Edição 137 - jan/fev/mar 2024

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MENSAGEM DA DIRETORIA

PRESIDENTE Domício José Gregório Arruda Silva

Luiz Fernando Reis

VICE-PRESIDENTE

Marcos Amaral Teixeira

1. DIRETOR-ADMINISTRATIVO

Rubens Balieiro de Souza

2. DIRETOR-ADMINISTRATIVO

José Antônio da Silva Clemente

1. DIRETOR-FINANCEIRO

Luiz Cláudio Bastos de Moura

2. DIRETOR-FINANCEIRO

Alexandre Lopes Lacerda

DIRETOR RELAÇÕES INST. E COMERCIAIS

José Renato Chiari

DIRETOR TÉCNICO CIENTÍFICO

Tatiane Almeida Drummond Tetzner

DIRETORA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Marcelo Renck Real

DIRETOR DE FOMENTO E EVENTOS

Quem nunca ouviu a frase “O mercado é soberano”? Alguns podem não concordar com essa ideia de que o cliente está sempre certo, mas a verdade é que quem não está atento às demandas dificilmente alcança sucesso nos negócios. E na pecuária leiteira não é diferente. O resiliente ano de 2023 deixou sinais claros, para nós, criadores de Girolando.

Um desses sinais é que o mercado está priorizando a genética de ponta, vista como um investimento de retorno garantido para quem pretende ter rentabilidade na pecuária leiteira. Prova disso foi o desempenho que tivemos no Serviço de Registro Genealógico. Fechamos 2023 com recordes nas duas categorias mais importantes: Controle/Registro de Nascimento e Controle/Registro Definitivo - Genealogia Conhecida.

Em anos anteriores, a procura pelo serviço de registro sofria influência do mercado do leite, retraindo-se nos períodos de queda no preço do leite. Em 2023, a cotação do leite cru teve queda de 14%, encerrando com média anual de R$2,4680/litro, segundo dados do Cepea/Esalq.

Mesmo diante desse resultado, o produtor entendeu que não é possível mais retroceder em termos de tecnologia. Para continuar na atividade, é preciso ser extremamente eficiente, seja pequeno, médio ou grande produtor. O mercado soberano já deixou claro que está disposto a pagar preços melhores por animais certificados com o registro genealógico.

O crescimento nas vendas de sêmen bovino em 2023 é outro importante sinal do mercado. As raças leiteiras fecharam o ano com 6% de aumento, com o Girolando vendendo mais de 740 mil doses, quantidade acima de 2022. Outra boa notícia é que o crescimento foi verificado tanto no sêmen de touros 3/4 quanto 5/8, com esses registrando o melhor percentual de aumento.

É o mercado sinalizando que a genética eficiente e sustentável terá cada vez mais espaço. Nos últimos tempos, a Girolando vem fazendo investimentos anuais da ordem de meio milhão de reais para o avanço do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). Isso está nos possibilitando aumentar o número de características avaliadas a cada ano. Para 2024, teremos várias novidades, dentre elas a publicação de um índice único para a raça. Outra inovação em fase de desenvolvimento é a criação de uma prova genômica linear para touros jovens.

Sigamos selecionando o melhor Girolando, dentro de critérios modernos e utilizando ferramentas inovadoras para isso. Assim, certamente, chegaremos ao final deste ano com muito mais a comemorar!

O que vem pela frente para a pecuária leiteira? É hora de focar no processo, para garantir o resultado desejado. Inúmeros fatores interferem na economia do País, e até no mundo, refletindo no desempenho da pecuária leiteira. Por isso, o momento é de aprimorar o sistema de gestão, desde a parte de genética, os diversos manejos até o controle dos dados zootécnicos e econômicos.

Várias fazendas que trabalham com a raça Girolando estão trilhando esse caminho. Nesta edição da revista, você vai conhecer a história de criadores que decidiram apostar na raça e estão obtendo bons resultados mesmo em um período complicado para a pecuária leiteira, como o que vivemos atualmente. O Girolando vem de um ano de crescimento, tanto no número de registros genealógicos, venda de sêmen, quanto de valorização dos animais em leilões. O melhoramento genético constante da raça foi peça fundamental nesse resultado.

EXPEDIENTE

Trazemos ainda uma matéria sobre o mercado de leite orgânico, com grande potencial de crescimento em todo o mundo. Uma das estratégias recentes é o lançamento do Observatório do Leite Orgânico, cujo objetivo é atender a demanda de produtores que têm dificuldades para encontrar fornecedores de insumos para esse tipo de sistema.

Já na parte de nutrição você acompanha dois estudos. Um deles sobre suplementação das vacas com vitamina A, que contribui para a melhoria da reprodução. O outro experimento avaliou a eficiência alimentar de bezerras

CCG 3/4. Foi avaliado o perfil metabólico e hormonal de animais em aleitamento sob diferentes planos nutricionais.

A revista mostra ainda os benefícios do Drench, suplemento mineral e energético que tem a finalidade de fornecer energia para a síntese de leite e minerais essenciais ao bom funcionamento celular, estimular a fermentação ruminal, além de reidratar a vaca.

Outro destaque desta edição é a inteligência artificial. Em entrevista exclusiva, o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Jayme Barbedo, explica como a IA vem avançando na pecuária e na agricultura, as limitações atuais e se isso pode ajudar a resolver a falta de mão de obra no campo. revistagirolando @ogirolando revistagirolando girolando.com.br/girolando/revista

Você vai acompanhar ainda um artigo sobre governança, que traz estratégias para fortalecer empresas familiares, e os principais eventos do circuito em 2024.

E tem muito mais, confira nas próximas páginas!

Revista Girolando: Órgão Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando • Editora: Larissa Vieira lamoc1@gmail.com • Depto. Comercial: Mundo Rural (34) 3336-8888 - Míriam Borges (34) 9 9972-0808 miriamabcz@mundorural.org • Design gráfico: Yuri Silveira (34) 9 9102-7029 yurisilveira04@hotmail.com • Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler • Fotografias: Jadir Bison (34) 99960.4810 jadirbison@yahoo. com.br • Conselho editorial: Domício Arruda Silva, Leandro Paiva, Edivaldo Ferreira Júnior, Miriam Borges e Larissa Vieira • Impressão CTP: Idealiza Grafica (43) 3373-7877 • Tiragem: 6.000 exemplares • Periodicidade: Trimestral (Março, Maio, Agosto e Novembro) • Circulação: Dia 15 dos meses ímpares • Distribuição: Para todo o Brasil via correios e Disponível na versão on line no site www.girolando.com.br. • Redação: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 - CEP: 38040-280 - Uberaba/MG • Telefone: (34) 3331-6000 • Assinaturas: R$ 98,00/ano – financeiro@mundorural.org • 22 anos de circulação ininterrupta

por Larissa Vieira Editora

Trigo para silagem

Estudos conduzidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estão avaliando se a silagem à base da cultivar de trigo MGS3 Brilhante tem bons resultados na pecuária leiteira. Em animais de corte, o trigo mostrou ser alternativa viável, nutritiva e econômica durante o período de inverno, com resultados promissores no que diz respeito à produtividade, qualidade da silagem e desempenho zootécnico dos animais avaliados. O experimento está em fase inicial e acontece nos Campos Experimentais de Felixlândia e Uberaba, em Minas Gerais, onde há atualmente estruturas com balanças e cochos automatizados, que fazem pesagens eletrônicas e auxiliam nas medições. A entidade ainda está ampliando o número de unidades demonstrativas pelo Estado de Minas Gerais, agora nas regiões Central, Norte e Zona da Mata.

Silagem dispensa inoculação

Além dos aspectos agronômicos do trigo MGS3 Brilhante, o projeto também estuda o uso de inoculantes microbianos, compostos por microrganismos, para definir se auxiliam ou não na conservação da qualidade do alimento durante o processo de ensilagem. Já foram avaliados dois tempos de estocagem do material (45 e 60 dias) e o próximo passo da pesquisa é testar intervalos mais longos até a abertura da silagem, chegando a 240 dias. Os experimentos realizados até o momento revelam que, se o manejo e o ponto de colheita da lavoura de trigo MGS3 Brilhante forem feitos corretamente, com vedação e compactação ideais, não há necessidade de se introduzir inoculantes microbianos, porque é um material ótimo para ser ensilado.

Novidades PMGG

A Girolando está otimizando o processo de investigação de genes relacionados a doenças genéticas hereditárias mais comuns em raças leiteiras, causadoras de grande impacto econômico para a pecuária mundial. A partir de 2024, todos os touros que ingressarem no Teste de Progênie de Girolando terão material biológico coletado. As coletas de amostras de sangue dos animais selecionados para o 26° grupo do Teste de Progênie foram feitas pela equipe técnica do PMGG em diversas centrais de inseminação. O material coletado foi enviado para o laboratório de genética molecular da Embrapa Gado de Leite, para extração do DNA e verificação de marcadores moleculares para cinco doenças hereditárias: BLAD, CVM, DUMPS, Brachyspina e Deficiência do Fator XI. Elas estão relacionadas a problemas como: abortos, morte embrionária precoce, má formação de órgãos, infecções recorrentes, deformação de vértebras, sangramentos excessivos, problemas reprodutivos etc. Os resultados serão publicados no Sumário de Touros Girolando 2024, em junho, durante a exposição Megaleite.

Controle de infecção de ouvido

Infecção de ouvido é um dos grandes desafios para o manejo dos animais, pois gera redução de desempenho zootécnico e pode evoluir para quadros com transtornos neurológicos, ocasionando a morte de animais contaminados. A Epamig está desenvolvendo um projeto com o objetivo de realizar diagnóstico molecular da espécie do parasito Rhabditis spp., um nematoide que coloniza a orelha de bovinos e se alimenta, possivelmente, do cerume e de microrganismos presentes no conduto auditivo e provoca otite. Os estudos acontecem no rebanho Gir da Epamig, localizado no Campo Experimental Getúlio Vargas, em Uberaba/MG. O trabalho de identifica-

ção e diagnóstico molecular do Rhabditis spp., bem como o seu cultivo in vitro, em laboratório, já estão sendo realizados, e a equipe de pesquisadores pretende iniciar experimentos com diferentes medicamentos para testar suas eficácias no controle do parasito. O projeto está previsto para ser concluído em 2025 e conta com parceria entre a Epamig e o Programa de Pós-Graduação em Parasitologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemig).

Laudos de DNA

Os associados já podem acessar e baixar a maior parte dos laudos de DNA de seus animais pelo portal Web Girolando. A ferramenta acaba de ser implantada pelo Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação da Girolando. A consulta é referente aos laudos de DNA enviados pelos laboratórios a partir do ano de 2020. Para ter acesso ao laudo basta entrar no sistema por meio do login e senha do proprietário, fazer a busca do animal e entrar na tela principal, clicando sobre o nome do animal. O botão para visualizar o documento está disponível na parte inferior, com o título “Laudos”. A entidade esclarece que somente o proprietário do animal tem acesso ao laudo, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Os laudos que ainda não foram disponibilizados poderão ser solicitados por e-mail e, caso seja possível, serão também inseridos no sistema. As solicitações deverão ser enviadas para o e-mail dna@girolando.com.br.

por Miriam Borges

LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES

Tratamento de mastites

Uma excelente opção de combate eficaz de mastite é o antibiótico de amplo espectro Fortgal®, da Agener União. Aplicado em dose única, tem longo período de ação contra uma variedade abrangente de agentes infecciosos relacionados às mastites bovinas, sem comprometer a segurança do rebanho ou a qualidade do leite produzido. Um dos pontos de destaque do Fortgal® é o descarte mínimo de leite, estabelecido em apenas dois dias. Essa inovação permite que os produtores otimizem a produção leiteira, reduzindo os impactos econômicos ligados a períodos de descarte prolongados, sem comprometer a qualidade e a segurança alimentar. Ao escolher o Fortgal®, os produtores investem na saúde do rebanho e garantem uma produção leiteira otimizada e sustentável.

Novas máquinas

A New Holland apresentou sua nova linha de plantadeiras e semeadeiras. As PL4000 (de 7 a 13 linhas) para grãos graúdos, como soja e milho, e P3000, semeadeira para grãos

finos (trigo, cevada, centeio), são fruto de uma parceria com a empresa gaúcha ICV Agro Parts e a comercialização estará disponível exclusivamente por meio da rede de concessionários New Holland. O modelo PL4000 diferencia-se por sua excelente capacidade de adubo (média de 200kg/ linha), sendo compacta para o transporte, com o inovador sistema de estabilização da ferramenta de adubo e caixa de redução no distribuidor de sementes, permitindo maior eficiência, praticidade e excelência no plantio. O modelo P3000, com espaçamento entre linhas de 17cm, possui grande altura de levante, excelente capacidade de adubo e sementes, grande capacidade de corte e perfeição no acompanhamento de terreno.

