Suplementação e vitaminas 2018

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ESPECIAL

SUPLEMENTAÇÃO

REVISTA DIRIGIDA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

E VITAMINAS NEM SEMPRE A DIETA DO DIA A DIA É SUFICIENTE PARA SUPRIR A DEMANDA VITAMÍNICA DO CORPO. PARA ISSO, PRODUTOS AJUDAM DESDE BEBÊS ATÉ IDOSOS

Parte integrante do

GUIA DA FARMÁCIA ANO XXV | Nº 312 NOVEMBRO DE 2018

CRESCE A DEMANDA PELA BUSCA DE INFORMAÇÕES EM MEIOS DIGITAIS ANTES DE O SHOPPER IR AO PONTO DE VENDA COMPRAR SEU PRODUTO


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APRESENTACÃO

A ESCOLHA PELA SAÚDE

A

praticidade do dia a dia faz com que muitos brasileiros não consumam as quantidades diárias necessárias de vitaminas e minerais para o bom funcionamento do organismo e grande parte deles está preocupada com a saúde e o bem-estar. Para resolver essa equação, muitos optam por equilibrar suas atitudes, buscando hábitos mais saudáveis e a reposição nutricional, por meio de suplementos. Somente entre agosto de 2017 e agosto de 2018, o setor de vitaminas, minerais e suplementos no Brasil faturou R$ 4 bilhões, de acordo com dados da IQVIA. Os líderes de venda são os multivitamínicos que, sozinhos, geraram mais de R$ 1 bilhão em vendas – 12,2% de crescimento em doze meses móveis. Ainda que tenham menor volume de faturamento, vitaminas e outras monovitaminas e minerais tiveram um desempenho ainda mais expressivo no mesmo período – 15,6% e 13,9%, respectivamente. Dados comparativos mostram que o mercado de vitaminas no Brasil ainda tem muito espaço para crescer – nos Estados Unidos, são consumidos 32 vezes mais suplementos que aqui, conforme dados da Euromonitor International, por exemplo. Para que o setor alcance todo o potencial possível no território nacional, é preciso um esforço conjunto dos players interessados em expandir esse segmento. Para lhe apresentar algumas alternativas, preparamos este Especial Suplementação e Vitaminas, que aborda, entre outros assuntos, o desempenho das categorias, perfil de consumo do shopper, influências tecnológicas para a decisão de compra, dicas de exposição e árvore de decisão. Outro destaque fica por conta do novo marco regulatório para suplementos alimentares que, desde 27 de julho de 2018, está em vigor. Agora, itens como vitaminas e minerais, ômega 3 ou proteína do soro pertencem a uma nova categoria: suplementos alimentares. Acompanhe o que diz a lei.

04 CENÁRIO

O mundo da suplementação pode ser dividido em várias categorias, como suplementos esportivos, alimentares, vitaminas, nutracêuticos e polivitamínicos

08

12 SHOPPER

Para trabalhar corretamente os produtos, é necessário que o varejista conheça bem o seu público-alvo. Conheça quem são os maiores consumidores e como eles lidam com cada item

E MAIS

Boa leitura!

18 TECNOLOGIA 22 PONTO DE VENDA 26 SARCOPENIA 30 ALIMENTAÇÃO

Lígia Favoretto Editora-chefe

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Laura Martins EDITOR DE ARTE Junior B. Santos COMERCIAL (EXECUTIVAS DE CONTAS) Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) e Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)

ATUALIDADE

Um novo marco regulatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) coloca as vitaminas e os minerais na categoria de suplementos alimentares. Entenda o que muda

ASSISTENTE COMERCIAL Mariana Batista Pereira

ASSISTENTES DE MARKETING Leonardo Grecco e Noemy Rodrigues

ASSINATURAS Morgana Rodrigues

COLABORADORES DA EDIÇÃO Textos Flávia Corbó Revisão Maria Elisa Guedes

COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri FINANCEIRO Cláudia Simplício e Mislene Brito ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia

IMPRESSÃO AR Fernandez PROJETO GRÁFICO Junior B. Santos

> www.guiadafarmacia.com.br Especial Suplementação e Vitaminas é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.:(11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira

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3


CENÁRIO

VITAMINAS EM EVOLUÇÃO CATEGORIA FATUROU R$ 4 BILHÕES EM DOZE MESES, MAS AINDA TEM ESPAÇO PARA CRESCER, UMA VEZ QUE O CONSUMO PER CAPITA EM UNIDADES AINDA É BAIXO EM RELAÇÃO À MÉDIA DE OUTROS PAÍSES Textos Flávia Corbó

M

uitos brasileiros vivem um dilema diário: ter praticidade em um dia a dia cada vez mais corrido, mas, ao mesmo tempo, aumentar os cuidados com a saúde e o bem-estar. Para resolver essa equação, muitos optam por equilibrar suas atitudes. A categoria de refeições prontas apresentou um crescimento absoluto de quase 86% entre 2012 e 2017, segundo dados da Euromonitor International. Ao mesmo

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tempo, em uma tentativa de balancear a deficiência em nutrientes que o fast-food pode trazer, o uso de suplementação vitamínica cresce a um ritmo de 10% ao ano. Somente entre agosto de 2017 e agosto de 2018, o setor de vitaminas, minerais e suplementos no Brasil faturou R$ 4 bilhões, de acordo com dados da IQVIA. Os líderes de venda são os multivitamínicos que, sozinhos, geraram mais de R$ 1 bilhão em vendas – 12,2% de crescimento em doze meses móveis. Ainda

IMAGENS: SHUTTERSTOCK


que tenham menor volume de faturamento, vitaminas e outras monovitaminas e minerais tiveram um desempenho ainda mais expressivo no mesmo período – 15,6% e 13,9%, respectivamente. Juntos, todos os diversos segmentos de vitaminas e suplementos representam 18% do mercado de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). O percentual é significativo, mas o consumo per capita de vitaminas no Brasil ainda é baixo, se comparado com outros mercados. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada cidadão consumiu, em média, 384 unidades de vitaminas em 2017. No Brasil, o volume não passa de 12 unidades ao ano por pessoa, o que mostra um enorme potencial a ser explorado. Segundo análise da Euromonitor International, existem algumas razões para que a categoria não tenha alcançado a total maturidade no País. Primeiramente, médicos brasileiros em geral não costumam recomendar a suplementação de maneira ampla aos pacientes, ainda que dados do Ministério da Saúde (MS) mostrem que a maioria da população não consome os níveis adequados de nutrientes por meio da alimentação. O pouco conhecimento a respeito dos benefícios das vitaminas e dos suplementos é outro empecilho para que a performance da categoria deslanche. Muitos consumidores ainda consideram suplementação como algo supérfluo e preferem direcionar os gastos com saúde em outros segmentos que tenham um custo mais baixo ou um retorno mais imediato e visível. “O consumidor está aprendendo mais sobre o uso de vitaminas e o aprendizado ainda é uma questão fundamental para o crescimento da categoria”, acredita o analista da Euromonitor, Elton Morimitsu. Vale destacar que indústria e varejo têm papel importante em indicar e explicar ao consumidor os diferenciais da categoria.

