Revista Élégant 11 - Monique Alfradique

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revistaelegant.com.br

edição 11 • mai/jun/jul 2012 • R$ 7,90

Monique

Alfradique

“Entrego-me de corpo e alma” Ela conta sobre o amor por atuar e muito mais...

Tom Maior A essência e a experiência

musical de Thomas Roth

Vida Ativa

Cultura Marly Marley, Mayte Piragibe e

Entrevista

E mais... Moda, saúde, economia, tecnologia

Orgulho brasileiro: Daiane dos Santos

Helen Ganzarolli e Jesus Luz

Marisol Ribeiro

Élégant 1 e muitas outras surpresas!


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46 Editorial 04 Moda & Beleza Mega Hair 06 Bolsas Masculinas 08 CORPO Dicas de Corrida 09 Cabelos pra que te quero? 10 Você já ouviu falar em carboxiterapia? 12 Fly 14 Etiqueta Como é o seu marketing pessoal e como você vende a sua imagem? 16 Com que roupa eu vou? 18 É hora de casar 19 Bem Estar Você sabe o que é Felicidade Interna Bruta? 20 Lente de contato dental 23 Uma opção a mais para combater as varizes: a escleroterapia com espuma 24 Decoração A importância dos quadros na decoração 26 Vida Ativa Rugby: um esporte em ascensão 27 Vale ouro! 28 Saúde O remédio com gosto de bom humor 32 Sonambulismo: um transtorno do sono 35 Doar sangue 36 Acidente Vascular Cerebral 38 Problemas na tireoide 40 animais Farejando o crime 42 Ensinando o pet 44 capa Monique Alfradique 46 Amor & Sexo Em busca do par perfeito 50 Anorgasmia feminina 52

Comportamento Língua solta 54 Hipocondria 56 Síndrome do Ninho Vazio 58 Gastronomia O verdadeiro sabor da Batata Suíça 60 Do gosto de um menino ao sucesso de um homem 62 O doce sabor do petit gateau 66 Viagem Conheça a Bielorrúsia 68 Porto Seguro 72 Economia & Negócios O poder dos cartões de crédito 74 Como surge a liderança 76 Conheça o que são as empresas júniores 78 Trainees: os futuros grandes líderes 79 Tecnologia Tecnologia demais, autocontrole de menos 80 Saiba como as redes sociais podem ajudar em sua carreira 84 Motivação Pegue leve com você 86 Cultura A bagagem cultural de Marly Marley 87 O talento de Maytê Piragibe 88 Língua brasileira de sinais 90 Marisol Ribeiro 92 Tom Maior Essência musical 94 Entrevista No comando: Helen Ganzarolli 98 Jesus Luz 100 Profissão Modelo Plus Size 102 Crônica A Voz 106

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Editorial “Eu tenho uma novidade!” Quase todo mundo ama escutar essa frase. Sempre acreditamos que seja algo bom e ficamos muito curiosos para saber o que é. Não é verdade? Nessa edição, nós da Élégant, também queremos compartilhar uma novidade com você, querido leitor. Estamos muito inspirados e, além de trazer conteúdo com muita qualidade, temos uma surpresa: o vlog Dicas Élégant. Nele você poderá conferir, através de vídeos, algumas dicas com os mesmos temas das nossas editorias. Para conferir acesse: bit.ly/DicasElegant Toda a equipe está muito animada e trabalhando muito para levar até você matérias dos mais diversos estilos, com teor e, acima de tudo, com positividade. Assim é a Élégant, amamos mudar para melhor. Por isso, faço minhas as palavras do músico e escritor Chico Buarque: “As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.” Tenha uma ótima leitura!

Diretor Presidente Beto Ferreira Editora Chefe Débora Dreyer Dornella DRT 0009144/PR debora@revistaelegant.com.br Coordenação de matérias Emerson Roberto e Jéssica Tokarski Diretor Financeiro Marcelo Scheliga Editor de arte / anúncios Jr. Milek Departamento Comercial Berenice Meister e Jhonatan Schroeder comercial1@revistaelegant.com.br Departamento de Maketing Thais Costa marketing@revistaelegant.com.br Colaboradores César Romão, Fábio Arruda, Solange Frazão, Carla Cecarello, André Mantovanni e Aonio Genicolo Vieira Revisão Yohan Barczyszyn Redação 41 3078-5634 revistaelegant@revistaelegant.com.br

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Projeto gráfico e direção de arte Marcelo Winck

edição 11 • 2012

Monique

Alfradique

“Entrego-me de corpo e alma” Ela conta sobre o amor por atuar e muito mais...

Vida Ativa Orgulho brasileiro: Daiane dos Santos

Entrevista

Helen Ganzarolli e Jesus Luz

Tom Maior

A essência e a experiência musical de Thomas Roth

Cultura

Marly Marley, Mayte Piragibe e Marisol Ribeiro

E mais... Moda, saúde, economia, tecnologia

e muitas outras surpresas!

maio, junho e julho 2012

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Os textos assinados ou afirmações contidas nessa revista são de responsabilidade de seus autores não refletindo a opinião política dos editores


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Moda&Beleza

MEGAHAIR Conheça o novo método procurado pelas famosas que leva apenas 40 minutos para a aplicação por Thais Costa

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s mulheres estão buscando cada vez mais novos tratamentos, técnicas e tecnologias para realçar a sua beleza e fazer verdadeiros milagres. Por falar em beleza, os cabelos são a moldura do rosto feminino, já que transmitem vaidade, e ter um cabelão como o da Gisele Bündchen é o sonho de muitas mulheres. Porém, nem todas têm esta sorte, seja por possuírem cabelos curtos, fracos, que não crescem ou mesmo por algum problema dermatológico. Por este motivo, muitas delas optam por um cabelo de “mentira”, o tão comentado mega hair. O método permite alongar as madeixas em poucas horas através de um aplique de cabelos naturais ou não.

fotos: Júnior Schön

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A hair stylist Rosa Maria patenteou uma nova técnica de mega hair que é um sucesso. A modalidade é utilizada por algumas celebridades da televisão brasileira como Sandy, Cláudia Raia, Guilhermina Guinle, Maria Melillo (vencedora do BBB11) e Mayanna Neiva, dentre outras mulheres conhecidas nacionalmente. A aplicação desse procedimento, atualmente, leva apenas 40 minutos e não mais oito horas, como os demais. O método é imperceptível, indolor, não agride o couro cabeludo e é o único aprovado por dermatologistas para todos os tipos de cabelos. Conhecida como Rainha do mega hair, Rosa Maria trabalha com alongamento há 25 anos e há 17

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utiliza esta nova técnica. Ela começou aos 17 anos de idade, até que foi convidada a trabalhar em um salão de Porto Alegre/RS, onde aperfeiçoou o seu trabalho e se tornou especialista neste segmento.

A nova técnica desenvolvida pela rainha do Mega Hair O aplique é feito com cabelo humano, que é muito melhor do que o sintético, pois o resultado é natural e também embaraça menos os fios. As mechas não são fixadas no couro cabeludo, o que deixa a pele livre de irritação. São microtelas de 3 mm, presas com pequenos pontos que não deixam volume e, ao passar a mão, não podem ser sentidas. É realmente imperceptível, já que são pontinhos de cabelos presos à mão, com fio de silicone, e depois costurados com a microtela. Esta técnica aplicada pela especialista é livre de tranças, não agride o couro cabeludo e não utiliza nós, colas e nem produtos químicos. Além disso, a cliente não sente que está usando. Outra vantagem é que a técnica não prejudica os fios na implantação e na retirada do mega hair. Existem muitos métodos para a aplicação do mega hair, como: - Cola de queratina: presa fio a fio. A cliente deverá tomar cuidado ao utilizar o secador, para não derreter a queratina. - Nó italiano: são as mechas amarradas com látex. - Tela de tic-tac: ideal apenas para penteados, é composta por mechas provisórias e a cliente tem a liberdade de colocar e tirar quando quiser.

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Existem ainda outros procedimentos. Contudo, a técnica mais indicada é que utiliza as microtelas, fixadas em micropontos de cabelo. Ela permite, inclusive, a secagem do cabelo normalmente, já que não há a preocupação de que o calor do secador danifique o aplique. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, fazer mega hair não prejudica o crescimento dos cabelos. Mas é necessário fazê-lo com um profissional especializado e, também, retirá-lo com o mesmo profissional que o colocou, para não danificar a estrutura capilar. Todas as mulheres podem usar a técnica da Rosa Maria, não existem contraindicações e até mesmo mulheres com alopecia (redução parcial ou total de cabelos no couro cabeludo) podem utilizar. O tempo de duração do mega hair varia de quatro a cinco anos, necessitando fazer a manutenção de dois em dois meses, que é a troca do aplique. Os cuidados são normais: pode lavar, secar, fazer escova, chapinha, aplicar químicas, entrar no mar ou piscina, já que nada danifica a cabeleira. É possível fazer rabo de cavalo, coques ou qualquer penteado, pois o mega hair não é perceptível. A única proibição é dormir com os cabelos molhados. Para a Rainha do mega hair, a autoestima feminina conta muito para levantar o humor. “A mulher com seus longos e volumosos cabelos de mega hair se sente mais bonita, poderosa e sexy”. O cabelo feminino, seja natural ou feito de mega hair, faz com que a mulher possa se sentir ainda mais bela e autoconfiante.

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Moda&Beleza

Bolsas Masculinas Beleza aliada à praticidade

por Emerson Roberto

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ão são apenas as mulheres as adeptas das bolsas. Essa moda também tomou conta do cotidiano masculino e serve para que os homens possam carregar uma série de objetos como aparelhos celulares, carteiras e tablets com muito mais praticidade. Segundo o consultor de moda Gustavo Sarti, da Rede Record, as bolsas masculinas podem apresentar diversos tamanhos. “Isso vai depender do que o homem levar dentro da bolsa, seja um laptop ou apenas objetos pessoais”, afirma. Por se tratarem de bolsas feitas para carregar objetos mais pesados, não significa que a sua resistência ganha mais destaque do que o seu design no momento de comprá-la. “Resistência é essen-

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cial e é pré-requisito. Mas o que manda mesmo na escolha de uma bolsa é o seu design e estilo”, expõe o consultor de moda. Na confecção das bolsas masculinas, os materiais mais utilizados são os couros em geral, ou os sintéticos que lembram a lona. Elas também possuem menos detalhes que as bolsas femininas e as cores variam entre preto, marron e branco. De acordo com Sarti, a bolsa deve sempre combinar com o estilo do traje. “É evidente que terno não combina com uma mochila track. O mesmo vale para um homem esportivo ao usar uma pasta executiva de couro croco. O ideal é buscar algo intermediário como uma bolsa de couro preta e lisa, ou alinhar com o estilo da roupa de trabalho”, aconselha. Aos poucos, muitos homens estão aderindo ao seu uso. “É uma quebra de paradigmas, estamos evoluindo e isso é positivo”, ressalta o especialista. E o fato dos objetos não serem mais colocados nos bolsos das calças indica elegância. “Com a modelagem mais ajustada das calças e ternos, esses volumes ficam aparentes e desconfiguram a silhueta. Por isso, o importante é buscar uma bolsa que tenha harmonia com o estilo que o homem usa no seu dia a dia”, explica Sarti. Dessa forma, as bolsas serão acessórios que farão definitivamente parte do guarda-roupa masculino. E, a partir do instante em que exercem uma função além da moda, tornam-se útil para muitas pessoas. Se quiser conferir mais dicas do Gustava Sarti, acesse o twitter: @gusarti


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Dicas de Corrida

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Energia Para ter mais energia e disposição, é preciso o combustível certo. Isso não quer dizer que seja necessário comer muito, e sim pouco, mas com qualidade. Recomenda-se banana, pão integral, arroz integral, macarrão integral, barra de cereal, aveia, sucos e suplementos orientados, ou seja, carboidratos. Durante a corrida, beba água de 20 em 20 minutos. Mas, logo após o término da atividade, evite seu consumo.

Quantas vezes por semana? Comece correndo duas vezes por semana e passe a três vezes após a quarta semana. Depois, passe para quatro vezes. É possível também intercalar a corrida com o uso de bicicleta e outros exercícios aeróbios.

Onde devo correr? Na academia é mais seguro, pois ela pode oferecer uma programação mais eficiente. Mas, se preferir, poderá correr nas ruas ou parques, desde que bem orientado. Então, programe-se e tenha uma boa corrida. Seja prudente com você mesmo e tenha responsabilidade com a sua saúde. Afinal, você merece! Basta fazer corretamente. Boa corrida, tenha calma e não se cobre tanto. Beijos enormes aos adeptos da atividade física.

Solange Frazão

solangefrazao.com.br

Marco Maximo

uer perder peso, diminuir o colesterol, controlar a pressão arterial, baixar o nível da diabetes e ser parceiro de ótimas noites de sono? Então conheça e pratique a corrida, um dos esportes mais democráticos e eficientes da boa forma e da saúde. Para começar, é necessário uma avaliação médica. O resultado vai determinar se você está plenamente apto para a prática da corrida. Depois da aprovação médica, “pernas à obra”! Se você é sedentário, fumante, obeso, hipertenso, diabético ou possui celulites, esse é o esporte certo para começar a adquirir hábitos saudáveis. Use sempre uma roupa confortável e um tênis com amortecedores específicos para as corridas. Antes de tudo, alongue-se bem (pernas, tronco, braços, pescoço etc.). Comece com uma caminhada normal e, no decorrer dos dias, acelere os passos gradualmente. Procure usar um frequencímetro (medidor da frequência cardíaca). Para usá-lo da melhor forma, o indicado é consultar um médico. Apenas caminhe por 30 minutos nos três primeiros dias. Depois, nos próximos três dias, comece caminhando cinco minutos e correndo moderadamente durante dois minutos, até chegar aos 30 minutos. Nos três dias seguintes, caminhe cinco minutos e corra cinco minutos até os 30 minutos. Por fim, os resultados aparecem após a segunda ou terceira semana. Não tenha pressa por resultados milagrosos. Procure perceber seus limites e nunca ultrapassá-los. E saiba também “ouvir” o seu corpo. Sempre busque a orientação de um profissional, pois ele poderá lhe dar dicas importantes para a obtenção de resultados eficientes e seguros.

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Cabelos por Emerson Roberto

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alvície é um processo de queda capilar que pode ocorrer tanto no homem quanto na mulher. Segundo o médico cirurgião José Candido Muricy, no homem esse problema denomina-se alopecia androgenética. Já na mulher, é conhecida como padrão feminino de perda capilar. As diversas causas da calvície devem ser investigadas em ambos os sexos. Muitos homens possuem algumas “entradas” no cabelo. “Geralmente elas se localizam na região frontotemporal da cabeça e podem indicar o começo de um processo inicial de calvície”, explica Muricy. Foi o que aconteceu com o estudante Paulo Dreyer, de 29 anos. Ele percebeu que estava sendo acometido pelo problema aos 22. “Notei algumas ‘entradas’ e tive a sensação de que a minha testa estava aumentando”, lembra. O diagnóstico é bem simples e realizado por exame clínico. De acordo com o médico cirurgião, esse problema inicia-se nos homens após a puberdade. A calvície masculina, ou androgenética, é causada por um hormônio denominado testosterona, que se transforma, através de uma enzima existente no couro cabeludo (chamada 5-alfa-redutase), em outro hormônio denominado dihidrotestosterona. “É este o elemento nocivo para o bulbo piloso”, explica Muricy. Segundo o médico, sabe-se que 50% dos homens em torno dos 50 anos serão calvos. Da mesma forma, 40% dos homens por volta dos 40 anos e 30% dos que estão na faixa dos 30 anos perderão o cabelo. A androgenética pode ser hereditária. “Na entrevista com o paciente, sempre perguntamos os antecedentes familiares de calvície. Mas há outros fatores, secundários, que também causam a queda capilar, tais como estresse, má alimentação e excesso de oleosidade no couro cabeludo, entre outros”, ressalta Muricy. Vale destacar que outros problemas podem

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ocorrer por conta da calvície. “Nos jovens pode haver a insociabilidade (dificuldades na relação social) e, mais tarde, a formação de pequenos tumores no couro cabeludo, causada por raios solares (devido à ausência de proteção)”, diz o médico. Para tratar a calvície, existe o tratamento clínico baseado em medicamentos que atuam nos folículos capilares que nutrem ou diminuem ações desta reação química. Há também o tratamento cirúrgico, que é o microtransplante de unidades foliculares. “Nos casos em que não há indicação cirúrgica, é possível esconder a calvície através de produtos que mascaram o couro cabeludo ou por meio do uso de próteses capilares”, conta o especialista. “Mas a calvície não tem cura. A única maneira de tratá-la hoje é com intervenção do tratamento cirúrgico. O tratamento clínico é paliativo”, avisa. A solução encontrada por Dreyer foi apenas raspar o cabelo e aceitar de vez a mudança em sua aparência. “E não há nada que me incomode. Nem as piadas de carecas. Eu prefiro a minha aparência atual’, garante o jovem.


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pra que te quero

Xampus contra queda de cabelos também funcionam. Eles são importantes para a limpeza tanto do couro cabeludo quanto dos cabelos. Quanto mais limpos e desengordurados, maior será sua vitalidade. Quanto maior a quantidade de gordura, mais danos capilares existirão no futuro. Dreyer, ao descobrir o problema, tentou usar esse método. “Mas, no meu caso, não teve efeito”, afirma o jovem. E, segundo ele, ainda apresenta quedas de cabelo. “Mas pouco, atualmente. Mesmo porque não sobrou muito cabelo para perder”, brinca. O importante no tratamento da calvície, tanto feminina quanto masculina, é que a avaliação clínica seja realizada por um especialista, para que o diagnóstico e o tratamento sejam corretos. “No homem, geralmente a causa é genética e hormonal. Nas mulheres, a investigação, além de clínica, também deve ser laboratorial, necessitando de biópsia do couro cabeludo para obter o diagnóstico correto”, aconselha Muricy.

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Você já ouviu falar em

carboxiterapia? Conheça essa novidade que a estética traz para você por Débora D. Dornella

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consultora Tatiane Eva Costa escolheu a carboxiterapia para ajudá-la a eliminar as gorduras localizadas, amenizar as celulites e clarear as estrias. Assim como ela, muitas pessoas recorrem a essa técnica. O método consiste na infusão do gás carbônico nos tecidos acometidos. Segundo o cirurgião plástico André Colaneri, o gás carbônico utilizado é um vasodilatador, por isso melhora a circulação, já que abre as veias, além de facilitar a liberação do oxigênio do sangue para os tecidos. Também contribui para ativar o metabolismo e reduzir o inchaço. A aplicação é feita através de uma agulha muito fina. O cirurgião plástico explica que, quando o gás entra, distende o tecido e provoca um ligeiro desconforto. “O CO2 é absorvido em alguns minutos, mas é possível que a área tratada fique avermelhada por mais tempo, devido à vasodilatação (aumento da circulação)”. Geralmente, a carboxiterapia é aplicada na pele ou subcutânea e, segundo o médico, uma sessão dura em torno de 15 minutos, depois o paciente pode retornar às suas atividades normalmente. Além disso, o tratamento dificilmente tem menos de dez sessões. A consultora Tatiane está em tratamento há um mês e faz três sessões por semana. “Até agora fiz 18 e já vi resultado nas celulites e na redução de medidas”. Antes de se submeter a esse método, é preciso que a pessoa procure um profissional experiente, como um cirurgião plástico ou um dermatologista.

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Fazer uma avaliação médica também é prudente. Colaneri explica que é importante evitar a ingestão de anticoagulantes, como medicamentos à base de AAS e aspirinas, pois eles aumentam as chances de que a pessoa fique com marcas roxas. Como queimamos oxigênio e o transformamos em gás carbônico, o médico explica que o CO2 é um produto do nosso metabolismo e torna-se tolerável para o organismo, além de não causar consequências desde que seja usado de maneira adequada. “Um risco a ser evitado é injetá-lo dentro de uma veia, o que um profissional habilitado certamente evitará”, acrescenta. Assim como em qualquer tratamento, neste também existem contraindicações, entre elas as doenças graves de pulmão ou coração e infecções na área da pele em que o método será aplicado. A carboxiterapia é mais indicada em caso de pouca gordura localizada, celulites iniciais, estrias avermelhadas, pele com má circulação e áreas com início de fibrose pós-operatória. O médico ainda acrescenta que o tempo do resultado dependerá do que se pretende tratar. Por exemplo, a celulite melhora por alguns meses, mas pode retornar por causa de fatores hormonais do paciente. “Cabe também ao indivíduo cuidar da alimentação e fazer exercícios para manter o resultado por mais tempo”, indica Colaneri. Já no caso das estrias, os resultados são definitivos, pois a terapia CO2 ajuda a clarear e disfarçar as estrias avermelhadas.


CINEMARK BRASIL. 15 ANOS DE FINAIS FELIZES. E ISSO É SÓ O COMEÇO.

A rede Cinemark está completando 15 anos de Brasil. E podemos dizer que, nesse tempo todo, ajudamos a mudar o jeito do brasileiro ver cinema. Temos orgulho da nossa história e agradecemos a todos que fizeram e fazem parte dela. Cinemark. Há 15 anos levando a magia do cinema para a vida dos brasileiros.

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Chris Negrão / Blad Meneguel

por Emerson Roberto

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Chris Negrão / Blad Meneguel

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Exemplo de sucesso e determinação

om muito esforço e talento, tornou-se um grande coreógrafo. O seu nome é Vagner Meneses Pereira, mas ele é conhecido como o dançarino Fly. Esse nome artístico surgiu quando o jovem costumava dar saltos mortais por cima de um dos integrantes do grupo “You Can Dance”, do qual também participava. “Depois comecei a fazer isso com a Xuxa”, conta ele. Ainda que houvesse dificuldades para alcançar quaisquer objetivos ou sonhos em sua vida, Fly nunca deixou a alegria de lado. Exemplo disso foi quando conseguiu o primeiro trabalho em um supermercado, como empacotador. Na época, o contratante se negou a dar o emprego para o jovem, por ele estar com o dente quebrado. Sem abaixar a cabeça, o rapaz garantiu que, se houvesse a contratação, com o primeiro salário consertaria o dente. “Por fim, nem foi preciso, pois a empresa, além de me contratar, pagou o meu tratamento. Depois de empacotador fui promovido a balconista, e depois a cozinheiro”, lembra. “Mas sempre fui bem-humorado. Amo meu trabalho e a minha família, então não tenho por que ficar de mau-humor”, garante. Sua família sempre o incentivou em sua carreira. Seu pai, inclusive, acreditava tanto em seu talento que chegou a tatuar em seu próprio braço “Fly YCD”, em homenagem ao filho. Além do apoio dos pais, o jovem recebeu deles a lição mais valiosa de todas: “A simplicidade e a humildade devem estar acima de tudo”, ressalta. Hoje, o coreógrafo conta também com o incentivo de sua esposa e de sua filha, de apenas dois anos. Diferente do que todos acreditavam, Fly admite que, no início, não possuía talento algum para a dança. “Foi com muito esforço e ajuda dos meus companheiros que eu comecei a me aperfeiçoar. Depois, na Rede Globo, fazia todos os cursos que me indicavam”, conta. Os ritmos preferidos do jovem são todos aqueles ligados às danças de rua. Segundo Fly, a inspiração para dançar vem do saudoso Michael Jackson.

De acordo com o dançarino, o momento mais marcante em sua carreira foi quando recebeu uma homenagem da Xuxa, no programa “TV Xuxa”, da Rede Globo. “Foi uma surpresa muito grande e incrível ver todas as pessoas importantes que fizeram e fazem parte da minha vida falando sobre mim”, emociona-se. Além disso, o coreógrafo revela o quanto é prazeroso estar ao lado de alguém que tanto o ajudou: “Devo à Xuxa tudo o que sou hoje. Ela me deu muitas oportunidades de crescimento e aprendizagem”. Hoje ele é um dos coreógrafos mais conhecidos do país. Porém, sua trajetória não foi só de sucesso. Em um período de sua vida, Fly abriu uma academia de dança que logo faliu, devido ao fato de que o dançarino não possuía talento para as finanças. “Foi quando estive no ‘fundo do poço’”, confessa. Mas, por ser determinado e correr atrás dos seus sonhos, ele conseguiu dar a volta por cima. “Pedi ajuda e não tive, então resolvi estudar por conta própria e, hoje, ajudo os funcionários da Rede Globo a ‘saírem do buraco’ com palestras e cursos”, conta ele satisfeito. Fly também ensina coreografia para as pessoas que não possuem talento para a dança. Mas, ao vê-las dançarem depois, admite que se sente muito realizado: “É um sentimento de dever cumprido”. Para aqueles que pensam em ser coreógrafos, ele recomenda que é necessário ter muita dedicação e determinação. “Além disso, ‘abra o leque’ e faça de tudo um pouco. Sempre tenha humildade e nunca se esqueça de que um dia já foi um dançarino”. E mesmo com tantos sonhos já realizados, Fly ainda deseja se tornar diretor na Rede Globo. “Mas não quero largar a dança”, afirma ele. A todos que admiram o seu trabalho, o dançarino deixa um recado: “Agradeço o reconhecimento e fico muito feliz quando as pessoas gostam e comentam cada trabalho que faço, pois é feito com muito carinho”.