Pulverizador

A Valtra traz ao mercado o BS2225H HiTech, pulverizador autopropelido com capacidade para 2.500 litros no tanque de calda e que possui dois modelos de barra, de 24 e 30 metros, divididas em 9 seções de controle. Isso permite que o operador tenha maior controle sobre a atividade, proporcionando, assim, melhor rendimento operacional e economia. Aliada ao uso de soluções digitais está a robustez do equipamento, que é capaz de atender as principais culturas de grãos. Dentro desse quesito, o novo modelo apresenta um sistema hidráulico que utiliza tanto tração cruzada, quanto tração paralela. Essa inovação dá maior segurança em terrenos inclinados, já que aumenta a capacidade de rampa da máquina para 34%, a maior da categoria.

Sistema de gestão

O uso da tecnologia tem se mostrado como um dos diferenciais decisivos para que fazendas produtoras de leite permaneçam no mercado. A implementação de sistemas de gestão, como o Horizon, tem contribuído para o aprimoramento do manejo das propriedades, para a saúde animal, aumento da produção e sua qualidade, entre muitos outros benefícios. O Horizon, desenvolvido pela Lely, é uma ferramenta digital de gestão voltada exclusivamente para a produção, que proporciona um universo amplo de dados da atividade como um todo, em especial dos animais, antecipando informações de saúde, produção, reprodução, facilitando a tomada de decisão com maior precisão e oferecendo mais segurança ao produtor e, consequentemente, aos laticínios e ao consumidor final. A plataforma digital funciona

em conjunto com os equipamentos de automação da Lely na fazenda, em especial com o robô de ordenha Lely Astronaut o sistema é responsável por concentrar e armazenar todas as informações captadas pelo robô e gerar, diariamente, dados por animal, relatórios, comparativos e avisos caso haja alguma alteração.

Exportação de embriões

O governo de Botsuana, na África, investiu na compra de embriões ABS NEO Premium da raça Girolando. Após a negociação, o Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do país africano (Nardi), enviou o médico-veterinário Utlwanang Moreri a Uberaba/MG, para passar por treinamento de transferência de embriões. O representante do país africano vivenciou todo o processo de produção de embriões, visitando a central ABS, em Uberaba, além de fazendas de referência em produção leiteira

Taxa de prenhez de vacas leiteiras O extrato de folitropina presente na composição de Folltropin®-V, da Vetoquinol Saúde Animal, potencializa a superovulação de vacas e terneiras aptas à reprodução. Para o sucesso da aplicação nas fêmeas, o estro deve ser induzido com prostaglandina F2 alfa ou um de seus análogos. Após esse passo o pecuarista pode injetar Folltropin®-V nas fêmeas do 8º ao 10º dia após a indução do estro. Com o uso de Folltropin-V® em via intramuscular duas vezes ao dia, durante quatro dias, e o conjunto de ações que visam reduzir o estresse térmico nas fêmeas, o pecuarista pode aumentar a taxa de prenhez por meio da superovulação e regulação da temperatura corporal, além de garantir a multiplicação do rebanho mesmo nas épocas de chuvas e calor.

ENTREVISTA por Larissa

Girolando

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Os desafios da inteligência artificial no agro

Assim como outros setores da economia, o agronegócio trabalha para incorporar a inteligência artificial à rotina diária dos produtores rurais. Vários estudos vêm sendo conduzidos pela Embrapa, dentre eles a identificação de plantas doentes simulando processo cerebral, ordenha automática, uso de drones para estimar saúde e peso do rebanho. Em entrevista exclusiva à revista Girolando, o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, Jayme Barbedo, explica como a IA vem avançando na pecuária e na agricultura, as limitações atuais e se isso pode ajudar a resolver a falta de mão de obra no campo.

Em 2019, a Embrapa iniciou as pesquisas envolvendo drones para contagem do rebanho. Quais os resultados alcançados até agora?

Conseguimos avanços significativos na contagem de animais das raças Canchim e Nelore, especialmente em situações em que a quantidade de obstáculos (árvores, edificações etc.) não é grande. Porém, para que esta se torne uma ferramenta que possa de fato ser utilizada no dia a dia do produtor, serão necessários esforços adicionais, especialmente no sentido de capturar mais imagens sob diferentes condições de iluminação, pasto, relevo, densidade de animais etc. Ou seja, mais uma vez o grande desafio é representar adequadamente a variabilidade associada ao problema para que se tenha um modelo robusto às diferentes condições práticas. Os drones também estão sendo aplicados na área de sanidade e medidas corporais?

Sim. O objetivo é iniciar pesquisas relacionadas ao assunto ainda em 2024. Nós temos algumas ideias de como resolver o problema, mas para isso precisaremos de dados suficientes para conduzir esses estudos, o que não é fácil especialmente no caso da saúde animal, já que precisaremos de exemplos de animais doentes para ensinar o modelo. É importante mencionar que há iniciativas lideradas pelas unidades Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pantanal, em conjunto com a iniciativa privada, que utilizam imagens capturadas em solo, próximas

Girolando

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aos animais, cujos objetivos são similares aos colocados acima, porém sem o uso de drones.

Quais outros projetos envolvendo IA vêm sendo conduzidos pela Embrapa?

Além dos projetos citados no item anterior, existem iniciativas dentro da Embrapa relacionadas ao reconhecimento de animais através das feições faciais ou da impressão do focinho, em ambos os casos utilizando imagens capturadas próximas aos animais, bem como inciativas visando a estimativa da biomassa presente na pastagem, usando imagens capturadas por drones. Provavelmente existem ainda outros esforços de pesquisa em estágios iniciais ou ainda em fase de ideação dos quais ainda não tenho conhecimento.

Na agricultura, a Inteligência Artificial identifica plantas doentes simulando processo cerebral. Como funciona a tecnologia? E já existem aplicações práticas?

O maior benefício da tecnologia utilizada é acelerar significativamente o processo de anotação das imagens. Para que se possa ensinar o computador a reconhecer as plantas doentes, é necessário não somente apresentar a ele as imagens, mas também indicar o que está presente nessas imagens (o que normalmente chamamos de rótulos). O processo de anotação (ou rotulagem) das imagens depende da disponibilidade de especialistas no assunto, e é um processo demorado, subjetivo e cansativo. A tecnologia que vem sendo testada utiliza eletrodos co-

Jayme Barbedo
Jayme Barbedo
Jayme Barbedo
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locados na cabeça de especialistas para capturar os sinais cerebrais gerados após cada estímulo. Na fase de calibração, a máquina aprende os sinais gerados para cada especialista específico quando ele vê as imagens contendo folhas doentes e saudáveis. Uma vez aprendidos os padrões, pode-se apresentar a esses especialistas imagens em rápida sucessão (de 3 a 10 imagens por segundo), e a partir dos sinais gerados, o computador automaticamente rotula as respectivas imagens. Dessa maneira, é possível anotar milhares de imagens num curto espaço de tempo. Além disso, a tecnologia utilizada atribui um grau de confiança a cada classificação gerada. Assim, classificações com um baixo grau de confiança podem ser usadas para retreinar os modelos e aperfeiçoá-los. É um processo contínuo.

A maioria das tecnologias envolvendo IA ainda precisa de mais pesquisas para ganhar uso prático e comercial?

Os modelos de inteligência artificial atuais são muito poderosos e capazes de resolver a maioria dos problemas de classificação e identificação existentes na agricultura. Como comentado anteriormente, o grande desafio será gerar os dados necessários para tornar essas tecnologias suficientemente robustas para trazer benefícios reais aos produtores. Há muitas alternativas sendo aplicadas para tentar superar esse desafio, incluindo o uso de conceitos relacionados a redes sociais e ciência cidadã, em que os próprios potenciais clientes dessas tecnologias, bem como outras pessoas com acesso constante aos ambientes onde essas potenciais tecnologias serão aplicadas, geram os dados necessários para seu desenvolvimento.

Girolando

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Com a constante falta de mão de obra em certos segmentos do agro, a IA pode contribuir para solucionar esse problema?

Existem alguns setores da agricultura que vêm sendo particularmente afetados pela falta de mão de obra, especialmente aqueles para os quais a mecanização é difícil, como no caso da hortifruticultura. É preciso o desenvolvimento urgente de tecnologias capazes de diminuir a necessidade por mão de obra. A IA sem dúvida terá um papel central para que se atinja esse desafio, especialmente através da viabilização de dispositivos robóticos de alta precisão. O problema da falta de mão de obra é algo que temos observado com frequência, sendo um tema prioritário dentro da nossa equipe de IA.

Apesar de atualmente se falar muito em Inteligência Artificial, trata-se de uma tecnologia que vêm sendo desenvolvida há um certo tempo. Como tem sido a trajetória da IA no agro?

Apenas recentemente o termo “Inteli-

gência Artificial” começou a ser utilizado num sentido mais amplo, designando ferramentas computacionais capazes de realizar tarefas normalmente associadas a seres humanos. Redes neurais, em particular, vêm sendo utilizadas por décadas. Porém, no caso específico da agricultura, técnicas mais simples baseadas em regressão estatística e/ ou regras dominaram por muito tempo, especialmente pela escassez de dados suficientes para que modelos mais sofisticados pudessem funcionar adequadamente. Isso começou a mudar no início da década de 2010, por dois motivos principais: em primeiro lugar, com a evolução e barateamento de diferentes tipos de sensores, ficou mais fácil obter dados de qualidade; em segundo lugar, o surgimento das técnicas de aprendizado profundo, em que redes neurais artificiais com muitas camadas e parâmetros são aplicadas, fez com que fosse possível resolver problemas de classificação mais difíceis. Houve, então, uma explosão desse tipo de técnicas nas mais diversas áreas, incluindo a agricultura.

Quais os desafios para implantar a IA de forma mais ampla no campo?

Estamos agora em um momento em que, apesar de ainda haver muitos esforços de pesquisa e muitas publicações científicas relacionadas à IA na agricultura e pecuária, avanços reais têm sido difíceis. Isso ocorre porque modelos de IA, para funcionarem corretamente, precisam ser treinados com dados que representem adequadamente a variabilidade encontrada na prática. No caso da agricultura, e em especial no campo, existem diversos fatores que introduzem variabilidade, como ângulo de insolação, condições meteorológicas, idade das plantas/animais, ângulo de captura das imagens, entre muitos outros. Como a construção de bases de dados representativas é muito difícil, em sua maioria os modelos desenvolvidos não são suficientemente gerais para funcionarem na diversidade de situações encontradas na prática. Apesar de todos esses desafios algumas tecnologias já se tornaram uma realidade e vêm sendo utilizadas cada vez com mais frequência pelos produtores. Dois exemplos seriam a ordenha automática e a detecção de ervas daninhas associada a uma atuação em tempo real para eliminar o problema. Outras aplicações práticas deverão se tornar realidade à medida que os desafios forem vencidos. Há ainda o que chamamos de IA generativa, cujo exemplo mais conhecido é o ChatGPT. Tem havido esforços para o desenvolvimento de tecnologias similares, porém com escopo bem definido. Estão começando a ocorrer esforços para o desenvolvimento de modelos generativos mais efetivos no contexto da agricultura.

Girolando
Jayme Barbedo
Jayme Barbedo
Jayme Barbedo
Jayme Barbedo

Vitamina A contribui para a melhoria da reprodução

Deficiência pode levar a transtornos reprodutivos em machos e fêmeas

Vários fatores influenciam na eficiência reprodutiva dos rebanhos, dentre eles as deficiências nutricionais. Há uma estreita relação entre fertilidade, condição corporal e estado nutricional nas fêmeas de ruminantes, em que a nutrição influencia a fertilidade, desenvolvimento dos folículos, ovulação, maturação oocitária, fertilização, sobrevivência embrionária e a gestação. Nos machos também a nutrição interfere na reprodução como na espermatogênese, produção de hormônios, condição corporal entre outros fatores.

A alimentação e os nutrientes exercem influência na reprodução, sendo que os níveis nutricionais afetam o desenvolvimento e a função dos órgãos reprodutivos tanto nas fêmeas quanto nos machos. Ao serem absorvidos no organismo, os nutrientes apresentam escalas de prioridades orgânicas em sua rota metabólica, entre elas: metabolismo basal, atividades (andar, deitar, entre outras), crescimento,

reservas corporais, lactação, engorda, ciclo estral e início da gestão. Entretanto, conforme demonstrado, o organismo animal só direcionará nutrientes para as atividades reprodutivas quando todas as prioridades anteriores estiverem atendidas, ressaltando que uma dieta deficiente em nutrientes e com suplementação inadequada irá prejudicar os órgãos com baixa prioridade.

São vários os nutrientes que interferem na reprodução, destacando-se: energia, proteínas, gorduras, vitaminas (A e E), minerais (fósforo, cobre, zinco, manganês e selênio). Contudo, os autores esclarecem que embora os nutrientes sejam estudados separadamente, eles agem de forma conjunta para determinar a fertilidade dos animais. Portanto, ao analisar as questões nutricionais ligadas à infertilidade dos machos ou fêmeas, devem ser verificados um ou mais fatores nutricionais.

