Algodão
Alternativa A de proteção Com clara preferência pela fase reprodutiva do algodoeiro, a presença da lagarta-do-cartucho se mostra mais crítica no período que vai da formação dos botões florais até o aparecimento dos primeiros capulhos. O uso de inseticida biológico à base de baculovírus é uma estratégia promissora para auxiliar no manejo da praga Fotos Divulgação
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Fevereiro 2020 • www.revistacultivar.com.br
lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar (Spodoptera frugiperda) é conhecida como praga do milho e de outras gramíneas. Sua importância tem crescido no algodão, principalmente no Cerrado. O aumento dessa lagarta no algodoeiro está relacionado à agricultura tropical intensiva, que se caracteriza por alta temperatura e baixa umidade, uso inadequado de inseticidas químicos e oferta de “pontes verdes” (plantas hospedeiras como milho, sorgo e soja em sucessão ao algodão) durante praticamente todo o ano. O ataque da lagarta-do-cartucho no algodoeiro ocorre principalmente da parte mediana da planta até ao ponteiro. A fase mais crítica vai da formação dos botões florais até ao aparecimento dos primeiros capulhos, reduzindo a produção de fibras. As lagartas eclodem três a quatro dias após a postura e, à medida que se desenvolvem, “procuram” as estruturas reprodutivas das plantas, perfurando folhas, brácteas, flores e maçãs. A Figura 1 mostra o resultado de um experimento de preferência alimentar, claramente evidenciando a natural preferência desta praga pelas estruturas reprodutivas (especialmente flores). Este é um fato preocupante, pois os danos causados por esta praga causam impacto direto à produtividade do algodoeiro. O problema é especialmente sério em plantas transgênicas, cujas estruturas reprodutivas expressam menor teor da(s) toxina(s) de Bacillus thuringiensis (Bt). Atualmente, as recomendações rotineiras para o manejo da S. frugiperda no algodoeiro se baseiam principalmente na utilização de inseticidas químicos e transgenia. Vão desde o tratamento de sementes no pré-plantio ou em sulco de semeadura, à utilização de cultivares transgênicas que expressam toxinas inseticidas de forma constitutiva (durante todo o ciclo fenológico), e aplicações foliares durante toda a fase vegetativa e reprodutiva da cultura. Estas práticas são usadas não só no algodoeiro, como também nas subsequentes culturas hospedeiras, em um contexto de agricultura altamente intensiva que acelera a evolução