outro olhar
Arte in
natura
Foi por estas bandas que Frans Krajcberg fincou os pés ainda na década de 40. Aos 90 anos, brasileiro por opção e cidadão do mundo por necessidade, ele continua a surpreender com seu trabalho contundente e atual Por Patrícia Favalle
Frans Krajcberg, a arte como crítica
Instituto Frans Krajcberg
Lindenberg & Life 46
Frans Krajcberg nasceu numa Polônia empobrecida, em 1921, quando os ânimos sentiam o peso pós-traumático deixado pela Primeira Guerra Mundial. Cresceu sob as disputas que teimavam em polarizar a geopolítica global – e escolheu estudar engenharia para compreender o efeito devastador que as fronteiras tramadas de concreto exercem entre os povos. Uma guerra depois, e Frans já conhecia as feridas deixadas pelas trincheiras, detalhe que o obrigou a procurar por terras mais serenas que a natal. Desembarcou no Brasil em 1948, e logo transformou a capital paulista no endereço ideal – afinal, ali estava boa parte da elite cultural daquele momento, gente que reinventava a forma sacudida pelos modernistas tempos antes. Em 1951, com sua porção cubista riscada em pinceladas de cinza e terracota, o artista apresentou dois de seus quadros na estreia da Bienal de São Paulo, local que o havia empregado como assistente de montagem. Mas a urbe era ensurdecedora aos ouvidos pacíficos de Frans, que se mudou para o Paraná, e encabeçou os primórdios do movimento expressionista tupiniquim.