As vitaminas são substâncias orgâ-

nicas, que mesmo em pequenas quantidades são essenciais para a saúde, o crescimento, a reprodução e a manutenção das espécies animais. As deficiências de vitaminas são denominadas de hipovitaminoses ou avitaminoses, que podem ser resultantes de uma nutrição inadequada e desequilibrada. Entretanto, os animais podem requerer maior quantidade de vitaminas em situações específicas durante o crescimento, lactação, prenhez, estresse, infecções, manejo reprodutivo entre outras ocasiões especiais.

Neste contexto, a deficiência de Vitamina A e sua interpelação com a reprodução será analisada neste artigo assim como as formas de suplementação para contribuir no seu ajuste nutricional.

A vitamina A: funções fisiológicas e deficiências nutricionais

A vitamina A é lipossolúvel e só existe na sua forma mais pura nos alimentos de origem animal ou no estado de molécula sintética. As fontes naturais mais impor-

Guilherme Augusto Vieira, Médico-veterinário e autor do livro Como montar uma farmácia na fazenda, dos Manuais Semiconfinamento e Confinamento.

tantes são os óleos de certos peixes marinhos (bacalhau e tubarão). Também está presente no fígado de todos os animais, na gema de ovo, leite e seus derivados.

Nos vegetais, a vitamina A se encontra na forma de provitaminas (precursores). Essas provitaminas são pigmentos carotenoides que são transformados em retinol no organismo animal. O principal precursor (mais ativo) da vitamina A é o betacaroteno, que é encontrado nos alimentos, tais como vegetais de cor amarela, laranja ou verde (frutas, legumes e verduras). O pasto verde é considerado uma fonte rica em betacaroteno, sendo que o pasto seco e o feno apresentam baixos teores de betacaroteno.

No organismo, o betacaroteno é transformado em vitamina A em duas vias: na mucosa do intestino delgado, onde é absorvido e transportado pela corrente sanguínea; no fígado, por hidrólise enzimática, onde é armazenado nas células de Kupfer, o qual é liberado na forma de álcool livre para ser transportado para outros tecidos.

Quanto as suas funções fisiológicas, a vitamina A intervém no mecanismo da visão, permitindo a síntese dos pigmentos fotossensíveis do olho (rodopsina e io-

dopsina), sendo importante para a visão. Quanto à ação na reprodução, atua na síntese de hormônios esteroidais a partir do colesterol orgânico, nas gônadas, placenta e adrenais.

Outra grande função fisiológica é a sua participação de modo importante na síntese das glicoproteínas, na regulação da síntese da queratina, no metabolismo das lipoproteínas, na síntese do colesterol e na síntese do RNA mensageiro.

Tais ações fisiológicas explicam seu papel fundamental como a vitamina do crescimento ósseo (síntese da condroitina) e muscular, na manutenção dos epitélios queratinizados e não queratinizados (mucosas digestiva, respiratória, ocular e geniturinária), além da sua atuação na reprodução e desenvolvimento embrionário.

A deficiência de vitamina A ocorre devido ao consumo de dietas pobres em retinol ou betacaroteno, no caso dos herbívoros, ingestão de pasto seco ou feno. Afecções hepáticas, fatores de estresse, problemas intestinais ou outros fatores que dificultam a absorção da vitamina A, levando a quadros de avitaminose ou hipovitaminose.

A deficiência de vitamina A acarreta

uma série de problemas no organismo devido a quantidades insuficientes para manter suas funções normais. Como consequência da carência da vitamina A ocorre uma degeneração da mucosa de diversos órgãos (tecidos do trato respiratório, urogenital, rins, glândulas salivares e olhos) debilitando o epitélio normal, tendo como resultado a baixa resistência às infecções, levando à incidência de doenças bacterianas e parasitárias.

Os quadros mais comuns de deficiência de vitamina A observados em todos os animais são afecções cutâneas e pelos sem brilho; quanto à visão, são a cegueira noturna, ceratoconjuntivites, xeroftalmia. Podem ser observados ainda, como resultantes da carência de vitamina A: cálculos urinários, atrofia glandular, modelagem incorreta dos ossos, diminuição do apetite, ganho de peso e do crescimento.

Vitamina A e a reprodução

A deficiência de vitamina A pode levar a sérios distúrbios reprodutivos. Isso leva a baixas taxas de fertilidade e concepção nas fêmeas, redução na duração da gestação, abortos e aumento na incidência de retenção de placenta. Trabalhos realizados na Alemanha associaram

altos níveis de betacaroteno no corpo lúteo de vacas leiteiras com um melhor desempenho reprodutivo, caracterizado por diminuição no tempo de serviço, menor número de serviços por concepção e reduzida incidência de cio silencioso e ovário cístico. Também são observados reabsorção e malformação fetal.

Nos machos, os quadros carenciais apontam uma diminuição na habilidade e atividade sexual, espermatozoides anormais com reduzida motilidade, degeneração dos túbulos seminíferos nos bovinos jovens e injúrias testiculares gerais. Tudo isso se deve à supressão da liberação de gonadotropinas hipofisárias e, noutros casos, a espermatogênese é impedida e as funções das células de Sertoli e de Leydig são alteradas.

Suplementação de vitamina A Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam: energia, proteína, vitaminas e minerais.

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagem) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais

índices produtivos.

Nos locais produtivos onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno e suplementos alimentares adicionais, são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e, com isso, atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso da vitamina A, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

No mercado encontram-se suplementos injetáveis à base de vitamina A e suplementos injetáveis múltiplos que contêm, além da vitamina A, outros nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações mais rápidas, no que tange à prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Diante do exposto, demonstrou-se a importância da nutrição em relação à reprodução animal, uma vez que a deficiência nutricional interfere sobremaneira nos processos reprodutivos, levando a

sérios transtornos. Evidenciou-se a gravidade da deficiência de vitamina A, que leva a uma série de intercorrências reprodutivas em fêmeas e machos bovinos.

Os nutrientes agem em conjunto para determinar a fertilidade do animal. Portanto, ao serem analisados casos de infertilidades, devem-se considerar outras carências nutricionais presentes no rebanho, assim como outras causas multifatoriais que acometem os processos reprodutivos.

A principal fonte de betacaroteno (precursor da vitamina A) para os bovinos são as pastagens verdes. Entretanto, devido a importância da vitamina A e de outros nutrientes na produção e reprodução animal, os produtores e técnicos de ciências agrárias devem considerar o uso de suplementos na prevenção e correção dos sinais carenciais, principalmente em função da sazonalidade climática no Brasil.

É muito importante alertar sobre mais um fator que interfere na reprodução animal, pois cada vez mais a pecuária caminha para a produção de excelência.

*As referências bibliográficas estão com o autor

** Os estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal ( Anabolic) *** Contato com o autor : guilherme@farmacianafazenda.com.br

Benefícios do drench em vacas leiteiras recém-paridas

O período de transição é marcado por grande estresse metabólico e geralmente compreende três semanas antes e cerca de três semanas após o parto. Essa fase é caracterizada por redução no consumo de matéria seca, concomitantemente ao rápido crescimento do feto, desvio de nutrientes para produção de colostro, seguido pelo rápido aumento na produção de leite.

Esses eventos ocasionam o balanço energético negativo (BEN), já que as exigências nutricionais estão aumentadas, porém, a capacidade de consumo está reduzida, ocorrendo intensa

mobilização de reservas corporais, desequilíbrio fisiológico e subsequente comprometimento da saúde, produção e estado reprodutivo.

Entre os principais distúrbios metabólicos que acometem os animais nessa fase, podemos citar: cetose, hipocalcemia, retenção de placenta, metrite, deslocamento de abomaso, entre outros. Essas enfermidades são o principal motivo do alto índice de descarte no início da lactação e causam um déficit econômico de grande impacto aos sistemas produtivos.

Mobilização das reservas corporais

Após o parto, a mobilização das reservas corporais é uma adaptação fisiológica normal, sendo um mecanismo para compensar o BEN e, aliada a dietas balanceadas no pré e pós-parto, poderia reduzir a incidência de algumas doenças.

O grande problema ocorre quando essa mobilização é intensa, principalmente no caso de vacas que chegam obesas ao parto, ou mesmo vacas de alta produção que não conseguem suprir o déficit energético através da dieta. Em geral, a perda de vitalidade é visível nessa fase, em função dos eventos já citados anteriormente.

Uma estratégia interessante

DIVULGAÇÃO
Lisia Correa, nutricionista na área de Bovinos da Agroceres Multimix

para minimizar esses problemas relacionados ao pós-parto seria o fornecimento forçado de nutrientes, através de soluções conhecidas como drench.

Drench

Drench é um suplemento mineral e energético, que tem a finalidade de fornecer energia para a síntese de leite e minerais essenciais ao bom funcionamento celular, estimular a fermentação ruminal, além de reidratar a vaca. Em geral, essas soluções podem contar com diversos compostos que promovem benefícios à saúde do animal, sendo alguns principais:

-Propilenoglicol: precursor de energia, tem potencial de promover a gliconeogênese, aumentando a glicose e reduzindo a necessidade de mobilização das reservas corporais e, consequentemente, minimizando o acúmulo de gordura no fígado.

-Propionato de cálcio: também é um precursor de energia e fonte de cálcio, que, por estar relacionado com contrações musculares, sua deficiência pode comprometer as contrações ruminais, reduzindo a motilidade ruminal e levando a deslocamento de abomaso. Também pode comprometer as contrações uterinas, o que resulta em retenção de placenta e, consequentemente, metrite, além de estar diretamente relacionado com a hipocalcemia.

-Fontes de sódio e potássio: re -

posição de eletrólitos.

-Água: promove a reidratação além de funcionar como um peso adicional no rúmen para que ele ocupe o espaço deixado pela saída do feto. Isso reduz a probabilidade de deslocamento de abomaso.

Benefícios e manejo do Drench

O drench é indicado logo após o parto e entre os benefícios que promove, estão: melhor desempenho no pós-parto, em função do equilíbrio dos líquidos corporais, reequilíbrio da composição do organismo, aumento da glicose plasmática, redução do acúmulo de ácidos graxos não esterificados e gordura no fígado, prevenção da cetose, febre do leite e deslocamento do abomaso, estímulo à fermentação ruminal, consumo de matéria seca e água, melhora do desempenho produtivo e reprodutivo das vacas.

Entre as desvantagens está o uso de sonda esofágica para a administração do drench, já que o procedimento exige um profissional capacitado, para que a sonda seja posicionada de forma correta, evitando que o líquido seja direcionado erroneamente para o pulmão do animal, o que poderia resultar na morte do mesmo.

Entretanto, hoje já existem opções de drench de consumo voluntário, cujo manejo é simples e seguro, sendo administrado diretamente em baldes e dispensando o uso das sondas.

Propilenoglicol

Zhang et al (2020), em revisão sobre os efeitos do propilenoglicol no balanço energético negativo em vacas leiteiras no pós-parto, citam alguns trabalhos que observaram os benefícios do uso desse precursor de energia.

1) Stokes e Golf (2001), por exemplo, suplementaram vacas com 300ml de propilenoglicol (PG) ou 680g de propionato de cálcio (CP), diluídos em 9,5l de água (o grupo controle (C) recebeu somente água).

O fornecimento ocorreu quatro horas e 24h após o parto, observando-se: níveis plasmáticos mais baixos de ácidos graxos não esterificados no grupo PG, em comparação com os demais grupos, menor incidência de metrite nos grupos PG e CP, em comparação ao controle, maior produção de leite no grupo que recebeu propilenoglicol, em relação ao controle.

2) Zhang et al também citaram o trabalho de Chalmeh (2020), que observou redução da resistência à insulina em vacas leiteiras, no período de transição, suplementadas com propilenoglicol e/ou monensina, sendo o efeito do propilenoglicol mais expressivo.

A menor resistência à insulina pode reduzir a mobilização das reservas corporais e diminuir o risco de doenças metabólicas em bovinos le iteiros no periparto.

3) O trabalho de Bjerre-Harpøth et al (2015) teve como principal

NUTRIÇÃO

Experimento

avalia eficiência alimentar de bezerras CCG 3/4

O perfil metabólico e hormonal de bezerras em aleitamento sob diferentes planos nutricionais foi estudado

Uma pesquisa inédita para identificar a eficiência alimentar de bezerras CCG 3/4 Holandês + 1/4 Gir em aleitamento foi conduzida em uma fazenda mineira, integrando os projetos de iniciação científica das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu). Objetivou-se avaliar o

perfil metabólico e hormonal desses animais sob diferentes planos nutricionais. Para isso, foram mensurados: consumo de leite, peso ao nascimento, peso aos (30, 60 e 90 dias) e o ganho médio diário. O experimento ainda avaliou a composição do leite, os componentes

nutritivos do feno e do concentrado ofertados, o perfil metabólico e perfil hormonal, além dos escores de fezes e de condição corporal.

