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Confinamento dinamiza universo de molhose condimentos

MERCADO

O mercado de molhos e condimentos, em Portugal, apresenta uma evolução positiva no ano móvel findo a 5 de julho, com todas as suas categorias a apresentarem crescimentos. Em destaque, estão três delas - molhos, especiarias e vinagre -, com crescimentos a dois dígitos. Esta dinâmica evidencia que a redução do sódio e a substituição por outros condimentos continuam a ser uma tendência deste universo. A pandemia e a consequente mudança de hábitos alimentares, nomeadamente, a realização de refeições em casa, potenciaram a sua evolução junto do consumidor final.

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TEXTO Bárbara Sousa FOTOS Shutterstock

O universo dos molhos e condimentos continua a registar o crescimento do seu consumo junto das famílias portuguesas, segundo o Market Track, o painel de retalho da Nielsen. A categoria de molhos continua a evoluir favoravelmente, sendo que foram comercializados, em volume, 16,8 milhões de quilogramas, o que representa um aumento de 13%. Relativamente ao valor comercializado, a categoria é responsável por 67 milhões de euros em vendas, apresentando um crescimento de 16%. Já a categoria de especiarias teve, também, uma evolução positiva em ambas as vertentes. Foi responsável por vendas em volume de 1,8 milhões de quilogramas, o que equivale a um crescimento de 16% no período analisado. Em relação ao valor comercializado, venderam-se 46,6 milhões de euros, ou seja, mais 14%. As restantes categorias revelaram, também, uma dinâmica muito positiva, segundo os dados da Nielsen. Vinagre cresceu 12% em volume, vendendo 11 milhões de litros, enquanto, em valor, aumentou em 10%, ou seja, vendas de 14,6 milhões de euros. Por último, os caldos instantâneos também cresceram, embora não tenham atingido os dois dígitos. A categoria comercializou 119,4 milhões de litros, o que significa um aumento de 6% em volume, e foi responsável por vendas de 21,4 milhões de euros, um crescimento de 3%. Efetivamente, a pandemia potenciou o consumo deste universo em Portugal, que, contudo, apresentou comportamentos distintos. “Se no retalho cresceu a ritmos anormais, durante o confinamento, em que existiu um açambarcamento por parte dos consumidores, no canal Horeca, o impacto foi completamente diferente. Com o encerramento dos estabelecimentos, a quebra nas vendas fez-se sentir. Depois da reabertura, existe uma ligeira recuperação. Mas é, também, nestas alturas que nos temos de reinventar e, durante o confinamento, lançámos em tempo recorde a nova loja online da Paladin, para que os nossos consumidores continuassem a ter acesso a toda a gama de produtos”, refere Alexandra Mendes Gonçalves, CEO da Mendes Gonçalves. Com a necessidade de fazer mais refeições no lar, pelo menos, mais uma por dia em relação ao período pré-pandemia, surgiu também a necessidade de diversificação. “Por conseguinte, experimentar molhos e temperos diferentes acabou por ser uma forma de diferenciar os pratos do dia-a-dia de toda a família e de compensar, através da alimentação, parte do desconforto e dificuldades causados pela necessária adaptação à nova rotina. O tempo quente também ajudou a potenciar a categoria, com a escolha de refeições a recair nas saladas, marinadas, grelhados, nas pizzas e pratos de massa e consequente utilização de molhos, como o Pesto alla Genovese da Ponti, tomate seco e os vinagres balsâmicos de Modena IGP Ponti”, refere Daniel Brissos, managing partner da Ponte Vertical.

Inovação

Um mercado maduro, presente em praticamente todos os lares em Portugal, molhos e condimentos têm-se mantido relevantes e reunido argumentos para continuar a fazer parte das cestas de compras. Em parte, fruto da influência ditada pelos chefs de cozinha, que, cada vez mais, “entram” nas casas, diariamente, através das redes sociais e programas de TV. Da mesma forma, bloggers e “influencers” têm tido um papel muito dinâmico na divulgação de marcas e de produtos. “Os portugueses têm uma série de pratos tradicionais que costumam cozinhar em casa e que passam de geração em geração, muitos dos quais incluem produtos destas categorias. Ainda assim, e porque cada vez mais o tempo é um bem escasso, há uma procura crescente por receitas rápidas, saborosas e saudáveis, pelo que continua a ser relevante para as marcas comunicarem novas formas de cozinhar, nomeadamente, incorporando ervas aromáticas que, não só adicionam sabor, mas também servem como alternativas mais saudáveis ao tradicional sal de mesa”, acrescenta Nuno Crispim, diretor de marketing da Vitacress.

Mas, além da tradição, a inovação continua a ser importante, sendo que, para as marcas, trazer novos sabores ao mercado é, sem dúvida, a melhor forma de continuarem relevantes para os consumidores. “A Vitacress já tinha lançado, muito recentemente, uma gama de croutons e sementes para saladas, pelo que não tínhamos novos lançamentos planeados para este período. As ervas aromáticas são o segmento com maior expressão e taxa de crescimento, mesmo sendo uma categoria madura de pequena diferenciação e, como tal, mais focada no preço. Ainda assim, a Vitacress lançou, com sucesso, a Salicórnia, um vegetal marinho naturalmente salgado e mais saudável que o sal de mesa, graças ao seu baixo teor de sódio. Nos molhos, sendo utilizados de forma mais pontual, tem havido uma maior dinâmica de inovação com valor acrescentado”, continua Nuno Crispim. Para a Mendes Gonçalves, a inovação não deve ser traduzida em preço, mas, sim, em satisfazer uma necessidade, um desejo ou em resolver algum problema. Assim, os lançamentos são um instrumento muito importante para a Paladin e, todos os anos, a inovação é uma das principais apostas da marca. “O mercado é maduro, mas nem por isso deixa de ter consumidores atentos a novas tendências e experiências e é esse o compromisso da Paladin”. Contudo, segundo Alexandra Mendes Gonçalves, em 2020, houve a necessidade de colocar as novidades em “standby”, pois o consumo estava focado noutro tipo de necessidades e, além disso, “para lançar novos produtos, é preciso comunicá-los e investir e, em abril, estas condições não estavam reunidas. No entanto, 2021 será, de certeza, um ano cheio de novidades”. A inovação faz parte da evolução natural das tendências de consumo. Para a Ponte Vertical, é importante ouvir o consumidor, perceber quais são as suas necessidades e criar soluções adequadas às mesmas num contexto de globalização. As “cozinhas do mundo” vieram para ficar. Tanto a italiana como a asiática - as mais relevantes, segundo a empresa - oferecem um número infinito de variações culinárias e sabores distintos e permitem uma cozinha de fusão a ganhar terreno nos lares portugueses, especialmente em ambiente citadino. Aliar a tradição à inovação possibilita não fugir muito da zona de conforto, em termos de confeção culinária, mas inovar em sabor. “Cada vez mais, assistimos a uma profusão de inspirações culinárias de todo o mundo, mas importa não esquecer os benefícios da dieta mediterrânica. Potenciar uma alimentação mais saudável, fomentar uma agricultura cada vez mais sustentável, potenciar o mínimo desperdício possível, alterando o tamanho das embalagens, permitindo uma oferta mais adequada a qualquer agregado familiar, bem como às necessidades concretas do canal Horeca, melhorar as receitas dos produtos, tornando-os o mais saudáveis possível. Estamos em crer que será este o próximo foco: inovar o mais possível em sustentabilidade”, conclui Paulo Rosa, managing partner da Ponte Vertical.

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