Para esta edição, testamos a Plantor 2450, semeadora da Crucianelli com versões de até 32 linhas. O equipamento chega ao Brasil com um projeto robusto. O destaque vai para o sistema de distribuição e a construção do chassi, que permite transporte mais fácil. A máquina argentina ganha versão nacional, fruto da parceria com o grupo Piccin. Nosso teste de campo mostra que a precisão agrada.
Outro tema de destaque é a escolha do dosador de fertilizante. Estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) compara modelos helicoidal e rotor em diferentes inclinações. O modelo rotor demonstrou maior estabilidade, com variação mínima na dosagem mesmo em terrenos inclinados. Já o modelo helicoidal apresentou oscilações que comprometem a uniformidade. Na prática, isso se traduz em economia de insumos e em ganhos de produtividade.
A tecnologia também avança nos céus das fazendas. O uso de drones já se espalha por pelo menos 28 culturas diferentes. Em arroz irrigado, superam obstáculos como rede elétrica e topografia difícil. Na banana e no café, mostram eficiência com aplicações localizadas. Na cana, entram no controle biológico e em pulverizações de maturadores. A silvicultura e a soja também se beneficiam com a aplicação aérea precisa. O drone virou ferramenta de manejo.
O algodão, tema de estudo em campo no Piauí, exige atenção no momento da colheita. A análise das perdas em diferentes velocidades de operação da colhedora CP690 revela um equilíbrio delicado. Velocidade menor retira mais algodão da planta. Velocidade maior reduz perdas no chão. A diferença entre perdas totais não é significativa, mas os tipos de perdas mudam. A operação a 7,4 km/h entrega maior rendimento com desempenho satisfatório, desde que acompanhada por bom manejo.
Nos bastidores da indústria, os movimentos também apontam para o futuro. A Mahindra amplia presença no Brasil com nova fábrica no Rio Grande do Sul. O investimento promete triplicar a produção. Já a John Deere promove mudanças na liderança e reforça sua estratégia na América Latina. Enquanto isso, a CNH Industrial ajusta suas projeções para o próximo ciclo.
Tudo isso e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura!
06 Mundo Máquinas
08 Drones em diferentes culturas
16 Perdas em colheita de algodão
20 Capa - Plantadora Plantor 2450 da Crucianelli
opções de 24 a 32
a
Tratores elétricos 40 Diferenças entre colhedoras híbridas e axiais
Com
linhas,
Plantor 2450, da Crucianelli, chega ao Brasil com um projeto cheio de sistemas modernos e muita tecnologia embarcada
Foto de Charles Echer
John Deere reforça lideranças na América Latina
A John Deere anunciou mudanças em sua estrutura de liderança na América Latina. Rodrigo Bonato é o novo vice-presidente de Vendas e Marketing da companhia, sucedendo Antonio Carrere, que encerra um ciclo de contribuições relevantes para o fortalecimento da marca e a expansão dos negócios na região.
Com mais de 20 anos de atuação na empresa, Bonato construiu uma trajetória sólida nas áreas Comercial, de Marketing e Suporte ao Cliente. Desde que ingressou na John Deere, em 2003, o executivo liderou projetos estratégicos no Brasil e nos Estados Unidos, com foco em inovação, pós-venda e soluções inteligentes voltadas à produtividade no campo.
Com a transição, Rodrigo Iglesias passa a ocupar a posição de diretor de Pós-Venda e Suporte ao Cliente para a América Latina, sucedendo Bonato.
CNH divulga números do 3º trimestre de 2025
A CNH Industrial fechou o terceiro trimestre de 2025 com lucro líquido de US$ 67 milhões, queda de 78% sobre igual período de 2024, e receita 5% menor, em US$ 4,4 bilhões. A divisão de máquinas agrícolas recuou 10%, para US$ 2,96 bilhões, com forte queda nas entregas de tratores de alta potência e colhedoras na
América do Norte, parcialmente compensada por crescimento na Ásia-Pacífico e na região Emea. O Ebit ajustado do segmento agrícola caiu 59%, para US$ 137 milhões (margem de 4,6%). Para 2025, a empresa projeta retração de 11% a 13% nas vendas de agrícolas e lucro ajustado por ação entre US$ 0,44 e US$ 0,50.
John Deere tem novo gestor de pós-venda na América Latina
Com 12 anos de trajetória na John Deere, Philippe Crompton Soares acaba de assumir o cargo de gestor de Portfólio de Pós-Venda para a América Latina. O executivo ocupava, desde dezembro de 2023, a função de gerente de Eventos Latam, área em que também atuou como supervisor e “líder”, acumulando ampla experiência na coordenação de ações corporativas e feiras agrícolas. Ao longo de sua trajetória na companhia, Soares participou do planejamento e da execução de eventos presenciais e digitais, desenvolvimento de campanhas de divulgação e estratégias voltadas ao fortalecimento da marca e à geração de negócios no Brasil.
Abertas as inscrições para a Eima 2026
Começaram as inscrições para a 48ª Eima International, feira mundial de máquinas agrícolas e de jardinagem que será realizada de 10 a 14 de novembro de 2026, em Bolonha, na Itália. A FederUnacoma abriu uma plataforma online para que os expositores indiquem a área desejada, os produtos que pretendem apresentar e facilitem a definição antecipada dos estandes, diante da alta demanda esperada. Na edição anterior, o evento reuniu mais de 1.800 fabricantes de 50 países, exibiu cerca de 50 mil modelos de máquinas, equipamentos e componentes e recebeu 350 mil visitantes de 150 países.
Desafio Master Mechanic revela campeões de 2025
A terceira temporada do Master Mechanic, reality show da Massey Ferguson que reconhece os melhores mecânicos agrícolas do Brasil, premiou Gerciandro Borges, de Jataí (GO), e Paulo Ricardo, de Itaú de Minas (MG). Eles disputaram provas práticas que exigiram conhecimento técnico avançado, agilidade e capacidade de diagnóstico em situações reais de campo. A dupla recebeu R$ 50 mil e troféu exclusivo.
Para Paulo Ricardo, a conquista representa o reconhecimento de uma trajetória construída com muita dedicação. “Ganhar o Master Mechanic é algo indescritível e muito importante para minha carreira. Foi uma disputa acirrada e a vitória mostra que ninguém faz nada sozinho. Fiquei muito contente com a dupla que formamos, trabalhamos juntos, e a importância desse prêmio é o reconhecimento de conseguir mostrar a nossa capacidade, nosso conhecimento”, celebrou.
Já Gerciandro reforçou o quanto o Master Mechanic foi uma experiência transformadora. “A sensação é incrível. Foram dias intensos, de muito aprendizado, superação e trabalho em equipe. Ser o campeão do Master Mechanic Brasil é a prova de que, quando a gente acredita, se dedica e nunca desiste, tudo é possível. Esse prêmio é para todos que acreditaram em mim”, acrescentou.
O reality reuniu seis mecânicos da rede de concessionárias da Massey Ferguson dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Nesta temporada, o destaque foi o pulverizador MF 500R, um dos equipamentos mais tecnológicos da marca, fundamental para garantir aplicações precisas e sustentáveis no campo.
A avaliação ficou a cargo de um júri técnico formado por José Fernando Schlosser, professor da Universidade Federal de Santa Maria; Sandra Nalli, CEO e fundadora da Escola do Mecânico; e Adriano Sontag, especialista do time de serviços AGCO. A apresentação foi conduzida pela jornalista Marcela Rafael, ao lado do produtor rural e influenciador digital Fernando Viana, que trouxe a visão prática de quem lida diariamente com máquinas no campo.
Os mecânicos Paulo Luiz, de Tangará da Serra (MT), e Marcos Souza, de Cruz Alta (RS), conquistaram o segundo lugar, e a dupla formada por Vagner Hofstetter, Toledo (PR), e Odair Olson, Lucas do Rio Verde (MT), ficou na terceira posição. A temporada completa pode ser assistida no canal da Massey Ferguson Brasil no YouTube.
Parceria entre Orion e Syngenta amplia benefícios para produtores
A Orion, referência nacional em soluções para aplicação de bioinsumos no sulco de plantio, acaba de anunciar sua entrada
no Acessa Agro, o programa de fidelidade da Syngenta voltado para produtores rurais. A iniciativa reforça o compromisso da empresa em facilitar o acesso a tecnologias que aumentam a eficiência no campo.
O Acessa Agro funciona de forma simples: a cada compra de produtos Syngenta elegíveis, os produtores acumulam moedas - as SynCoins - que podem ser trocadas por produtos e serviços que os acompanham ao longo de todo o ciclo produtivo. Com a parceria, todo o catálogo de aplicadores de bioinsumos da Orion passa a estar disponível para resgate.
Segundo Rodrigo Alandia, diretor de Marketing e Novos Negócios da Orion, a integração ao programa fortalece a conexão da empresa com agricultores de todo o país. “O objetivo é simplificar o acesso às nossas tecnologias para os clientes pro-
fissionais da Syngenta e desta forma permitir que eles consigam atingir uma aplicação no sulco do plantio com melhor performance, segurança e rentabilidade”, afirma.
Para Alexandre Santiago, vice-presidente da Orion, a parceria reforça a missão da empresa de impulsionar a agricultura com inovação. “Esta iniciativa nos aproxima ainda mais do produtor rural, levando tecnologia aplicada e resultados concretos para os produtores, disponibilizando a eles mais um meio para acessar a melhor tecnologia para aplicação de bioinsumos do mercado”, destaca. Com a novidade, produtores que já utilizam soluções Syngenta passam a ter mais possibilidades de acesso a tecnologias Orion, fortalecendo práticas sustentáveis e aumentando o potencial produtivo das lavouras.
Mahindra lança pedra fundamental de nova fábrica
No ano em que completou nove anos de operações no Brasil, a Mahindra deu um novo passo na estratégia de expansão no país com o lançamento da pedra fundamental de sua nova fábrica em Dois Irmãos (RS). O anúncio foi feito durante evento que reuniu a rede de concessionários da marca, além de autoridades estaduais e municipais e colaboradores da unidade atual.
Segundo Jak Torretta Junior, CEO da Mahindra do Brasil, a nova planta, construída numa área de 83 mil metros quadrados, vai elevar a empresa a um novo patamar de produção no mercado brasileiro. “Com a nova fábrica, vamos triplicar a nossa capacidade produtiva, passando de 3 mil para 9 mil tratores por ano”, afirma o executivo.
Atualmente, o terreno em Dois Irmãos está em fase de terraplenagem. De acordo com Torretta, as obras civis da unidade começam efetivamente em janeiro de 2026, com previsão de início das operações em abril de 2027. A nova planta substituirá e ampliará a estrutura atual da Mahindra no país, permitindo aumentar o volume e diversificar o portfólio de tratores produzidos localmente.
Para Anderson Melo, diretor de Operações Industriais da Mahindra do Brasil, o diferencial do projeto vai além do incremento de capacidade. “A nova planta permite produzir mais, mas o principal é como ela será desenhada internamente”, observa. Hoje, a fábrica atual opera com seis modelos na linha principal de montagem. Com o novo layout industrial, a empresa prevê ampliar o número de modelos montados no Brasil.
Entre as primeiras novidades está a chegada de um novo trator de 50 cv, que deve se somar às linhas já produzidas no país. A futura linha de mon-
tagem foi concebida em formato modular. “Será uma linha capaz de trabalhar com um mix que vai de 25 cv a 80 cv. Com essa flexibilidade, poderemos trazer todo o portfólio da Mahindra para o Brasil”, destaca Melo.
O diretor também reforça o significado estratégico da fábrica para o posicionamento da marca no país. “O grande significado desta planta é a presença firme da Mahindra em solo brasileiro, algo muito esperado pelos nossos concessionários e clientes”, afirma. Segundo ele, o projeto responde a um desejo antigo da companhia. “Hoje a gente torna realidade um sonho da Mahindra, de começar a ‘pintar’ o solo brasileiro com as cores da Mahindra.”
