno em desuso na rua Floriano Peixoto, devido seu caráter de ZC (Zona Centro) que possibilita liberdade projetual e sua proximidade de espaços culturais importantes, comércio e de pontos de ônibus e metrô.

Autoral

O documento irá apresentar o fluxo projetual através da apresentação com o capítulo 1 ; conscientização com o capítulo 2; diretrizes com o capítulo 3 e 4; contextualização com o capítulo 5 e 6 e por fim o projeto.

4: Pessoas e Dificuldades

Fonte: Autoral

Tal metodologia de apresentação tem como objetivo gerar empatia e mostrar os problemas causados ao deixar a acessibilidade em segundo plano e criar um projeto que demonstre que é possível criar inclusão sem comprometer a viabilidade econômica e partido estilístico do projeto.

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Figura 1: Projeto e entorno Fonte: Autoral Figura 2 Cultura do entorno Fonte: Autoral Figura 3: capítulos Fonte: Figura

01.1 JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema para o Trabalho de Conclusão de Curso emerge da necessidade urgente de abordar questões críticas de acessibilidade na arquitetura contemporânea visto que o cenário urbano, muitas vezes, perpetua barreiras físicas e sociais, resultando em segregação e limitação de oportunidades para indivíduos com diferentes capacidades. A motivação subjacente a este TCC é a compreensão de que a arquitetura desempenha um papel vital na criação de espaços que não apenas cumprem normas técnicas, mas também promovem inclusão.

A análise e conscientização acerca dos tipos de acessibilidade e os níveis de dependência existentes é necessária para a criação de uma transição de uma abordagem segregacionista para uma perspectiva de acessibilidade efetiva, não focando apenas em questões técnicas; sendo uma busca pela transformação da arquitetura em uma força positiva na promoção da igualdade.

Conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que existam aproximadamente 500 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo, sendo que 80% delas vivem em países subdesenvolvidos. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 23,9% da população brasileira possui algum tipo de deficiência.

Fonte: Autoral

Mesmo dada a significativa parcela da população, ainda se vê pouco do pensar acessibilidade fora do campo de cumprimento normativo e, mesmo assim, ainda com diversas barreiras; em uma caminhada lenta e instável que prejudica diariamente essa parcela da população em diversos aspectos.

Fonte: Autoral

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Figura 5: Inclusão Fonte: Autoral Figura 6: Deficiência no Brasil Figura 7 Acesso à educação e trabalho

O ato de projetar urbana e arquitetonicamente nesse cenário pode promover uma realidade na qual o acesso não somente à educação e ao trabalho, mas também ao lazer e a um lar adequado sejam possíveis igualmente para todos.

Para sintetizar esse ideal foi decidido que o modo que mais abrangeria as necessidades existentes na contemporaneidade seria a criação de um edifício de uso misto; que contemplaria serviço, comércio, lazer e habitação.

Tal tipologia de uso é um resgate de práticas passadas que se encaixa também com as necessidades atuais; de ativação de espaços e preenchimento de vazios urbanos, criando bairros mais ativos e habitáveis, portanto também mais convidativos. Por este mesmo motivo que foi escolhido como local de estudo o bairro de São José, em Recife-PE. Um local cercado de cultura e história, porém repleto de vazios e espaços de grande potencial de elevação urbana, que poderiam contribuir significativamente com turismo, comércio e mercado imobiliário, além de facilitar a movimentação aos centros, se fosse mais explorada a ideia de reabilitação de lotes em desuso.

O terreno em questão foi escolhido pois, além de estar numa área central, próximo de várias alternativas de transporte, comércio e espaços culturalmente enriquecedores, ativaria um terreno que está atualmente em desuso na rua Floriano Peixoto.

Fonte: My Maps

Ao incentivar o uso deste terreno, se permite a continuidade de usos dessa faixa de comércio, aumenta o fluxo de pedestres na área e promove maior vigilância urbana que, futuramente, poderia vir a criar uma quadra mais ativa, podendo até influenciar na reabertura do acesso ao metrô do Recife pela Rua do Peixoto.

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Figura 8: Acessibilidade na praia Fonte: Prefeitura do Recife Figura 9: mapa da área Figura 10: Visão de Futuro da Rua do Peixoto Fonte: Autoral

01.2OBJETIVOS

01.2.1 OBJETIVO GERAL

O propósito principal deste trabalho consiste na concepção de um projeto preliminar para um edifício de uso misto no bairro de São José, na Rua Floriano Peixoto, com a implementação de acessibilidade onde o foco central recai sobre a legislação vigente e o conceito de desenho universal, criando um edifício onde a acessibilidade não seja uma mera obrigação normativa, mas um princípio orientador para o desenvolvimento do projeto, promovendo experiencias igualmente proveitosas para todas as pessoas, independentemente de suas capacidades sensoriais ou de mobilidade.

01.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Compreender e investigar a demanda das pessoas com deficiência motoras, sensoriais e cognitivas, explorando a temática da acessibilidade com vistas a criação de espaços inclusivos;

2. Explorar a evolução histórica da acessibilidade na arquitetura identificando marcos que moldaram as práticas atuais de modo a inspirar as estratégias contemporâneas e gerar reflexões;

3. Compreender como as normas podem ser interpretadas e implementadas de maneira a promover efetivamente a acessibilidade;

4. Estudar o conceito de desenho Universal e sua aplicação de modo a incorporar soluções específicas e centradas no usuário;

5. Exemplificar soluções inclusivas e agradáveis, que possam ir além dos cumprimentos das normas, em um edifício de uso misto.

01.3METODOLOGIA

O trabalho, como dito em sua introdução, consta cinco pilares: introdução, conscientização, diretrizes, contexto e projeto.

A introdução demonstra o escopo geral do documento, com uma visão geral do todo, preparando-o para ler e compreender o restante. Os recursos gráficos presentes ilustram o cenário presente, usado também como justificativa, baseado nos dados do Censo 2010 do IBGE, com imagens e mapas do local de estudo e da proposta de projeto, montagens e diagramas.

O pilar de conscientização busca, inicialmente, aproximar o leitor do tema. Com o auxílio de descrições da OMS e do trabalho “Conceituando Deficiência” de Maria Amiralian et al se descreve sobre o que é ser deficiente e, através de trabalhos de Regina Cohen e Cristiane Duarte, se monta um olhar empático que se desenvolve ainda mais ao remontar a história da acessibilidade- que pode ser visto com extrema qualidade no documentário “Crip Camp” - e como toda luta ainda continua até hoje, com o que se tem nacionalmente acerca da acessibilidade que, conforme a leitura, gera diversas reflexões.

Com o pilar de diretrizes se é apresentada à parte técnica de desenho da NBR 9050, com exemplos das partes mais utilizadas em projetos e se é aprofundado o conceito de Desenho Universal, com enfoque em arquitetura e, mais precisamente, edifícios de uso misto, com o auxílio do manual “Desenho Universal: Habitação de Interesse Social” disponibilizado pelo Governo do Estado de São Paulo.

