SuínoBrasil 1º trimestre 2022

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1º TRIMESTRE 2022

PERÍODO PERIPARTO: COMO O PERFIL ENERGÉTICO INFLUENCIA ESSE MOMENTO? Rafaella Fernandes Carnevale, Heng Li Kao Junior e Cesar Augusto Pospissil Garbossa

p. 28



04

Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?

22

Alberto Morillo Alujas

Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento

10

Novos métodos de detecção de resíduos antibióticos em animais Dra. María Jesús Serrano Andrés Universidad de Zaragoza-Instituto Agroalimentario de Aragón (IA2)

16

Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos

Quando os ventos viram tempestades, e o recálculo de rota se torna necessário Luís Rua Diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

28

Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento? Rafaella Fernandes Carnevale¹, Heng Li Kao Junior¹ e Cesar Augusto Pospissil Garbossa¹ ¹Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

Prof. Dr. Caio Abércio da Silva Universidade Estadual de Londrina / Departamento de Zootecnia

1 suínoBrasil 1º trimestre 2022


suinobrasil.porcino.info

34

Caracterização do crescimento intrauterino retardado

56

M.V.Z. Guadalupe Edgar Beltrán Rosas

Cândida P. F. Azevedo

Zootecnista, MsC. Zootecnia e DsC Ciência Animal e Pastagens

42

O desafio da peste suína africana na atualidade Roberto M.C. Guedes & Ricardo P. Laub Escola de Veterinária da UFMG

50

Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana Cândida P. F. Azevedo

Zootecnista, MsC. Zootecnia e DsC Ciência Animal e Pastagens

2 suínoBrasil 1º trimestre 2022

Características do ciclo sexual da porca

Consultor técnico de suínos

62

Fatores que influenciam a produção e composição do leite em porcas

Alejandro Orozco Gaspar1, Gerardo Ordaz Ochoa2, Rosa E. Pérez Sánchez3 & Ruy Ortiz Rodríguez4 ¹Centro de Bacharelado Tecnológico Agrícola Nº 49. ²Centro Nacional de Pesquisa Disciplinar em Fisiologia e Melhoramento Animal, INIFAP, México. ³Faculdade de Farmacobiologia Química, UMSNH, México. 4Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UMSNH, México.


SUINOCULTURA NACIONAL, O BRASIL QUE DÁ CERTO!

O

ano de 2021 foi marcado por altas históricas nos custos de produção na cadeia produtiva de aves e suínos. E cabe ressaltar que, há um consenso ponderado pela própria Ministra Tereza Cristina de que os preços dos insumos não serão mais vistos em patamares abaixo de R$ 50, como era comum anos atrás. Além disso, deve-se considerar as análises dos impactos da estiagem no Sul, e a entrada de um novo fator – a guerra da Rússia e a Ucrânia – que poderão agravar este quadro, já que falamos de dois players que representam 17% do trade global de milho. No que tange as exportações brasileiras de carne suína à Rússia, o conflito não deve trazer grandes impactos. Isso porque, atualmente, as exportações ao país russo representam apenas 5,9% dos embarques totais da carne suína brasileira. Ressalta-se, contudo, que o país já teve um papel de destaque na cadeia suinícola nacional. Por 16 anos, a Rússia foi o principal país importador da carne suína brasileira, chegando a ser responsável por 77% das vendas nacionais em 2002, e se mantendo na liderança até 2017.

Porém, desde 2018, com a proibição da entrada do produto brasileiro no país por conta de barreiras não tarifárias, os embarques à Rússia não representam mais grande parte das exportações brasileiras, mesmo após revogadas as proibições. Atrelado a todos esses fatores está o excesso de oferta de animais, que vem sendo observada desde o início deste ano, que provocaram um recuo nos preços médios do suíno vivo em fevereiro, pelo segundo mês consecutivo, registrando, inclusive, os menores patamares reais desde julho de 2018, segundo o levantamento realizado pelo Cepea/Esalq-USP. Pelo menos uma notícia boa, em meio ao cenário de crise histórica da suinocultura nacional, veio por meio de anúncio da Ministra Tereza Cristina e sua equipe, com a abertura do mercado do Canadá à carne suína brasileira. Um dos mais importantes mercados abertos na última década! A cadeia suinícola brasileira vivencia um momento histórico e como diria José Antônio Ribas Jr.: A suinocultura nacional é o Brasil que dá certo! Resiliente, protagonista de suas causas e competente em seguir em frente.

EDITOR AGRINEWS LLC

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DIREÇÃO TÉCNICA José Antônio Ribas Jr. Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida César Augusto Pospissil Garbossa

COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO Cândida P. F. Azevedo

COLABORADORES Alberto Morillo Alujas Dra. María Jesús Serrano Andrés Prof. Dr. Caio Abércio da Silva Luís Rua Rafaella Fernandes Carnevale Heng Li Kao Junior Cesar Augusto Pospissil Garbossa

Roberto M.C. Guedes Ricardo P. Laub Dra. Masaio Mizuno Ishizuka

M.V.Z. Guadalupe Edgar Beltrán Rosas Alejandro Orozco Gaspar Gerardo Ordaz Ochoa Rosa E. Pérez Sánchez Ruy Ortiz Rodríguez

ADMINISTRAÇÃO Inés Navarro Tel: +17866697313 suinobrasil@grupoagrinews.com www.suinobrasil.porcino.info

Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Extranjero 90 $ Revista Trimestral

3 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022


QUAL PARTE DA FIBRA É MAIS IMPORTANTE PARA A SAÚDE INTESTINAL DOS LEITÕES?

salud intestinal Saúde intestinal

Alberto Morillo Alujas Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento

A

fibra alimentar é utilizada pelos suínos de acordo com o grau de fermentação sofrido pela microbiota no intestino delgado e grosso. É o conjunto de carboidratos que não pode ser digerido por enzimas digestivas e é quimicamente definido como a soma de polissacarídeos não amiláceos e lignina.

Dependendo da sua solubilidade em água, é classificada em fibra solúvel (gomas, betaglucanas, mucinas e pectinas) e fibra insolúvel (celulose, hemicelulose e lignocelulose) e, dependendo das características físico-químicas e sua capacidade de fermentação no intestino, desempenha diferentes papéis na função fisiológica do trato gastrointestinal e em geral na saúde do leitão¹.

A fibra dietética solúvel é rapidamente fermentada pela microbiota da seção final do intestino delgado e da parte proximal do intestino grosso. Caracteriza-se por aumentar a viscosidade, reduzir o trânsito intestinal e geralmente reduz o consumo devido ao seu efeito saciante. A fibra dietética insolúvel passa pelo intestino quase sem ser digerida, aumentando o trânsito intestinal e o volume fecal, aumentando a capacidade de retenção de água. Além disso, apenas uma pequena parte é fermentada, pois os suínos não possuem as enzimas necessárias para isso.

4 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?


Baixa fermentação

Gomas Beta-glucanos Mucinas Pectinas

Trânsito intestinal

Fermentação Rápida: Microbiota do Intestino Delgado Distal e Intestino Grosso Proximal

Volume fecal Retenção de água

Viscosidade

Celulose Hemicelulose Lignocelulose

Trânsito intestinal Efeito saciedade

FIBRA DIETÉTICA SOLÚVEL

FIBRA DIETÉTICA INSOLÚVEL

Diarreia pós-desmame

Esses fatores desencadeiam, em um certo número de leitões, um período pós-desmame caracterizado por anorexia seguida de ingestão copiosa de alimentos para saciar a sensação de fome.

Qual a sua relação com a fibra alimentar? O risco de aparecimento de diarreia pós-desmame em leitões, devido ao fato desses animais não se adaptarem à dieta e ao ambiente, é consequência de fatores ambientais, sociais, dietéticos, imunológicos e da imaturidade dos sistemas digestivo e imunológico2.

Ingestão copiosa de ração

!

Anorexia pós-demame

Má digestão

Saúde intestinal

FIBRA DIETÉTICA (Polissacarídeos não amiláceos - PNAs)

Este comportamento traduz-se em má digestão, aumento de fermentações descontroladas e aparecimento de diferentes condições digestivas com aumento da mortalidade e do número de tratamentos com antibióticos.

!

Fermentação descontrolada

Processos digestivos

Mortalidade Consumo de antibióticos

FIBRA DIETÉTICA (Polisacáridos no amiláceos suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões? – PNAs)

5


O efeito de partículas maiores de fibras insolúveis (partículas grossas entre 600 e 1.100 μm) começa no estômago, observando-se:

salud intestinal Saúde intestinal

TEMPO DE RETENÇÃO

Nesse sentido, a fibra insolúvel diminui o tempo de retenção do alimento no trato intestinal, desenvolvendo uma função mecânica. Se o tempo de retenção for menor, parece lógico pensar que:

TAMANHO DA PARTÍCULA

A fibra dietética possui um componente não ligado à sua composição química, suas características funcionais.

O desenvolvimento de patógenos no intestino será reduzido. As fermentações dos alimentos não digeridos no intestino serão limitadas pelo efeito de enchimento após a fase de anorexia pós-desmame. Diminuirá a colonização por E. coli, reduzindo suas chances de aderir aos receptores no trato intestinal.

Se pensarmos que as características funcionais da fibra incluem suas características físicas, o tamanho da partícula da ração tem alguma influência na saúde intestinal dos leitões?

(especialmente sua fração fibrosa)3. Aumento do número de bactérias anaeróbias e concentração de ácidos orgânicos, e diminuição do pH do estômago4.

Ao aumentar o tamanho das partículas, uma estrutura é gerada dentro do estômago, estratificando o conteúdo do mais espesso para o mais fino. O pH e a umidade do conteúdo estomacal no estudo de Bornhost et al. (2013) foi menor na parte distal do que na proximal⁵, estratificando as camadas de farelo de arroz na parte distal do estômago juntamente com menores quantidades de amido e maior teor de proteína. Esse pH <5 permitiu, em condições experimentais, reduzir a quantidade de Streptococcus suis encontrada no conteúdo estomacal, abrindo um leque de possibilidades para novos estudos para minimizar a passagem de S. suis do estômago para o intestino⁶.

Estratificação do conteúdo estomacal

Quantidade de S. suis Porção proximal

Tamanho da partícula

Básico

pH

Ácido

Figura 1. Efeito do tamanho das partículas na estratificação dos componentes da dieta, pH estomacal e presença de S. suis. A estratificação das partículas cria um ambiente mais ácido na porção distal do estômago, dificultando a sobrevivência do S. suis e sua passagem para o intestino.

Redução da incidência de Salmonella spp. em suínos alimentados com dietas compostas por partículas grossas

Farelo de arroz Teor de proteína Amido Porção distal

6 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?


A introdução de grãos grossos ou fibras insolúveis nas dietas imediatamente após o desmame não reduz os resultados produtivos, principalmente se avaliados ao final da engorda. Da mesma forma, dietas muito finamente moídas demonstraram alterar a integridade da mucosa do estômago e a estrutura das vilosidades intestinais8.

A complexa rede dos componentes da fração fibra e suas características funcionais deixa um enorme campo aberto para pesquisas. Fibras insolúveis e grãos como cevada ou trigo moídos em tamanho grosseiro⁷:

Dietas contendo arabinoxilanos de milho e farelo de trigo melhoram a função de barreira intestinal em leitões regulando a produção de butirato⁸.

Eles aumentam o volume das fezes realizando uma função de arraste. Reduzem o acúmulo de alimentos não digeridos facilmente fermentáveis ​​que favorecem a proliferação de E. coli ETEC. Eles reduzem a fermentação de proteínas. Eles reduzem a produção de ácidos graxos de cadeia ramificada (BCFAs Branched Chain Fatty Acids). Reduzem a produção de aminas tóxicas. Promovem a produção de ácido butírico e diminuem a produção de ácido acético.

PRODUÇÃO DE BUTIRATO

Aumentam o consumo devido ao aumento do trânsito intestinal.

Saúde intestinal

Vale lembrar que foi demonstrado que o sorotipo 2 de S. suis é capaz de atingir os linfonodos do mesentério após uma aplicação intestinal ou oral e, embora se saiba que esta bactéria seja capaz de atravessar a barreira epitelial intestinal, os mecanismos intrínsecos são desconhecidos.

Essa melhora se deve ao aumento da diferenciação celular e proliferação da mucosa epitelial, fortalecendo a barreira intestinal do cólon. Além disso, o butirato aumenta a biossíntese de peptídeos de defesa que promovem a imunidade do hospedeiro e previnem o início da doença⁹. Arabinoxilanos Farelo

Regulação da produção de butirato Peptídeos de defesa

Eles bloqueiam a adesão de E. coli e sua excreção. Estabilizam a microbiota intestinal. Aumentam a capacidade de retenção de água na digesta. Reforço da barreira intestinal

7 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?