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Como é o seu marketing pessoal e como você vende a sua imagem? por Thais Costa

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ocê já parou para pensar se a imagem que você passa para os outros é realmente aquela que você espera? Muitas pessoas acreditam que transmitem uma imagem positiva e, na realidade, fazem o oposto. Por este motivo, é importante o cuidado com o marketing pessoal de cada um. Marketing pessoal é a maior ferramenta que um indivíduo precisa ter para alcançar seus objetivos e ideais. Todos nós possuímos as nossas próprias características, mas, de acordo com as habilidades estudadas, cada pessoa consegue trabalhar a sua imagem, fazendo com que se torne favorável, seja para sua realização pessoal ou profissional. Segundo Milton Mira de Assumpção Filho, ocupante da cadeira n°03 da Academia Brasileira de Marketing e editor de importantes livros de marketing, o nosso marketing pessoal é o conjunto de ações que desenvolvemos com o objetivo de promover ou mesmo fazer reconhecer nossa própria imagem.

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Nomes de grandes marcas que conhecemos são sucesso absoluto em seu campo de atuação devido ao marketing que fizeram. Para Paulo Miguel Veloso Morais, gerente de marketing, na vida pessoal acontece da mesma forma: é importante se dedicar ao seu marketing pessoal para se tornar uma referência em sua área. Se existe a dificuldade de fazer uma autoavaliação sincera, neste caso o profissional de coach em marketing pessoal pode ajudar o indivídio a se conhecer de uma forma estruturada e a criar a sua marca pessoal. Primeiramente, é preciso entender três importantes pontos: quem eu sou, como os outros acham que eu sou e o que eu quero ser. A partir daí, é feito um levantamento para entender o que é possível fazer para que a pessoa seja o que ela realmente quer ser. Esta descoberta fará com que ela comece a se conhecer muito bem, a ponto de controlar todas as suas atitudes em prol dos resultados que procura. “Temos que ter objeti-


vos e traçar um caminho”, diz o coach Rui Ventura. Conforme orientações de Morais, Ventura e Mira, destacam-se alguns pontos para uma autoavaliação a respeito de como está o seu marketing pessoal: • Primeiramente, é preciso compreender o estágio atual da sua imagem, fazer uma análise de como você se vê hoje e como acha que os outros o enxergam. • É imprescindível entender o que você realmente quer para si, descobrir os seus interesses e quem você deseja se tornar. • Depois, é necessário conhecer seus pontos fortes e fracos. • É neste momento que, ao desenvolver o marketing pessoal, você precisa fazer uma análise dos seus pontos fracos, buscar a melhoria deles e criar a sua estratégia de como conseguir ser a pessoa que almeja. • Identificando suas falhas e conhecendo a si mesmo, cria-se a sua “marca pessoal”, que o identifica e o destaca dos demais. No marketing pessoal, o que diferencia uma pessoa da outra são seus pontos fortes. “Marketing pessoal é como as marcas empresariais, cada indivíduo tem as suas características e o seu DNA. Ou seja, a nossa estratégia pessoal deve ser coerente com a nossa identidade”, afirma Ventura. Não adianta você adotar uma postura que não condiz 100% com o seu perfil. É preciso, sim, fazer um balanço de como você se vê e como os outros o percebem para, depois, fazer uma autoavaliação, buscar seus pontos fortes e mudar seus pontos fracos. É importante destacar que a motivação é primordial para o sucesso do marketing pessoal. É preciso estar bem consigo e ter foco nos objetivos para conseguir realizar o que planejou. Uma pessoa motivada transmite alegria no meio em que convive, possui uma vida social e profissional mais alegre

e isso contagia de forma positiva. Para Morais, a pessoa motivada é mais agradável e, consequentemente, atrairá mais contatos. Os comunicativos e motivados arrastam multidões e também aumentam o seu networking. O comportamento de uma pessoa influencia muito sua imagem pessoal. Mira concorda que a aparência física, a postura, o gestual e a maneira de falar e de se apresentar fazem parte desta composição. No entanto, é importante relevar o conteúdo que esta marca pessoal passará. “Eu mesmo tenho utilizado o marketing pessoal ao longo da minha carreira profissional e só comecei a ser bem-sucedido quando percebi que havia criado uma ‘marca pessoal’ que me destacava, não só aqui no Brasil, como em outros países”, finaliza Milton. Marketing pessoal é também saber se relacionar. Paulo Morais deixa a sua fórmula para o sucesso pessoal: 1- Seja um bom ouvinte. 2- Fale com eloquência, exponha suas opiniões. 3- Olhe nos olhos das pessoas e sempre sorria. 4- Mantenha sempre uma atitude positiva para absolutamente tudo. 5- Lembre-se que sempre, em qualquer situação, há um lado bom. Aprenda a enxergá-lo. 6- Elogie sempre as pessoas. 7- Lembre-se de que há três chaves capazes de abrir qualquer porta em sua vida: “Por favor”, “Com licença” e “Obrigado”. Agora, o que você precisa fazer para chegar ao sucesso pessoal e ser um vendedor da sua própria imagem é aplicar as regras básicas do marketing pessoal à sua rotina. Saiba que é quase impossível agradar a todos, mas você pode, e deve, expor suas qualidades, colocar em prática suas habilidades e promover a si próprio, e não o seu ego. Sempre há tempo para a criação de uma marca pessoal positiva.

“Eu mesmo tenho utilizado o marketing pessoal ao longo da minha carreira profissional e só comecei a ser bem-sucedido quando percebi que havia criado uma ‘marca pessoal’ que me destacava, não só aqui no Brasil, como em outros países”. Milton Assumpção

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Com que roupa

eu vou

por Jéssica Tokarski

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o recebermos convites para festas, é comum nos depararmos com algumas palavrinhas que podem definir o traje adequado para o evento. Isso é o chamado dress code ou código de vestimenta. Através dele, o convidado sabe que tipo de roupa deverá vestir: Passeio, Passeio Completo ou Black Tie. Cada um desses é utilizado em ocasiões diferentes e pede determinados trajes. Segundo a consultora de imagem Gabriela Hermanny, o dress code pode ser utilizado tanto em festas quanto em empresas e ambientes profissionais. Gabriela cita alguns exemplos de ocasiões e seus trajes apropriados: “Passeio pode ser utilizado em festas de aniversário de amigos ou em eventos de trabalho mais informais. O Passeio Completo, geralmente, é requerido em casamentos ou festas formais. Já o Black Tie, pouco usado hoje em dia, se aplica a festas mais específicas”. Mas que roupas utilizar em cada um desses estilos? De acordo com a consultora de imagem, o Passeio pede calça, camisa social e blazer, para homens, embora o último nem sempre seja obrigatório. As mulheres podem utilizar vestidos na altura do joelho e de tecidos nobres, porém não devem exagerar no brilho. Tailleurs também são admitidos. Já no caso de Passeio Completo, eles devem vestir terno com gravata e elas vestidos curtos ou longos, mas estes devem apresentar maior sofisticação, com brilhos, rendas e outros detalhes mais elaborados. Por fim, nos eventos que exigem Black Tie, o smoking é obrigatório para o sexo masculino. As convidadas só podem utilizar vestidos longos e devem abusar no glamour, com tecidos nobres e brilhos. Nesta situação, até vestidos de cauda são

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aceitos. Não é indicado vestir-se de forma não correspondente ao código de vestimenta. “Essa atitude pode ser interpretada como falta de respeito pelo anfitrião”, aconselha Gabriela. Neste tipo de condição, as mulheres sempre são as mais acometidas por dúvidas. A dose de brilho é uma delas. “Atualmente, o brilho é utilizado de formas bem distintas, o que fez com que o seu uso pudesse ser ampliado. Um vestido com poucos apliques de brilho pode ser utilizado antes das 20 horas, já um todo bordado com paetês ou cristais deve ser guardado para uma ocasião mais tarde”, esclarece a especialista. A cor da roupa também é um fator impreciso, entretanto, facilmente resolvido. O branco não deve ser vestido por convidadas que vão a um casamento. Os eventos diurnos pedem cores mais leves e claras. Dessa forma, os tons mais escuros e pretos devem ser usados em festas à noite. Aos homens não é recomendado utilizar ternos claros em ocasiões noturnas que pedem Passeio Completo. E, para não existirem possibilidades de erros, a consultora de imagem aconselha ao convidado sempre se informar sobre o dress code de cada evento: “Caso esta informação não esteja disponível, é sempre bom ter um vestido curinga que se adapte bem a diversas situações. Assim, não se corre o risco de estar malvestida ou de estar arrumada demais. Para os homens, em caso de dúvida é melhor recorrer ao bom e velho terno escuro, mesmo que o evento não exija terno, pois dessa forma bastaria que ele tirasse a gravata”. Aproveite as dicas da consultora e tenha uma boa festa! Se quiser conferir mais dicas, acesse o site www.ghermanny.com.br


Etiqueta

É hora de casar Q

A mesa de doces é um dos lindos detalhes do casamento, porém conforme a quantidade e tipo de forminhas escolhidas, ela pode chegar a alguns milhares de reais. A mesma regra vale para o bolo, pois hoje temos boleiras que são verdadeiras artistas em perfeição, mas que cobram de acordo. O bem-casado, que associamos imediatamente a esta data, pode perfeitamente servir como lembrancinha. Basta anexar um cartãozinho com o nome dos noivos e a data. Cortar a gravata do noivo ou passar o sapato da noiva chega a beirar o abominável. Não tem nada de engraçado forçar seus convidados, que já lhe mandaram presentes e gastaram para se arrumar adequadamente para a sua festa, a passarem por este constrangimento na frente de todos. Por outro lado, caso o dinheiro não seja um limitador para os noivos em questão e eles queiram oferecer uma festa com direito a show, jantar sofisticado, o melhor champanhe e lembrancinhas de prata na saída, isso não tem nada de pretensioso ou ostensivo, desde que seja feito com bom gosto e naturalidade. O princípio é um só: oferecer à família, aos amigos e outros convidados o melhor que você puder, mas sempre com o estado de espírito que deve acompanhar este momento (união, alegria e amor). Felicidades aos noivos!

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uando decidimos casar, a empolgação toma conta e começamos a delirar freneticamente com a festa mais memorável de todos os tempos. Independentemente do seu estilo, é difícil não lembrar do casamento de Charles e Diana ou, mais recentemente, de seu filho Willian com Kate Middleton. Aliás, caindo na real, e saindo da realeza, começamos a ver nossos orçamentos, quem vai pagar o que, e inicia-se aí o planejamento deste evento. Isto é fundamental. Vale ressaltar que regras do tipo “a família da noiva paga a festa integralmente” ou “o noivo é quem paga a viagem de lua de mel” são, hoje, muito mais flexíveis e variam com a realidade de cada família. Como organizador de festas, costumo conviver muito com noivos das mais variadas situações econômicas e sociais. E não importam as diferenças, existem algumas regras que sempre devem ser aplicadas. Jamais faça uma festa que vai lhe deixar endividado pelos próximos meses. Já pensou que chato, depois daquela noite linda e inesquecível, um imenso número de noites sem dormir por contas que não se deixam esquecer? Fazer um casamento menor ou mais simples não é demérito algum e, pelo contrário, tem grandes possibilidades de se tornar extremamente elegante. O simples fato de eliminar o “vale-empada” (aquele famigerado cartãozinho que indica que após a cerimônia apenas alguns eleitos participarão das comemorações) já é uma atitude muito chique. Diminua o número de convidados, porém convide todos para tudo. Optar por um coquetel ou um jantar também significa gastar até muitas vezes mais. Hoje em dia temos este querido aliado que é o espumante. É a bebida ideal para festejar. O consumo desta bebida cresceu tanto na preferência de todos que a conta ideal é uma garrafa para cada duas pessoas.

Fabio Arruda

fabioarruda.com.br

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Bem-Estar

Você sabe o que é Felicidade Interna Bruta? Entenda os efeitos da felicidade na sua saúde e vida por Thais Costa

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studos constatam que pessoas mais felizes possuem sistemas imunológicos mais fortes, adoecem menos, possuem mais sucesso e melhor renda profissional, maior criatividade e produtividade, têm mais chances de se casar e possuem casamentos mais concretos, mais amigos e maior competência para lidar com situações adversas. O indicador FIB (Felicidade Interna Bruta) é baseado na ciência hedônica, que demonstra que a felicidade e a satisfação com a vida são critérios centrais para a saúde e o sucesso do indivíduo. “Pessoas mais felizes apresentam um reduzido risco de doenças cardiovasculares, pulmonares, hipertensão, diabetes e resfriados. Além de viverem até nove anos a mais”, diz o psicólogo Ed Diener, da

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Universidade de Illinois (EUA). Guto Zafalon, consultor motivacional e estrategista em vibrações positivas, explica a diferença entre PIB e FIB. “PIB é a soma de todas as riquezas de um país e FIB é a soma de todas as pequenas coisas que nos trazem felicidade. Gente feliz trabalha melhor, estuda melhor, vive melhor, interage mais e melhor, compra mais, investe mais, participa mais. Pessoas felizes e motivadas fazem acontecer, aproveitam o momento, a saúde, a vida e tudo o que está ao seu redor”, garante. Cada vez mais pessoas estão sofrendo com a depressão, e é pensando neste contexto que estudos estão sendo desenvolvidos para trabalhar a felicidade interna da população, a ponto de ajudar também a saúde pública.


FIB: onde surgiu O indicador FIB nasceu em Butão, conhecido como o reino da felicidade. É o país budista que deixa o bem-estar da população acima de qualquer poder econômico. O Butão fica na Ásia, entre a China e a Índia, e foi nos anos 80, em entrevista a um jornalista, que o rei Jigme Wangchuck declarou que, naquele país, a Felicidade Interna Bruta é muito mais importante do que o Produto Interno Bruto. Para o governo do Butão, é primordial ter atendimento médico e educação gratuitos para todos, além de proteção ambiental, distribuição de renda equitativa e cultura espiritual. Isso, para eles, reflete uma governança justa. O FIB é um exemplo para outros países e, hoje, referência mundial, inclusive para o Ministério que cuida da felicidade da sua população. No Brasil, o FIB é organizado pelo Instituto Visão do Futuro, uma organização não governamental situada em Porangaba/SP. O projeto visa ensinar aos participantes a aumentar o seu bem-estar pessoal e não somente o da comunidade.

Efeitos do FIB na saúde e na vida pessoal Os reflexos negativos que possuímos no nosso dia a dia espalham-se pelo corpo inteiro. Entendendo como funciona o nosso organismo com relação à felicidade, Susan Andrews (Doutora em Psicologia Transpessoal e coordenadora do Instituto Visão do Futuro), responsável pela implantação do FIB no Brasil, explica que uma das substâncias associadas à felicidade é o hormônio cortisol (que fica na glândula suprarrenal, diretamente envolvida na resposta ao estresse). Pessoas com alto nível de estresse possuem um aumento de cortisol e adoecem mais, diferentemente das pessoas felizes, que têm menos dessa substância no corpo. “Se queremos nos tornar mais felizes, devemos baixar o nível de cortisol. Isso acontece alcançando medidas contra o estresse, como: praticar yoga, automassagem, respiração profunda e meditação”, ressalta. É constatado que asmáticos, soropositivos e pacientes com câncer de mama, ao utilizarem o relaxamento e a respiração profunda, reduzem os níveis de cortisol no corpo

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Bem-Estar 4. Segurança econômica. 5. Boa governança. 6. Adaptação ecológica ao meio ambiente. 7. Vitalidade comunitária. 8. Diversidade cultural. 9. Padrão de vida. Provou-se cientificamente que esses nove aspectos são fatores que afetam significativamente o bem-estar de qualquer comunidade.

A felicidade e a satisfação com a vida são critérios centrais para a saúde e o sucesso

e mantêm a estabilidade ao longo do tempo. Para Zafalon, o ideal é colocar o corpo em movimento para tirar a substância do estresse. Para isso, pode-se praticar regularmente exercícios físicos, dança e outras atividades que melhorem o humor. Desta forma, há a contribuição para a promoção de relacionamentos mais saudáveis e garantia da felicidade refletida na sociedade.

De acordo com estudos, conheça quais são os nove Indicadores de Felicidade Interna Bruta: 1. Bem-estar psicológico e espiritual. 2. Uso equilibrado do tempo. 3. Acesso à educação e assistência médica de qualidade.

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Pesquisadores afirmam que fazer algo bom, regularmente, faz com que nos sintamos mais felizes. Não somente uma felicidade momentânea, mas por um período de tempo estendido, pois ao fazermos o bem sem esperar algo em troca, sentimos a felicidade do outro. “Nas palavras do monge budista Dalai Lama: ‘Quanto mais nos importarmos com a felicidade dos outros, maior será a nossa própria sensação de bem-estar’”, concorda Susan. Para Susan, o FIB no Brasil é muito importante. “Acredito que é vitalmente relevante para todos os brasileiros. O Brasil está se tornando uma potência mundial. Qual o caminho que nosso país deveria seguir? Seria o curso traçado pelos EUA, onde o PIB aumentou três vezes desde os anos 1950. Mas, também, onde a felicidade das pessoas de fato declinou, considerando que uma em quatro pessoas é infeliz ou deprimida, o número de divórcios duplicou e o de suicídios entre adolescentes triplicou, a quantidade de crimes violentos quadruplicou e a população carcerária quintuplicou. Será que o Brasil quer ser uma superpotência como essa ou deveria optar por um caminho de desenvolvimento holístico e integrado, como esse que o FIB representa, e mostrar um novo modelo para o mundo?”, questiona. Portanto, para garantir sua saúde, bem-estar e uma vida mais equilibrada, que tal cantar mais, dançar mais e rir mais? Evite se angustiar, faça de tudo para ser feliz de verdade e experimente adotar esta frase citada por Zafalon: “Entre ter razão e ser feliz, eu prefiro ser feliz.” Algumas vezes, é melhor dar razão ao outro e não se aborrecer, evitar o seu estresse e ser feliz. Mais informações sobre o FIB no site: www.felicidadeinternabruta.org.br


Bem-Estar

Lente de contato dental O

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“laminado”, ou lente de contato (denominação atual por ser parecida com as utilizadas em oftalmologia), é uma restauração recomendada por motivos estéticos como dentes escurecidos, com má formação ou com muitas obturações na parte de fora. Ela envolve apenas a parte da frente do dente (vestibular) e pode ser aplicada pelo dentista diretamente na boca, em resina, ou em laboratório, utilizando o protético em porcelana. A vantagem primordial consiste na preservação da estrutura dental sadia, ou seja, em menor desgaste dos dentes. Este tipo de trabalho substitui as coroas totais (pivô) quando a estrutura do dente não está muito comprometida por cáries ou restaurações extensas, e apenas o seu dentista poderá fazer esta avaliação. Por ser uma fina camada de material de cobertura, o laminado faz com que muitos pacientes tenham o receio de que não seja resistente. Entretanto, os processos atuais e os materiais de confecção o tornaram um tratamento bastante confiável.

*Caso de má formação – feito no consultório Ela não se destaca facilmente, desde que se faça uma boa colagem. Depois de colada, a lente de contato tem quase a mesma aderência do esmalte na dentina do dente, podendo o paciente comer frutas (maçã, por exemplo) ou sanduíches sem medo de que as lentes se soltem. O paciente só terá de tomar cuidado na fase da confecção, em que ficará com provisórios para proteger seus dentes até a conclusão do trabalho, pois esses não podem ser colados, apenas justapostos aos dentes. divulgação

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Prof. Dr. Aonio Genicolo Vieira Cirurgião Dentista aoniovieira.com.br

*Caso de dentes escurecidos – feitos em laboratório Como qualquer tipo de restauração, os laminados exigem uma reavaliação semestral pelo profissional. A manutenção trata-se apenas de uma boa higienização das superfícies dentais, em especial da junção dente-laminado. A sua longevidade na boca vai depender do material empregado e o cuidado do paciente com seus dentes. As porcelanas, apesar de terem um custo mais alto do que as resinas, têm estabilidade de cor e não aderem placa bacteriana devido à sua superfície mais lisa, durando muito mais.

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Bem Estar Bem-Estar

Uma opção a mais para combater as varizes: a escleroterapia com espuma por Débora D. Dornella

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a edição passada, a Élégant trouxe uma reportagem sobre varizes e, como o assunto despertou muito interesse nos leitores, hoje nós vamos falar de mais um método para ajudar a solucionar esse problema. O tratamento pode ser feito com meias elásticas específicas, cirurgias, laser endovascular ou superficial, radiofrequência e ainda com um método conhecido como escleroterapia com espuma. Segundo o médico cirurgião vascular Eduardo Toledo de Aguiar, essa última opção de tratamento pode ser tão eficaz quanto qualquer outra. A vantagem é que a técnica é aplicada em qualquer tipo de varizes, desde os casos somente estéticos até aqueles mais graves, que apresentam feridas na perna. Para o especialista, a grande diferença desse tratamento em relação à cirurgia é não haver necessidade de internação hospitalar. Além disso, ele pode ser realizado no próprio consultório. O paciente pode retornar imediatamente às suas atividades habituais de trabalho ou lazer. Quem é adepto da corrida ou ginástica, contudo, deve aguardar dois dias. A escleroterapia é um método antigo de tra-

tamento de varizes. Aguiar conta que essa opção surgiu na Europa, quando foi inventada a seringa de injeção, no final do século XVIII, e com o passar do tempo foi aperfeiçoada com a ideia de injetar a droga sob a forma de espuma, como ocorreu em 1994 na cidade de Nova Iorque. “As melhores drogas para escleroterapia são os detergentes (classificação química), que ao serem agitados com um pouco de ar transformam- se em uma espuma (semelhante ao que acontece com o detergente de cozinha) formada por bolhas tão pequenas que não são visíveis a olho nu”, explica Aguiar. Com isso, ao ser injetada no interior de uma veia doente, a substância faz com que o sangue acabe sendo expulso do segmento desta veia, permanecendo apenas a espuma. “O medicamento na forma de espuma não se mistura com o sangue e não se dilui, o que acontece com os líquidos. Desta forma, obtém-se o efeito de uma cirurgia, onde retira-se a veia doente de circulação.” Muitos médicos brasileiros ainda enxergam o método com restrições, mas segundo o especialista esse número tem diminuído. “Vários colegas e

“O medicamento na forma de espuma não se mistura com o sangue e não se dilui, o que acontece com os líquidos. Desta forma, obtém-se o efeito de uma cirurgia, onde retirase a veia doente de circulação”. 24

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eu mesmo temos dado palestras em várias cidades do estado de São Paulo e em outros estados, e há um interesse muito grande dos especialistas, principalmente dos mais jovens.” Aguiar esclarece ainda que, quando os pacientes ficam cientes de que é possível evitar a cirurgia convencional, optam por aderir a esse tratamento. “Há alguns anos, quando ainda não aplicávamos este tratamento na Spaço Vascular, eram operados 150 doentes por ano. Após 2005 não operamos mais nenhum doente e tratamos 400 doentes por ano”, afirma. O método também apresenta restrições: pessoas que não podem andar por paralisia ou por outras causas não podem aderir a esse método. Além disso, como em qualquer tratamento, também podem ocorrer efeitos colaterais. “Alguns doentes, aproximadamente 7%, têm algumas alterações visuais (brilhos nos olhos), tonturas ou sensação de aperto no peito. Mas esses sintomas passam rapidamente. Em geral, não duram mais que dez minutos.” Nestes casos, o médico aconselha que o paciente fique em repouso por cerca de 20 minutos na clínica, para então ser liberado, sem nenhum sintoma. Para quem resolver aderir a esse método, a recomendação é que use uma meia elástica por um período de pelo menos 15 dias e que caminhe bastante. “É recomendável que, após a sessão de tratamento, o doente volte a pé para casa ou para o trabalho”, acrescenta Aguiar. É muito importante também que o interessado em optar por essa técnica procure um especialista indicado no assunto, como um cirurgião vascular ou um angiologista. Depois do tratamento, o paciente é acompanhado por seis meses com exames ultrassonográficos que avaliam a atrofia da veia e se ela foi ou não bem tratada. Durante esse período é possível identificar se ocorreu alguma falha no tratamento. Caso exista qualquer problema, repete-se a injeção da espuma.

“... a grande diferença desse tratamento em relação à cirurgia é não haver necessidade de internação hospitalar...” Élégant

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Decoração

A importância dos

quadros na decoração por Emerson Roberto

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muito comum entrar em um ambiente e se deparar com quadros pendurados nas paredes. Eles enfeitam e enbelezam o local. Segundo a designer de interiores Fabianne Brandalise, as pessoas podem estar com a casa montada em relação ao mobiliário, mas se estiverem com as paredes sem quadros, terão uma sensação de “vazio”. “Os quadros vestem uma casa, trazendo requinte, aconchego e identidade ao ambiente”, afirma ela. Os quadros nas paredes são importantíssimos na decoração e muitas vezes as pessoas demoram para comprá-los, devido ao investimento que precisam fazer para ter uma boa obra de arte. “Antigamente diziam que não precisavam combinar com o ambiente, mas eu discordo. Quando o cliente já possui suas obras, tomo-as como ponto de partida para que tudo se harmonize e elas sejam ainda mais valorizadas”, ressalta a designer. Hoje, além das telas de artistas renomados, existem outros recursos mais acessíveis. De acordo com Fabianne, os quadros não precisam necessariamente ser pinturas. Podem ser aquarelas, gravuras, fotografias ou até esculturas fixadas na parede. “Todos cumprem a mesma finalidade, que é embelezar e vestir a casa”, explica. Para quem possui um pôster ou uma fotografia e deseja emoldurá-los, o indicado pela designer de inte-

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riores é que as molduras estejam em harmonia com o ambiente. E elas também devem combinar com o conteúdo do quadro. É correto colocar diversos quadros em um mesmo ambiente. Geralmente trabalha-se com mais de um. Eles podem ficar dispostos de forma agrupada em uma única parede, ou então ser trabalhados em paredes diferentes. “Quando são vários quadros pequenos juntos, podem ser dispostos lado a lado ou um sobre o outro, ou ainda de forma que pareça um único quadro grande devido às proporções que atingem, cobrindo um espaço maior da parede”, ressalta Fabianne. Eles devem ser colocados em paredes de maior destaque e fácil visualização. “Em uma sala, por exemplo, gosto muito de colocá-los na parede que fica atrás do sofá”, revela a designer. “E pode ser até mesmo um quadro grande, que harmoniza com as suas dimensões”, completa. A valorização dos quadros nos ambientes depende de um bom projeto luminotécnico. “O que é indispensável para um bom resultado”, decreta Fabianne. Outra dica para nunca errar ao decorar um ambiente com quadros é ter bom-senso e nunca instalá-los muito alto: “Procure tomar como base a altura dos olhos. Quando instalados muito alto, ficam desvalorizados e ‘matam a decoração’”.