No cenário global, a nova unidade também se insere no plano de expansão da empresa fora da Índia, onde a Mahindra detém quase 45% de participação no mercado de tratores. Dentro dessa estratégia, Brasil e Estados Unidos são considerados mercados-chave. “Esta nova planta marca um acréscimo importante na expansão global da Mahindra. O investimento em Dois Irmãos será um hub principal para atender não apenas o Brasil, mas também a América Latina”, explica Melo.
Drone nas culturas
A versatilidade, que possibilita seu uso em diferentes culturas, e as vantagens que ele proporciona nas lavouras tornam o drone um dos equipamentos em maior expansão na agricultura atualmente
Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, um número cada vez maior de culturas vem utilizando drones agrícolas como ferramenta de pulverização e de distribuição de sólidos. Já existem relatos de pelo menos 28 diferentes culturas nas quais foram utilizados drones agrícolas. Esse número, porém, tende a aumentar, uma vez que o uso desses equipamentos cresce a cada dia. Este artigo reúne exemplos sobre cultivos que já adotam a tecnologia em larga escala no Brasil. Entre as vantagens inerentes ao uso de drones agrícolas, destacam-se a remoção do aplicador da área a ser pulverizada, a independência das
condições de tráfego do solo, a ausência de compactação, o baixo consumo de água, a possibilidade de auditoria (com registro de dados e do mapa de aplicação) e a eliminação do amassamento da cultura.
Arroz
A cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil foi uma das pioneiras em adotar o uso de drones agrícolas. Como a irrigação é realizada por inundação, torna-se inviável o trânsito de pulverizadores terrestres convencionais. Aviões agrícolas são a principal ferramenta de aplicação na cultura do arroz irrigado nos três estados do Sul e no Tocantins. Porém, existem muitas lavouras próximas a
cidades e povoações, ou áreas com obstáculos como redes elétricas e árvores, que limitam o uso dos aviões. Por estes motivos, a adoção dos drones agrícolas permitiu uma significativa melhora na uniformidade de controle das plantas daninhas e doenças do arroz, resultando em maiores tetos produtivos.
Na cultura do arroz irrigado, os drones agrícolas são empregados no início do ciclo para realizar duas a três pulverizações de herbicidas dessecantes, além de pré e pós-emergentes seletivos. A partir da floração do arroz, realizam-se de duas a três pulverizações com fungicidas, muitas vezes em associação com inseticidas.
A semeadura aérea de arroz pré-germinado com drones agrícolas tem sido realizada em lavouras de pequena extensão. Adubações com fertilizantes sólidos, notadamente ureia e cloreto de potássio, também são realizadas na cultura, mostrando vantagens promissoras para a tecnologia.
Ao longo do ciclo do arroz irrigado no Sul do Brasil são realizadas de cinco a sete aplicações com drones agrícolas, incluindo-se as pulverizações e as dispersões de sólidos.
Banana
No setor da fruticultura no Brasil, o uso de drones agrícolas teve início na cultura da banana. Esta já utilizava aplicações com aviões agrícolas, mas com limitações, devido a ser frequente o cultivo em locais com topografia muito acidentada, à presença de moradias dentro dos bananais, à proximidade com cidades e povoados, bem como à ausência de pistas de pouso próximas a alguns plantios.
Os drones agrícolas possuem fácil manobrabilidade, não precisam de pista de pouso, legalmente podem aplicar próximo a moradias (20 metros na maioria dos estados) e geram menos deriva que os aviões. Isso resultou na rápida adoção da tecnologia pelos agricultores e pelas empresas de prestação de serviços de pulverização.
Fungicidas associados a óleo mineral são pulverizados por via aérea frequentemente, ao longo do ano, resultando em três a dez aplicações na maioria dos bananais. Aplicações aéreas são muito vantajosas na bananicultura, pois as gotas são pulverizadas sobre a cultura, protegendo as folhas mais jovens situadas no topo das plantas.
Outras frutíferas onde os drones estão sendo adotados para aplicações de fungicidas e inseticidas são as culturas da laranja e do café.
Cana-de-açúcar
Com a chegada dos drones agrícolas ao mercado, o setor incorporou prontamente a nova tecnologia, principalmente para o controle biológico de pragas. A prática até então usual de distribuição manual das vespas de Cotesia (Cotesia flavipes) para controle da broca-da-cana (Diatraea saccharalis) passou a ser realizada por meio da dispersão de cápsulas lançadas por drones sobre o canavial, com grande uniformidade e rapidez.
Pulverizações com drones agríco-
las em cana-de-açúcar são realizadas para aplicar maturadores, especialmente onde existem obstáculos perigosos ao voo, complementando as aplicações feitas por aviões agrícolas. Existe o relato de uma empresa do setor sucroalcooleiro referente ao ano de 2024, após a realização de um experimento que demonstrou ganhos de eficiência com o uso de drones em comparação ao avião na aplicação de maturadores, utilizando os drones em mais de 50 mil hectares de cana-de-açúcar, nas suas áreas localizadas no
A cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil foi uma das pioneiras em adotar o uso de drones agrícolas
Agtecher
Uso em culturas de grande porte, como banana, café e citrus, ganha cada vez mais espaço entre os drones aplicadores de produtos
interior do estado de São Paulo. Outra prática que cresce nos canaviais é a aplicação localizada de herbicidas no final do ciclo, antecedendo a colheita, por meio do processo conhecido por “catação”. Plantas daninhas de folhas largas, como mucuna, corda-de-viola e mamona, surgem tardiamente, quando a cana já está alta, impossibilitando outro método de controle. As reboleiras das invasoras são mapeadas por drones de imageamento, cujas imagens são processadas gerando mapas de prescrição, que indicam onde os drones devem pulverizar. A prática traz significativa economia de herbicidas e possibilita maior facilidade para a colheita da cana.
Milho
Na cultura do milho, a adoção dos drones agrícolas é realizada principalmente para aplicação de fungicidas e inseticidas. A partir do momento que a altura das plantas compromete a aplicação terrestre, devido ao amassamento da cultura, como no caso das aplicações pós-pendoamento, as aplicações com drones são consideradas rápidas, não causam amassamento e independem da condição de umidade do solo.
Em muitos casos, as aplicações
são realizadas em focos de pragas e não em área total, resultando em economia ao produtor. Em geral, duas a três aplicações de produtos químicos e biológicos são efetuadas a cada safra. Considerando-se a prática de duas safras agrícolas, é frequente a utilização de uma média de cinco aplicações com drones por ano.
Assim como para as demais culturas, a atualização das bulas dos produtos para o uso com drones é imprescindível para que o agricultor utilize os produtos da forma correta.
Pastagens
Um segmento que passou a adotar o emprego de drones agrícolas é o dos pecuaristas que utilizam pastagens para a alimentação do gado.
A semeadura aérea de pastagens com drones tem sido realizada com espécies como braquiária, azevém e leguminosas, tanto para o aumento da quantidade de forragem de pastagens já estabelecidas quanto para a implantação de novas áreas após a colheita de lavouras de grãos. A sobressemeadura consiste em semear a pastagem antes da colheita de grãos como milho, soja ou arroz. Desta forma, por ocasião da colheita dos grãos, a pastagem já está estabelecida, possibilitando antecipar o pastejo em cer-
ca de 30 dias. Com o drone, a sobressemeadura é realizada sem riscos de danos à cultura que está para ser colhida, de forma rápida e prática.
Aplicações de herbicidas para manejo de plantas daninhas de difícil controle, que reduzem de forma expressiva a disponibilidade de forragem para a alimentação animal, também são realizadas por meio de drones agrícolas, com grande uniformidade de controle e rapidez operacional.
Silvicultura
Na fase de transplante das mudas de eucalipto, é essencial que as plantas daninhas sejam controladas pelo período de cinco a seis meses, tempo necessário para que as jovens mudas se desenvolvam, resultando nos futuros maciços florestais uniformes.
Aplicações de herbicidas em áreas recém-colhidas são bastante complexas, pois os restos de colheita, como galhos e partes de troncos, comprometem o trânsito de pulverizadores tratorizados. Por este motivo, o uso de pulverizadores costais ainda é uma prática existente.
Talhões com relevo acidentado e dimensões expressivas exigem equipes de 15 a 20 trabalhadores com pulverizadores costais, adotando taxas de aplicação ao redor de 400 litros por hectare. Tal fato resulta em baixo rendimento operacional, pouca uniformidade no controle das plantas daninhas, inclusive exigindo retrabalhos, e elevado custo das operações, devido à logística com os funcionários.
Segundo as empresas florestais, o uso de drones agrícolas tem como principais vantagens a melhor uniformidade de controle das plantas daninhas e a significativa redução do tempo de aplicação. Isso permite um melhor planejamento do manejo silvicultural, além da redução
de custos que podem superar a cifra de 50%.
Outra prática necessária na silvicultura e também viável de ser feita com os drones são as aplicações de iscas formicidas, pois as formigas são a principal praga do eucalipto. Elevada uniformidade de distribuição, rapidez muito superior aos métodos terrestres e significativa redução de custos são apontadas como justificativas para a adoção desta prática.
Soja
A soja é a cultura mais cultivada no Brasil, e o uso de drones agrícolas nas diversas etapas de desenvolvimento é muito frequente em todas as regiões do país.
As produtividades de soja são obtidas com o uso de drones, devido ao controle eficiente dos problemas fitossanitários e ao não amassamento da cultura que ocorre quando das aplicações terrestres.
Herbicidas são aplicados na dessecação pré e pós-semeadura, além de produtos seletivos em pré e pós-emergência da cultura. Aplicações de herbicidas para controle
de plantas daninhas escapes, que ocorrem em reboleiras, são uma prática muito adotada em todas as regiões produtoras.
Aplicações de fungicidas e inseticidas em soja com drones são cada vez mais frequentes. O efeito “downwash” resulta em superioridade na penetração de gotas em todo o dossel foliar.
Os resultados de pesquisa com uso de drone na soja têm mostrado que os parâmetros técnicos de aplicação (como taxa de aplicação, tamanho de gota e altura de voo) podem variar de acordo com os objetivos. Por exemplo, taxas de aplicação iguais ou menores que 10 l/ha podem ser utilizadas para pulverização de inseticidas, alguns agentes biológicos, herbicidas sistêmicos e fungicidas quando há baixa severidade de doenças como a ferrugem-asiática. Porém, em condições favoráveis para alta severidade da doença e também no caso de herbicidas de contato, taxas de aplicação maiores que 10 l/ha trazem maior segurança de controle, devido à maior deposição de calda
e diminuição do risco de perdas por condições climáticas adversas. Em média, são realizadas de cinco a sete aplicações de agroquímicos e produtos biológicos durante o ciclo da soja. Com essa quantidade de aplicações, são frequentes situações de impossibilidade de entrar com pulverizadores terrestres, devido a solo encharcado, o que pode comprometer a realização da pulverização no momento ideal. Com drone não existe essa limitação.
Considerações finais
Considerando a grande versatilidade de trabalho dos drones agrícolas, acredita-se que a maior parte das culturas existentes permita sua utilização e possa usufruir das vantagens que essa tecnologia é capaz de proporcionar. Com isso, novas culturas e aplicabilidades continuaram surgindo dentro dessa nova realidade do setor agrícola. M
Eugênio Passos Schröder, Schroder Consultoria Agro; Rafael Moreira Soares, Embrapa Soja
A publicação “Uso de drones agrícolas no Brasil: da pesquisa à prática”, pode ser baixada na biblioteca da Embrapa, pelo QR Code.
Dosador certo, menor custo
Comparativo entre dosadores mostra como escolha do sistema pode evitar falhas e custos desnecessários; simulações demonstram que nem todos mantêm uniformidade quando o terreno muda
Asemeadura é uma etapa fundamental para o bom resultado da lavoura. Ela depende, dentre outras coisas, da qualidade das sementes, das condições do solo e da distribuição uniforme dos nutrientes necessários para o desenvolvimento da cultura. Sabemos que os nutrientes são fundamentais para o crescimento das plantas, os quais se dividem em macronutrientes, como nitrogênio, fósforo
e potássio (N, P e K), e micronutrientes, como boro, cobre e ferro (B, Cu e Fe), ambos vitais para funções como a fotossíntese e o metabolismo energético.