CANAL FAVORITO O varejo farmacêutico é o mais relevante para a venda de vitaminas e suplementos no mercado brasileiro, sendo responsável por mais de 86% das vendas em 2017, segundo dados da Euromonitor. Essa alta concentração em um único modelo de ponto de venda (PDV) não ocorre em outros locais. Nos Estados Unidos, por exemplo, a distribuição das vendas das categorias é bastante pulverizada: o canal mais representativo é o e-commerce, com 18% das vendas, e as farmácias representam apenas 10%. De acordo com Morimitsu, a preferência pela farmácia entre os usuários brasileiros de vitaminas e suplementos

se deve ao fato de que o consumidor local está acostumado a ver a farmácia como canal destino deste tipo de produto. “Há também uma similaridade nas vendas da categoria com a de medicamentos. No geral, as empresas que atuam nessa categoria também atuam em medicamentos, tendo maior sinergia para explorar um único canal.” Cientes desse potencial, algumas das maiores redes de farmácias do País, como Ultrafarma, Pague Menos e Raia Drogasil, vêm expandindo cada vez mais seus portfólios com produtos de preço mais acessível, incluindo itens de marca própria, que costumam ter preços até 50% mais baixos que marcas tradicionais. “Farmácias permitem que o consumidor tenha fácil acesso a uma ampla variedade de marcas, com focos específicos, em diferentes posicionamentos de preços, podendo ainda contar, se necessário, com a orientação de balconistas e farmacêuticos”, reforça o diretor de vendas Pfizer Consumer Healthcare, Flávio Cunha. Os canais especializados – como loja de suplementos, vendas on-line e via telefone – têm crescido, mas de forma geral ainda são pouco representativos para o varejo. “Nesses formatos, o varejo está evoluindo com plataformas mais amigáveis, disponibilizando conteúdos relevantes que eduquem o consumidor, facilitando o processo de compra”, complementa Cunha.

TENDÊNCIAS DE MERCADO De acordo com projeções da Euromonitor, a vitamina C deve seguir na liderança das monovitaminas no próximo ano, porque é tida como aliada no combate e prevenção de gripes e resfriados. A presença de marcas tradicionais também faz com que a vitamina C seja muito popular entre todas as faixas etárias e classes sociais. Por sua vez, os multivitamínicos devem seguir crescendo, mas em um ritmo um pouco mais lento do que em períodos anteriores. A entrada de novos players na categoria vai contribuir para que a concorrência fique ainda mais acirrada. Uma combinação de fatores também projeta bom desempenho para ômega 3. O nutriente tem boa aceitação entre os consumidores brasileiros e o crescente número de fabricantes deve estimular a redução de preços, além de forçar o lançamento de produtos de qualidade cada vez maior. Além disso, as recomendações médicas do uso de ômega 3 para benefícios cardiovasculares e cognitivos vêm crescendo e, junto, os investimentos em divulgação na mídia.

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CENÁRIO

ALIADOS IMPORTANTES MAT* AGO/2017 R$

MAT AGO/2018 R$

Evolução%

Mercado Farmacêutico (Total)

101,752 bilhões

117,860 bilhões

15,8%

Mercado de Vitaminas, Minerais e Suplementos (Total)

3.643 bilhões

4.022 bilhões

10,4%

12,2%

SEGMENTAÇÃO 2017 2018 Evolução

15,6%

*MAT significa Moving Annual Total (Movimento Anual Total, em português) Fonte: IQVIA – Base Mix agosto 2018

Outro ponto que deve estar no radar dos varejistas é o aumento da expectativa de vida e o consequente crescimento da população idosa brasileira. Dentro desse cenário, alguns segmentos serão mais demandados nos próximos anos. É o caso dos suplementos de cálcio, frequentemente recomendados pe-

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los profissionais de saúde como forma de prevenção e combate à osteoporose e a outras doenças ósseas. Ainda de acordo com a Euromonitor, fibras e suplementos probióticos, ambos usados para melhorar o funcionamento do intestino, também tendem a crescer ao mesmo ritmo que o avanço do envelhecimento.

70.019 mi

11,2%

62.976 mi

Suplementos Energéticos

76.142 mi

5,0%

72.515 mi

Outros Suplementos

6,1%

416.195 mi

430.914 mi

397.319 mi

Ômega 3

595.733 mi

515.419 mi

Vitamina C

591.288 mi

519.015 mi

Monovitaminas e Minerais

628.743 mi

602.033 mi

Cálcio

1.213 bi

1.081 bi

Multivitamínicos

8,5%

392.383 mi

13,9%

Tônicos e Estimulantes de Apetite

4,4%


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ATUALIDADE

NOVAS REGRAS MARCO REGULATÓRIO CRIADO PELA ANVISA COLOCA AS VITAMINAS E OS MINERAIS NA CATEGORIA DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES

D

esde 27 de julho de 2018, está em vigor o marco regulatório para os suplementos alimentares. Itens como vitaminas e minerais, ômega 3 ou proteína do soro pertencem a uma nova categoria: suplementos alimentares. De acordo com definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tratam-se de produtos apresentados em formas farmacêuticas para ingestão oral, com o objetivo

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de suplementar a alimentação com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos. Até então, esses itens eram enquadrados como medicamentos. Agora, o marco regulatório deixou mais clara a diferença entre esses segmentos. “Suplementos alimentares têm como finalidade fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos à alimentação de indivíduos saudáveis. Já os medicamentos têm finalidade terapêutica

IMAGENS: SHUTTERSTOCK


ou medicamentosa comprovada, ou seja, são produtos destinados a prevenir, tratar ou curar doenças ou mitigar seus sintomas”, define a Agência. A nova regulamentação ainda tem a função de “contribuir para o acesso da população a suplementos alimentares seguros e de qualidade; reduzir o desnível de informações existente no mercado, principalmente as alegações sem comprovação científica; facilitar o controle sanitário e a gestão do risco e eliminar obstáculos desnecessários à comercialização e à inovação do setor”. De modo geral, a iniciativa regulamenta o segmento para que os suplementos sejam compostos apenas por ingredientes reconhecidamente seguros para consumo e compatíveis com seus objetivos. Para isso, a Anvisa criou listas positivas que contemplam 383 ingredientes fontes de nutrientes, substâncias bioativas ou enzimas, 249 aditivos alimentares e 70 coadjuvantes de tecnologia autorizados na composição dos suplementos. Diante da definição de ingredientes autorizados, o registro torna-se indispensável, pois a segurança alimentar deve ser comprovada. Destaca-se que para enzimas e probióticos permanece a exigência de comprovação de segurança e alegações funcionais, mas o que se espera é uma maior agilidade nos processos e análise e aprovação pela Agência. A composição, as características do produto e os benefícios oferecidos também devem ficar mais claros ao consumidor. “Além de reduzir as dificuldades para comercialização e para a inovação do segmento, trará mais segurança e garantirá a qualidade dos produtos”, afirma a vice-presidente Executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Sileci. Outro aspecto essencial do marco regulatório é a segregação expressa da utilização de substâncias por idade. De acordo com as novas regras, determinadas substâncias mesmo que aprovadas não deverão ser indicadas para lactentes (zero a 12 meses de idade) e crianças na primeira infância (um a três anos de idade). É o caso da caseína hidrolisada (proteína do leite) e do soro de leite, que não poderão ser utilizados para esse público infantil, uma vez que a norma também visa evitar a substituição da alimentação por produtos de suplementação alimentar. Cada suplemento deverá indicar em sua rotulagem o grupo populacional e a faixa etária indicada. Mais uma exigência é que as alegações funcionais (“claims”) devem ser feitas em conformidade com as descrições pré-aprovadas pela Anvisa. Há um rol taxativo de alegações previstas, com o fim de consolidar as mensagens destinadas ao consumidor. Todas as fibras alimentares,