Vida Ativa

Rugby um esporte em ascensão por Jéssica Tokarski

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tradicional bola redonda dá espaço a uma de formato oval; os equipamentos comuns de proteção são complementados por protetores bucais e o campo de futebol ganha postes que formam uma enorme letra H. O rugby, um esporte não tão comum no Brasil, apresenta várias semelhanças com o clássico futebol. Muito confundido com o futebol americano, o jogo em questão só tem em comum com a versão americana a bola oval e o contato físico. Segundo Daniel Gregg, atleta da modalidade e capitão da seleção brasileira de Rugby Sevens, o rugby surgiu em 1823, após uma partida de futebol na cidade de Rugby, na Inglaterra. “Um jogador de futebol (goleiro) estava revoltado com o placar do jogo, então pegou a bola nas mãos e saiu correndo pelo campo, passando pelos adversários até chegar ao gol. A partir daí foram introduzidas algumas regras, até que se chegou ao esporte praticado atualmente”, explica. O principal objetivo do jogo é fazer o chamado try. “A jogada consiste em atravessar a linha de fundo (in goal) do adversário e apoiar a bola no chão, o que vale cinco pontos”, esclarece Gregg. Além desse lance, os chutes também são outra maneira de pontuar. “Todos devem passar pelo ‘H’, também conhecido como postes”. Enquanto no futebol americano os passes são dados para frente, no rugby só se pode passar a bola para trás. “O único momento em que jogamos a bola para frente é no chute. Além disso, no jogo americano todos os jogadores podem

ser derrubados mesmo sem a posse de bola, ao contrário do esporte em questão, no qual somente o portador da bola pode ser “tackleado” (como é conhecida esta jogada)”, esclarece o atleta. As principais regras do jogo são: todo jogador da equipe que estiver à frente da bola está impedido (não pode participar da jogada) e somente o jogador com a posse de bola pode ser derrubado. Para garantir que as regras sejam cumpridas, cada partida conta com cinco árbitros. Dentro do rugby há ainda divisões entre duas maneiras de jogo. “Na modalidade XV (rugby de 15), existe mais contato físico, uma vez que são 15 jogadores para cada lado, o que torna mais difícil passar com a bola por todos os oponentes. Já a Seven a Side exige sete atletas em cada time, fazendo com que o jogo se torne mais rápido, dinâmico e com menos contato físico”, afirma o atleta. Engana-se quem pensa que, para jogar rugby, é necessário ser alto e forte. De acordo com Daniel, o esporte é muito democrático. “Os atletas podem ser altos, baixos, rápidos ou fortes, com os mais diversos biótipos e aptidões físicas.” Atualmente, o rugby pode ser visto como um esporte de futuro promissor. Cada vez mais praticado pelos brasileiros, pesquisas o apontam como o tipo de jogo que mais irá crescer no Brasil nos próximos anos. “ Acredito na mídia como maior aliada para o crescimento e a popularização da modalidade”, comenta Gregg.

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Vida Ativa divulgação ECP

Vale ouro! por Jéssica Tokarski

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ginasta Daiane dos Santos já passou por altos e baixos em sua carreira. Em meio a seis cirurgias, várias lesões e até acusação de doping, Daiane nunca se deixou abater. Exemplo de perseverança e garra, ela é uma das atletas brasileiras com maior prestígio e reconhecimento mundial. Daiane escreveu seu nome na história da ginástica artística não só com seu salto “Dos Santos”, mas também por meio de seu talento inigualável e da sua vontade em persistir.

Élégant Daiane, como você se interessou pela ginástica artística? Daiane Na verdade, o meu início foi por acaso, em

uma pracinha em Porto Alegre. Fui descoberta por uma professora, enquanto eu brincava. O início na ginástica não foi programado por mim, mas agarrei a oportunidade. Gostei da modalidade desde o começo e me dediquei ao máximo para conseguir ter bons resultados.

Élégant Como é o processo de preparação e treinamento neste esporte?

Daiane Depende da categoria. Atualmente, treino

em média seis horas e meia por dia, no Esporte Clube Pinheiros, com o técnico argentino Raimundo Blanco. Meu ritmo é gradativo. Quando grandes competições se aproximam, a carga horária aumenta e fico cada vez mais focada para atingir bons resultados.

Élégant E quanto a incentivos e patrocínios? Daiane Eu acredito que já melhorou bastante, mas é claro que sempre pode melhorar, tanto para as categorias de base quanto para o alto rendimento. Hoje em dia conto com a ajuda do Esporte Clube Pinheiros e da AES Eletropaulo. Élégant Você foi a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em Campeonato Mundial. A partir desse momento, tornou-se ícone na área e exemplo para aqueles que desejam seguir o mesmo caminho. Qual a responsabilidade de ser um ídolo tão importante para os brasileiros?

Daiane Ser exemplo é complicado, porém praze-

roso. Existe uma grande responsabilidade de dar o melhor de você.

Élégant Como é ter um movimento com seu nome? De certa forma dá uma sensação de reconhecimento e gratificação?

Daiane Este feito foi muito importante na minha carreira, pois foi batizado com o meu nome (Dos Santos), o que é uma honra muito grande. Sou muito grata a todos que ajudaram a construir isto, pois eu consegui ter o meu nome gravado na história da ginástica. Élégant A ginástica artística é um esporte que admite atletas muito novos, por isso exige bastante deles. Em meio a treinos e competições, como foi sua infância?

Daiane Na verdade eu tive uma infância normal,

pois comecei na modalidade com 11 anos. Não foi tão cedo igual à maioria das outras atletas.

Élégant Como é a questão dos dias de competição? É possível treinar anos e anos para competições e, no momento da prova, o atleta não estar bem para desenvolver aquilo?

Daiane

Sempre existem competições boas e ruins. Hoje, o Brasil consegue se destacar no esporte e sempre estar entre os melhores, o que deixa os resultados ainda mais imprevisíveis. A grande lição que eu tiro em relação às competições das quais já participei é que nem sempre aquele que é considerado o favorito será o vencedor.

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Vida Ativa

Élégant Qual o sentimento após uma prova que não deu certo pelo motivo do atleta não estar em um dia bom?

Daiane Claro que o maior objetivo de um atleta é

ganhar sempre, mas quando isso não é possível, o importante é não se abater, continuar treinando e focado para atingir bons resultados.

Élégant Como é a preparação para as provas? Daiane Eu treino normalmente no Clube Pinheiros, em São Paulo. Mas quando as competições importantes se aproximam, costumo me reunir com as meninas da seleção brasileira em um ginásio em Curitiba ou no Rio de Janeiro, pois é importante esta integração com as outras atletas. Élégant Você já sofreu muitas lesões e sempre

mostrou determinação e força de vontade, recuperando-se e voltando a competir. Como foi para você sofrer tais lesões e suas respectivas recuperações?

Daiane Conviver com lesões faz parte da rotina de atletas de alto rendimento. O importante é ter determinação e força de vontade, que são adquiridas quando você tem uma boa base, uma família estruturada e pessoas que te apoiam.

provar a minha inocência. Neste momento, contei com o apoio da minha família, dos meus amigos e do Clube Pinheiros. Graças a Deus, tudo correu bem.

Élégant Com tantas medalhas de ouro na cole-

ção, você já realizou todos os seus sonhos ou ainda há algum objetivo por concretizar?

Daiane

Acredito que conquistar uma medalha

olímpica.

Élégant Agora seu foco está voltado para as Olimpíadas de 2012. Quais são seus objetivos nesta competição?

Daiane O objetivo em Londres é dar o meu melhor e, quem sabe, fechar a minha carreira com chave de ouro: conquistando uma medalha olímpica! Élégant Você tem o desejo de trabalhar na parte

técnica deste esporte, treinando meninas pequenas. A partir de quando pretende desenvolver esta função?

Daiane

Élégant Após tantas cirurgias, você sempre voltou a ser a Daiane dos Santos de sempre, reconhecida pelo que faz. Mas houve algum prejuízo muito sério para você na parte física?

Depois da Olimpíada de 2012, ainda cumprirei mais alguns compromissos até o final do ano pelo Clube Pinheiros. Então, devo começar algum projeto ligado à ginástica, mas ainda não sei ao certo o quê. Eu sou formada em Educação Física e com certeza ficarei na área esportiva.

Daiane Quando se volta de uma lesão, o período

Élégant Então, por favor, dê algumas dicas para

de readaptação demora um tempo, até atingirmos o peso correto etc. Os treinos vão evoluindo gradativamente a partir do momento que as dores vão diminuindo.

Élégant Após a sua sexta cirurgia, você acabou sendo afastada por cinco meses por ter tomado um diurético na recuperação, que caracterizou doping. Como você encarou esta situação? Esse episódio acabou te fortalecendo ainda mais?

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Daiane Tentei ficar com a cabeça centrada para

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as meninas que sonham em ser como você um dia. Daiane A criança tem que gostar muito. Os pais precisam incentivar bastante, mas o prazer tem que surgir da criança. Se ela estiver feliz no que está fazendo, com certeza o resultado será melhor e será mais fácil lapidar um verdadeiro talento. Boa sorte, Daiane! A Élégant e seus leitores estão torcendo por você!


divulgação ECP

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Val Lima

Saúde

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erta vez os ‘besteirólogos’ não me encontraram sorrindo, nem com raiva ou dando voltas, como era de costume. Estava quase há um ano em tratamento e meu corpo estava fraco, já não podia dar muitos passos sem parar para descansar. Fiz uma sessão de quimioterapia no dia anterior a essa visita, e com apenas três horas acordada vomitei 12 vezes, então me aplicaram na veia um medicamento para me fazer dormir. Pouco tempo depois chegaram eles. O remédio já fazia efeito, tentavam e tentavam jogar comigo, mas eu abria os olhos e não conseguia deixá-los abertos por muito tempo. Lembro que, na vontade de corresponder, dizia: ‘Mãe, eu quero acordar’, e todos riam das minhas tentativas frustradas de despertar. Percebi,

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especialmente nesse dia, que atrás do palhaço e da brincadeira existia uma pessoa que estava focada no meu bem-estar, que buscava ao máximo fazer com que o meu sofrimento fosse amenizado. Cantaram a música ‘Dona’, do Roupa Nova (sempre cantavam para mim), e disseram que era para embalar meu sonho. Dormi tranquila”. Aline Nogueira É com esse emocionante depoimento que a estudante de medicina Aline Nogueira revela a consideração e o carinho que tem pelos Doutores da Alegria. Após trabalhar por nove anos como ator em Nova Iorque, onde chegou a integrar o “Clow Care


O remédio com gosto de

bom humor Conheça a receita dos Doutores da Alegria por Débora D. Dornella

Unit”, Wellington Nogueira retornou ao Brasil em 1991 com o sonho de fundar os Doutores da Alegria. A coordenadora de comunicação Cristina Cardoso explica que, no começo, realmente parecia apenas um sonho, pois seria necessário criar toda uma infraestrutura, contratar e treinar atores e obter apoio financeiro. E ainda existia o desafio de colocar um palhaço em um hospital brasileiro, o que naquela época era algo totalmente novo. “Foi nessa hora que Wellington Nogueira, transformado em Dr. Zinho, usou um tratamento infalível contra o desânimo: doses cavalares de bom-humor, algumas injeções de ânimo e persistência para esperar os resultados. Os primeiros exames revelaram uma súbita melhora: pessoas certas foram sendo colocadas nos lugares

certos, nas horas certas”, conta a coordenadora. Em setembro do mesmo ano, apoiado por uma iniciativa pioneira do Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes em parceria com Wellington Nogueira, iniciou-se o programa brasileiro batizado com o nome de Doutores da Alegria. Dali em diante, esse trabalho não parou mais de crescer. Atualmente com 21 anos de existência, os Doutores da Alegria são uma organização da sociedade civil e sem fins lucrativos, mantida pelo apoio de empresas e pessoas físicas em forma de patrocínio, parcerias e associação. Hoje são desenvolvidos vários projetos além das idas aos hospitais, como espetáculos, intervenções em empresas e cursos de formação e especialização, entre outros. “A missão dos Doutores é promover a experiência da alegria como fator potencializador de relações saudáveis por meio da atuação profissional de palhaços junto às crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde”, revela Cristina. O trabalho artístico não é voluntário. As visitas não têm qualquer custo para o hospital ou para pacientes e familiares. Todos os artistas recebem remuneração por meio de recursos provenientes de patrocínio, eventos, doações, publicações, pales-

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Saúde

“Mas, com o entendimento do trabalho, os nossos valores se ampliam e a vida passa a ter uma dimensão maior. O olhar diante do mundo muda” Enne Marx, Doutores da Alegria

tras e espetáculos. “O constante desenvolvimento do artista é a sua subsistência e também a garantia de um trabalho cuidadoso e de qualidade artística, seja para o teatro, circo, rua ou hospital.”, informa a coordenadora de informação. A qualidade artística precisa ser a mesma em um quarto de hospital ou em um palco. Além disso, o trabalho nos Doutores da Alegria exige que o artista disponibilize, no mínimo, 18 horas semanais para visitas sistemáticas aos hospitais e desenvolvimento de repertório artístico. Segundo Cristina, para participar do processo seletivo para o elenco dos Doutores da Alegria é preciso ser palhaço profissional com DRT, ou ator profissional com DRT e especialização na linguagem do palhaço. A palhaça, formadora e coordenadora dos Doutores da Alegria em Recife, Enne Marx, trabalha na organização desde 2002, quando ocorreu a abertura da unidade na cidade. “A motivação maior

e a priori é o desenvolvimento artístico do ator. Mas, com o entendimento do trabalho, os nossos valores se ampliam e a vida passa a ter uma dimensão maior. O olhar diante do mundo muda”, conta Enne. Para se preparar para esse trabalho, ela diz que é preciso uma tarefa contínua de muita pesquisa e disciplina. Na instituição, há treinamentos tanto nos hospitais quanto na sede. “Fiz oficinas de palhaço inclusive fora do país, na França e na Argentina”, diz Enne. Ela, que era acostumada a se apresentar em teatros e ter uma plateia inteira assistindo-a, revela que o trabalho do hospital lhe mostrou que a arte tem uma dimensão e uma função social que vão além dos palcos e das apresentações: “Considero a mudança de valores a mais radical. O trabalho com os Doutores da Alegria me fez reconhecer essa proeza da arte”, conclui Enne. Foi esse lado altruísta da arte que a estudante de medicina do começo do texto conheceu. Aline Nogueira entrou em contato com os Doutores quando se internou para o primeiro ciclo de quimioterapia. Ela tinha sarcoma de erwing, um tipo de câncer ósseo. Logo que viu o trabalho deles, ela se sentiu cativada: “Me agradava a forma de interagirem, eram diferentes de todos os palhaços que eu já tinha visto.” Durante o seu tratamento, Aline sempre esperava a visita deles, pois para ela era um lindo momento do dia. O que mais a encanta neles é a magia, que atrai também a família dos pacientes, gente grande e pequena. Foi esse clima contagiante que a fez decidir pela área que pretende seguir. “É um dom! Levarei para minha vida pessoal e profissional o que pude absorver enquanto estive na oncologia pediátrica, inclusive porque é essa linha que quero seguir. Fazer parte do reflexo desse trabalho me deixa contente”, finaliza a estudante.

divulgação

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Sonambulismo um transtorno do sono

Saúde

por Jéssica Tokarski

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entar na cama e falar durante o sono, caminhar pelo quarto ou pela casa enquanto dorme e andar de olhos abertos ou de braços estendidos inconscientemente são comportamentos característicos de um dos distúrbios do sono: o sonambulismo. Segundo o especialista em Medicina do Sono Marcelo Jorge S. L. Andrade, nestes casos o indivíduo pratica diversas ações dormindo, mas sem razão aparente. “Na maioria dos casos o sonambulismo não apresenta uma causa conhecida. Existe uma influência genética, entretanto, na maioria dos casos, ele pode ser adquirido após um trauma craniano ou doenças neurológicas”, explica. O problema ocorre com maior incidência em crianças acima de cinco anos. Cerca de 30% de crianças saudáveis já apresentaram pelo menos um episódio de sonambulismo. “A explicação está no fato das crianças possuírem um sono mais profundo e maior capacidade de sincronização das ondas cerebrais, que conseguem trabalhar de forma simultânea”, revela Andrade. Contudo, o sonambulismo não requer tratamento, a menos que esteja ocorrendo em uma frequência preocupante ou que o acometido esteja sofrendo ou causando lesões a terceiros. Normalmente, o distúrbio desaparece de forma espontânea próximo aos 15 anos de idade. Os episódios de sonambulismo, que normalmente acontecem entre 15 minutos e duas horas depois do início do sono, fazem com que os indivíduos abram portas e saiam de casa, troquem de roupa, abram janelas e gavetas ou se alimentem, entre outras ações. “No início, a coordenação é pobre, podendo-se tornar mais complexa ao longo do tempo. A expressão facial é estática e a pessoa geralmente mantém os olhos abertos e fixos”, afirma o especialista. Normalmente o sonâmbulo tem dificuldade em ser acordado, não se lembra do episódio e pode reagir de forma brusca quando despertado.

Há um mito muito forte que envolve o sonambulismo. É comum ouvir falar que não se deve acordar um sonâmbulo, pois tal atitude pode matá-lo. De acordo com Andrade, isso não é verdade. Entretanto, deve-se ter cuidado ao despertar o indivíduo, uma vez que ele estará confuso, podendo ficar agressivo e assustado. “Usualmente, recomenda-se não despertar a pessoa, apenas levá-la novamente até a cama”, recomenda o médico. Além disso evite beliches, tire as chaves das fechaduras das portas, afaste objetos que possam representar riscos e verifique a segurança das janelas ao se encontrar em ambientes altos. Os indícios do distúrbio comumente são observados por pais e parentes, que percebem as ações realizadas pela pessoa. Porém, o sonambulismo pode ser confundido com outros problemas. “Em casos de dúvida, deve ser realizada uma polissonografia, um exame capaz de distinguir as mais diversas parassonias”, comenta Andrade, afirmando ainda que a cura ocorre de maneira espontânea na maioria dos casos e que existem medicamentos para o controle dos episódios até que eles acabem.

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Saúde

DOAR

SANGUE

Um gesto nobre para salvar vidas por Débora D. Dornella

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ue tal se, ao invés de assistir a filmes ou desenhos de superpoderosos, você fosse o herói da história? Não tem poder maior do que salvar uma vida. E pode-se contribuir para essa missão através de um simples ato: a doação de sangue. Para saber mais sobre o assunto, a Élégant entrevistou as enfermeiras do Hemobanco de Curitiba Márcia Biernaski e Rosimara Ganassoli, contando também o depoimento de alguns doadores. As enfermeiras informam que doar sangue é seguro, pois não causa risco à saúde do doador. É importante destacar que todo esse processo é acompanhado por profissionais qualificados e o material utilizado é estéril e apirogênico, o que significa que é livre de contaminação. Além disso, o sangue doado é totalmente reposto pelo organismo. Considerando que temos aproximadamente cinco litros de sangue em nosso corpo, o volume de quantidade retirada não ultrapassa 495 ml. O doador pode retornar às suas atividades rotineiras depois do processo, desde que se sinta bem após a doação. Ele também é orientado a não praticar exercícios naquele dia. É importante ingerir bastante líquido e se alimentar bem. Além disso,

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é indicado não fumar por uma hora e não ingerir bebidas alcoólicas. Ele deve ainda permanecer no banco de sangue por 15 minutos após a doação e sair somente quando estiver se sentindo bem. A pessoa não deve estar em jejum para doar. O doador precisa estar alimentado e bem hidratado. De acordo com Marcia e Rosimara, é preciso pelo menos uma refeição leve pelo período da manhã e outra no final da tarde. Caso o doador realize a doação após o almoço, deve aguardar um intervalo de duas horas, devido ao fato de ter ingerido alimentos mais gordurosos. Outro cuidado é em relação ao estresse, à noite mal dormida, ansiedade e má alimentação, pois estes fatores podem favorecer algumas reações no processo, como formigamento nas mãos e pés, sensação de desmaio e vômito, entre outras. Algumas pessoas ficam receosas quanto ao processo, pois apresentam medo de agulhas. A radialista Melanie Mary Rocha Lima superou esse problema. “Até começar a doar sangue, eu suava frio quando via uma agulha. Graças à doação já não tenho mais essa fobia.” Ela enfrentou esse obstáculo para ajudar sua tia que precisava de sangue para uma cirurgia, e depois disso já doou para uma criança e, mais recentemente, para o seu avô.


Quem pode doar sangue? Para realizar a doação de sangue, é necessário ao doador: • Ter idade entre 18 e 67 anos. • Estar em boas condições físicas e psíquicas de saúde. • Pesar mais de 50 quilos. • Não estar grávida ou amamentando. • Esperar uma semana após fim de episódio de resfriado, gripe, febre ou diarreia. • Não estar em jejum e, após o almoço, aguardar o intervalo de duas horas para realizar a doação. • Se ingerir bebida alcoólica, aguardar 24 horas. • Se realizou tatuagem, aguardar seis meses para doar. • Ter realizado a última doação há mais de dois meses (homens) / mais de três meses (mulheres). • Ter estilo de vida saudável e sem riscos. • Portar um documento oficial, com foto, para o cadastro no ato da doação. O uso de medicamentos e doenças pregressas serão avaliados no momento da entrevista (triagem clínica), que antecede a doação.

Melanie relata que sempre é bem recebida pelos atendentes. “Eles são muito bem preparados para eventuais casos de alguém passar mal. Durante os procedimentos, eles perguntam se você está se sentindo bem”. Isso faz com que ela continue sendo doadora, pois toda essa experiência acrescentou muito à sua vida. “Primeiramente, doar sangue é algo gratificante tanto para quem doa quanto para quem recebe. Sinto como se pudesse dispor de um pouco de esperança para quem depende do sangue para poder viver. É algo que nenhum presente material pode comprar”, conta. Todo o sangue retirado do doador é aproveitado, segundo as enfermeiras, mas nem sempre toda a quantidade vai para um mesmo paciente, já que o sangue doado é fracionado nos seus diversos hemocomponentes e estes possuem uma indicação específica. Não se pode dizer qual o tipo de sangue que mais falta nos bancos, porque isso depende do estoque e/ou número de bolsas disponíveis. No entanto, todos os bancos devem ter em seu estoque o sangue do tipo O negativo, popularmente considerado doador universal e que acaba sendo utilizado em uma situação de emergência para todos os tipos sanguíneos.

Por fim, as enfermeiras enfatizam a importância da doação de sangue: “O sangue e seus componentes são vitais e insubstituíveis para todos os seres humanos e, até hoje, não se conseguiu substitutos artificiais eficientes para supri-los nos casos de sua falta. Daí a importância da doação, pois é a única fonte deste elemento raro que pode salvar uma vida”. O funcionário público Chrystian Vlnieska Oliva teve essa consciência desde jovem. “Quando eu fiz 18 anos e soube que já poderia doar, quis fazer a minha parte enquanto cidadão, e de certa forma fazer a diferença na vida de alguém sem nem mesmo saber quem seria. Um jeito simples de ser um herói, salvando vidas”, relata. Chrystian é doador há 14 anos e, além de sangue, se disponibiliza atualmente para doação de medula. Ele conta que é como ter a sensação de dever cumprido: “Às vezes passamos a vida inteira tentando achar um jeito de mudar o mundo ou a vida de alguém, de fazer algo maravilhoso e mirabolante. Porém, ser doador de sangue nos proporciona tudo isso de uma forma simples e gratificante. Posso dizer que estou passando pelo mundo e deixando a minha marca, mesmo que de forma anônima, mas é muito recompensador”.