Na contextualização o objetivo é mostrar o contexto atual no qual será inserido o projeto; sua inspiração e seu espaço. Para isso é realizado o estudo do projeto de So&So Studio de sua casa para um casal de cegos como inspiração contemporânea e o estudo da área de implantação do projeto; seus desafios e potencialidades são coletados através de análises feitas de maneira autoral e através de estudos realizados em classe, que permitiu ampla gama de material para análise.

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Ao sintetizar as informações dadas ao projeto, se buscou um edifício de uso misto acessível que tivesse linguagem contemporânea e contemplasse diversos ambientes e atividades, incorporando desde seu início conceitos de acessibilidade e desenho universal

O projeto é então ilustrado através de plantas, renders e diagramas para melhor compreensão do que é proposto. O desenho técnico foi feito através do software Revit para que fosse possível o máximo de fidelidade e coerência entre cortes, fachadas e plantas, assim como a possibilidade de criação automática de um modelo 3D que, ao ser enviado para o software Lumion, possibilita criar imagens realistas. Tudo foi diagramado então com auxílio de ferramentas como Photoshop e Illustrator.

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Figura 11: Fluxo de Projeto Fonte: Autoral

02. BASE TEÓRICA

02.1 CONTEXTUALIZAÇÃO CONCEITUAL

02.1.1

A ACESSIBILIDADE E SEUS TIPOS

A consideração do termo acessibilidade não poderá ser ditada por meras razões da solidariedade, mas, sobretudo, por uma concepção de sociedade realmente, onde todos deverão participar, com direito de igualdade, e de acordo com as suas características próprias. (CONDORCET, 2006)

Acessibilidade é um conceito essencial para promover a inclusão e garantir que todas as pessoas possam participar plenamente da sociedade. Segundo o Decreto nº 5.296/2004, a acessibilidade é definida como "a condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida". Essa definição reconhece a importância de remover barreiras físicas, sensoriais e comunicacionais para permitir a igualdade de acesso e oportunidades.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a acessibilidade é um direito humano fundamental e está intrinsecamente ligada à garantia da dignidade, autonomia e participação social das pessoas com deficiência. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006, reforça a importância da acessibilidade ao estabelecer que os estados devem adotar medidas adequadas para assegurar o acesso pleno e igualitário a todos os aspectos da vida em sociedade.

Acessibilidade vai além do aspecto físico e engloba também a inclusão de recursos e serviços que permitam a participação de pessoas com diferentes capacidades. Segundo a UNESCO, a acessibilidade abrange a disponibilidade de informações em formatos acessíveis, a utilização de tecnologias assistivas, a adaptação de espaços e a garantia de que os serviços estejam disponíveis e utilizáveis por todas as pessoas. Através dessas medidas, busca-se promover a igualdade de oportunidades e a plena participação de todos na sociedade.

Dentro das definições de acessibilidade podemos encontrar diversas ramificações que juntas criam um ambiente de acessibilidade plena – reforçando a ideia de que a acessibilidade em um local não diz somente sobre seus acessórios acessíveis, mas a um conjunto integrado de ações que promovem igualdade-. Essas classificações são: acessibilidade arquitetônica, atitudinal, digital, na comunicação, instrumental, metodológica, programática, natural e no transporte.

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Figura 12: diversidade Fonte: Autoral
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Tabela 1: Tipos de Acessibilidade

02.1.2 NÍVEIS DE DEPENDÊNCIA

A ICIDH15 (International Classification of Impairments, Disabilities, and Handicap, versão 15), um referencial unificado da OMS para a área da saúde e da doença, propõe uma classificação baseada em uma escala de níveis de dependência ou limitação. Essa classificação define os seguintes conceitos:

• Deficiência: refere-se à perda ou anormalidade temporária ou permanente de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica;

• Incapacidade: é a restrição da habilidade para desempenhar uma atividade considerada normal para o ser humano, consequência direta da deficiência psicológica, física, sensorial ou de outra natureza.

• Desvantagem: trata-se do prejuízo que um indivíduo enfrenta como resultado de uma deficiência ou incapacidade. A desvantagem surge da discrepância entre a capacidade individual de realização e as expectativas do indivíduo ou do seu grupo social.

Os conceitos podem se associar, por exemplo, quando uma pessoa com diabetes, que possui uma desvantagem, sem tratamento pode vir a desenvolver alguma deficiência por conta de suas restrições e ela gerar incapacidades. (AMIRALIAN, 2002)

Dito isso, é possível, além dessas três áreas, classificar as deficiências de uma forma mais aprofundada, mais familiar com o que estamos acostumados, quanto ao tipo de deficiência e a incapacidade atrelada, assim como as desvantagens dessas condições no ser humano:

Quando se trata de arquitetura nesse contexto a atitude principal é utilizar de recursos estruturais e de design para que se amenize as desvantagens causadas pelas barreiras arquitetônicas. Como por exemplo o uso de piso tátil e rampas em calçadas, que gera uma desvantagem na locomoção de pessoas com deficiência visual. 02.1.3 BARREIRAS ARQUITETÔNICAS

Barreiras arquitetônicas são aquelas existentes tanto nas vias públicas e nos espaços de uso público (tais como falta de rampas, piso irregular e ausência de piso tátil) quanto em

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Figura 13 Intersecção dos conceitos segundo Amiralian Fonte: Autoral Tabela 2: Classificação de deficiências segundo Amiralian Fonte: Autoral

edificações (relacionadas às estruturas internas dos prédios, como escadas e corrimãos).

(RULLI NETO A., 2002)

De acordo com a pesquisa realizada por Santos (2010), ficou evidente que as barreiras arquitetônicas existentes são contrárias ao direito à cidadania das pessoas com deficiência.

A existência de barreiras físicas que dificultam a mobilidade das pessoas com deficiência e dificultam a compreensão dos espaços construídos pode causar um impacto negativo em sua saúde emocional, psicológica e física. Essas barreiras podem levar a sentimento de insegurança, ansiedade, medo e frustração, uma vez que essas pessoas não conseguem se locomover de forma autônoma (SOARES et al., 2017). Além disso, a falta de acessibilidade arquitetônica não afeta apenas a segurança e a autonomia das pessoas com deficiência em sua circulação pelos ambientes, mas também resulta em exclusão espacial, ou seja, a exclusão das pessoas com deficiência do espaço em si (DUARTE e COHEN, 1995).

02.1.4 A LEGISLAÇÃO

Segundo Kinsky (2004), “o termo acessibilidade está ligado à superação de barreiras, previstas no artigo 5º da Constituição Federal, (...), segundo o qual todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza"

Um exemplo de função da acessibilidade como lei é a garantia do acesso físico a edifícios e espaços públicos. Normas de acessibilidade estabelecem critérios para rampas de acesso, corrimãos, sinalização tátil, elevadores adequados e banheiros adaptados, entre outros aspectos. Dessa forma, uma pessoa com deficiência física, por exemplo, pode ter acesso pleno a estabelecimentos comerciais, locais de trabalho, instituições educacionais e outros ambientes, sem enfrentar obstáculos arquitetônicos. (ABNT NBR 9050, 2015)

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), também conhecida como LBI ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, é uma legislação abrangente que busca assegurar os direitos e a plena participação das pessoas com deficiência na sociedade. A trajetória dessa lei, desde sua concepção até sua promulgação, reflete um importante marco na luta pelos direitos das pessoas com deficiência no Brasil.

