A neta Letícia Malard
Um holofote enquanto se dorme que percorre a madrugada – tal era a sua embriaguez errando lenta pelas alturas. “Devaneio e embriaguez duma rapariga”, Clarice Lispector
A lua. A mesma que estava a nascer por detrás da verde mata, em paródia do avô brincalhão, carregando no sotaque pelas noites enluaradas do seu fim de vida: tenho vontade de comê-la inteirinha, misturada com farinha, remexida com cachaça. Não há coisa mais boa do que a lua andar à toa.
“Luar do sertão”: a primeira música que o velho aprendera no Brasil. E ela, sob uma lua sertaneja, pela vez primeira beijou aquele homem enquanto o avô dormia. A vizinha de maus bofes, um olho no cravo, o outro na ferradura, gritou, por sobre o muro: – Bela filha duma cadela! Emborrachada! 17