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Saúde

Acidente Vascular Cerebral Saiba o que é e por que acontece por Emerson Roberto

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onhecido popularmente como derrame, o acidente vascular cerebral também pode ser nomeado dessa forma porque, em alguns casos, provoca hemorragia. “Existe um ‘derramamento’ de sangue intracraniano”, explica o neurologista João Rafael Argenta Sabbag, do Hospital VITA Batel. No Brasil, o acidente vascular cerebral é a principal causa de mortes. O AVC pode ocorrer por diversos fatores de risco, os quais podem ser modificáveis ou não. Entre os modificáveis estão: hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, obesidade, tabagismo, ingestão de álcool e uso de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal. Já os não modificáveis são: idade, sexo (masculino), histórico familiar e genética. Os acidentes vasculares encefálicos podem ser isquêmicos ou hemorrágicos. No primeiro tipo, ocorre a oclusão da artéria que irriga o encéfalo. Já no segundo acontece o rompimento da artéria intracraniana. “O mais comum é o isquêmico, que ocorre em 85% dos casos”, relata Sabbag. De acordo com o médico, o diagnóstico inicial é clínico, conforme avaliação médica e neurológica. Depois, são realizados exames de imagem do crânio para confirmação da área com alteração circulatória (tomografia ou ressonância magnética) e exames para avaliar o fluxo sanguíneo cerebral, desde o coração até a porção intracraniana (eletrocardiografia, ecocardiografia, ecodoppler de carótidas e vertebrais e ecodop-

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pler transcraniano). “Por último, em alguns casos, é necessária a realização de cateterismo/arteriografia para confirmação de placas de aterosclerose nas carótidas, além da angioplastia”, explica o neurologista. Segundo Sabbag, as consequências de um AVC dependem da área do encéfalo atingida. Quanto maior a área, mais grave é o quadro. Infartos pequenos em áreas nobres também são graves. Os sintomas mais comuns do AVC são paralisias motoras (que normalmente ocorrem em apenas um lado do corpo); perda de equilíbrio com incapacidade de se manter em pé e dificuldade para realizar tarefas simples como apertar um botão, ligar a luz ou levar um copo ou garfo à boca; dificuldades na fala devido à boca torta; alterações na musculatura da face ou desvio dos olhos; diminuição do estado de consciência e crise convulsiva. “A diminuição da sensibilidade ou formigamento isolado em um dos membros, ou em parte deles, não costuma ser sinal de AVC”, garante o médico. Conforme o especialista, se o paciente tiver o AVC isquêmico e chegar ao hospital em até quatro horas e meia depois do início dos sintomas, é possível a realização de uma medicação trombolítica (para desmanchar o coágulo que obstruiu a artéria intracraniana). “Já nos hemorrágicos, em alguns casos, é necessária a realização de cirurgia para a retirada do sangue intracraniano”, revela. Para prevenir o problema, Sabbag indica: “É preciso controlar os fatores de risco, realizar exercícios físicos e fazer exames médicos anualmente”.

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Saúde

Problemas na tireoide Hipertireoidismo e Hipotireoidismo por Débora D. Dornella

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roduzir hormônio, essa é a função da tireoide, uma glândula com formato de borboleta localizada na região cervical. Se ela não funciona adequadamente, pode ocorrer consequências para o organismo e para a vida da pessoa. Os problemas mais comuns são o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Quando a tireoide tem menor produção ou ação dos hormônios tireoidianos, é caracterizada como hipotireoidismo, enquanto o hipertireoidismo é o excesso de produção ou ação dos hormônios tireoidianos. O administrador de empresas Luiz Carlos Vieira Filho descobriu que tinha hipertireoidismo aos 17 anos de idade. Porém, segundo a médica endocrinologista Monica Dias Cabral, esse problema afeta mais o sexo feminino. É mais comum observar casos em cerca de 10% das mulheres acima dos 40 anos, e em torno de 20% daquelas acima dos 60 anos. A empresária Véra Lucia Borgman está dentro dessa estatística, e descobriu que estava com hipotireoidismo aos 40 anos. Para a especialista, a causa pode ser genética, pois já foram mapeados alguns genes que favorecem tipos de hipotireoidismo e hipertireoidismo. “Principalmente quando a causa é inflamatória, de caráter autoimune, a história familiar é muito forte.” Luiz Carlos conta que sua mãe, tias e avó materna apresentam esse problema. De acordo com Véra, sua avó também apresentava essa doença, mas antigamente não era diagnosticada como problema na tireoide, pois muitos não sabiam o que era isso. Sua avó tinha o que era conhecido como papo, o que hoje seria o bócio. Ademais, a endo-

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crinologista explica que existem outras causas que não são genéticas. O iodo, em excesso, pode levar ao hipertireoidismo e a falta dele causa o hipotireoidismo. “Essa última situação é cada vez mais rara, pois o sal de cozinha contém iodo.” A confirmação do diagnóstico se dá pela avaliação do especialista e do exame de sangue, dosando os hormônios TSH e T4 livre. Luiz Carlos conta que, quando começou a ter hipertireoidismo, apresentava sintomas como tremedeira, perda de peso e diarreia. Já Véra relata que seus sintomas eram sono em excesso, pele ressecada, queda de cabelo e irritabilidade. É preciso tratar esse assunto com seriedade, pois, dependendo da intensidade dos sintomas e demora do diagnóstico, o problema pode afetar de maneira significativa a vida do indivíduo. Monica cita alguns exemplos extremos, como o quadro psiquiátrico que um paciente com hipertireoidismo pode apresentar, que pode ser confundido com um quadro de psicose. Em contrapartida, alguém que tenha hipotireoidismo pode ficar muito deprimido e ser diagnosticado com depressão. A médica conta também que o hipertireoidismo pode fazer com que a pessoa emagreça, pois o consumo da massa muscular é muito grande, mas a perda de peso é por redução da massa muscular


do remédio, no uso incorreto da medicação ou na ingestão concomitante de medicamentos que interferem em sua absorção. Já o hipertireoidismo pode ser tratado com alguns medicamentos que são usados por diversos meses após o diagnóstico inicial para normalizar os níveis dos hormônios de tireoide. É possível que alguns pacientes com hipertireoidismo sejam curados após cerca de 12 a 18 meses de tratamento. “Contudo, muitos não são curados, sendo indicado o tratamento com iodo radioativo ou, mais raramente, a cirurgia.” Luiz Carlos conta que precisou se submeter ao processo de iodo radioativo. “Até os 31 anos de idade, morava no Rio de Janeiro e tratava a doença com um remédio para hipertireoidismo. Quando fui morar no Paraná, continuei o tratamento com outro médico e, como o problema não estabilizou, ele resolveu aplicar o iodo radioativo. Desde então, passei para hipotireoidismo.” Hoje, aos 34 anos, ele faz uso de medicamento e não tem mais problemas.

SINTOMAS do HIPOTIREOIDISMO e não da redução da gordura. “Já no hipotireoidismo, o ganho de peso se deve principalmente ao acúmulo de água corporal, ou seja, edema, retenção de líquido e não de gordura.” As mulheres que apresentam problema na tireoide não possuem uma taxa de fertilidade muito alta. Porém, podem engravidar sem problemas. É importante destacar que, na gestação, deve-se manter a medicação e, quase sempre, ajustar a dose. “O tratamento adequado beneficia tanto a mãe quanto o bebê e a dose apropriada não tem efeito colateral ou prejudicial.” O tratamento para o hipotireoidismo é realizado através da reposição por via oral do hormônio tireoidiano, com dosagem suficiente para controlar os sintomas e normalizar a dosagem de hormônio do sangue. Na maioria das vezes, esse tratamento é para o resto da vida. Véra, que toma toda manhã o remédio indicado por sua médica, declara que descobrir ter hipotireoidismo não acarretou consequências em sua vida. “Tive benefícios, porque agora uso medicamentos que controlam minha tireoide e, com isso, os sintomas diminuíram.” Se estiver fazendo uso do medicamento e persistirem alguns sintomas do hipotireoidismo como sono, perda de cabelo, lentidão, entre outros, o problema pode estar na dose

• Depressão • Desaceleração dos batimentos cardíacos • Intestino preso • Menstruação irregular • Diminuição da memória • Cansaço excessivo • Dores musculares • Sonolência excessiva • Pele seca • Queda de cabelo • Ganho de peso • Aumento do colesterol no sangue • Retenção de líquido • Redução da libido • Redução da fertilidade

SINTOMAS do HIPERTIREOIDISMO

• Dificuldade para dormir • Insônia • Aceleração dos batimentos cardíacos/ taquicardia • Intestino solto • Aumento do apetite • Agitação, tremor das mãos, emagrecimento • Muita energia, apesar de muito cansaço • Irritabilidade e intolerância • Queda de cabelos • Calor e suor exagerado • Menstruação irregular • Alterações visuais

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Animais

Farejando o crime por Emerson Roberto

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série de reportagens sobre os cães heróis se encerra nesta edição, homenageando os cães da Polícia Militar. Nas edições anteriores abordamos os cães de resgate, que atuam junto ao Corpo de Bombeiros, e os cães de hospitais, que proporcionam alegria e companheirismo a pessoas doentes. Segundo o Cabo Maciel, a Polícia Militar do Paraná conta com cães adestrados e treinados para o funcionamento da RPC (Rádio Patrulhamento com Cães) e da CDC (Controle de Distúrbios Civis), para retomada de estabelecimentos prisionais, detecção de entorpecentes, detecção de explosivos, buscas nas matas, buscas em estruturas colapsadas e soterramento, além de cães de apresentação. “Para cada atividade citada, existem cães com características e raças específicas”, explica. De acordo com o Cabo Maciel, a escolha de um

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fotos: BOPE - Cia. op. cães

cão é primordial para o sucesso no trabalho policial. “No plantel da Polícia Militar do Paraná contamos, hoje, com várias raças para inúmeras atividades que executamos. Por exemplo, cães das raças Pastor Alemão, Malinois (preto, branco e belga), Rottweiler, Labrador, Bood Hond, Cane Corso e American (Pit Bull). Eles podem ser empregados em diversas especialidades e a qualquer momento. Mas possuímos cães para uso diário no RPC, atividade de policiamento ostensivo”, conta. Antes da escolha do animal, é feita uma avaliação para analisar o seu temperamento. Para isso, o cão é submetido a situações adversas ao seu próprio meio. “Dessa forma, ele poderá deparar-se no dia a dia policial enfrentando barulhos de bombas de várias intensidades, tiros, aglomeração de pessoas, veículos, outros animais e, até mesmo, um simples passeio em viaturas”, ressalta o Cabo Maciel.

Para iniciar atividades como RPC, CDC e detecção de odores, os cães passam por treinamentos. “Qualquer cachorro pode ser adestrado e treinado. Mas existe uma doutrina na questão da escolha de algumas raças específicas que trazem resultados excelentes para nossas atividades”, afirma. Alguns cães podem começar o treinamento logo após o desmame e outros a partir dos sete meses de vida. No entanto, a duração do treinamento varia. Dependendo da atividade, pode chegar a um ano ou um ano e meio. Já os cães farejadores necessitam de mais tempo de treino. A alimentação desses animais segue as normas nutricionais básicas necessárias para mantê-los fortes e saudáveis. “A formulação da ração dos nossos cães é ditada pelo Centro Veterinário da Polícia Militar do Paraná, onde temos médicos veterinários e especialistas em nutrição animal. As refeições são ministradas em duas porções: uma ao amanhecer e a outra ao entardecer. Exceto para os filhotes, que necessitam de um balanceamento especial e podem, assim, se alimentar de três ou quatro porções diárias”, informa o Cabo. A Polícia Militar obteve êxito com o auxílio dos cães em diversas operações. “No critério de busca e resgate, já participamos com os cães em catástrofes que aconteceram em nosso estado e em estados limítrofes. Em outra ocasião, prestamos auxílio ao estado do Piauí, devido ao rompimento de uma represa que dizimou vários vilarejos pela força da água. Para essa missão, que durou 29 dias, o estado do Paraná disponibilizou nove militares e quatro animais”, lembra Maciel. “Ainda posso citar os que detectam entorpecentes. Graças aos seus faros apurados, a polícia pôde tirar de circulação inúmeras toneladas de sustâncias alucinógenas.” Cada policial possui o seu cão. Entre eles é criado um vínculo afetivo, como explica o Cabo: “Esse cão vê o policial como seu líder (amigo) e alguém em quem ele pode confiar. Dessa forma, é difícil outra pessoa manuseá-lo”. Os cães da Polícia Militar do Paraná se aposentam por volta dos oito anos de idade. “Ao se aposentar, esse cão, de preferência, é repassado para o policial que sempre foi o seu responsável durante as atividades. Se isso não for possível, pode-se doá-lo para outra pessoa. Mas lembre-se: quem tiver interesse em adotá-lo, tem toda a responsabilidade de preservar o seu bem-estar”, finaliza o Cabo Maciel.

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Animais

pet ensinando o

por Débora D. Dornella

“N

ão aqui! Esse lugar estava limpo. Não acredito! De volta? Por que no meu sapato, no sofá, até na minha cama?” Essas são frases comuns quando o dono flagra as necessidades fora de lugar do seu peludo. Você tenta ensinar ele a não fazer xixi naquele lugar e não consegue resultado. Mas como educar e não brigar com aquela coisinha fofa? O sonho da maioria das pessoas que têm animalzinho de estimação é que eles façam as necessidades nos lugares adequados. No entanto, muitos que se arriscam nessa missão acabam desistindo por não terem paciência. Para ajudar você e o seu animalzinho nessa tarefa, a treinadora especializada em comportamento canino Beatriz Duarte oferece ótimas dicas. Em primeiro lugar, não existe um local ideal para que seu bichinho “vá ao banheiro”, pois há pessoas que moram em apartamentos e preferem que o seu pet faça as necessidades na rua, enquanto outros donos optam por mantê-los somente no apartamento. Nesse último caso, a treinadora aconselha que o local destinado seja a área de serviço, a varanda (se ela for coberta) ou um banhei-

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ro. Quem mora em casa deve escolher uma área coberta, para que o animal não fique molhado nos dias de chuva. Mas o principal, em todos os casos, é manter o lugar de dormir e comer longe do local destinado às necessidades. Outra dica importante é quanto à idade. Sempre é mais fácil ensinar um filhote, mas a treinadora conta que não existe idade limite para que um cão aprenda. “Normalmente o problema está no dono que desiste de ensinar, pois já tive uma conhecida que teve que acolher um cachorro com 13 anos e ele aprendeu o local certo para fazer suas necessidades.” Quanto ao processo de ensinar o animal, a treinadora usa um método preventivo. Ela supervisiona os momentos em que o cão costuma fazer as necessidades e o leva para o local certo, oferecendo como prêmio festa (comemoração) ou petiscos. Já nos casos em que não é possível supervisionar, é preciso manter o bichinho em uma área restrita para que ele não faça as necessidades pela casa toda e, desta forma, desenvolva o mau hábito. Beatriz explica que os momentos mais fáceis de ver quando o mascote precisa fazer suas necessidades


é na hora em que ele acorda, depois das refeições e logo após as brincadeiras. “Chamo de horários perigosos. É necessário levar o peludo para o local certo e aguardar até que ele faça as necessidades para premiá-lo. Se não for possível, mantenha-o em área restrita para que ele não se acostume a fazer em outros locais.” Ao invés de recorrer a produtos que possuam odor atrativo aos animais, Beatriz aconselha que se utilize um pouquinho do xixi do próprio bichinho para garantir um resultado mais eficaz. Por falar em odor, algumas pessoas, quando percebem que o animal está fazendo as necessidades no lugar errado, fazem com que ele cheire o lugar inadequado e então o levam para cheirar o local correto, o que é um erro na visão da especialista: “É um método muito antiquado que costuma fazer o cão regredir no processo ou ficar com medo do dono e fazer as necessidades em locais escondidos. Hoje em dia existem técnicas mais modernas”. A melhor maneira de agir quando o bichinho não acerta o local é pegá-lo no flagra. “Diga um ‘não’ em um tom de voz firme e leve-o para o local certo, mudando o tom de voz para algo mais suave,

dizendo ‘Xixi é aqui’.” Mas atenção: se não pegar ele no flagra, não adianta corrigir. Fique à vontade para dar ao animal recompensas como petiscos quando ele acertar. Segundo Beatriz, isso é ótimo, pois faz com que o cão faça uma associação mais rápida e comece a dar mais importância ao lugar que escolheu para fazer as necessidades. Para concluir, a treinadora diz que a maior dificuldade em ensinar o peludo é o fato de que as pessoas perdem a paciência muito rápido. Por vivermos em uma época imediatista, ela diz que acabamos refletindo isso também no comportamento com os bichinhos e esquecemos que a forma como os tratamos é similar ao processo de fazer uma criança aprender a utilizar o vaso sanitário. Umas demoram mais do que outras para aprender, e algumas mesmo quando estão grandinhas ainda fazem xixi na cama, então não exija prazo dos seus bichinhos. “Já peguei muitos casos em que o dono dava um prazo e, se o cão não aprendesse a fazer naquele período, seria doado. Por isso, pensem bem antes de decidirem ter um cão, pois eles são lindos, amorosos e leais, mas ensinar dá trabalho.”

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capa Marco Maia

“Entrego-me de corpo e alma” Monique Alfradique revela a devoção aos personagens que interpreta

por Jéssica Tokarski

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niteroiense Monique Alfradique é a personificação da vontade. Sim, vontade é o que a atriz tem de sobra. Mas, além disso, ela possui talento e determinação para pôr em prática todos os seus anseios. Monique, que começou sua carreira fazendo peças teatrais e campanhas publicitárias, atualmente destaca-se entre as atrizes revelação no cenário da dramaturgia brasileira. Cada vez ganhando mais espaço para mostrar seu trabalho, a atriz ainda acredita que o público tem muito mais a descobrir sobre ela. Após ter dado vida a Beatriz, personagem que cresceu muito ao longo da trama de “Fina Estampa”, Monique mal descansou e, agora, já se prepara para novos projetos. Em meio a essa correria, ela encontrou um tempo para conversar com a Élégant. Confira as histórias, desejos e revelações de Monique Alfradique.

Élégant Você já fez muitas campanhas publici-

Monique Ela era a Priscila de “Malhação”. Era

Monique A dona de uma agência me convidou

Élégant É verdade que todos os personagens

Élégant Mais tarde, você começou a trabalhar

Monique Às vezes sim, às vezes não. A Priscila

tárias quando era mais nova. Como isso começou? Foi assim que sua vontade de ser atriz despertou?

para fazer um teste, passei e então não parei mais. Mas eu sempre participei de peças teatrais no colégio.

no Programa da Xuxa como paquita. Como você se tornou uma paquita e, a partir disso, o que mudou na sua carreira?

Monique Para ser paquita da Xuxa, passei em

um teste do qual participaram 8.500 meninas. Mas isso não mudou o sentido da minha carreira, pois fiz muitos cursos relacionados a interpretação. A própria Xuxa sabia que meu desejo era ser atriz.

Élégant Você viveu uma protagonista relativamente cedo na sua carreira. Como foi isso? Qual a responsabilidade de viver a personagem principal de uma novela?

Monique Foi tudo muito novo, fui convidada

pelo diretor Roberto Talma para ser uma das protagonistas da novela “A Lua me Disse”. Viajei sozinha para a Áustria com as atrizes veteranas. Sempre fui muito responsável e focada em tudo que fiz e faço.

Élégant Logo depois você interpretou uma vilã.

Dizem que esse é um sonho de todos os atores. Qual a diferença de interpretar uma vilã?

uma vilã com um pouco de comédia. As pessoas riam mais do que odiavam a personagem.

têm um pouquinho da personalidade do ator? O que a vilã Priscila, de “Malhação”, tinha de você?

era decidida, sabia o que queria e corria atrás. Isso tem um pouco de mim.

Élégant Além da teledramaturgia, você também

atua em peças de teatro e filmes. Qual a diferença entre esses gêneros?

Monique No teatro você tem o calor do público

e uma ação recíproca. No cinema você atua e só vai sentir a reação do público na estreia.

Élégant Os atores mudam muito o visual nesta profissão. Você se importa com isso? É algo que goste e aceite naturalmente?

Monique Não me importo com mudanças, afinal vou viver o personagem.

Élégant Você já participou do quadro “Dança no Gelo”, no Domingão do Faustão e agora irá enfrentar a “Dança dos Famosos”. Você também tem talento e gosto para a dança?

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capa Monique Sim. Nasci dançando, fiz muitos cursos de dança, inclusive todas as danças do Carlinhos de Jesus.

Élégant Que tipo de mudanças cada personagem interpretado promove em você?

Monique Cada personagem é uma vivência. Ad-

quiro muita maturidade porque vivencio muito o personagem. Entrego-me de corpo e alma.

Élégant A Beatriz de “Fina Estampa” teve um envolvimento muito forte com o lado “mãe” das mulheres. Você sonha em montar uma família e ter filhos?

Monique Sim, sonho montar uma família. Élégant Você é uma adepta da corrida. Para

manter o corpo em forma, você pratica apenas esse esporte ou adota também outras práticas e hábitos?

Monique Sim, faço outras atividades. Mas meu forte é a corrida.

Élégant O que você gosta de fazer no seu tempo livre?

Monique Ler, assistir filmes, ir ao teatro e curtir minha família.

Élégant Qual seu maior objetivo a ser realizado em sua carreira?

Monique Receber o Oscar de melhor atriz. Além disso, espero que venham personagens diferenciados para que eu possa mostrar mais meu talento.

Élégant Agora que “Fina Estampa” acabou, você

entrará de férias ou tem novos projetos? Quais são eles?

Monique Sim, estou fazendo curso de Psicologia. Tirei alguns dias para viajar e vou me dedicar à “Dança dos Famosos”.

Élégant Deixe um recado para seus fãs e para os leitores da Élégant:

Monique Adoro o carinho de vocês. Isso é a

energia que me motiva a mostrar meu trabalho a cada dia.

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Marco Maia


Amor&Sexo

por Emerson Roberto

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ada vez mais comuns, as agências de namoro ajudam muitas pessoas a encontrarem seus pares ideais. Segundo a psicóloga Débora Trindade Lanna, alguns procuram esta ferramenta pela facilidade que ela proporciona: “Acredito que determinadas pessoas recorrem a esse meio por conta de sua timidez, inibição, enfim, comportamentos que talvez estejam prejudicando a busca inicial no contato físico direto”. De acordo com a psicóloga, as agências especializadas em namoro são um lugar a mais onde pode existir a oportunidade de encontrar uma pessoa para um relacionamento afetivo estável. “Agora, quanto ao par ser ou não ideal, isso só o dia a dia, o conhecimento, a intimidade e a vivência do casal é que irá dizer”, ressalta ela. No final dos anos 80, quando a cofundadora e presidente da agência de namoro A2 Encontros, Cláudya Toledo, trabalhava como modelo, percebeu que muitas de suas colegas de passarela casavam-se por meio dessas agências de relacionamentos. “Pensei, então, em levar esse modelo de negócio para o Brasil. Em 1992 fundei a agência, que hoje conta com oito unidades de atendimento em quatro regiões do país”, explica. A agência de Cláudya conta com os heart hunters. “São pessoas treinadas para identificar em nosso cadastro os casais com maior potencial de se compatibilizarem, com isso viabilizando os encontros”. Foi dessa maneira que a empresária Marcia Scalice Nunes Toledo e o massoterapeuta Mauro Alexandre Prestes se conheceram. Os dois estão juntos há seis anos e casados há dois. Segundo Marcia, ela escolheu a agência por ter poucas possibilidades de conhecer alguém para um relacionamento amoroso sério. Já o marido recorreu a esse meio por falta de tempo e de confiança nas desconhecidas. A psicóloga Débora Trindade afirma que, para encontrar um amor dessa maneira, é necessário que se tenha a mente e o coração aberto: “É sempre um pré-requisito importante para qualquer relacionamento. Sem arriscar-se, fica difícil iniciar uma relação”. Quem optar por uma agência para escolher seu par deve, contudo, saber que é preciso passar por algumas avaliações. Nelas, de acordo com Cláudya, o perfil do inscrito é traçado a fim de analisar sua personalidade e o que procura. “Fiz teste psicológico e apresentei documentos que comprovavam que eu era solteira. Trata-se de um processo que me transmitiu bastante segurança”, conta a empresária Marcia. Seu marido

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par perfeito

Em busca do


também teve que passar por esse procedimento. “Precisei levar vários atestados de idoneidade, inclusive”, lembra Mauro. Depois, esse perfil é armazenado em uma base de dados no sistema desenvolvido pela agência. Nele, as informações são analisadas com o intuito de encontrar perfis compatíveis com o do inscrito. “Assim podemos avaliar as compatibilidades e sugerir os encontros”, diz Cláudya. “Quando encontramos os candidatos, nós os avisamos separadamente. Passamos o telefone da mulher para que o homem a convide para um encontro. Nas agências, periodicamente, realizamos o speed dating. Trata-se de encontros rápidos, com duração aproximada de dez minutos, entre homens e mulheres cadastrados. Muitas vezes surgem, dali, novos casais. Também temos as formas de aproximação através dos eventos.” O número de encontros por meio da agência depende de cada pessoa, como revela a presidente da A2 Encontros: “A ideia é que haja o menor número necessário. Porém, as oportunidades que uma moça de 20 anos tem são muitas vezes maiores que as de uma senhora de 70. Isso está de acordo com a faixa etária”. Há pessoas que rapidamente se encontram e se casam. Enquanto isso, outras levam mais tempo para achar sua cara-metade. “Mas o importante é aumentar as suas chances de conhecer pessoas compatíveis e se mostrar para quem realmente interessa.”, sugere Cláudya. Segundo Prestes, ele levou aproximadamente dois anos para encontrar o seu amor. “E nós nos apaixonamos desde o primeiro dia, não tivemos dúvidas”, revela Marcia. Ainda que não encontre logo o seu par perfeito, o conselho da psicóloga Débora é não desistir: “Continue arriscando-se, buscando e acreditando que vai encontrar alguém. É só uma questão de tempo. Se não aparecer alguém, é porque ainda não chegou a hora. Enquanto isso, a pessoa deve viver da melhor maneira possível”. Para Marcia, também é essencial que os agenciados hajam sem excessos de expectativas. Assim, se uma pessoa livre tiver vontade de encontrar um grande amor através das agências de namoro, Cláudya acredita na possibilidade de que o romance dê certo: “Nossa maior eficiência é trabalhar para unir as pessoas. Inclusive já fui madrinha de casamento de inúmeros casais”. Para Débora, antes de recorrer a esse método, é imprescindível que a pessoa busque o seu parceiro do modo tradicional. “Socialize-se com as pessoas de forma direta. Caso todas as alternativas sejam frustadas e não haja mais recursos pelo contato físico, aí sim, proponho que busque uma agência especializada”, sugere. Marcia assegura a eficiência da agência em sua vida: “Costumo dizer que, se não fosse por isso, provavelmente eu continuaria sozinha, já que é difícil encontrar pessoas dispostas para relacionamentos sérios hoje em dia”. E Prestes reforça: “A eficiência é total, pois são namoros que trazem certificado de satisfação”.