Este resultado sugere que a suplementação de fibras pode estar envolvida no metabolismo lipídico, aumentando a produção de Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC), porém são necessários estudos adicionais sobre a relação entre a suplementação com fibras e o metabolismo

salud intestinal Saúde intestinal

ATIVIDADE MICROBIANA

DIVERSIDADE DA MICROBIOTA

Zhao et al. (2018), utilizando o programa PICRUSt para prever os perfis funcionais das comunidades microbianas (Gráfico 1), encontraram maior número de genes envolvidos na biossíntese de ácidos graxos ao alimentar leitões com farelo de milho na dieta pós-desmame.

A administração de dietas pós-desmame que incorporam fibras solúveis (da polpa de beterraba e casca de soja) que promovem fermentações bacterianas no final do intestino delgado e nas primeiras partes do intestino grosso, resultam em diminuição do consumo diário devido ao aumento da viscosidade da digesta e o tempo prolongado com sensação de saciedade10.

A adição de fibra não reduz per se a frequência de diarreia, uma vez que a influência de outros ingredientes nas dietas pode enquadrar efeitos, cujas interações são desconhecidas. Entretanto, observou-se que rações com arroz e fibras insolúveis reduzem a frequência de diarreia, não sendo reduzidas em dietas com milho11.

lipídico⁸.

Biossíntese de ácidos graxos

Genes marcadores

100000 80000 60000

Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?

40000

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20000 0 CON

FM

FT

CS

Gráfico 1. Previsão do metabolismo de carboidratos em comunidades bacterianas utilizando o programa PICRUSt: biossíntese de ácidos graxos12.

BAIXAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FM = farelo de milho; CON = controle; CS = casca de soja; FT = farelo de trigo

8 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?


Saúde intestinal

9 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Qual parte da fibra é mais importante para a saúde intestinal dos leitões?


NOVOS MÉTODOS DE DETECÇÃO DE

RESÍDUOS ANTIBIÓTICOS EM ANIMAIS VIVOS antibióticos

Dra. María Jesús Serrano Andrés Universidad de Zaragoza-Instituto Agroalimentario de Aragón (IA2) Mundialmente, estima-se que para o ano

D

2050 uma gestão inadequada deste problema

esde a descoberta da penicilina no

gerará uma perda acumulada de 88 bilhões

início do século XX, este e outros

de euros e 10 milhões de mortes anuais

antibióticos têm sido grandes aliados

(Figura 1), ultrapassando o número de mortes por doenças como o câncer (O´Neill, 2014).

da saúde pública, melhorando o estado de saúde não só na medicina humana, mas também na produção animal. Entretanto, seu uso indevido é a base da geração de resistência a antibióticos, um processo pelo qual os microrganismos não são mais sensíveis aos antibióticos, que deixarão de ser eficazes para o tratamento de

RAM atualmente 700.000 (estimativa mínima) Tétano 60.000

RAM em 2050 10 milhões

Acidentes de trânsito 1,2 milhões

Câncer 8,2 milhões

doenças comuns.

Este problema é tão grave que a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a resistência antimicrobiana como uma das maiores ameaças que a humanidade deve enfrentar nas próximas décadas (OMS, 2017).

Sarampo 130.000 Doenças intestinais 1,4 milhões

Cólera 100.000 120.000 Diabetes 1,5 milhões

Figura 1. Mortes relacionadas a cada ano à resistência antimicrobiana (RAM) e outras doenças até 2050. Adaptado de: O’Neill, J. (2016). Tackling drug-resistant infections globally: final report and recommendations.

10 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos


Por ser um processo seletivo natural, é difícil

Estes métodos geralmente incluem várias

impedir o desenvolvimento de resistência

etapas sequenciais em suas execuções.

antimicrobiana pelos microrganismos, mas o controle adequado uso de antibióticos e outras substâncias antimicrobianas favoreceria a redução da eficácia do processo.

1

Método de triagem

A UE lançou planos estratégicos que buscam

Inicialmente, o método de triagem permite

reduzir a presença de resíduos deste tipo de

uma análise rápida de um grande número

substância.

de compostos. Este método é qualitativo e requer um segundo passo em que determina e quantifica o composto. Tradicionalmente, os métodos de triagem tiveram uma base biológica, na verdade, eles foram os primeiros métodos a serem desenvolvidos, tendo como base a inibição do crescimento de um microrganismo sensível à presença de antimicrobianos. Atualmente

antibióticos

Estes planos afetam diretamente o setor veterinário, já que este é um dos principais usuários destas substâncias (EMA, 2017). Os alimentos de origem animal são possíveis via de entrada para estes compostos na cadeia alimentar humana e, assim, acabam contribuindo para o desenvolvimento de resistência a antibióticos por parte dos consumidores.

continuam sendo amplamente utilizados por serem barato e de amplo espectro.

Estudo de sensibilidade antibiótica

Nesse contexto, autoridades sanitárias possuem uma legislação ampla e protetora que, juntamente com o uso responsável e programas de controle, conseguiram reduzir o aparecimento de alimentos

2

contaminados com resíduos de antibióticos

Método de determinação e quantificação

em porcentagens inferiores a 0,3% em 2018 Quando o microrganismo mostra um certo

(EFSA, 2020).

nível de inibição de crescimento por exposição Os dados oficiais dão segurança ao

à amostra estudada, ela é considerada

consumidor e refletem não apenas um bom

positiva, sendo necessária a sua confirmação

trabalho dos produtores, mas a eficácia dos

por métodos que identificam o composto

planos de vigilância.

inibitório e determinam sua concentração.

Na Espanha, o Plano Nacional de Pesquisa de Resíduos (PNIR) engloba os métodos oficiais de controle.

Ler sobre o PNIR 11

SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos


Normalmente, esses métodos confirmatórios são baseados nas propriedades físico-químicas dos antibióticos e, em muitos casos, são técnicas cromatográficas de alta resolução.

Embora os métodos atuais preservem a saúde do consumidor, eles não evitam os problemas ligados ao aparecimento de um caso positivo, que deve ser confiscado: A repercussão econômica é um ponto importante para os produtores, já que investem um capital na criação do animal e depois veem a sua perda

antibióticos

HPLC

devido à sua venda frustrada, sem esquecer as consequências jurídicas que o descumprimento das normas vigentes podem trazer. Os impactos ambientais são associados não somente pela criação de animais que possuem resíduos de antibióticos, mas também pelos recursos consumidos (água, energia, etc.), pelas emissões para o ambiente (águas residuais, dejetos, emissões de gases, etc.) e pela má gestão de materiais contaminados.

Os planos de vigilância provaram cumprir seus objetivos, mas apresentam uma desvantagem derivada dos métodos de controle:

São baratos e fáceis de manusear, mas todos são realizados após o abate do animal.

Estes inconvenientes não são as implicações mais graves da existência de carcaças contaminadas, uma vez que a não detecção das mesmas levaria à incorporação de resíduos de antibióticos na cadeia alimentar humana, com o consequente impacto direto e indireto na saúde humana (alergias, resistência antimicrobiana, etc.).

12 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos


PROJETO TESTACOS AUTOCONTROLE DE ANTIBIÓTICOS EM ANIMAL VIVO Com o objetivo de solucionar os efeitos colaterais causados ao meio ambiente, à economia dos produtores e à saúde pública, devido a presença de antibióticos nos animais no momento do abate, a União Europeia, em colaboração com seis universidades públicas, centros de pesquisa e empresas privadas na zona transfronteiriça Espanha-França-Andorra (POCTEFA) lançou o projecto TESTACOS (Imagem 1).

O projeto TESTACOS visa oferecer ferramentas inovadoras e colocá-las à serviço de todos os agentes da cadeia alimentar, freando o crescimento da resistência antimicrobiana, minimizando a passagem de substâncias antibióticas para a cadeia alimentar humana. Especificamente, o projeto é liderado pelo Instituto Agroalimentar da Universidade de ZaragozaAragon (IA2) e conta com a colaboração da Universidade de La Rioja, do Laboratório de Saúde Pública do Governo Basco, da Fundação Basca para a Inovação e Pesquisa em Saúde e Zeulab SL como parceiros espanhóis, e a Universidade de Perpignan Vía Domitia e INRA (Institut National de la Recherche Agronomique) como parceiros

Estas entidades, com experiência comprovada em vários aspectos relacionados a este problema, propuseram uma solução inovadora: a adaptação dos atuais métodos de rastreio para detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos.

Esta nova abordagem, em primeiro lugar, requer um meio adequado para realizar as análises, facilmente obtida a nível de produção e que apresente uma boa correlação com a concentração de antibiótico presente no músculo. Como em muitos outros testes, se apropriado, o sangue seria o meio de escolha.

✓ Boa correlação com

✓ Fácil obtenção

a concentração no músculo

Meio adequado?

Imagem 1. Projeto TESTACOS

13 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos

antibióticos

franceses.


Para estudar o comportamento dos antibacterianos no músculo e no sangue, 120 suínos (Imagem 2) foram criados nas instalações da Faculdade de Veterinária da Universidade de Zaragoza com antimicrobianos de quatro famílias com diferentes mecanismos de ação e características farmacocinéticas: Ÿ Tetraciclina

Ÿ Sulfamida

Ÿ Quinolona

Ÿ ß-lactâmico

Nesse sentido, o projeto TESTACOS, atualmente está dando sequência à validação de dois novos testes de detecção de antibióticos, sulfonamidas e quinolonas para animais vivos baseado no uso de sangue como matriz diagnóstica. Um deles é um teste de triagem baseado na inibição do crescimento de G. steraothermophilus (Imagem 3) enquanto o segundo é um teste específico para a detecção de quinolonas.

antibióticos

Ambas as ferramentas apresentam um futuro promissor para a gestão de resíduos de antibióticos ao nível da exploração e minimização da incidência de resistência antimicrobiana de origem alimentar.

Imagem 2. Suínos utilizados no experimento do projeto TESTACOS. Após o abate dos animais respeitando o período de carência dos antibióticos,

Imagem 3. Formas esporuladas vegetativas de Geobacillus estearotermófilo, microrganismo usado no teste de triagem.

e obtenção de amostras pareadas e a caracterização de ambas as matrizes por Cromatografia Líquida de Alta Performance no Laboratório de Saúde Pública da Biscaia, encontrou-se uma relação clara entre a presença de antimicrobianos no músculo e no sangue. Isso mostra que o sangue é um meio

O projeto foi cofinanciado em 65% pelo Fundo Europeu para Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Interreg V-A Espanha-França-Andorra (POCTEFA 2014-2020). Mais informações sobre o projeto POCTEFA-TESTACOS em www.testacos.com

adequado para desenvolver teste de detecção de resíduos antibióticos em animais vivos, evitando o abate de animais contaminados e, consequentemente, diminuindo as perdas econômicas, os impactos

Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos

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ambientais e reduzindo o risco de entrada de resíduos antibióticos na cadeia alimentar humana.

14 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Novos métodos de detecção de resíduos de antibióticos em animais vivos


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ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS EM SUBSTITUIÇÃO AOS ANTIMICROBIANOS

nutrição

Prof. Dr. Caio Abércio da Silva Universidade Estadual de Londrina / Departamento de Zootecnia / Email: casilva@uel.br

Reconhecidamente a utilização racional dos antibióticos na suinocultura, como em outros segmentos de produção intensiva de carne, é uma condição estabelecida em muitos países e que se estende rapidamente para todo o mundo.

O foco desta postura basicamente é dirigido ao uso dos antibióticos como promotores de crescimento, utilizado sob baixas doses de forma contínua; e ao seu uso em programas preventivos, quando estes são administrados sob altas doses na forma de choques temporais estratégicos.

16 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos


Neste cenário, o espaço que efetivamente era ocupado pelos antibióticos, com muito êxito, instigou muitas investigações dirigidas para a identificação de aditivos substitutos e, assim, um rol bastante extenso de produtos estão em uso comercialmente como melhoradores de desempenho e preventivos

Este estado é extremamente negativo, trabalhando contra a renovação tecidual de vários órgãos, favorecendo a morte celular e a piora da imunidade, com consequências na saúde e na produtividade.

de enfermidades.

ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS Destacam-se nesta classe: Em termos de estratégias nutricionais

probióticos,

efetivamente voltadas à minimização do estresse oxidativo e aos seus efeitos

prebióticos,

deletérios, existem algumas propostas que

extratos vegetais,

podem atender estes objetivos.

óleos essenciais,

Não é foco deste tema tratar dos aditivos alternativos aos antimicrobianos, uma

nutrição

ácidos orgânicos, entre outros.

vez que em sua maioria estes não são nutrientes por essência, não obstante comumente colaborem

À parte desta “nova” orientação, a suinocultura ainda detém contínuos desafios, que estão vinculados ao próprio modelo de criação (instalações, concentração de

com a saúde intestinal e até sistêmica, e com o aproveitamento de nutrientes dietéticos.

animais, manejos etc.) e às mudanças determinadas pelo melhoramento genético, onde animais com alta produtividade (melhores ganhos de peso e conversões alimentares, fêmeas de maior prolificidade e produção de leite etc.), que têm um metabolismo mais intenso, estão mais susceptíveis a desbalanços que os predispõem a um maior estresse oxidativo.