Para que esses nutrientes cheguem na quantidade necessária para o desenvolvimento da cultura, são incorporados em diversos tipos de fertilizantes agrícolas e depositados ao
solo pelas semeadoras-adubadoras que possuem mecanismos dosadores para produtos sólidos granulados, como mostra a Figura 1. No Brasil, são mais utilizados dosadores com helicoides, que
consistem em uma peça com formato helicoidal (rosca), que gira, transportando o material no espaço entre helicoides, porém com variações na qualidade de deposição, visto que pode ser afetado pela gravidade, mesmo com mecanismos de transbordo. Em contrapartida, novos tipos de dosadores têm surgido no mercado, com destaque para o dosador do tipo rotor, caracterizado por um cilindro com
1 - análise por dosador e angulação
dentes equidistantes na sua superfície, que distribui os fertilizantes conduzidos pelos dentes desse cilindro, conforme a Figura 2.
Estudo realizado
Para avaliar a uniformidade de distribuição de fertilizante granulado em condições controladas de laboratório, o estudo empregou dois mecanismos com diferentes princípios de funcio-
namento, o dosador de adubo por transbordo gravitacional, caracterizado pelo uso de uma rosca sem fim com passo de 2’’, e o dosador com rotor dentado disponibilizado pela empresa J. Assy. Foi avaliada a qualidade de distribuição dos dosadores, em diferentes inclinações longitudinais (-11°, 0° e +11°, representando descida, plano e subida, respectivamente), simulando as variações dos terrenos, na velocidade de 7 km/h.
Execução do experimento
O experimento foi conduzido no Laboratório de Protótipos do Núcleo de Inovação em Máqui-
Figura 1 - mecanismo dosador de fertilizante. Fonte: autor
nas e Equipamentos Agrícolas (NIMEq), pertencente à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Campus Capão do Leão.
Para a realização dos testes, foi utilizada uma bancada para dosadores de sementes e fertilizantes, configurada para reproduzir diferentes ângulos de inclinação e velocidades de operação, conforme a Figura 3.
Em cada condição experimental, a dosagem do fertilizante YaraBasa 03-21-21, escolhido por ser um multinutriente de alta diferenciação e qualidade física, foi coletada em um intervalo de 30 segundos. O material foi depositado em recipientes plásticos posicionados sob a saída dos dosadores.
Os dados coletados foram analisados estatisticamente para verificar se havia diferenças significativas entre os tipos de dosadores e as condições testadas, submetidos ao teste de comparação múltipla de Tukey, à probabilidade de 5% de erro (α ≤ 0,05).
Resultados obtidos
Para a avaliação, foram analisados três parâmetros de desempenho: a dosagem média coletada em
30 segundos (g/30”), o Desvio Máximo Simples (DMS) e o Coeficiente de Variação (CV), sendo os dois últimos cruciais para indicar a uniformidade da distribuição.
Os resultados revelaram uma diferença acentuada na sensibilidade dos dosadores à variação do ângulo de inclinação longitudinal em relação à dosagem média. O dosador helicoidal demonstrou ser suscetível à inclinação, apresentando a menor média de 664,5 g em 30 segundos de coleta e a maior em 886,5 g/30", indicando que a variação topográfica simulada pelas diferentes inclinações influencia diretamente a vazão deste mecanismo. Em contraste, o dosador rotor manteve uma dosagem média mais estável, variando apenas entre 776,5 g/30" e 782 g/30", sugerindo que seu funcionamento oferece maior uniformidade contra alterações de nível.
No que concerne à uniformidade da distribuição, medida pelo Coeficiente de Variação (CV) e pelo Desvio Máximo Simples (DMS), o dosador rotor demonstrou um desempenho superior e mais consistente. O rotor alcançou a melhor uniformidade em 11°, com o menor CV registrado 0,18%, e manteve-se com valores de CV baixos em todas as condições testadas, atingindo seu máximo de 0,58% em 0°. Por outro lado, o dosador helicoidal apresentou maior variabilidade que o rotor, especialmente em 0°, onde registrou o maior CV da amostra 1,03%, e em 11° registrou 0,89%.
Eficiência e economia
Esses resultados sugerem que a uniformidade na distribuição de fertilizante, especialmente em terrenos mais íngremes, é fundamental para o bom desenvolvimento das culturas. A ausência de nutrientes (subdosagem) limita drasticamente o potencial produtivo da cultura, resultando em falha, menor vigor vegetativo e suscetibilidade a estresses abióticos, culminando em uma queda significativa na produtividade final e na qualidade às plantas.
Em contrapartida, a superdosagem representa um gasto desnecessário e ineficiente do insumo que não só eleva significativamente o custo da semeadura, impactando diretamente a margem de lucro do produtor, mas também pode levar a
Figura 2 - componentes dos dosadores de fertilizante utilizados no experimento
Fonte: autor
problemas imediatos como a fitotoxicidade e, a longo prazo, gerar a lixiviação de nutrientes.
Para mitigar esses riscos e garantir a máxima eficiência do investimento, é imprescindível a adoção de tecnologias de agricultura de precisão, como o uso de distribuidores com controle de taxa variável (VRA) e sistemas de compensação em curvas e inclinações, que asseguram que a dose correta seja aplicada no local exato, otimizando o uso do insumo e garantindo um desenvolvimento homogêneo de todo o talhão. Fazendo uma comparação par a par, a Figura 4 reforça esses resultados.
A sensibilidade do dosador helicoidal é evidenciada pelo seu desempenho em termos de coeficiente de variação, sugerindo que o efeito combinado de velocidade e inclinação resulta em irregularidade na distribuição de fertilizante. Conclui-se que o limite operacional seguro para a uniformidade da dosagem é reduzido com o uso do helicoidal. Torna-se necessário um ajuste da velocidade de trabalho para mitigar o risco de variabilidade na distribuição dos insumos.
Em forte contraste, o sistema rotor demonstrou maior estabilidade. Portanto, os resultados confirmam que a adoção de dosadores menos suscetíveis aos efeitos de inclinação e velocidade, como o tipo rotor, é fundamental para o manejo eficiente, sendo o fator-chave para evitar a desuniformidade na lavoura e maximizar a produtividade, ao passo que
a precisão na aplicação resulta na contenção e redução significativa dos custos com insumos.
Júlia Avila Vieira Rodrigues, Fabrício Ardais Medeiros, Rafael dos Santos Esteche, Angelo Vieira dos Reis, Nixon da Rosa Westendorff, UFPel
Figura 3 - bancada utilizada no experimento
Fotos
Júlia
Figura 4 - comparação média dos dosadores por inclinação
Colheita otimizada
Avaliação das perdas e da eficiência operacional da colheita mecanizada do algodão em diferentes velocidades de avanço mostra como alguns detalhes interferem no resultado final
Este estudo teve como objetivo avaliar as perdas na colheita mecanizada do algodão em três velocidades de operação (5,4 km/h; 6,4 km/h e 7,4 km/h), utilizando uma colhedora modelo CP690, quantificando perdas e avaliando impactos na eficiência operacional e na qualidade da fibra. O experimento foi realizado na safra 2023/2024, no distrito de Sebastião Leal (PI), com área de aproximadamente 395,83 ha e produtividade média de 353,3 @/ha.
A semeadura ocorreu por meio de uma semeadora direta Horsch, mo-
delo Maestro Evolution, com 24 linhas e espaçamento de 0,76 m. A semente utilizada foi FiberMax FM, cultivar 970GLTP RM, com ciclo de 160 a 180 dias.
A avaliação das perdas foi conduzida no delineamento inteiramente casualizado (DIC) durante a colheita do algodão. A operação foi executada com uma colhedora John Deere, modelo CP 690, ano 2022, equipada com motor de 567 cv de potência e seis unidades de colheita.
A colheita foi realizada em três velocidades preestabelecidas, tomando como referência a velocidade pa-
drão utilizada na propriedade (7,4 km/h). A partir desse valor, definiram-se duas velocidades inferiores: 6,4 km/h e 5,4 km/h. Para coleta e avaliação das perdas quantitativas, foram mensuradas as perdas naturais (registradas previamente à passagem da máquina, em linhas vizinhas às que seriam colhidas) e as perdas da colhedora, avaliadas após a passagem do equipamento. As perdas foram classificadas em sementes e plumas no solo (PS), sementes e plumas retidas na planta (PP) e o somatório de ambas, denominado de perdas totais da máquina (PT). Para as medi-
ções, utilizaram-se as linhas 3 e 4 da unidade de colheita, descartando-se as linhas das extremidades.
Durante os testes nas diferentes velocidades de avanço, manteve-se constante a rotação do ventilador em 4.100 rpm. As velocidades dos tambores de fusos, proporcionais à velocidade de avanço, foram de 115 rpm (5,4 km/h), 138 rpm (6,4 km/h) e 157 rpm (7,4 km/h).
Para as avaliações, utilizou-se uma armação retangular de 1,52 m x 1,32 m (total de 2 m²), posicionada transversalmente às linhas de colheita para todas as amostras.
Foram coletadas dez amostras de perdas no solo e na planta para cada velocidade, além de oito amostras referentes às perdas naturais, totalizando 38 amostras.
As amostras foram devidamente armazenadas, identificadas e posteriormente encaminhadas para pesagem.
Cada amostra foi pesada individualmente em balança de precisão, com os respectivos valores registrados, tabulados e submetidos à análise estatística descritiva.
Verificações
antes e depois
Previamente à passagem da colhedora, foi realizada a avaliação das perdas naturais da cultura, obtendo-se aproximadamente 12 @/ ha e uma média de 65 mil maçãs por hectare.
Essas perdas naturais podem estar associadas a fatores climáticos, como chuvas intensas e ventos fortes próximos ao período de colheita, que favorecem o desprendimento dos frutos, impactos mecânicos anteriores, provenientes de operações de manejo ou do tráfego de máquinas na área, e ataque de pragas e doenças, que afetam diretamente a eficiência das culturas
Esta quantificação prévia é essencial para diferenciar as perdas inerentes à cultura daquelas ocasionadas pelo processo mecanizado de colheita, fornecendo um parâmetro mais preciso para avaliação da eficiência operacional das colhedoras.
Após a passada da máquina, foram quantificadas as perdas encontradas no chão e na planta, e soma-
das para apresentação das perdas totais.
Efeitos das velocidades
Estatisticamente, a velocidade de 5,4 km/h não se diferencia significativamente das outras duas, sendo classificada como "ab". Já a velocidade de 6,4 km/h teve a maior perda no chão, marcada com a letra "a", o que indica uma diferença significativa em relação à velocidade de 7,4 km/h, mas não em relação a 5,4 km/h.
O aumento da velocidade de colheita para 7,4 km/h mostrou-se vantajoso, ao reduzir as perdas de algodão no chão. Em contrapartida, a velocidade de 6,4 k km/h apresentou o pior desempenho em termos de perdas no solo, indicando que essa velocidade não seria a mais eficiente para minimizar o desperdício de algodão durante a colheita.
O dado mais substancial sobre a planta é a velocidade de 7,4 km/h, que registrou as maiores perdas de algodão na planta, com média de 10,85 @/ha (marcada pela letra “a”). Isso significa que mais algodão será dei-
Christyan de Sousa Soares Junior
xado na planta nesta velocidade, em comparação com velocidades mais lentas. Neste caso, as duas velocidades máximas são reduzidas apenas. Por exemplo, 5,4 km/h e 6,4 km/h são quase iguais, onde 3,78 @/ha e 3,46 @/ha são marcados com a letra "b". Isso significa que não há diferença significativa entre as duas velocidades. Embora a velocidade de 7,4 km/h seja eficaz na redução da perda de pluma de algodão ao solo, ela se mostra menos eficiente em perda para a planta, ao permitir que grandes quantidades de pluma permaneçam sem coleta. Em contrapartida, as velocidades de 5,4 km/h e 6,4 km/h são mais efetivas na remoção do algodão, resultando em uma colheita mais limpa e eficiente.