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Amor&Sexo

Anorgasmia

feminina A

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norgasmia. Você sabe o que é isso? Trata-se de uma disfunção sexual que pode acometer homens e mulheres. Mas, neste texto, vamos abordar a anorgasmia feminina, que é a impossibilidade total ou parcial de atingir o orgasmo. Hoje sabemos que não há nenhuma razão para a mulher que enfrenta, sem problemas, as duas primeiras fases da resposta sexual (ou seja, fase do desejo e da excitação), não ter um ou mais orgasmos durante a relação. O primeiro fantasma a ser afugentado pela mulher é o medo de ser rotulada de “frígida”, pois isto a leva a canalizar toda a vontade na obtenção do orgasmo, o que impede o abandono indispensável às sensações de gozo ou leva a mulher a simular o clímax para satisfazer o companheiro. Toda mulher deve aprender e transmitir ao parceiro a fisiologia dos seus órgãos genitais e as técnicas de estimulação que prefere, superando pudores e preconceitos que a impeçam de solicitar determinadas carícias e posições. A primeira meta do tratamento é ajudar a mulher para que ela se permita gozar, dissipando o medo do pecado e do consequente castigo, ou a sensação de não merecimento. Em seguida, é preci-

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Carla Cecarello

Psicóloga e Sexóloga carlacecarello.com.br

so que ela reconheça, por exploração e com a ajuda de um espelho, as diferentes partes de seus órgãos genitais, e se nunca teve um orgasmo, que chegue a ele por meio de carícias para identificar os pontos mais sensíveis e as técnicas mais eficazes. Por último, ela mesma deve explicar ao parceiro, estável ou ocasional, o que precisa dele para que ambos tirem o maior proveito possível do encontro sexual. Cada mulher tem sensibilidade e ritmos exclusivos, individuais, mas todos os homens deveriam saber que, em termos gerais: 1) A mulher requer mais tempo de estimulação para chegar ao orgasmo. 2) As zonas erógenas femininas são dispersas e não concentradas apenas nos órgãos genitais. 3) Na mulher, a nuca, os ombros, os seios, as nádegas e a face interna das coxas costumam ser zonas erógenas, e sua estimulação não deve ser esquecida. 4) Ainda que o clitóris seja o centro da resposta orgástica, o homem não deve arriscar-se a estimulá-lo sem preliminares, pois isso pode ser doloroso e inibir definitivamente o clímax. 5) Uma vez iniciada a estimulação do clitóris, cada interrupção faz com que o arco orgástico retorne ao ponto de partida. 6) Antes de tocar diretamente o clitóris, deve-se acariciar as zonas próximas do clitóris, chamadas de zonas periclitorianas. 7) É preciso evitar o medo da gravidez com um método contraceptivo em que a mulher confie. Ao mesmo tempo, recomenda-se à mulher os seguintes exercícios: 1) Contrair e relaxar os músculos da vagina. 2) Contrair os músculos periclitorianos, como se desejasse reter o desejo de urinar. 3) Contrair e relaxar ritmicamente o esfíncter anal. Mesmo com todos esses exercícios, o acompanhamento com um psicólogo especialista em sexualidade se faz necessário.


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Comportamento

Língua solta por Emerson Roberto

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comum o ser humano observar o comportamento alheio. Seja para aprender, copiar ou se basear nele para mudar a sua própria conduta, ou até mesmo a própria vida. É com a observação que se percebe o diferente, o bizarro, o excêntrico e o que foge do protótipo. A partir disso é que começam as trocas de opiniões sobre o que foi observado. “Todo mundo faz comentários sobre a vida alheia. A vontade de passar informações faz parte do ser humano. É uma ação natural e normal, mas na maioria das vezes nos esquecemos do outro e não medimos as consequências das nossas palavras”, diz a psicóloga e escritora Olga Tessari.

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Em geral, fofocar é falar a respeito da vida de uma pessoa. Pode ser em relação à sua forma de se vestir e se comportar ou sobre o que ela fez de inusitado, ousado e fora dos padrões. O falar é bem diferente de questionar a reputação ou o caráter de alguém. “A fofoca, por sua vez, nada mais é do que maldizer um indivíduo, seja porque ele transgride as regras, constitui uma ameaça aos padrões impostos socialmente ou porque existe apenas o desejo de difamar a imagem dessa pessoa por inveja ou medo”, explica a psicóloga. De acordo com o dicionário, a fofoca é a afirmação não baseada em fatos concretos com a intenção de enganar ou transmitir falsa impressão sobre uma


pessoa. Foi o que aconteceu na vida real com Alice, há algum tempo. Conforme ela, uma mera conhecida passou a difamar sua vida e inventou histórias absurdas a seu respeito. A fofoqueira fez ligações anônimas para o marido de Alice, Rafael, e afirmou que sua esposa o traía e sustentava o suposto amante. Além disso, exigiu que ele tomasse providências a respeito do assunto. Todas essas ligações eram feitas nos momentos em que Alice estava em seu horário de trabalho. A situação ficou insustentável e Rafael contou o ocorrido para a esposa. Esta, por sua vez, passou a investigar o caso. Além dos telefonemas, a mulher também mandou mensagens via celular para Rafael, caluniando Alice. Para a sorte da vítima, foi a partir desse número de celular que ela conseguiu fazer o boletim de ocorrência na delegacia e descobrir quem era a fofoqueira. Com isso Alice pôde processar a difamadora por calúnia, difamação e perturbação de sossego e moral. Sem condições financeiras para pagar tais danos, a pessoa presta, atualmente, serviços à comunidade. Segundo Olga, a necessidade da fofoca nos casos em que pessoas prejudicam a imagem de outras está ligada, em geral, ao sentimento de inferioridade e à baixa autoestima. “No entanto, alguns sentem prazer em falar da vida alheia apenas por diversão, enquanto outros se preocupam em saber e relatar as fofocas porque consideram a sua própria vida monótona.” Em muitos casos, o ato de fofocar faz com que a pessoa se sinta parte de um determinado grupo. “Aqueles que vivem querendo agradar são extremamente carentes e desejam compartilhar a informação que receberam para se sentirem parte de uma turma. Isso ocorre porque se consideram deixadas de lado e, por isso, se tornam fofoqueiras”, explica a psicóloga. De acordo com a especialista, dependendo do que o fofoqueiro diz, ele pode perder a confiança das pessoas à sua volta, que podem se afastar por temer a convivência com o “língua solta”. “Portanto, a longo prazo, o fofoqueiro pode se sentir isolado ou solitário, sem contar que, em represália às fofocas, algumas pessoas podem querer se vingar

do linguarudo, fazendo-lhe algo que pode gerar muito sofrimento”, ressalta. Segundo a psicóloga, fofocar é uma atitude que está relacionada à personalidade de cada pessoa. Alguém invejoso desperta em si o desejo de prejudicar o próximo com a difamação, como uma forma de diminuir a pessoa de quem ela tem inveja. Enquanto isso, quem é vaidoso costuma ser orgulhoso e arrogante. Esses fatores podem levá-lo a fofocar. Já os egoístas são indiferentes com os seus semelhantes e a sua falta de escrúpulos pode levá-los a inventar mentiras ou fazer fofocas sobre os outros. Fofocar é um comportamento indelicado, faz mal e o fofoqueiro passa a imagem de não ter coisas mais importantes para fazer na vida, a não ser falar mal dos outros. Por isso, também é importante tomar cuidado com esse tipo de comportamento no ambiente de trabalho. “O fofoqueiro, dentro de uma empresa, pode paralisar o desempenho e ameaçar potencialmente a sobrevivência das relações de uma equipe por sua falta de ética. Para ele, é mais cômodo assistir ao trabalho dos outros colaboradores da empresa e apontar as falhas cometidas do que assumir riscos”, explica Olga. Para se defender dessas leviandades que podem causar estragos enormes, muita mágoa e amargura nos envolvidos, a psicóloga aconselha: “Tirar satisfações está fora de cogitação, até porque, na maioria das vezes, é a palavra de um contra a do outro. Então, o melhor mesmo é ignorar, pois dessa forma o fofoqueiro não consegue o seu intento. E, caso o fofoqueiro venha falar mal de alguém diretamente para você, elogie a pessoa que está sendo o alvo da fofoca e defenda-a. Esse é o antídoto certo para calar o fofoqueiro”. E para quem sofre do mal de fofocar, existe tratamento psicológico para tal. Dessa forma, o fofoqueiro poderá descobrir os fatores que o levam a agir dessa maneira. “A pessoa irá aprender a lidar com eles e superá-los de forma que não necessite mais fazer uso de boatos para se sentir enturmado ou ter as atenções voltadas somente para si”, como informa Olga. Fofocas, portanto, podem ser bem-vindas, desde que não prejudiquem a vida de ninguém.

“Todo mundo faz comentários sobre a vida alheia. A vontade de passar informações faz parte do ser humano.” Olga Tessari, psicóloga

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Comportamento

HIPOCONDRIA por Emerson Roberto

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hipocondria é um transtorno mental caracterizado pela crença, por parte do acometido, de que ele tem uma doença grave e progressiva, apesar dos exames físicos e laboratoriais indicarem o contrário. Segundo a psiquiatra Simone Barazzetti Olsson, há relatos de que a hipocondria pode acometer desde crianças até idosos. “Mas não se sabe qual idade é estatisticamente mais atingida pelo transtorno”, diz ela. O analista administrativo Roger Abrantes descobriu que possui esse problema há dois anos. Ele percebeu isso quando começou a frequentar médicos por apresentar uma simples gripe viral. “O diagnóstico podia ser até mesmo um resfriado, porém, meu maior medo era que se transformasse em uma pneumonia ou, na pior das hipóteses, fosse uma dessas recentes gripes, H1N1, que pode levar a óbito”, conta ele. “Cheguei a ir inúmeras vezes ao mé-

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dico. Em uma visita ao clínico geral, ele me solicitou o acompanhamento de um psicólogo”, lembra. De acordo com Simone, mesmo ao receber exames com os resultados normais, o hipocondríaco continua a crer que possui a doença que projetou. Dificilmente ele se convence de que não possui nada. Outra característica comum de quem sofre com o problema é acreditar que possui mais de uma enfermidade. Segundo Roger, houve momentos em que ele pensou ser vítima de um câncer bucal: “Tive que passar por vários especialistas para acreditar que estava tudo bem mesmo”. Para a psiquiatra, a família não deve reforçar tal crença, demonstrar preocupação com a doença imaginária do hipocondríaco e nem ajudá-lo a agendar novas consultas para investigar o “problema”. “O melhor a se fazer é mostrar empatia pelo sofrimento da pessoa e oferecer ajuda de outra


forma: indicá-lo a procurar uma consulta com psiquiatra ou psicólogo e justificar que esses profissionais poderão ajudá-lo a aliviar a aflição, pois é comum que haja um quadro depressivo associado à hipocondria”, explica ela. A automedicação pode acompanhar a hipocondria. “Mas não é uma característica exclusiva e essencial desta doença. Pode estar presente, mas não necessariamente”, afirma a psiquiatra. Já Abrantes admite que sempre se automedicou. “Mas agora, com a situação contralada, tem se tornado um hábito menos frequente”, contrapõe. Procurar respostas na internet para as doenças também pode ser um sintoma de quem está sofrendo com a hipocondria. “Por preocupar-se persistentemente com o fato de ter uma doença grave, é comum o hipocondríaco passar muito tempo online pesquisando sobre os sintomas da doença que acredita ter”, ressalta Simone. Roger corrobora: “Quando creio estar com algum problema de saúde, pesquiso em mais de um site para verificar se todos indicam o mesmo tratamento para tal. Se mais de

um fornecer a mesma indicação, o passo seguinte é correr para a farmácia mais próxima”. O tratamento da hipocondria se faz essencialmente com psicoterapia. “Quanto antes for começada, melhor o prognóstico”, garante Simone. “Medicamentos são indicados apenas quando há doenças associadas, como a depressão ou delírios”, completa. Além da força de vontade, é dessa forma que Abrantes controla o seu problema: “Procurei ajuda em centros de psicologia. Trata-se de uma batalha interior, na qual não posso deixar que o meu ‘achismo’ me vença. E eu também fui medicado com remédios para a depressão”. De acordo com a psiquiatra Simone, não existe cura para a hipocondria. “O que há é um controle e uma estabilização do quadro”, explica. E Roger aconselha: “A partir do reconhecimento do problema, passei a não ser tão refém da hipocondria e a ter um controle maior sobre o que ela realmente é. Por isso, recomendo a busca de um profissional para o diagnóstico. E lembre-se de que a força de vontade é fundamental para o tratamento”.

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Comportamento

Síndrome do Ninho Vazio quando o apego se torna um problema por Jéssica Tokarski

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enho 53 anos de idade, sou divorciada há 12 anos e tenho três filhos (26, 22 e 18 anos). Há um ano, o mais velho disse que iria passar uns dias trabalhando em outro estado. Uma semana depois ele telefonou avisando-me que, na verdade, estava morando com uma moça. Embora ele fosse o primeiro filho e mesmo os outros dois ficando comigo em casa, senti uma tristeza muito profunda, uma perda enorme, um sentimento de inutilidade, de vazio e medo de ficar sozinha. Os sintomas físicos foram falta de ar constante, surgimento de cabelos brancos e um aumento de nove quilos

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no período de um ano.” (M.M.) A dona do relato acima sofre com a Síndrome do Ninho Vazio, um problema sério que pode acometer a vida de pessoas extremamente ligadas aos seus filhos e parentes próximos. Segundo a psicoterapeuta Suely Moliterno, o comportamento, normalmente, surge quando os filhos se casam ou saem de casa. “Houve um investimento de energia, tempo e dedicação por parte dos pais. Durante anos eles sempre mantiveram o foco da sua atenção no crescimento dos filhos e, de repente, não há mais ninguém ali. Ninguém mais precisa crescer


ou necessita de atenção. Acontece um conjunto de sentimentos: grande perda, vazio, inutilidade, abandono e solidão.” É mais comum que as mulheres apresentem esta síndrome, uma vez que as mães costumam focar mais nos filhos do que os pais. “Entretanto, até avós ou irmãos mais velhos podem sentir-se desta maneira”, revela a psicoterapeuta. Geralmente, pessoas que já têm problemas de depressão ou baixa autoestima são mais propensas a vivenciarem a síndrome. Contudo, perder o interesse pela vida ou pelo trabalho não é o principal sintoma. Além do

grande vazio e da sensação de perda, outros sinais são observados: “Podem ocorrer transtornos alimentares, de sono ou de humor, compulsões, uso de álcool e até pensamentos suicidas”. Pessoas com tendência a esse tipo de comportamento podem, com simples atitudes, evitar que a síndrome se desenvolva. “Basta elaborar um plano B de vida. Pode-se manter acesa a chama do casamento e focar na vida a dois, praticar voluntariado ou desenvolver profissões e atividades de acordo com o interesse de cada um”, aconselha a especialista. Dessa forma, é possível retirar um pouco do foco dos filhos e criar outros objetivos de vida. Entretanto, quando a pessoa já está sofrendo com o problema, o ideal é que os filhos mantenham a qualidade do relacionamento. É muito importante que eles, mesmo estando longe, conversem abertamente com os pais, fazendo-se presentes. “Em caso de falecimento de um dos filhos, os outros podem auxiliar neste momento.” É primordial a busca por ajuda e tratamento. Se não cuidada, a Síndrome do Ninho Vazio pode desencadear problemas de saúde física ou emocional ainda mais graves. “Há a possibilidade de acarretar depressão ou doenças autoimunes como câncer, fibromialgia e outras”, adverte Suely. Existem várias maneiras de tratamento que vão desde a psicoterapia até a psiquiatria. Segundo a especialista, a forma terapêutica mais eficaz e rápida é a psicoterapia regressiva. “Ela trata a ‘raiz’ do trauma em poucas sessões e deve ser feita com um terapeuta bem treinado.” Já a psicoterapia convencional pode levar de um a três anos para que os resultados satisfatórios de real superação sejam vistos. Na psiquiatria é necessária a utilização de medicamentos. “A medicação pode remover sintomas, mas não a causa do problema. Nos casos graves em que o indivíduo esteja muito comprometido, os remédios se fazem necessários. Porém, esse tratamento deve ser acompanhado de um psicoterapeuta também.” Suely cita as pesquisas sobre felicidade para apontar as três coisas que mais deixam as pessoas felizes: “Em primeiro lugar ajudar o próximo, seguido por cuidar de um neto, e por fim viver com a pessoa que se ama”. E é por intermédio desses argumentos que ela afirma que o sentido da vida está em construir a própria felicidade. “Se deixarmos o ego de lado e arregaçarmos as mangas para abraçar, amar e servir, seremos mais felizes.”

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Gastronomia

O verdadeiro sabor da

Batata Suíça

por Emerson Roberto

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sse prato típico da região de Berna, capital da Suíça, surgiu no Brasil quando um grupo de amigos resolveu criar um espaço dedicado à gastronomia e à cultura em São Paulo. Depois, com criatividade, o prato foi adaptado com recheios, diferente da receita tradicional, que não os leva. Trata-se de uma espécie de torta frita feita com batata e recheada com ingredientes variados. Houve uma grande aceitação dos brasileiros pelo prato. Por isso, atualmente, existem diversos sabores de batata suíça. Segundo a chef de cozinha Valéria Telles, do restaurante Bardo Batata, os recheios mais procurados são os de carnes. “Mas os contemporâneos de alcachofra com queijo fundido gruyère e os de shitake, shimeji, paris, azeite, alho e shoyo também são muito consumidos”, ressalta.

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De acordo com a chef de cozinha, as melhores batatas para o feitio desse prato são as que possuem pouca água, como a asterix e a baraka. E, por se tratar de uma iguaria artesanal, elas precisam ser cozidas por 20 minutos para que fiquem macias. “Mas não a ponto de purê. Devem ficar ‘al dente’”, completa. “E lembrem-se: as frigideiras precisam ser com teflon, para que as batatas não grudem.” A batata suíça também é conhecida como batata röstti, um termo usado para tudo o que fica dourado e crocante. “Já tentamos fazer ela assada. Mas, por amolecer e não ficar crocante, muitos ainda preferem a tradicional”, explica Valéria. Se deu água na boca, que tal correr para a cozinha e fazer essa receita ensinada pela chef Valéria Telles? Depois, é só degustar esse prato delicioso. Bom apetite.


Ingredientes - 4 batatas grandes - 50 ml de óleo de girassol - 100 g de mussarela - 1 tomate - Manjericão a gosto - Sal a gosto - 2 frigideiras com teflon Modo de fazer Descasque as batatas e cozinhe-as por aproximadamente 20 minutos, ou até que fiquem “al dente”. Retire-as do fogo e leve-as ao freezer por cerca de 10 minutos. Após retiradas, as batatas devem ser raladas na parte maior do ralador comum. Em uma frigideira antiaderente, coloque metade das batatas raladas (fazendo uma cama). Sobre as batatas coloque o queijo, o manjericão e o tomate. Tampe com a outra metade das batatas raladas. Regue com um pouco de óleo de girassol e leve ao fogo por 7 minutos, até formar uma casquinha dourada. Para virar, use outra frigideira do mesmo tamanho e deixe no fogo por mais 7 minutos, até formar outra casquinha.

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Gastronomia divulgação

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Do gosto de um menino ao sucesso de um homem Conheça a trajetória do chef Junior Durski por Débora D. Dornella

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empre adorei cheeseburger, desde o tempo que no Brasil se chamava X-Salada. Quando eu tinha 13 ou 14 anos e morava em Prudentópolis/PR, pegava um ônibus, viajava cinco horas em estradas ruins até Ponta Grossa/PR para comer três desses X-Saladas e voltava para casa...” Junior Durski É assim que começa a trajetória de um chef de cozinha renomado. Aquele gosto por hambúrgueres foi o motivo que deu início a uma história de sucesso. Além de andar de ônibus para comer esse lanche, o chef Junior Durski, que hoje é dono dos restaurantes Madero, buscou outras referências, como viagens aos Estados Unidos, com o objetivo exclusivo de conhecer os melhores restaurantes do país especializados em cheeseburguers. “Na minha opinião, esse é um prato completo, tanto no sabor quanto na parte nutricional, pois se o hambúrguer

for grelhado é muito saudável, tem fibras, proteínas e carboidratos, tudo bem equilibrado, além de não ser muito calórico”, ressalta o chef. Os cheeseburguers de Durski conquistaram e ganharam espaço. Atualmente, em seus restaurantes, representam 89,5 % dos pratos, motivo que faz com que ele sinta muito orgulho, já que se trata de um restaurante e não de uma hamburgueria. Mas a paixão pela gastronomia também deve-se aos seus pais, para ele exemplos de bons gourmets, motivo pelo qual aprendeu a gostar de comer bem. “Em 1994 fui viver na Amazônia, no estado de Rondônia, pois minha família trabalhava com madeiras e, como lá não tinha restaurantes, comecei a cozinhar em casa e acabei me apaixonando pela cozinha”, conta Durski. Para se preparar para atuar nessa área, nada melhor do que começar a trabalhar na cozinha. Foi assim que aconteceu com ele, que pôde contar com a companhia de sua mãe, a

“Na minha opinião, esse é um prato completo, tanto no sabor quanto na parte nutricional, pois se o hambúrguer for grelhado é muito saudável, tem fibras, proteínas e carboidratos, tudo bem equilibrado, além de não ser muito calórico” Élégant

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qual ele considera uma exímia cozinheira. Ele ainda leu muitos livros, viajou pelo mundo e visitou bons restaurantes. Hoje, o chef se considera um especialista em carnes e adora assá-las à lenha, como da maneira antiga. Outra paixão do chef é cozinhar frutos do mar, principalmente os camarões do litoral paranaense, que ele considera deliciosos. “Também gosto muito de preparar um bom robalo da baia de Guaratuba. Procuro sempre preservar o sabor e o frescor do peixe sem interferir muito com temperos fortes.” A escolha do nome Madero deve-se, em primeiro lugar, ao fato de Junior Durski ter sido madeireiro, e depois por fazer uma referência a Puerto Madero, um bairro de Buenos Aires conhecido pelos restaurantes de carnes assadas à lenha. O chef é bem exigente e cuida de tudo bem de perto. Nada

passa sem ele testar ou aprovar. Contudo, ele conta com a ajuda de uma equipe eficiente que lhe auxilia em todos os setores: “Hoje somos mais de 500 pessoas trabalhando nos Maderos”. O pão servido no hambúrguer é artesanal e o catchup é assinado pelo próprio chef. Todas as criações devem-se ao fato de Durski ser apaixonado por comida. “Para mim, comida e bebida são prioridade. Eu penso nisso o tempo inteiro, sonho várias vezes na semana com um bom prato e/ou uma boa garrafa de vinho, além de ler muito! Tenho mais de 300 livros de culinária, os quais li todos de cabo a rabo e os releio sempre.” Além de uma refeição com qualidade, pode-se encontrar em seus restaurantes uma variada e grande adega de vinhos, sua outra paixão. Nessa parte ele conta com o auxílio de uma equipe lide-

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fissional deve-se ao reflexo de muito trabalho, além de uma equipe de pessoas que trabalham felizes e com orgulho do que estão fazendo. A culinária na vida de Durski significa tudo: “O meu trabalho com culinária é a minha prioridade! Sempre digo que vem antes até da minha adorada família, pois sem o meu trabalho eu não poderia cuidar tão bem dela”. É com esse empenho todo e paixão pelo que faz que Durski garante que as pessoas podem sempre esperar do Madero um bom atendimento, com humildade e educação, e principalmente encontrar comida de qualidade, com calorias equilibradas e isenção de conservantes. Pois, para ele, antes de tudo um chef deve ser honesto e não abusar de conservantes e gorduras. “E o nosso próximo passo é continuar crescendo, desde que tenhamos certeza de que podemos manter a qualidade e continuar sendo felizes”, declara.

rada pelo consultor de vinhos Jorge Ferlin e pelo sommelier Arlei Kulik. Juntos, Durski conta que eles ganharam todos os prêmios em que concorreram nos anos de 2010 e 2011, no Brasil. “Adoro vinhos, bebo todos os dias. No ano passado fiquei sem beber somente 10 dias, pois todos os anos faço um regime alimentar para perder os cinco quilos que ganhei no ano e para saber se ainda posso ficar uns dias sem beber. Confesso que não sei o que é mais difícil: ficar sem comer ou sem o vinho.” Outro fator que chama atenção é a arquitetura dos restaurantes, idealizada por sua esposa e arquiteta Ketlhen Ribas Durski, de quem ele sente muito orgulho. Segundo Durski, ela é muito criativa e faz projetos fantásticos, o que ele acredita ser um dos fatores de sucesso do restaurante, já que eles são muito bonitos. Outro segredo para a realização pro-

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Gastronomia

O doce sabor do

petit gateau

por Jéssica Tokarski

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petit gateau, ou bolinho pequeno, se traduzido do francês, é conhecido no Brasil como uma sobremesa. Segundo o chef de cozinha Thiago Sodré, a receita foi criada acidentalmente nos Estados Unidos. “Na ocasião, um aprendiz de cozinha aqueceu demais o forno, sem querer. Entretanto, os clientes adoraram a receita. Dessa forma, ela se popularizou em Nova Iorque, chegando ao Brasil em meados de 1996.” O pequeno bolo de chocolate com casca crocante e recheio cremoso é comumente servido com uma bola de sorvete. A combinação proporciona

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um contraste delicioso entre o gelado do sorvete e o quente do bolinho. “O sabor de sorvete mais apropriado para o petit gateau tradicional é o de creme. Por ele ter um gosto mais neutro, deixa a ênfase do paladar da sobremesa no bolinho”, recomenda Thiago. Atualmente, inovadoras receitas têm permitido que o sabor do petit gateau não se limite apenas ao chocolate. Doce de leite, goiaba, tangerina, assim como outras frutas e até mesmo bebidas alcoólicas têm conquistado espaço nesta área. O chef Sodré ensina uma receita dessa sobremesa irresistível:


Ingredientes: - 2 ovos inteiros. - 200 g de chocolate meio amargo. - 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal. - 3 colheres (sopa) de açúcar. - 2 colheres (sopa) de farinha de trigo. - 2 gemas de ovo. - 1 bola de sorvete de sua preferência. Modo de preparo: Primeiramente, pré-aqueça seu forno à temperatura de 280°C. Depois derreta o chocolate juntamente com a manteiga. É possível fazer esse processo de duas formas: levando os pedaços quebrados do chocolate ao micro-ondas e deixando por 30 segundos, retirando para mexer e recolocando no aparelho até que esteja completamente derretido. Também é possível optar pelo tradicional banho-maria.