Portanto, o foco da nutrição neste cenário de ausência de antibióticos é ainda mais voltado para a promoção da imunidade e da saúde, que estrategicamente pode ser obtida de forma direta ou indireta. Assim, algumas estratégias recentes têm buscado minimizar os danos do estresse oxidativo (já elencadas anteriormente), incrementando níveis dietéticos de minerais e/ou vitaminas que têm ação antioxidante.

17 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos


Relativo aos minerais, o selênio, principalmente na condição orgânica ou quelatada, cuja absorção e presença nos tecidos corporais é bem mais elevada que na forma inorgânica, tem reconhecido efeito protetivo da oxidação, participando da

Mas os estudos são promissores, sendo que seus efeitos indiretos, como na prevenção de doenças, e diretos, na majoração de:

composição de várias selenoproteínas que têm função antioxidante, destacando enzimas do grupo das glutationas peroxidades.

Benefícios como aumento de óvulos e embriões viáveis (menos mortes embrionárias).

Não há, contudo, uma recomendação definitiva de dose, que nas pesquisas e nas

Melhora das estruturas intestinais em nível celular e imunitário.

posturas comerciais de algumas empresas de nutrição, são naturalmente mais elevadas

Incremento da qualidade de carne.

que as doses orientadas pelas tabelas de

nutrição

exigências nutricionais oficiais.

Redução de quadros sanitários, entre outras, mostram-se muito efetivos.

Na Tabela 1 pode ser observado a redução da taxa de diarreia de leitões lactentes nascidos de porcas que receberam o selênio orgânico versus leitões oriundos de matrizes que receberam este mineral na condição inorgânica (selenito de sódio) nesta condição molecular.

TRATAMENTOS DIARREIA

a.b

Selenito de sódio

SEL Levedura

SEL Metionina1

SEL Metionina2

(0,35 ppm)

(0,35 ppm)

(0,35 ppm)

(0,21 ppm)

Total (n)

805a

698b

605b

717b

Total (%)

7.44

6.33

5.26

5.78

Nº observações

10822

11021

11497

12404

distintas na linha indicam uma diferença pelo teste de Kruskal-Wallis

Tabela 1. Número e porcentagem de leitões, filhos de porcas que receberam diferentes tipos de selênio (SEL) via dieta, que apresentaram diarreia na fase de maternidade.

18 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos

P-VALOR

<0.001


Nesta mesma linha, a vitamina E e a vitamina C, especialmente a primeira, tem uma potente atividade antioxidante, agindo também em linha com o que o selênio determina.

Preservados seus efeitos antinutricionais, rações com concentrações mais elevadas de fitato (uma molécula presente na

nutrição

maioria dos grãos que usamos nas dietas para suínos), podem beneficiar a saúde dos animais pelo efeito deste componente, que é considerado um dos mais potentes antioxidantes conhecidos.

Também com foco na prevenção dos processos oxidativos, alguns aditivos nutricionais como a taurina e a carnitina têm essa prerrogativa de ação, mas indiretamente podemos, através do aumento do nível de: um aminoácido, a metionina, precursor destas moléculas, atingir esse objetivo (efeito antioxidante) e assim melhorar a saúde dos animais.

19 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos


Adicionalmente, em nossos estudos, este incremento de metionina também beneficia diretamente a performance do animal (estudo realizado com animais em fase de crescimento e terminação), possivelmente decorrente das demandas nutricionais aumentadas para este aminoácido que as genéticas modernas requerem.

Atribui-se que o plasma, por conter moléculas bioativas e imunoglobulinas, tenha conferido uma ação direta na imunidade do leitão, estabelecendo também uma base imune que se estendeu às idades mais avançadas do animal,

Com ações também efetivas na modulação da imunidade e da saúde, alguns alimentos demonstram essas virtudes de forma direta e com repercussões duradoras.

reduzindo os quadros de pneumonia.

É previsível que outros ingredientes também possam, nesta linha, desenvolver ações semelhantes ao do plasma, com destaque ao conteúdo celular de levedura (nucleotídeos e nucleotídeos mais parede celular).

nutrição

Nosso grupo, trabalhando com diferentes níveis de inclusão de plasma seco em spray dry na dieta de leitões em fase de creche, identificou efeitos imediatos na saúde dos leitões na fase, mas também ao longo de toda a fase de crescimento e terminação (fases isentas da presença deste ingrediente nas rações), onde o resultado final foi a menor ocorrência e intensidade de lesões pulmonares na idade de abate comercial (expresso pelo índice de pneumonia avaliado nos pulmões no frigorífico), em relação a leitões que não receberam plasma como ingrediente nas rações na fase de creche (Tabela 2).

PARÂMETRO

Índice de Pneumonia a.b

TRATAMENTOS (CONSUMO DE PLASMA) POR LEITÃO

P-VALOR

0g

85g

180g

340g

610G

2,201b

0,875a

0,635a

0,576a

0,757a

<0.001

distintas na linha indicam uma diferença pelo teste de Kruskal-Wallis

Tabela 2. Índice de pneumonia de suínos abatidos aos 160 dias de idade, que consumiram diferentes quantidades de plasma seco em spray dry durante a fase de creche.

20 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos


Ainda sem uma expressiva participação no mercado (nos referimos ao Brasil), há ingredientes que além de deterem moléculas bioativas, podem ser Enriquecidos ou Modulados Para atender demandas específicas que um suíno, num determinado momento de sua vida ou fase, requer.

Neste caso, falamos do ovo em pó, um ingrediente que pode veicular anticorpos oriundos de uma estimulação programada e dirigida à ave, levando esta molécula de defesa ao ovo, que, após desidratado e incluído

nutrição

como ingrediente na ração de um suíno, tem esta macromolécula agindo na proteção contra determinados microrganismos que este enfrenta em sua vida.

CONCLUSÃO As dinâmicas que são discutidas neste artigo já estão em curso e deverão ter seu uso cada vez melhor conhecido e ampliado. A expectativa

é que nos próximos anos a suinocultura tenha, via nutrição, um status sanitário mais elevado e melhores resultados zootécnicos, conferindo paralelamente uma segurança alimentar superior aos consumidores desta importante proteína.

Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos

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21 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Estratégias nutricionais em substituição aos antimicrobianos


QUANDO OS VENTOS VIRAM TEMPESTADES, E NOVOS CÁLCULOS DE ROTA SE TORNAM NECESSÁRIOS Luís Rua, Diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

mercado

Não há muitos meses vimos uma onda positiva alcançar os produtores de carne suína do Brasil, da granja ao abatedouro. A entrada definitiva da China como principal destino das exportações do setor e a sustentação de preços no mercado interno deram um bom respiro para o suinocultor. Os custos de produção estavam elevados, é verdade, mas os níveis de consumo interno, exportações e produção seguiam em compasso ajustado aos níveis de produção.

Os ventos conduziram o setor para avanços históricos. As exportações alcançaram recordes consecutivos, superando o patamar de 1,1 milhão de toneladas em 2021. De 71 mercados, em pouco tempo, graças ao trabalho liderado pela Ministra Tereza Cristina e os esforços dos nossos exportadores, chegamos a 93 países abertos ao nosso produto. A produção seguiu o mesmo compasso e alcançou o patamar de 4,6 milhões de toneladas, um número histórico.

22 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários


Muitos fatores levaram a estes números, além da China. Mesmo com a pandemia – que impactou fortemente a economia brasileira – os níveis de consumo da nossa população se mantiveram elevados, e superaram 16 quilos no ano passado. O preço internacional do produto estava

Eram muitos os fatores positivos. Se os custos de produção geraram uma tempestade perfeita para muitos setores, para os produtores de suínos, naquele momento, a embarcação estava sólida e segura.

Mas o quadro otimista não perdurou. O câmbio sinalizou quedas e o preço internacional foi abalado por notícias de uma recuperação temporária da produção chinesa de carne suína.

Encerramos o ano de 2021 com números históricos, mas com uma conta que não tem fechado para muitos. Os patamares de custos foram aumentados, com uma conta que precisa considerar, necessariamente, também os preços do polietileno, do papelão, das embalagens rígidas e, em especial, do diesel, insumos industriais que praticamente dobraram nos últimos tempos.

mercado

favorável e o câmbio se manteve em níveis interessantes, reduzindo os impactos das nocivas altas históricas do milho e do farelo de soja.

Ficou caro produzir e é preciso fazer, cada empresa individualmente, as contas para entender até onde se deve ir. Para colocar esta visão de forma mais clara, basta uma olhada no gráfico a seguir, que mostra o comportamento do preço do milho e da soja nos últimos meses.

23 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários


DESAFIO DO CUSTO DOS INSUMOS

mercado

Os números mostram uma estabilização dos preços nas alturas ao longo do segundo semestre, com novos aumentos agora no início de 2022, de acordo com o indicador do CEPEA. Há um consenso ponderado pela própria Ministra Tereza Cristina de que os preços dos insumos não serão mais vistos em patamares abaixo de R$ 50, como era comum anos atrás.

Adicione a isto as análises dos impactos da estiagem no Sul, e a entrada de um novo fator – a guerra da Rússia e a Ucrânia – que poderão agravar este quadro, já que falamos de dois players que representam 17% do trade global de milho. Há boas expectativas quanto à safrinha, que encontrou uma janela ideal de produção em diversos pólos de produção. E o estoque final deste ano, embora 9% maior em relação à última safra, não parece influenciar em quedas substanciais nos preços.

É importante lembrar que tivemos o apoio do governo em algumas medidas como a retirada ao longo do ano passado do PIS/ Cofins para importação do milho do exterior (cuja renovação está em negociação pela ABPA), a abertura da importação desse grão dos EUA e a retirada da TEC da importação do milho de fora do Mercosul até o fim de maio, o que fez com que o setor reduzisse o processo especulativo. Os custos de produção, porém, continuam sendo os mais preocupantes para o setor, com altas médias superiores a 40%, tanto para aves, quanto para suínos.

24 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários


Por outro lado, todos os sinais indicam que, enfim, veremos uma retomada sólida das atividades ao longo de 2022. Mais de 80% da população brasileira recebeu a primeira dose e temos um dos índices de vacinação mais elevados do mundo. Consequentemente, as pessoas retomaram a mobilidade e o food service já está voltando aos

Há, entretanto, que se considerar que a inflação que está aí deve seguir penalizando o mercado interno, reduzindo o poder de compra da população brasileira – especialmente a parcela de baixa renda.

A renda média tem caído significativamente, e está no menor patamar da década. Somase a isto uma situação de incertezas políticas – com a chegada das eleições – e o aumento do endividamento geral, com impacto geral, porém, mais sentido em bens de maior valor – basta verificar o quadro da indústria automobilística. À lista de fatores imprevisíveis também pode ser adicionado o câmbio, especialmente com a guerra no Leste Europeu e o nervosismo dos mercados globais.

Por falar em mercado global, a China experimentou, mesmo uma retomada em seus níveis de produção, e devem se aproximar das 50 mil toneladas produzidas, segundo indicadores da USDA - após perdas graves que superaram a casa de dezena de milhões de toneladas desde o início da crise, há pouco mais de três anos. Mas é importante recordar: o consumo da proteína no País voltou aos patamares anteriores à crise de Peste Suína Africana, iniciada em 2018.

Isto significa que uma lacuna de 5 milhões de toneladas segue aberta para os fornecedores externos, como os Europeus (especialmente Espanha e Dinamarca, com a saída da Alemanha do time de principais players, frente às ocorrências de PSA em seu território), dos norte-americanos (EUA e Canadá) e do Brasil.

25 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários

mercado

patamares pré-pandêmicos.


Havia elevada expectativa com relação aos impactos nas exportações de carne suína para o mercado russo após o anúncio de 100 mil toneladas de carne suína - e que poderão se confirmar, se houver o aceite da prorrogação de prazo para o uso destas cotas, que vence ao final deste semestre. Entretanto, não é plausível considerar este volume nas contas atuais das exportações, que agora devem seguir direcionando seus esforços para as nações da Ásia, África e América do Sul.

mercado

Ao menos uma boa notícia veio por meio de anúncio da Ministra Tereza Cristina e sua equipe, com a abertura do mercado do Canadá à carne suína brasileira. Outros, como México e União Europeia, ainda estão longe de abrir as suas portas e não são consideráveis neste curto prazo.

A já mencionada Guerra da Rússia e Ucrânia também pode influenciar este quadro. Além dos custos, são mercados com expressiva produção e participação no comércio internacional de proteína animal.

Em meio às tensões globais, os entraves logísticos devem ser acirrados. Já há companhias que suspenderam o transporte de produtos para o Leste Europeu, e ainda não está claro a extensão desta decisão para a logística marítima global, que já enfrentava uma situação de crise como efeito direto da pandemia no comércio global. Mais de 80% do comércio internacional é transportado por navios - no caso de nossas proteínas, este índice é muito próximo dos 100%. Neste quadro, vemos a suspensão e reorganização de rotas marítimas, a menor disponibilidade de navios, de contêineres e o cancelamento de booking. Os custos e a perda de competitividade do Brasil, neste quadro, é severa. Exatamente por isto, temos trabalhado com outras entidades na busca de ações específicas e emergenciais, para que tenhamos uma política de longo prazo como hubs navais e embarcações com maior capacidade. Precisamos olhar para condições logísticas para escoar essa produção, já que o mundo precisa da segurança alimentar oferecida pelo Brasil.