A origem da LBI remonta a décadas de mobilização e reivindicação por parte de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e pessoas com deficiência. A luta por igualdade de direitos, inclusão e acessibilidade ganhou força a partir do reconhecimento de que as pessoas com deficiência enfrentavam barreiras e discriminações em diversos aspectos da vida cotidiana.

A discussão em torno de uma legislação abrangente para assegurar os direitos das pessoas com deficiência ganhou impulso em meados dos anos 2000. Após um processo de

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Figura 14 Mesa adaptada para PCD Fonte: Autoral

ampla consulta e participação social, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 7/2015 foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado em 6 de julho de 2015, tornando-se a Lei Brasileira de Inclusão.

A LBI tem como objetivo principal promover a inclusão social e garantir a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência em diferentes áreas da vida. Ela abrange uma ampla gama de direitos e questões, incluindo acessibilidade, educação inclusiva, saúde, trabalho, mobilidade, cultura, esporte, lazer, entre outros.

A lei estabelece diretrizes e medidas para a promoção da acessibilidade em diversos âmbitos, como edificações, transporte, comunicação e informação. Ela também prevê a criação de mecanismos de fiscalização e punição para atitudes discriminatórias e violações dos direitos das pessoas com deficiência.

Além disso, a LBI reconhece a capacidade legal das pessoas com deficiência, garantindo o exercício pleno de sua capacidade civil e estabelecendo mecanismos de apoio para o exercício dos direitos e tomada de decisões.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência representa um avanço significativo na garantia dos direitos das pessoas com deficiência no Brasil. Ela reflete a importância de se promover uma sociedade inclusiva e igualitária, na qual todas as pessoas possam exercer sua cidadania de forma plena e participativa. (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146/2015)

Essa norma tem como principal propósito garantir que todos tenham condições adequadas de acesso, circulação e uso dos ambientes, levando em consideração as necessidades de pessoas com deficiência física, idosos, gestantes, crianças e outros grupos que possam enfrentar dificuldades de locomoção.

Ao abranger diversos aspectos da acessibilidade, como rampas, corredores, portas, sanitários, sinalização, mobiliário e estacionamento, a NBR 9050 estabelece critérios técnicos específicos para cada um desses elementos. Essas diretrizes englobam dimensões adequadas, inclinações apropriadas, alturas ideais, uso de cores contrastantes, materiais antiderrapantes e outros requisitos importantes para garantir a acessibilidade.

02.1.5 ABNT NBR 9050

A Norma Brasileira (NBR) 9050 desempenha um papel fundamental no cenário da acessibilidade no Brasil. Ela estabelece critérios técnicos e parâmetros que devem ser seguidos no planejamento, construção, instalação e adaptação de espaços e edificações, com o objetivo de promover a acessibilidade e a inclusão de pessoas com mobilidade reduzida.

A norma passou por diversas atualizações ao longo do tempo, refletindo os avanços e mudanças nas diretrizes de acessibilidade. A primeira versão da norma foi lançada em 1985, com o objetivo de estabelecer critérios e parâmetros para a promoção da acessibilidade em ambientes construídos. Essa versão inicial foi um marco importante, pois trouxe à tona a necessidade de adaptar as edificações e espaços públicos para garantir o acesso e a utilização adequada por todas as pessoas, independentemente de suas limitações físicas.

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Figura 15: Medidas de PCR na NBR 9050 Fonte: NBR 9050.2004

Fonte: NBR 9050.1985

Em 1994, a norma passou por sua primeira atualização, incorporando novos conhecimentos e práticas no campo da acessibilidade. Essa revisão ampliou o escopo da norma, abordando não somente a adequação, mas a criação do desenho das edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos já pensados na acessibilidade. O objetivo era promover uma maior inclusão e igualdade de acesso nos diferentes ambientes e contextos urbanos.

No ano de 2004, a ABNT NBR 9050 foi novamente atualizada, levando em consideração os avanços tecnológicos e as demandas sociais por maior acessibilidade. Essa versão trouxe importantes aprimoramentos, como a inclusão de requisitos específicos para a acessibilidade em transporte coletivo e a adaptação de espaços de trabalho.

A norma sofreu mais uma atualização significativa em 2015, com a publicação da ABNT NBR 9050:2015. Essa versão trouxe mudanças importantes, como a ampliação do escopo para abranger também a acessibilidade de comunicação e sinalização, bem como a inclusão de

diretrizes mais detalhadas para diferentes tipos de ambientes e situações. Além disso, a norma alinhou-se com as legislações e convenções internacionais sobre acessibilidade.

A última alteração foi em 2020, onde ela passou por uma revisão completa de redesenho e organização de informações e desenhos referenciais, sendo a maior edição até então, mas sem muitas mudanças além da parte do design e simbologias. O documento agora também faz referência a outras NBR e anexos, assim como as resoluções do CONTRAN.

(ABNT NBR 9050:2020)

Assim a NBR se torna nossa principal fonte de conhecimento técnico de arquitetura e design acessível e a nossa única fonte nacional vinda do governo federal. Apesar disso, tanto a NBR 9050 quanto suas ramificações e adições possuem diretrizes na qual ela se baseia, como a LBI e os decretos municipais, estatais e federais.

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Figura 16 Dimensões de Bebedouros segundo a primeira edição da NBR 9050 Tabela 3: Versões da NBR Fonte: Autoral

02.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Enquanto na antiguidade era mais provável que se criassem rampas para carruagens do que para pessoas com mobilidade reduzida e a idade média, com seus espaços estreitos e irregulares não facilitassem o acesso nem mesmo de pessoas com plena mobilidade, no início do século XX, por fim, se começou a pensar na acessibilidade arquitetônica, majoritariamente, por conta dos veteranos de guerra sequelados, fazendo com que os governos criassem meios de reabilitar os soldados e de adaptar suas moradias, incorporando rampas e banheiros acessíveis.

Alguns edifícios então começaram a ser até planejados com acessórios acessíveis como o Empire States e o MoMa, nos EUA. Apesar disso, eram feitos de forma independente, sem foco na acessibilidade plena e anteparo legislativo.

Mais tarde com os movimentos sociais latentes dos anos 60 e 70 muitas coisas mudaram. Por mais que ainda se tratassem os deficientes com alto grau de preconceito e segregação, finalmente se tinham leis que iniciariam a parametrização do que temos hoje como arquitetura acessível graças aos movimentos internacionais.

Posteriormente, na década de 1990, o conceito de desenho universal ganhou destaque como uma abordagem mais abrangente para promover a acessibilidade. O desenho universal, conforme proposto por Ron Mace, difundiu mundialmente o ideal de produtos e serviços que possam ser utilizados por todas as pessoas, independentemente de suas habilidades ou características individuais.

Essa abordagem teve como objetivo superar as limitações do design adaptável, que se concentra em adaptar ambientes para atender às necessidades específicas das pessoas com deficiência. O desenho universal propõe a criação de soluções que sejam acessíveis e utilizáveis por todos, promovendo a inclusão desde o início do processo de projeto.