Reflexos nas perdas totais
Observou-se que não houve diferenças estatisticamente significativas entre os três valores de perdas totais. As velocidades de 5,4 km/h, 6,4 km/h e 7,4 km/h apresentam perdas totais bastante próximas, variando de 40,7 @/ha a 41,7 @/ha.
O que sugere, em termos de perdas totais, que qualquer uma das três velocidades poderia ser utilizada sem grande variação nos resultados. No entanto, é importante considerar as perdas individuais para otimizar a operação.
O comportamento observado, com maior perda na planta à velocidade de 7,4 km/h, em comparação às velocidades de 5,4 km/h e 6,4
km/h, pode ser explicado pelo grande aumento no fluxo de pluma durante a colheita nessa velocidade. Com o avanço mais rápido, a máquina precisa lidar com uma quantidade maior de pluma em menos tempo, o que aumenta o atrito entre os fusos e outros componentes da máquina em contato com a planta. Esse atrito adicional compromete a eficiência do sistema de colheita, dificultando a extração completa da pluma e resultando em maiores perdas na planta. Esse fenômeno é consistente com o que é discutido na literatura, que aponta que velocidades mais elevadas frequentemente levam a um desempenho reduzido, devido à sobrecarga do sistema e às limitações físicas dos componentes da máquina.
A perda observada foi um pouco acima do esperado, principalmente devido a fatores climáticos, como as chuvas ocorridas durante o período de maturação das maçãs do algodão, que comprometeram a eficiência da colheita. No entanto, os resultados ainda se mantiveram dentro do aceitável, segundo os parâmetros da análise que estipula perdas totais da máquina variando entre 15% e 17%, enquanto o presente estudo registrou perdas totais de 11,6%.
Esses valores indicam que, embora o clima tenha influenciado ne-
A perda observada foi um pouco acima do esperado, principalmente devido a fatores climáticos, como as chuvas ocorridas durante o período de maturação, que comprometeram a eficiência da colheita
Gráfico 1 - perdas encontradas no chão
Gráfico 2 - perdas encontradas na planta
gativamente o desempenho, a perda permaneceu abaixo do limite superior estabelecido, refletindo um desempenho satisfatório do sistema de colheita, em linha com o que é descrito na literatura.
Conclusões obtidas através do estudo
Aumentar a velocidade dos processos agrícolas leva a melhores rendimentos operacionais e auxilia na adesão aos cronogramas de colheita. No caso do algodão, é essencial remover os resíduos da colheita, pós-colheita, para evitar o aparecimento de pragas e doenças. O vazio sanitário, que é obrigatório em várias regiões do Brasil, requer o corte de plantas restantes e a aplicação de herbicidas para erradicar a influência e os restos de plantas, interrompendo assim o ciclo de vida das pragas, incluindo o bicudo-do-algodoeiro. Este método não apenas promove uma colheita subsequente mais saudável e produtiva, mas também atenua o risco de acúmulo de doenças.
A eficiência das operações pode levar a uma redução no número de máquinas utilizadas durante uma colheita de algodão. Quando a velocidade de avanço aumenta, aumentará proporcionalmente o rendimento operacional; um núme-
Foram coletadas dez amostras de perdas no solo e na planta para cada velocidade, além de oito amostras referentes às perdas naturais, totalizando 38 amostras
ro menor de máquinas é capaz de concluir as tarefas dentro do mesmo prazo ou até mesmo em uma duração menor, tudo isso mantendo a qualidade da colheita.
Como as máquinas operam em um ritmo acelerado, os produtores têm a oportunidade de reduzir as despesas operacionais, incluindo custos de combustível e manutenção, favorecidos pela redução da necessidade de mão de obra e maquinário. Esses ajustes são especialmente benéficos para culturas que têm períodos de colheita limitados, garantindo, assim, a conformidade ao cronograma de colheita sem sacrificar a produtividade.
Os resultados obtidos neste estudo evidenciam que as diferentes velocidades de operação da colhedora impactam de maneira distinta as perdas no solo e na planta, embora as perdas totais se mantenham próximas. A velocidade de 7,4 km/h apresentou menores perdas no solo, mas maior retenção de pluma na planta, enquanto as velocidades de 5,4 km/h e 6,4 km/h apresentaram padrão inverso. Esse comportamento demonstra a necessidade de análise individualizada das perdas para definir a estratégia operacional mais eficiente em cada contexto produtivo.
A quantificação das perdas naturais e mecanizadas, bem como a avaliação detalhada dos fatores envolvidos, mostrou-se essencial para compreender a dinâmica da colheita mecanizada do algodão. Esse procedimento fornece parâmetros mais precisos para avaliar o desempenho das máquinas, identificar pontos críticos e ajustar variáveis operacionais, como velocidade de avanço, regulagem dos fusos e densidade de plantas, contribuindo para maior eficiência do processo.
Com base nos resultados, recomenda-se a operação da colhedora na velocidade de 7,4 km/h, pois, além de apresentar desempenho satisfatório no contexto estudado, proporciona maior rendimento operacional e otimiza o uso de recursos, sem comprometer significativamente a qualidade da colheita. A adoção dessa velocidade, aliada a um manejo adequado e ao monitoramento constante, possibilita ganhos econômicos, redução de custos operacionais e maior sustentabilidade na produção de algodão. M
Christyan de Sousa Soares Junior, Eduardo Bruno Germano, João Victor de Melo Cruz, Lara Marie Guanais Santos, Fatec Pompeia Shunji Nishimura
Gráfico 3 - perdas totais da máquina
Plantor 2450 A
Com opções de 24 a 32 linhas, a Plantor, da Crucianelli, chega ao Brasil com um projeto cheio de sistemas modernos e muita tecnologia embarcada, focada nos produtores que buscam precisão na semeadura
inda pouco conhecida no Brasil, a Crucianelli é uma empresa tradicional no mercado Argentino. Lá, ela é líder de mercado, produzindo semeadoras e distribuidores de fertilizantes há muitos anos. Estar entre as cinco maiores empresas de plantio do mundo até 2030 está nos planos da empresa. E o Brasil é uma peça importante para
alcançar este objetivo. A fábrica na Argentina está localizada na cidade de Armstrong, província de Santa Fé, que é o berço da indústria argentina de máquinas agrícolas. Eles se especializaram em máquinas de plantio e trazem para o Brasil sua experiência e novidades que contaremos aos nossos leitores.
A máquina que testamos para esta edição é uma da pré-série de fabricação no Brasil, produzida na fábrica de São Carlos, no estado de São Paulo. A Crucianelli estabeleceu um acordo com o conhecido
grupo brasileiro Piccin, para compartilhar espaço e experiências destas duas tradicionais empresas. Estabeleceu-se, então, a Aliança Crucianelli – Piccin (ACP) com a união estratégica das duas empresas, compartilhando áreas estratégicas e continuando com a ação individual em outras áreas. A Crucianelli construiu, então, seu próprio pavilhão, onde estão sediadas as suas áreas de Engenharia e Produção, e todas as outras áreas comuns ela compartilha na aliança.
A semeadora Plantor 2450 que
testamos é da família Plantor, talvez a mais importante fabricada atualmente pela marca e que foi escolhida para o Brasil, pela reconhecida exigência do nosso mercado.
A linha Plantor tem duas estruturas, uma que se fecha em 3,9 m, após a articulação, e outra que fica com largura de transporte de 3,2 m, o que simplifica muito o deslocamento de um local para outro com as normas adotadas no Brasil. A de 3,9 m é fabricada na Argentina desde 2016 e teve grande comercialização, principalmente para o leste europeu e para
toda a América do Sul. Possui três chassis, de 12 m e 26 linhas, 15 m e 32 linhas, e 18 m com 38 linhas, sempre com um espaçamento padrão de 50 cm entre linhas. Esta máquina pode ser comercializada sem aplicação de fertilizante na linha, de acordo com o sistema adotado pelo produtor rural.
As máquinas que, ao serem fechadas para o transporte, reduzem a largura para 3,2 m, apresentam-se em configurações de 12 m e 24 linhas e 15 m e 30 linhas, podendo chegar a 32 linhas, com múltiplos de 90 m, espaçamento usado no algodão em algumas regiões. O espaçamento entre linhas de 50 cm é o padrão.
Para atender as necessidades do pós-venda de toda a sua linha de produtos, a Crucianelli estabeleceu uma rede de concessionários para a comercialização e o atendimento de clientes, sendo a maioria da rede de dealers da Precision Plan-
ting, de forma que grande parte do país está totalmente coberta. Para dar maior atenção à reposição de componentes, a empresa decidiu por um sistema bastante inovador em relação à maioria dos fabricantes brasileiros. Eles entregam em consignação as principais peças das máquinas para concessionário, ou diretamente para o cliente, quando a sua área está distante da concessionária mais próxima.
O treinamento dos usuários está sendo fornecido pela marca diretamente pelos concessionários, mas a atividade de cursos e treinamento está sendo intensificada à medida que os produtos forem sendo comercializados no país.
Na Argentina, esta máquina foi premiada com o Prêmio CiTA (Premio a la Innovación em la Tecnologia
Agropecuária) na categoria semeadura, pelo seu sistema de dosificação e abastecimento de sementes, no ano de 2019. Este prêmio é um dos mais importantes do setor.
Estrutura da máquina
A máquina tem uma estrutura formada por um chassi central com seis linhas e outras 18 linhas distribuídas nas asas laterais, nove em cada. O engate ao trator compõe-se de uma primeira parte pantográfica ligada à barra de tração do trator,
A Plantor tem uma estrutura formada por um chassi central com seis linhas e outras 18 linhas distribuídas nas asas laterais, nove em cada
Fotos Charles Echer
com macaco para a regulagem da altura de engate e corrente de segurança e que se articula para manter a máquina nivelada e independente. A segunda seção é um triângulo de longarinas formando uma estrutura robusta presa a este chassi central.
A máquina pode ser acionada totalmente pelo sistema hidráulico do trator, através das válvulas de controle remoto (VCRs), no entanto, se este não tiver capacidade ou tomadas em número necessário, uma unidade hidráulica em separado, acionada pela tomada de potência (TDP) do trator, pode ser usada. Esta unidade composta de bomba, e um depósito auxiliar, aciona a turbina,
fabricada na Argentina, com corrente de ar positiva. A unidade hidráulica em separado é interessante de ser usada para aliviar o trator, mesmo que tenha vazão necessária. A maioria dos componentes da Plantor são fabricados aqui no Brasil, no entanto a turbina acionada por um motor hidráulico gera uma corrente de ar. Na saída, um tubo que vem da turbina há um divisor em três saídas, uma para cada depósito. Os demais comandos permanecem nas VCRs com o conjunto de mangueiras hidráulicas para o acionamento da máquina. Os depósitos fabricados em polie-
tileno, por um processo de rotomoldagem, estão arranjados na estrutura central, de forma que o depósito principal de semente está à frente e os dois de fertilizante, atrás. Os depósitos, tanto de sementes como de fertilizantes, têm capacidade de 2.400 l cada, têm no fundo um defletor para alívio do peso sobre a saída do produto e na parte superior uma tela aço inox, para evitar a entrada de agregados de sementes e adubo que se formam com a umidade. A tampa pode ser aberta totalmente, com um sistema de suspensão, para proteger as dobradiças. O fechamento usa uma trava de engate rápido. Portanto, cada depósito tem capacidade para dois bags, assim cabendo quatro bags nos depósitos de fertilizantes e dois bags no depósito frontal de semente. Uma lona foi colocada para envolver os depósitos quando a máquina estiver em armazenamento.