26 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários


Nosso status sanitário é o nosso diferencial! Fomos resilientes em relação à pandemia. Tomamos todos os cuidados e assim

Se seguimos atentos aos efeitos internacionais da Peste Suína Africana, também mantemos a luz amarela nas Américas, com os casos registrados na República Dominicana e no Haiti. Ações da ministra Tereza Cristina e do MAPA intensificaram as fiscalizações em portos e aeroportos, alinhamento de estratégias continentais, engajamento de toda a cadeia produtiva e reforço dos protocolos de biosseguridade. Mas é fundamental manter atenção total, preservando os nossos plantéis.

mercado

Por fim, a questão sanitária - que foi o principal fator no mercado global de proteína animal - deverá seguir relevante este ano. A Peste Suína Africana, assim como a Influenza Aviária, segue acometendo nações de relevância para o abastecimento global de proteínas - à exemplo da China, como já mencionei. Nesta conta, são especialmente relevantes os países da Europa, que acumulam perdas de produção e de preço em suínos, e que agora também enfrentam uma crítica situação com focos de Influenza Aviária em grandes núcleos produtivos, assim como acontece agora nos EUA. Não está claro se haverá necessidade de reposição de oferta nestes mercados, mas a participação de parte deles foi comprometida, reforçando a posição brasileira.

seguiremos. Mas, acima de tudo, não deixamos faltar oferta para os brasileiros e alimento na mesa em um momento de fragilidade da humanidade. Entretanto, neste momento, é fundamental que cada elo da cadeia produtiva faça suas devidas contas. Como diz o ditado popular, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. O mercado internacional deve se manter atrativo, e abocanhar parte da demanda inicialmente pensada para o mercado interno, entretanto não veremos mais movimentos lá fora como foram estes dois anos anteriores. Entender que o mundo mudou é fundamental para continuar.

Quando os ventos viram tempestades e, novos cálculos de rota se tornam necessários

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27 SuínoBrasil 1º trimestre 2022 | Quando os ventos viram tempestades, e novos cálculos de rota se tornam necessários


PERÍODO PERIPARTO: COMO O PERFIL ENERGÉTICO INFLUENCIA ESSE MOMENTO?

reprodução e nutrição

Rafaella Fernandes Carnevale1, Heng Li Kao Junior¹ e Cesar Augusto Pospissil Garbossa¹ 1 Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

O parto é um momento crucial e complexo que tem grande influência na produtividade da granja, portanto muita atenção deve ser dada a esse momento a fim de se evitar perdas para o sistema.

28 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


Sendo assim, a fêmea suína parturiente

Diversos fatores como:

está muito suscetível a variações no

genética,

nível de glicose plasmática, de modo

ordem de parto,

que baixos níveis de glicose plasmática

tamanho da leitegada e

natimortalidade e diminuir a vitalidade

podem aumentar a duração do parto, a dos leitões nascidos.

disponibilidade energética

Podem influenciar a duração de parto, que por sua vez tem papel importante na saúde da fêmea e na sobrevivência dos leitões.

O processo de parto é uma das atividades mais extenuantes durante a vida da fêmea suína. Para realizar esse processo o útero e musculatura abdominal requerem uma quantidade significativa de energia e cálcio, inicialmente o

de suínos, as fêmeas têm uma vida extremamente sedentária, o que as torna despreparadas para o desafio físico a que estão sujeitas no período periparto.

parto é controlado por contrações do útero e em um segundo momento pelo esforço abdominal

reprodução e nutrição

Nos sistemas modernos de produção

repetitivo da porca. Mesmo antes que o parto se inicie as porcas podem ter contrações miometriais de 2 a 12 horas antes que o primeiro leitão seja expulso. Além das contrações uterinas e musculares, as fêmeas ficam agitadas conforme o parto se aproxima devido a um comportamento instintivo de construção de ninho. Este comportamento de construção de ninho é um instinto natural da fêmea suína. Na natureza as fêmeas constroem o ninho antes do parto para acomodar os filhotes e protegê-los no novo ambiente, porém este comportamento é um fator problemático na suinocultura industrial por promover exacerbada atividade física pela fêmea.

29 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


A alta atividade muscular praticada pela fêmea na construção de ninho consome uma grande quantidade das reservas energéticas presentes no organismo, promovendo um maior direcionamento de energia para a musculatura locomotora e diminuindo as reservas de glicose disponíveis para o útero e para a glândula mamária.

A glicose, assim como os triglicerídeos, são as principais fontes de energia utilizadas pelo útero para as contrações no momento do parto, sendo também utilizados para a produção de colostro.

reprodução e nutrição

CH2OH

A maior parte da energia da dieta é

OH

absorvida em forma de glicose no trato gastrointestinal de porcas e leitões durante as primeiras quatro a seis horas

OH

OH

após a ingestão do alimento.

OH Dessa forma, é necessário que estes nutrientes se apresentem em concentrações adequadas na circulação no momento do parto para evitar possíveis complicações.

A glândula mamária consome a glicose plasmática muito rapidamente no período pré-parto, independente dos níveis de insulina, devido a uma alta atividade metabólica para a produção de colostro. Ainda de acordo com Feyera et al. (2019) a

Um dos fatores que interferem na concentração

maior parte da gordura colostral e

de glicose plasmática no momento do parto é

lactose são produzidas após o início

o intervalo entre a última ingestão de alimento

do parto, sendo estes outros fatores

realizada pela fêmea e o início do parto,

que diminuem a disponibilidade de

sendo observado que intervalos maiores de 3h aumentam a necessidade de assistência ao parto devido à menores

energia para mecanismos cruciais do processo de parto.

concentrações de glicose na circulação.

30 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


A distribuição da glicose entre os órgãos

O comportamento de construção

é controlada pela ação de diferentes

de ninho quebra esta hierarquia por

transportadores de glicose.

direcionar glicose proveniente da última refeição para a musculatura locomotora, consumindo uma grande parte desta energia e restando menos energia para ser utilizada pelas contrações uterinas relacionadas ao parto.

Além disso, todos os tecidos também usam a glicose como fonte de energia, dessa forma parte da glicose absorvida não estará disponível para as contrações uterinas. Assim, a intensa atividade

reprodução e nutrição

física promovida pela construção de ninho, aliada ao desvio de energia para outros órgãos, são prováveis fatores que causam depleção de energia antes ou Células da glândula mamária possuem

durante o parto, podendo estender a

transportadores de glicose do tipo

sua duração.

GLUT1, possuindo alta afinidade e dessa forma sendo priorizadas na distribuição da glicose. Por outro lado, a musculatura locomotora possui uma

Normalmente, na espécie suína o parto

grande quantidade de transportadores

dura de 156 a 262 minutos, e partos

do tipo GLUT4, sendo que estes são

que duram mais do que 300 minutos

dependentes de insulina e, com

(5h) representam um risco para maior

isso, possuem menor prioridade da

mortalidade perinatal. As porcas não

distribuição da glicose no organismo.

são preparadas para um período tão longo de intensa atividade, e com o decorrer do parto se exaurem,

insulina

glicose

sendo um sério desafio físico para a porca, tanto em intensidade quanto em extensão. No ponto de exaustão, que corresponde à baixa energia, as contrações uterinas acontecem com menor frequência, dificultando e até mesmo podendo interromper o processo de parto, o que pode resultar em asfixia e hipóxia dos leitões que ainda não nasceram.

31 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


Na suinocultura, é estimado que durante o período perinatal, a mortalidade pode chegar a 40% nas primeiras 48 horas, o que representa um problema tanto econômico quanto de bem-estar em leitões recém-nascidos.

Ainda, porcas na classificação de glicemia alta tiveram, em média, partos 121 minutos mais curtos que porcas com classificação de glicemia baixa (215 minutos contra 336 minutos).

Aproximadamente 8% dos leitões são natimortos, o que é resultado, predominantemente, de asfixia perinatal que pode ocorrer dentro do útero, ou quando o leitão já está

reprodução e nutrição

no canal de parto. O grau de asfixia é influenciado pela duração da fase expulsiva, porcas com partos mais

Para garantir que as porcas tenham energia suficiente para o processo de parto, alguns estudos sugerem que as fêmeas devam ser alimentadas três ou mais vezes durante o dia, garantindo que consumam pouco antes do parto.

longos do que 300 minutos têm natimortalidade 275% maior quando comparadas a porcas com partos mais curtos do que 300 minutos.

Porém, essa recomendação é contraditória, uma vez que alimentar a fêmea perto do parto

Em um estudo realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Suínos (LPS -USP) avaliando a glicemia no

predispõe a constipação, que além de causar dor e incômodo, também aumentam a duração do parto.

momento do parto foi detectado que apenas 17% das porcas que apresentaram uma glicemia considerada alta (maior que

A composição da ração, a atividade

4,71 mmol/L) tiveram um parto

intestinal alterada, o intervalo entre

longo (maior que 300 minutos),

alimentação e parto são fatores que

enquanto 64% das porcas com

influenciam a ocorrência de constipação,

glicemia baixa (< 4,00 mmol/L)

que pode afetar até 70% do plantel. A

tiveram partos longos.

constipação também pode aumentar a liberação e absorção de endotoxinas bacterianas causando a síndrome da disgalaxia pós-parto.

32 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


CONSIDERAÇÕES FINAIS Dificuldades durante o parto têm sérias implicações nos resultados econômicos do plantel bem como para a saúde dos animais. Os principais prejuízos se traduzem em aumento da mortalidade perinatal.

Por outro lado, tentar aumentar a ingestão de ração das fêmeas pode trazer consequências indesejadas como aumento das taxas de constipação. Portanto, estratégias nutricionais que visem aumentar a concentração de glicose plasmática no período periparto são necessárias.

Partos muito longos levam as

trazer soluções para o problema

porcas à concentrações plasmáticas

exposto, dentre essas algumas têm

de glicose abaixo das requeridas e

ganhado destaque, como dietas

à exaustão, o que pode diminuir as

de transição, utilização de fibras

contrações uterinas.

e uso de suplementos energéticos

reprodução e nutrição

Muitos estudos têm tentado

formulados especialmente para atender as demandas energéticas do parto.

Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?

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33 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Período periparto: como o perfil energético influencia esse momento?


CARACTERIZAÇÃO

DO CRESCIMENTO

INTRAUTERINO RETARDADO

patologia

Cândida Pollyanna Francisco Azevedo Zootecnista, MsC. Zootecnia, DsC Ciência Animal e Pastagens

O crescimento (aumento no número e

O

tamanho das células ou na massa de tecidos)

desempenho reprodutivo das matrizes suínas determina diretamente a eficiência produtiva e os benefícios econômicos na suinocultura moderna. O aumento do tamanho das leitegadas observado nas linhagens modernas de suínos levou a um peso médio ao nascer significativamente menor e a um aumento da porcentagem de leitões nascidos menores. Além disso, vários graus de crescimento intrauterino retardado (CIUR) podem ocorrer nesses leitões.

e o desenvolvimento (mudanças na estrutura e função das células ou tecidos) do feto são eventos biológicos complexos influenciados pela: Genética, Epigenética, Maturidade materna, Fatores ambientais, dentre outros.

34 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


Apesar dos avanços das técnicas de manejo e da pesquisa intensiva sobre as necessidades nutricionais dos mamíferos ao longo dos últimos anos, o CIUR continua sendo um Esses fatores afetam o tamanho e a capacidade funcional da placenta, a transferência uteroplacentária de nutrientes e o transporte de oxigênio da mãe para o feto, a disponibilidade de nutrientes para o recém-nascido, o meio endócrino fetal e as vias metabólicas.

gargalo na indústria suinícola e investimentos são necessários para conhecimento do impacto da nutrição nos mecanismos que regulam o crescimento fetal. Do ponto de vista da biologia reprodutiva, as fêmeas suínas devem completar uma sequência de estágios de desenvolvimento

(CIUR) é definido como o crescimento e desenvolvimento prejudicados do embrião/feto de mamífero ou seus órgãos durante a gestação, o que afeta seriamente a produção e saúde animal. Em espécies politópicas, o CIUR é diagnosticado quando os neonatos possuem pesos de nascimento menores do que a distribuição normal dos pesos de nascimento na leitegada.

para gerar descendentes saudáveis por meio de partos sucessivos. Esses estágios incluem: recuperação da lactação anterior, recuperação da condição corporal, retorno ao ciclo estral normal e maturação adequada dos oócitos, ovulação, inseminação, desenvolvimento do feto,

O CIUR está associado a:

implantação,

altas taxas de morbidade e mortalidade pré-desmame,

placentação e crescimento fetal.

baixa eficiência de utilização dos alimentos,

O desenvolvimento inadequado em qualquer uma dessas fases

efeitos permanentes de

pode aumentar o risco de CIUR e

retardo no crescimento e desenvolvimento, bem como

mortalidade pré-natal.

má qualidade da carcaça.