Hoje em dia, além da arquitetura, com as novas tecnologias, especialmente na área das comunicações, nos permitem ter acesso a ferramentas de trabalho e fontes de

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Figura 17: Feridos da Primeira Guerra Fonte: UOL (Domínio Público) Figura 18: Ron Mace Fonte: National Museum of American History: Behring Center

informação que eram impensáveis há pouco tempo. Isso significa que podemos facilmente e rapidamente superar as barreiras geográficas e ter acesso a diversos canais que nos proporcionam conhecimento, bem como oportunidades de socialização e entretenimento. Para aqueles que enfrentam obstáculos arquitetônicos, dificuldades com transporte público ou privado e limitações no acesso à informação, que os impedem de vivenciar e entender o que é considerado "normal", o uso de um computador e a conexão com a internet podem representar uma liberdade que antes só podia ser imaginada. (GODINHO, 1999).

A história da acessibilidade então remonta a diversas etapas ao longo do tempo, impulsionada pela necessidade de promover a inclusão e a participação plena de todas as pessoas na sociedade. Mas foi a partir da década de 1940, com o surgimento dos serviços de reabilitação física e profissional, até os avanços mais recentes, que a acessibilidade e os direitos humanos têm sido olhadas de forma conjunta. No desenvolvimento desse movimento, surgiram especificações de acessibilidade para edifícios destinados a pessoas com deficiência. Conforme apontado por Szu-Yu (2009), na Inglaterra, tais especificações foram estabelecidas em 1960, seguidas pelos Estados Unidos em 1968 e pela Suécia em 1969. Essa sequência de adesões demonstra o progresso contínuo dessa iniciativa ao redor do mundo.

No entanto a história não se fez sem luta. Desde os tempos antigos em muitos povos as pessoas consideradas com deficiências eram sacrificadas, excluídas ou separadas da sociedade “comum”. Foram tratadas como aberrações defeituosas, pessoas sob punição divina, escravizados e abusados por um sistema que os tratava como pessoas doentes, barrados em estabelecimentos, escolas e empregos, até, finalmente, obterem leis que favorecem, de fato, seus direitos à igualdade. Uma trajetória repleta de sofrimento e luta, marcado principalmente por movimentos modernos, como o “Capital Crowl” nos EUA onde deficientes físicos subiram os 84 degraus do capitólio para exigir direitos (implementados no ADA), conforme mostra a imagem abaixo.

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Figura 19: Capital Crowl Fonte: Boundary Stones
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Tabela 4 Linha do Tempo Fonte: Autoral

03.1.1 Rampas e elevadores

03. ACESSIBILIDADE NA

ARQUITETURA

03.1 ACESSIBILIDADE FÍSICA

Segundo Jéssica Souza (Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA) acessibilidade física se refere à capacidade das pessoas, independentemente de suas condições físicas ou habilidades, de acessar e utilizar espaços e instalações físicas. Isso inclui a implementação de rampas, elevadores, corrimãos, pisos táteis, banheiros adaptados e outras medidas que tornam edifícios, ruas, parques e outros lugares acessíveis a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A acessibilidade física é fundamental para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para todas as pessoas.

A acessibilidade em rampas e elevadores é crucial para garantir que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida possam acessar espaços e edifícios de maneira independente. As rampas devem seguir padrões rigorosos em relação a inclinação, largura, corrimãos e superfície antiderrapante para garantir a segurança e a eficácia e elevadores devem ser projetados para acomodar cadeiras de rodas e pessoas com mobilidade reduzida, incluindo botões de fácil alcance e espaço suficiente para manobras.

Ambos desempenham um papel imprescindível na acessibilidade física, permitindo que indivíduos com necessidades especiais participem plenamente da sociedade e tenham igualdade de acesso a edifícios e espaços públicos.

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Figura 20: Acessibilidade Física Fonte: via Freepik Figura 21: Normativa de rampas Fonte: NBR 9050

03.1.2 Corrimãos e barras de apoio

Enquanto as normas quanto a rampas, no nosso país, são ditadas pela NBR 9050, temos mais detalhadamente acerca de elevadores na norma NBR 13994, onde estabelece critérios relacionados ao dimensionamento do elevador, botões de chamada e comando, espaço interno, sinalização visual e sonora, e outros detalhes importantes para garantir a acessibilidade.

Corrimãos e barras de apoio desempenham um papel significativo na acessibilidade e segurança de pessoas com mobilidade reduzida, servindo de apoio adicional e promovendo maior segurança e independência em suas ações.

Os corrimões acessíveis são essenciais para prevenir quedas e ajudar na locomoção de pessoas idosas, com deficiência ou qualquer pessoa que precise de suporte adicional Seu posicionamento, formato e acabamento são especificados na NBR 9050 para atender ao maior público com a maior segurança.

9050

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Figura 22: Medida de elevadores Fonte: NBR 9050 Figura 23 Normativa de escadas Fonte: NBR

Apesar da similaridade material e finalidade semelhante, as barras de apoio são geralmente instaladas em banheiros e áreas de banho para oferecer suporte durante a entrada, saída e uso do vaso sanitário ou do chuveiro, podendo ser horizontais, verticais ou em forma de "L", proporcionando pontos de apoio estratégicos para facilitar a transferência e a estabilidade das pessoas, projetadas para acomodar o peso do usuário e ajudar na prevenção de quedas em um ambiente onde a superfície pode estar molhada e escorregadia

Dimensionamento de barras de apoio em chuveiros:

24 Dimensionamento de barras de apoio em chuveiros

NBR 9050

Dimensionamento de barras de apoio em sanitários:

25: Dimensionamento de barras de apoio em sanitários

NBR 9050

Dimensionamento de barras de apoio próximas à lavatórios:

Dimensionamento de barras de apoio em lavatórios

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Figura Fonte: Figura Fonte: Figura 26: Fonte: NBR 9050

03.2 ACESSIBILIDADE SENSORIAL

03.2.2Pisos táteis e Braille

A acessibilidade sensorial diz respeito à criação de ambientes e recursos que atendam às necessidades das pessoas com deficiências relacionadas aos sentidos, incluindo deficiência visual e auditiva. O objetivo é garantir que essas pessoas tenham igualdade de acesso à informação e aos espaços físicos de forma autônoma.

Dentro desta classificação podemos incluir sinalizações sonoras e luminosas, pisos táteis, Braille, vibrações e mapas táteis.

03.2.1 Sinalização sonora e luminosa

Sinalização sonora desempenha um papel fundamental na comunicação com pessoas com deficiência visual. Alarmes, avisos e informações essenciais podem ser transmitidos por meio de mensagens de áudio, garantindo que essas informações cruciais não passem despercebidas por quem tem dificuldades na visão.

Da mesma forma, a sinalização luminosa é valiosa para pessoas com deficiência visual. Luzes de orientação no chão ou indicadores luminosos podem auxiliar na navegação em ambientes complexos e em casos de emergência.

Um novo meio sendo implementado também é a vibração, visto ser uma forma tátil de comunicação que pode alertar ou transmitir informações, especialmente para pessoas com deficiência auditiva. Dispositivos móveis por exemplo frequentemente usam a vibração para notificar sobre chamadas ou mensagens, proporcionando uma maneira eficaz de comunicação alternativa.