RESUMO DAS DEFINIÇÕES DO MARCO REGULATÓRIO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES 1. Todos os produtos apresentados em formas farmacêuticas e destinados a suplementar a alimentação de pessoas saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos passam a ser classificados como suplementos alimentares. 2. A maioria dos suplementos está dispensada de registro, ou seja, não depende de uma avaliação prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializada, uma vez que a nova normativa traz uma série de listas do que pode ser usado em um suplemento, os limites mínimos e máximos de ingredientes e eventuais alegações autorizadas. 3. Os suplementos fonte de probióticos e enzimas continuam com o registro obrigatório a fim de manter o acompanhamento das cadeias produtivas destes produtos. 4. As empresas devem incluir no rótulo dos produtos a denominação “Suplemento Alimentar”. 5. A lista de ingredientes permitidos será atualizada periodicamente, desde que sejam demonstradas a segurança e a eficácia dos novos componentes. 6. A Anvisa publicou uma lista com as alegações funcionais permitidas para cada nutriente, como “auxiliar na formação e manutenção de ossos e dentes”, “auxiliar no funcionamento do sistema imune” ou “antioxidante que auxilia na proteção dos danos causados pelos radicais livres”. A Agência também atualizará a listagem das alegações permitidas sempre que forem apresentadas novas evidências científicas. Fonte: vice-presidente Executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Sileci

por exemplo, deverão trazer no rótulo a seguinte mensagem: “as fibras alimentares auxiliam no funcionamento do intestino”. Para evitar que fabricantes coloquem no mercado produtos que tragam “promessas” vazias de benefícios, a rotulagem dos suplementos alimentares não pode apresentar palavras, marcas, imagens ou qualquer outra representação gráfica que afirme ou sugira que o produto possui finalidade medicamentosa ou terapêutica, que o produto contém substâncias não autorizadas ou proibidas, que a alimentação

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ATUALIDADE

O NOVO MARCO REGULATÓRIO É ESTABELECIDO POR MEIO DAS SEGUINTES NORMAS NORMAS

O QUE ESTABELECEM

Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 239/2018

Estabelece os aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia autorizados para uso em suplementos alimentares.

RDC 240/2018

Categorias de alimentos e embalagens isentos e com obrigatoriedade de registro sanitário. Altera a RDC 27, de 6 de agosto de 2010.

RDC 241/2018

Dispõe sobre os requisitos para comprovação da segurança e dos benefícios à saúde dos probióticos para uso em alimentos.

RDC 242/2018

Regulamenta o registro de vitaminas, minerais, aminoácidos e proteínas de uso oral, classificados como medicamentos específicos. Altera a RDC 24, de 14 de junho de 2011; a RDC 107, de 5 de setembro de 2016; a Instrução Normativa (IN) 11, de 29 de setembro de 2016; e a RDC 71, de 22 de dezembro de 2009.

RDC 243/2018

Dispõe sobre os requisitos sanitários dos suplementos alimentares.

IN 28/2018

Estabelece as listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares.

não é capaz de fornecer os componentes necessários à saúde ou que o produto é comparável ou superior a alimentos convencionais. Qualquer alegação que descreva o papel do nutriente, substância bioativa, probiótico ou enzima no organismo ou outros benefícios à saúde só pode ser veiculada se estiver aprovada para o produto. As empresas fabricantes terão cinco anos para fazer a adaptação da embalagem dos produtos. Segundo a Anvisa, o prazo é necessário para a manutenção da comercialização de produtos registrados, pois quando a nova normativa foi aprovada, muitos registros encontravam-se com aprovação recente. “Tal medida visa possibilitar a exploração comercial em prazo compatível à adaptação do mercado. Assim, os produtos fabricados durante o prazo de adequação poderão ser comercializados até o término do prazo de validade, sem qualquer embaraço. Mas, por outro lado, os processos de registro em curso deverão ser adequados às novas regras”, explica a Agência. Como o marco regulatório dos suplementos alimentares também traz requisitos e exigências de qualidade sob o aspecto sanitário, as normas do sistema de Vigilância Sanitária nas esferas estadual e municipal deverão ser revistas, para

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adequação e estruturação dos processos de autorização de licenciamento da atividade das indústrias e fiscalização.

REGRAS NA DISPENSAÇÃO O marco regulatório preserva o direito de escolha do consumidor e acesso livre aos suplementos alimentares. Para facilitar o entendimento das opções dispostas na gôndola, os suplementos devem estar dispostos de forma prática e funcional, agrupados por indicações e com boa sinalização dentro do ponto de venda (PDV). “Dessa maneira, viabiliza-se maior praticidade no autosserviço das farmácias e, ainda, mais qualidade de vida para o consumidor”, acredita Marli. Caso o paciente demonstre dúvidas e solicite ajuda, o farmacêutico está autorizado a aconselhá-lo a ler a rotulagem e bula dos produtos e orientá-lo quanto à forma de administração (posologia) e demais características dos produtos. “Entendemos tratar-se de momento crucial para a farmácia, considerando a possibilidade de prestar serviços de esclarecimentos à população, no ato da dispensação, visando ao consumo seguro desse tipo de produto. Por isso, o preparo do profissional de farmácia, nesse momento, é fundamental”, destaca Marli.


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SHOPPER

CLIENTE DE POTENCIAL CONHECER O PERFIL DO USUÁRIO DE VITAMINAS NO BRASIL É FUNDAMENTAL PARA ESCOLHER O SORTIMENTO CORRETO DENTRO DE UMA CATEGORIA QUE ABRANGE MAIS DE 260 MARCAS E QUASE 500 SKUS

O

consumo regular de vitaminas e minerais é fundamental para o bom funcionamento do organismo, pois estes nutrientes são responsáveis pela manutenção das células e dos tecidos – pele, ossos, cabelos – e pelo combate aos radicais livres. Com propriedades antioxidantes, ainda são capazes de proteger as estruturas celulares. Com tantas funções, são substâncias necessárias para a saúde em qualquer idade e gênero. Devido a essa abrangência, o mercado de suplementação vitamínica é grande e competitivo. São aproximadamente 260 marcas e quase 500 SKUs (a sigla que representa o termo Stock Keeping Unit, em português,

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Unidade de Manutenção de Estoque, é definida como um identificador único de um produto e é utilizada para manutenção de estoque) disponíveis ao consumidor. No espaço limitado das farmácias, é impossível oferecer um sortimento que englobe todas essas variantes, por isso é importante que o varejista conheça quem é o público médio de vitaminas no Brasil, cruze os dados com o seu perfil de cliente e, a partir disto, defina o mix e a exposição. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad) com 1.007 pessoas em sete capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Brasília, Fortaleza e Porto Alegre –, em 54% dos lares, alguém da família

IMAGENS: SHUTTERSTOCK


consome algum tipo de vitamina ou suplemento alimentar. Belém apresentou a maior incidência (59%) e Brasília a menor (47%). Os suplementos mais consumidos no País são os multivitamínicos, seguidos de ácidos graxos (especialmente o ômega 3), minerais (principalmente cálcio) e vitaminas específicas (a vitamina C é a campeã). Em percentuais, 48% são vitaminas; 22%, minerais; 19% são extraídos de plantas; 17%, ácidos graxos; 16%, proteínas; 14%, aminoácidos; e 12% são de óleos, como cártamo, peixe, alho, etc. Entre as razões que levam os brasileiros a comprar vitaminas e suplementos se destacam o desejo de complementar a alimentação (75%) e a busca por mais energia e aumento de massa muscular (57%). Os entrevistados pela Abiad ainda afirmam que usam vitaminas e suplementos para melhorar a saúde (58%), prevenir doenças (29%), tratar alguma enfermidade (13%).

