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ENTREVISTA À ENCENADORA LUÍSA MOTEIRO Como surgiu o Festival Internacional de Teatro de Albufeira?

tos que integraram este festival? Geralmente, vejo muito teatro, aqui e sempre Surgiu da necessi- que me desloco para fora do dade de criar em Albufeira país, às vezes em viagens um momento onde se cele- de fim-de-semana. A escolha brasse a arte do palco, de recaiu sobre duas variantes: modo a oferecer ao público a preço e qualidade. possibilidade de escolha Qual foi o feedback do entre um variado leque de ofertas. público? Como acolheu esta iniciativa? Quais foram os principais objectivos desta segunda Superou as expecedição? Foram atingidos? tativas nesta segunda edição. Casa cheia quase todas Melhorar em termos as noites. Tivemos ainda logísticos e abarcar todo o uma tertúlia em torno da tipo de públicos. Sim, foram. dramaturgia contemporânea e um curso de Dança RenasDe que forma decorreu o centista com Maurizio Padoprocesso de escolha das van, um dos mais ilustres peças, e os demais evenmestres da área, no qual participaram 46 pessoas.

NOTA BIOGRÁFICA Oriunda de Vila Nova de Famalicão, terra que a viu nascer a doze de Junho de 1968, Luísa Augusta Monteiro Araújo de Sá reside no Algarve desde 1998. Licenciada em Ciências da Comunicação (pela Universidade Fernando Pessoa), pós-graduada em Comunicação e Marketing Político e em Literaturas Românicas – Modernas e Contemporâneas, é ainda doutorada em Literatura Comparada com a tese: O mito de Édipo na obra ficcional de João Gaspar Simões (Universidade Nova). Atualmente prepara o mestrado em EncenaçãoTeatro. Durante 17 anos dedicouse ao jornalismo e publicou artigos literários em variadas revistas. Tem 23 obras de ficção publicadas, entre romance, novela e conto, assim como ensaio e biografia. Algumas destas obras obtiveram prémios literários, como o Prémio Florbela Espanca e o Lions Internacional, entre outros. Encenou mais de duas dezenas de trabalhos cénicos e atualmente dirige a Companhia de Teatro Contemporâneo e é encenadora residente da Companhia Guizos – Teatro.

Poderia apontar as principais dificuldades na organização de um evento desta envergadura? Gostaríamos de ter mais recursos financeiros e uma maior envolvência por parte de agentes que apoiassem o evento. Para além de organizadora é encenadora e guionista de três das peças que integraram o Festival: O turno da Padecida e Dinis no Jardim - O segredo de Choné (peça infantil) e Modigliani (nesta última deu voz a Mãe de Modigliani). Poderia descrever essa experiência e a reação do auditório em particular à estas peças? A recção foi excelente. Para mim, não é uma experiência pioneira. Faço teatro desde os 14 anos de idade e com o tempo, habituámo-nos a trabalhar em todas as áreas, em várias peças em simultâneo. Seduz-me a velocidade dos corpos e das mentes. Também se cria na velocidade que imprimimos ao tempo.

Luísa Monteiro

Elenco e Equipa técnica da peça Modigliani. (Nuno Pardal, Luís Marreiros, Marco Pedroza, Fernando André, Miguel Martinho Luísa Monteiro; Hélia Guerreiro; Jorge Cabral; Paulo Fernandes, Mónica Cunha)

Como organizadora, encenadora, e guionista de que forma vê o panorama artístico - teatral no Algarve e, também, a nível nacional? Faz-se mais e melhor, há mais público, mas as condições continuam muito precárias para a maioria das companhias. E isso, passa-se aqui e em quase todas os municípios – o de Lisboa incluído, porque também trabalho lá, e as dificuldades não são menores. Existe uma ideia quase generalizada de que Albufeira é uma cidade exclusivamente de bares e praias, que só “funciona” no Verão. Nota-se que a Câmara de Albufeira temse empenhado cada vez mais em mudar o estigma de que esta localidade dá primazia ao Turismo, em detrimento de outras áreas, como a Cultura por exemplo. Como é que o Festival T contribui para esse feito? Isso é verdade. O Município de Albufeira tem trabalhado arduamente para

alguns aspetos quase míticos do nome Albufeira, nomeadamente, de que aqui só há bares, praias, muita cerveja e pessoas em biquíni. Não, aqui há massa cinzenta, há muito trabalho e sério, e um empenho extraordinário por parte do Presidente, Desidério Silva, assim por parte dos vereadores, em fazer-se um trabalho estrutural e edificante em diversas frentes da sociedade. A Cultura deu um salto notável desde que Desidério Silva se colocou à frente do Município. Claro que ainda há muitíssimo a fazer nesta área; há, na minha opinião, questões a aprofundar, a necessitarem de um outro olhar, mas sei que está a ser planeado um grande futuro cultural para esta cidade. E isto não é discurso encomendado, é a realidade, reporto-me aos factos. Com o Festival T pretende-se lançar sementes para uma referência teatral, não só aqui, como lá fora. Já temos esse feedback. Fui contactada por várias companhias daqui, do Brasil, de Espanha e Itália para poderem vir a este Festival. Mas tratava-se de grandes elencos, grandes distâncias, espetáculos mui-


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