A sinalização tátil desempenha um papel fundamental na acessibilidade para pessoas com deficiência visual, permitindo que elas se orientem e naveguem de forma segura em espaços públicos e edifícios. Essa forma de comunicação é crucial para promover a independência e a inclusão das pessoas cegas ou com baixa visão.

Os componentes essenciais da sinalização tátil incluem pisos táteis, placas e painéis táteis, sinalização em Braille e setas táteis. Os pisos táteis são superfícies elevadas ou em relevo no chão que indicam caminhos, direções e locais de interesse, como entradas, saídas e escadas. Placas e painéis táteis são usados em paredes ou suportes verticais para fornecer informações adicionais, como números de andares ou nomes de salas, enquanto a sinalização em Braille oferece informações escritas em caracteres táteis. As setas táteis orientam as pessoas sobre a direção a seguir.

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Figura 27 Mapa tátil Fonte: Senac

03.3 ACESSIBILIDADE COGNITIVA

A acessibilidade cognitiva diz respeito à criação de ambientes, informações e serviços que sejam compreensíveis e utilizáveis por todas as pessoas, independentemente de suas habilidades cognitivas. Isso é especialmente importante para indivíduos com deficiências intelectuais, transtornos do espectro autista, demência ou qualquer outra condição que possa afetar a cognição. É uma porção muitas vezes integrada à outras soluções.

03.3.1 Design universal Com base nesse preceito de ser compreensível e utilizável por todos que foram teorizado o conceito do Design Universal, cujo princípios são os sete a seguir:

1. Uso equitativo: O design precisa ser útil, comercializável, atraente e seguro para pessoas com diferentes habilidades sem estigmatizar ou segregar qualquer usuário.

2 Flexibilidade de uso: Englobar uma extensa variedade de preferências e habilidades pessoais, permitindo escolha do método de utilização, adaptabilidade ao ritmo e precisão do usuário.

3 Uso intuitivo: A compreensão do design deve ser independente da experiência do usuário, conhecimento, competência linguística ou concentração. Deve também eliminar as complexidades de uso, corresponder às expectativas e intuição do usuário, hierarquizar informações e fornecer feedback ao concluir uma tarefa.

4 Informação perceptível: Ser capaz de comunicar e informar, independentemente da habilidade do usuário ou ambiente em que se encontra. Precisa diferenciar e contrastar elementos, utilizar diferentes meios de apresentação (pictórico, verbal, tátil) e permitir o acesso a estas informações a pessoas com limitações sensoriais.

5. Tolerância ao erro: Precisa atenuar os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou involuntárias. Deve fornecer avisos de perigo, falha ou erro, manter isolado elementos perigosos de tarefas de rotina e prevenir ações inconscientes em tarefas que requerem atenção.

6. Baixo esforço físico: O design deve ser utilizado de forma eficiente para que seja confortável com o mínimo de fadiga. Precisa permitir que o usuário mantenha uma posição neutral do corpo e realizar esforços de trabalho razoáveis para a tarefa, eliminando ações repetitivas e esforço físico excessivo.

7. Tamanho e espaço para acesso e uso: O espaço fornecido para aproximação, uso, alcance e manipulação deve ser apropriado independentemente do tamanho do corpo do usuário, postura ou mobilidade. Deve fornecer uma visão clara de elementos importantes e acesso a todos os elementos, independentemente de o usuário estar sentado ou em pé, e proporcionar espaço apropriado para a utilização de ferramentas de auxílio ou assistência pessoal (ex.: cadeira de rodas).

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Figura 28: Posicionamento de piso tátil Fonte: Manual de Acessibilidade IPUF

03.3.2Facilitando a orientação e uso

São vários elementos aqueles que facilitam a orientação espacial, independência e uso de um espaço e suas ferramentas. Muitos englobados dentro de princípios de arquitetura mesclados com design gráfico e de produtos.

Por exemplo, com linguagem clara e objetiva e o uso auxiliar de imagens, gráficos e símbolos pode ser benéfico para transmitir informações de forma mais efetiva.

Uma ilustração ortogonal e clara de um ambiente, por exemplo, pode facilitar a identificação de espaços e fazer com que se guie com mais facilidade dentro dele.

Além disso, cores e contrastes devem ser escolhidos com cuidado para facilitar a leitura e a compreensão. Isso é especialmente importante para pessoas com dificuldades visuais ou cognitivas

Por fim, em conjunto à esses ideais é importante treinar funcionários e pessoal de atendimento ao cliente para lidar com pessoas que podem ter necessidades cognitivas diferentes. Isso inclui a paciência e a capacidade de adaptar a comunicação conforme necessário

03.4 ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL

A acessibilidade comunicacional se concentra em garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades, condições ou deficiências, tenham igualdade de acesso à comunicação. Isso engloba uma variedade de estratégias e recursos para tornar a comunicação mais inclusiva e acessível. Isso não só diz respeito à Braille e LIBRAS como também ao conceito de linguagem clara mencionado anteriormente.

03.4.1 Recursos para deficientes visuais e auditivos

Recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão e na garantia de que essas

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Figura 29 Localização em eventos Fonte: Insoft Figura 30: Contraste no design Fonte: Tiago Saraiva Ferreira (via LinkedIn)

pessoas tenham igualdade de acesso à informação, à comunicação e ao ambiente físico. Para isso, tais estratégias são associadas a elementos arquitetônicos acessíveis, criando assim não só um local fisicamente acessível, mas plenamente acessível e igualitário.

Quando se trata dos recursos para Deficientes Visuais se diz respeito a um conjunto de ferramentas e atitudes que promovem um ambiente acessível para quem tem perda parcial ou total da visão, como os exemplos a seguir:

Braille: um sistema de escrita tátil que permite que pessoas cegas ou com baixa visão leiam e escrevam. É usado em documentos, livros, cardápios, mapas táteis e placas de sinalização;

Leitores de Tela: Leitores de tela são programas de software que convertem texto digital em áudio. Eles permitem muitas vezes que pessoas com deficiência visual usem dispositivos eletrônicos;

Audiodescrição: A audiodescrição é uma técnica que descreve verbalmente elementos visuais de exposições em museus e outras produções audiovisuais, tornando-as acessíveis a pessoas cegas ou com baixa visão através de aparelhos especiais normalmente entregues ao entrar no local;

Já sobre os recursos para Deficientes auditivos, além dos já citados anteriormente como avisos luminosos, temos majoritariamente as descrições em formato de símbolos e imagens e o gesto de acessibilidade de comunicação e atitudinal de aprender e nos comunicar em LIBRAS. Por tal motivo que é importante o design inclusivo pensado na pessoa com deficiência auditiva.

Em suma estes recursos são classificados como equipamento assistivos e, mesmo não sendo diretamente ligados com arquitetura, estão inseridos em seu meio e devem ser implementados em projetos de forma complementar.

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04. ACESSIBILIDADE EM HABITAÇÕES DE USO MISTO

Quando se trata de habitações, se trata de um ambiente que simultaneamente engloba a esfera intima e a esfera social. Assim se mostra a necessidade da concepção de ambientes com um padrão estético agradável, evitando uma abordagem impessoal e “clínica”, mediante, principalmente, a utilização da ampla materialidade nacional disponível, explorando as possibilidades e a nossa cultura, com a finalidade de suprimir elementos de espaço que possam promover segregação ou desapropriação do espaço.