VALORES INVESTIDOS A maioria das pessoas adquire seus suplementos uma vez por mês e costuma gastar, em média, pouco menos de R$ 50. Entre esses consumidores, 19% buscam preço, 14% se interessam pela formulação e 13%, pela marca ou procedência. A pesquisa ainda revela que 67% têm o hábito de ir ao médico de três a quatro vezes por ano, o que indica que eles têm uma preocupação com a sua saúde em geral. Apesar da frequência de compra ainda ser muito baixa comparada a outros mercados, quem já é adepto de algum tipo de suplementação acredita nos benefícios do segmento. Dados da Abiad apontam que 96% das pessoas dizem estar muito satisfeitas com os resultados da suplementação – para 53% delas, eles aumentam a disposição física. A maioria dos shoppers é mulher (60%), porém, a participação do público masculino cresce a cada ano. “Vemos ainda um aumento da participação de mulheres mais velhas para algumas subcategorias específicas, como as ósseas e oftalmológicas. Também há um crescimento de um público mais novo, principalmente quando falamos de vitamina C e multivitaminas”, complementa a diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima.

NICHO ESPECÍFICO Quando se tratam apenas de suplementos esportivos, a categoria de proteínas tem destaque, representando em torno de 65% do total de vendas de suplementos no País, segundo a Associação Brasileira dos

IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM FARMÁCIAS E DROGARIAS Uma das grandes barreiras que impedem a expansão do mercado de vitaminas no Brasil é a desinformação. O brasileiro desconhece os benefícios desse segmento e não sabe distinguir, entre tantos SKUs (a sigla que representa o termo Stock Keeping Unit, em português, Unidade de Manutenção de Estoque, é definida como um identificador único de um produto e é utilizada para manutenção de estoque), quais produtos atendem a suas necessidades nutricionais. Para que a equipe de atendimento esteja preparada para oferecer atendimento de qualidade em uma categoria que ainda carece de informação, o melhor caminho é procurar parceria com indústrias que ofereçam treinamento de vendas. Com a capacitação correta, o atendente será capaz de entender o perfil do cliente e indicar o produto que mais se encaixa ao seu estilo de vida e objetivo. Outro ponto importante é trabalhar com itens de variadas faixas de preço e, durante o atendimento, apresentar diferentes opções de desembolso dentro de uma mesma subcategoria. O consumidor tem a percepção de que a categoria de vitaminas e suplementos é cara. É preciso deixar claro que existem opções acessíveis. Fonte: Mind Shopper

Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri). A popularidade é maior entre atletas, esportistas e praticantes de atividade física. Segundo a Abiad, 57% consomem para melhorar a performance – ter energia (52%) e aumentar força (47%) – e outros 45%, por estética – definir massa muscular (35%) e prevenir envelhecimento (29%). A categoria de suplementos esportivos apresentou um crescimento de 9,5% em 2017, em comparação ao ano anterior, conforme informações da Brasnutri. A penetração desses produtos nas farmácias é mais baixa do que as vitaminas em geral, mas há interesse dos fabricantes em expandi-la. “O canal farma é responsável por atingir grande parte do canal de distribuição em que as lojas especializadas não alcançam. Dessa maneira, se torna um grande espaço para as marcas de suplementos comercializarem seus produtos. O conceito de farmácia no Brasil vem se remodelando e o espaço dedicado aos suplementos alimentares está ganhando cada vez mais destaque”, afirma o presidente da Brasnutri, Synésio Batista da Costa.

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NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE CADA PÚBLICO As vitaminas e os minerais são micronutrientes essenciais para as pessoas durante todas as faixas etárias de suas vidas. Mas cada gênero, idade ou nível de atividade física deve se atentar a alguns nutrientes-chave.

MULHER • Ferro e vitaminas do Complexo B são importantes na fase em que a mulher é mais jovem. • Para as mulheres mais maduras, cálcio e vitamina D, além de magnésio e fósforo se tornam nutrientes-chave para a manutenção da saúde óssea. • Antioxidantes, como vitaminas C e E, e minerais, como zinco e selênio, auxiliam na proteção contra os radicais livres e no funcionamento do sistema imunológico. • Biotina e a vitamina B3 trabalham na manutenção da saúde de pele, mucosas e cabelos.

ESPORTISTA COMUM • Complexo B, ferro, vitaminas B6, D e K junto com cálcio, magnésio e fósforo auxiliam na saúde óssea e muscular, além de garantirem energia e disposição.

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HOMEM • Vitaminas do Complexo B e ferro melhoram a energia e o metabolismo celular. • Antioxidantes, como zinco, selênio, vitaminas C e E, atuam auxiliando na manutenção da saúde. • Vitamina B6 e vitamina D, além do magnésio e cálcio, são bons para músculos e ossos.

ESPORTISTA DE ALTA PERFORMANCE • Antioxidantes protegem o sistema imunológico, além de prevenirem estresse oxidativo que pode ocorrer durante exercícios de alta intensidade. Mais indicados: vitaminas A, E, C e minerais, como zinco, selênio e cobre.


PÚBLICO SÊNIOR C • Antioxidantes são de grande importância. Aporte de vitaminas A, E, C e D, além de minerais, como zinco, selênio e cobre, são relevantes para esse público. • Compostos bioativos, como luteína e zeaxantina, são importantes na saúde da visão e até mesmo na manutenção da pele.

ADOLESCENTES • Ferro, cobre, zinco e vitaminas do complexo B e C ajudam na fase de crescimento e maturação de órgãos sexuais. Favorecem desenvolvimento acelerado.

SUPLEMENTOS ALIMENTARES X PERFIL

47% HOMENS

53%

VITAMINAS

PROTEÍNAS

AMINOÁCIDOS

VITAMINAS

(Multivitamínicos)

(Whey Protein)

(BCAA)

(Vitamina C)

VITAMINAS

ÁCIDOS GRAXOS

MINERAIS

VITAMINAS

(Multivitamínicos)

(Ômega 3)

(Cálcio)

(Vitamina C)

MULHER

Por ciclo de vida 17 a 24 anos

25 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50 anos

51 a 60 anos

61 ou mais

• Whey Protein • BCAA • Creatina • Multivitamínicos • Vitamina C

• Multivitamínicos • Vitamina C • BCAA • Whey Protein • Creatina

• Multivitamínicos • Ômega 3 • Guaraná • BCAA

• Multivitamínicos • Ômega 3 • Cálcio • Guaraná • Vitamina C

• Ômega 3 • Cálcio • Multivitamínicos • Vitamina C • Complexo B

• Cálcio • Multivitamínicos • Ômega 3 • Vitamina C • Complexo B

Fonte: gerente nutricionista do Aché, Anna Paula Bispo Lacerda

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AS VITAMINAS E SUAS FUNÇÕES

• VITAMINA D: é importante para a formação e reconstituição dos ossos e dentes, é também importante para o equilíbrio das funções neurológicas e cardíacas e para a coagulação sanguínea.

• VITAMINA C: fortalece o sistema imunológico e participa da formação de colágeno, que é essencial no metabolismo do tecido conjuntivo, ósseo, cartilaginoso, bem como nos processos de cicatrização.

• CÁLCIO: atua na composição estrutural dos ossos e dentes, é necessário na contração dos músculos, além de estabilizar a frequência cardíaca e a pressão arterial.

• FERRO: tem como função o transporte de oxigênio, produção de energia, proteção do organismo e prevenção de anemia.

• LUTEÍNA: possui funções

• ZINCO: as suas principais

importantes, como proteção dos olhos e pele aos danos decorrentes da exposição à luz do dia e iluminação artificial dos ambientes, além de ser um relevante antioxidante que fornece proteção contra danos oxidativos de radicais livres.

funções estão relacionadas à produção de energia, manutenção da pele saudável; participa da estrutura mineral de ossos e dentes, no sistema imunológico, na produção de anticorpos; e atua na preservação do paladar, olfato e visão.