Foram utilizadas 14 bezerras, nascidas entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, na Fazenda Boa Fé, do Grupo GBF Global, no municí -

DIVULGAÇÃO
Raissa Silva Santos, Graduanda de Zootecnia na Fazu

Manejo correto da água garante produção de qualidade

Um dos recursos naturais mais importantes na pecuária leiteira é a água. Além de representar 87% da composição total do leite, sua importância engloba desde a hidratação do animal, higienização de equipamentos, resfriamento e manejo de resíduos, até a irrigação de áreas de pastagem e lavouras que serão destinadas à alimentação do rebanho. “O tipo de dieta é um dos determinantes do consumo de água pelos animais. Dietas mal balanceadas, por exemplo com excesso de proteína e/ou sais, determinarão maior consumo de água. Assim como dietas com elevados teores de matéria seca, pois a dieta também é uma fonte de água. Se ela tiver elevado teor de matéria

seca o animal compensará sua necessidade no bebedouro”, explica o pesquisador da Pecuária Sudeste, Julio Cesar Pascale Palhares.

Apesar de estudos relacionando o melhoramento genético das raças leiteiras com o consumo de água estarem muito iniciais no mundo, sabe-se que a genética dos animais determina um consumo maior ou menor de água, com uma raça que produz mais leite bebendo mais água. E com as vacas cada vez mais produtivas, cuidar da qualidade da água ofertada ao rebanho é essencial para a produção de leite. “Um sistema de produção que não oferece conforto térmico aos animais fará com que eles be-

bam mais água por dia para compensar condições de estresse térmico. Há várias formas de oferecer conforto térmico aos animais, desde o plantio de árvores no pasto até a oferta de algum tipo de sombreamento artificial ou os aspersores nas áreas da ordenha. A aspersão é uma técnica que precisa ser bem planejada. Caso contrário significará maior consumo de água e energia”, diz o pesquisador.

O manejo hídrico dentro da propriedade é importante tanto para garantir a qualidade da água quanto sua preservação. Por isso, o produtor deve utilizar tecnologias de monitoramento remoto, adotar práticas de conservação da água e sistemas de produção mais sustentáveis.

MANEJO DIVULGAÇÃO

Outro ponto que merece atenção é seu uso direto na produção de leite. Ao utilizar água de má qualidade, que contenha bactérias, para limpar a sala de ordenha, por exemplo, há um risco que pode ser quantificado e expresso em probabilidade, como o aumento da CBT (células bacterianas totais).

Conforme prevê a Instrução Normativa nº 77 (26/11/2018), que embasou a criação do Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL), é necessário fazer o isolamento adequado das fontes de água, higienizar com regularidade os reservatórios, utilizar água potável na limpeza de equipamentos, realizar análises da qualidade da água e fazer seu tratamento.

Água potável é a que podemos in-

gerir com segurança, não apresentando riscos à saúde humana. Este é o padrão mais rigoroso de qualidade de água que existe. Toda água utilizada na limpeza de equipamentos, utensílios, úbere e mãos dos ordenhadores, assim como demais locais que entram em contato direto com o leite, deve ser potável. É recomendável evitar a captação de água em fontes com riscos de contaminação (próximas a locais com acúmulo de matéria orgânica) e a falta de tratamentos preliminares como a filtração e a cloração.

Uma gota de água impura pode abrigar até 1.000.000UFC/mL, sendo que uma medida eficaz e simples para minimizar essa contaminação é a filtragem combinada com a cloração. Imagine que uma minúscula gota com 200.000UFC

afete um litro de leite. Se a temperatura estiver acima de 13ºC, essa quantidade de bactérias dobrará a cada 20 minutos. Assim, em apenas 60 minutos, teremos um aumento para 800.000 bactérias, equivalente a 80.000UFC/100mL.

O tempo necessário para esfriar o leite, juntamente com o período que ele permanece no reservatório antes de ser coletado, são fatores cruciais. Se na hora da coleta o leite ultrapassar os limites aceitáveis de contaminação, isso não necessariamente indica falhas na higienização ou no manejo da ordenha. Pode ser resultado da interferência de uma pequena quantidade de água impura que prejudicou todo o lote de leite.

A água contaminada na sala de ordenha representa um risco significativo também para a saúde dos animais. Ela pode conter patógenos prejudiciais que causam doenças, levando a problemas de saúde e, em casos extremos, à morte. A contaminação pode afetar negativamente a produção, a composição e a qualidade do leite, tornando-o menos valioso ou até mesmo inútil para venda.

Além disso, a presença de produtos químicos tóxicos na água contaminada, como pesticidas ou metais pesados, pode ter efeitos adversos na saúde dos animais e dos seres humanos. Se o leite contaminado chegar ao consumidor, pode haver riscos à saúde, incluindo infecções alimentares, que podem ser graves dependendo dos patógenos presentes.

Já na parte de infraestrutura pode

haver danos aos equipamentos, já que alguns contaminantes presentes na água, como sais ou substâncias químicas, podem corroer ou danificar os equipamentos de ordenha ao longo do tempo. “As instalações, desde sua concepção, devem ser pensadas visando o menor consumo de água e a facilitação do manejo dos resíduos. Se na instalação há muitos anteparos (pilares, grades etc.) isso irá dificultar a lavagem do piso, podendo determinar maior consumo de água e tempo do operador gasto na prática. Um piso de ordenha mal-conservado, com grandes rachaduras e buracos, faz com que a lavagem seja menos eficiente, pois são pontos de acúmulo de dejetos que, por se acumularem no local, farão com que o operador gaste mais água para retirar os dejetos”, orienta o pesquisador.

Benefícios do bebedouro próximo à ordenha

A água é essencial para manter a hidratação dos bovinos. Em períodos ou locais de clima quente a água desempenha um papel muito importante na regulação térmica dos animais. De forma estratégica, a instalação de bebedouros deve ficar logo na saída da ordenha, permitindo a hidratação imediata das vacas logo após a ordenha, momento em que ocorre perda de grande quantidade de água para a produção de leite. Assim, elas têm oportunidade de restabelecer seus níveis de hidratação e absorver nutrientes essenciais.

As vacas tendem a beber mais água

quando têm acesso fácil. Com o bebedouro mais próximo à sala de ordenha, os animais não precisam percorrer longas distâncias para acessarem a água. Além disso, proporcionar fácil acesso à água contribui para o bem-estar das vacas leiteiras, pois vacas saudáveis são mais propensas a serem mais produtivas. É importante que os bebedouros sejam projetados e mantidos de forma adequada para garantir o fornecimento de água limpa e fresca de forma constante.

Outros bebedouros devem ser instalados nos locais onde as vacas estarão após a ordenha, como nos piquetes ou dentro dos barracões de confinamento. Em relação ao dimensionamento ideal

dos bebedouros, deve ter um tamanho suficiente para que, pelo menos, 15% do lote consiga ter acesso à água simultaneamente. Para isso é determinado que o espaçamento seja de 0,12 metros lineares por animal.

A limpeza dos bebedouros é ideal para evitar o acúmulo de sujeira e possíveis contaminantes. Ela deve ser feita de forma periódica, a cada dois dias ou semanalmente.

Já em relação à temperatura da água ofertada, deve ser entre 25°C e 30°C, visto que em temperaturas abaixo de 15°C é observada uma diminuição do consumo. Forneça água limpa, cristalina e isenta de compostos tóxicos.

Pesquisador da Embrapa Sudeste Julio Palhares

MATÉRIA DE

CAPA

Ninguém segura o Girolando

Raça cresce em número de registros, de vendas de sêmen e mantém boas médias de preços em leilões. Um desempenho baseado no forte avanço genético do rebanho

Quando assumiu, em 2019, a propriedade da família, em Bocaiúva, no norte de Minas Gerais, o pecuarista Otávio Pereira dos Santos Neto decidiu que era hora de modernizar a gestão. “Tínhamos um modelo de pecuária leiteira bem simples, com mínimos dados de controle e pouquíssimas ferramentas de gestão. O gado era composto de animais de várias raças”, lembra Neto. Ele foi em busca de informações, inteirou-se sobre os mercados de leite e de genética, visitou criatórios e percebeu que o Girolando seria a raça ideal para as condições da região, que tem temperaturas mais altas, e para a saúde financeira do negócio.

Desde o início, a preocupação era desenvolver um trabalho consistente de seleção. A base do plantel da Fazenda Triunfo veio de criatórios já

consolidados na raça, como a Fazenda Congonhas e a Santa Luzia. A FIV foi a aposta para multiplicar essa genética adquirida. Hoje, o plantel é avaliado pelo Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), participa do Controle Leiteiro Oficial e é composto por animais CCG 1/2, CCG 3/4 e 5/8.

Com 100 vacas em lactação, e uma média de produção de 2.800 litros/dia, a fazenda trabalha em sistema intensivo no período de inverno, ofertando dieta a base de silagem de milho e dieta concentrada. Já no período das águas trabalha com semi-intensivo, em que as vacas recebem silagem de milho e concentrado antes das ordenhas.

Além da produção de leite, o sistema é voltado para a produção de genética, com a comercialização de

animais para recria. Além disso, há a seleção para competições nas feiras. O criador já levou para casa troféus de exposições mineiras, como: Pompéu, Sete Lagoas e Montes Claros.

Agora, entrando no sexto ano à frente da Fazenda Triunfo, Otávio tem a certeza de que fez a aposta certa quando decidiu ter um rebanho registrado de Girolando. “Já temos produção suficiente para atender o mercado de recria, que está aquecido. Em 2024 ainda vamos dar um passo a mais, com a realização, pela primeira vez, de um leilão de vacas, novilhas e bezerras de todas as composições raciais que selecionamos, todas oriundas de FIV. No evento, que terá a chancela da Associação de Girolando, participarão convidados tradicionais, como a Santa Luzia e a Congonhas. Tenho confiança de que será um sucesso”, ga-

Larissa Vieira
DIVULGAÇÃO

rante Otávio Neto.

O bom momento vivido pela Fazenda Triunfo não é um caso isolado dentro do Girolando. Os números do Serviço de Registro Genealógico da raça mostram que mais produtores buscaram pelo certificado de origem no ano de 2023. Foram efetuados em todo o País 97.352 controles e registros, com quebra de recorde nas categorias de registro de nascimento e registro definitivo com genealogia conhecida.

A avaliação dos especialistas é de que o mercado de animais de genética superior não sentiu os impactos da queda do preço do leite, das importações de lácteos e da queda no consumo de leite. Para o técnico da Girolando, Samuel Bastos, que também atua no mercado de leilões, a valorização do animal registrado e avaliado está alicerçada justamente no seu potencial melhorador. “O que está sendo bem comercializado, tanto no Girolando quanto nas raças formadoras Gir Leiteiro e Holandês, é o animal com características produtivas comprovadas e com consistências no pedigree.

Vaca se vende pela lactação oficial, pelo leite que produz. É um dado que chama a atenção do investidor que vai trabalhar com leite. Em geral, são filhas de mães com lactações consistentes e grandes touros, que também já apresentam boas lactações”, explica Samuel.

Segundo ele, as melhores médias

de preço, em geral, estão atreladas às certificações oficiais conferidas, seja pelo Serviço de Controle Leiteiro Oficial ou pelo Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. “Uma lactação oficial e um pedigree consistente conferem grande credibilidade ao produto; afinal, não é o leiloeiro ou o consultor técnico que está atestando a qualidade do animal, mas sim uma entidade delegada do Ministério da Agricultura. Ter esse tipo de produto à disposição para venda traz muita liquidez para o mercado de genética”, assegura o técnico da Girolando. Ele aposta que a demanda por touros A2A2 será cada vez mais crescente, deixando em um futuro breve de ser

somente um nicho de mercado. De acordo com o técnico, o uso das ferramentas do PMGG, dentre elas o controle leiteiro, devem ser amplamente utilizadas na tomada de decisão. “Um exemplo é o Ranking Rebanho, que conta com diversas categorias, permitindo ao produtor comparar o desempenho de seus animais com os de outros criatórios. O Ranking Rebanho é uma grande riqueza que a entidade oferece ao mercado, pois traz os principais indicadores de excelência dentro de uma fazenda. Com essa ferramenta em mãos, cada propriedade pode trabalhar suas particularidades, visando sempre o aumento da produtividade e rentabilidade do negócio”, orienta.

O criador fluminense Tales Matheus Lopes tem colocado essa orientação em prática. Em sua propriedade, o Sítio Família Matheus Lopes, localizado em Araruama/RJ, os dados do controle leiteiro ajudam no monitoramento diário do rebanho. Além da pesagem oficial feita pela Girolando, Diogo Balderramas, Lopes pesa diariamente a produção das suas vacas e trabalha com rigor na seleção. “Tenho tudo anotado de cada animal, tanto no caderno quanto eletronicamente. Anoto desde a produção nas duas ordenhas, total produzido por mês, pico do mês, média e acumulado. Faço em todas, que é exatamente para saber quem é o animal. Ainda tenho uma tabela que preencho com os dados de produção, incluindo o peso dos animais, o número de inseminações, idade ao primeiro parto e dos demais

Criador Otávio Neto com a campeã do torneio leiteiro da Expomontes 2023 Beth
Técnico da Girolando Samuel Bastos durante atendimento em fazenda associada

partos, dentre outros dados. Aquelas que ficam abaixo da média da raça são descartadas, pois não é saudável para a rentabilidade do negócio ter um exemplar que não tem boa produtividade”, conta Tales. A ordenha é sem ocitocina, sem bezerro ao pé e nem peia.