35 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado

patologia

O crescimento intrauterino retardado


Fatores que contribuem para o CIUR Perdas significativas de embriões/fetos ocorrem durante o início, meio e final da

O resultado das condições estressantes no útero depende de sua natureza, gravidade, estágio da gestação e duração. Assim, múltiplos fatores regulam o crescimento do feto e contribuem para o CIUR.

gestação. Além da contribuição genética, o crescimento e o desenvolvimento fetal são afetados por uma variedade de fatores ambientais, que incluem:

Vale ressaltar que, capacidade uterina insuficiente e nutrição materna inadequada são os principais fatores que prejudicam o crescimento fetal.

nutrição materna (baixa ou alta ingestão de alimentos e desequilíbrio de nutrientes),

má absorção intestinal materna,

Sinais clínicos do leitão CIUR Recentemente, foi levantada a hipótese de que os leitões CIUR podem ser caracterizados em três critérios (Figura 1),

patologia

com base na morfologia da cabeça: 1. Forma de cabeça semelhante a um golfinho.

fornecimento inadequado de nutrientes do líquido amniótico e alantóide,

ingestão de substâncias tóxicas,

temperatura e estresse ambientais,

distúrbios nos mecanismos metabólicos e homeostáticos maternos ou fetais e

2. Olhos esbugalhados. 3. Rugas perpendiculares à boca.

Figura 1: Características dorso-ventral de normal (esquerda), intermediária (meio) e leitões CIUR (direita). Fonte: Chevaux et al., 2012. Leitões expostos ao CIUR priorizaram o desenvolvimento cerebral devido ao

insuficiência ou disfunção do útero, endométrio ou placenta.

“efeito poupador de cérebro”, como parte de uma reação adaptativa fetal à insuficiência placentária. No entanto, é importante saber quais órgãos ou pools de nutrientes estão sendo comprometidos quando os nutrientes estão sendo alocados preferencialmente para o desenvolvimento do cérebro.

36 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


Os pools de glicogênio no fígado e nos músculos são importantes para a sobrevivência dos leitões neonatais, mas pouco se sabe sobre os estoques de glicogênio hepático em leitões CIUR nesta fase.

Fetos em crescimento inadequado exibem estado endócrino alterado e concentrações circulantes mais baixas de muitos aminoácidos essenciais. O é significativamente reduzido em uma

são o substrato primário para

placenta com CIUR, em que fetos de

oxidação imediatamente após

tamanho médio possuem maiores

o nascimento. Portanto, o conhecimento

patologia

suprimento placentário de aminoácidos As reservas de glicogênio

concentrações de:

da fisiologia de leitões expostos a diferentes graus de CIUR é importante para aumentar a sobrevivência de leitões suscetíveis durante a fase neonatal crítica.

Asparagina, Leucina, Lisina,

CIUR E A RELAÇÃO COM A NUTRIÇÃO

Fenilalanina, Treonina,

Estudos foram realizados a fim de identificar períodos nutricionalmente sensíveis do desenvolvimento do embrião/ feto, membranas placentárias associadas e

Tirosina e Valina.

fluidos fetais. As evidências disponíveis sugerem que a trajetória de crescimento pré-natal de todos os eutérios (mamíferos placentários) é sensível aos efeitos diretos

Em comparação ao menor feto de uma leitegada.

e indiretos da nutrição materna em todos os estágios entre a maturação do oócito e o nascimento.

37 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


Estudos indicam que as concentrações de arginina, glutamina, citrulina, prolina, leucina, isoleucina e histidina foram menores no plasma da veia umbilical de fetos com CIUR no 90º dia de gestação (GD90) em comparação a fetos normais.

Sabe-se que 90% do crescimento fetal ocorre durante a fase final da gestação, de modo que o acréscimo de nitrogênio e aminoácidos em fetos suínos aumenta mais rapidamente com a gestação do que a matéria seca não nitrogenada.

patologia

Além disso, a necessidade de proteína para o crescimento fetal suíno aumenta significativamente do GD70 até o parto.

A limitação de nutrientes para porcas aumentou as variações de peso fetal durante o final da gestação, portanto, fornecer dietas balanceadas às porcas gestantes - especialmente durante o final da gestação - é de grande importância para garantir o transporte placentário adequado de nutrientes que, em última análise, melhorará a uniformidade dos leitões na leitegada. Conforme indicado pelas deficiências de aminoácidos, é importante identificar o equilíbrio correto do conteúdo de proteína fornecido às porcas gestantes para evitar o CIUR.

38 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


A suplementação dietética de 0,8% L-arginina durante o início da gestação Porcas alimentadas com uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos resultam em fetos com CIUR com déficit de glicose e energia, enquanto uma dieta pobre em proteínas e rica em carboidratos levou a um déficit de aminoácidos essenciais (Metges et al., 2012).

(GD 0-25) reduziu significativamente: tamanho da leitegada, peso uterino, número total de fetos e peso fetal no GD25.

A suplementação da dieta da porca uma estratégia eficaz para prevenir a desnutrição dos fetos. Por exemplo, a adição de 0,4 ou 0,8% de L-arginina à dieta basal de porcas entre GD 14-25 aumentou o número de fetos viáveis por leitegada no GD 25.

Esses resultados também indicam que o momento da intervenção nutricional deve ser cuidadosamente considerado, para que não interfira na ovulação e no desenvolvimento embrionário. Considerando que o fornecimento limitado de nutrientes ao feto também pode resultar em limitação do fluxo sanguíneo, as variações relacionadas ao CIUR no peso fetal podem ser reduzidas

Registrou-se um aumento no número total de leitões quando a dieta da porca foi suplementada com 25 g de

aumentando o fluxo sanguíneo uterino no início da gestação, que é um resultado proposto da suplementação dietética de L-arginina.

L-arginina por dia de GD 14-28, sem efeito sobre o peso médio ao nascer.

39 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado

patologia

com aminoácidos funcionais pode ser


A suplementação dietética com L-arginina durante o final da gestação (do GD77 até o final da gestação) demonstrou recentemente reduzir a variação dentro da leitegada nos pesos dos leitões nascidos vivos. Em contrapartida, a suplementação dietética com L-arginina do meio da gestação até o final ou durante o terço final da gestação (do GD81 até GD 114) não teve efeito sobre a uniformidade dos pesos ao nascer dentro da leitegada.

Portanto, a adição de glutamina ou uma mistura de L-arginina e L-glutamina à dieta (milho e soja) deve melhorar o número de leitões nascidos vivos e o peso ao nascer da leitegada, diminuindo a variação do peso ao nascer dentro da leitegada

Esses resultados inconsistentes

patologia

sugerem que a avaliação do efeito de

e a proporção de CIUR em leitões de escala comercial.

um aminoácido deve ser considerada no contexto de sua interação com outros aminoácidos na dieta, e que a comparação dos resultados de diferentes estudos requer uma avaliação cuidadosa da dieta basal.

A captação uterina de aminoácidos aumenta substancialmente entre GD 90-114 para suportar o rápido crescimento do feto e as concentrações de glutamina no líquido amniótico diminuem drasticamente após atingirem o GD 45, indicando que a glutamina é um fator limitante durante o final da gestação.

Além disso, a suplementação dietética de N-carbamilglutamato em porcas gestantes também estimula a expressão gênica do fator de crescimento endotelial vascular e a vasculogênese associada, o que aumenta o fluxo sanguíneo e a eficiência placentária (Liu et al., 2012). Assim, a partição de nutrientes entre os fetos e a variação do peso ao nascer dentro da leitegada podem ser menos variáveis após a adição específica de suplementos dietéticos durante a gestação.

40 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


patologia

Conclusão Por fim, os investimentos em pesquisas devem se concentrar nos mecanismos moleculares e celulares subjacentes à formação e progressão do CIUR. Essas vias fornecerão biomarcadores para auxiliar a identificar os nutrientes que regulam o desenvolvimento do CIUR a curto e longo prazo, visando a uniformidade da eficiência placentária, maturação do oócito e implantação. Caracterização do crescimento intrauterino retardado

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41 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Caracterização do crescimento intrauterino retardado


DESAFIO DA PESTE SUÍNA AFRICANA NA ATUALIDADE O

patologia

Roberto M.C. Guedes & Ricardo P. Laub Escola de Veterinária da UFMG.

A

cadeia suinícola representa

Entretanto, a oferta de carne suína está

uma fonte importante de

cada vez mais ameaçada por problemas

proteína de alta qualidade.

de saúde e, dentre estes, a Peste Suína

Com o aumento da demanda

Africana (PSA) é uma doença que

global por carne, espera-se que a

vem causando grande preocupação na

suinocultura nas próximas décadas se

produção mundial de carne suína. Isso se

desenvolva consideravelmente para

deve à sua introdução na Ásia, afetando

suprir essa demanda.

particularmente a China.

42 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


A infecção de suínos domésticos e

de quase todos os animais afetados. Associado a isso, ainda não existem vacinas eficazes contra a doença, o que dificulta ainda mais seu controle devido à presença de suínos infectados em contato com suínos domésticos em algumas regiões do mundo, principalmente no Sul da Ásia e Leste Europeu, com maior preocupação hoje, na Alemanha. Além disso, grande atenção tem sido dada às cepas de vacina atualmente

Reintrodução: Georgia 2007

pode resultar em rápida mortalidade

Erradicação: 1990

selvagens com o vírus da PSA (VPSA) A erradicação da doença ocorreu em meados da década de 1990, com exceção da ilha italiana da Sardenha, onde a doença ainda é endêmica. A reintrodução do vírus na Geórgia no Cáucaso em 2007 marcou uma nova era de transmissão, espalhando-se para a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, mais tarde em 2014, países bálticos e Polônia e, em 2018, Europa Oriental. O cenário piorou consideravelmente com a

circulando na China, associadas

detecção do vírus na China,

a doenças clínicas, bem como a

com rápida disseminação no

contaminação recente de países do

patologia

sul da Ásia.

Caribe, como a República Dominicana e potencialmente o Haiti.

Chegada a América 2021

Em 2021, o Laboratório de Diagnóstico

No início do século 20, a PSA foi descrita pela primeira vez na África Oriental como uma febre hemorrágica aguda causando a morte de praticamente todos os suínos

Chegada na Europa. Portugal 1957 e 1960

domésticos infectados.

de Doenças Exóticas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) diagnosticou um surto da doença na República Dominicana e, após a confirmação, o país notificou a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 29 de julho. Por se tratar de uma doença de notificação obrigatória, a confirmação de casos em

Demonstrou-se que o vírus identificado

um novo país ou região acaba

é originário de suínos selvagens. Desde

levando à imposição de restrições

então, esse vírus vem se espalhando,

comerciais. Portanto, as tentativas

inicialmente para a maioria dos países

de controle da doença exigirão

da África Subsaariana. O primeiro relato

cooperação internacional, com

de difusão transcontinental ocorreu em

estudos para desenvolver vacinas

Portugal nos anos de 1957 e 1960. De lá

eficazes e outras estratégias de

chegou a outros países na Europa, Caribe

controle.

e Brasil.

43 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


Pode infectar suídeos domésticos e asselvajados, mas na África ainda existe um ciclo selvagem de transmissão entre Warthog (Phacochoerus africanus) e carrapatos da espécie Ornithodoros moubata, onde o vírus também infecta

ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO

o carrapato, atuando como reservatório da doença.

A PSA é causada por um vírus de DNA de fita dupla, um membro único da família

Entre os suínos em geral, o vírus da PSA pode ser transmitido por contato

Asfarviridae, que se replica

direto, seja pela via

no citoplasma de monócitos e

oral-nasal ou por

macrófagos.

abrasões na pele.

O vírus interrompe essas células, o que é crucial para sua patogênese

patologia

1

2

e evasão do sistema imunológico.

Acredita-se que a transmissão de aerossol ocorra apenas em distâncias curtas.

O genoma viral varia entre 170 e 193 kbp codificando entre 150 e 167 proteínas.

Animais infectados com cepas de baixa e média virulência podem se recuperar da doença, porém, em alguns casos, esses animais permanecerão cronicamente infectados e, portanto, serão fontes de infecção para outros animais.

Suídeos selvagens africanos, quando cronicamente infectados, desenvolvem poucos ou nenhum sinal clínico e viremia. Por outro lado, os suídeos selvagens de fora do continente africano desenvolvem sinais clínicos da mesma forma que os suínos domésticos.

3

Outra via adicional de transmissão da infecção entre javalis que tem sido sugerida é através do contato desses animais com carcaças de suínos infectados.

44 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


QUADRO CLÍNICO E LESÕES ANATOMOPATOLÓGICAS A patogênese da infecção em animais suscetíveis está associada à Linfopenia, Trombocitopenia, Destruição das células endoteliais Em áreas onde há alta densidade de javalis, a possibilidade de contato desses animais com suínos domésticos é maior, por isso é uma importante via de transmissão da doença aos

dos vasos sanguíneos e Indução de coagulação intravascular disseminada.

sistemas de produção, principalmente para

Em suídeos selvagens africanos, a infecção

aqueles com protocolos de biossegurança ou

não causa sinais clínicos aparentes, exceto

criados ao ar livre.

em animais jovens que desenvolvem viremia de forma transitória. O vírus da PSA pode causar uma doença

Os seres humanos também podem

hemorrágica altamente fatal em suínos

transmitir o vírus da PSA através de

domésticos. No entanto, não só esta forma

materiais contaminados, como

tem sido descrita na literatura.

roupas, botas, veículos de transporte e facas de caça, levando a transmissão de PSA a curta e longa distância.