04.1 APLICAÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL

Por mais que tenhamos consciência do significado e valor do conceito de Desenho

Universal, vemos seu uso de forma extremamente diversa no dia a dia, muitas vezes relacionando-o com ferramentas e equipamentos. No entanto é possível aplicar todos seus

critérios também em projetos arquitetônicos, desde sua fase construtiva até a de planejamento dos espaços. Segundo a Cartilha de Desenho Universal em Habitações de Interesse Social de São Paulo, podemos interseccionar a arquitetura com o Desenho

Universal em habitações da seguinte forma:

1. Uso equitativo: Desenvolver espaços e mobiliário que sejam utilizáveis por pessoas com diferentes capacidades, evitando segregação e estigmatização, priorizando a privacidade, segurança e atratividade;

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.
Figura 31 Humanização do espaço Fonte: Montagem Autoral Figura 32 Equidade de usos Fonte: Autoral

2. Flexibilidade do Uso: Diz respeito ao desenvolvimento de espaços e sistemas construtivos que se ajustem às necessidades e preferências diversas dos usuários, permitindo modificações e adaptações;

Fonte: Autoral

3. Uso Intuitivo: Através da eliminação de complexidades desnecessárias, alinhandose às expectativas e intuição do usuário, e apresentando informações por ordem de importância;

Figura 34: Caminhar intuitivo

Fonte: Autoral

4. Informação clara: Utilizar dos meios de comunicação, símbolos, informações sonoras e táteis, para atender diferentes necessidades, garantindo contraste adequado, clareza nas informações e facilitação no uso do espaço ou equipamento;

Figura 35 Informação clara

Fonte: Autoral

5. Tolerância ao erro: Levar em consideração a segurança ao projetar espaços e ao selecionar materiais de acabamento e outros produtos, como corrimãos e equipamentos eletromecânicos, com o propósito de reduzir potenciais riscos de acidentes;

Fonte: Autoral

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Figura 33: Flexibilidade espacial Figura 36: Tolerância ao erro em escadas

6. Esforço mínimo: Dimensionar elementos e equipamentos visando a utilização eficaz, segura e confortável, com a minimização de fadiga e a redução de ações repetitivas e esforços desnecessários;

7. Dimensionamento para uso abrangente: Garantir acesso e uso confortáveis para usuários sentados e em pé, permitindo o alcance visual, acomodando variações ergonômicas e possibilitando a utilização por usuários com órteses;

04.2 PARÂMETROS PROJETUAIS

04.2.1 MÓDULO DE REFERÊNCIA

As dimensões mínimas e máximas de espaços de permanência e circulação são definidas com base no espaço ocupado por uma cadeira de rodas, que mede 80 cm de largura por 1,20 m de comprimento. Essas dimensões são aplicáveis para garantir percursos desobstruídos em áreas restritas, como corredores e halls. Além disso, vãos de até 40 cm de extensão, como pilares e espaços livres entre batentes de portas, devem ter uma largura mínima de 80 cm. Já para assegurar a realização de manobras e rotações, são estabelecidas dimensões específicas de áreas de manobra.

Fonte: Autoral

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Figura 37: Janela com abertura de alavanca Fonte: Autoral Figura 38: Dimensionamento acessível de escrivaninha Fonte: Autoral Tabela 6: Medidas referenciais

Para garantir a acessibilidade do usuário a comandos de janelas, torneiras, campainhas, interruptores, telefones públicos e outros dispositivos similares, é fundamental estabelecer parâmetros que definam a distância e altura máximas para o alcance e manuseio desses equipamentos, bem como o acesso desimpedido a objetos e mercadorias. Esses parâmetros especificam uma distância horizontal de 50 cm para superfícies de trabalho e alturas variando entre 40 cm e 1,20 m a partir do piso

04.2.2 PISOS E DESNÍVEIS

A acessibilidade do ambiente é assegurada através de requisitos específicos para os pisos. Esses devem apresentar uma superfície regular, firme, estável e antiderrapante em qualquer situação. No caso de revestimento cerâmico, o coeficiente de atrito mínimo deve ser superior a 0,4 para pisos nivelados e superior a 0,75 em rampas. Quanto à inclinação transversal da superfície, são permitidos até 2% para pisos internos e 3% para pisos externos.

A inclinação longitudinal máxima admitida é de 5% para ambos os casos, sendo inclinações acima desse valor consideradas rampas.

Quanto a desníveis, estes não devem ultrapassar 0,5 cm e, se necessário, não devem exceder 1,5 cm, sendo aconselhável chanfrá-los na proporção de 2:1 no intervalo entre 0,5 cm e 1,5 cm.

Além disso, para garantir a sensação de segurança, é recomendado evitar o uso de paginações que possam causar a impressão de tridimensionalidade devido ao contraste de cores.

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Figura 39: Alcance Fonte: Autoral Figura 40: Desníveis Fonte: Autoral

05. ESTUDO DE CASO

05.1 VISÃO GERAL

ARQUITETOS: So & So Studio;

ÁREA: 232 m²

ANO: 2018

LOCAL: Thiene, Itália

FOTOGRAFIAS: Stefano Calgaro

FABRICANTES: Falmec, Florim, Franke, Kardamov, LARIO, VALVO

“Aqui a ideia era projetar um espaço inteligente, elegante e intuitivo”

A Casa para cliente com deficiência visual foi criada em 2018 para abrigar um casal com deficiência visual. Seu objetivo era, além de ser funcional, ser um lugar aconchegante, objetivo e alinhado com a realidade particular dos clientes. Assim, os arquitetos não somente incorporaram a acessibilidade como inovaram na sua aplicação, com a priorização da esfera intima e sensível, fugindo completamente da ideia de uma acessibilidade visualmente “clínica”.

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Figura 41: Interior Casa – estudo de caso Fonte: via ArchDaily Figura 42 Fachada- Estudo de caso Fonte: via ArchDaily

05.2 DIRETRIZES

O projeto é feito de forma que se tenha uma movimentação eficiente e intuitiva e é baseado principalmente no conceito de se guiar através das texturas, nesse caso sendo o contraste entre pedras e porcelanato.

43 Legenda de piso – estudo de caso

Fonte: ArchDaily

A “rota” da casa foi feita partindo de uma linha guia principal na qual, a partir de suas ramificações, se tem os diversos cômodos. Para se guiar basta seguir as texturas no chão, que atuam como uma forma de piso tátil, desenvolvido de forma minimalista especialmente para este projeto.

Figura 44 Rota objetiva- estudo de caso

Fonte: ArchDaily

Além de ter um projeto feito para suprir necessidades do cliente, o estúdio So & So fez com que a relação com os clientes fosse produtiva; além do processo de desenvolvimento começar e se desenrolar com a troca de ideias, os arquitetos também incorporaram o mundo físico na forma de maquetes para comunicar e ilustrar quaisquer alterações no projeto. Isso permitiu uma abordagem mais abrangente na expressão e compreensão das ideias arquitetônicas, permitindo uma participação ativa do cliente.