Uma das características da Plantor que visualizamos no teste é a versatilidade, pois desta configuração original que descrevemos, os depósitos podem ser usados todos com semente ou mesmo usar-se os dois depósitos traseiros, originalmente com fertilizantes, para sementes, e o dianteiro com algum outro tipo de semente, fazendo consorciação. A troca é relativamente fácil e está prevista no projeto de utilização da máquina. Toda a estrutura central da máquina está suportada
Os depósitos fabricados em polietileno, por um processo de rotomoldagem, estão arranjados na estrutura central, de forma que o depósito principal de sementes está à frente e os dois de fertilizantes atrás
por dois pares de grandes rodas de apoio, com pneus de alta capacidade de suporte e com grande área de contato, e as asas são apoiadas nas extremidades em rodas que giram e acompanham o movimento. Quando a máquina se fecha para o transporte, os rodados das extremidades das asas são movimentados para frente, tornando a máquina rebocada, totalmente apoiada nos rodados, descarregando peso no cabeçalho de engate. O acesso aos depósitos é feito pela parte de trás da máquina, por uma escada, protegida por corrimão.
Ao iniciar a subida na máquina, vê-se uma das características particulares da Plantor. O acesso para a manutenção é muito facilitado, pois a máquina não tem carenagem, sendo tudo fácil de encontrar e realizar a manutenção. Esta é uma das contribuições da engenharia argen-
tina, que prioriza a simplicidade para manutenção.
Outro detalhe interessante é que as mangueiras hidráulicas vão por dentro das barras e os chicotes elétricos e eletrônicos envolvidos em eletrocalhas, para proteção. A união entre as mangueiras nas partes fixas da máquina é feita com trechos de tubos hidráulicos, entendendo-se que a dissipação do calor é facilitada. O ar em pressão positiva que movimenta os produtos, semente e fertilizante, vai por dentro do tubo das asas, que é vedado.
Por uma decisão do fabricante, sempre que a máquina for equipada com vDrive, haverá um alternador, que garante a estabilidade da corrente elétrica para acionamento do sistema. Outra decisão importante no projeto é que, quando estivermos tratando de larguras de trabalho superiores a 15 m, haverá cilin-
dros hidráulicos gerando carga para as asas, de forma a manter sempre a profundidade de trabalho.
Sulcamento e fechamento de sulco
O sistema pantográfico de corte de palha e abertura do sulco para a colocação do fertilizante é individual e não depende do sistema de colocação das sementes. Ele vai à frente, preso diretamente na barra que é a própria asa lateral e tem uma variedade de regulagens de posição. O sulcador utilizado pode ser de disco duplo ou de haste, tipo botinha. O disco de corte da palha e que inicia a abertura do sulco tem independência com o sulcador de fertilizante e é dotado de um movimento lateral.
Na linha de fertilizante foram colocados sensores de fluxo, que mostram no monitor, colocado na cabi-
O dosador de sementes é um dos pontos altos desta máquina que testamos, com o sistema vDrive para o acionamento elétrico e o vSet para a dosagem precisa da sementes. Além disso, possui o sistema DeltaForce da Precision Planting, que realiza o controle automático do perfil de sulco
na do trator, a informação de interrupção do produto.
Dosificação de fertilizante e sementes
Uma das principais partes de uma máquina que coloca sementes é composta pelo conjunto do sistema de armazenamento, transporte e dosagem de sementes e a abertura do sulco e colocação das sementes. Também são importantes as atividades de fechamento e compactação do solo sobre as sementes, para o processo de germinação e emergência.
A Plantor utiliza um sistema mecânico pantográfico, independente do sistema, que faz a abertura e a colocação de fertilizante. A dosagem se inicia na parte de baixo do
depósito de sementes quando uma corrente de ar vertical suspende a massa de sementes, que depois será conduzida pelas mangueiras até o dosador. Antes do sulcador, um disco limpa trilho, também pantográfico, controla o perfil do sulco. O dosador de sementes é um dos pontos altos desta máquina que testamos. Usa o sistema vDrive para o acionamento elétrico e o vSet para a dosagem precisa das sementes, ambos produtos da marca Precision Planting, parceira da Crucianelli nesta linha de equipamentos. Com este sistema é possível fazer o corte da linha, nas áreas onde já ocorreram a colocação de sementes e a compensação de curva, para manter a precisão da distância de introdução das sementes.
Também para manter a qualidade na colocação da semente, o sistema DeltaForce da Precision Planting foi adotado. A sua principal função é o controle do downforce, que é a força que o carinho plantador faz no solo, controlando de forma automatizada a padronização do perfil do sulco. Para isso, utiliza um cilindro hidráulico de pressão positiva e negativa, ou seja, auxiliado pela informação que fornece uma célula de carga, corrige linha por linha também a profundidade. As células de carga são colocadas uma em cada linha, trabalhando a uma frequência de 200 Hz, faz cinco correções por segundo, de maneira que, em um cálculo rápido, se deduz que quando a máquina estiver desenvolvendo velocida-
A máquina abre e fecha rapidamente, com um sistema exclusivo da marca, que levanta somente o módulo dos discos de corte e adubo, mantendo os discos de sementes num plano inferior para garantir o centro gravitacional baixo
de de operação de 8 km/h a correção do pistão ocorre centímetro a centímetro.
Usando o sistema da Precision Planting, o monitor modelo 20-20 controla todo o processo de semeadura e adubação e a parte operacional da atividade é controlada em outro monitor, que usa padrão Isobus, portanto totalmente compatível com os tratores que adotam este protocolo.
A base de todo o projeto desta máquina foi manter um sulco homogêneo e equilibrado para posicionamento do adubo, o que, segundo se
sabe, favorece a germinação e o impulso inicial da emergência da planta. Por isso, também foi colocado um sistema de regulagem da profundidade, que controla de centímetro em centímetro e tem uma posição intermediária, de meio curso, fazendo o controle de profundidade a cada 1 cm e 1,5 cm.
Fechamento da máquina para transporte
Um teste que fizemos com esta máquina foi do sistema de fechamento das asas e recolhimento da máquina para o transporte. É de im-
pressionar as novidades em relação ao que se tem no mercado. Um sistema exclusivo da Crucianelli e que foi patenteado pela marca faz o acionamento de pistões hidráulicos, colocados entre as asas e o chassi central, de modo que somente o módulo pantográfico dos discos de corte e do adubo sobem e o da semente articula de modo separado, ficando em um plano inferior, para não elevar demais o centro de gravidade.
A máquina fica então apoiada nos quatro rodados centrais e os rodados de apoio das extremidades das asas avançam à frente, para o apoio. A sequência da operação de recolhimento para o transporte é
muito semelhante à sequência de ações de um robô transformer, muito conhecido das crianças.
Local do teste
O local do nosso teste com a semeadora Crucianelli Plantor foi no município de Morro Agudo, no estado de São Paulo, em uma área de produção dos Primos Agro, que nos receberam para proporcionar esta avaliação. Tivemos a enorme colaboração do engenheiro Maximiliano Cassalha, que tem larga experiência em várias empresas de máquinas agrícolas e atualmente lidera este processo de vinda da Crucianelli ao Brasil, e também de Juan Pablo Nunes Marques, que é operador de máquinas e nos auxiliou a mostrar as características do equipamento, em uma área de renovação de canavial, que agora está recebendo uma safra de soja em um terreno preparado e com pouca palhada. No entanto, a Crucianelli tem outra máquina trabalhando no Centro-Oeste brasileiro, com condições de sucessão de soja e rotação com milho, em plantio direto.
Opcionais
Embora a Plantor tenha vários equipamentos que podem ser ad-
quiridos como opcionais, no modelo que testamos eram próprios da versão. Um item que é sempre opcional é o reservatório e sistema de acionamento para colocação de inoculante no sulco, da Orion, que fornece todos os componentes para a Crucianelli montar na máquina. O abastecimento do produto é feito de maneira independente da semeadora, com bomba externa.
Este sistema é muito utilizado por produtores, principalmente do Centro-Oeste, sobretudo de Mato Grosso e Goiás, e do Sudeste, como nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Considerações finais
O nosso teste constitui no acompanhamento do trabalho da máquina em uma área de solo preparado com sucessivas gradagens. Os fatores principais que analisamos foram relacionados à capacidade da máquina em fazer a abertura do sulco e introduzir o fertilizante e a semente, avaliando seus componentes, a articulação das linhas e o sistema de abertura e fechamento da máquina para o transporte.
Nota-se que no projeto da máquina foi dada uma atenção especial aos sistemas de colocação
de fertilizante e semente, montando duas estruturas pantográficas separadas e independentes. Buscou-se praticidade e poder de corte, oferecendo diferentes sulcadores para o fertilizante. O sistema adotado pela Crucianelli para o controle da abertura do sulco e a manutenção da sua uniformidade foi confiado à Precision Planting, com o sistema de controle da pressão das li-
nhas, em sua versão completa e mais moderna. O DeltaForce usa um cilindro hidráulico que atua nos dois sentidos, para baixo e para cima, diferentemente dos sistemas que apenas pressionam a linha, existentes na maioria das semeadoras no Brasil.
Quanto ao sistema de dosagem de sementes e fertilizante e o acompanhamento da plantabilidade, novamente foi escolhido o siste-
ma completo da Precision Planting, com vSet para a dosagem precisa e o vDrive para o acionamento elétrico do mecanismo dosador. Para o acompanhamento da qualidade da operação da cabina usa-se o monitor 20-20.
Outra característica bem avaliada foi a versatilidade da máquina, que dispõe de três depósitos, que podem ser utilizados de forma diversa para sementes e fertilizante,
com pequena necessidade de adaptação. Enfim, uma experiência gratificante, em que pudemos conferir com exclusividade as características de um dos modelos desta marca que chega ao Brasil com anos de experiência e que ajudará a elevar o nível das operações de semeadura de precisão. M
José Fernando Schlosser, Laboratório de Agrotecnologia/Nema/UFSM
O Test drive foi realizado numa área de recuperação de canavial dos Primos Agro, em Morro Agudo, no estado de São Paulo
Uma feira com muitas
Com 2.849 expositores de 52 países e foco em inovação, Agritechnica destaca avanços em
muitas novidades
em digitalização, automação e sustentabilidade no campo
AAgritechnica 2025 reafirmou sua liderança como a principal feira mundial de máquinas e tecnologias agrícolas. Realizado de 9 a 15 de novembro, em Hanover, na Alemanha, o evento atraiu cerca de 476 mil visitantes de 171 países. Profissionais do agronegócio, da indústria e do comércio participaram em busca de soluções para investimentos, parcerias e tecnologias sustentáveis.
Com o tema “Touch Smart Efficiency”, 2.849 expositores de 52 países apresentaram inovações voltadas à eficiência, à conservação de recursos e ao crescimento econômico. A programação técnica e os lançamentos seguiram o novo princípio da DLG (Sociedade Agrícola Alemã): “Crescimento Sustentável da Produtividade”.
O evento lançou o conceito “7 Dias, 7 Temas”, com dias temáticos voltados a diferentes perfis profissionais. Houve destaque para digitalização, jovens profissionais, agronegócio internacional e a celebração da agricultura. A nova estrutura ajudou visitantes a definirem investimentos e acessarem informações técnicas relevantes.
O Digital Farm Center estreou como espaço central para tecnologias em automação, IA, robótica e digitalização. Em uma arena interativa, máquinas autônomas operaram ao vivo. Agricultores relataram
experiências práticas, enquanto palestras abordaram temas como pulverização localizada e uso de IA generativa.
A feira contou com o Systems & Components, voltado à indústria fornecedora de peças e sistemas para máquinas agrícolas e setor off-highway. Soluções em segurança baseada em IA, motores alternativos e sustentabilidade marcaram presença.
Mais de 300 eventos técnicos ampliaram o conteúdo da feira. Palestras, painéis e demonstrações abordaram temas como automação, saúde do solo, aplicação de chorume, proteção de cultivos e novas tecnologias de semeadura.
Cerca de 68% dos expositores eram de fora da Alemanha. Brasil, Itália, China, Turquia e Países Baixos lideraram a presença estrangeira. Pela primeira vez, pavilhões nacionais de Austrália, Hungria, Polônia e Canadá participaram com estandes próprios.
