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PPGSS em Educação


CIDADE E SENSIBILIDADES: VISÕES DE MUNDO A PARTIR DE UMA CARTA DE LEITOR
Wesley Baptista1; Luzia Bueno2 1Doutorando do PPGSS em Educação USF; 2Professora Pesquisadora em Educação
RESUMO
Uma cidade pode ser analisada por sua materialidade, ruas, caminhos, arquitetura; por suas ocupações e designações, locais de moradia, comércio, trabalho, lazer, cultura ou ainda pelas experiências e práticas socioculturais e de sociabilidade exercidas nela. Ademais, os usos que se fazem dos diversos espaços da urbe estão imbricados com o fruir e ritmos da vida, perpassadas pelas experiências, sensibilidades, percepções e visões de mundo que seus habitantes têm de seus espaços e práticas, bem como da diversidade de sujeitos que compõem o espaço urbano. Nesta perspectiva, este trabalho, a partir da análise de uma Carta de Leitor, teve por objetivo identificar percepções, sensibilidades e visões de mundo desveladas pelo autor sobre uma determinada territorialidade da cidade de Campinas-SP. Para tanto nos apoiamos teórico e metodologicamente nas contribuições de Thompson (1981;1998), Benjamin (1991; 1994), Rolnick (1995), Pesavento (2007), Taborda (2008; 2012) e Bonafé (2013) que nos estimulam a olhar para a cidade como um espaço construído de relações, práticas socioculturais e de sociabilidades plurais e polissêmicas, historicamente constituídas. Destarte identificamos que o autor da Carta de Leitor apresenta uma perspectiva subjetiva do que é ser cidadão, culto e civilizado tomando como referência um modelo interpretativo social e culturalmente determinado ao interpretar símbolos e signos da urbe, bem como as práticas engendradas no espaço central da cidade de Campinas. Suas percepções corroboram para uma perspectiva de cidadania atrelada à processos econômicos de produção e consumo, impetrando que há lugares determinados na urbe para cada categoria de sujeito, o que leva à um processo de exclusão de sujeitos que não correspondam às características prédeterminadas, por um seleto grupo social, para determinado espaço urbano.
Palavras-chave: Cidade. Sensibilidades. Visões de Mundo.
Apoio financeiro: CAPES.

CONSTRUÇÃO INDENTITÁRIA DO PROFESSOR QUE ENSINA MATEMÁTICA
Natália Raquel Brisolla Oliveira1; Adair Mendes Nacarato2 1Doutoranda do PPGSS em Educação da USF; 2Professora do PPGSS em Educação da USF
RESUMO
Introdução: Ao se apresentar como docente em determinado contexto informal, ou não, como, em uma interação discursiva, qual a imagem pré-construída do professor? A profissão docente muitas vezes é estigmatizada em detrimento dos diversos discursos de circulação social, atribuindo ao professor o estereótipo de profissional “padecedor”. É necessário compreender os deslocamentos identitários relativos à função da docência, consequentes de inúmeros fatores que interferem na identidade do sujeito. De maneira mais restrita, essa pesquisa ocupa-se em compreender a construção identitária do professor que ensina Matemática no Ensino Fundamental nos anos iniciais e finais, considerando a sua formação e o nível de sua atuação profissional. Elaboramos a seguinte questão de pesquisa: Quais as percepções que o professor que ensina matemática tem de si mesmo considerando o nível de ensino no qual atua? Elaboramos os seguintes Objetivo(s): identificar se as diferenças marcadas pela formação docente influenciam as percepções que os professores têm de si mesmos; (b) compreender a construção identitária dos professores por meio de sua trajetória profissional. Metodologia: para responder à questão adotamos o método (auto) biográfico e, para a produção de dados, utilizamos a Entrevista Narrativa. O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética, tendo sido aprovado (CAAE: 45825021.7.0000.5514). Foram entrevistados seis professores de uma escola municipal via Google Meet. As entrevistas foram transcritas e foram utilizadas como fonte de dados da pesquisa. Resultados: por se tratar de uma pesquisa em andamento apresentaremos um recorte de um dos temas que emergiram nas entrevistas a “Autonomia do professor”. Pretendemos abordar teoricamente o que se entende por autonomia na profissão docente, se ela existe ou é ilusória e relacionar esses conceitos ao momento educacional vivenciado com a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a volta ao tecnicismo e a “obrigatoriedade” que o professor tem de ensinar por meio de habilidades e competências. Com essa obrigatoriedade discutiremos também sobre o currículo oculto presente nas escolas como forma de resistência ao formato educacional atual. Conclusão: Os professores avaliam que essas prescrições retiram a autonomia profissional.
Palavras-chave: Professor, . Identidade docente. e Autonomia
Apoio financeiro: CAPES