Fonte: nutricionista e especialista em Prescrição de Fitoterápicos e Suplementação Clínica Nutricional e Esportiva, Jordana Grazielle Lopes Braga

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TECNOLOGIA

CANAIS DE INFORMAÇÃO PARTE DOS BRASILEIROS NÃO HESITA EM BUSCAR CONSELHOS SOBRE VITAMINAS E SUPLEMENTOS NA INTERNET E JUNTO A INFLUENCIADORES DIGITAIS

A

popularidade do termo “Dr. Google” não é à toa. Segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países que mais buscam dados pela internet e, de acordo com o próprio Google, saúde é um dos temas mais recorrentes –

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uma em cada 20 pesquisas feitas na base de dados do site é para obter informação sobre questões relacionadas a doenças ou bem-estar. Geralmente, as consultas buscam antecipar diagnósticos médicos diante de um sintoma diferente ou após o recebimento de resultados de exames de rotina. Mas quando se tratam especificamente

IMAGENS: SHUTTERSTOCK


de vitaminas e suplementos, os princípios ativos aparecem entre as buscas mais populares. Ainda pouco familiarizado com esse universo, o brasileiro quer saber, por exemplo, o que é selênio, quais os benefícios do colágeno hidrolisado e qual a indicação da biotina. Os veículos de mídia influenciam a decisão de compra dessas vitaminas e nutrientes e, dentro desse nicho, a internet tem grande participação. É apontada por 28% como a segunda maior fonte de informação, perdendo somente para a televisão, de acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).

on-line. O estudo da QualiBest revela que 55% dos entrevistados confiam no que dizem os influencers. Além disso, 55% dos respondentes costumam pesquisar a opinião de influenciadores antes de fazer uma compra importante e 86% já descobriram um produto por meio de um digital influencer. O Instituto QualiBest ainda foi além e questionou se entrevistados, em algum momento, já compraram algum produto ou serviço por indicação de um influenciador digital. Pelo menos 73% declararam

PERCENTUAIS DE RELEVÂNCIA Os dados são reforçados por um estudo realizado pelo Instituto QualiBest para investigar mais a fundo qual a relação dos brasileiros com a internet e os influenciadores digitais no momento do consumo. Foram entrevistados 4.283 homens e mulheres com mais de 18 anos de idade, das classes ABC e de todas as regiões do País. Mais de 70% deles afirmaram seguir algum influenciador digital – este número sobe para 81% entre os jovens de até 19 anos de idade. Dentro do universo de internautas, os influenciadores são a segunda fonte de informações para a tomada de decisão na compra de um produto, citada por 49% dos respondentes, perdendo apenas para amigos e parentes (57%). Outros canais digitais, como site de reviews , blogs e sites oficiais de marcas, também foram mencionados como fontes para tomada de decisão por 1/3 da amostra. O dado revela a importância da presença digital e uma oportunidade mal aproveitada por indústria e varejo farmacêutico. Sites líderes de venda de vitaminas e suplementos, como Netshoes e Madrugão Suplementos, comercializam apenas produtos de empresas de nutrição esportiva e suplementos para perda de peso. O portfólio não contém itens produzidos pela indústria farma. Ou seja, há espaço para que esses players aumentem a venda de seu sortimento de vitaminas e suplementos em meios digitais. Traçar parcerias com influenciadores pode, inclusive, ser um caminho para expandir os resultados de vendas

DÚVIDAS DOS CONSUMIDORES De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri), Synésio Batista da Costa, muitos brasileiros ainda não sabem de todos os benefícios dos diversos suplementos alimentares disponíveis no mercado nacional como aliados na manutenção da saúde. “Por exemplo, a proteína é o principal nutriente no tratamento da sarcopenia (perda de massa muscular), que faz parte do processo de envelhecimento e muitas pessoas desconhecem tanto a patologia como as formas de prevenção.” Além de desconhecer as funções dos principais nutrientes disponíveis no mercado, o brasileiro médio ainda considera suplementação como algo supérfluo. Isso porque a grande parte dos consumidores entende que os suplementos servem apenas para complementar a alimentação e não para tratar ou curar doenças, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). A presidente da entidade, Dra. Tatiana Pires, acredita que a nova regulamentação dos suplementos alimentares proporcionará informações claras ao consumidor, uma vez que prevê o uso de alegações de propriedade funcional e de saúde, incluindo funções plenamente reconhecidas, como as de vitaminas e minerais. “Deve eliminar obstáculos à inovação, contribuindo ao acesso a suplementos alimentares seguros e de qualidade, além de reduzir a assimetria de informações existentes hoje no mercado brasileiro.”

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TECNOLOGIA

INFORMAÇÕES MAIS BUSCADAS NA INTERNET SOBRE VITAMINAS E SUPLEMENTOS

Vitaminas: 1 – Selênio – Elemento químico 2 – Solubilidade 3 – Centrum 4 – Comprimido 5 – Testosterona – Hormônio 6 – Enzima 7 – Biotina 8 – Cenoura selvagem 9 – Potássio 10 – Molécula

Suplementos: 1 – Colágeno hidrolisado 2 – Hormônio 3 – Magnésio 4 – Maca peruana 5 – Colágeno 6 – Zinco 7 – Melatonina 8 – Midway 9 – Mineral 10 – Oxandrolona

Fonte: Google Trends

que sim e, entre as categorias mais citadas, está a de suplementos e vitaminas (13%) – mesmo percentual para homens e mulheres.

INFLUENCERS NA PONTA DA LÍNGUA Na hora da compra dessa categoria, a maquiadora e frequentadora assídua de academia, Camila

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Coelho, é a digital influencer mais lembrada entre os participantes, com 34% das lembranças. Em seguida, vêm as musas fitness , Gabriela Pugliesi com 29% e Bella Falconi com 26%. O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri), Synésio Batista da


RANKING DAS CATEGORIAS DE PRODUTOS QUE SOFREM MAIS INFLUÊNCIA DE MEIOS DIGITAIS MULHERES 0

10

20

HOMENS

30

40

50

41

ALIMENTOS E BEBIDAS MODA

34 30

LIVROS 25

FILMES E SÉRIES CELULARES E SMARTPHONES

20

DECORAÇÃO

17

MÚSICA

17

SAÚDE SUPLEMENTOS E VITAMINAS

60 62

BELEZA E PERFUMARIA

14 13

ELETRODOMÉSTICOS

11

UTILIDADES DOMÉSTICAS

11

CAMA, MESA E BANHO

10

CELULARES E SMARTPHONES

0

10

20

30

50

38

GAMES 29

ALIMENTOS E BEBIDAS LIVROS

27

FILMES E SÉRIES

26

INFORMÁTICA E ACESSÓRIOS

22

MÚSICA

21

BELEZA E PERFUMARIA

15

ELETRODOMÉSTICOS

15

SUPLEMENTOS E VITAMINAS

13

AUTOMOTIVO

13

ESPORTE E LAZER

13

ELETROPORTÁTEIS

13

CÂMERAS E FILMADORAS

40 39

11

Fonte: QualiBest

Costa, acha o movimento natural, mas faz ressalvas: “A influência do meio digital fornece informações diversas sobre muitos assuntos, inclusive de suplementos, porém, a indicação é sempre buscar a orientação profissional e que o suplemento a ser adquirido seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os profissionais de saúde são os responsáveis por recomendar e dar as informações aos seus pacientes”. Apesar de se declararem digitalmente influenciados e utilizarem a internet, 60% dos brasileiros

garantem que só compram, de fato, suplementos e vitaminas com o aval de profissionais de saúde. Dados da Abiad apontam que 29% – principalmente consumidores com mais de 50 anos de idade – seguem a orientação de um médico, 16% – em especial os mais jovens – se aconselham com um educador físico, 8% com o farmacêutico e 7% com nutricionistas. “Isso mostra que os consumidores estão com uma postura mais responsável pela saúde ao buscarem por esses produtos, visando complementar a sua dieta”, acredita a presidente da Abiad, Dra. Tatiana Pires.