5

patologia

4

Essas variações na manifestação clínica existem, pois dependem da virulência da cepa viral, da idade do animal e de seu estado imunológico.

O vírus também pode sobreviver por semanas ou meses em produtos cárneos, e seu uso na alimentação de suínos domésticos pode levar à

Por exemplo, cepas muito virulentas, com curso hiperagudo a agudo, podem causar cerca de 100% de mortalidade.

infecção.

O cozimento de produtos de carne suína resulta na inativação do vírus, portanto, a carne cozida e os produtos à base de carne não apresentam risco de

Na forma subaguda da doença, causada por isolados moderadamente virulentos, as taxas de mortalidade são menores, entre 30 e 70%.

transmissão do vírus da PSA.

Isolados de baixa virulência podem causar doença crônica com baixas taxas de mortalidade e ausência de lesões vasculares, apresentando sinais como baixo rendimento, emagrecimento, edema articular e úlceras na pele.

45 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


APRESENTAÇÃO AGUDA A forma aguda da PSA geralmente está associada a febre alta, superior

À medida que a doença progride,

a 41°C, e inclui perda de apetite e

os animais podem parar de comer,

letargia.

seguido de uma piora do quadro clínico geral.

O aparecimento dos sinais clínicos é geralmente observado após cerca de 3 ou 4 dias.

Além disso, podem ser observados sinais respiratórios, cianose, ataxia, diarreia sanguinolenta, vômitos e, no caso de

patologia

porcas gestantes, abortos.

b

a

d

Figura 1. Alterações patológicas observadas após inoculação experimental com VPSA (a) Congestão e edema pulmonar, (b) Linfonodos mesentéricos aumentados com coloração marrom-avermelhada, (c) Rim com numerosas petéquias subcapsulares, (d) cortical e medular. (e) Petéquias multifocais na serosa da bexiga. (PIKALO et al., 2019). Cortesia do Friedrich-Loeffler-Institut.

46 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade

c

e


Os achados patológicos também

AMOSTRAS RECOMENDADAS

dependem do curso da doença e, em geral, refletem a variabilidade mencionada acima e estão associados a:

Vários exames laboratoriais estão disponíveis para o diagnóstico da PSA, e as amostras

Vasculitis,

recomendadas para análise laboratorial incluem linfonodos, rins, baço, pulmão, sangue

Eritema da pele,

e soro.

Edema pulmonar (Figura 1a), Gastrite hemorrágica, esplenomegalia,

Para os javalis, além das amostras mencionadas acima, a medula óssea

linfadenite hemorrágica (Figura 1b)

também é uma excelente amostra para coleta.

e hemorragias petequiais nos rins

Essas amostras de tecido serão úteis para

(Figura 1c/d), pulmões e bexiga (Figura 1e).

isolamento ou detecção direta do vírus. Transudatos de cavidades e amostras de soro também podem ser usados ​​para detecção direta do vírus, embora sejam usados ​​principalmente

Existe uma alta correlação entre

patologia

para detecção de anticorpos.

a manifestação clínica da doença com a viremia e a detecção do vírus, principalmente no baço e linfonodos.

TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO

As técnicas mais utilizadas e seguras para a detecção e identificação do VPSA

Os exames laboratoriais são essenciais para o diagnóstico definitivo do vírus da PSA, uma vez que os sinais clínicos e as lesões patológicas da doença são semelhantes aos de outras doenças hemorrágicas que acometem os suínos, como Peste Suína Clássica (PSC), Erisipela e Salmonelose Septicêmica.

são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e o teste de hemadsorção, este último considerado o padrão ouro para o diagnóstico da doença.

Para detecção indireta, a técnica recomendada para detecção primária

Portanto, o diagnóstico da PSA não pode ser

é a detecção de anticorpos anti-VPSA

baseado apenas em sinais clínicos ou lesões

por ELISA. Os testes de

patológicas. É uma possibilidade importante

imunoperoxidase indireta,

em áreas e granjas afetadas realizar avaliações

imunofluorescência indireta e

diagnósticas de animais convalescentes,

immunoblotting são usados ​​como

bem como de animais que apresentem sinais

testes sorológicos de confirmação.

clínicos inespecíficos.

47 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


TRATAMENTO E CONTROLE

Outras estratégias preventivas são baseadas em estudos

Em casos suspeitos de PSA, a circulação de suínos deve ser restringida e os testes de diagnóstico devem ser realizados o mais rápido possível. Deve-se ter cuidado, pois cepas de

epidemiológicos, que mostraram que resíduos contaminados em aeroportos e portos internacionais são uma das principais fontes de propagação do vírus.

baixa virulência não causam sinais ou lesões óbvias.

Na Sardenha, onde a doença é

Não há tratamento ou vacina comprovada

endêmica, as infecções são leves ou

contra o vírus da PSA, apesar de várias

inaparentes, e as medidas preventivas

tentativas. As primeiras tentativas de

incluem o controle da circulação

desenvolver uma vacina ocorreram na década

de suínos e seus produtos e testes

de 1960 em Portugal, mas não tiveram

sorológicos para detectar portadores.

patologia

sucesso. Vários estudos foram realizados ao longo dos anos, com avanços importantes,

Na África, além das medidas

mas o vírus é realmente complexo e a

mencionadas, é essencial controlar

obtenção de uma vacina eficaz que induza

os carrapatos O. moubata e evitar

uma proteção sólida levará algum tempo.

o contato entre suínos selvagens africanos e suínos domésticos.

Em outros continentes onde a doença já está circulando, é fundamental entender o papel dos vetores biológicos no ciclo da doença e controlar a movimentação de suínos domésticos, seus subprodutos e javalis.

48 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Infelizmente, a PSA está se expandindo na Ásia e na Europa, e o sinal de alarme foi recentemente levantado na América com a

patologia

contaminação no Caribe. Existem múltiplas formas de introdução do vírus nas populações suínas, sendo o javali o principal responsável pela sua progressão lenta e constante. Entretanto, o homem desempenha um papel fundamental no transporte do vírus por longas distâncias, seja transportando alimentos clandestinamente, ou mesmo com o selo de ajuda humanitária. O papel do técnico veterinário torna-se fundamental no caso de notificações precoces que permitirão a implementação de programas de contingência e

Referências sob consulta dos autores.

mitigação das consequências da doença, em caso de contaminação.

O desafio da peste suína africana na atualidade BAIXAR O PDF

49 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | O desafio da peste suína africana na atualidade


OS AVANÇOS NO

DESENVOLVIMENTO DA VACINA CONTRA A PESTE SUÍNA AFRICANA Cândida P. F. Azevedo Zootecnista, MsC em Zootecnia e DsC em Ciência Animal e Pastagens controle sanitário

Revisado por: Dra. Masaio Mizuno Ishizuka Profa. Titular Senior da FMVZ/USP Especialista em Epidemiologia Veterinária, Compartimentaçao, Bioestatística, Vigilância Ambiental, Epidemiologia das Doenças Infecciosas e Planejamento e Gerenciamento de Programas de Saúde Animal, Educação Sanitária.

A

peste suína africana (PSA) é uma doença hemorrágica e fatal causada pelo vírus da

família Asfarviridae que ocorre em suínos domésticos e javalis.

50 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana


PSA NO MUNDO

1921

A situação piorou consideravelmente quando a PSA se espalhou para a China em 2018 e rapidamente se espalhou para 11 países asiáticos.

A doença atingiu severamente a suinocultura local e foi erradicada até 1996 (exceto na Sardenha) por meio de medidas de biossegurança e programas de erradicação. 1957

1996

Em 1957, a PSA foi introduzida pela primeira vez na Península Ibérica e circulou na região por mais de 30 anos.

2007

2018

A PSA foi reintroduzida da África para a Europa (Cáucaso), espalhando-se rapidamente para a maioria dos países do Leste Europeu.

HOJE

A PSA se espalhou para alguns estados membros da União Europeia, incluindo Bélgica, República Tcheca, Romênia, Bulgária e Alemanha.

Como não há vacina comercial disponível

O vírus induz destruição maciça nos linfócitos B e

atualmente, a prevenção baseia-se essencialmente

T da circulação sanguínea e dos tecidos linfoides e,

na aplicação de medidas de biosseguridade

em última análise, não há resposta imune eficaz.

e o controle realizado pela detecção precoce da doença seguida da adoção de medidas emergenciais representada pelo sacrifício e destinação adequada dos animais e a política de aplicação rápida de testes.

Portanto, as vacinas inativadas não são eficazes para evitar a infecção por PSA. A ausência de vacinas seguras e eficazes

Diante do impacto da doença sobre a cadeia produtiva de suínos, em escala

contra a PSA é uma grande lacuna para prevenção e controle da doença.

global, várias estratégias têm sido utilizadas para desenvolver vacinas. Entretanto, o vírus da PSA (VPSA) é complexo com um genoma de DNA de fita dupla que é difícil de enfrentar.

51 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana

controle sanitário

A descoberta da PSA foi registrada em 1921 no Quênia, e tem sido endêmica em muitos países da África.


VACINAS INATIVADAS E SUBUNIDADES DO VPSA

Uma das principais desvantagens gerais desses tipos de vacinas é a incapacidade de gerar uma resposta imune prolongada. As vacinas inativadas não conferem proteção mesmo na presença de adjuvantes (Blome et al., 2014)

A observação de que os suínos sobreviventes

controle sanitário

à infecção pelo VPSA são capazes de desenvolver imunidade protetora contra novas infecções indica que uma vacina eficaz contra o VPSA pode ser possível.

A complexidade do vírion e a localização intracelular e extracelular de partículas infecciosas tornam a neutralização viral um desafio e, os anticorpos gerados não são protetores ou podem até aumentar a gravidade da doença.

No entanto, apesar de vários grupos de pesquisa terem implementado novas e diversas tecnologias de vacinas, incluindo: Vírus inativados, Proteínas/peptídeos recombinantes, Vacinas de combinação de DNA e

Também foram relatadas vacinas de subunidade que utilizam a expressão de genes e proteínas específicos do VPSA para gerar uma resposta imune específica. A identificação dos antígenos e epítopos do VPSA responsáveis ​​pela

DNA/proteína,

indução de respostas imunes relevantes

Vacinas vetorizadas e

eficazes contra o VPSA.

Vacinas vivas atenuadas (LAVs do inglês, live attenuated vacines),

é fundamental para desenvolver vacinas

Embora algumas pesquisas tenham sido realizadas sobre este tópico, as 167 ORFs (do inglês open

Atualmente não existe uma vacina

reading frames) no genoma viral tornam muito

completamente segura e eficaz contra o

difícil selecionar candidatos específicos com base

VPSA no mercado.

em abordagens “in silico” ou em elispots de IFNλ.

52 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana


VACINAS VETORIZADAS Os vetores de expressão gênica baseados em vírus, bactérias ou plasmídeos têm sido usados como plataformas de entrega de antígenos para induzir resposta imune contra o VPSA. Embora as vacinas de PSA com vetor vivo sejam altamente imunogênicas, elas não conferem proteção significativa após o desafio intranasal com PSA.

VACINAS VIVAS ATENUADAS DO VPSA Devido à complexidade da infecção e complexidade da resposta imune suína contra o VPSA, foi proposto o desenvolvimento de uma vacina usando o VPSA vivo replicante. Os LAVs, presumivelmente, estimulariam a imunidade celular e humoral inata e secundária, embora devam ser ainda mais

A vacina contra o VPSA baseada em DNA transfere uma sequência de DNA

atenuados pela modificação de genes virais responsáveis pela evasão do hospedeiro, virulência ou inibição imunológica, seja para mitigar possíveis efeitos colaterais ou

controle sanitário

VACINAS DE COMBINAÇÃO DE DNA E DNA/PROTEÍNA

para estabelecer marcadores.

codificadora de antígeno específico para um organismo para induzir uma resposta imune.

Embora as vacinas de PSA baseadas em DNA possam induzir altos níveis de respostas imunes, elas ainda não podem resistir totalmente ao desafio de cepas virulentas. As vantagens potenciais da vacinação com DNA sobre as abordagens tradicionais incluem: estimulação de respostas imunes, estabilidade melhorada da vacina, ausência de qualquer agente infeccioso e relativa facilidade de produção em larga escala.

53 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana


LAVS OBTIDOS DE CEPAS VIRULENTAS Uma estratégia para desenvolver LAVs é atenuar cepas altamente virulentas por meio da deleção de genes específicos relacionados à virulência e/ou bloqueio da resposta imune do hospedeiro.

LAVS OBTIDO A PARTIR DE CEPAS NATURALMENTE ATENUADAS Para evitar recombinação possivelmente catastrófica, a modificação de cepas do VPSA naturalmente atenuadas constituiria uma alternativa mais segura às virulentas.