Depois de derreter o chocolate, bata os dois ovos e as duas gemas até formar uma espuma bem leve. Acrescente o chocolate e mexa até dissolver. Em seguida adicione a farinha, pegando um pouco da mistura dos ovos para transformá-la em uma massinha. Incorpore na mistura. As fôrmas podem ser as mesmas utilizadas para o feitio de empadas. Unte-as com óleo e farinha, colocando um pedaço de papel manteiga em forma de círculo, no fundo da fôrma, para evitar que o petit gateau grude. Encha as fôrmas até a metade com a massa. Leve ao forno por cinco a dez minutos. Para ter certeza de que a sobremesa está pronta, é necessário verificar se ela está molinha no meio e dura nas bordas. Após retirar do forno, deixe descansar por dois minutos. Para servir, retire o doce da fôrma cuidadosamente e acrescente a bola de sorvete, depois é só saborear essa delícia.

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Viagem

Conheça a

Bielorrúsia

uma relíquia preservada na europa

por Débora D. Dornella

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fotos: arquivo pessoal

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nosso destino de hoje é a Bielorrúsia, mais precisamente sua capital, Minsk. Quem nos apresenta essa cidade é o advogado e empresário Marcio Isfer Marcondes de Albuquerque. O gosto por viagens e o fascínio pelo Leste Europeu foram os motivos que o levaram a conhecer esse país e a sua capital, além de ter contato com um pouco mais de história. “A Bielorrússia, que preservou o ar comunista e ainda não está no circuito turístico, é uma ótima escolha para quem deseja ter contato com um pouco do que foi a União Soviética”, explica Marcio. O advogado conta que Minsk, além de ser uma cidade muito linda, é limpa e organizada. Os parques, as praças e a arquitetura são as principais atrações oferecidas. Por isso, ele recomenda pelo menos dois ou três dias para que se possa sentir um pouco da cultura dos locais que ainda apreciam o regime comunista. “Em conversa com os bielorrussos, fiquei com a impressão de que o regime comunista é uma resposta e forma de defesa à invasão da máfia que, de certa forma, tomou de assalto os países da antiga União Soviética, após a queda do regime.” Outra coisa que chama a atenção é a gastronomia. Albuquerque salienta que a comida, em geral, é muito calórica e bem condimentada. É possível encontrar uma rica variedade de sabores e pratos, devido à herança cultural bem diversificada. “O caviar vendido nos mercados públicos de Minsk é uma iguaria sem paralelos para aqueles que apreciam ovas de peixes. A okroshka é uma sopa fria bem tradicional e pode ser experimentada em um

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Viagem

restaurante no centro, frequentado por estudantes universitários, estrangeiros e profissionais liberais na hora do almoço”, conta Marcio. Além disso, destaca-se entre as bebidas a vodka russa, feita de trigo e consumida popularmente em grandes quantidades pelos bielorrussos. Outra vantagem é o valor da alimentação, que é mais barato comparado com o do Brasil. Segundo o advogado, a arquitetura da cidade segue a retórica do antigo partido comunista, com enormes prédios públicos e verdadeiros monumentos. “Os bairros misturam a arquitetura da ‘casa para todos’ com grandes prédios e incontáveis blocos de apartamentos, com belas residências, frutos da recente abertura econômica.”

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Se quiser conhecer a cidade, é bom gostar de frio ou estar preparado para enfrentá-lo, pois a temperatura média é de seis graus negativos, sendo que no verão os termômetros não passam dos 25 graus e, no inverno, chegam a marcar menos 20 graus. Entre a arte e a tecnologia, de acordo com o advogado, a cidade se destaca mais no último ramo, pois oferece boas escolas que formam grandes engenheiros. Para quem deseja conhecer essa cidade, Albuquerque aconselha paciência e bom humor. “Quase ninguém fala inglês e bielorrusso é realmente difícil, ou melhor, impossível de entender para quem não conhece a língua russa ou ucraniana.” Se resolver se aventurar nos encantos de Minsk, é bom dar uma estudada no russo. Depois é só ter uma ótima viagem.


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Viagem

Porto Seguro um paraíso no sul da Bahia arquivo pessoal

por Emerson Roberto

Marlos Benfica

A veterinária Jacqueline Felippetto em viagem a Porto Seguro

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ma cidade encantadora, aconchegante, com belíssimas praias e, é claro, um povo muito querido. Para mim é o paraíso.” É com essas palavras que a veterinária Jacqueline Felippetto define Porto Seguro. É um dos lugares mais procurados pelos turistas, pois é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Localiza-se na primeira região a ser descoberta pelos navegadores portugueses, em 1500. Além da beleza da cidade, o fato do local apresentar essa importância histórica também serviu de motivação para que Jacqueline o visitasse. “É muito má-

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gico conhecer a nossa história de perto. Conhecer o centro histórico, as primeiras igrejas e o local onde foi rezada a primeira missa, é muito interessante. E navegar pelo mar por onde Cabral passou é simplesmente fantástico. Todo brasileiro deveria conhecer esse lugar”, indica ela. De acordo com a veterinária, ao escolher Porto Seguro como destino é imprescindível visitar os seguintes lugares: Arraial D’ajuda, Trancoso, Praia do Espelho e o Parque Marinho do Recife de Fora. Este último local é uma área de preservação com extensão de 17,5 km². Lá encontram-se 16 das


18 espécies de corais existentes no mundo. Seu principal atrativo são as piscinas naturais que se formam durante a maré baixa. “É um lugar paradisíaco. Quando se mergulha nessas piscinas, a sensação é a mesma de quando se está dentro de um aquário, pois é possível observar uma enorme variedade de peixinhos. É realmente imperdível”, garante Jacqueline. E para quem gosta de aventuras, os passeios de helicópteros, ultraleves e banana boat são recomendados. Outra alternativa em Porto Seguro é peregrinar pela Passarela do Álcool. Nesse lugar turístico há restaurantes e bares para todos os gostos. Além disso, o artesanato apresentado nesse local é muito atrativo, inclusive aquele feito pelos índios pataxós. “Se o turista quiser conhecer as artes indígenas, poderá visitar a reserva da Jaqueira, dos índios pataxós”, recomenda Jacqueline. Opções para diversão é o que não faltam. Há também as festas noturnas realizadas nas barracas das praias localizadas à beira-mar. “As do complexo de lazer Tôa Tôa e as da Ilha dos Aquários são fantásticas. Realmente é difícil escolher qual é a melhor,

porque tudo é muito bem organizado e bonito”. A culinária do lugar é excelente. Tem influência das culturas africana, portuguesa e indígena. “Eu, particularmente, adoro cocada, manjar e quindim. O creme de aipim e o escondidinho de carne seca são meus pratos preferidos. Um sabor inigualável”, relata a veterinária. Segundo Jacqueline, a rede hoteleira de Porto Seguro é muito bem estruturada. “O hotel em que eu me hospedo fica de frente para o mar e é muito aconchegante. Localiza-se na praia de Taperapuan, uma das mais belas da cidade.” Porto Seguro possui um povo receptivo, amoroso e alegre. “Eu sou apaixonada pela cidade e pelos baianos. E me considero baiana de alma e de coração”, conta Jacqueline. É o lugar ideal para se divertir e, ao mesmo tempo, relaxar. “Esqueçam os problemas e sejam felizes. Aprendam com eles o verdadeiro significado de qualidade de vida. Eu conheço todo o nordeste, mas sou encantada por Porto Seguro. Pelo menos duas vezes por ano visito esse local. É onde ‘carrego as minhas baterias’. Essa cidade é simplesmente fascinante.”

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Economia&Negócios

O poder dos

cartões de crédito por Emerson Roberto

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cartão de crédito serve como instrumento substitutivo da moeda para facilitar as transações financeiras. Segundo o professor de economia Antonio Zotarelli, da Universidade Estadual de Maringá, é um cartão plástico, credenciado por suas administradoras, que dá direito ao titular de realizar compras em estabelecimentos comerciais. “Seja para pagamento único, no vencimento da fatura, parcelado ou de acordo com o limite de crédito fixado pela administradora”, explica Zotarelli. Além disso, os cartões de crédito permitem às pessoas que realizem saques em dinheiro nos terminais bancários credenciados. “Hoje temos os cartões que são emitidos pelas administradoras vinculadas aos conglomerados bancários e às grandes lojas de departamentos”, esclarece o economista. De acordo com Zotarelli, possuir cartões de vários

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estabelecimentos diferentes não é vantajoso. “Afinal, não fazemos compras todos os meses em várias lojas”, diz. “Além disso, normalmente os lugares que possuem cartão próprio também aceitam pagamentos com cartões de outras bandeiras. E o que temos visto é que os cartões de algumas lojas não apresentam vantagens em relação a outros”, explica ele. Uma dúvida constante para os usuários é sobre as taxas de anuidade. Segundo o professor, elas são cobradas pelas administradoras para que se tenha uma fonte de receita pelos serviços prestados, pela emissão do cartão plástico, dos extratos etc. “Mas essa taxa pode ser negociada de acordo com a movimentação que o cliente mantém com a administradora. Em muitos casos, elas podem conceder a sua isenção”, explica. Ter apenas um cartão de crédito é o ideal para uma pessoa. “No máximo dois, com vencimentos


diferentes”, aconselha o especialista. “No entanto, caso a pessoa seja extremamente controlada e disciplinada, nada impede que tenha mais de um.” O fisioterapeuta Marcelo Rodrigues Bueno, que atualmente possui dois cartões de crédito, optou em tê-los para realizar compras parceladas e usá-los em momentos de necessidade. Cartões em excesso contribuem para o descontrole financeiro do usuário. “Principalmente nos dias atuais em que nós, consumidores, vivemos sob três fortes pressões: do crédito, do consumo e, consequentemente, das dívidas, em um processo de retroalimentação contínuo e crescente”, relata o economista. Bueno, durante um período de sua vida, foi o exemplo de quem já teve problemas de dívidas causadas por cartões de crédito. “Quando morava com meus amigos, na maior parte das vezes as despesas da casa eram pagas com o cartão. Quando me dei conta, os valores das faturas estavam altíssimos e fora do meu alcance para o pagamento”, expõe. “Por consequência disso, o crédito foi bloqueado, já que houve falta de pagamento da fatura”, completa. Segundo Zotarelli, o ideal é utilizar os cartões de crédito quando o orçamento doméstico for bem organizado. “Tendo nossas contas sob controle e o pagamento da fatura em seu vencimento, deve-se utilizá-los”, informa. “Porém, se não tivermos disciplina, devemos evitar o seu uso.” Também é recomendado, segundo o economista, que haja um bom planejamento. “É necessário um orçamento doméstico bem elaborado e um acompanhamento constante das nossas contas.” Para solucionar seu problema, que ocorreu em 2009, Bueno precisou fazer um empréstimo bancário para saldar as dívidas. “E, até hoje, pago para o banco o que emprestei.” Nos dias de hoje, para ter um maior controle sobre o que gasta, o fisioterapeuta conta que possui apenas dois cartões de

crédito. “Porém, solicitei que o limite deles fosse diminuído para um valor inferior. Dessa forma posso pagar tranquilamente”, relata. Se houver um descontrole como aconteceu com Bueno, Zotarelli indica que o ideal é destruir imediatamente o cartão de crédito. Depois, fazer um levantamento de toda a dívida, revisar o fluxo de caixa através do orçamento mais realista possível e verificar o quanto poderá ser pago por mês para quitar a dívida do cartão. “Tendo certeza que poderá dispor de uma parcela X para a liquidação do saldo devedor, entre em contato com a administradora do cartão e tente uma negociação. Isso fará com que a taxa de juros deixe de ser aquela taxa de crédito rotativo, altíssima, e passe para um nível suportável para o devedor”, sugere. “O que não pode acontecer é o cliente deixar de pagar o cartão ou pagar a parcela mínima, porque a taxa de juros normal dos cartões está acima de 10% ao mês. Se o devedor agir dessa forma, essa dívida não se extinguirá mais.” Após suas compras, lembre-se de guardar todos os comprovantes das contas pagas com o cartão de crédito até que a fatura os registre, para provar que já foram processados. “Depois, recomendo guardar a fatura pelo prazo regulamentar ou até que a administradora do cartão envie uma correspondência dando quitação de todos os débitos até determinada data”, diz Zotarelli. O cartão de crédito, assim como o dinheiro, deve ser um instrumento que contribua para que se tenha melhor qualidade de vida. “Se a pessoa não consegue ficar sem, é importante que ela tenha um bom relacionamento com esse cartão, pois ele tem o mesmo significado que o dinheiro”, recomenda o professor de economia. “Gaste o que você realmente tem. Hoje em dia, uso meu cartão com consciência e precaução”, completa Bueno.

“Após suas compras, lembre-se de guardar todos os comprovantes das contas pagas com o cartão de crédito até que a fatura os registre, para provar que já foram processados” Élégant

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Economia&Negócios

Como surge a por Débora D. Dornella

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onta-se que existiu um reino no qual vivia um homem muito sábio, e que todas as questões levadas a ele eram solucionadas. Uma vez, um jovem resolveu desafiá-lo, pois não acreditava que aquele homem poderia saber tanto. Por isso ele descobriu uma forma de enganá-lo. Colocou em suas mãos, levemente fechadas, um pequeno pássaro vivo e perguntou para o sábio se o animal estava vivo ou morto. Se o sábio respondesse que estava vivo, ele o apertaria com os dedos e o mataria. Se respondesse que estava morto, ele abriria a mão e o pássaro sairia voando. Era um plano perfeito, nada daria errado. Porém, para a sua surpresa, o sábio olhou bem em seus olhos e disse àquele jovem que a vida daquele pássaro estava em suas mãos. Esta história é um ótimo exemplo de liderança, pois, quando você é líder, precisa agir sabiamente e não por impulso. É preciso saber que sempre poderá existir alguém querendo colocá-lo à prova. Para a professora da FAE Centro Universitário e especialista em recursos humanos Nancy Malschitzky, a liderança pode surgir de uma habilidade inata da pes-

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soa ou ser desenvolvida de acordo com o interesse e a necessidade individual. Liderar é uma competência com caráter relacional, pois precisa da relação entre duas ou mais pessoas e fundamenta-se no exercício da influência. Segundo Nancy, a regra é despertar o desejo, interesse e entusiasmo no outro, a fim de que ele desenvolva suas atividades com desempenho favorável para obter maiores e melhores resultados. Também pode existir a liderança situacional, que é determinada pelas consequências. A motivação está relacionada a esse comportamento. Segundo a professora, quando a pessoa não se sente engajada em querer assumir as responsabilidades de um líder, ela não terá entusiasmo para conduzir uma equipe. Além de motivado, um líder deve, antes de tudo, ser um gestor de pessoas e saber lidar com a diversidade e as várias gerações que existem em uma equipe. Ele precisa atuar como educador, negociador, incentivador e coordenador. Nancy coloca como principais


liderança características necessárias para se tornar um líder: saber se comunicar; dar e receber feedback; tomar decisões e ações assertivas, com objetivos orientados pelos resultados; apresentar espírito democrático; ser bom orientador e estar presente durante o desenvolvimento dos trabalhos da equipe; saber aonde quer chegar e comunicar esta visão à sua equipe; provocar empowerment (transferir deliberadamente o poder na busca da excelência de resultados); demonstrar competência pessoal, estratégica, interpessoal, política, administrativa e técnica; e, por fim, ser autêntico e possuir caráter positivo, desta forma permitindo que seus liderados possam ter um tratamento de respeito e não de poder. “Acredito que o segredo é saber se relacionar com humildade e conduzir as pessoas com segurança e coragem para encarar novos desafios, conciliando os objetivos de seus liderados com os objetivos da organização”, acrescenta a professora, que também revela a importância do líder ter uma habilidade de comunicação desenvolvida para saber ouvir seus liderados e não impor suas posições.

Uma das dúvidas que surgem no papel de liderança é se o líder deve ser amigo da sua equipe ou somente se restringir a contatos profissionais. Nancy conta que a amizade pode ser criada em função da confiança que se adquire em um processo relacional. “Porém, não pode ser confundida com o papel profissional desenvolvido em ambientes de trabalho, pois as decisões do líder sempre deverão ser tomadas de maneira impessoal, sem prejudicar os papéis”. Se a pessoa já é amiga antes de se tornar o líder, deve ter como pensamento que liderança não combina com poder e que o relacionamento com seus amigos deve continuar o mesmo, mas lembrar que as responsabilidades são outras, deixando claro quais são elas e como todos deverão compartilhá-las. Para concluir, Nancy salienta que é importante que o líder tenha sua consciência tranquila de que faz as coisas da melhor maneira. “É importante que um verdadeiro líder seja capaz de olhar para trás na sua carreira com a confiança de ter feito o que acreditava ser necessário, mais do que apenas se lembrar de como estava ocupado nas suas diversas posições”.

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Economia&Negócios

Conheça o que são as

empresas

Júniores

por Emerson Roberto

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rata-se de uma consultoria formada e gerida por alunos de graduação, a qual lhes proporciona experiência de mercado e lições de gestão. Funciona como uma empresa comum, mas que precisa ter a supervisão de um profissional. Podem ser realizados diversos projetos pelas Empresas Júniores (EJs), sejam eles de engenharia, administração, economia, farmácia etc. De acordo com o atual conselheiro da Tetris Empresa Júnior de Construção Civil, Jamil Moises Frare Assis, 20 anos, atualmente temos mais de 1.200 EJs no Brasil. “E no ano de 2010, segundo o projeto Censo da Brasil Júnior, cerca de 27.800 empresários júniores estavam espalhados em 169 cursos de 64 instituições de ensino superior, em todas as regiões do país”, conta. Dentro das Empresas Júniores, os alunos podem crescer em duas vertentes principais: profissional e pessoal. “Seja aprendendo na prática as atividades da graduação, gerenciando uma equipe de pessoas dos mais variados perfis, atendendo a clientes ou, simplesmente, fazendo parte de uma equipe. Tudo isso proporciona uma vivência única que não está incluída na ementa da maioria dos cursos de graduação”, explica Iago de Oliveira, 19 anos, atual diretor de marketing da Empresa Tetris. “Quando se é membro de uma Empresa Iago de Oliveira,

Júnior, o aluno passa a entender o funcionamento de uma corporação como um todo, descobre as reais necessidades do cliente e tem acesso a cursos e treinamentos”, completa. Cada Empresa Júnior possui seu professor orientador. “É uma prática comum. E é importante buscar não apenas esse professor, mas qualquer profissional, dentro e fora da universidade, que possa auxiliar nas atividades da empresa e em seus serviços”, indica Assis. Com a crescente divulgação das Empresas Júniores, bem como de suas atividades e vantagens, o público nota, cada vez mais, as possibilidades que elas oferecem para os alunos. “O apoio por parte das instituições de ensino é, também, cada vez maior. Além da troca de informações entre as próprias EJs, independentemente da sua área de atuação, ficam ainda mais visíveis para os alunos as vantagens de fazer parte de uma Empresa Júnior”, garante Oliveira. É importante saber também que as EJs, junto com as suas atividades, contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo. “Mas é preciso ter esse espírito empreendedor, pois a iniciativa e a pró-atividade são, com certeza, as principais características do empresário júnior”, afirma Assis.

“Quando se é membro de uma Empresa Júnior, o aluno passa a entender o funcionamento de uma corporação como um todo...”

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diretor de Marketing


Economia&Negócios

Trainees

os futuros grandes líderes por Jéssica Tokarski

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tualmente, uma vaga que vem sendo muito cobiçada dentro das empresas, principalmente por jovens recém-formados, é a de trainee. Trata-se de um tipo de programa que tem como objetivo identificar, treinar e desenvolver jovens talentos com potencial e competências para serem futuros líderes da organização. Segundo a consultora de RH da Catho Online Daniella Correa, esse tipo de seleção tem um maior foco em posições estratégicas de liderança e busca características específicas em seus integrantes. “Normalmente o público-alvo destes programas são recém-formados ou pessoas que tenham concluído o curso, no máximo, há dois anos. Não é necessário ter experiência profissional, mas é desejável ter uma sólida formação acadêmica, fluência em outros idiomas e domínio em informática”, explica. Como trainee, o contratado pode trabalhar em mais de uma área profissional e até em um campo diferente da sua formação, já que o objetivo é adquirir a experiência necessária para atingir uma posição estratégica na empresa. “Este profissional terá contato com praticamente todos os departamentos da organização para compreender e interagir com a cultura da empresa, além de aprender conceitos e aprofundar seu conhecimento sobre o negócio”, revela a consultora. Contudo, entrar no programa não é uma garantia de que será efetivado pela empresa. Apesar da corporação investir dinheiro, tempo e pessoal para treinar estas pes-

soas, a efetivação só acontece com aqueles que se demonstrarem aptos para os cargos em questão. “O profissional já está atuando na empresa, mas está dentro de um projeto com data para acabar e, portanto, precisa destacar-se para continuar na organização após seu término”, diz Daniella. Entretanto, as chances de que o emprego se concretize são grandes, afinal este é o foco da seleção. “Na maioria dos programas, o objetivo é que o profissional seja treinado para ocupar uma posição gerencial em até cinco anos.” Em média, a duração do trainee varia entre um e dois anos. Além de criatividade, boa comunicação, flexibilidade, capacidade de análise, bom relacionamento interpessoal e facilidade para trabalhar em equipe, outras dicas importantes para um bom desempenho no cargo são passadas pela consultora de RH: “O trabalho deve ser considerado como ‘efetivo’ desde o primeiro dia. Procure demonstrar agilidade em suas tarefas, mantendo sempre a qualidade; demonstre pró-atividade; cumpra seus compromissos sempre no prazo determinado; destaque-se pela sua educação e desenvoltura no relacionamento com clientes, colegas de trabalho e superiores; seja pontual; tome cuidado com a qualidade da comunicação verbal e escrita e demonstre resultado aos gestores, por meio de reuniões ou relatórios”. O programa de trainee, portanto, é mais uma opção acessível e prática para aqueles que desejam ingressar no mercado profissional.

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Tecnologia

Tecnologia demais, autocontrole de menos por Jéssica Tokarski

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om as facilidades que a tecnologia tem trazido ao mundo, atualmente é raro encontrar pessoas que não andem constantemente com algum tipo de aparelho tecnológico portátil. O gosto pela tecnologia aumenta de acordo com a sua popularização. Entretanto, há uma linha tênue entre aproveitar os benefícios dessas novas invenções e tornar-se dependente delas. Esse tipo de vício se tornou tão comum que acabou virando um problema. Nomofobia é o termo utilizado para nomear o medo de ficar sem a possibilidade de se comunicar pelo telefone celular. “A nomofobia se expressa na angústia da privação do celular. E, desta forma, a impossibilidade de comunicação, de confirmar ou desmarcar compromissos ou ainda de manter contato com o trabalho”, explica o psiquia-

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tra Eduardo Adnet. A nomenclatura utilizada para o problema surgiu no Reino Unido, através de um estudo sobre situações de estresse relacionadas ao uso de celulares. “Atualmente, existem diversos outros estudos relacionados ao uso da tecnologia no dia a dia das pessoas. Grande parte está relacionada ao uso excessivo de computadores, ao abuso de videogames e também a determinadas mudanças de comportamento em razão de um envolvimento patológico com a chamada ‘realidade virtual’.” O principal sintoma da nomofobia é a ansiedade, comumente verificada nos casos em que o acometido encontra-se sem o aparelho celular. O faturista Jean de Sá, ao ver-se incomunicável, passa por situações que lhe causam desespero: “Parece que todas as pessoas estão falando comigo e eu não estou ali


para responder. Sinto também que há alguma notícia importante para mim ou para meu trabalho que não estou sabendo. Parece que estou completamente desatualizado”. Segundo Adnet, há determinados casos em que se pode chegar até mesmo a uma sensação de pânico. “Há pessoas que já manifestam sinais de ansiedade em menos de uma hora sem verificarem as mensagens no celular. Angústia, dores de estômago, agitação, tonturas, suor frio, náuseas, aceleração dos batimentos cardíacos e até alterações de humor têm sido relatados por pessoas que sofrem de nomofobia.” O jornalista Paulo Sérgio Moraes já passou por diversas situações atípicas para poder continuar conectado ao seu celular. “Antes de ter um celular com bastante capacidade de bateria, eu tinha que implorar para carregar o aparelho.