A visita do ministro federal da Agricultura da Alemanha, Alois Rainer, e de delegações internacionais evidenciou o peso político do evento. O Dia Internacional dos
Produtores Rurais deu foco especial a Canadá, França e República Tcheca.
Os visitantes demonstraram alto grau de satisfação: 95% aprovaram a oferta expositiva e técnica. Tratores, veículos de transporte, colheita, preparo de solo, semeadura, pulverização e agricultura de precisão despertaram maior interesse.
No International Dealer Center, revendedores de máquinas agrícolas tiveram acesso a rodadas de negócios e workshops técnicos. O espaço “Workshop Live” mostrou, com mecânicos reais, procedimentos de manutenção em tempo real.
Fendt
Entre os destaques da Fendt no evento, três novos produtos que ampliam sua linha voltada às grandes lavouras com foco em eficiência, conectividade e autonomia. No primeiro anúncio, a marca exibiu o Xaver GT, robô agrícola autônomo com peso de cerca de três toneladas e uso voltado a tarefas repetitivas, como capina mecânica em hortaliças e raízes. O equipamento opera com
sistema híbrido (gerador diesel de 25 kW mais bateria de 9 kWh) e permite velocidades de até 10 km/h. Ele ainda apresenta rodas motrizes independentes, direção em quatro rodas e modo “crab steering” para terrenos inclinados ou curvas fechadas.
A navegação autônoma se apoia em sensores lidar, câmeras, geofencing e inteligência artificial, possibilitando operação via celular, tablet ou PC pela plataforma FendtONE.
Também durante o evento, a Fendt lançou a nova geração da série 800 Vario Gen5, com três modelos (826, 829 e 832) que entregam de 260 cv a 343 cv.
A linha incorpora o conceito DynamicPerformance, que adiciona até 23 cv extras conforme a demanda de trabalho. A nova motorização CORE80 de oito litros, seis cilindros e transmissão VarioDrive combina desempenho e economia de combustível.
A cabina foi totalmente redesenhada e adota sistema de iluminação LED UltraVision com até 114.700 lúmens, perfis personalizados e função GroundVision para engate traseiro.
No hidráulico, há vazão de até
Xaver GT, robô agrícola autônomo da Fendt
385 l/min e tração independente nas quatro rodas para minimizar a compactação do solo.
Em terceiro lugar, a série 1000 Vario Gen4 também foi apresentada com quatro modelos (1040, 1044, 1048 e 1052 Vario) e faixa de potência entre 426 cv e 550 cv.
Essa geração incorpora motor MAN compatível com HVO100, intervalo de troca de óleo da transmissão estendido de 2.000 h para 4.000 h, e o conceito Fendt iD que permite operar com baixa rotação e alto torque.
Um destaque é o sistema de iluminação UltraVision com até 120.500 lúmens e perfil de luz ajustável.
A transmissão VarioDrive de estágio único distribui potência de forma independente entre os eixos, eliminando troca manual de marchas ou acionamento do 4×4.
Massey Ferguson
O trator Massey Ferguson 8S Dyna E-Power tornou-se o primeiro da história a completar o Morocco Desert Challenge. E foi um dos modelos que mais chamaram a atenção do público na Agritechnica.
Massey Ferguson 8S Dyna E-Power tornou-se o primeiro da história a completar o Morocco Desert Challenge
New Holland apresentou a nova linha de tratores T7 XD e os robôs autônomos R4 Electric Power e R4 Hybrid Power
O modelo agrícola, modificado especialmente para a prova, finalizou o percurso em 75º lugar entre 144 competidores de todas as categorias. Na classe dos caminhões, ficou em quarto lugar entre oito inscritos.
A conquista comprova a versatilidade do MF 8S, projetado para o campo, mas capaz de superar condições extremas. A adaptação foi conduzida por Gilles Kuffer, diretor da Kufferagri Sàrl, que classificou o projeto como um desafio de engenharia e uma verdadeira aventura humana. Técnicos agrícolas participaram da transformação, demonstrando o potencial desses profissionais fora das lavouras.
O MF 8S utilizou motor AGCO Power de 7,4 l, reprogramado para alcançar 400 cv. O câmbio Dyna E-Power, com dupla embreagem, combinou eficiência mecânica com suavidade de operação. Após mais de 2.000 km de testes e 13 horas de mudanças contínuas de marcha, o sistema provou confiabilidade em ambiente competitivo.
Lançado em 2020, o MF 8S já tinha histórico de desempenho em missões como Antarctica 1 e 2,
além de recordes de arado e ações humanitárias como o Tractor’Dak e o Africa Track.
New Holland
A New Holland lançou a nova linha de tratores T7 XD, com potência entre 360 cv e 435 cv, voltada para agricultores de grande porte e prestadores de serviços.
O modelo-destaque T7.440 XD incorpora motor Cursor 9 de 8,7 litros, turbo eletrônico e intercooler, com foco em desempenho e menor consumo de combustível. O peso bruto total da máquina atinge até 19 toneladas.
A transmissão Auto Command CVT permite velocidade de até 60 km/h com rotação baixa e o eixo dianteiro Terraglide oferece suspensão independente com lógica antirrolagem e antimergulho.
Capacidade hidráulica de 360 l/min, levante dianteiro de até 6.100 kg e traseiro de até 11.942 kg ampliam a versatilidade. O sistema New Holland Intelligence garante conectividade remota, acesso a dados operacionais e suporte técnico em tempo real.
Em paralelo, a empresa con-
quistou o prêmio de Melhor Trator Especializado no Tractor of the Year 2026 (Toty) com o modelo T4.120F Auto Command. O júri do prêmio, formado por jornalistas europeus especializados, avaliou a inovação da transmissão CVT de 50 km/h em modo ECO, aplicada pela primeira vez no segmento de tratores especializados para pomares e vinhedos.
Também se destacam no T4.120F os aspectos de ergonomia e facilidade de operação, importantes para máquinas de faixa estreita.
Adicionalmente, a marca apresentou na Agritechnica a linha de robôs autônomos para culturas especiais, a série R4. São dois modelos: o R4 Electric Power, totalmente elétrico, pensado para vinhedos, com bateria de 40 kWh exibindo largura de 0,7 m para espaçamentos de 1 m a 1,5 m.
E o R4 Hybrid Power, voltado a pomares, com 1.400 kg, motor diesel de 59 cv compatível com biocombustíveis, gerador elétrico de 44 kW e modo 100 % elétrico com bateria de 4 kWh.
Ambos usam esteiras de borracha com suspensão para reduzir compactação do solo, tração elétrica contínua, e implementos elétri-
cos que eliminam óleo hidráulico.
Na pulverização inteligente os robôs ajustam o fluxo de produto, evitam aplicação em falhas de plantio ou bordaduras e adaptam-se à altura da copa; há em desenvolvimento sistema de aplicação localizada com base em detecção de doenças.
Case IH
A Case IH apresentou novidades em três séries de tratores: Farmall M, Puma e Optum.
A série Farmall M conta com motores 4 cilindros de 3,6 l, faixa de 100 cv a 120 cv, transmissão ActiveDrive 4 de 16×16 semipowershift e velocidade máxima de 40 km/h a 1.970 rpm. Peso bru-
to de 8.000 kg e levante traseiro de 5.200 kg. Oferece dois pacotes: Selection (foco em durabilidade e custo-benefício) e Advanced (com cabina suspensa, eixo dianteiro com suspensão e assento isolado). Tecnologias incluem telemetria FieldOps, compatibilidade Isobus, direção assistida DirectSteer e kit de orientação Pro 700 Plus sem assinatura.
Na série Puma, foram apresentadas versões de 155 cv, 165 cv e 185 cv, agora com transmissão CVXDrive que melhora desempenho em cargas e transporte. Eixo dianteiro com nova suspensão, raio de giro de 11,4 m, peso bruto ampliado
em 18% até 13.500 kg e capacidade de carga de até 5.500 kg. A tomada de força dianteira com embreagem úmida e o sistema hidráulico redesenhado também se destacam. A cabina integra assento totalmente ativo, braço de controle MultiController, Isobus, TIM (Tractor Implement Management) e conectividade plena com plataforma FieldOps.
A linha Optum agora contempla três modelos: 360, 390 e 440, com potência de até 435 cv. Todos utilizam motor Cursor 9 de 8,7 l. Transmissão 4×2 CVXDrive maximiza uso da potência ao solo. Velocidade máxima de 60 km/h, raio de giro de 6,1 m. O modelo 440 entrega 435 cv constantes. Sistemas como CTIS (inflação central dos pneus) integrado ao visor Pro 1200, intervalo de manutenção estendido para 750 horas, bomba hidráulica dupla de 360 l/min e levante traseiro com maior capacidade completam as melhorias. A cabina traz degraus de acesso novos, caixa de ferramentas integrada e tanque de água para lavagem de mãos. A conectividade é padrão, sem necessidade de assinatura, compatível com Isobus e TIM, e integra-se à plataforma FieldOps
A Case IH apresentou novidades em três séries de tratores: Farmall M, Puma e Optum
para gestão agronômica e de máquinas em tempo real.
Valtra
A Valtra apresentou um conceito de “trator falante” desenvolvido para facilitar operações no campo. A novidade faz parte do sistema digital Valtra Coach, que utiliza inteligência artificial para auxiliar o operador.
Neste primeiro momento, o assistente reconhece voz e texto em inglês, alemão, francês e finlandês. Ele foi treinado com manuais, dados de telemetria e registros de operação de tratores Valtra.
A solução permite tirar dúvidas, receber instruções e interpretar dados operacionais por meio de dispositivos móveis com ilustrações, listas passo a passo e infográficos.
O sistema integra o Valtra Connect, plataforma de telemetria da marca, e pode operar em modelos novos ou adaptados. Em uso durante o trabalho, comunica-se via áudio por Bluetooth ou fones. Entre os indicadores que o assistente traz estão emissões de CO₂, tempo ocioso e desempenho por implemento.
Kuhn
A fabricante Kuhn apresentou seu misturador autopropelido SPW Power durante a Agritechnica. O equipamento traz eixo traseiro estreito e raio de giro de até cinco metros, vantagem para operações em ambientes com estruturas compactas.
A caçamba de mistura foi instalada entre os eixos, reduzindo a al-
A Valtra apresentou trator com sistema digital Valtra Coach, que utiliza inteligência artificial para auxiliar o operador
Misturador autopropelido SPW Power, da Kuhn
tura total da máquina e contribuindo para maior estabilidade. A cabina Visiospace oferece ampla panorâmica de 360 graus, aumentando a segurança do operador.
O modelo está disponível em quatro capacidades de mistura (12, 14, 15 e 17 m³) e com potência de trabalho entre 88 kW e 120 kW (120 a 163 cv), com função Power Boost para picos de demanda. O comprimento da máquina varia de 8,38 m a 8,66 m, com altura máxima de até 3,15 m.
A rosca misturadora é fabricada em aço inoxidável especial K-NOX e teria durabilidade até seis vezes maior que modelos padrão em testes com 7 mil ciclos realizados em 2018. A montagem da rosca totalmente em K-NOX reduz o desgaste, melhora a uniformidade da mistura e diminui os custos de manutenção, contribuindo para melhor aproveitamento da dieta no cocho.
Versatile
A fabricante canadense Versatile apresentou o trator de esteiras DeltaTrack como carro-chefe de sua maior exposição internacional até hoje.
O DeltaTrack está disponível em versões 530 cv, 580 cv e 620 cv. Ele combina motor Cummins X15 com até 665 cv, transmissão Cat TA22, e torque máximo de 2.801 Nm. A cabina, considerada a maior da categoria, oferece conforto para longas jornadas. O sistema de esteiras Camso e o chassi robusto completam a configuração voltada à durabilidade e ao desempenho.
Os modelos atendem aos padrões de emissões Stage V e Tier 3, adaptando-se a diferentes condições agrícolas no mundo.
A presença na Agritechnica marca o retorno da Versatile à feira após oito anos, e reforça o compromisso da empresa com o crescimento das exportações. A empresa está investindo mais de 25 milhões de dólares canadenses na modernização da fábrica em Winnipeg para apoiar essa expansão.