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PONTO DE VENDA

LOJA ATRATIVA A CATEGORIA DE VITAMINAS POSSUI INÚMERAS SEGMENTAÇÕES. A INDICAÇÃO E O MOMENTO DE USO DE CADA UMA DAS OPÇÕES DISPONÍVEIS NA GÔNDOLA DA FARMÁCIA DEVEM ESTAR CLAROS PARA QUE O CONSUMIDOR NÃO SE SINTA INTIMIDADO NO MOMENTO DA COMPRA

D

ados comparativos mostram que o mercado de vitaminas no Brasil ainda tem muito espaço para crescer – nos Estados Unidos, são consumidos 32 vezes mais suplementos que aqui, conforme dados da Euromonitor International, por exemplo. Para que o setor alcance todo o potencial possível no território nacional, é preciso um esforço conjunto dos players interessados em expandir esse segmento.

2 2 SUPLEMENTAÇ ÃO E V ITAMINA S N O V E M B R O 2 0 1 8

A indústria precisa reforçar o trabalho junto aos profissionais de saúde e elaborar fórmulas cada vez mais alinhadas com as necessidades da população, enquanto o varejo deve aprimorar os esforços de sortimento e exposição nos pontos de venda (PDVs). Como o consumidor brasileiro ainda tem muitas dúvidas em relação ao papel dos suplementos vitamínicos na manutenção da saúde e atribui a farmácia como a maior referência de vendas desse segmento, as

IMAGENS: SHUTTERSTOCK


lojas precisam estar preparadas para oferecer uma venda informativa. “O problema é que esse mercado é muito novo no Brasil e não há auditorias regulares, tampouco estudos de shoppers”, reflete a diretora da Connect Shopper e consultora de varejo e shopper marketing, Fátima Merlin. Por falta de orientação, muitos varejistas acabam cometendo equívocos que prejudicam o desempenho das vendas. Aqueles que desejam extrair o máximo de resultados da categoria devem se atentar a alguns pontos-chave. “Sem dúvida, o princípio básico para maximizar resultados é melhorar a experiência do shopper no PDV, facilitando seu processo de compra e decisão”, destaca Fátima. Esse objetivo pode ser alcançado com a escolha correta do mix, mas depende sobretudo da exposição assertiva. O shopper brasileiro em geral ainda tem muitas dificuldades no entendimento dos produtos e na indicação de uso de cada um deles. Principalmente porque a categoria de vitaminas engloba uma série de subcategorias, como ósseas (cálcio e vitamina D); vitamina C; estimulantes (tanto os de apetite como os energéticos); minerais (ferro, magnésio, etc.); monovitaminas (vitamina A, vitamina B, vitamina E, etc.); multivitamínicos; e oftalmológicas. “Dentro de multivitaminas ainda temos cinco segmentos: adultos (vitaminas sem especificação de público), gender (fórmulas específica para os organismos de homens ou mulheres), sênior (voltadas para um público acima de 50 anos de idade), pediátricas e, por fim, as para gestantes”, enumera a diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima. “Portanto, se a gôndola não for bem organizada, o shopper não conseguirá localizar o item procurado e provavelmente vai procurar outra loja para comprar este tipo de produto.”

ESPAÇOS EXPLICATIVOS A melhor forma de deixar claro ao consumidor qual a indicação de cada um dos produtos expostos na seção de vitaminas e suplementos é organizar a gôndola de acordo com momentos de uso e levando em conta a árvore de decisão do shopper. De acordo com estudos realizados pela Mind Shopper, os principais critérios de decisão de compra nessa categoria são: finalidade, usuário, marca, preço e tamanho da embalagem. “É importante lembrar que a finalidade e o usuário geralmente são critérios interligados, já que estas duas informações definem o tipo exato de produto que o

shopper feminino irá comprar – uma monovitamina de ação óssea para a mãe, uma multivitamina pediátrica para o filho e uma vitamina C para ela mesma”, exemplifica Alessandra. O mesmo ocorre com os critérios marca, preço e embalagem, já que, ao definir o fabricante, o shopper está escolhendo a faixa de desembolso – baixa, média ou premium. O mesmo raciocínio permeia a escolha do tamanho da embalagem. “Seguindo essa organização, o PDV terá uma maior conversão, pois o shopper entende a proposta e a categoria e tem facilidade no processo de compra e decisão”, garante Fátima. Para construir um planograma de exposição correto e atrativo, é preciso levar em conta todas essas informações, que podem ser obtidas junto à indústria ou aos consultores de varejo. “É importante entender o papel da categoria, e a estratégia do varejista. Daí, analisar dados para segmentar e dar os espaços corretos a cada marca, segmento, item. Para aumentar rentabilidade, normalmente, deve-se iniciar com os itens de maior rentabilidade, dando a eles os espaços mais nobres”, explica. Uma exposição baseada na árvore de decisão do shopper e os conceitos de Gerenciamento por Categorias (GC) podem aumentar em até 60% as vendas da loja, segundo monitoramento realizado pela Pfizer em alguns PDVs. “Esse segmento precisa de uma atenção especial na farmácia, pois é comum ainda estar confinado, ou exposto sem um racional correto que facilite o processo de escolha do shopper”, destaca o diretor de vendas Pfizer Consumer Healthcare, Flávio Cunha.

ATENDIMENTO ESPECIALIZADO Além de uma exposição atrativa e organizada, oferecer um atendimento especializado também é extremamente importante para a categoria de vitaminas, já que o shopper ainda tem dúvidas quanto à função das vitaminas e à indicação de uso de cada um dos SKUs (a sigla que representa o termo Stock Keeping Unit, em português, Unidade de Manutenção de Estoque, é definida como um identificador único de um produto e é utilizada para manutenção de estoque) dessa ampla categoria. A formação do balconista é de suma importância para que ele possa ajudar o shopper a definir sua necessidade e auxiliar a localização do produto na gôndola. Mais uma vez, a parceria com indústrias pode ser um bom

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PONTO DE VENDA

COMO OS PONTOS DE VENDA PODEM MELHORAR O DESEMPENHO? Marca 1

Marca 2

Marca 3

Marca 4

Marca 5

Marca 6

Marca 2

Marca 1

Marca 2

Marca 3

Marca 3 e 4

Marca 4

Marca 5

Marca 6

Marcas...

Marca 1

Marca 2

Marca 3

Marca 1

Cada subcategoria deve ser blocada por marca.

ADULTO mulher/homem

SÊNIOR mulher/homem

MINERAIS

PRÉ-NATAL

OUTRAS VITAMINAS

VITAMINA D

PEDIÁTRICO

VITAMINA C

CÁLCIO

ESTIMULANTES

A categoria deve ser separada de acordo com a finalidade e o usuário.

Em cada bloco de marca, expor as subcategorias (quando houver), respeitando a lógica de preço e o tamanho da embalagem. Fontes: Pfizer; e Mind Shopper

OS PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE DECISÃO DE COMPRA NESSA CATEGORIA SÃO: FINALIDADE, USUÁRIO, MARCA, PREÇO E TAMANHO DA EMBALAGEM caminho. Muitas delas oferecem treinamentos de produtos visando a um melhor atendimento na farmácia. A Mind Shopper observa cotidianamente a melhora de resultados em PDVs preparados para dar informações ao cliente, principalmente em lançamento de produto ou divulgação de um kit promocional. “Duas redes realizaram a mesma ação, com sortimentos e preços iguais, porém, uma delas focou em oferecer um atendimento mais personalizado e pessoal, principalmente para as categorias de medicamentos,

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enquanto a outra focou mais no autosserviço. A rede que ofereceu o atendimento teve crescimento expressivo na categoria, com vendas incrementais dos novos itens, enquanto a outra rede cresceu muito pouco, pois houve muita canibalização de itens já consolidados pelos lançamentos e kits promocionais”, relata Alessandra. Para reforçar as informações fornecidas pelo atendimento, o uso de material de merchandising, como faixas de gôndolas informativas, é um bom recurso para explicar os benefícios dos produtos expostos. “Vitaminas não precisam de receita médica, o que proporciona certa liberdade na hora da compra, mas o shopper precisa de informação confiável para acreditar antes de comprar. Informação na gôndola nessa categoria é tudo”, lembra a presidente do Instituto de Estudos em Varejo (IEV), Regina Blessa.