Já atrasei uma parada de ônibus, do Rio de Janeiro para Paranavaí, para conseguir dar uma carga maior no dispositivo”, conta. Atualmente, ele possui uma bateria extra que leva a todos os lugares, para evitar esse tipo de empecilho. E a preocupação para que o objeto não fique descarregado é algo em comum entre os dependentes de tecnologia. “O carregador fica junto ao meu celular e tenho também um carregador para o carro, caso haja algum imprevisto. Mas, se acontece alguma situação em que a bateria está acabando e não tenho como carregar, o nervosismo começa. Tento avisar a todos que talvez possam me ligar e combinar tudo o que preciso antes que a bateria acabe mesmo”, revela Sá. Essa dependência pode se tornar prejudicial para a vida da pessoa, uma vez que até mesmo o

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Tecnologia

rendimento geral do indivíduo pode declinar consideravelmente por consequência do vício. Segundo Adnet, os locais que não permitem a utilização destes dispositivos, como salas de cinema, teatro e reuniões de trabalho, tornam-se um problema para essas pessoas, fazendo com que elas passem a evitá-los para não passar pelas crises de ansiedade: “Como em outras condições psiquiátricas, o acometido frequentemente busca disfarçar dos outros sua doença. Por isso, o nomofóbico pode, eventualmente, sentir-se desconfortável ao perceber que pessoas à sua volta estão notando alterações em seu comportamento ou atitudes estranhas relacionadas ao celular. Isso pode aumentar ainda mais a aflição”. O limite entre um comportamento ou hábito corriqueiro e um comportamento patológico é o prejuízo e o sofrimento causados pela conduta doentia. “Muitas pessoas podem experimentar algum grau de desconforto, de inquietação e até mesmo de ansiedade por estarem privadas de seus celulares durante algum tempo. Contudo, reconhecem nisto algo possível de ocorrer e não se desesperam. Porém, se já há sofrimentos persistentes e prejuízos evidentes à pessoa, pode se caracterizar a nomofobia”, esclarece o psiquiatra. Para Sá, que praticamente só deixa de utilizar aparelhos eletrônicos quando está dormindo, desvincular-se da tecnologia é muito complicado. “Quando não estou com meu celular, estou no computador. Quando não estou no computador, estou vendo televisão. No carro utilizo GPS e rádio. Entretanto, as piores situações ocorrem na praia, onde todos estão se divertindo com a água, o sol e as brincadeiras. Eu tento não perder tudo isso, mas sempre que tenho

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um tempo, corro para dar uma olhada na internet”, comenta. Já Moraes, que gasta mensalmente mais de três mil horas em ligações, afirma que seu celular é tudo o que precisa para viver e se desespera com a simples lembrança de, um dia, ter esquecido seu principal companheiro. “Teve um episódio em que eu acabei deixando o aparelho em uma loja de conveniência em frente à minha casa. Surtei. Como ele estava sem bateria, não tinha como localizá-lo. Hoje já existem serviços de localização. Desta forma, mesmo que seja roubado, é possível encontrá-lo”, lembra. Adnet alerta que pode ser difícil perceber o problema, principalmente pelo fato de que, atualmente, é comum ver as pessoas com celulares todos os dias e por todos os lados. “Mas, ainda que muitos não saibam o que é nomofobia, familiares e amigos podem perceber a existência de certa ansiedade relacionada aos aparelhos.” Segundo o psiquiatra, em alguns casos medidas práticas como exercitar o autocontrole, mudar hábitos extremados e buscar novas estratégias para lidar com a comunicação já podem ser medidas eficazes. “Todavia, há situações mais extremas, nas quais uma intervenção profissional pode ser necessária. O uso de medicação também pode ser de grande valia, sobretudo para o controle dos episódios ansiosos que, eventualmente, podem ser significativamente sérios”, aconselha Adnet, que acredita na máxima “Hábitos mal controlados podem se transformar em vícios”. E adverte: “Vícios sempre trazem prejuízos, pelo menos em termos psiquiátricos. Portanto, a ideia principal é não se deixar dominar pelos hábitos com potencial para se transformarem em vícios”.


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Tecnologia

Saiba como as redes sociais podem ajudar em sua carreira por Emerson Roberto

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s redes sociais têm funcionado atualmente como um meio para alavancar a carreira de muitas pessoas. Segundo o diretor de novos negócios Eduardo Luiz Prange Junior, da empresa Seekr, o primeiro passo é conhecer as redes e suas principais finalidades. “Muitas vezes os objetivos da rede social são diferentes daqueles das pessoas que as utilizam. Um comportamento maduro e coerente pode ajudá-las a construir um networking e uma influência na rede. Isso não garante sucesso para ninguém, mas posiciona e qualifica a imagem do usuário”, diz ele. Se o intuito da pessoa é procurar emprego e oportunidades de negócios, é indicado que ela utilize as redes específicas para este fim. “O Linkedin, por exemplo, tem como finalidade fomentar o networking e gerar essas oportunidades para os seus usuários. Participar de grupos de discussões em algumas redes sociais, como Facebook e Orkut, podem chamar a atenção dos profissionais que delas também participam”, indica Prange. Foi por meio da participação do empreendedor Nelson Abacherli Kawakami, na rede social Linkedin, que pôde conquistar o seu primeiro emprego. “Em 2005, comecei a usar as redes sociais para conseguir trabalhos. Meu primeiro emprego, com carteira assinada, consegui via Linkedin, após responder à dúvida de uma recrutadora na sessão de perguntas e respostas. Não se tratava sequer de um processo seletivo, mas ajudando ela consegui que prestassem atenção no meu currículo e, por fim, deu certo”, lembra ele. De acordo com Prange, é importante postar nas redes sociais conteúdos referentes ao seu campo de trabalho: “Essa é a principal forma de demonstrar o

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seu conhecimento. Isso vale para qualquer pessoa, marca ou organização. Mas vale lembrar que não basta apenas compartilhar conteúdos, já que o ineditismo e a veracidade também se fazem extremamente necessários para atrair a atenção das pessoas que navegam pela rede”. Kawakami é a prova de que postar conteúdos pode favorecer o lado profissional. “Demonstrar expertise em determinadas áreas através de posts em redes sociais ajudam a nos tornar referência em assuntos específicos e a usar esses ambientes digitais da maneira correta para nos relacionarmos com as pessoas”, expõe.


Segundo Prange, cada ecossistema social possui uma finalidade. Para questões corporativas, a blogosfera também atua como uma excelente oportunidade para verticalizar seu posicionamento em relação a determinados temas. “Os blogs possibilitam maior visibilidade e referência”, explica. Kawakami também acredita no efeito positivo que a blogosfera pode oferecer: “Escrever em um blog sobre sua área de atuação é como uma vitrine profissional, muito mais útil e eficaz do que um currículo”. Manter as redes sociais sempre ativas é importante, mas é necessário possuir conteúdos inte-

ressantes para movimentá-las. “É preciso ser disciplinado para gerar assuntos com regularidade e relevância”, garante Prange. É dessa forma que Kawakami costuma agir nas redes socias em que possui perfis corporativos: “Eu geralmente foco exclusivamente na minha área de atuação”. Nas redes sociais, ser amigo ou seguir pessoas no segmento em que atua certamente agrega credibilidade e auxilia o networking. “Porém, é necessário que a escolha dos ‘seguidos’ e ‘amigos’ realmente acrescente e compartilhe experiências”, indica Prange. Segundo o diretor de novos negócios, para aumentar a sua rede de relacionamento é imprescindível que o conteúdo também seja atrativo. “A atratividade auxilia na credibilidade da sua imagem e, consequentemente, no aumento da sua rede de relacionamento”, afirma. Devido ao fato das redes sociais exigirem muito conteúdo escrito, lembre-se que é preciso se comunicar de forma correta e sem erros ortográficos. “Os assuntos podem perder, em parte, a sua importância e credibilidade pelo uso incorreto da ortografia”, alerta Prange. E, ao fazer parte de uma empresa, seja coerente ao publicar qualquer comentário sobre ela. “Todo bom conteúdo merece ser compartilhado. Mas é bom refletirmos: por que não dar um feedback diretamente às pessoas ligadas ao processo, ao invés de publicar em redes sociais as suas reflexões ou ideias? A não ser que a empresa disponibilize uma intranet colaborativa apropriada para receber o feedback, sugestões, ideias, entre outros”, diz. De acordo com Prange, todas as pessoas têm liberdade de expor as suas opiniões em redes socias. Mas o diferencial está em como utilizá-las a seu favor. E foi dessa maneira que Kawakami conseguiu oportunidades de emprego e desenvolveu a sua carreira. “Em meu segundo emprego, eu estruturava a área de comunicação da maior consultoria de recursos humanos da América Latina, focada em jovens talentos, e implementei a entrada da empresa nas redes sociais, criando perfis corporativos. Com isso, pude ver o quanto elas são fundamentais por darem exposição e visibilidade aos bons profissionais. Hoje tenho minha própria empresa, mas continuo dependendo fortemente das redes sociais para divulgar meu trabalho, prospectar clientes e me relacionar com pessoas que se interessem pela minha área de atuação”, afirma o empreendedor.

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Motivação

Pegue leve com você

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Quando as coisas não parecem ir bem, não pratique o autoflagelo, aumentando ainda mais a carga de problemas e colocando-se em uma situação de vítima. Tenha orgulho de você, mesmo quando as coisas não estiverem a seu favor. Nosso comportamento nas horas difíceis é que constrói os fatores que nos tornam notáveis ou “esquecíveis”. Toda vítima tem uma ótima teoria sobre como as coisas e as pessoas deveriam ser. O sucesso tem muitos pais e o fracasso é órfão, portanto sua habilidade de resposta tem de estar à altura de divulgação

Cesar Romão Escritor e consultor organizacional cesarromao.com.br

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seu desafio. Podemos aguentar qualquer coisa se descobrirmos o porquê dela. Para fazer diferente, precisamos ver as coisas de maneira diferente. Perdemos muito tempo tentando consertar as coisas enquanto devíamos nos concentrar em descobrir as razões pelas quais elas não estão saindo como o planejado. “Chacoalhe o galho que a fruta cai.” Crie sua própria visão sensata de tudo. A vida somente termina para quem não sabe recomeçar, afinal todo dia pode ser um recomeço, mas sem autoculpa ou autopunição, atribuindo a você fraquezas que, na realidade, são mecanismos para lhe manter inerte e lhe tornar refém de justificativas que o impedem de alcançar uma solução promissora. A intensidade da busca determina o tamanho da fé que podemos ter na resolução de nossas dificuldades. Não se consegue melhorar aquilo que não se mede. É preciso medir o que você quer melhorar. Encontre as medidas de suas adversidades e de sua capacidade de superação, e vai perceber que elas são maiores que o sofrimento imposto à sua vida. Busque um diferencial para tornar-se relevante diante de você. Nossa confiança interior não vem enquanto reclamamos, mas quando fazemos e buscamos o melhor para nossa vida.


Cultura Rodrigo Belentani/SBT

A bagagem cultural de Marly Marley por Emerson Roberto

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os oito anos comecei a cantar na cidade de Lins, em São Paulo, no programa infantil animado por Fiori Gigliotti.” Foi dessa forma que Marly Marley se apaixonou pelas artes. Hoje ela é atriz, produtora, diretora e jurada de televisão. Ao longo de sua trajetória, ela conta que nunca pensou em desistir da sua carreira artística. “Eu sempre achei que conseguiria chegar aonde cheguei”, afirma. Marly também foi vedete. Segundo ela, estava acompanhando uma amiga que iria fazer um teste no teatro de Alumínio, quando o grande comediante Silva Filho convidou-a para que também fizesse um teste. “Aceitei e passei na hora”, conta. “Sinto muitas saudades do teatro verdadeiro. As melhores atrizes da TV vieram do teatro de revista”, expõe. Em sua carreira, teve o prazer imenso de trabalhar ao lado de Mazzaropi. “Ele foi o meu mestre. Aprendi o senso de profissionalismo, de respeito e amor ao trabalho”, relata. Além disso, ele ajudou Marly a comprar o seu primeiro apartamento. “Ele me emprestou o dinheiro da entrada, mas paguei direitinho”, ri. Casada há 43 anos com o humorista Ary Toledo, ela garante que o humor do marido é excelente. “É claro, vivemos como qualquer casal: nos amamos, brigamos e nos respeitamos. Mas ele sempre é muito engraçado. Porém, se fica nervoso, sai de perto”, conta. Dentre várias atividades que já exerceu, Marly também é muito conhecida como jurada do “Pro-

grama Raul Gil”, e explica: “Sou amiga de Raul há 50 anos e há 25 faço o júri do seu programa”. Ela também conta que a tarefa de julgar novos talentos é muito difícil. “Você está lidando com o sonho do ser humano, não gravo antes de fazer oração e pedir a Deus que eu seja justa nos meus comentários.” Apaixonada por música, Marly está sempre em contato com essa arte. “Tenho curso de canto e teoria musical. E toco piano e a famosa sanfona que as moças da minha faixa etária aprendiam por causa da Adelaide Chiozo”, diz. Para ela, o cenário musical da atualidade não se compara com os de antigamente: “Hoje deixa a desejar. Não tem poesia. É puro comércio. Os artistas são bons, mas a qualidade musical não”. Entre tantas atividades, Marly também ajuda uma creche com 70 crianças, visita uma vez por semana um asilo onde conta histórias para os idosos e ainda cuida da agenda do marido Ary Toledo. “Além disso, sou dona de casa, vou ao mercado, feira, açougue. Quer mais ou está bom?”, brinca. Quando olha para si, Marly garante que se considera uma vencedora: “Fiz teatro de revista, novela e humorístico. Fiz comédia com Dercy Gonçalves e fui opereta com Vicente Celestino. E ainda tenho vários sonhos, como atuar ao lado de Fernanda Montenegro e outros talentos. Portanto, o artista que disser que está realizado está mentido. Só estaremos realizados no dia em que Deus nos chamar e não tivermos mais tempo para nada.”

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Cultura Marlos Cruz

O talento de

Maytê Piragibe por Débora D. Dornella

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paixão pela arte despertou desde cedo. Com apenas quatro anos de idade, Maytê Piragibe entrou para o mercado atuando em campanhas publicitárias e dali em diante não parou mais. Para se aperfeiçoar, aos 13 anos começou a estudar interpretação, aos 16 já estreava no teatro e aos 17 se profissionalizou. “Fiz faculdade de artes cênicas e cinema. Amo estudar e mesmo com 25 anos de carreira continuo fazendo cursos, lendo muito e me aprimorando sempre”, completa a atriz. Maytê já atuou em diversas séries e também em novelas, entre elas: “Como uma onda”, exibida pela rede Globo, “Vidas opostas” e “Os Mutantes”, da rede Record. Porém, Maytê não tem uma que considere a sua preferida. Para ela, todas as novelas são especiais, assim como os personagens que interpreta. Ela prefere representar personagens que sejam o seu oposto e longe do seu universo: “Um bom papel tem que ser desafiador e, graças a Deus, todos os personagens eram muito diferentes de mim”. Além da TV, a atriz mostra seu talento também na área cinematográfica. Ela participou do filme “Rinha”, o que considerou ter sido uma experiência muito rica em sua carreira, pois pela primeira vez pôde interpretar em inglês e no cinema. “Um filme intenso em que interpretei uma menina dez anos mais jovem do que eu. Foi um projeto muito legal.” E não é só o lado atriz que aflora em Maytê: hoje ela também trabalha como produtora. Ela produziu e ensaiou uma peça de sua autoria chamada “Exorciza-me”. “Produzir teatro no Brasil sempre é difícil, mas, para mim, virou uma necessidade artística. Estamos ensaiando e captando recursos para viabilizar a peça. O texto é de minha autoria e vamos estrear esse ano!”, revela a atriz, que com sua versatilidade demonstra não ter preferência por um único meio. “Sou operária da arte, trabalho onde o projeto me encantar.” “Transformar e tocar, de algum modo, o sentimento da plateia e levar questionamentos para o espectador” é como Maytê define o que mais lhe agrada em sua carreira. Conseguir essa troca sincera entre o público, através do riso ou drama, segundo ela, é o combustível do artista. Em seu trabalho ela tem como inspiração toda a referência verdadeiramente artística, atores que ficaram conhecidos pelo seu talento e pela grande generosidade em cena. Entre eles, cita exemplos como Lília Cabral, Tony Ramos, Gloria Pires e Fernanda Montenegro. Por falar em trabalho, a atriz conta que decorar textos é um exercício diário de muita dedicação e

disciplina e que prefere não levar os textos para o set de gravação, por isso opta em fazer um aquecimento e ficar concentrada para entrar em cena. Além disso, ela tem cuidado com sua voz, corpo e alimentação. Pratica dança, academia e vai começar a fazer aulas de canto. Outra paixão de Maytê é a moda: “Tenho certeza de que um dia ainda vou trabalhar com isso. Acho maravilhoso o processo de construção da personagem através do vestuário e como podemos perceber temperamentos e costumes de acordo com a moda de cada um. Para mim, é um universo fascinante”. Quanto à sua carreira, ela diz que está em ascensão. “Está maravilhosa, após ter vivido o papel mais importante da minha vida: ser mãe! Agora, preciso de um patrocínio para o espetáculo ‘Exorciza-me’, que escrevi e estou ensaiando com meu marido, Marlos Cruz. Além do maravilhoso contrato que tenho com a rede Record. Não tenho do que reclamar”, declara Maytê. Para finalizar, ela diz que só tem a agradecer aos seus fãs pelo carinho e pela vontade que eles têm em ver seu retorno à TV. Ademais, ela tem uma novidade: quem aprecia o trabalho da atriz não pode deixar de conferir a estreia do seu site: www. maytepiragibe.com. Nele é possível ter acesso a dicas e tutoriais de moda e beleza, vídeos dos trabalhos dela na TV, fotos inéditas de making off e de sua vida pessoal, entre outras coisas. “Um espaço para me conectar ainda mais a vocês!”, conclui Maytê.

Nome: MAYTE BERNARDES RODRIGUES PIRAGIBE Idade: 28 Signo: SAGITÁRIO Cidade em que nasceu: RIO DE JANEIRO Paixão: MINHA FAMÍLIA Animal de estimação: GATO E CACHORRO Sonho: TRABALHAR EM HOLLYWOOD Último livro que leu: “PARA O ATOR”, DE MICHAEL CHEKCOV Filme preferido: ROMANCE Cantor preferido: CHICO BUARQUE Último trabalho: LONGA METRAGEM “COLEGAS” As novelas que mais gostou de atuar: TODAS Comida favorita: DO MEU MARIDO Cor favorita: AZUL, VERDE, VIOLETA, BRANCO... PODE SER O ARCO-ÍRIS?

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Cultura

Língua brasileira de sinais por Débora D. Dornella

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enhum homem é uma ilha isolada”, já dizia o poeta inglês John Donne. Este é o conceito de que ninguém consegue viver sozinho, por isso se faz tão necessária a comunicação. Todos, independentemente da forma, precisam se comunicar. No Brasil, os surdos acharam essa forma através da Língua Brasileira de Sinais (libras), que mesmo existindo há bastante tempo só foi oficializada em 2002, pela lei 10.436. A fonoaudióloga Maria Cecilia de Moura* conta que, em qualquer lugar do mundo onde dois surdos se encontram, eles criam uma maneira para se comunicar, pois a linguagem é uma necessidade humana. Além disso, a Língua Brasileira de Sinais também é usada pelos familiares dos surdos e por profissionais que trabalham com eles. “É uma língua com características linguísticas como qualquer outra. Ela tem gramática e regras próprias e é estudada por linguistas.”

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Segundo Maria Cecilia, é fácil de aprendê-la, assim como qualquer língua, desde que a pessoa deseje realmente estudar. Só não dá para pensar que seja mais simples porque é feita com as mãos, pois, como qualquer outra língua, ela também tem suas regras e estruturas que precisam ser respeitadas. Geralmente é mais fácil para o surdo aprender libras, pois é um processo natural. “Ele, na verdade, não aprende essa língua como algo ensinado, mas a adquire como uma criança ouvinte adquire o português.” Já o ouvinte aprende como se fosse uma língua estrangeira, mas de forma demorada. A fonoaudióloga diz que menos de dois anos de estudo não é suficiente. “Como em qualquer aprendizado de uma língua, a imersão e a prática são importantes.” Trabalhar com surdos, para ela, é encontrar realização em seu trabalho. E, além de um desafio, foi um presente. “Batalho há muitos anos para que o surdo possa ter acesso às libras o mais precoce-


crita para o surdo deve ser de forma direta, clara e com palavras simples, pois o vocabulário em Libras é diferente da língua portuguesa”, explica Vieira. Segundo Paullo, ainda existe preconceito, pois como muitos dos surdos têm grande dificuldade com a língua portuguesa, quando escrevem de forma diferente alguns ouvintes pensam que eles são analfabetos, enquanto na verdade só estão escrevendo na língua deles. Mas essas não são as únicas situações de preconceito enfrentadas. “Quando estou em uma balada, por exemplo, e uma pessoa vem conversar comigo, ao contar que sou surdo, na maioria das vezes a pessoa ‘foge’, pois não sabe como se comunicar”, confessa o político. Muitos ainda os taxam de incapazes pelo fato de serem surdos. Para encerrar, Vieira deixa uma mensagem: “Gostaria que as pessoas tivessem menos preconceito com a nossa língua, a libras, pois é por meio dela que conseguimos nos comunicar, entender as coisas e ser incluídos na sociedade”. O quadro a seguir mostra o alfabeto digital. Não são as libras em si, mas uma representação manual das letras. Que tal tentar aprender?

mente possível, porque descobri no meu trabalho que, com o uso dessa linguagem, ele se torna uma pessoa mais feliz e realizada.” O político autônomo Paullo Roberto Amaral Vieira teve acesso à linguagem cedo. Surdo profundo desde nascença, aprendeu alguns sinais caseiros com seu irmão para se comunicar, depois com sete anos foi aprender a Língua Brasileira de Sinais. Ele não lembra quanto tempo levou para aprendê-la, pois foi uma aprendizagem natural, já que era a sua primeira língua. Vieira vê essa linguagem como uma experiência maravilhosa. “Obtive muitas informações com meu irmão e na escola, por isso hoje conheço e me dedico à política.” No entanto, ele conta que, quando os surdos precisam se comunicar com alguém que não conhece essa linguagem, eles tentam fazer leitura labial. Porém, como não conseguem fazer a leitura de todas as palavras, comunicam-se por escrita. “A es-

Prof.ª Dr.ª Maria Cecilia de Moura - Professora Titular do Curso de Fonoaudiologia da PUC-SP, Fonoaudióloga e Membro Suplente do Conselho Federal de Fonoaudiologia

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Cultura

Marisol Ribeiro por Emerson Roberto

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er a mãe nos palcos fez despertar no coração da talentosa Marisol Ribeiro a paixão por atuar. “Inventava cenas e apresentações para os meus pais. Essas são as minhas primeiras lembranças em relação ao amor pela atuação”, lembra-se. Sua família sempre a incentivou: “Eles entenderam a minha vocação e me ajudaram demais”. O início de sua carreira começou no teatro. Depois fez publicidade, dublagem, televisão e cinema. “Trabalhar com o que se ama, quando se tem um propósito, é sempre gratificante”, emociona-se. Em 2001, no SBT, integrou o elenco de “Disney Cruj”, sucesso entre os jovens na época. “Tenho lembranças boas. Fiz uma amiga com quem mantenho contato até hoje. E me lembro da produção ser extremamente cuidadosa e organizada”, diz. Em seguida participou de algumas novelas. “Fiquei feliz em fazer parte da teledramaturgia. Poder falar para milhões de pessoas é uma dádiva. Quando usamos essa ferramenta em favor do amor, é extremamente gratificante”, relata a jovem. Para Marisol, não existe um trabalho especial em sua carreira: “Todos foram necessários para me trazer até aqui. E os próximos serão retratos evoluídos da minha imagem”. O ator em que Marisol se inspira é Lima Duarte. “Foi um homem que me ensinou muito e como as coisas são simples e bonitas em nosso trabalho. Inspiro-me no Paulo Goulart também. Em cena, parece que ele possui um propósito muito maior do que

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apenas atuar”, constata. Em sua carreira, não existe um papel específico que sinta vontade de fazer. Para ela, o importante é interpretar a vida. “Não importa a ideia que me for dada, os fins serão os mesmos.” Dentre diversas funções em seu currículo, também consta o curso de dublagem. Entre tantos filmes, o que mais gostou de dublar foi “As Virgens Suicidas”. “Foi bem legal, porque eu adorava o filme”, conta. Segundo ela, não existe preferência por fazer teatro, cinema ou televisão: “Cada um tem as suas particularidades e técnicas diferentes para expressar um mesmo propósito”. Além de uma ótima atriz, Marisol também é muito bonita. Para manter a forma, tenta sempre se alimentar bem. “Mas a beleza pura vem de dentro para fora, não tem jeito. Quando estamos felizes, ficamos mais belos”, reflete a artista. Outro fator necessário para estar sempre bem, de acordo com ela, é manter a mente sã: “Tenho ‘anjos’ que me ajudam muito com isso. Pessoas que me instruem a entender o amor e que, nós todos, somos uma força só, grande e linda. Quando entendemos isso e colocamos em prática, percebemos que a vida se abre. Mas o segredo é amar, amar e amar”. Para quem quer seguir carreira como a Marisol, ela afirma que é preciso ter persistência: “Tem que existir um propósito maior nessa vontade. Não dá para ser atriz só para aparecer aqui e ali e, assim, se tornar popular. Isso não causa benefícios para ninguém. Ser atriz é comunicar, passar uma mensagem. E isso é uma responsabilidade linda”.