05.3 MATERIALIDADE

A materialidade no projeto é uma peça-chave quando se trata da acessibilidade dentro do edifício, pois a escolha cuidadosa de materiais, como pedra e porcelana, visou criar texturas equilibradas que guiassem o usuário. Um sistema de mapeamento integrado foi implementado para proporcionar uma nova experiência sensorial.

Figura 45: Materialidade- estudo de caso

Fonte: via ArchDaily

39
Figura

06. AREA DE ESTUDO

06.1 VISÃO GERAL

O quarteirão escolhido como terreno e área de estudo de localiza no Bairro São José. Uma área de interesse por conter enorme valor histórico-cultural, fazendo parte de grande parcela da história da cidade do Recife, com diversidade comercial, porém, com grandes vazios urbanos e território penalizado por falta de revitalização urbana.

Nos arredores se encontram edifícios baixos, como galpões e sobrados modificados. Muitos se configuram como moradias de uso unifamiliar ou pequenos empreendimentos e armazéns. Esses fatores conjuntos com a falta de pavimentação e iluminação adequada fazem do espaço pouco movimentado apesar de seu potencial.

Por ser um destes espaços com potencial inexplorado que o terreno foi escolhido. Preenchido com galpões e sobrados, o local acaba sendo pouco frequentado e fez com que se tornasse um ponto perigoso e a passagem próxima ao metro fosse fechada.

06.2 PONTOS DE INTERESSE E CULTURA

O bairro de São José, enriquecido com detalhes e antiguidades, é um verdadeiro tesouro cultural que reflete parte da história de Recife. Destacam-se várias atrações que revelam esse rico passado.

O Forte das Cinco Pontas, situado no coração da cidade, narra a história da última construção dos holandeses e exibe uma impressionante arquitetura colonial. A Casa da Cultura, uma antiga casa de detenção, foi transformada em um centro de comercialização de artesanato e diversos produtos. A Estação Central, que um dia foi a principal estação

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Figura 46 Área de Estudo Fonte: Autoral Figura 47: Forte das Cinco Pontas Fonte: Domínio Público

ferroviária de Recife, agora abriga o Museu do Trem, o primeiro do Brasil. A Praça Sérgio Loreto, construída em uma ilha, destaca-se pela exuberante arborização, embora esteja lamentavelmente abandonada. Por sua vez, o Mercado São José é uma atração diária para os cidadãos, onde é possível adquirir diversos produtos e admirar uma arquitetura de ferro inspirada em mercados públicos de Paris. Além desses edifícios históricos que compõem a paisagem do bairro de São José, também se encontram uma significativa presença de templos católicos, como a Basílica da Penha de França, a de São José e a de São José de Ribamar, que contribuem para a identidade única do bairro.

06.3

LEGISLAÇÃO

O bairro de São José, como um todo, é zoneado como ZEPH, que significa Zona Especial de Patrimônio Histórico-Cultural. Essa classificação abrange áreas com sítios, ruínas e conjuntos antigos de grande importância arquitetônica, histórica, cultural e paisagística, cuja preservação é fundamental para proteger o patrimônio histórico e cultural da cidade. As ZEPH são divididas em dois setores: Setor de Preservação Rigorosa (SPR) e Setor de Preservação Ambiental (SPA).

Apesar do terreno escolhido se localizar próximo à tantos símbolos culturais, o espaço se configura como Zona Centro (ZC), por conta da sua descaracterização conforme o passar do tempo, principalmente por conta das necessidades comerciais locais e a necessidade de crescimento econômico, que fomentou a construção de novas edificações no pósmodernismo.

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Figura 48: Mapa- Locais de Interesse Fonte: Autoral Figura 49 Legislação- Área de Estudo Fonte: Autoral, informações via ESIG

Quanto às especificações sobre a Zona Centro (ZC), como está dito na Subseção III da Lei Nº 18770 DE 29/12/2020, é dito que:

Art. 49. A Zona Centro (ZC) corresponde à região central do Recife, densamente construída, com forte presença de elementos do patrimônio cultural da cidade, forte incidência de usos institucionais, de comércio e serviços, baixa incidência de usos residenciais, grande diversidade morfotipológica, dotada de infraestrutura urbana disponível e com alta obsolescência edilícia.

Art. 50. A Zona Centro (ZC) tem por objetivo promover um desenvolvimento urbano que priorize o pedestre e a ocupação de áreas vazias ou subutilizadas de seu parque edificado, em consonância com suas características ambientais, culturais e disponibilidade de infraestrutura instalada.

Art. 51. São diretrizes definidas para Zona Centro:

I - Incentivar a implantação de usos residenciais para todas as faixas de renda;

II - Elaborar legislação específica de retrofit para adequação de edifícios de modo a garantir a promoção de programas de habitação de interesse social - HIS ou incentivos para desenvolvimento de novos empreendimentos;

III - estimular a mobilidade ativa, com a ampliação e tratamento de calçadas, atendimento às normas de acessibilidade universal e implantação do Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife;

IV - Desestimular a utilização do transporte individual motorizado e dinamizar os espaços públicos tornando-os mais seguros e acessíveis em todos os períodos do dia, inclusive na perspectiva de gênero;

V - Estimular a implantação de áreas de uso público em edificações privadas, constituindo-se em espaços de permeabilidade e de articulação;

VI - Estimular diversidade de usos na Zona Centro, em todos os períodos do dia, prioritariamente nos principais eixos de mobilidade urbana;

VII - estimular a implantação de edificações de uso misto com fachada ativa no térreo e de uso habitacional nos pavimentos superiores para todas as faixas de renda.

VIII - melhorar o sistema de transporte viário, cicloviário e de circulação de pessoas, criando condições adequadas de acessibilidade universal

Art. 52. A Zona Centro (ZC) em função de suas diretrizes e objetivos apresenta os coeficientes de aproveitamento:

I - Coeficiente de aproveitamento mínimo - 0,5;

II - Coeficiente de aproveitamento básico - 1,0;

III - coeficiente de aproveitamento máximo - 5,0.

06.4 TIPOS E USOS

Na análise da área de estudo, foram identificados seis tipos arquitetônicos distintos. O tipo mais predominante é o sobrado, que abrange a maioria dos imóveis. Esses tipos arquitetônicos são herança da estrutura fundiária original da região, caracterizada por lotes estreitos e compridos.

A identidade da área está ligada a essa condição, uma vez que a maioria dos imóveis mantém o tipo original de construção, ou seja, edificações térreas ou com até dois pavimentos. No entanto, ao longo do tempo, essas construções passaram por modificações significativas, como o alargamento das aberturas e a substituição das coberturas inclinadas por lajes planas ou telhas de fibrocimento. Apesar disso, muitos, principalmente àqueles na área de Zona Centro, já foram descaracterizados.

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Figura 50 Rua da Concórdia- Sobrados descaracterizados Fonte: Google Maps

06.5 TERRENO DO PROJETO

O local escolhido para ser o local do projeto, como dito anteriormente, é uma parcela de terreno de uma quadra subutilizada do bairro São José (dado demonstrado na página seguinte através do mapa de densidade habitacional).

