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Segurança Segurança dos motociclistas em debate

Debater a sinistralidade rodoviária em Portugal, promover a segurança dos utilizadores de duas rodas e sensibilizar para a prevenção na estrada foram linhas orientadoras do 2.º Fórum Nacional de Segurança, Sensibilização e Prevenção Rodoviária para Motociclistas. Iniciativa promovida pela Bênção dos Capacetes, no Seixal, e cujos trabalhos apontaram para o único resultado aceitável: ‘Zero mortes na estrada’.

Um dia extremamente produtivo no Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal onde marcaram presença praticamente todas as entidades nacionais envolvidas na luta em prol da segurança rodoviária. Testemunhos e debates, apresentações e estudos, troca de experiências e contactos visando a redução da sinistralidade deram o mote ao longo de quatro painéis e outras tantas intervenções individualizadas.

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Iniciativa louvável que envolveu entidades tão diversas quanto a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e Federação de Motociclismo de Portugal (FMP);

Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia de Segurança Pública (PSP); Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) e Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT); Infraestruturas de Portugal (IP) e Associação Portuguesa de Apoio à Vítima Acidente Moto (APAVAM); Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANECA) e Academia Condução Moto (ACM); Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA) e Autoridade de Supervisão de Seguros de Fundos de Pensões (ASF); Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e Moto Clube do Porto (MCP); Presidência do Governo da

Região Autónoma dos Açores (PGRA) e Moto Clube do Seixal (MCS).

Além de pertinentes intervenções do advogado e ex-deputado Rodrigo Ribeiro, corresponsável pela ‘Lei dos Rails’; do médico Miguel Meira Cruz, especialista em Medicina do Sono (Sabia que a condução com sonolência pode ser mais perigosa do que com álcool?); da jovem piloto Carla Carochinho, embaixadora do ‘Fórum’; e da cantora e motociclista Rita Guerra.

SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA:

Causas E Efeitos

Tamanha importância ‘exigiu’ a presença da MOTOS, única publicação presente num encontro para perceber e debater as causas dos acidentes com duas rodas. E, mais importante, pensar as formas de minimizar os seus riscos e consequências rumo ao desejado objetivo de ‘Zero mortes na estrada’.

“A sinistralidade rodoviária. Condições de Segurança. Fatores de risco” abriu o programa com debate que abordou temas tão complexos como a responsabilidade das infraestruturas (estradas no seu todo) nos acidentes com duas rodas e das alterações a promover na diminuição desses riscos. Proteções dos pilares dos rails e mobiliário urbano, tintas antiderrapantes ou sinalização foram apenas algumas das muitas palavras-chave ouvidas ao longo desta conversa que juntou PRP , IMT, PSP , IP e APAVAM. E que, tal como em todos painéis, terminou com a conclusão do longo trabalho a fazer para alcançar o desiderato de ‘Zero mortes na estrada’.

Objetivos primordial de todas as instituições e individualidades presentes que ficou patente na necessidade de mudanças significativas no ensino da condução, tema do painel “Formação. Presente e futuro”. Que promoveu uma interessante troca de experiências e vontade de cooperação entre as escolas de condução e entidades que visam a melhoria das apetências de condução, nomeadamente a ACM e GNR.

Comungando a opinião de que o ensino na condução de motociclos ministrado pelas escolas ‘convencionais’ é deficitário, a troca de opiniões avaliou a necessidade de mudanças significativas em termos da legislação aplicada, nomeadamente na preparação para os exames de condução. O caminho a seguir poderá passar pela articulação com ações da GNR ou da ACM na melhoria das aptidões de condução, com cursos específicos em função da experiência individual.

Para debater o papel d’“As duas rodas na sociedade portuguesa”, moto clubes (Porto e Seixal), ANSR e INEM abordaram a integração dos motociclistas na ‘sociedade civil’, sublinhando a intervenção e importância da colaboração com as mais diversas entidades. Generalizado foi o reconhecimento da importância dos moto clubes nas mais diversas colaborações em atividades de índole social, com particular destaque para as franjas mais desfavorecidas e sem nunca fugir às ‘responsabilidades’ em alturas de crises sociais ou sanitárias.

Combate Sem Tr Guas Sinistralidade

Com a convicção generalizada de que a responsabilidade principal no combate à sinistralidade motociclística deve começar nos próprios motociclistas, o painel sobre as “Inspeções. Condições de segurança. Fatores de risco” foi deveras esclarecedor no atual momento legislativo e operacional da entrada em vigor das Inspeções Obrigatória a Motociclos.

Necessidade urgente e inadiável defendida pelo presidente da ANCIA contraponto à opinião advogada por Manuel Marinheiro, presidente da FMP . Que, exibindo dados concretos e objetivos sobre as causas de acidentes com duas rodas, refutou a sua imprescindibilidade para a diminuição de acidentes. Em contrapartida, reafirmou a necessidade de respeitar a legislação e de ter cuidados acrescidos na conceção e construção de infraestruturas rodoviárias, alertando para os perigos crescentes com a aposição de material urbano perfeitamente desadequado e extremamente perigoso para os utilizadores das vias. Sejam pilaretes verticais, lombas de redução de velocidade em locais inadequados ou divisórias horizontais que representam perigos acrescidos para motociclistas.

Destaque ainda para as intervenções de Nuno Guerreiro Jacinto, da ASF, apresentando algumas explicações pertinentes sobre a legislação que rege os seguros, com incidência nas motos clássicas, de TT, condução de motos de amigos e seguro de garagista, e de Paulo Andrade. O subdiretor regional de

Transportes Terrestres da Região Autónoma dos Açores, apelou, de forma pertinente e bem-humorada, ao máximo diálogo para ultrapassar as diferenças existentes relativamente às inspeções, dando o exemplo açoriano. Onde as mesmas acontecem desde 2004, com centros em todas as nove ilhas do arquipélago, argumentando com resultados positivos na redução de sinistralidade.

Num dia muito profícuo no debate de temas que dizem respeito a todos e lamentando a escassa adesão de motociclistas, como que alheados da sua própria segurança e fugindo ao debate onde ele deve ser feito, nota para as intervenções da jovem piloto algarvia Carlota Carochinho e da cantora e motociclista Rita Guerra que apelaram ao respeito por algumas regras básicas. De não fazer da estrada uma pista de corridas ou de conduzir sempre bem equipado, como de respeitar todos os utentes das vias públicas e antecipar situações de perigo potencial. Final em beleza para um dia extremamente produtivo em prol da segurança dos motociclistas, com troca de ideias muito positiva e a certeza da evolução rumo à Visão Zero defendida pelo presidente da ANSR, Rui Ribeiro, na intervenção que marcou o encerramento dos trabalhos. Que voltarão no próximo ano, em Torres Vedras, sabendo já a MOTOS que, em 2025, terá lugar na cidade do Porto.

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