Embora as modificações de algumas cepas virulentas resultem em vírus que podem induzir proteção, o risco de vacinar com tais vírus geneticamente modificados é alto.

No entanto, mesmo quando cepas naturalmente atenuadas podem conferir proteção sem exigir mais manipulação genética, é amplamente aceito que elas não

controle sanitário

podem ser usadas como vacinas sem a adição de marcadores específicos A recombinação homóloga in vivo entre vacinas recombinantes (sem sequências de DNA particulares) e vírus do tipo

para rastreamento e sem modificações genômicas específicas para atenuar os efeitos colaterais.

selvagem circulante não pode ser descartado, gerando novos surtos de doenças.

Em comparação com outros tipos de vacinas contra PSA, as vacinas vivas atenuadas (LAVs) podem fornecer proteção homóloga completa e heteróloga parcial, representando uma estratégia de vacina promissora e viável em um futuro próximo. Com mais melhorias na segurança, é provável que os LAVs sejam colocados em uso emergencial e condicional em áreas restritas se a PSA surgir ou ressurgir ou estiver fora de controle em um país com uma enorme população suína e consumo de carne suína, como China e EUA.

54 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana


CONSIDERAÇÕES FINAIS

As abordagens para proteger os

Diante do insucesso geral dos protocolos

suínos com vacinas inativadas

citados e conhecido o cenário desafiador

não foram bem sucedidas, mesmo

de vacinação, surge como uma suposta

que combinadas com adjuvantes

estratégia contra a PSA, a chamada “vacina

específicos, revelando a incapacidade

viva atenuada” (LAV), sobre a qual já

dos anticorpos na proteção. Além

existem algumas patentes, mas nenhum

disso, outras abordagens, como o

produto até o momento.

uso de certos vetores virais para a baseadas em adenovírus) de antígenos de VPSA também não tiveram sucesso, enquanto as vacinas de subunidades mostraram reduzida proteção contra a exposição a cepas virulentas do VPSA.

Espera-se que o desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz ajude em cinco anos a imunização eficiente de suínos domésticos e javalis evitando

controle sanitário

expressão (especialmente vacinas

futuros surtos em todo o mundo que coloquem em risco a cadeia global de suínos e tragam grandes perdas econômicas para os países afetados.

Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana

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55 suínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Os avanços no desenvolvimento da vacina contra a Peste Suína Africana


CARACTERÍSTICAS DO CICLO SEXUAL DA PORCA

reprodução

M.V.Z. Guadalupe Edgar Beltrán Rosas Consultor técnico de suínos

A porca é um animal poliéstrico que, em condições favoráveis, manifesta sua atividade sexual durante todo o ano. Seu ciclo estral é de aproximadamente 21 dias com um intervalo de 15 a 28 dias. De acordo com as mudanças que ocorrem tanto em suas manifestações internas quanto externas, elas são divididas em quatro fases: proestro, estro, metaestro e diestro.

56 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Características do ciclo sexual da porca


PROESTRO Esta fase dura 2 dias e as fêmeas começam a montar umas nas outras, sem aceitar o macho (receptividade do cachaço). Sintomas externos como vermelhidão vulvar e secreções começam a aparecer.

Descrição Inchaço e vermelhidão, a vulva está inchada (1) e significativamente vermelha nas marrãs (2), mas apenas no interior (3).

As fêmeas de reposição mostram sinais de proestro por vários dias, enquanto as multíparas podem durar apenas um ou dois dias.

Esta fase é caracterizada por um aumento na vocalização, também conhecido como “canto”.

reprodução

1

Há também um aumento de certos comportamentos: mordedura de gaiolas ou portas das baias; tentam montar outras porcas, ou sair da gaiola à procura do cachaço. Esses sinais são muitas vezes confundidos na área de serviço e os técnicos podem inseminar as porcas muito cedo, o inchaço vulvar ocorre vários dias antes do estro e reduz, significativamente, em seu início.

2

Internamente, o folículo terciário se desenvolve no ovário, aumentando a secreção de estrogênio e iniciando a preparação dos órgãos tubulares e da vulva com seu edema característico.

3 57 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Características do ciclo sexual da porca


ESTRO Esta fase dura de 2 a 3 dias, há inflamação vulvar, podem aparecer secreções mucosas no canto da vulva, a fêmea grunhe com frequência, come pouco e fica inquieta, pode ser agressiva e o mais característico é o reflexo de imobilidade ou quietude, que é usada para acasalamento ou inseminação artificial (IA).

4

reprodução

A ovulação deve ocorrer entre 26 e 40 horas após o início do cio, é a fase mais importante do ciclo estral, pois é o momento em que ocorre o acasalamento.

Descrição Acúmulo de muco transparente e pegajoso na vulva de uma porca (4) e é depositado (5), teste de aderência (6).

5

METAESTRO

6

58 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Características do ciclo sexual da porca

Essa fase dura cerca de 7 dias, quando o corpo lúteo se organiza e começa a produção de progesterona.


DIESTRO

Figura 1. Ciclo estral da fêmea. AMVEC.

Ação do corpo lúteo DIESTRO (9 dias)

Produção máxima de progesterona até atingir o máximo em 8-12 dias Regressão do corpo lúteo

METAESTRO (7 dias)

Desenvolvimento do corpo lúteo Início da secreção de progesterona A relaxina também atua: luteinização das células da granulosa

LUTEÍNICA (primeiros 13 -16 dias do ciclo)

reprodução

Esta fase dura aproximadamente 9 dias e a progesterona é produzida e se não ocorrer a gestação ao final, inicia-se a regressão do corpo lúteo, diminuindo o nível de progesterona circulante no sangue, iniciando a maturação de novos folículos e com ela o início de um novo ciclo (Figura 1).

Alta concentração de estrogênios circulantes FASES DO CICLO ESTRAL

ESTRO 40-70 h multíparas menores em nulíparas 24 h FOLICULAR (primeiros 14-16 dias do ciclo)

Manifestações claras de calor (reflexo de imobilidade) Pico de LH pré-ovulatório Ovocitação: Último terço do estro (às 35-45 h, dura 2-4 h)

Início do crescimento e maturação de vários folículos ovarianos PROESTRO (2, 3, 4 dias)

Estímulo de FSH LH: alta frequência e baixa amplitude Os estrogênios começam a ser produzidos: Vulva aumentada, avermelhada, procura o macho e monta uma na outra

59 suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Características do ciclo sexual da porca


DESENVOLVIMENTO FOLICULAR

Em contrapartida, durante a fase folicular, o número de folículos pequenos e médios diminui drasticamente em ambos os ovários, deixando um total de aproximadamente 20 folículos, a maioria dos quais são folículos ovulatórios, que atingem um diâmetro de 7 a 10 mm antes da ovulação. ovulação.

Tanto em porcas pré-púberes quanto em porcas púberes, há um aglomerado de aproximadamente 50 folículos de 1 a 6 mm na superfície do ovário. Em suínos, os ovários são notáveis ​​ por possuírem um grande número de folículos em comparação com outras espécies.

No início da fase lútea, imediatamente após a ovulação, os ovários da fêmea apresentam apenas pequenos folículos antrais. No entanto, após a diminuição da concentração de inibina e estradiol (E2) após a ovulação, o feedback negativo sobre o FSH desaparece (Figura 2), as concentrações de FSH aumentam e uma onda de desenvolvimento folicular sincronizado é iniciada.

Durante a fase lútea, 30 a 90 folículos pequenos de 1 a 2 mm e 30 a 50 folículos médios de 2 a 7 mm podem ser vistos em cada ovário..

reprodução

Figura 2. Mecanismo de regulação do feedback hormonal. Cortesia: Beltrán-Rosas (2020).

HIPOTÁLAMO GnRH

Efeito rebote negativo da inibina na liberação de FSH

HIPÓFISE ANTERIOR FSH

LH

Efeito rebote negativo da progesterona

OVÁRIO OVULAÇÃO Efeito rebote positivo do estradiol

FOLÍCULO LUTEINIZAÇÃO

MATURAÇÃO

CRESCIMENTO LUTEÓLISE

PROGESTERONA

ESTRÓGENOS Alterações associadas à progesterona ALTERAÇÕES ESTRAIS

COMPORTAMENTO DE CIO

60

suinoBrasil 1º trimestre 2022 | Características do ciclo sexual da porca

ÚTERO


Essa falta de dominância está associada à ausência de alterações nas concentrações plasmáticas de FSH e E2 durante o restante da fase lútea. Os folículos ovulatórios começam a crescer entre os dias 14 e 16 do ciclo estral. Os folículos ovulatórios são recrutados do grupo de folículos antrais, que se desenvolvem durante a fase lútea do ciclo, e atingem aproximadamente 5 mm. No final da fase lútea, os níveis de P4 caem e o aumento de FSH e LH resulta em recrutamento folicular. Folículos pequenos que não possuem receptores de FSH e LH suficientes não são recrutados e tornam-se atrésicos.

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL CERVICAL (IAC) E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL (IAPC) A inseminação artificial cervical (IAC) mais comumente conhecida como inseminação artificial (IA) é o método predominante em granjas. Os benefícios da IAC e da inseminação artificial pós-cervical (IACP) são:

Introdução de genética melhorada “Menor risco de transmissão de doenças” Melhor desempenho das funções reprodutivas, o que melhora a gestão do tempo em relação ao serviço natural.

Vale ressaltar que a fadiga do técnico IAC deve ser evitada. As taxas de parto caem de 85 para 78% quando os técnicos realizam mais de 10 IACs antes de fazer uma pausa. A taxa de entrega diminui para 71% quando mais de 15 IACs são realizados sem interrupção. O recente interesse na Inseminação Artificial Pós-Cervical deve-se principalmente ao fato de que o número de espermatozoides/dose de sêmen é significativamente menor que o da IAC. Portanto, mais porcas com genética superior são criadas e menos cachaços são necessários para produzir esse sêmen. A IAPC contorna o colo do útero e deposita a maior parte do sêmen diretamente no corpo uterino. A IAPC, também conhecida como IA intrauterina e IA transcervical, não é nova. Algumas desvantagens relatadas do IAPC são: Não é facilmente aplicado em marrãs (por isso não é recomendado para uso em marrãs). O cateter é caro e pode ser prejudicial para a porca se não for feito corretamente.

Os benefícios são: Mão de obra reduzida Tempo reduzido para IA mais porcas criadas com sêmen de reprodutores superiores e menos reprodutores necessários para produzir esse sêmen. O tempo e o trabalho adicionais são economizados porque não deve haver cachaços durante o IAPC, o IAC tradicional leva de 7 a 10 minutos, enquanto o IAPC leva de um a dois minutos. Com IAPC, 1-2 x 109 espermatozoides/dose ou mesmo 0,5 x 109 espermatozoides/dose são usados em comparação com 3 x 109 espermatozoides/dose usados para IAC. Características do ciclo sexual da porca

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reprodução

Subsequentemente, a produção de inibina a partir desta onda de folículos reduz a produção de FSH e o aumento dos níveis de progesterona (P4) no corpo lúteo em desenvolvimento suprime a secreção de gonadotrofina. Assim, há crescimento contínuo e atresia dos folículos ovarianos durante o restante da fase lútea (7 a 15 dias do ciclo estral), sem evidência de ondas ou dominância folicular.


FATORES QUE A E

INFLUENCIAM

PRODUÇÃO

COMPOSIÇÃO DO

manejo

LEITE EM PORCAS Alejandro Orozco Gaspar1, Gerardo Ordaz Ochoa2, Rosa E. Pérez Sánchez3 & Ruy Ortiz Rodríguez4 ¹Centro de Bacharelado Tecnológico Agrícola Nº 49. ²Centro Nacional de Pesquisa Disciplinar em Fisiologia e Melhoramento Animal, INIFAP, México. ³Faculdade de Farmacobiologia Química, UMSNH, México. 4Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UMSNH, México.

N

a suinocultura intensiva, um dos indicadores que afetam as perdas econômicas é o baixo peso dos leitões ao desmame, visto que este indicador afeta diretamente a eficiência produtiva durante as fases de engorda; haja vista que leitões de menor peso ao desmame necessitam mais tempo para atingir o peso alvo ao abate e cada dia de aumento para atingir o peso de abate, custa ao produtor $ 1,4 dólares.

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O período de lactação e sua qualidade são elementos essenciais para o desenvolvimento do leitão, principalmente para atingir um peso adequado ao desmame. Durante esta fase, os leitões dependem da disponibilidade de nutrientes fornecidos pelo leite materno. O leite fornece ao leitão a energia necessária para a sua termorregulação, metabolismo e imunidade.

Em condições comerciais de alojamento e nutrição, a porca é capaz de sintetizar a quantidade e a qualidade do leite para satisfazer as necessidades de sua leitegada. No entanto, foi estabelecido que a quantidade e a qualidade nutricional do leite estão sujeitas a diferentes fatores: inerentes ao leitão e à porca (Farmer e Quesnel, 2009).

manejo

Leitões em lactação dependem do leite materno, se o leite sintetizado durante os primeiros quatro dias pós-parto for deficiente (quantidade e qualidade), podem não apenas retardar o crescimento dos leitões, mas também causar mortalidade (> 50%).