O pecuarista está diariamente de olho nos resultados das pesagens de leite, que o ajudam a monitorar desde a saúde das vacas, fertilidade, nutrição e até a qualidade dos pastos.

Com um sistema intensivo a pasto, a propriedade, que tem no total 30 hectares, trabalha com pastejo rotacionado. Como na região, alguns compostos da ração ou núcleos andam com preços “salgados”, ele inclui na dieta dos animais produtos com maior oferta, como: soja, fubá, ureia e sal mineral. Já a ordenha é sem ocitocina e sem bezerro ao pé.

Tales é a primeira geração de produtor rural da família. Sua história com a raça Girolando começou em 2020, quando participou de um evento na Universidade Federal de Viçosa, entidade que contou por alguns anos com um rebanho Girolando para o desenvolvimento de pesquisas. Foi lá que ele comprou duas novilhas da raça. No mesmo ano, comprou a fazenda, porém totalmente desprovida

de infraestrutura para a atividade leiteira. “Nunca tinha visto uma novilha produzir mais de 14kg/leite, mesmo em sistema rotacionado. Com o Girolando, já registrei picos de 32kg/ leite. A alegria foi tanta que quase não acreditei no resultado. Por isso, decidi comprar mais novilhas Girolando, todas livro fechado. Quem cria Girolando não consegue mais olhar para outras raças”, diz o criador.

Segundo ele, a opção pelos animais registrados vai além de ter um documento oficial. “É pela qualidade que esse tipo de vaca tem, traz mais confiança e credibilidade para o negócio”, assegura o criador, que na parte de manejo ainda conta com a assistência técnica do Senar.

Tales pretende multiplicar sua experiência com o Girolando para toda a região e está programando para maio um dia de campo da fazenda. A expectativa é contar na programação com uma palestra sobre a raça, que deve ser ministrada por um representante da Associação. Outro projeto futuro é a instalação de um laticínio na região para atender os produtores locais. Como não há indústria na cidade, toda a produção de leite da fazenda é comercializada para queijeiros. O problema é que a demanda oscila conforme a época do ano, exigindo do

pecuarista adaptações em seu sistema. Mercado de genética aquecido

Se o comércio de animais melhoradores segue firme, a venda de sêmen está no mesmo ritmo e não sentiu o baque da queda no preço do leite. A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) divulgou relatório das vendas de 2023 e as raças leiteiras registraram crescimento. Enquanto o aumento no geral foi de 6%, na raça Girolando foi quase o dobro desse percentual, ficando em 11,71%. Foram vendidas 741.933 doses, contra 664.130 em 2022. As exportações também subiram, fechando em 83.729 doses ante 78.379 em 2022.

Em 2024, os dois primeiros meses continuam aquecidos segundo levantamento junto à algumas centrais. “O ano de 2023 foi desafiador para o leite, tanto em relação às políticas, quanto a alterações climáticas, mas mesmo assim a raça desempenhou seu papel muito bem, principalmente comparado ao ano de 2022. Essa realidade mostra que o produtor hoje busca uma compra mais segura, especialmente em momentos de desafio, como agora. Ele precisa de um animal mais adaptado, que tenha desempenho melhor em condições climáticas adversas, e o Girolando oferece tudo isso”, garante Antônio Garcia, gerente de Produto

Tales Matheus Lopes

Protázio

Sansão x Juma Bras. Bagdá TE Bras.

Radar x Ametista Silv. Teatro

Teatro x Fábula FIV

Sansão

Leite Zebu da CRV.

Com um número crescente de touros provados a cada ano pelo Teste de Progênie, a confiabilidade do mercado também aumenta. “Atualmente, as compras são pautadas na eficiência da raça e não sendo mais compras estratégicas como antigamente. O mercado clama por touros Girolando selecionados a partir de bases sólidas. O avanço de provas, como o Teste de Progênie, que traz avaliações genéticas e genômicas seguras dos animais, aliado às informações de lactações das filhas dos touros, tem levado a uma procura maior, por exemplo, de reprodutores 5/8. Até no mercado externo verificamos essa tendência. Hoje, na bateria de touros da Genex, os dois líderes de vendas na raça são da composição 5/8”, afirma Gabriel Godoy, gerente de Produto Leite Zebu da Genex Brasil.

Segundo ele, a tendência para 2024 é superar os números do ano anterior, inclusive no mercado internacional.

“Estamos no caminho certo, produzindo um Girolando com mais qualidade e segurança para os produtores utilizarem em seus rebanhos”, conclui Godoy.

Para quem trabalha no campo selecionando os animais que abastecem

esse mercado de genética, o momento para a raça mostra-se sólido. Desde o final do ano passado, o selecionador mineiro Túlio Araújo teve três touros de seu criatório, contratados por centrais de inseminação, e vários outros seguirão o mesmo caminho neste primeiro semestre de 2024.

A grande vitrine para o criatório, que fica no município de Serra da Saudade/MG, tem sido as exposições. Em 2023, o time da Girolando PASS levou para casa diversos troféus, conquistados em exposições concorridas, como a Megaleite, quando conquistou algumas premiações, dentre elas o título de Grande Campeão da raça Girolando, e na ExpoZebu. “Foi um ano de muitas realizações, com premiações relevantes, incluindo o Ranking Nacional e o Ranking Estadual de Minas Gerais. As vendas aumentaram muito após essas vitórias e a procura por animais segue firme em 2024. O produtor confia na nossa genética porque sabe que a pista é, na verdade, consequência do trabalho sério de seleção que fazemos, com um foco grande em fertilidade e equilíbrio”, pontua Túlio. Esses resultados vieram com pouco tempo de seleção da raça. Apesar da família atuar na pecuária desde

1987, a história do criatório com Girolando começou em 2016, quando Túlio e o pai, Antônio Ildefonso, decidiram formar um plantel registrado. Em 2017, já estrearam nas pistas e dois anos depois, passaram a investir em FIV para acelerar a multiplicação da genética selecionada.

O sistema de produção adotado é o semi-intensivo, isso para as vacas em lactação. Já a maior parte dos animais jovens fica no sistema extensivo a pasto. Com um rebanho em torno de 400 cabeças, a fazenda trabalha com acasalamento dirigido, buscando um animal equilibrado e integra o PMGG. Todas as fêmeas CCG 1/4 são genotipadas e as informações utilizadas para selecionar as melhores doadoras, já que elas são a base da produção de animais 5/8.

O trabalho tem refletido em boas vendas tanto na porteira quanto em leilões. O Girolando PASS já prepara várias ofertas em remates em 2024, com expectativa de bons preços. “Esperamos que seja mais um ano de conquistas. Vamos participar da ExpoZebu e da Megaleite, além de outras exposições, para que nossa colocação no Ranking Nacional seja ainda melhor em 2024”, conclui Túlio Araújo.

Criador Túlio Araújo e o touro Grande Campeão Girolando da Megaleite e da ExpoZebu BH 27 CRUSHABULL FIV JGG

MATÉRIA DE CAPA

Um ano de muitas realizações

A atual diretoria da Girolando conclui seu primeiro ano de gestão com recorde na área de registros e na Megaleite, expansão das ações de fomento da raça, investimentos na capacitação da equipe técnica e defesa dos direitos dos produtores de leite

Apesar dos desafios enfrentados pela pecuária leiteira em 2023, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando encerrou o ano com suas metas superadas, feito que exigiu esforços de todos. Dois recordes foram estabelecidos no ano passado em duas categorias do Serviço de Registro Genealógico.

No Controle/Registro de Nascimento (CGN/RGN) os técnicos efetuaram 42.640CGN/RGN, contra 39.879 em 2022. Já na categoria Controle/Registro Definitivo - Genealogia Conhecida (CGD/RGD – GC) foram feitos 37.586 ante os 36.114 de 2022. Esses dois resultados atingidos em 2023 superam todos os demais alcançados desde 1989, quando a Associação iniciou o Serviço de Registro Genealógico no Brasil como entidade delegada do Ministério da Agricultura.

Somando todas as categorias foram efetuados em todo o País 97.352 registros de animais. Com isso, o banco de dados de animais registrados e controlados pela Girolando chegou a 2.228.722 registros, sendo

Recordes 2023

Equipe técnica da Girolando durante treinamento
Larissa Vieira

a única associação de raça leiteira do Brasil a atingir essa quantidade. “Isso mostra que o pecuarista continua acreditando no potencial da raça e entende que, mesmo em momentos de crise, não se pode parar de investir no avanço genético do Girolando. O animal com registro genealógico é mais valorizado no mercado porque esta é uma ferramenta que assegura a identidade, a procedência e o desempenho do bovino”, esclarece o presidente da entidade, Domício Arruda.

Várias outras ações realizadas em 2023 levaram a entidade ao balanço positivo no ano. Confira:

Reforço da equipe

A entidade ampliou sua equipe técnica pelo País, contratando novos técnicos para atenderem nas regiões do Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Rondônia e Tocantins. Pesquisa para avaliar atendimento técnico

A entidade adotou sistema de avaliação da equipe técnica, com o

objetivo de melhorar os atendimentos prestados no campo. Ao final de cada serviço prestado, o criador deve responder o questionário disponível no Sistema Web Girolando. A entidade ainda criou a Central de Relacionamento Girolando para ouvir as demandas dos associados e esclarecer dúvidas.

Vitrine nas universidades Animais do rebanho Girolando do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Montes Claros/ MG, foram registrados pelo técnico Geraldo Rodrigues. A parceria entre as duas entidades visa ao fomento da raça junto aos futuros formadores de opinião. O rebanho da universidade está tendo os cruzamentos direcionados para a produção de animais CCG 5/8 e Puro Sintético (PS), por meio da utilização de sêmen de touros Girolando. Além do registro, a Girolando também iniciou o Serviço de Controle Leiteiro Oficial no reba-

nho da UFMG.

Novidades do PMGG

Uma das inovações realizadas pela Girolando e que trará importante avanço para o melhoramentogenético da raça foi a inclusão de novas avaliações no Sumário de Touros. O documento trouxe mais 15 características e cinco índices (compostos). Dentre elas estão as ligadas à composição do leite, como por exemplo: produção e percentual de gordura, de proteína e CCS, e o Índice de Qualidade do Leite.

Além disso, foram incluídas características ligadas ao composto de leite e fertilidade do Girolando, para identificação de animais que produzem muito leite e ainda se reproduzem muito bem. Na parte de avaliação linear, as novas avaliações estão ligadas à conformação e capacidade, garupa e força leiteira.

Parceria CCPR

Outra medida importante foi a assinatura do acordo de cooperação técnica entre a Girolando e a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), com o objetivo de disponibilizar aos cooperados tecnologias vinculadas ao PMGG, tais como as avaliações genéticas e genômicas.

Mais Genética

Em parceria com o Mais Genética, a Associação realizou o primeiro registro dos animais do programa, fato que ocorreu durante a Megaleite 2023. No evento, o programa chegou

Governador de Minas Romeu Zema participa do registro do animal do Mais Genética
Presidentes de associações de criadores Gabriel Cid (ABCZ), Domício Arruda (Girolando), Armando Rabbers (ACBCRH) e Marcos Tang (Holandês do RGS) e José Adalmir Amaral (presidente do Núcleo Gaúcho de Criadores Gir Leiteiro e Girolando)

a 200 mil inseminações artificiais.

Capacitação da equipe

Para garantir um atendimento de excelência aos criadores, a Girolando iniciou em 2023 a capacitação de sua equipe técnica e jurados. Um dos cursos é sobre Oratória, para que os técnicos saibam transmitir com clareza as informações consideradas relevantes para o processo de seleção dos associados.

A entidade ainda realizou no final de 2023 o “Workshop de Excelência no Atendimento ao Associado”. Funcionários de todos os setores da entidade puderam debater sobre os pontos fortes da raça e dos serviços prestados, bem como sobre as prioridades para melhoria do atendimento prestado aos associados em todo o País.

Palestras e cursos

A equipe da Girolando ministrou palestras e cursos, difundindo as informações técnicas sobre a raça e os serviços prestados pela entidade por todo o Brasil.

Defesa dos direitos dos produtores rurais

O presidente da Girolando, Domício Arruda, participou de diversas reuniões com lideranças políticas em busca de soluções para a crise que afeta o setor leiteiro. Um dos encontros foi com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, juntamente com deputados federais que integram a Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite. Foram apresentadas várias reivindicações, dentre elas a renegociação de débitos dos produtores de leite e medidas

compensatórias ou tarifárias em relação às importações da Argentina. Outra iniciativa em 2023 foi a criação da Frente das Associações de Bovinos do Brasil, da qual a Girolando e outras 13 entidades delegadas do serviço de registro genealógico fazem parte. O objetivo é tornar mais ágeis e fortes as ações em defesa da pecuária nacional junto ao Ministério da Agricultura.