IMPLICAÇÕES AFETIVO-EMOCIONAIS E PEDAGÓGICAS DA PANDEMIA COVID 19: VIVÊNCIAS FAMILIARES DOS INGRESSANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL
Marcela Aparecida Moreira Araujo1; Maria Silvia Pinto de Moura Librandi da Rocha2 1Doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Graduanda em Pedagogia pela Universidade São Francisco; 2Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas;
RESUMO
Este trabalho faz parte de uma pesquisa de doutorado, em andamento, intitulada “O ingresso de crianças no ensino fundamental: implicações afetivo-emocionais e pedagógicas da pandemia Covid-19”. Aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, através do parecer n. 4.593.366, que tem como objetivo analisar os modos pelos quais as crianças iniciam sua vida escolar após a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia de Covid-19, buscando identificar a existência (ou não) de dificuldades de adaptação e/ou de envolvimento/desempenho em atividades do cotidiano. A pesquisa mais ampla engloba quatro procedimentos: (i) observação do cotidiano escolar (ii) entrevistas com alunos (iii) entrevista com familiares (iv) entrevista com a professora. No entanto, para esse trabalho iremos focar apenas no item (iii), com o objetivo de compreender como as famílias vivenciaram a transição escolar de seus filhos da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) durante o período pandêmico. Para isso, estão sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com os pais de uma turma de ingressantes no EF em 2021, de uma escola pública no interior de São Paulo, que vivenciaram a suspensão das aulas presenciais nos dois segmentos, quando estavam na EI (2020) e em 2021 (primeiro semestre) já no EF. Os resultados preliminares apontam que a maioria dos pais ficaram preocupados com a suspensão das aulas, em especial, no início de 2021 quando seus filhos foram para o EF; disseram que já haviam falado para os filhos sobre a mudança de escola e que eles estavam ansiosos para iniciar o ano letivo presencialmente. Mais da metade dos entrevistados relatam que tiveram dificuldades em realizar as atividades do primeiro ano, alguns por falta de tempo, outros por falta de didática, outros apontam desinteresse das próprias crianças em estudar em casa. Quase todos os entrevistados disseram que as aulas deveriam ter voltado antes e que não houve problemas de adaptação no retorno às aulas presenciais, exceto um caso em específico. Quando questionados sobre os possíveis impactos que as crianças tiveram em não frequentar a pré-escola presencial as opiniões se dividem, mas acreditam num maior impacto nas questões afetivo-emocionais do que pedagógicas, levando em consideração que a maioria considera a EI como local apenas para brincar. Esse índice se inverte quando se trata do EF, para o qual eles apontam um grande impacto nas questões pedagógicas, devido à expectativa relacionada a alfabetização.
Palavras-chave: Transição escolar. Pandemia. Família e Escola.
Apoio financeiro: CAPES.

NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS E PEREJIVANIE DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
Fernanda de Jesus Santos Brito1; Luciana Haddad Ferreira2 1Aluna do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da USF; 2Professora Dra. do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da USF.
RESUMO
A formação docente é um processo histórico e social, constituído e constitutivo de relações, permeado por tensões e negociações, no qual a trama do fazer educativo é tecida. Ao mesmo tempo, é mediante o movimento das relações históricas e sociais estabelecidas e das situações dramáticas vividas, que cada professora se apropria do fazer docente, de si mesma e da própria docência. Internaliza e constrói singularidade, individualidade e sua identidade profissional. Nesse sentido, a pesquisa objetiva compreender quais situações/momentos vividos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) se revelam, na escrita narrativa (auto)biográfica, como perejivanie (vivência), e estabelecer relações possíveis entre o conceito de perejivanie e o processo de formação no Pibid. O estudo tem a narrativa (auto)biográfica como gênero textual e dispositivo de investigação, estratégia de formação, instrumento de produção de material empírico e como método de pesquisa. Desse modo, tomei as minhas narrativas referentes ao período de iniciação à docência, vivido no Pibid, no curso de Pedagogia, da Universidade Federal do Tocantins, como produtora de sentidos sobre a formação inicial docente. A produção das narrativas foi subsidiada pela construção de um inventário de pesquisa e teve o paradigma indiciário como elemento direcionador do olhar estético sobre o vivido. As narrativas foram lidas à luz da Teoria Histórico Cultural e analisadas a partir do conceito vigotskiano de perejivanie, que, por sua vez, tem, como suporte, os conceitos de drama e situação social de desenvolvimento. As análises revelam a potencialidade da perejivanie como categoria para as pesquisas sobre formação docente; possibilitam compreender que o chão da escola muda por força das minhas perejivanie; evidenciam que é importante olhar as situações dramáticas do cotidiano da docência como forças motrizes para a formação; e expõem que a imprevisibilidade do chão da escola foi solo fértil para o desenvolvimento da consciência dos meus processos formativos. O estudo permite analisar e pensar a coletividade e a singularidade do ser e do fazer docente, que sempre será perejivanie de cada autora em um dos principais palcos da docência: o chão da escola.
Palavras-chave: Narrativa (auto)biográfica. Formação inicial docente. Perejivanie.
Apoio financeiro: CNPq.