Quanto aos fatores inerentes ao leitão, destacam-se: a intensidade da mamada, tamanho da leitegada, idade e peso dos leitões. Ao mesmo tempo, são considerados os fatores inerentes à porca, idade da porca, estado fisiológico, ambiente e genótipo (Marshall et al., 2006).

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COMPOSIÇÃO E PRODUÇÃO DO LEITE

Colostro: 24 a 30% dos sólidos totais; 5 a 7% de gordura, 2 a 3% de lactose e 15 a 19% de proteína; sendo este último composto a principal característica do colostro. Nesta secreção, 80% da proteína é imunoglobulina (95,6 mg IgG/mL, 21,2 mg IgA/ mL e 9,1 mg gM/mL) e seus níveis diminuem 12 h pós-parto (Foisnet et al., 2010).

O leite de porcas, em geral, tem a seguinte composição físico-química: 80% de água e 20% de sólidos totais: gordura, 7%; proteína, 5% e lactose, 5%. O conteúdo nutricional do leite é regulado por hormônios lactogênicos, principalmente a prolactina, que promove: Início da lactação promovendo o desenvolvimento alveolar e a lactogênese. Manutenção da lactação.

manejo

Regula a síntese e absorção de proteínas e glicose na glândula mamária, para formar os componentes nutricionais (gordura, lactose e proteína).

Foi estabelecido que o comportamento do conteúdo nutricional do leite muda à medida que a lactação progride. Nas primeiras 24 horas pós-parto, o colostro é secretado; a partir de 34 h até o 4º dia pós-parto é secretado o leite de transição e do 5º dia até o final da lactação é secretado o chamado leite maduro (Theil et al., 2014).

64

O colostro não só contém nutrientes, como também contém princípios bioativos que conferem ao leitão proteção contra infecções e/ou modulam o seu metabolismo, entre os quais se destacam: hormônios (progesterona, estradiol, somatotropina, prolactina e IGF-I e II ) vários tipos de células (neutrófilos,linfócitos, macrófagos, eosinófilos e células epiteliais) (Farmer et al., 2006).

Ao passo que o leite de transição, difere do colostro, principalmente, pelo teor de proteína. Após 72 h, a proteína do leite diminui de uma faixa entre 15 a 19% para uma faixa entre 4,6 a 9,9%. Comportamento contrário à dinâmica da síntese de gordura: de 5 a 7% no colostro para 13% no leite de transição (Hurley, 2015). As alterações na lactose são pequenas, Hansen et al. (2012) verificaram que no 3º dia de lactação apresenta maior teor de lactose: 3,8 a 5,3%. Por fim, os teores nutricionais do leite maduro permanecem constantes: lactose, entre 5,1 a 5,3%, gordura, entre 7,0 a 7,6%, e proteína, entre 5,0 a 5,4%.

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Em relação à quantidade de leite de acordo com sua classificação (colostro, transição ou maduro), foi demonstrado que a quantidade de leite varia de acordo com o indivíduo, genótipo e condições ambientais (Kim et al., 2013). Em geral, a produção é: Colostro, entre 1.9 e 5.3 (média de 3.6 kg). Leite de transição, entre 4.6 e 9.6 kg (média de 8.0 kg). Leite maduro, ≥10 kg/porca/dia.

FATORES INERENTES AO LEITÃO A demanda de leite pelo leitão está relacionada ao estímulo que o leitão gera via sistema nervoso periférico paracentral para a secreção de ocitocina e prolactina: Ocitocina, estimula a secreção da glândula mamária. Prolactina, estimula o crescimento da glândula e está envolvida na absorção de nutrientes para a formação dos componentes do leite.

manejo

Em suínos, a produção de leite também é afetada pela intensidade da mamada; isso envolve várias interações porca-leitão, incluindo: frequência de amamentação e, principalmente, tamanho da leitegada (Hurley, 2015).

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FREQUÊNCIA DE AMAMENTAÇÃO

Mesmo que as evidências mostrem que de forma “natural” o intervalo entre as mamadas não é diferente, isso afeta a produção de leite.

Spinka et al. (1997) observaram que leitões com intervalo de 35 minutos entre as mamadas consumiram 27% mais leite e obtiveram ganho de peso 44% maior vs. leitões submetidos a um intervalo de amamentação de 70 minutos.

Hartman et al. (1962) observaram que o intervalo entre a amamentação aumenta de 43,5 para 50,4 minutos de 7 para 14 dias; de 50,4 a 52,0 minutos de 14 a 21 dias e de 52,0 a 54,9 minutos de 21 a 28 dias. Hernández (2014) observou resultado diferentes para esse comportamento, pois o autor mensurou o tempo dos intervalos de amamentação/semana de lactação (Tabela 1) e não encontrou diferenças (P>0,05). Possivelmente, essa discrepância em torno do intervalo de tempo entre as mamadas se deve ao intervalo de tempo (1962-2014) associado ao melhoramento genético.

Semanas de lactação

1ª semana 2ª semana

3ª semana

4ª semana

Intervalo (min.)

51,5

50,8

51,5

55,7

Duração (min)

10,0

9,8

8,3

8,5

manejo

Refere-se ao número de vezes que o leitão é amamentado durante o dia. A porca alimenta seus leitões em intervalos de 1,5 horas em média. Um aspecto que deve ser levado em consideração, ao tentar explicar a intensidade da amamentação, é a idade do leitão; porque esta variável modifica o intervalo entre as mamadas: quanto mais velho o leitão, a frequência de mamadas diminui.

Tabela 1. Intervalo e duração da amamentação por semanas (Hernández, 2014).

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TAMANHO DA LEITEGADA O tamanho da leitegada aumentou nas últimas décadas, o que colocou as porcas sob maior pressão em termos de produção de leite.

manejo

Quesnell et al. (2012) observaram maior taxa de crescimento do leitão em leitegadas maiores: 13 vs. 7 leitões. Isso foi associado a um aumento das glândulas mamárias funcionais; aumento que afeta a produção de leite: 50% a mais. Foi estabelecido que a produção de leite aumenta linearmente à medida que o número de leitões por leitegada aumenta: 0,6 kg de leite/dia por leitão adicional (Farmer e Quesnel, 2009). Isso está associado ao que foi relatado por Hansen et al. (2012) Figura 1.

12

kg de leite d-1

10

12 leitões 9,5 leitões

8

8 leitões

6 4 2 5

10

15

20

25

Dias de lactação Figura 1. Produção de leite de porcas de acordo com o tamanho da leitegada (Hansen et al., 2012)

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FATORES INERENTES À PORCA

NÚMERO E POSIÇÃO DOS TETOS

ESTADO FISIOLÓGICO

A glândula mamária da porca requer seu crescimento para sua posterior secreção de leite, este crescimento começa no último terço da gestação e continua a crescer durante a lactação.

Durante o parto, o metabolismo da porca muda para um estado catabólico. Isso está ligado a alterações endócrinas que são acentuadas na lactação.

Quando um teto não é sugado, inicia-se o processo de involução, irreversível após 3 dias; afetando a capacidade da porca de produzir leite. Além disso, o teto não sugado tem efeitos negativos por produzir menos leite na lactação subsequente (Farmer et al., 2012).

Na proximidade do parto, a glicemia aumenta e, durante o parto, a síntese de estrogênio aumenta, o que está relacionado à baixa ingestão alimentar durante a lactação (Peré e Etienne, 2007).

manejo

Para fins de entendimento, a glândula mamária é dividida em duas porções: anterior e posterior, foi estabelecido que leitões posicionados nas glândulas mamárias anteriores apresentam crescimento mais rápido (Figura 2, Kim et al. 2000; 2013; Wu et al. . 2010).

Devido à falta de equilíbrio hormonal que regula o apetite, o corpo é obrigado a utilizar outras fontes de energia, como a gordura; ou seja, nos primeiros dias após o parto, as porcas consomem pouco alimento e, consequentemente, mobilizam as reservas corporais: tecido adiposo e proteico, para produzir grandes quantidades de leite.

Ganho de pedo diário dos leitões (g)

200

150

100

50

0 1

2

3

4

5

6

7

8

Figura 2. Ganho de peso do leitão de acordo com a posição anatômica do teto (Kim et al, 2000; 2013).

Posição anatômica dos tetos

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FATORES AMBIENTAIS

A produção máxima de leite das porcas é quando atingem a maturidade física: >4 partos com uma produção média de leite de 11,5 kg/dia.

Durante a fase de lactação, a temperatura ambiental pode ser um fator determinante na produção de leite.

Foi relatado (Daza et al., 1999) que a produção de leite de porcas primíparas não difere (P>0,05) à medida que a lactação progride, em contrapartida, em porcas multíparas, elas aumentam (P<0,05) a produção de leite à medida que a lactação avança (Tabela 2).

Quando a temperatura está dentro da zona de conforto (18°C), a porca expressa seu potencial, mas se a temperatura aumenta para mais de 25°C, observa-se uma diminuição no consumo de ração e diminuição da produção.

manejo

IDADE DA PORCA

Semana

Primíparas

Produção média

Multíparas

Produção média

1

26,4 ± 9,8

3,7

32,5 ± 8,8

4,6

2

30,9 ± 12,3

4,4

38,9 ± 9,7

5,5

3

33,5 ± 14,3

4,7

43,3 ± 11,1

6,1

4

29,5 ± 12,3

4,2

36,4 ± 10,9

5,2

Tabela 2. Produção de leite semanal (kg) de porcas primíparas e multíparas. Modificado de Daza et al. (1999)

70 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Fatores que influenciam a produção e composição do leite das porcas


COMPOSIÇÃO DA DIETA FATORES GENÉTICOS A seleção genética focada em variáveis ​​como Foi estabelecido (Hurley, 2015), que a modificação da composição da dieta na lactação altera a quantidade e a qualidade do leite. Shiek et al. (2010), encontraram alterações no teor de leite ao adicionar glicerina à dieta: sólidos totais, gordura e lactose aumentaram.

o maior tamanho da leitegada fez com que a porca precisasse produzir mais leite. Este fato pode ser ilustrado comparando a produção de leite das porcas em 1935 (3,0 kg/dia) com a de 2015 (>11,0 kg/dia), na qual se observa um aumento de até 300% (Kim et al., 2013).

Loisel et al. (2013) observaram um

Farmer et al. 2001, mostrou que as porcas

aumento na gordura do colostro

Meishan produzem mais leite, em

devido ao efeito da mudança nos

comparação com às Large White: 10,59

componentes da ração (trigo-soja

vs. 8,03 kg/dia, respectivamente..

cevada, farelo de trigo, farelo de girassol e polpa de beterraba) durante o último terço da gestação.

Thodberg & Sorensen (2006) encontraram maior produção de leite em porcas Landrace vs. Yorkshire nos dias 11 e 18 pós-parto: 5,7 vs. 4,6 kg e 6,6 vs. 5,3 kg de leite/dia, respectivamente.

manejo

Leis et al. (2009) ao adicionar diferentes tipos de gorduras à dieta, durante

Estas diferenças podem ser justificadas

diferentes períodos da gestação,

pelo fato de porcas Landrace apresentarem

modificaram a gordura do leite.

uma maior frequência de aleitamento e uma maior duração da ejeção do leite.

Kim & Wu (2009), complementaram a alimentação de porcas primíparas com 0,89% de L-Arginina e observaram aumento >11% na produção de leite, bem como maior proteína do leite (43,8 g/L).

Em relação ao conteúdo nutricional do leite, sugere-se que a raça Duroc possui mais proteína que a Landrace e as raças asiáticas produzem mais gordura e menos lactose que raças de porcas de origem européia (Farmer e Quesnel 2008).

O êxito na modificação do conteúdo nutricional do leite pode ser devido a uma mudança nos precursores para sua formação (Mateo et al., 2008). Por exemplo, a glicose não é apenas um precursor na formação de gordura, também é essencial para a formação de lactose. Enquanto a síntese proteica utiliza como precursores, os aminoácidos fornecidos à glândula mamária pela circulação sanguínea (Stelwagen, 2011).

71 SuínoBrasil 1º Trimestre 2022 | Fatores que influenciam a produção e composição do leite das porcas


CONSIDERAÇÕES FINAIS A eficiência produtiva das porcas (produção de leite e desenvolvimento dos leitões) pode ser afetada se os diversos fatores que afetam a fase de lactação não forem levados em consideração, uma vez que a sobrevivência e o crescimento da leitegada estão sujeitos à produção de leite.

Assim, melhorar a produção de leite oferece ações muito específicas controlando fatores inerentes à porca e sua leitegada, independentemente do genótipo da porca. Portanto, os fatores mediadores a serem controlados são: tamanho da leitegada, número de partos, estado fisiológico, composição da dieta e fatores ambientais. Tendo em vista que esses fatores que afetam a produção de leite da porca não são atribuíveis à porca, eles são atribuíveis ao fator humano.

Fatores que influenciam a produção e composição do leite em porcas

manejo

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