Mercado internacional

O projeto Brazilian Girolando retomou as participações em eventos internacionais e esteve presente em exposições do Panamá, Colômbia e Bolívia. Além disso, teve início o tratado para ampliar o protocolo sanitário na área de genética bovina com a Colômbia, em parceria com a Federação Nacional de Departamentos daquele país.

Exposições

Uma das novidades de 2023 em relação às competições em pista foi o Girolando Fest, evento criado para premiar os melhores dos rankings da entidade. Com um calendário extenso de exposições, a raça brilhou em exposições pelo País, tendo como ponto alto a Megaleite 2023, que quebrou recordes de público e movimentação financeira.

Girolando na mídia

A raça ganhou dois novos espaços para divulgação de informações: o Girolando Podcast, que traz um bate-papo com profissionais e criadores, e o programa semanal Gironews, com dicas técnicas e as notícias do setor.

Comitiva internacional na Megaleite
Premiação dos Melhores dos Rankings na Girolando Fest

GIROLANDO

E VOCÊ

Ano começa com agenda concorrida

Tanto no Brasil quanto no exterior, os eventos movimentam o calendário da raça Girolando. Várias exposições estão com inscrições abertas

Mais um ano, a capital do Zebu, Uberaba/MG, deve movimentar o circuito de exposições da raça. A Exposição Interestadual de Girolando –Circuito Megaleite 2023/2024 – Etapa Uberaba está com inscrições abertas até 19 de abril. O evento acontecerá durante a ExpoZebu 2024, no período de 27 de

abril a 5 de maio, em Uberaba/MG. Para as competições em pista, estão disponíveis 120 vagas. O valor por argola é de R$250,00. Cada expositor poderá inscrever até 12 animais por composição racial (CCG 1/4, CCG 1/2, CCG 3/4 e raça Girolando), no total de 48 animais. A taxa para os tratadores/

colaboradores ficarem no alojamento da ABCZ é de R$420,00 por pessoa, sendo 20 vagas disponíveis.

Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, a definição do jurado efetivo responsável pelos julgamentos será feita pela comissão organizadora do Circuito.

A Girolando também já definiu a programação da raça durante a ExpoZebu. Confira:

29/04/2024 (segunda-feira): Data-base para cálculo da idade no julgamento

22/04 a 24/04: das 7h30 às 17h30Entrada e admissão dos animais

29/04 (segunda-feira): das 7h30 às 12h30 (manhã) e das 13h30 às 17h (tarde) - Julgamento de animais

30/04 (terça-feira): das 07h30 às 12h30 (manhã) e das 13h30 às 17h (tarde) - Julgamento de animais

06/05/2024: a partir das 6h - Saída dos animais

Congresso latino-americano no Panamá

Criadores de raças leiteiras da América Latina reuniram-se em Chitré, no Panamá, para debater a produção sus-

Diretor da Giirolando Marcos Amaral e o vicegovernador de Minas Professor Mateus

tentável de leite. O “Encuentro Latinoamericano de Productores de Razas Lecheras y sus Cruces para una

Producion Sostenible” aconteceu de 29 de fevereiro a 2 de março, e contou com as presenças do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Domício Arruda; do gerente do projeto Brazilian Girolando, Marcello Cembranelli; e do associado e presidente da Comissão de Leite da Faemg, Jônadan Ma, além de representantes de vários outros países.

O criador Jônadan Ma ministrou palestra com o tema “A otimização da criação de Girolando em diversos sistemas de produção”. Já o técnico Marcello Cembranelli ministrou minicurso sobre o tema “Girolando: Um caminho para os sistemas de produção de leite”, na Finca Agropecuaria Don Arcelio.

Agenda de eventos

Durante o congresso, o presidente da Girolando, Domício Arruda, apresentou ao público internacional a campanha da Megaleite 2024. A expectativa é de que comitivas de vários países participem da feira, agendada para o período de 11 a 15 de junho. Eles serão recepcionados no estande do projeto Brazilian Girolando, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte/MG. Na edição passada, a feira recebeu 150 estrangeiros de 13 países. “A Megaleite trará muitas inovações do setor leiteiro, que serão apresentadas por cerca de 100 empresas expositoras, palestras, leilões, além das competições em pista e torneio leiteiro”, diz o presidente da Girolando, que esteve acompanhado do gerente do projeto Brazilian Girolando, Marcello Cembranelli.

O convite para a Megaleite também

foi entregue ao presidente da Associação de Criadores do Panamá (Aprogalpa), Venâncio González Pinzón, e ao vice-presidente Roberto Delgado Aprogalpa.

Autoridades convidadas no Brasil - No Brasil, o convite da Megaleite foi entregue ao vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus, que confirmou presença no evento. O convite foi entregue pelo diretor da Girolando, Marcos Amaral.

A Megaleite deste ano tem como tema “O alimento, uma cultura”, destacando a importância do leite no dia a dia alimentar dos brasileiros. A campanha é estrelada pelo pequeno José Marcos, influencer do Mato Grosso que defende o agro em seu perfil no Instagram. Ele tem mais de 1,2 milhão de seguidores.

Outros eventos da raça com inscrições abertas que estão agendados para o primeiro semestre do ano são:

04 a 07/04: Exposul Rural 2024

Cachoeiro de Itapemirim/ES

04 a 14/04: 22ª Exposição com Julgamento Ranqueado da Raça Girolando - 84ª Expogrande

Campo Grande/MS

04 a 07/04: Festa Amigos do Leite 2024

Poço Redondo/SE

15 a 21/04: Circuito Megaleite 2023/2024 - Etapa Nordeste

Maceió/AL

23/05 a 26/05: XXXIV Exposição Agropecuária e Industrial de Oliveira

Oliveira/MG

Presidente Domício e gerente do Brazilian Girolando Marcello Cembranelli durante lançamento da Megaleite no Panamá

Prontos para atuarem nas pistas

Depois de dez anos, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando voltou a realizar o Curso Intensivo de Julgamento da raça. A 24ª edição contou com participantes de todo o Brasil e do Equador. A programação intensa de três dias teve aulas teóricas e práticas. De acordo com o presidente da entidade, Domício Arruda, o evento faz parte das diversas ações de capacitação que a Girolando vem realizando desde o final de 2023. “É de extrema importância para o avanço da raça ter profissionais capacitados para auxiliar os criadores na seleção dos rebanhos”, diz Domício.

Para os participantes, o curso foi uma oportunidade não só de aprimorar os conhecimentos sobre a raça, mas também de compartilhar experiências. “O 24° Curso Intensivo de Julgamento foi marcante e histórico. Ambiente fantástico, extrema organização e preparo de seus orientadores. Uma imersão em conhecimento, ensinamento e temas técnicos sobre a raça Girolando, os critérios de julgamento, o regulamento de exposições oficializadas, padrões raciais e demais assuntos inerentes ao Girolando e sua expansão. Além disso, foi um momento de fazer novas amizades, relacionamentos e oportunidades vindouras em vários aspectos com fins comerciais, sociais e institucionais”, destaca o participante Fabrício Nogueira. O curso contou com duas modalidades: ouvintes (criadores e profissionais do setor) e candidatos ao Colégio de Jurados (profissionais de Ciências Agrárias). Entre os ouvintes, estavam criadores e leiloeiros de várias regiões. “Foram dias maravilhosos em que tive a oportunidade de aprender bastante com os brasileiros. O Equador está de portas abertas para os brasileiros. O Girolando já não é só do Brasil, é da América Latina”, assegura o criador equatoriano Fabián Estrella Casanova. “Final de semana de muito aprendizado e experiência ao lado de grandes profissionais”, diz a médica- veterinária Mariana Campbell. “Oportunidade ímpar de participar desse curso com profissionais tão capacitados e colegas que me agregaram muito com suas histórias de vida e desenvoltura no trabalho. É muito importante a realização de eventos como esse para a movimentação do mercado e crescimento da raça”, enfatiza o participante Brendo Carvalho.

No último dia, todos participaram das provas teóricas e práticas (julgamento e oratória). As aulas práticas contaram com animais das fazendas Bom Jesus, Fazenda Pavana, Fazenda Céu Azul e GBF Global. “Saber que, a cada oportunidade como essa, formamos novos jurados e parceiros é muito gratificante para nós, do Colégio de Jurados”, destaca Limírio Bizinotto, jurado que ministrou aulas práticas durante o curso. No total, participaram 80 pessoas.

Seminário do Colégio de Jurados

Jurados da raça Girolando participaram nos dias 19 e 20 de fevereiro, em Uberaba, do 9º Seminário de Revisão, Atualização e Harmonização dos Critérios de Julgamentos da Raça Girolando. Entre os temas abordados, estiveram: o Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), ética profissional e relacionamento interpessoal, oratória, harmonização dos critérios de julgamentos e revisão do regimento interno. Além das palestras, os jurados participaram de aulas práticas de julgamento.

GIROLANDO E VOCÊ

Luma Teline, Domício, Leandro Paiva, Euclides Prata, Celso Menezes, Tiago Ferreira, Limirio Bizinotto no Seminário de Jurados
Diretora Tatiane Tetzner e Mariana Moreno (Destaque do ano 2023 – PMGG)
Domício, Luiz Fernando Reis, Rubens Balieiro, Marcelo Real, Marcos Amaral na Imersão Técnica Nacional
Tatiane e Janaina (Destaque do ano 2023 – Fomento)
Petros Medeiros e Domício Arruda (Destaque do ano 2023 – Desempenho)
Priscila Leite, Janaina Peixoto, Ariana Barros, Raíssa Santos, Lívia Tavares da equipe técnica da Girolando
Domício, Marcello e Jônadan durante Congresso no Panamá
Marcello, Roberto e Venâncio (Aprogalpa), Domício
Participantes do 24º Curso de Julgamento de Girolando
Adriano Borges Meira (Sítio Belo Horizonte –Maracás/BA) e técnico Naelson Júnior
Aula prática da Imersão Técnica Girolando
Gil, Ariana e José Vieira (Fazenda Ranchão – Redenção/Pará)
Aula prática do Curso de Julgamento
Domício e presidente do Sebrae Décio Lima

GENÉTICA

Estratégias genéticas com uso de soluções avançadas em reprodução

O cenário do mercado de produção de leite vem sofrendo profundas mudanças ao longo dos últimos anos. As margens de lucro são cada vez mais estreitas e o desempenho e a eficiência são as palavras de ordem no cenário atual. A gestão das

informações se torna chave para a correta tomadas de decisões que afetam diretamente a lucratividade das propriedades. No entanto, nunca tivemos tanto acesso a ferramentas que nos permitem ter acesso às informações importantes que ne -

cessitamos para as tomadas de decisão. Como maximizar o desempenho e a eficiência de nossas vacas? Como certificar de que estamos recriando uma reposição de maior valor genético nas características que desejamos para o rebanho futuro? O

DIVULGAÇÃO
Claudio Aragon, Diretor de Mercados Leite na Semex Brasil

progresso e melhoramento genético nunca foram tão impactantes como atualmente. Exatamente pelo fato de termos inúmeras ferramentas que nos permite maior informação e acompanhamento do progresso genético, é que estamos vendo o quão impactante isto representa no rebanho. O progresso genético é a solução comprovada para maximizar desempenho e eficiência.

A grande revolução das avaliações genômicas só é comparável ao advento da inseminação artificial. A genômica nos permitiu avanços inimagináveis nos tempos pré-genoma.

A velocidade que conseguimos imprimir no processo de melhoramento genético com o uso do genoma é impressionante. A importância das fêmeas passa a ser cada vez mais visível e fundamental no processo de progresso genético. Como podemos maximizar o uso desta ferramenta para acelerar os programas de melhoramento genético?

Uma nova revolução surge com enorme impacto no processo de progressão genética. Estamos vivendo a revolução da era dos embriões! O uso de soluções avançadas em reprodução nos processos de melho -

ramento genético torna-se uma das mais importantes formas de acelerar o ganho genético nos rebanhos.

Estratégias genéticas

O volume de informações nas avaliações genéticas de touros e fêmeas Girolando vem aumentando em ritmo acelerado. Atualmente temos avalições pertinentes a características de produção, longevidade, fertilidade e conformação. É fundamental para qualquer programa de melhoramento que tenhamos uma ideia clara de quais as características que iremos focar para atingir os objetivos e suprir as necessidades do rebanho. O correto estabelecimento dos índices genéticos que iremos utilizar no rebanho é o ponto essencial para o trabalho de progresso genético. A correta escolha das características que terão maior peso no índice irá determinar a direção na qual iremos estabelecer o melhoramento. Desta forma, um criterioso estudo das necessidades genéticas do rebanho atual e quais os objetivos que queremos traçar para o rebanho futuro é o primeiro passo para o trabalho.