Fernando Mazza

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Tom Maior

por Jéssica Tokarski

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divulgação

Essência musical


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homas Roth, um dos produtores musicais de maior sucesso no Brasil, também é cantor, compositor e publicitário. Atualmente, ele é um dos responsáveis por descobrir novos talentos musicais no programa “Astros”, do SBT. Com tamanha bagagem pessoal na música, o jurado musical esbanja competência ao passar suas experiências aos novos talentos. Mesmo sendo tão conhecido e já prestigiado, Thomas ainda tem muitas facetas para mostrar ao público.

Élégant Como começou sua história com a música? Thomas Na verdade, começou antes de eu nas-

cer. Meus avós, por parte de pai, eram pianistas e faziam recitais na Alemanha. Meu pai também tocava piano e compunha muito bem. Eu morei um tempo com meus avós, e lá só se ouvia música clássica. Em casa, como não tínhamos TV, se ouvia também música clássica e jazz, porque meu pai adorava jazz. Só quando meus pais compraram um rádio eu passei a ter contato com os rocks, baladas, xotes, baiões, boleros, sambas e sertanejos que tocavam. Isso sem falar na bossa nova e na MPB. Tem músicas de todos esses gêneros musicais que, de alguma forma, me marcaram e até influenciaram meu gosto musical e, por consequência, minhas composições.

Élégant Você canta, toca e compõe. Acha que um músico genuíno deve saber fazer tudo isso? De que você gosta mais? Thomas Não acho, necessariamente, que para ser um músico genuíno seja obrigatório saber fazer bem as três coisas. A música está cheia de exemplos de gente que é especialista exclusivamente em uma das áreas. Elis Regina, por exemplo, era apenas cantora. Grandes instrumentistas, como Hermeto Paschoal, Cesar Mariano, Wagner Tiso, entre outros, não cantam. Eu, na verdade, não sou um grande instrumentista, nem cantor. Eu sou mais produtor e compositor. Élégant

Nos anos 80, você possuía uma dupla com Luiz Guedes. Qual foi a importância dessa parceria para sua carreira?

Thomas Ah! Muita coisa foi importante. A pro-

ximidade do Lulu (Luiz Guedes) com o Clube da Esquina me trouxe a oportunidade de conhecer muita gente cujo trabalho eu curtia. Com o Lulu eu acabei montando uma dupla que teve uma rápida

aceitação e, mais do que isso, procura, porque nosso trabalho autoral era bastante consistente. Tivemos sucessos gravados por Roupa Nova (Canção de Verão e Voo Livre), Elis Regina (Nova Estação), Rosana e Ronnie Von (Cachoeira) e Peninha (Amo Você), além de termos sido gravados por muita gente que estava “arrebentando” na época. Com o Lulu aprendi também a “lapidar” ainda mais cada letra, cada canção. Sou muito cuidadoso com isso.

Élégant Como você compõe? Em momentos de inspiração ou você senta para compor? Como é este processo? Thomas Não tenho uma rotina ou uma disciplina para compor. É tudo muito ao acaso. Como eu componho jingles ou temas musicais todas as semanas, acontece de, às vezes, eu estar compondo um trabalho publicitário e, no meio deste processo, “aparecer” uma melodia, um caminho, que acaba virando música. Às vezes, pego o violão para tocar alguma música e começo a dedilhar algo que vai virando uma ideia e uma coisa vai puxando a outra. Às vezes, eu já pego o instrumento com o firme propósito de compor. Sempre nasce uma música. Mas isso não quer dizer que o processo seja fácil ou rápido. Élégant E como é ver as suas letras fazendo tanto sucesso na voz de grandes artistas e também do povo? Thomas

É extremamente gratificante. Nada é mais gostoso do que tocar, fazer um show e as pessoas cantarem com você. Quando se dá essa conexão, é maravilhoso. Mas eu sempre fui uma pessoa que buscou e busca prestígio e respeito, não o sucesso. Aqueles são mais perenes. Este é mais efêmero, passageiro.

Élégant Como jurado de programas musicais, qual a sensação de ser responsável pela revelação de novos nomes no cenário musical?

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Tom Maior de você aquilo que elas mesmas gostariam de dizer ao candidato. Mas é muito duro ver candidatos se debulharem ao ouvirem um julgamento mais duro, ou ouvirem um “não”. Sonhar não custa nada. Todo mundo sonha e tem, até, o direito de pensar o que quiser sobre si mesmo. Traduzindo: tem muita gente que se acha. De verdade! Porque ninguém chegou e disse a estas pessoas o que elas realmente precisariam ou deveriam ouvir. E aí chegar e destruir este sonho é muito complicado. Mas, nos dias de hoje, principalmente com a internet, tudo é possível, inclusive um louco desses, um bizarro, um sem-noção, ser tão ruim, mas inventar um troço tão diferente, que pode sim virar sucesso. E aí, como é que fica?

Élégant E o atual panorama musical brasileiro,

como você o enxerga?

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Thomas

Thomas Bom, é claro que é muito gratificante poder influir positivamente no destino de uma pessoa. A relação de troca é uma delícia, é maravilhosa. Você só aprova quem realmente gosta, quem acredita, quem te impressiona positivamente, quem salta aos seus olhos, quem brilha de verdade. E “devolver” a quem fez isso, dizendo “Você é o cara”, “Você é maravilhosa”, é uma sensação muito gostosa. Ao mesmo tempo, é uma responsabilidade enorme! Você está dando o seu aval a este ou àquele candidato, e é claro que nem sempre o público presente ou de casa concorda com a sua decisão. As pessoas cobram muito. Elas nos param na rua e questionam nossa decisão, reclamam, nos xingam, às vezes elogiam, rola de tudo. Élégant Como é ser um jurado? Escolher entre pessoas boas, ter que dizer não para aqueles que não têm talento? Thomas No começo foi bem difícil. Depois você vai aprendendo e vai percebendo que é preferível ser verdadeiro. Porque você tem, de certa forma, que refletir o julgamento que as pessoas de casa também estão fazendo. Então, claro, elas querem ouvir

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Com muito otimismo. Vivemos hoje uma ebulição como nunca se viu. O que vai mal é a indústria do disco, do CD. Mas a música pulsa em cada esquina. E vejo, com muita alegria, que esta juventude que aí está é muito menos preconceituosa do que no meu tempo. Porque, quando eu era adolescente, ou você era do rock, ou do samba, ou da MPB, e assim por diante. E as galeras se odiavam, se menosprezavam. Hoje você pega qualquer playlist da maioria dos jovens e encontra forró, axé, sertanejo, pagode, rock, pop, funk, música eletrônica e tecnobrega na lista da mesma pessoa. É sensacional! É bem verdade que isso pode ser enxergado, por outro lado, como falta de critério, incapacidade de escolher. E é triste também observar que a esmagadora maioria das músicas que se cria/ouve, hoje, é de uma pobreza de conteúdo assustadora.

Élégant O Brasil tem muitos talentos musicais que ainda precisam ser revelados? Thomas

Sem sombra de dúvida! Isso aqui é uma máquina incrível. O Brasil é reconhecido internacionalmente pela sua criatividade. E não é só no campo das artes, não! Existem, no mundo, dezenas de empresários brasileiros nos mais altos postos de grandes multinacionais. Em parte pela sua competência, por seu conhecimento técnico, por sua expertise, e em parte por sua criatividade, sua capacidade de criar soluções não necessariamente ortodoxas. Na música, então, temos milhares de talentos ocultos que só precisam de uma


oportunidade. Mas a melhor oportunidade que deveria ser oferecida é a educação musical nas escolas. A música pode ensinar muito ao jovem sobre socialização, disciplina e trabalho em grupo, entre tantos conceitos importantes.

Élégant Quais são seus próximos projetos? Thomas São muitos. Em primeiro lugar, termi-

nar meu disco “Mulheres, Homens e Sonhos” este ano. Em segundo, sou candidato a presidente da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente), que representa mais de 100 selos. Tenho muito para fazer, também, na minha própria gravadora, a Lua Music, que hoje não lança mais apenas discos. Atualmente administramos carreiras de artistas, fazemos seu marketing, temos uma área de shows e a editora. Enfim, o projeto é mais amplo e mais completo. Isso sem falar no “Astros”, programa do qual sou jurado e que, este ano, terá uma novidade: nós, jurados, também vamos competir entre nós. Cada um irá produzir um candidato bom e um bizarro. Vai ser sensacional, mas é briga de cachorro grande. Imagina eu querer duelar com um cara

experiente e hitmaker como o Arnaldo Sacomani ou com um “peso pesado” como o Miranda? (Risos)

Élégant Qual é sua dica para quem deseja se tornar um músico de sucesso?

Thomas

Trabalhe! Trabalhe! Trabalhe! Seja honesto consigo mesmo! Faça as coisas com paixão e com garra. Não esmoreça diante das paredes, das portas fechadas, das dificuldades. Ensaie, estude muito, vá fundo. Mergulhe de cabeça! Não fique na superfície. Não aceite o elogio barato ou a fórmula mais fácil. Não coloque o dinheiro ou o sucesso como prioridade. Eles não podem ser a causa, eles são a consequência de um bom trabalho. Tenha paciência, perseverança. Faça as coisas com alma, com o coração. Só depois, com o cérebro, procure dar ao seu trabalho uma identidade própria. Procure o seu próprio caminho. Seja verdadeiro. As pessoas querem se contatar com quem é verdadeiro. Agora, se depois de um tempo (uns dez anos, pelo menos) nada der certo, vá estudar, meu filho. Sempre haverá tempo de mudar de profissão, de vida e de sonho. (Risos)

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Entrevista

no comando:

Helen Ganzarolli por Emerson Roberto

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udo começou na cidade de Presidente Venceslau, região de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Nesse local, quando tinha apenas 13 anos de idade, participou do seu primeiro concurso de beleza. Por ser linda e carismática, logo conquistou o primeiro lugar. “Era um concurso do mais belo rosto. Foi muito marcante”, lembra a apresentadora Helen Ganzarolli. A jovem sempre teve o apoio da sua família. Muito antes de ser reconhecida nacionalmente, seus pais deixavam seus afazeres de lado para levá-la nas cidades vizinhas, onde aconteciam os concursos de beleza dos quais participava. “Eles organizavam caravanas com torcidas, amigos e vizinhos. Todos iam uniformizados, com o meu nome e a minha foto estampados nas camisetas. Era muita emoção. Minha família foi e é a base de tudo. Sem eles eu não seria nada. Tudo o que tenho devo a eles”, emociona-se Helen. Desde pequena a jovem sempre gostou da área de comunicação. Porém, trabalhar na televisão foi algo que aconteceu naturalmente em sua vida. “Acredito que o que tem que ser nosso, vai ser. Não importa o tempo que demore. Em um dos concursos de beleza dos quais participei, fui convidada para trabalhar com o Gugu no programa ‘Sabadão Sertanejo’. Não pensei duas vezes: aceitei na hora”, conta ela. A partir desse momento, Helen ganhou repercussão na mídia. Segundo ela, trabalhar ao lado de um ícone como o Gugu Liberato foi, sem dúvida, uma grande honra. “O Gugu é um excelente profissional. Com ele aprendi muito e tenho certeza de que fizemos um grande trabalho juntos. Além de ser um amigo querido, com quem mantenho contato até hoje, foi ele quem abriu as portas pra mim”, relembra. Em sua carreira, a apresentadora também teve a oportunidade de atuar. A jovem participou do

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longa-metragem “O Cupido Trapalhão”, ao lado do grande humorista Renato Aragão. “Fui convidada por ele e por sua esposa Lílian para participar do filme. Foi uma experiência incrível”, recorda. “O Renato e o elenco me deixaram muito à vontade. Criamos uma sintonia e uma afinidade tão grandes que tudo fluiu naturalmente. Amei ter participado do longa. Além disso, me senti honrada por ter contracenado com Rosamaria Murtinho, Mauro Mendonça e Oscar Magrini, entre outros.” A jovem admite ter gostado de atuar e garante que voltará a exercer essa função quando surgir uma nova chance. Além de conquistar o carinho do público, Helen também ganhou a admiração do grande mestre da televisão brasileira: Silvio Santos. “Só tenho a agradecer a oportunidade que ele tem me dado todos esses anos. Realmente sou fã e admiradora desse exemplo de homem e profissional que ele é”, afirma. Recentemente, junto com Caco Rodrigues, Helen foi apresentadora do programa “Fantasia”, no SBT. “Foi um sonho realizado. Para comandar um programa ao vivo tem que ter muita dinâmica e improviso, ainda mais por lidar com o público por telefone. E Caco Rodrigues e eu tínhamos um entrosamento perfeito. Foi uma parceria que deu muito certo. Só recebemos elogios”, lembra com orgulho. Atualmente, na mesma emissora, ela apresenta aos sábados o “Cassetadas Engraçadas” e aos domingos o “Jogo dos Pontinhos”, ao lado de Silvio Santos. Tão jovem e com tantos sonhos realizados, Helen indica a todos a fórmula para que eles sejam alcançados: “A gente luta e corre atrás para conquistar o sucesso. Mas, se acreditarmos em algo que queremos muito e com fé, os sonhos se concretizarão. E o que busco sempre é ser uma mulher feliz, seja ao lado da minha família, no trabalho ou no amor.”


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Entrevista Drica Donato

JesusLuz por Jéssica Tokarski

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O modelo Jesus Luz se destacou nas passarelas em 2007, quando desfilava no Fashion Rio. Depois deste episódio, fez uma sessão de fotos para a Revista W, onde posou com a cantora pop Madonna. A partir daí sua carreira deslanchou. Atualmente, além de modelar, ele faz trabalhos como DJ, mostrando seu talento ao mixar músicas de cantores famosos.

Élégant Você começou a trabalhar muito cedo e

aos 18 anos já estava em Nova Iorque. Como foi o início da sua carreira como modelo?

Jesus Luz

No início, tudo era muito distante. Eu não tinha nenhuma experiência como modelo e tinha que estudar, mas sempre fiz muitos testes e trabalhava em outras áreas para pagar os cursos e a faculdade. Consegui o meu primeiro trabalho desfilando para uma marca no Fashion Rio.

Élégant Após seu namoro com a Madonna, você ganhou mais visibilidade. Isso o incomoda ou o faz pensar em novas oportunidades?

Jesus Luz É maravilhoso. O carinho dos brasileiros já é uma coisa mágica, um sonho para mim. Receber esse carinho pelo mundo se torna algo surreal.

Élégant Quais são seus planos para o futuro, tanto na música como nas passarelas?

Jesus Luz Novo CD, novos vídeos e muitas no-

vidades!

Drica Donato

Jesus Luz Sempre vi isso tudo com bons olhos. Aliás, me incomodar com isso seria o mesmo que ter a cabeça pequena.

Élégant Como é ser um modelo brasileiro com tanto destaque internacional?

Élégant Você também é DJ. Como se interessou pela música? Jesus Luz

Sempre tive muitos amigos DJs. Adorava rock na adolescência e conheci a música eletrônica nessa época. Me apaixonei e hoje vivo para levar felicidade e música às pessoas.

Élégant Em 2010 você lançou seu primeiro CD. Como foi a repercussão? Jesus Luz Foi ótima! O CD é motivo de muito or-

gulho para mim, pois pude mixar músicas de artistas como Madonna, Benny Benassi e Spencer & Hill.

Élégant O que prefere fazer: desfilar ou tocar?

Se tivesse que optar, o que escolheria?

Jesus Luz Olha, essa pergunta é difícil. Mas acho que estou no meu momento DJ. Porém, adoro trabalhar com grandes fotógrafos e estilistas, sem dúvida. Élégant

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Profissão divulgação

Jovianny Sierascky Modelo Plus Size por Jéssica Tokarski

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ovianny Sierascky é uma modelo brasileira das mais requisitadas. Vestindo manequim 48/50, a bela tem conquistado o Brasil mostrando o quanto as mais distintas belezas são importantes e como devem ser valorizadas. Jovianny participa do segmento Plus Size, nicho do setor de confecção que volta a atenção para peças de roupa em tamanho grande. A modelo, que começou por acaso em Santa Catarina, tem descoberto o mundo e deixado o mundo a descobrir. Sucesso no Festival de Cannes, na França, ela não se tornou só modelo nas passarelas e em editoriais, mas sim modelo de determinação e confiança a ser seguido na vida.

Élégant Como você virou modelo Plus Size? Jovianny Não pensava em ser modelo, mas foi o trabalho que veio ao meu encontro. Aos 24 anos, e em menos de 20 dias, fui procurada duas vezes por pessoas diferentes. O primeiro convite veio através do dono de uma agência em Blumenau/SC. Enquanto eu estava no meu trabalho mostrando fotos que tirei para uma colega, fui abordada por ele, que me convidou para participar de um teste de fotogenia e vídeo e me deixou o seu cartão. Na primeira vez até tentei resistir, mas logo depois a booker da mesma agência, sem saber do contato anterior, me fez o mesmo convite. Com o apoio dos meus pais e do meu noivo, resolvi aceitar. Topei e não me arrependi. Então, 15 dias depois que ingressei na agência e já estava fotografando meu primeiro catálogo. Atualmente, após quase cinco anos, contabilizo mais de 50 trabalhos entre catálogos e editoriais. Élégant Você já tinha interesse por moda? Como ele foi despertado? Jovianny

lingerie. Como você vai vender esse produto se não aceita o seu corpo? Se tem vergonha? É preciso se sentir bem para que as fotos e os trabalhos sejam verdadeiros.

Élégant Alguma vez você já sentiu preconceito por não ter as medidas impostas pela sociedade?

Jovianny

No começo da carreira sim, pois o mercado não era tão conhecido e falado como hoje. Já passei por situações em que produtores de moda, maquiadores e até lojistas tiveram preconceito. Em algumas situações, ao produzir um catálogo, por exemplo, a modelo magra recebia uma superprodução, enquanto eu, muitas vezes, recebia um “vai assim mesmo que está bom”. Ou modelos magras tinham 20 peças para fotografar, já a Plus Size apenas duas. Hoje olho para trás e acho muito engraçado, pois empresas que trabalham com moda Plus Size têm tido um retorno tão grande que estão investindo em superproduções.

Élégant No mercado Plus Size, quais são os re-

quisitos para se tornar modelo?

Na verdade, minha formação é em Design de Interiores e, querendo ou não, tem um pouco de ligação com moda e tendências. Mas, com esse trabalho de modelo Plus Size, e principalmente ao fazer trabalhos como modelo de prova, há um contato ainda maior com estilistas e costureiras, então o interesse vai despertando naturalmente.

Jovianny Acredito que não é porque você é gordinha que pode ser considerada modelo Plus Size. Tem que ter um corpo proporcional, ter altura para passarela e ser fotogênica. Geralmente as gordinhas têm um rosto bonito, mas nem sempre fotografam bem.

Élégant Como é a autoaceitação das suas me-

didas?

Élégant Os cuidados com alimentação e corpo também são grandes nesta modalidade?

Jovianny

Jovianny

Nesse meio, não tem como não se aceitar. Quando fotografo e vendo os produtos das lojas, tenho que estar bem comigo mesma, pois é a imagem que passo que faz a diferença no resultado final do trabalho. Um exemplo é fotografar

Sim! Tenho a mesma cobrança das agências em que trabalho. Principalmente no caso das modelos de prova. Com um centímetro a mais ou a menos é possível perder o cliente, afinal toda a coleção está sendo confeccionada pelo corpo da

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Profissão

uma modelo Plus Size ou é necessário sair do país para conseguir boas oportunidades?

mente mensagens e depoimentos de mulheres que ficaram depressivas por não encontrarem roupas e, consequentemente, deixaram a vida social de lado por não terem o que vestir. Não é porque você é gorda que tem que ficar trancada em casa, que não pode se cuidar, se arrumar e ser feliz. E hoje, com o crescimento do mercado e o retorno de mulheres de todo o Brasil, tenho a certeza de que quero dar continuidade ao meu trabalho e acabar com essa ditadura da magreza.

Jovianny Hoje, aqui no Brasil, o mercado está

Élégant Qual a sua dica para quem deseja seguir

modelo. Comigo já aconteceu de um cliente dizer: “Você está emagrecendo. Pare já com isto, senão vamos trocar de modelo”. E, até pelo fato de estar acima do peso, o controle com a saúde é mais rigoroso. Há desfiles dos quais, para participar, temos que apresentar exames de saúde atualizados.

Élégant No Brasil, é possível viver bem sendo

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Para você, qual a importância de desmitificar esse padrão de beleza imposto pela sociedade do mundo todo?

Jovianny

Assim como a anorexia, a obesidade pode ser considerada uma doença ou distúrbio. Não faço apologia à obesidade, mas no meu caso, por exemplo, quando eu usava um manequim 40/42, vivia doente. Tive um problema grave de saúde, um dos motivos que me fez engordar (devido a medicamentos) e eu sou a prova viva de que, mesmo estando acima do peso ideal, é possível ter saúde. E a cada trabalho que realizo e divulgo no meu site ou nas redes sociais, o retorno é tão gratificante que me dá mais garra para continuar representando a mulher brasileira GG. Recebo diaria-

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seus passos?

divulgação

muito melhor do que há quatro ou cinco anos, mas não chega ao ponto de dar para viver bem. Alguns empresários já investem e dão o merecido valor para esse mercado, mas infelizmente ainda são minoria. No exterior, a moda Plus Size é mais valorizada e grandes revistas fazem megacampanhas e editoriais, publicando até capas de revistas com modelos Plus Size. Aqui no Brasil, isso só aconteceria com uma atriz de novela.

Jovianny Procurar um profissional sério e de confiança, afinal, com o mercado em crescimento, o número de “picaretas” que querem se aproveitar da situação cresceu também. Nunca precisei pagar para entrar em uma agência. Penso que, se alguém te procura e diz que você tem o perfil, você não precisa pagar para fazer parte do casting. Sendo aprovada por este profissional de confiança, faça fotos profissionais, pois é por meio delas que é possível ser escolhida pelo cliente (lojista). Seu corpo é seu instrumento de trabalho, então os cuidados com pele, unhas, cabelos e corpo são primordiais. É preciso ter muita paciência, pois geralmente são horas de espera em castings. Tem que gostar de ser fotografada e não sentir vergonha. Élégant Qual é seu maior sonho? Jovianny Além do mesmo sonho de quase todas as

mulheres, que é casar e ter filhos, sempre quis conhecer Londres. Também tenho o sonho de trabalhar no exterior e mostrar o “quê” da Plus Size brasileira. www.jovianny.com.br


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Crônica

A Voz

Ao som de “O Ciúme”, de Caetano Veloso, na voz de Maria Bethânia

S

entimentos negros também deságuam rios afora. Escorrem dos olhos, derramando coração e alma, juntando-se aos pés na poça rasa e lamacenta: poeira e lágrimas antigas formando o frágil barro humano. Do sono escuro e cinzento despertou a noite vazia, perigosa e peregrina. Acordou em si o céu tenebroso sem estrelas, sem lua, tempo ruim, sem Oyá, sem nenhum deus para pedir socorro. No retrato de cacos de espelho, a imagem distorcida e nebulosa do ver, do ser, ao redor a moldura do desassossego numa espécie de revelação da dor contínua, solitária e aflita. A voz cantou a ardidura, nomeou o que não tinha nome. Na penumbra do que conseguia sofregamente alcançar, dentro do quarto fechado na cidade habitada por palácios de pedras vazias e frias, imaginava que se perdera do mundo, estava dividido em cantos de si mesmo. O disco repetia a mesma canção durante horas a fio para a maturação do jardim de narcisos que lhe davam sinais de brotarem por entre as mãos, os pés, os cabelos, o coração e os olhos nus. divulgação

André Mantovanni

Escritor e apresentador de rádio e televisão. Mestrando em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP). É especializado em Estudos Literários e formado em Artes Visuais. Autor dos livros “Mar de Mim” e “O Acontecer das coisas” (com Alice Bethania Miranda), ambos pela Ghemini Editora.

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Constatou, o menino se fora para sempre. O homem, velho de seu cansaço abstrato e cotidiano, sentara-se à sua espera como sombra de tempo na beira da cama vazia. Sofrer sem chorar o fazia misterioso, arredio e profundo; intempestivo para viver sua humanidade. Suas estranhezas ficaram evidentes, estampadas como pano de chita puído representando a face, o gesto e o caminhar. No silêncio repentino que lhe roubava a rotina ordinária e comum, transformava-se ao seu modo em encantamento, só para si e mais ninguém. As rachaduras da face estavam mais evidentes do que a cor do sorriso branco de artificialidade. Das escolhas malfeitas, dos trajetos que não pensava percorrer, sobrou bem pouco, quase nada. Só a vigília da insônia foi a ponte para a loucura triste dos desavisados. Esteve sempre à espera do futuro, como anunciação do mistério de um porvir inalcançável, labiríntico e indecifrável. Com o pouco de amor que sempre carregara nas mãos, caminhou em direção ao mar. Nunca mais voltou. E se voltar um dia, estarei lhe esperando atento na transição de cada amanhecer alaranjado em praias desconhecidas e desertas. A voz canta o ponto negro, decisivo para o destino que está escrito como nos versos que pairam pelo vento: (...) Só vigia o ponto negro O meu ciúme O ciúme lançou sua flecha preta E acertou no meio exato da garganta Que nem alegre, nem triste nem poeta Entre Petrolina e Juazeiro canta (…) Eu sou só eu Só eu, só eu! (…)


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