80 IA TECNOLOG EMBRO/DEZEMBRO n.º30/2014 | NOV
Muitos dos segmentos que compõem o mercado da eletrónica de consumo atingiram já a maturidade. Os mais recentes resultados financeiros de grandes fabricantes, como a Samsung e a Sony, por exemplo, espelham isto mesmo, com
ambas as empresas a revelar bons desempenhos nos seus produtos “core”, casos da linha de “smartphones” Galaxy e das consolas de jogos PlayStation 4, respetivamente, mas dificuldades nos restantes segmentos de negócio. Ao ponto da Sony, por exemplo, ter muito recentemente anunciado que irá reduzir o seu “lineup” de TV e de “smartphones” para se concentrar nas consolas de jogos. É por este motivo que a consultora Euromonitor adverte que os grandes fabricantes devem procurar novas fontes de receitas, precavendo-se para a eventualidade dos seus principais produtos atingirem, também eles, a maturidade. “Smartphones” e “tablets” já não catalisam vendas como anteriormente, com os “wearables” a afirmarem-se como a potencial “next big thing” no mercado da eletrónica.
A “última no Coca-Cola deserto” da eletrónica de consumo TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D. R.
2013 foi um ano de transição para muitos fabricantes de eletrónica de consumo. Dell, HP, Sony e HTC, entre muitos outros, realinharam as suas estratégias e portfólios de produto, para fazer face ao agravamento das condições de negócio, potenciado pela erosão dos preços e das margens, pelo intensificar da concorrência e por um conjunto de fusões e aquisições entre as empresas do sector. E as condições deterioraram-se em 2014, sobretudo devido à
desaceleração no crescimento dos “smartphones” e “tablets”, que durante vários anos foram os grandes motores do desempenho da eletrónica de consumo. Segundo a Euromonitor, os “smartphones” deverão registar uma taxa de crescimento abaixo dos 20% este ano, quando há um ano atrás era superior a 40%. Já nos “tablets”, o volume de vendas ficará também aquém dos 20%, o que compara com os mais de 50% de 2013. Cenário que coincide com uma intensificação na concorrência, levando muitos fabricantes a ter de procurar novas oportunidades de crescimento e fontes de receitas, com a consultora a apontar os “wearables” como a principal escolha de muitas empresas. O volume de vendas destes produtos deverá crescer significativamente este ano, atingindo os 22 milhões de unidades, valor que saltará para os 258 milhões em 2018, num crescimento de 1.080%. O desafio está, contudo, na transversal descida de preços que afeta todas as categorias de eletrónica de consumo. E basta olhar para o que aconteceu a muitos outros produtos similares no passado. “Pelo que em 2018, mesmo com taxas de crescimento desta natureza, os “wearables” não representarão mais que 3,5% das vendas totais