Steyr
A Steyr lançou a série Cervus CVT (modelos 6360, 6390 e 6440). As potências alcançam 360 cv, 390 cv e 435 cv. Produzidos em St. Valentin, Áustria, os tratores primam por estrutura robusta e design compacto.
A transmissão continuamente variável (CVT) 4x2 permite velocidade máxima de até 60 km/h, favorecendo transporte rápido e eficiente. O sistema de calibragem central de pneus (CTIS) ajusta automaticamente a pressão conforme o solo e armazena três perfis de memória.
Os tratores equipam motor FPT Cursor 9 de 8,7 l e seis cilindros, com turbo e intercooler - o maior motor já utilizado pela marca Steyr. O tanque comporta 680 l e a manutenção ocorre a cada 750 horas.
Com peso base de 12.400 kg e capacidade máxima de 18.000 kg, o modelo alcança levante traseiro de 11.760 kg. A hidráulica entrega até cinco válvulas de alto fluxo, bomba dupla de 360 l/min, engate frontal de 5.800 kg e TDP 1.000/1.000E rpm.
A cabina inclui suspensão semiativa, eixo dianteiro com suspensão independente e isolamento acústico.
JCB
A JCB divulgou a linha de tratores Fastrac 6000 - modelos 6260 (284 cv) e 6300 (335 cv). Eles devem chegar ao mercado da Amé-
A Steyr lançou a série Cervus CVT com modelos de 360 cv, 390 cv e 435 cv
A JCB divulgou a linha de tratores Fastrac 6000 modelos 6260 (284 cv) e 6300 (335 cv)
rica do Norte no segundo trimestre de 2026, com velocidade máxima de 66 km/h e direção nas quatro rodas.
O destaque técnico inclui transmissão contínua ZF Eccom 3.1, que permite trocas suaves sem interrupção de potência. O motor é um diesel FPT de 6,7 l com torque de até 1.400 Nm, sendo mais de 95% disponível entre 1.200 rpm e 1.800 rpm.
Entre os sistemas opcionais está o controle central automático de inflação dos pneus, que ajusta a pressão conforme o uso em estrada ou campo. O sistema de direção “Twin Steer” oferece correção independente nos dois eixos via GPS.
A hidráulica entrega vazão de até 106 gpm com válvulas de fácil manuseio e circuito power-beyond. A suspensão hidropneumática ativa nos dois eixos melhora tração, conforto e facilita acoplamento de implementos no engate traseiro de 5 t.
A cabina amplia visibilidade e produtividade. Conta com dois assentos, iluminação LED de 360°, central iCON com até duas telas sensíveis ao toque, câme -
ras digitais, perfis personalizáveis e controle Isobus.
Claas
O trator Axion 9.450 Terra Trac, da Claas, recebeu o prêmio Tractor of the Year 2026 na categoria HighPower durante a Agritechnica 2025.
O modelo incorpora motor FPT Cursor 9 de seis cilindros, entrega 450 cv, e dispõe de transmissão Cmatic com recurso Auto Load Anticipation. O sistema Terra Trac amplia a área de contato com o solo em até 50%.
Na cabina, são 3 m³ de espaço interno, assento giratório com massagem, iluminação de 56.000 lúmens e nível de ruído de até 66 dB(A). No sistema hidráulico, bomba de até 370 l/ min, capacidade de levantamento superior a 11 t.
Na conectividade, destaque para Isobus, Power Beyond e sistema Claas Connect, com monitoramento remoto, mapas de aplicação e integração de dados.
A automação alcança nível 2 com a Vehicle Control Unit da AgXeed, e a partir de 2026 o operador poderá executar ordens de serviço automaticamente, com controle de dire -
ção, implementos e registro de dados.
Deutz - Fahr
A Deutz-Fahr lançou sua nova geração de tratores Série 8 TTV durante a feira Agritechnica 2025. Os modelos entregam 313 cv e 340 cv.
A cabina denominada SigmaVision destaca-se por visibilidade panorâmica, quatro pilares estruturais, isolamento sonoro e suspensão pneumática. O sistema ComfortPro permite controle climático em três zonas.
A interface do operador inclui braço de apoio iControl com dois joysticks multifuncionais e duas telas digitais: o iCluster de 15” e o iMonitor 5 de 12,8”. Eletrônica de bordo suporta soluções de agricultura inteligente, como guiamento automático, Isobus, telemetria e câmeras digitais.
O motor N67, fruto de parceria com a FPT Industrial, oferece até 1.398 Nm de torque, utiliza sistema Hi-eSCR e aceita combustível HVO. Transmissão TTV, velocidade máxima de 60 km/h e sistema hidráulico de 220 l/ min com bomba Load Sensing compõem a parte mecânica.
Trator Axion 9.450 Terra Trac, da Claas, recebeu o prêmio Tractor of the Year 2026 na categoria HighPower
Nova geração de tratores Série 8 TTV da Deutz-Fahr
A capacidade de levantamento atinge 12.000 kg na traseira e 5.450 kg na dianteira.
Kubota
A Kubota revelou duas inovações voltadas à agricultura digital e à automação no campo.
A primeira é o pulverizador autônomo Kfast, direcionado a culturas especiais como oliveiras, citros e nozes. Ele traz motor V3800-TIE5, tração 4×4, direção nas quatro rodas, navegação AGC com GPS RTK e LiDAR. O tanque comporta 2.000 l, a bomba trabalha com até 160 l/ min e possui 26 bicos duplos. A tecnologia H3O ajusta automaticamente a dose com base em detecção ultrassônica das árvores, o que pode reduzir insumos em até 25% e deriva em até 48%. O equipamento opera dentro da plataforma digital Specialty Crops Platform, que gerencia planejamento, execução autônoma e registros.
A segunda inovação é o trator M7004 Autonomous, projetado para grandes áreas. A Kubota destaca esse modelo para reduzir a escassez de mão de obra e aumentar a produtividade com mais precisão. O processo envol -
ve mapeamento do campo, criação de perfil de tarefa, planejamento de missão via plataforma PAM e execução totalmente autônoma sob supervisão remota. Um benefício citado é permitir que um único operador amplie suas horas de trabalho. Outro, é a possibilidade de usar implementos menores e tratores com potência entre 150 hp e 175 hp em vez de modelos de 250 hp e 300 hp.
John Deere
A John Deere apresentou o novo pulverizador autopropelido 500R, que incorpora tecnologias consagradas da marca, como o sistema PowrSpray e a cabina premium dos tratores 6R e colheitadeiras.
A cabina conta com filtragem de ar categoria 4 e isolamento contra produtos químicos, além de múltiplos compartimentos e sistema multimídia com conectividade. O novo CommandCenter G5Plus tem tela 35% maior e desempenho 75% mais rápido que versões anteriores, e o joystick multifuncional, em conjunto com o CommandArm, agrupa funções por tema para simplificar a operação.
No controle de barra, o BoomTrac Pro 2 utiliza cinco sensores e uma unidade inercial para manter a altura de aplicação constante, apoiado por uma estrutura central com controle ativo que reduz oscilações. A transmissão hidrostática CommandDrive oferece tração nas quatro rodas, com ajuste automático de potência por roda conforme a distribuição de peso; em modo rodoviário, o motor trabalha a 1.350 rpm para reduzir consumo e ruído.
O sistema PowrSpray, com circuito duplo, altera rapidamente o volume aplicado mesmo com variação de velocidade. O ExactApply gerencia bicos individualmente com modulação de pulso, mantendo o tamanho de gota e a taxa de aplicação, inclusive em curvas.
O 500R traz motor PowerTech PSS de 285 cv e duas versões: 540R, com tanque de 4.000 l, e 550R, com 5.000 l. A barra, em aço com dobra dupla, pode ter 30 ou 36 metros. De série, o modelo inclui AutoTrac, Section Control e JDLink. Entre os opcionais, estão AutoPath, visualização por satélite e licença avançada de agricultura de precisão.
Trator M7004 Autonomous, um dos destaques da Kubota na feira
A John Deere apresentou o novo pulverizador autopropelido 500R
Certeza na colheita
Conhecer diferenças, aplicações e cuidados de manutenção em colhedoras axiais e híbridas é garantia de melhor resultado
Aescolha da colhedora ideal é uma das decisões mais estratégicas na gestão da produção agrícola. Mais do que uma questão de potência ou preço, trata-se de alinhar o sistema de trilha e separação ao perfil da propriedade, à cultura cultivada e às condições operacionais. Entre os modelos disponíveis no mercado, as colhedoras axiais e híbridas se destacam por suas configurações distintas e aplicações específicas.
Sistema de trilha
A principal diferença entre os
dois modelos está no sistema de trilha. A colhedora axial utiliza um único rotor para realizar tanto a trilha quanto a separação da palhada. Esse sistema contínuo é altamente eficiente em grandes volumes de massa colhida, proporcionando elevada capacidade de processamento com menor índice de perdas.
Já a colhedora híbrida combina dois sistemas dedicados: um cilindro convencional para trilha, seguido por dois rotores separadores responsáveis pela separação final dos grãos. Essa configuração oferece a robustez da trilha conven-
cional aliada à eficiência de separação do sistema axial, sendo especialmente vantajosa em culturas com alta densidade de palhada.
Influências na escolha
A decisão entre axial e híbrida deve ser técnica e considerar múltiplos fatores, como veremos a seguir. Tipo de cultura - culturas sensíveis a danos mecânicos, como sementes e feijão, tendem a se beneficiar do sistema axial, que proporciona melhor qualidade de
grãos. Já culturas como trigo, arroz e milho, com maior volume de palhada, favorecem o uso de modelos híbridos pela capacidade de separação eficiente.
Topografia da propriedadeáreas extensas e planas favorecem o uso de colhedoras axiais, que operam melhor com fluxo contínuo de material. Em terrenos acidentados, as híbridas podem apresentar melhor desempenho, com menor índice de perdas.
Condições climáticas e umidade - em regiões com colheita sob condições úmidas, o sistema híbrido, com trilha dedicada e separação eficiente, pode oferecer vantagens operacionais.
Perfil da propriedade - propriedades médias ou com culturas variadas se beneficiam da versatilidade das híbridas. Já grandes propriedades, com foco em escala e
Não existe um modelo mais indicado para todas as situações. Híbridas e axiais podem ter desempenhos excelentes em diferentes culturas
agilidade, tendem a optar pelas axiais.
Cuidados de manutenção
O suporte pós-venda oferecido pelas concessionárias desempenha um papel estratégico na performance das colhedoras durante a safra. A revisão preventiva, realizada por técnicos especializados, garante que a máquina esteja ajustada conforme as condições específicas da lavoura,
reduzindo riscos de falhas mecânicas e perdas na colheita. Além disso, o acompanhamento em campo durante os primeiros dias de operação permite identificar rapidamente oportunidades de melhoria na regulagem e no uso dos sistemas embarcados, como monitoramento de perdas e telemetria.
A manutenção adequada é essencial para garantir a longevidade e o desempenho dos equipamentos. Embora existam cuidados co-
Fotos Massey Ferguson
Colhedoras híbridas e axiais possuem diversas semelhanças, mas têm no sistema de trilha a principal diferença entre os dois modelos
muns a ambos os sistemas, como lubrificação periódica, inspeção de correias, rolamentos e sensores, cada modelo exige atenção específica. Vejamos, a seguir, o que envolve os tipos de manutenção.
