Cultivar 107

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Fotos Décio Karam

A freqüência e a distribuição de Chamaesyce hirta, a erva de santa luzia, têm aumentado nas lavouras, devido ao uso repetitivo de um mesmo herbicida

significativamente a pressão de seleção de biótipos resistentes e tolerantes. Os produtores e técnicos têm conseguido, através de observações a campo, identificar como tolerantes aos herbicidas baseados em glifosato as espécies Commelinas (trapoerabas), Ipomoeas (corda de viola), Richardia brasilienses (poaia branca), Tridax procumbens (erva de touro), Chamaesyce hirta (erva de santa luzia), Chloris polydacyla (capim branco) e Boehavia diffusa (erva tostão). A freqüência e a distribuição destas espécies têm aumentado nos sistemas de produção que adotam principalmente este grupo de herbicidas. Embora estas espécies estejam se tornando muito importantes, salienta-se que existem técnicas que possibilitam o manejo correto e reduzem a probabilidade de aumento na infestação. Recomendações gerais podem ser feitas para o manejo e a prevenção da resistência e/ou tolerância das plantas daninhas. O sistema de produção deve sempre ser levado em consideração, pois a dinâmica da população das plantas daninhas é diretamente influenciada pelas técnicas empregadas dentro dos sistemas (rotação de culturas, sucessão de culturas, cobertura vegetal do solo, sistema de plantio utilizado). Todos os métodos de controle das infestantes também devem ser considerados importantes para a prevenção e o manejo da seleção de biótipos resistentes ou tolerantes. O acompanhamento da área para verificar a presença ou não da resistência

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ou tolerância é um dos fatores mais importantes no combate ao aumento da incidência destas plantas. Considerado o maior causador de estresse para as plantas e conseqüentemente o principal responsável pela alteração da comunidade infestante, o herbicida, se utilizado racionalmente e corretamente, torna-se também um forte aliado no manejo e prevenção da resistência e no controle das plantas daninhas de difícil controle (tolerantes). Para a escolha correta de qual herbicida recomendar deve-se conhecer a probabilidade deste defensivo em causar alterações em comunidades de plantas daninhas devido ao seu mecanismo de ação.

RESISTÊNCIA

A escolha correta do herbicida, por si só, não resultará em controle satisfatório das plantas daninhas caso as condições de aplicação não sejam as mais adequadas possíveis. Aplicações em estádios de crescimento das infestantes mais apropriados e em condições climáticas favoráveis à absorção dos produtos permitem que a sua eficácia seja bem melhor quando comparadas com as aplicações em condições adversas ao bom funcionamento do herbicida. Aplicações seqüenciais e em pós-colheita bem realizadas podem ser consideradas importantes para o manejo de biótipos resistentes ou tolerantes. As aplicações seqüenciais podem ser feitas utilizando-se somente um herbicida ou através de aplicações de herbicidas com diferentes mecanismos de ação. Embora a rotação de herbicidas com mecanismos de ação diferenciados seja uma estratégia às vezes impossível em função do sistema de produção implantado e do custo dos produtos, o produtor deverá, sempre que possível, verificar a viabilidade de usar esta estratégia, porque o uso do mesmo mecanismo de ação mais do que duas vezes seguidas em uma mesma área de produção poderá aumentar as chances de aparecimento de biótipos resistentes ou tolerantes. A chance de alterações na comunidade infestante será sempre menor quanto maior for o número de herbicidas utilizados com mecanismos de ação diferenciados. O produtor deverá lembrar sempre que a realização de um bom manejo das plantas daninhas exige objetivar primeiramente a eficácia agronômica dos métodos de controle usados e em segundo lugar a redução da produção de sementes pela comunidade infestante, reduzindo, assim, o número de C sementes destas plantas no solo. Décio Karam, Embrapa Milho e Sorgo

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resistência pode ser classificada de três formas. A primeira, conhecida como resistência simples, é definida como a resistência introduzida somente por um determinado herbicida. A resistência cruzada é observada em biótipos que apresentem a resistência para diversos herbicidas com mesmo mecanismo de ação. E a terceira forma de resistência que pode ser verificada é a múltipla, que ocorre em biótipos de uma determinada espécie de planta daninha para herbicidas com diferentes mecanismos de ação.

Abril 2008 • www.revistacultivar.com.br

Detalhe da trapoeraba, outra planta daninha tolerante a glifosato


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