Produtos enriquecidos com insetos vão entrar no mercado nacional A produção de insetos para a alimentação humana é um tema que tem vindo a ser discutido. Afinal, o valor nutricional dos insetos há muito que é apreciado em diversas culturas, com mais de dois mil milhões de pessoas, em todo o mundo, a consumirem esta fonte de proteína regularmente. Mas só recentemente, face aos desafios colocados pelo aumento da população mundial, é que este recurso se tornou numa possibilidade real no futuro das ementas europeias. No final de 2019, a União Europeia incluiu o financiamento de pesquisas dedicadas ao uso de insetos para alimentação no Pacto Ecológico Europeu e, mais recentemente, Portugal passou a reconhecer a legalidade da utilização de insetos em alimentação humana. Trata-se de uma proteína de “qualidade extraordinária, quando comparada com outras fontes de proteína animal”, assegura Rui Nunes, atual presidente da Portugal Insect - Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insetos.
ALIMENTAR TEXTO Bárbara Sousa FOTOS D.R.
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Em 2013, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou o relatório “Edible insects: Future prospects for food and feed security”, onde descreve os insetos como as proteínas do futuro, defendendo a produção e o consumo de insetos enquanto fontes de proteína mais sustentáveis do que a carne ou o peixe. Na publicação, a FAO argumenta que, além de igualmente nutritivos, os insetos mostram ser mais eficientes e sustentáveis. Ou seja, libertam menos gases com efeito de estufa, necessitam de menos água, de menor
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área de produção e podem ser alimentados com subprodutos, assim contribuindo para diminuir o desperdício e para fomentar a economia circular. Considerações importantes visto que, se há menos de um século, em 1927, existiam cerca de dois mil milhões de pessoas em todo o mundo, hoje, somos mais de 7,7 mil milhões. A este ritmo, consideram os especialistas, não será possível alimentar toda a população mundial e a solução poderá estar, precisamente, na utilização de insetos como base para a alimentação humana, acredita Rui Nunes, presidente da Portugal Insect - Associação Portuguesa de Produtores e Transformadores de Insetos. “Será necessária mais proteína para alimentar uma população crescente e o desafio de utilizar os insetos como recurso nutricional foi lançado pela FAO, através do livro publicado em 2013. Com a publicação, ficou claro para todos que os insetos, para além de já terem um contributo importante, hoje em dia, em grande parte do