Manutenção comum - verificação de sistemas hidráulicos e elétricos; calibração de sensores de produtividade, umidade e plataforma, piloto automático; limpeza de radiadores, filtros de ar e da colhedora em geral; monitoramento de desgaste em componentes de trilha e separação; e configurar de melhor maneira em relação à condição específica da cultura e à condição do processo de colheita. Manutenção específica - colhedoras axiais - inspeção do rotor quanto a desgaste e balanceamento; verificação de pás e elementos internos do sistema de trilha; ajuste fino do sistema de alimentação para evitar sobrecarga; e atenção ao sistema de ventilação e separação para evitar perdas em culturas de baixa densidade. Manutenção específica - colhedoras híbridas - verificação do cilindro de trilha quanto a folgas e alinhamento; inspeção dos rotores separadores e seus sistemas de acionamento; sincronização entre trilha e separação para evitar perdas; e ajuste da velocidade do cilindro conforme a cultura para minimizar danos
A adoção de tecnologia embarcada também influencia na manu-
tenção. Sistemas de telemetria, diagnóstico remoto e alertas automáticos permitem intervenções preventivas, reduzindo paradas não planejadas e otimizando o uso da máquina. Além disso, o monitoramento em tempo real da produtividade e da umidade permite ajustes operacionais durante a colheita, aumentando a eficiência, e também consegue gerar uma série de informações importantes para o próximo ciclo.
Regulagem
correta e qualidade dos grãos
A regulagem adequada dos sistemas de trilha e separação é um dos fatores mais críticos para preservar a qualidade dos grãos durante a colheita. Tanto em colhedoras axiais quanto híbridas, ajustes incorretos podem resultar em danos mecânicos, quebra de grãos, perdas por má separação ou até mesmo mistura de impurezas no produto final.
No sistema axial, o controle da velocidade do rotor, da abertura dos côncavos, e alimentação do material influencia diretamente na agressividade da trilha. Em culturas como feijão ou soja sementes para reprodução, uma regulagem mais suave é essencial para evitar danos mecânicos na cultura colhida que comprometem a viabilidade comercial ou o vigor da germinação.
Já nas colhedoras híbridas, o ajuste
do cilindro de trilha e a abertura dos côncavos são fundamentais. Esses ajustes fora do especificado podem causar esmagamento dos grãos, enquanto separação e limpeza mal reguladas podem aumentar o volume de impurezas no tanque de grãos ou elevar as perdas por separação não completa.
Além disso, a regulagem precisa do ventilador e dos sistemas de peneiras é indispensável para garantir que apenas grãos limpos e íntegros sejam armazenados. O uso de sensores e sistemas automatizados de ajuste, presentes em modelos mais modernos, contribui para manter a qualidade mesmo em condições variáveis de lavoura.
A capacitação da equipe operacional e a realização de testes práticos antes do início da colheita são medidas recomendadas para assegurar que a regulagem esteja adequada à cultura, à umidade e ao estado fisiológico dos grãos.
A avaliação da colheita é uma etapa crítica para validar o desempenho operacional das colhedoras e garantir a eficiência agronômica do processo. Esse diagnóstico envolve a medição de perdas visíveis e invisíveis, análise da qualidade dos grãos colhidos, verificação de danos mecânicos e avaliação da uniformidade da operação. Além disso, fatores como umidade, velocidade de avanço, regulagens da
máquina e condições da lavoura influenciam diretamente nos resultados. A coleta sistemática desses dados permite ajustes precisos na regulagem da colhedora, contribuindo para a redução de perdas e para o aumento da rentabilidade da lavoura.
Agricultura de precisão
A evolução da agricultura digital tem transformado profundamente a forma como as colhedoras operam no campo. Tanto os modelos axiais quanto os híbridos podem ser integrados a sistemas de agricultura de precisão, permitindo uma gestão mais eficiente, segura e rentável da colheita.
Através de tecnologias como GPS embarcado, telemetria, sensores de produtividade e umidade, e sistemas de mapeamento em tempo real, é possível monitorar o desempenho da máquina em cada metro quadrado da lavoura. Esses dados são fundamentais para identificar áreas com maior ou menor rendimento, ajustar a velocidade de operação e até mesmo orientar decisões futuras de manejo.
Além disso, a conectividade en-
tre máquinas e plataformas digitais permite que o operador receba alertas de manutenção preventiva, diagnósticos remotos e recomendações de regulagem com base nas condições reais da lavoura. Isso reduz o tempo de parada, evita falhas mecânicas e melhora a qualidade dos grãos colhidos.
Em propriedades que adotam agricultura de precisão, a escolha entre colhedoras axiais e híbridas pode ser ainda mais estratégica. Por exemplo, em áreas com variações significativas de umidade ou densidade de palhada, os modelos híbridos oferecem maior flexibilidade de ajuste. Já os modelos axiais, com maior capacidade de processamento, se beneficiam da automação para manter a eficiência mesmo em grandes áreas.
A integração com agricultura de precisão melhora o desempenho operacional e contribui para a sustentabilidade da produção, ao reduzir desperdícios, otimizar recursos e aumentar a rastreabilidade dos processos.
Tendências e evolução
Nos últimos anos, o avanço tec-
nológico tem aproximado os dois sistemas em termos de desempenho. Modelos híbridos mais modernos já incorporam rotores com maior capacidade e ajustes eletrônicos que permitem maior precisão na separação. Por outro lado, colhedoras axiais têm recebido melhorias em controle de perdas e qualidade de grãos, tornando-se mais versáteis.
A tendência é que a escolha do sistema seja cada vez mais orientada por dados agronômicos, análise de custo-benefício e integração com plataformas digitais de gestão agrícola. A conectividade entre máquinas, o uso de inteligência artificial para diagnóstico preditivo e a automação de ajustes operacionais são caminhos promissores para o futuro da colheita mecanizada. M
Anderson Schofer, especialista em colhedoras da Massey Ferguson
Anderson Schofer explica as diferenças entre as colhedoras axiais e híbridas
Fotos Massey Ferguson
Tração limpa
Vantagens e desafios caminham lado a lado quando o assunto são os tratores elétricos. O futuro da mecanização agrícola está se desenhando em silêncio, literalmente
Ocampo brasileiro vive uma transformação silenciosa, mas profunda. Depois da chegada da agricultura de precisão, dos sistemas autônomos e da conectividade no campo, uma nova tendência começa a ganhar espaço entre os produtores: os tratores elétricos. A substituição do diesel por eletricidade, que há pouco tempo parecia algo distante da realidade rural, começa a se tornar viável graças à evolução das baterias, à redução de custos e à busca por sistemas de produção mais sustentáveis. Mais do que uma curiosidade tecnológica, o trator elétrico representa uma nova forma de pensar o uso da energia nas proprieda-
des. Assim como aconteceu com os automóveis elétricos nas cidades, a eletrificação rural promete economia, menor impacto ambiental e operações mais limpas e silenciosas. Para o produtor, no entanto, a principal pergunta é prática: o equipamento realmente dá conta do serviço e compensa o investimento inicial?
Silêncio, vibração baixa e constância na força
O primeiro impacto de quem opera um trator elétrico é o silêncio. Sem o motor a combustão, o ruído praticamente desaparece, melhorando o conforto do operador e reduzindo a fadiga em longas jornadas. A vibração também dimi-
nui, e a resposta imediata do motor elétrico garante força constante, sem as quedas de rotação típicas do diesel. Essa característica favorece tarefas que exigem precisão, como pulverização, plantio com piloto automático e operações em estufas ou galpões fechados, onde o controle fino da velocidade faz diferença na qualidade do trabalho.
Eficiência energética
Outro ponto positivo é a eficiência energética. Enquanto um motor a diesel aproveita apenas cerca de 30% da energia do combustível, o elétrico pode ultrapassar 85%. Isso significa menos desperdício e mais potência transformada em tra-
balho útil. Na prática, o custo por hora tende a ser bem menor, especialmente em propriedades que possuem geração própria de energia solar. Nesses casos, o produtor praticamente “abastece” seu trator com a energia do próprio sistema fotovoltaico, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e garantindo previsibilidade nos custos.
Desafios a superar
Mas ainda existem desafios importantes. O principal deles é a autonomia. Modelos compactos, com potências entre 20 cv e 80 cv, conseguem operar entre quatro e oito horas por carga, conforme o tipo de serviço e o terreno. Em tarefas leves, como pulverizações, transporte interno ou manejo em pomares, o desempenho é satisfatório. Já em operações mais pesadas, como gradagem ou preparo de solo profundo, a necessidade de recarga pode interromper a jornada.
O tempo de recarga também varia: com carregadores rápidos, é possível repor a carga em uma ou duas horas, mas isso exige infraestrutura elétrica adequada e investimento em tomadas de alta capacidade. Em fazendas mais afastadas, onde a rede elétrica ainda é limitada, essa adaptação se torna um obstáculo. Por isso, alguns fabricantes já trabalham em soluções híbridas, combinando baterias e pequenos motores a combustão, para ampliar a autonomia sem perder o caráter sustentável.
Estrutura econômica
Quando se fala em economia, é preciso olhar além do tanque. O motor elétrico tem menos peças móveis, dispensa óleo lubrificante e praticamente elimina trocas de filtros, embreagem e outros componentes sujeitos a desgaste. Isso reduz o tempo de parada e os custos de manutenção.
A eletrificação dos tratores avança a passos largos, ganhando cada vez mais espaços em diferentes aplicações
John Deere
Arquivo
Uso em espaços menores como estufas e pomares é mais comum pelo tamanho das máquinas utilizadas
Há também menor desgaste no sistema de transmissão, já que o torque constante do motor elétrico permite eliminar o câmbio em alguns modelos.
Testes de campo indicam que o custo operacional total pode ser até 30% menor em comparação a um trator diesel equivalente, principalmente em propriedades com energia solar instalada. No entanto, o preço de aquisição ainda é mais alto - de 30% a 50% superior -, e o retorno do investimento depende da intensidade de uso e do tipo de operação.
Conforto, segurança e sustentabilidade
O ganho ambiental é outro fator relevante. O trator elétrico não emite gases durante a operação e reduz significativamente a poluição sonora. Isso o torna ideal para quem busca certificações de sustentabilidade, participa de programas de carbono neutro ou atende mercados externos que exigem comprovação ambiental.
Em setores como horticultura, fruticultura e pecuária de precisão, onde o trabalho ocorre próximo a
animais ou em ambientes fechados, o uso de máquinas elétricas traz ganhos de conforto e segurança. Além disso, o silêncio das operações permite trabalhar em horários mais flexíveis, sem incomodar vizinhos ou trabalhadores.
Energia renovável
A eletrificação no campo também conversa com outro movimento importante: a expansão da energia renovável. Muitos produtores já investem em sistemas fotovoltaicos e veem nos tratores elétricos uma oportunidade de aproveitar melhor essa energia gerada. O ciclo é virtuoso: o sol alimenta os painéis, que geram eletricidade para as atividades da fazenda e para os equipamentos. O resultado é uma operação mais limpa, com menor dependência do diesel e maior autonomia energética. Em pequenas e médias propriedades, essa combinação tem mostrado grande potencial de economia e sustentabilidade.
Custos e estratégias
Embora os tratores elétricos ain-
da não substituam completamente os modelos a combustão, eles já se mostram viáveis para uma série de aplicações. A tendência é que, nos próximos anos, o avanço das baterias e a produção em maior escala reduzam o custo inicial, tornando o investimento mais acessível. Grandes fabricantes já anunciam linhas específicas para o mercado brasileiro, e startups nacionais desenvolvem soluções adaptadas à realidade do produtor, com foco em autonomia e resistência às condições locais.
Cabe agora ao produtor avaliar de forma estratégica onde essa tecnologia pode se encaixar melhor na sua rotina. Em muitas propriedades, o caminho começa com a adoção de um ou dois tratores elétricos para operações leves, ganhando experiência antes de expandir a frota. Outros produtores, especialmente aqueles com energia solar instalada, já planejam integrar toda a infraestrutura em um modelo de produção mais eficiente e de baixo impacto.
Futuro promissor
O futuro da mecanização agrícola está se desenhando em silêncio, literalmente. Em breve, o som predominante nas lavouras poderá ser apenas o dos implementos trabalhando, sem o ronco constante do motor a diesel.
A eletrificação é um caminho inevitável e promissor. Entender como ela pode contribuir para reduzir custos, aumentar a eficiência e fortalecer a imagem sustentável do agronegócio é o primeiro passo para preparar a fazenda para essa nova era da energia limpa sobre rodas.
Ricardo Aparecido Santos, Andréa dos Guimarães de Carvalho, UFV M