Exemplo de Índice Genético: 55% Ênfase em Produção 25% Ênfase em Saúde / Fertilidade (pesos em IPP / Longevidade) 20% Ênfase em Conformação (Sistema Mamário)

A partir da definição do índice a ser utilizado, podemos agora segmentar nosso rebanho. O que significa e como fazer esta segmentação?

A utilização das avaliações genômicas das fêmeas do rebanho permite que tenhamos uma clara visão de como cada animal se apresenta geneticamente para cada característica que compõe o índice de seleção que definimos. Aplicando os pesos definidos no índice podemos ranquear nossas fêmeas. Passamos a ter então a segmentação do rebanho para o índice definido. As fêmeas superiores para o índice, as inferiores e as que estão na média.

O próximo passo é definir o quanto de pressão de seleção iremos colocar no nosso trabalho de melhoramento genético. Ou seja, a partir de quais fêmeas queremos produzir nossa reposição. Qual o percentual

estratégia usaremos nos animais geneticamente inferiores? Estas estratégias definem a velocidade que queremos impor no nosso programa de melhoramento genético.

A partir desta definição, podemos lançar mão das soluções avançadas em reprodução para maximizarmos o processo. A tecnologia de Fertilização in Vitro (FIV), aliada ao uso de sêmen sexado permite acelerar de modo impactante o ganho genético entre gerações. Veja abaixo uma estratégia já utilizada em diversos rebanhos com a visão de rápido ganho genético.

as doadoras do rebanho. O grupo intermediário será trabalhado com sêmen sexado de touros que atendam aos objetivos genéticos traçados. A porção inferior do rebanho será utilizada como receptoras e/ou, onde houver mercado, uma parcela destes animais pode ser inseminada com touro de corte.

Confiram abaixo resultado desta estratégia genética utilizado em um rebanho da raça Holandesa, com 2.500 vacas em lactação.

A utilização das soluções avançadas em reprodução, aliada ao volume de informações

geradas pelas avaliações genômicas, possibilitando segmentar o rebanho, em conjunto com estratégias genéticas bem definidas resultam em uma aceleração do progresso genético nunca visto antes.

A tecnologia de FIV avançou tremendamente nos últimos anos. Resultados expressivos de prenhes possibilitam a utilização da técnica de forma mais comercial e em larga escala.

Os benefícios da FIV são inúmeros, mas destacamos os seguintes pontos:

- Trabalhar com doadoras até os 100 dias de prenhes

- Trabalhar com doadoras a cada 2 semanas

- Utilizar sêmen sexado com extrema eficiência

- Excelente ferramenta de melhoramento genético

- Fácil execução na fazenda

Alguns rebanhos têm trabalhado de forma agressiva com esta solução e aliam a compra de embriões produzidos de doadoras superiores de outros rebanhos para acelerar ainda mais o progresso. Esta estratégia permite avançar ainda mais rapidamente quando se adquire embriões de doadoras geneticamente superiores aos animais melhores do rebanho. O uso em conjunto da FIV em doadoras próprias e a aquisição de embriões geneticamente superiores se traduz em uma agressiva estratégia de ganho genético.

Os desafios da produção de leite orgânico no Brasil

Lançamento do Observatório do Leite Orgânico pela Embrapa é uma estratégia para atender à demanda de produtores que têm dificuldades para encontrar fornecedores de insumos para esse tipo de sistema

O número de fazendas orgânicas em todo o mundo teve um aumento de cerca de 50% na última década, chegando a 2,8 milhões de produtores. O Brasil ocupa a 12ª posição em área destinada a essa modalidade de produção, com 1,2 milhão de hectares cultivados (0,4% das terras utilizadas pela agropecuária) e o leite já representa 20% de todas as vendas do segmento.

Para levar mais informações para os brasileiros, foi criada a plataforma “Observatório do Leite Orgânico”, resultado de projeto de pesquisa liderado pela Embrapa Gado de Leite, em parceria com instituições de ensino e pesquisa. “Nossa intenção é contribuir com a estruturação da cadeia agroalimentar do leite orgânico no País, ainda incipiente, mas que possui elevado

potencial de expansão”, diz a pesquisadora da Embrapa, Fernanda Samarini Machado. Segundo ela, esse nicho de mercado está em crescimento e aproxima quem consome de quem produz, e valoriza a produção de alimentos integrada à natureza, respeitando o bem-estar dos animais, a qualidade de vida dos colaboradores e a saúde das pessoas.

No Brasil há cerca de 100 propriedades certificadas. A expectativa é que o número de produtores venha a crescer nos próximos anos com a entrada de Nestlé e Danone, multinacionais que atuam no País. Um dos entraves que limitam o consumo é o preço. Os lácteos orgânicos podem custar até três vezes mais do que os convencionais. Mas os pesquisadores da Embrapa dizem que o aumento na

DIVULGAÇÃO
Zootecnista Elissa Forgiarini Vizzotto
Demanda por leite orgânico vem crescendo

escala de produção tende a reduzir essa diferença. Outro fator limitante é o desconhecimento por parte dos consumidores dos produtos certificados.

A plataforma traz dados de interesse dos setores produtivos (fazendas e laticínios), como o histórico do número de produtores certificados, localização das unidades de produção e de processamento, o perfil produtivo e ambiental de sistemas de produção e o do mercado consumidor. A plataforma também disponibiliza à sociedade informações sobre a produção orgânica de leite e o mapeamento dos pontos de comercialização de lácteos orgânicos no Brasil. O Observatório do Leite Orgânico traz uma solução para isso ao elencar os locais onde a produção ocorre.

Da produção ao consumo consciente

O leite orgânico é um alimento produzido em um sistema gerido de forma sistêmica como um “organismo agrícola” (daí vem o termo “orgânico”), por meio de várias técnicas alinhadas aos princípios da agricultura orgânica e regulamentadas por normas específicas, que buscam a integração entre a produção vegetal e animal, o equilíbrio do ecossistema, o desenvolvimento econômico e a maximiza-

ção dos benefícios sociais. A produção e o processamento do leite orgânico são regulamentados por lei, com garantia da qualidade e rastreabilidade por meio de certificação comprovada pelo selo “Produto Orgânico Brasil”, do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (Sisorg).

Segundo a zootecnista, doutora em Nutrição e Produção de Ruminantes e coordenadora de Leite da Premix, Elissa Forgiarini Vizzotto, a demanda é maior que a oferta em todo o mundo.“Atualmente, os Estados Unidos abriram seu mercado de importação de produtos orgânicos para outros países, o que constitui uma oportunidade para os produtores brasileiros. Por outro lado, há desafios a serem vencidos no Brasil, como a dificuldade de comercialização do leite in natura orgânico para as grandes indústrias de laticínios, o que faz com que alguns produtores utilizem a agregação de valor a este leite por meio das agroindústrias rurais, com a produção de queijos, manteiga, bebidas lácteas e até mesmo o envase de leite orgânico in natura”, explica.

Além disso, problemas sanitários como mastite, endo e ectoparasitas exigem cuidado redobrado com o manejo, já que os animais estão mais

suscetíveis a doenças. “A falta de conhecimento em manejo orgânico e de consultoria técnica especializada, e a necessidade de reduzir a burocracia do processo de certificação, com maior clareza das normas e menor custo, também estão entre as dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite orgânico”, pontua.

Um dos grandes gargalos apontados pelos produtores de leite orgânico é a escassez e os preços elevados de insumos para alimentação do rebanho, como o milho orgânico. “O avanço na produção está atrelado ao crescimento na oferta de milho orgânico a um preço mais acessível”, afirma a cientista da Embrapa. Ela defende que é fundamental a fazenda ter baixa dependência de insumos externos, por meio da integração entre a produção vegetal e animal, da criação de animais eficientes e adaptados e de práticas de manejo adequado das pastagens, garantindo oferta de alimento diversificado e de qualidade.

Na produção de leite orgânico, a alimentação do gado deve seguir regras. Os suplementos precisam ser isentos de antibióticos, hormônios e vermífugos, sendo proibidos aditivos promotores de crescimento, estimulantes de apetite e ureia, bem como su-

Produção orgânico exige manejo diferente dos animais

plementos ou alimentos derivados ou obtidos de organismos geneticamente modificados. “Neste aspecto, ressalta-se que 85% da matéria seca consumida por ruminantes deve ter origem orgânica”, acrescenta Elissa.

Os produtores ainda apontam dificuldades na comercialização. “Como atualmente não há grandes laticínios atuando na captação de leite orgânico, os produtores precisam processar e comercializar os seus próprios produtos, ou buscar parcerias com laticínios menores que processam e comercializam lácteos orgânicos”, explica Fernanda Diniz. Os produtores precisam estar bem alinhados às demandas do mercado e trabalhar em estratégias de divulgação dos produtos para vencer esse desafio.

Por outro lado, os consumidores apontaram em pesquisa que o maior impedimento para aumentarem o consumo de lácteos orgânicos é a dificuldade de encontrar os produtos, seguido do preço mais elevado. “O estudo Perfil do Consumidor Consciente, publicado em 2020 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que 36% dos entrevistados aceitariam pagar mais caro no alimento orgânico (14% muito mais caro e 22% somente um pouco mais caro). Outros 30% afirmam que escolheriam o alimento orgânico caso o preço fosse o mesmo e 30% não comprariam o alimento orgânico independentemente do preço”, finaliza a zootecnista ElissaVizzotto.

O consumidor está cada vez mais exigente em relação à produção do leite
ALEX GREEN

NOVOS ASSOCIADOS

ESTES SÃO OS NOVOS CRIADORES E ENTIDADES DE CLASSE QUE PASSARAM A INTEGRAR O QUADRO

SOCIAL DA GIROLANDO NOS MESES OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2023 E JANEIRO 2024.

Agronegócio Boaventura

André Luís Beozzo Junqueira de Andrade

Antônio Domingos de Goes

Antônio Tenório Feitosa

Arildo Benetti Ferreira Júnior

Associação dos Criadores de Girolando de Rondônia

Caio Baptista Velasco

Carlos Anderson Costa Cruz

Caroline Kohara Melchior Moreira

Claúdio Duarte de Mesquita

Daiton Jairo Garcia

Dirceu Bruno Pinto

Edeilton Alves Dos Santos

Edizom Franco de Assunção

Elan Wagner Santos Chaves

Emmanuel Henrique Oliveira Costa Filipe Almeida de Melo

Francisco Márcio da Silva

Geni Aparecida Da Costa

Gilson Dias de Araújo

Guilherme de Oliveira Lemos

Guilherme do Nascimento Oliveira

Ouro Preto do Oeste - RO

Lins - SP

Poço Redondo - SE

Belo Monte - AL

Governador Valadares - MG

Ji-Paraná - RO

Bom Jesus do Itabapoana - RJ

Nossa Senhora da Glória - SE

Porto Velho - RO

Lagoa Da Prata - MG

Goiânia - GO

Goiânia - GO

Jí-Paraná - RO

Ituiutaba - MG

Teixeira de Freitas - BA

Itabira - MG

Governador Valadares - MG

Varjota - CE

Iturama - MG

Goiânia - GO

Campos Altos - MG

Goiânia - GO

Gvinah Industria e Comércio de Alimentos e Panificação Ltda

Ivanildo Lopes Machado

João Batista de Souza

João Victor Andrade Lima

José Geraldo Carneiro

José Luís Olmos Flores

Leandro Pereira Fraga

Lucas Grossi de Paiva

Luís Eduardo Moreialvar

Marcelo Sousa Barbosa

Márcio da Silva Fonseca

Marcos Fonseca Rangel

Maria Aparecida Inácio de Oliveira

Michel Semler Atanasio

Milton Louzada de Almeida Júnior

Nexa Recursos Minerais S.A.