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SARCOPENIA

FORÇA MUSCULAR É QUALIDADE DE VIDA TER UM ENVELHECIMENTO ATIVO SIGNIFICA MANTER A AUTONOMIA PARA EXECUTAR TAREFAS COTIDIANAS; QUANDO A PERDA SE MANIFESTA, A INDEPENDÊNCIA PODE SER PREJUDICADA

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK


D

oenças crônicas não transmissíveis são o principal motivo para que idosos fiquem acamados ou internados. Mas há outro fator que tem alta incidência e causa prejuízos para a população da terceira idade: quedas e acidentes domésticos, responsáveis por 5,6% dos problemas de saúde na terceira idade. Fraqueza muscular, dor, diminuição da mobilidade articular e sensação de perda de força ao realizar movimentos são alguns dos motivos que levam os idosos a se acidentarem com maior facilidade. Mais do que características naturais do envelhecimento, esses sintomas podem ser sinais de sarcopenia. A palavra é de origem grega e significa “sarx” = carne e “penia” = perda, ou seja, trata-se da perda de massa muscular esquelética, especialmente nos membros, caracterizando uma grave síndrome geriátrica. Com o aumento da expectativa de vida e consequentemente do número de idosos na população mundial, a prevalência da sarcopenia vem aumentando. Estudos realizados no Novo México, nos Estados Unidos, mostram que a doença se manifesta em 13% a 24% das pessoas de 65 a 70 anos de idade. Com o avançar dos anos, a presença da síndrome é ainda maior, chegando a mais de 50% em indivíduos com mais de 80 anos de idade. De acordo com o reumatologista do Hospital Santa Paula, Dr. Jayme Fogagnolo Cobra, a sarcopenia é uma síndrome que acompanha o envelhecimento. “É difícil dizer uma idade precisa para o início da sarcopenia, mas alguns estudos sugerem que vários fatores podem contribuir, como alterações hormonais, neurológicas, nutricionais e inatividade física”, explica. A perda muscular que gera a doença pode, inclusive, se iniciar em indivíduos saudáveis e sem comprometimento físico algum. “Uma perda muscular pequena, de cerca de 1% ao ano, pode ser observada a partir dos 50 anos de idade, podendo chegar a uma perda de 20% a 40% entre os 70 e 80 anos de idade”, complementa o Dr. Cobra. Quando a doença se instala de fato, os sintomas pioram a capacidade de autonomia do idoso e comprometem a qualidade de vida. A fraqueza muscular e a diminuição da funcionalidade dos membros podem chegar a um ponto que inviabiliza a execução de tarefas simples. “A vida diária passa a ser um verdadeiro desafio para o indivíduo acometido pela síndrome até em ações cotidianas, antes consideradas fáceis, como abrir uma janela, subir um lance de escada, caminhar pequenas distâncias”, conta o especialista.

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SARCOPENIA

Essa queda no desempenho ocorre porque a sarcopenia promove uma diminuição nas fibras musculares brancas do tipo II, responsáveis pela força e explosão, além de alterar os nervos que conectam os músculos ao sistema nervoso. Somam-se a isso alterações fisiopatológicas características da terceira idade, como inflamação, resistência à insulina e estresse oxidativo. “Isso mostra que diversas condições levam à sarcopenia, como doenças, sedentarismo e desnutrição, e sua instalação causa alterações fisiológicas que pioram outras doenças”, descreve o clínico geral e pós-graduando em Geriatria, Dr. Leandro Minozzo.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO A sarcopenia pode ser diagnosticada com exames simples feitos dentro do consultório médico. Um deles é a medição da circunferência da panturrilha. Idosos com uma medida igual ou abaixo de 31 cm estão em risco para sarcopenia e devem ser avaliados com mais cuidado. O segundo método de análise é a velocidade de marcha. Por duas vezes, o paciente deve percorrer quatro metros, com tomada de tempo pelo médico. Velocidades abaixo de 0,8 metro por segundo indicam sinais de sarcopenia. Esses meios de avaliação são capazes de identificar fraqueza muscular e redução da capacidade de realizar atividades da vida diária, no entanto, a quantificação precisa da perda de massa muscular deve ser avaliada pela realização da densitometria óssea. “O aparelho utiliza um software específico para a determinação da composição corporal, por meio da qual é possível definir a quantidade de massa muscular, em gramas, em diferentes segmentos do corpo”, detalha o Dr. Cobra. O problema é que, dentro da realidade do sistema de saúde brasileiro, esse ainda é um exame diagnóstico de difícil acesso, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como por meio de planos de saúde privados. Uma vez identificada a sarcopenia, o tratamento varia de acordo com a idade, a capacidade de mobilidade do paciente e a origem da perda muscular. Segundo o ortopedista do Hospital Santa Catarina, Dr. André Pedrinelli, se a causa da sarcopenia for um problema anterior, como alterações hormonais, neurológicas, inflamação ou resistência insulínica, ao tratar essas alterações primárias, já é possível ter uma grande redução da sua manifestação.

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PREVENÇÃO IMPRESCINDÍVEL As consequências das alterações que ocorrem no organismo humano decorrentes do processo de envelhecimento, principalmente a perda muscular que leva à sarcopenia, podem ser minimizadas e parcialmente controladas. “Com prática regular de atividade física, além do controle alimentar, com ingestão de determinados tipos de alimentos, em quantidades e horários adequados, é possível, muitas vezes, prorrogar o aparecimento da sarcopenia por um longo período”, afirma o Dr. Cobra. A proteína animal, o magnésio e a vitamina D são alguns dos nutrientes que contribuem para o fortalecimento dos músculos. O problema é que, devido a algumas particularidades do organismo do idoso, às vezes, não é possível obter as vitaminas necessárias apenas pela dieta. Como relata a nutricionista voluntária do Horas da Vida, Dra. Mariane Savassi, o processo natural da idade leva a um quadro de atrofia da mucosa gástrica. “O pH estomacal passa por mudanças, se tornando mais básico e afetando a absorção de alguns nutrientes. Essa alteração é chamada de hipocloridria e afeta, principalmente, a absorção de cálcio, ferro e vitamina B12”, explica. Além disso, a chegada da terceira idade também altera o paladar, o que propicia uma diminuição no interesse em variar a alimentação e provoca problemas na dentição, dificultando o consumo de certos alimentos. “Sem contar que existe risco de interferência na absorção de vitaminas e minerais quando se consome uma grande quantidade de medicamentos”, lembra a Dra. Mariane. Diante desses obstáculos que dificultam a absorção completa dos níveis de nutrientes recomendados para prevenir a perda muscular, em muitos casos, é necessário fazer uso de suplementação vitamínica. A necessidade ou não desse suporte deve ser avaliada pelo profissional médico, para que a quantidade de vitaminas seja adequada a cada indivíduo. Prevenir o surgimento da sarcopenia não só resulta em maior qualidade de vida, mas também em maior longevidade. Estudos mostram que idosos acima de 80 anos de idade que apresentam a síndrome têm uma mortalidade 2,3 vezes maior do que aqueles que não sofrem com a doença. Além disso, o risco de quedas em idosos com sarcopenia é 3,2 vezes maior do que para aqueles pacientes sem a síndrome.