O QUE ACONTECEU COM O TRABALHO DOCENTE NA ESCOLA PÚBLICA COM A PANDEMIA? NARRATIVAS DE PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Gisele Adriana Bassi1; Adair Mendes Nacarato2 1Estudante da Pós-Graduação (Mestrado em Educação) 2Professora Orientadora da PósGraduação em Educação - Universidade São Francisco
RESUMO
Introdução: Esta pesquisa tem como foco as transformações no trabalho docente de professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas diante da pandemia da Covid-19 e como essas transformações afetaram a identidade profissional. A situação trazida pela pandemia corroborou problemas já existentes nas aulas presenciais, agravando as situações e até mesmo antecipando outras, evidenciando a necessidade de pesquisas que instiguem reflexões sobre as atuais condições de trabalho e a (re)construção identitária dos professores diante dos desafios postos pela suspensão das aulas por período prolongado. Ela visa responder às seguintes questões: Quais foram os procedimentos adotados pelas professoras para diminuir os impactos negativos em tempos de isolamento social? Como o trabalho em tempos de isolamento impactou na constituição da identidade docente? Objetivo: Identificar os procedimentos utilizados pelas professoras para oportunizar aos alunos as condições necessárias de aprendizagem. Objetivos específicos: 1) Identificar se houve integração entre as tecnologias e as atividades educativas propostas pelas professoras; 2) Analisar, a partir das vozes das professoras, os impactos provocados pelo isolamento social dentro do ambiente escolar; 3) Buscar indícios de transformações na identidade profissional docente. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa narrativa que contou com a participação de seis professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental. Para a produção dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevistas narrativas, grupo de discussão-reflexão e o diário reflexivo da pesquisadora. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética – (CAAE 46939221.0.0000.5514). Resultados: A pesquisa encontra-se em andamento e traz resultados iniciais e parciais da análise dos dados, observando algumas transformações no trabalho docente durante a pandemia e as tensões provocadas nos professores pelo afastamento das salas de aula. Considerações finais: A pesquisa encontra-se em andamento.
Palavras-chave: Pesquisa Narrativa. Trabalho docente em tempos de pandemia. Identidade profissional.
Apoio financeiro: CAPES

RELAÇÕES ENTRE O CONCEITO DE REENCANTAMENTO DA EDUCAÇÃO E CAPITALISMO
Amália Fonte Basso¹; Allan da Silva Coelho² 1Estudante do Curso de pós-graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco; 2Professor orientador
RESUMO
Este resumo apresenta aspectos discutidos na pesquisa de doutoramento em Educação, em andamento, que discute as relações entre o conceito de reencantamento e o capitalismo na Educação. O conceito de reencantar está diretamente relacionado ao conceito de desencantamento do mundo. De acordo com Weber (2000), a ideia de desencantamento tem uma conexão direta com a racionalização proposta tanto pelas próprias religiões, quanto pelo ideal iluminista. De acordo com Mo Sung (2006), quando o sentido da vida dominante não é problematizado, é preciso questioná-lo, e esta é uma função da educação crítica. Reencantar a vida, seria, portanto, atribuir nova significação, que não a mesma daquela anterior ao processo de desencantamento, mas uma nova forma de atribuir sentido. E no caso da Educação, um conceito que leve à superação da desmotivação, e que conduza a humanidade a um caminho diferente do que a atual civilização tem proposto. É preciso desvendar e criticar o sentido da vida dominante e propiciar meios para refletir o caráter humano da Educação. A pesquisa segue a premissa de que a compreensão dos mecanismos socioculturais dominantes, a partir da modernidade, que culminaram na vitória do capitalismo e da cultura neoliberal sobre as maneiras de pensar e viver atuais, ajuda a repensar a educação. As tentativas atuais de reencantar a educação, são propostas que não abrem mão das concepções tecnicistas e mecanicistas que tomaram a educação, porque refletem o projeto de sociedade capitalista neoliberal e impostas pela legislação educacional atual. Estão ligadas à falta da consciência da complexidade humana, por tomá-las como naturais e/ou fruto de progresso educacional, tornando-se produtora de desesperança porque é colonizadora de sentidos. Uma delas é dada pelos valores capitalistas vividos como religião, dada a desorganização dos sistemas de significação consequentes do processo de constituição desse sistema. Tomamos por base, as reflexões já elaboradas por autores como Paulo Freire, Hugo Assmann, Jung Mu Sung, Rubem Alves, Enrique Dussel, entre outros para refletir de que modo a melhor compreensão da espiritualidade do capitalismo pode colaborar no entendimento do conceito de reencantamento da educação como um desafio à pedagogia moderna. E buscamos analisar como as utopias ajudam a pensar a educação.
Palavras-chave: Educação. Reencantamento da Educação. Capitalismo como religião.
*Bolsista BDC/USF: Bolsa de Doutorado com Contrapartida – PPGSSE USF