As primeiras bombeiras

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Quinta-Feira, 25 de Agosto de 2011

Arquivo dos Bombeiros Voluntários do Peso da Régua As melhores imagens da sua História

As primeiras bombeiras

A

s pri eiras ulheres que fizera parte do Corpo de Bo beiros da R gua fora a Isabel Correia, Paträcia orais, Sandra Dias e a Guilher ina Silva. Estáva os e 1994 e era o Co andante Fernando de Al eida que co eçava este novo ciclo que se havia e outras corporações de

bo beiros do paäs, nos anos 80, onde surge as pri eiras ulheres bo beiras. Aquelas quatro jovens ulheres tornara -se bo beiras por sua vontade própria. Se be que, de algu a aneira, ajudou o exe plo dos seus pais, antigos bo beiros e ele entos da sua fanfarra, que lhes trans itira os ideais do voluntariado. Estava desde crianças habituadas a vivera o i aginário do undo dos bo beiros, a vere os pais fardados, a correre para os incêndios ou desfilare nas ruas e frequentava o quartel nas festas e nas ceri ónias co e orativas da associação. Era crianças privilegiados a que se pre deixava entrar dentro dos carros de fogo e das a bulância, brincare co o se fosse bo beiros a s rio. Aprendera a ouvir e a conhecer os toques da sirene quando tocava a fogo. ais do que tudo isso, aprendera que, nesses o entos, havia pessoas que precisava da ajuda dos seus pais. Sabia que nu a issão de socorro os bo beiros tê o poder de salvar vidas das pessoas e os seus bens pessoais e sonhara ser iguais. Acreditara que esses sonhos se podia, tornar realidade para sere bo beiras…! As pri eiras bo beiras da R gua fora audaciosas. A sua ousadia udou a vida e a rotina no quartel construädo para trabalhare só os ho ens. Era assi desde a sua fundação. O quartel Delfi Ferreira ne sequer estava pensado para, u dia, vir a receber bo bei-

ras. E ningu se le brou de andar fazer ta b ca aratas e balneários para as ulheres. Quando fora ad itidas as pri eiras bo beiras, o quartel teve de se adaptar a esta nova realidade e fazere -se as obras para condigna ente as instalar. As pri eiras bo beiras integrara -se se dificuldades no corpo de bo beiros co pleta ente por ho ens que gostara da sua presença e da sua atitude de pensar e de agir. No serviço diário as bo beiras passara a fazer todas as issões que eles

já fazia . Saäa nos carros de fogo co o nas a bulância, co batia quer nos fogos urbanos quer nos florestais e fazia serviço de piquetes à noite. Era este o inicio do novo ciclo nu a das ais antigas corporações do paäs que, se ser pioneira a incorporar as ulheres no Corpo de Bo beiros, aceitou a udança co naturalidade e soube contornar a resistência de u a sociedade rural que li itava papel da ulher. Desde 1946 que a participação das ulheres nos corpos de bo beiros portugueses estava per itida pelo Regula ento Geral dos Corpos de Bo beiros, a que corresponde o Decreto n.º 35857, de 11 de Sete bro que consagrou essa possibilidade. Esta legislação revogada e 1951, pelo Decreto n.º 38439, de 27 de Sete bro, no seu art. 6 estabeleceu o seguinte: “Os indiväduos do sexo fe inino poderão fazer parte dos corpos de bo beiros nos serviços de enfer age , condução de viaturas, cantinas, secretaria e outros se elhantes”. Por , só a partir dos anos 60, a presença fe inina e uitos corpos de bo beiros do paäs tornou-se ais frequente, já que co eçara a ser constituädos os cha ados Corpos Auxiliares Fe ininos, que exercia issões especäficas dentro do quadro activo de u corpo de bo beiros. as, há que continuasse a defender que as

ulheres deveria ser afastadas dos corpos de bo beiros, co o o fez nu artigo de opinião u dirigente associativo, publicado do boleti ”Vida por Vida” da Associação, e Nove bro de 1970, do qual se transcreve esta significativa parte: “Não há dúvida algu a que dar u a farda de bo beiro a u a ulher, colocar-lhe na cabeça u capacete, na cintura u achado e arriba-la a u pronto socorro para ir junta ente co verdadeiros bo beiros a u incêndio – trata-se de u exagero da nossa lavra. Deixe os essas excentricidades aos estrangeiros, para uitos dos quais a graça fe inina parece não estar a erecer grandes atenções… as entre nós – pelo a or de Deus! – defenda os o que ainda resta de virtude nos usos e costu es da nossa boa gente. Nós não esta os ainda preparados para tais exotis os. Não farde os a ulher de bo beiro. Pode dar, si senhores, u bonito efeito decorativo; as não brinque os co o coisas s rias.” Esta ideia traduz não deixa de traduzir ainda os valores subjacentes de u a sociedade achista que reflecte o papel estereotipado que estava reservado à ulher na sociedade portuguesa. as, co o 25 de Abril de 1974 e o regi e de ocrático a estabelecer u a nova Constituição da República Portuguesa, uito irá udar ao nävel do princäpio de igualdade entre o ho e e a ulher. Isto per ite desde logo que as ulheres tivesse acesso, co ais facilidade, a profissões reservadas aos ho ens, co o era o caso na protecção civil, forças de segurança e nos bo beiros voluntários. Lenta ente nos corpos de bo beiros surgira ta b udanças que passa a abrir as portas dos seus quart is às ulheres

SEMANÁRIO INDEPENDENTE DEFENSOR DO ALTO DOURO

para os seus serviços operacionais. Assi , na d cada de 80, inicia-se u processo de reestruturação do serviço de incêndios e as ulheres tê acesso à carreira de bo beiro, passando estas a figurar co o ele ento do quadro activo e, já nos anos 90, depois de obtida experiência e categorias de chefia, dá-se, a ascensão das ulheres aos quadros de co andos. Actual ente, segundo a Liga dos Bo beiros Portugueses, há cerca de 10 il bo beiras e actividade nos corpos de bo beiros. No da R gua, depois das quatro pri eiras voluntárias, a sua adesão, por várias razões que não interessa por agora conhecer, não au entou de for a uito significativa: são apenas seis bo beiras no quadro activo. Depois das pri eiras “heroänas” estas actuais ulheres bo beiras do Corpo de Bo beiros da R gua faze a diferença e para o elhor..!

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