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ALIMENTAÇÃO

DIETA RICA E VARIADA FALTA DE TEMPO DIFICULTA A ADOÇÃO DO HÁBITO DE QUE O BRASILEIRO TENHA REFEIÇÕES SAUDÁVEIS DIARIAMENTE. INDÚSTRIA INVESTE EM ALTERNATIVAS PRÁTICAS

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK


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esquisa publicada na Revista Internacional Advances in Nutrition & Food Science aponta que 38,5% dos brasileiros entrevistados gostariam de perder peso para prevenir doenças, enquanto 33,6% querem emagrecer por questões estéticas e 18,2% querem alcançar esta meta para ter mais disposição no dia a dia. Apesar do desejo, os participantes confessaram não ter a disciplina necessária para baixar alguns números da balança. Entre os grandes obstáculos citados, estão falta de tempo para assumir uma rotina saudável ou falta de disposição para mudar a rotina. A adoção de hábitos mais benéficos à saúde passa por uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes. Para facilitar esse processo, a indústria tem investido em produtos diversificados, que colaboram para uma vida saudável. “São diversos sabores de barrinhas de cereal, produtos sem glúten, veganos, além de alimentos, como massas, cereais e sobremesas fit, com alta concentração proteica, sem adição de açúcares e baixo teor de carboidrato. É comprovado que esses produtos fornecem uma série de benefícios para o organismo”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri), Synésio Batista da Costa. O mercado ainda oferece opções para pacientes que precisam, além de manter uma dieta nutritiva, prevenir doenças ou amenizar sintomas. Shakes, leites e fórmulas apresentam as mais variadas indicações, como proteção dos neurônios, ajudar na cicatrização de úlceras por pressão, no fortalecimento dos ossos, na recuperação de massa muscular, no ganho de peso de forma saudável e na diminuição dos picos de glicose no sangue. De acordo com a Danone Institucional, esses produtos são enquadrados em diferentes categorias conforme suas formulações e seus objetivos. “Por exemplo, existem produtos que se encaixam na categoria de alimentos enteral/oral, que podem ser usados tanto por via tubo ou oral, na suplementação de pacientes de acordo com a recomendação do médico”.

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ALIMENTAÇÃO

Essa diversificação de possibilidades é necessária porque o interesse por uma alimentação com maior aporte de nutrientes e vitaminas é crescente e envolve diferentes públicos, como jovens, crianças, adultos e idosos. Segundo projeções do time de Health Science da Nestlé, responsável pelo segmento de suplementos para adultos, o consumo da categoria tem potencial para continuar crescendo aceleradamente nos próximos anos por algumas razões. “Entre elas, destacamos duas principais: há um aumento vertiginoso da consciência da população brasileira por hábitos e consumo de alimentos saudáveis que refletem positivamente no crescimento da categoria. Além disso, a penetração de consumo está na casa dos 4% da população brasileira, portanto, existe um potencial enorme de expansão.”

ALERTA DE OPORTUNIDADE De acordo com dados da Nestlé, o consumo da categoria de suplementos alimentares está concentrado no canal farma com 83% do total vendido no mercado brasileiro e cresce em um ritmo de dois dígitos – superior à média do canal. “O canal farma é destino para essa categoria, especialmente para suplementos sênior, que cresce 37% devido ao aumento da procura por produtos que ajudam na autonomia e promovem maior longevidade ao consumidor acima dos 50 anos de idade. O canal farma possui maior tradição na comercialização de suplementos infantis, mas tem uma oportunidade de expandir os negócios nessa área sênior”, garante o time de Health Science da companhia. Para que a categoria de suplementos alimentares traga bons resultados ao ponto de venda (PDV ), os produtos devem ocupar um espaço de destaque na gôndola, com fácil acesso ao shopper – evitar as prateleiras mais baixas é importante, ainda mais em suplementos sênior – e, preferencialmente, adjacente a categorias com similaridade de consumo, como vitaminas, colágenos e adoçantes, indica a Nestlé. O sortimento ideal precisa ser o mais amplo possível, alinhado ao tamanho do espaço disponível da

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farmácia. Promoções, packs e descontos especiais também são atrativos e têm funcionado bem como estratégia de aceleração e impulsão de vendas. “Uma dica adicional é deixar o espaço com visual mais atrativo e alegre, para que o shopper possa aproveitar a experiência de compra e se sentir estimulado a investir seu tempo neste espaço para encontrar os produtos que pode consumir”, aconselha o diretor de vendas e trade marketing da Linea Alimentos, Wilton Oliveira. Para itens de consumo rápido, como barrinhas de cereal e snacks com diferencial nutritivo, vale a tática de exposição próxima à fila do checkout ou logo em frente aos caixas. “Durante a experiência de compra no varejo farmáceutico, o shopper está mais propenso a comprar esse tipo de produtos. Colocá-los nessas áreas é a melhor maneira de atender a uma demanda de 65% dos consumidores que gostariam de consumir mais itens de apelo saudável”, garante o gerente trade marketing farma da Fini Brasil, André Ferreira. Com o posicionamento correto, produtos de bomboniere que oferecem nutrição atrelada trazem um trade up à categoria, pois podem se posicionar a um tíquete médio acima de balas e gomas convencionais e ter uma alta performance de giro.


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ALIMENTAÇÃO

O QUE HÁ DISPONÍVEL NO MERCADO E QUE DEVE SER TRABALHADO NO CANAL FARMA? Suplementos alimentares para complementar a dieta Separar os produtos conforme a indicação e o momento de uso na seção de vitaminas e suplementos. Em seguida, formar blocos secundários, considerando o perfil de usuário, marca, preço e tamanho da embalagem.

Suplementos alimentares voltados à prevenção ou ao tratamento de doenças Devem ocupar um espaço de destaque na gôndola, com fácil acesso ao shopper e posicionados na altura dos olhos do shopper. Podem ser posicionados próximo a vitaminas, colágenos e adoçantes.

Produtos infantis (fórmulas, leites, papinhas e cereais) Na área da loja destinada a itens infantis, criar corredor das fases/crescimento, considerando o sentido do fluxo da direita para esquerda.

Alimentos voltados à suplementação de esportistas e atletas Organizar os itens conforme a indicação e o momento de uso. Devem ser posicionados próximos a vitaminas e suplementos. Na gôndola, as subcategorias devem considerar o perfil de usuário, marca, preço e tamanho da embalagem.

Bomboniere com apelo nutricional

Preferencialmente, deve ser exposta na área de checkout para estimular a compra por impulso. Mobiliário específico – com ganchos e testeiras – dá a visibilidade necessária para a categoria, que possui um mix variado. Fontes: Nestlé; Fini Brasil; Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri); e Mind Shopper

“Grandes redes já reconhecem a capacidade de incremento de faturamento por meio da categoria de bomboniere farma e já dedicam quase 100% do seu checkout a esta categoria. O desafio é apresentar essa grande tendência ao varejo independente e associativistas para que todos tenham as mesmas oportunidades de incrementar seu faturamento”, comenta Ferreira. Dados apresentados por Linea, indicam que a rentabilidade média da categoria de bomboniere saudável gira entre 30% e 40% de margem bruta, já desconsiderando os impostos sobre vendas, sem a necessidade de grandes adaptações de mobiliário e estoque, como no caso de outros segmentos com maior número de SKUs (a si-

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gla que representa o termo Stock Keeping Unit, em português, Unidade de Manutenção de Estoque, é definida como um identificador único de um produto e é utilizada para manutenção de estoque), como Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) e Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). “Se os produtos forem bem expostos, o giro poderá ser ainda mais relevante, desta forma, pode-se trabalhar com ações pontuais de preço para estimular a experimentação, já que há vezes em que o shopper não sabe da existência da versão saudável do produto que já estava habituado a consumir”, ressalta Oliveira.


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