Fotos Cleber Furlanetto
Redução do porte de plantas de trigo (esquerda) e amarelecimento causado pelo nematoide Tubixaba tuxaua
(aveia preta). O amplo círculo de hospedeiras de T. tuxaua é um indicativo de que este nematoide apresenta um hábito alimentar pouco especializado, com um odontoestilete curto e largo, característico de nematoides onívoros. Nematoides onívoros obtêm seu alimento de diferentes fontes, incluindo pelos radiculares, mas são diferenciados dos fitoparasitas por não se alimentarem de raízes de plantas superiores. Certamente T. tuxaua se adaptou à convivência com plantas cultivadas pelo homem e desenvolveu a capacidade de sugar em suas raízes. Esta hipótese é sustentada pela constante associação deste nematóide com plantas cultivadas que apresentam, entre outros sintomas, nanismo acentuado e também por ensaios realizados em condição controlada envolvendo a inoculação do nematoide em plantas cultivadas em vasos. Durante a sua alimentação, T. tuxaua insere o seu curto estilete superficialmente em tecidos das raízes, alimentando-se de células individuais e levando-as à morte. Após sugar o conteúdo celular, o nematoide migra para outro local da raiz iniciando um novo processo de alimentação. Um número superior
a 100 T. tuxaua pode ser encontrado junto à rizosfera de plantas cultivadas em áreas infestadas. No entanto, poucos nematoides (20 nematoides/raiz de planta) podem causar sintomas visíveis em campo. Tendo em vista o manejo cultural de T. tuxaua, apenas Raphanus sativus var. oleiferus (nabo forrageiro) tem apresentado bom desenvolvimento e contribuído para a redução populacional do nematoide quando cultivado em áreas infestadas. No entanto, novas pesquisas necessitam ser realizadas no sentido de se descobrir outras plantas com potencial para uso em rotação. O alqueive com revolvimento do solo (aração) também pode ser adotado como método de controle em áreas infestadas, contribuindo para a exposição do nematoide à luz solar e para a remoção de alimento (ausência de plantas cultivadas e de plantas daninhas). Como fêmeas de T. tuxaua apresentam ciclo de vida longo (superior a seis meses) e baixa taxa de oviposição, as populações levam mais tempo para atingirem níveis populacionais elevados em campo. Portanto, táticas de manejo envolvendo a escassez de alimento ao nematoide podem contribuir para a redução
Plantas à esquerda com nematoide (acima e abaixo) e à direita sem incidência
populacional em campo. A presença de T. tuxaua em diferentes municípios do oeste paranaense é um indicativo de que este nematoide encontra-se disseminado nesta região. No entanto, danos à cultura da soja têm sido também atribuídos a nematoides do gênero Tubixaba nos estados do Maranhão e Tocantins. No entanto, a confirmação da identidade dessas espécies C ainda carece de futuros estudos. Cleber Furlanetto e Gilberto Schneider, Universidade de Brasília
Tubixaba tuxaua pertence à família Aporcelaimidae (machos de até 11,3mm e fêmeas de até 11,8mm), podendo ser visto a olho nu
www.revistacultivar.com.br • Outubro 2014
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