A quadra possui grande parcela ocupada por galpões sem uso e outra parcela é preenchida por sobrados. A existência de uma parcela tão grande de solo sem uso gerou um vazio urbano e gerou um espaço deserto que, mesmo num local rodeado de cultura e em frente à um acesso ao metrô- agora fechado-, hoje serve apenas como uma espécie de estacionamento informal.

O terreno, ainda assim, ocupa uma parcela da quadra que quase não edificada. Apesar disso, ainda se encontra rodeado de muros, contribuindo para um cenário de arquitetura opressor e sem atratividade

Com isso em mente, o projeto não só contribuiria socialmente para criar um bairro mais inclusivo como também promoveria através de sua tipologia permeável um caminhar mais convidativo e somaria na reativação da quadra selecionada.

O terreno tem dimensões de 30x100m e o alinhamento das construções preexistentes possibilita uma calçada que cumpre com o mínimo da NBR 9050, variando em sua largura entre 0,9 e 1,2m.

Num geral, a falta de cumprimento efetivo da norma na cidade do Recife faz com que o projetar de um edifício acessível exceda o escopo do privado e se integre com mudanças no espaço público, independente do terreno escolhido. Quando se trata deste terreno serão necessárias adequações no entorno que promovam maior caminhabilidade, segurança e acessibilidade.

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Figura 51: Vista aérea do terreno Fonte: Google Maps Figura 52: Frente do terreno Fonte: Google StreetView

07. DESENVOLVIMENTO DO

EDIFÍCIO KELLER

07.1 MEMORIAL DESCRITIVO

O edifício, nomeado de Edifício Keller, teve seu nome escolhido em homenagem à Helen Keller, a primeira pessoa e mulher surda e cega a conquistar um bacharelado.

Ele está localizado nas proximidades da Estação Recife e tem como principal objetivo alinhar conceitos de inclusão e arquitetura contemporânea nacional desde as fases iniciais do projeto.

Sua concepção foi baseada nos ideais de desenho universal e sustentabilidade urbana, criando um edifício inclusivo e viável urbana e economicamente.

O ideal projetual é que a construção não seja apenas acessível fisicamente, mas materialmente, financeiramente e sensorialmente. De forma que fosse sustentável no meio urbano e que trouxesse sensação de pertencimento a todos que o frequentam, promovendo autonomia, identificação com o espaço, atividades culturais e conforto.

Para isso, no projeto foi considerado um desenho contemporâneo estrutural, com malha estrutural de intervalos variados e uma concepção de planta que se espalha pelo lote, criando uma proposta rítmica e um espaço permeável, sem deixar de considerar um fluxo de maior eficiência, com dois eixos verticais e dois eixos horizontais para um caminho claro e amigável.

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Figura 53 Fachada Fonte: Autoral Figura 54: Eixos Fonte: Autoral

07.2 ACESSO

Para acessar o edifício e torná-lo de fato acessível é necessário criar uma comunicação entre o urbanismo dos arredores com o edifício. Para que isso fosse possível, considerando as condições atuais, seria necessário a criação de passagens que levassem o pedestre da Estação ou ponto de ônibus, até o edifício.

Por conta das calçadas estreitas presentes no entorno, ao se analisar a viabilidade de execução da passagem acessível o método escolhido foi o uso de travessias elevadas.

Este meio permite que o passeio seja contínuo, tornando-o mais confortável principalmente para pedestres com limitações motoras e ainda influencia no desacelerar dos automóveis ao se aproximar

Além disso os pisos táteis levam o pedestre até balizadores nas calçadas, sendo preenchidos os espaços sem balizadores com pisos táteis direcionais, e os guiam até os meios de transporte público próximos

Ambos os tópicos citados são regidos por normas da NBR 9050, devendo ser seguidos para que seu uso seja otimizado.

Sem a acessibilidade no meio urbano em conjunto com o projeto do edifício ele não seria efetivamente acessível, sendo assim vital o complemento de uma intervenção urbana.

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Figura 55: Travessia Elevada Fonte: autoescolaonline.net Figura 56: Ponto de ônibus acessível Fonte: feito por Paulo H Carvalho

07.3 USOS

O edifício possui uso misto, se dividindo entre o térreo com comércio, lazer e serviço e os pavimentos superiores com moradias. Esse zoneamento dos níveis permite que exista um térreo permeável e sem barreiras, e unidades habitacionais com conforto e privacidade coexistam num mesmo edifício

07.3.1 TÉRREO

Tal configuração proporciona explorar o projetar da acessibilidade em vários aspectos que ultrapassam o “acessar” de uma edificação.

Para isso foi utilizado do auxílio de mobiliário acessível, na área de lazer por exemplo, com mesas de altura de 75cm, de apoio nas bordas para maior conforto na hora de estacionar cadeira de rodas e bancos largos e móveis para maior conforto e inclusão de diferentes tipos de corpos.

Além do mobiliário do projeto que contempla mesas, mapas táteis, pisos direcionais, prateleiras rebaixadas, catracas e banheiros inclusivos, um enfoque especial é dado- ainda no parquinho- para brinquedos inclusivos: O balanço, escorregador e carrossel acessíveis que, adiante, será explorado com mais detalhes.

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Figura 57 Corte esquemático Fonte: Autoral Figura 58: Parque do edifício Fonte: Autoral Figura 59: Balanço acessível Fonte: Google

07.3.2 PAVIMENTOS SUPERIORES

Os pavimentos superiores constam a área privativa do Edifício Keller Ao entrar pelo hall e subir aos pavimentos se tem área de circulação, lavanderia e cinco apartamentos por módulo, sendo assim dez por andar e um total de vinte unidades habitacionais.

Os ambientes do edifício são projetados para cumprir com a norma de acessibilidade e criar um ambiente confortável e completo.

Com o auxílio de mobiliário acessível é possível ter a completude de uma moradia sem o visual clínico associado à imagem da acessibilidade.

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08. CONCLUSÃO

Mesmo que tenhamos hoje no Brasil uma norma técnica de acessibilidade com a influência de uma ampla gama de diretrizes legislativas e recheado de instruções efetivas, o pensamento que ainda nos permeia é o de adequação de espaços construídos para acessibilidade, sem levar em conta a inclusão, ainda mesmo que estejamos projetando algo do zero.

É comum ver isso quando vemos um shopping novo e dentro dele, por mais que tenha sido projetado conforme as leis e normas, os espaços não serem convidativos ou sequer promovem a independência ou inclusão de pessoas com deficiência e transtornos.

Um grupo de crianças pode agir de forma excludente, por exemplo, ao notar que se chamarem um colega cadeirante para passear, não poderão ter bons assentos no cinema, passear em suas lojas favoritas, e terão dificuldade para se locomover em corredores com quiosques e terão de se separar caso queiram acessar o segundo andar de uma livraria. Isso nos faz refletir se a acessibilidade é inclusiva ou só acessível (e mais nada). O mesmo acontece em parques, espaços naturais etc.

Com base nisso é necessário não somente revisitar as diretrizes como pensar nos espaços previamente, as vezes até mesmo tentando se desprender um pouco da norma, e se fixando no seu lado humano e empático.

A partir de toda essa reflexão se criam as diretrizes, para nos lembrar um pouco de que a acessibilidade não é somente o acesso, mas a experiencia pessoal de cada um.

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09. REFERÊNCIAS

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