Revista Élégant 12 - Heloísa Périssé

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Outras questões eventuais que podem causar a baixa autoestima são: términos de relacionamentos, demissão, perdas financeiras, envelhecimento, etc. “Fiquei três anos desempregado e, durante praticamente todo esse período, ficava enclausurado no meu quarto. Não tinha vontade de fazer nada. Meus amigos compravam carros, tinham roupas bonitas, saíam, se divertiam, tinham namoradas e eu, nada disso. Doía muito”, ressalta Souza. Também é comum que os problemas da baixa autoestima apareçam na adolescência, momento em que as mudanças físicas e psíquicas são intensas. “Quando eu era adolescente, tinha um cabelo lindo e cacheado. Por volta dos 18 anos, ele começou a cair. Não me conformava com a minha calvície. Às vezes as pessoas tiravam sarro de mim, o que baixava ainda mais a minha autoestima”, acrescenta Souza. Os indivíduos com esse problema tendem a ser perfeccionistas e não sabem aceitar seus erros. “Todo ‘erro’ é considerado pelo acometido como fracasso e não aprendizagem. Esta forma negativa de pensar acentua o ‘defeito’ e resulta numa falsa noção de incapacidade”, explica Aracy. De acordo com a psicóloga, existem várias técnicas e exercícios para aumentar a autoestima. “O primeiro deles é tornar-se consciente das próprias emoções, sentimentos, sensações, necessidades corporais e psíquicas. Desenvolvendo a consciência de si mesmo é possível reforçar os aspectos positivos da própria personalidade e minimizar os negativos.” A respiração profunda e o relaxamento também são métodos que ajudam a baixar a ansiedade e a desenvolver a percepção de si mesmo. Além disso, é importante cuidar de si, tanto física quanto emocionalmente. “O acometido precisa desenvolver o amor próprio, gostar do que é bom em si mesmo e reconhecer e minimizar

o que não é. E também abandonar o ‘vitimismo’ e parar de culpar os outros pelas suas mazelas”, acrescenta Aracy. Segundo Souza, ele se considerava vítima das situações. “Eu me vestia muito mal. Usava roupas que me desvalorizavam, como uma sandália velha e rasgada. Não fazia a barba e, por não aceitar a calvície, estava sempre de boné”, relata Souza. Um dos tratamentos indicados para superar o problema é a psicoterapia. “Muitas vezes não conseguimos superar nossas dificuldades sozinhos e entender que precisamos de ajuda é uma atitude positiva e corajosa”, afirma a psicóloga. “Eu acho que, para se curar, antes de tudo você tem de tomar consciência do que está acontecendo e dizer para si mesmo: ‘Eu tenho esse problema’. Já é um grande passo para a cura”, constata Souza. “Há um ano e meio eu iniciei a terapia. Com ela tomei consciência de que antes eu me desvalorizava. Inconscientemente, me afastava das coisas maravilhosas que a vida oferece, por não me achar digno de merecimento. A terapeuta me fez perceber os aspectos positivos que tenho. Passei a me valorizar. Comecei a me vestir melhor. No trabalho até dizem que eu sou elegante, chique. Outra situação que me marcou positivamente é o fato de eu ter tirado o boné. Me aceito como sou e gosto de ser assim. Não queria ser diferente”, emociona-se o professor. De acordo com a psicóloga, a pior consequência da baixa autoestima, quando não tratada, é a insatisfação com a própria vida. “Viver constantemente com a sensação de mal-estar consigo mesmo é, no mínimo, insuportável.” Por isso, quanto mais um indivíduo se conhecer, mais facilidade ele terá para superar suas dificuldades e vencer desafios. O autoconhecimento gera a sabedoria e a confiança para assumir escolhas que resultarão numa vida mais saudável em todos os sentidos.

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