Paulo Roberto da Costa

Ramon Teixeira Parma

Renato Birane Silveira

S.M.G. Pego Produtor Rural

Silvana Mara Borges Simão

Susiley Ferreira da Silva

Rio Maria - PA

Itarumã - GO

Alegre - ES

Barra dos Coqueiros - SE

João Monlevade - MG

Brasília - DF

Quixadá - CE

Silveirânia - MG

Itajá - GO

Iturama - MG

Formiga - MG

Valentim Gentil - SP

Jí-Paraná - RO

Machadinho D`Oeste - RO

Jaru - RO

Vazante - MG

Lagoa Formosa - MG

Rodeiro - MG

Pirajuba - MG

São Paulo - SP

Nanuque - MG

Trindade - GO

Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Triênio 2023 / 2025

PRESIDENTE: Domicio José Gregório Arruda Silva VICE-PRESIDENTE: Luiz Fernando Reis

1º. DIRETOR ADMINISTRATIVO: Marcos Amaral Teixeira

2º. DIRETOR ADMINISTRATIVO: Rubens Balieiro De Souza

1º. DIRETOR FINANCEIRO: José Antônio Da Silva Clemente

2º. DIRETOR FINANCEIRO: Luiz Cláudio Bastos De Moura

DIRETOR RELAÇÕES INST. E COMERCIAIS: Alexandre Lopes Lacerda

AL - ALESSANDRO TEIXEIRA COSTA

AL - ANDRÉ GAMA RAMALHO

AL - JOÃO PAULO BRANDÃO DO AMARAL

AM - ILDO LUCIO GARDINGO

AM - MUNI LOURENÇO SILVA JÚNIOR

BA - CLÁUDIO MICUCCI VAZ ALMEIDA

BA - DIRLEIA SANTOS MEIRA

BA - FABRICIO LIMA COSTA

BA - FRANCISCO PELTIER DE QUEIROZ FILHO

BA - MARINALDO DA SILVA ROCHA

BA - VALDEMIR ACÁCIO OSÓRIO

CE - EDUARDO FELICIO CALOU RODRIGUES COSTA

CE - RAFAEL CARNEIRO DA SILVEIRA

ES - JOSÉ LUIZ VIVAS

ES - RODRIGO JOSÉ GONÇALVES MONTEIRO

ES - WEVERTON MACHADO BASTOS

GO - DIEGO HILARIO RIBEIRO

GO - JOÃO DOMINGOS GOMES DOS SANTOS

GO - LÉO MACHADO FERREIRA

GO - LUIZ EDUARDO BRANQUINHO

MA - JOELDO OLIVEIRA LIMA

MG - CLEITON GONZAGA CASTILHO

MG - EUTÁLIO MARCIO DA SILVA

DIRETOR TÉCNICO CIENTÍFICO: José Renato Chiari

DIRETOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS: Tatiane Almeida Drummond Tetzner

DIRETOR DE FOMENTO E EVENTOS: Marcelo Renck Real

CONSELHO FISCAL

Afonso Celso de Resende

Alexandre Honorato

José Luiz Zago

SUPLENTES CONSELHO FISCAL

Alexandre Gondim da Rosa Oiticica

Henrique Vieira da Rocha

Márcio Eugênio Leite de Castro

Conselho de Representantes Estaduais:

MG - EVANDRO DO CARMO GUIMARÃES

MG - GUILHERME MENDES RODRIGUES

MG - GUSTAVO FREDERICO BURGER AGUIAR

MG - JOÃO DÁRIO RIBEIRO

MG - JOÃO MACHADO PRATA JÚNIOR

MG - JOSÉ COELHO DA ROCHA

MG - JOSÉ HUMBERTO RESENDE

MG - LUCIANO PAIVA NOGUEIRA

MG - MARCELO ZUCULIN JUNIOR

MG - MARIA CRISTINAALVES GARCIA

MG - OTAVIO PEREIRA DOS SANTOS NETO

MG - RENATO MIGLIO MARTIN

MG - ROBERTO MARTINS DE ANDRADE

MG - ROBERTO MARTINS VILLELA

MG - RODRIGO LAUAR LIGNANI

MG - SÉRGIO REIS PEIXOTO

MG - TÚLIO SERTÃ JUNQUEIRA

MG - VITOR CEZAR VELLOZO

MS - EDUARDO FOLLEY COELHO

MS - FÁBIO TAVEIRA SANDIM

MS - FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO JR.

MS - GUSTAVO HENRIQUE PANUCCI DA SILVA

MS - PAULO CÉSAR DONINHO PELLEGRINI

MS - REINALDO VILELA DE MOURA LEITE

MS - RENATO PRADO MEDRADO

MS - THIAGO BARROS XAVIER

MS - THIAGO NOGUEIRA LEMOS

MT - LUCIANO FERRARI

PA - ADELINO JUNQUEIRA FRANCO NETO

PB - WAERSON JOSÉ SOUZA

PE - CRISTIANO NÓBREGA MALTA

PI - HERMÓGENES ALMEIDA DE SANTANA JÚNIOR

PI - JOSÉ GOMES DO AMARAL NETO

RJ - ANDRÉ GUSTAVO VASCONCELLOS MONTEIRO

RJ - JEAN VIC MESABARBA

RJ - JOSÉ GABRIEL DE SOUZA MACHADO

RJ - LUIZ CARLOS BANDOLI GOMES

RN - AÉCIO PINHEIRO FERNANDES

RN - ALEXANDRE CARLOS MENDES

RN - MANOEL MONTENEGRO NETO

RN - RICARDO JOSÉ RORIZ DA ROCHA

RO - DARCY AFONSO DA SILVA NETO

RO - GILBERTO ASSIS MIRANDA

RO - OTAYR COSTA FILHO

RS - JAIRO ANDRE GORCZEVSKI

RS - JOSÉ ADALMIR RIBEIRO DO AMARAL

CONSELHO CONSULTIVO

Bernardo Sousa Lima Mattos de Paiva Everardo Leonel Hostalacio Olavo de Resende Barros Júnior

Paulo Cruz Martins Junqueira

Ronan Rinaldi de Souza Salgueiro

SUPLENTES CONSELHO CONSULTIVO

Alexandre Freitas dos Santos

Arildo Benetti Ferreira

Aurora Trefzger Cinato Real

Nelson Ariza

Ronaldo de Souza Queiroz

SE - CARLOS AUGUSTO SANTOS DA PAIXÃO

SE - FÚLVIO BRENO DE OLIVEIRA LIMA

SE - JOÃO BOSCO MACHADO

SE - LAFAYETTE FRANCO SOBRAL

SE - MARCIANO MACHADO DE ANDRADE JÚNIOR

SP - ALEXANDRE PEREIRA DA COSTA

SP - CARLOS ADALBERTO RODRIGUES

SP - FRUCTUOSO ROBERTO DE LIMA FILHO

SP - JOÃO PEDRO AYRES NEVES DE AZEVEDO

SP - RAUL DE OLIVEIRAANDRADE NETO

SP - RUBENS APARECIDO CÂMARA JÚNIOR

TO - NAPOLEÃO MACHADO PRATA

CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO - CDT

Presidente do CDT: Edivaldo Ferreira Júnior

Membro Natos: Márcia Tereza Vieira Scarpati e Leandro de Carvalho Paiva

Membro Efetivos: José Renato Chiari, Gustavo Sousa Gonçalves, Tiago Moraes Ferreira, Marcello Mamedes dos Santos, Maurício Silveira Coelho, Olavo de Resende

Barros Júnior, Adriano Fróes Bicalho e Cláudio André da Cruz Aragon.

MERCADO

Genética brasileira rumo ao mercado indiano

40 mil doses foram exportadas para a Índia, sendo a maior exportação de sêmen leiteiro para aquele país

Participante frequente da lista dos maiores exportadores do agronegócio mundial, o Brasil tem agora mais um motivo para comemorar: acaba de ser concretizada a maior exportação de sêmen bovino do País para a Índia. A Alta realizou a exportação de 40 mil doses da raça Gir Leiteiro para o país asiático, considerado o maior produtor mundial de leite. As doses foram coletadas de quatro touros: Ivã de Brasília, Haroldo Genipapo, Espetáculo e Trovão Santa Edwiges.

As tratativas tiveram início em 2020, com duas visitas de membros do governo da Índia até a sede da Alta, para escolher os touros. “Os indianos queriam animais especiais e enxergaram na Alta, juntamente com grandes criadores, esse potencial. Hoje, eles estão importando com a gente porque querem melhorar o rebanho deles. Além disso, acabamos de abrir um grande caminho para a pecuária brasileira e, com certeza, eles serão grandes importadores”, pontua o diretor da Alta Brasil, Heverardo Carvalho.

Ainda segundo Carvalho, a variabilidade genética dos animais e o reconhecimento do mercado pela qualidade oferecida contribuíram para o sucesso das negociações. “Atualmente, mais de 500 touros estão em coleta na Central Alta, em Uberaba, sendo mais de 300 animais de raças zebuínas. Temos uma diversidade muito grande

para oferecer, de acordo com cada plano genético, cada sistema de produção”, afirma.

A importação faz parte da estratégia da Índia de aumentar sua produção nacional de leite, subindo para 330 milhões de toneladas por ano até 2034 – sendo que, em 2023, a quantidade produzida foi de 230,6 milhões de toneladas. Essa exportação representa um marco para a agropecuária brasileira, é o que afirma o gerente de Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez. “A iniciativa marca uma significativa abertura de mercado para o comércio exterior do Brasil, comprovando a qualidade genética dos animais desenvolvidos aqui e, sobretudo, os rigorosos critérios que atendem para integrarem a bateria Alta, situação que renderá novas negociações e a expansão da pecuária leiteira”, comenta.

Para a supervisora de Comércio Exterior da Alta, Flávia Paschoal, essa exportação significa que a agropecuária brasileira entrou em uma nova Era. “Produzimos de acordo com o protocolo sanitário entre Índia e Brasil. O Brasil é pioneiro no melhoramento genético de raças zebuínas e preenche os critérios de seleção da Índia, mostrando todo o nosso diferencial”.

Atualmente, uma a cada três doses de sêmen produzidas, comercializadas e exportadas são da Alta Brasil, que já exporta para mais de 15 países da América Latina, África e Ásia.

Sêmens foram coletados de quatro touros da bateria da Alta

Com o intuito de escolher os animais adequados, foram realizadas seleções respeitando as exigências do mercado indiano, como: temperamento, genotipagem de Beta-Caseína A2A2 e diferenças entre famílias.

Os touros que tiveram suas doses de sêmen exportadas possuem uma grande variabilidade genética e são consagrados no mercado brasileiro. O Espetáculo FIV é de propriedade da Tropical Genética; Haroldo FIV da Genipapo, do criador Paulo Roberto de Andrade Cunha; Ivã FIV de Brasília, originário da Fazenda Brasília e propriedade do produtor Luiz Eduardo Branquinho, da Estância K, e da Alta; e Trovão FIV S. Edwiges, do criador José Maria de Souza e propriedade da Alta.

“Ivã de Brasília foi líder do sumário de 2019 e um dos touros que mais comercializou sêmen da raça Gir Leiteiro no Brasil. O Haroldo Genipapo, um reprodutor provado, é líder em temperamento e em facilidade de ordenha. O Trovão Santa Edwiges se mostra na liderança, com estrutura corporal e produção de leite. Por fim, temos o Espetáculo, com uma genética consagrada, com vários anos de história”, explica o gerente Nacional de Leite Nacional da Alta.

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PASTAGEM

Capim mostra bom desempenho ao anteceder a soja

BRS Zuri é valorizado devido a sua capacidade de crescimento vigoroso e rápido

Estudo realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) mostrou que o uso da cultivar de capim BRS Zuri antecedendo a soja é viável e pode trazer bons resultados em sistemas de integração-lavoura-pecuária (ILP). Isso é possível adotando-se uma estratégia de manejo adequada. Essa cultivar é conhecida pela elevada produção de forragem, alto valor nutritivo, resistência à cigarrinha-das-pastagens e à mancha das folhas, o que a torna interessante para a alimentação do gado. Por outro lado, essa forrageira necessita de manejo especial para que ela não permaneça no campo na hora de plantar a soja.

“As cultivares de Panicum maxi-

mum mais vigorosas, como os capins BRS Zuri, Mombaça e Miyagui, têm sido deixadas de lado pelo fato de serem mais tolerantes ao herbicida glifosato, por formarem touceiras e devido ao porte elevado, que dificulta um pouco o plantio da cultura em sucessão”, completa o pesquisador da Embrapa Luís Armando Zago Machado. Ele salienta que esses capins são os mais produtivos, em condição de pastejo, capazes de produzir 40 arrobas de carcaça por hectare, por ano, quando em sistemas de integração lavoura-pecuária. “Esse potencial de produção do capim BRS Zuri foi o que motivou estudar seu controle com herbicidas, já que, nos sistemas inte-

grados, a pecuária necessita ser muito lucrativa para justificar sua rotação com culturas anuais”, declara o cientista.

Quando o capim BRS Zuri foi avaliado nos ensaios de valor de cultivo e uso, ele foi mais produtivo que os capins Tanzânia e Mombaça, além de apresentar melhor valor nutricional que esse último. Ao ser avaliado em sistemas integrados, foi obtida produtividade de 20% a 40% maior que a braquiária. “Porém, os P. maximum são mais exigentes em adubação, para que expressem todo seu potencial de produção, por isso eles vão tão bem nos sistemas integração lavoura-pecuária”, alerta Zago.

Resultados obtidos com a dessecação do capim BRS Zuri

O uso de cultivares de P. maximum de porte alto como a BRS Zuri nos sistemas integrados é bem-sucedido quando as plantas são rebaixadas. Esse trabalho comprovou que o sucesso do controle químico consiste na aplicação de duas doses de herbicida sistêmico ou a primeira com sistêmico e a segunda de contato, antes do plantio da soja. A primeira aplicação deve ser realizada com 12 a 14 dias antes do plantio da soja. A segunda aplicação pode ser feita de quatro a dez dias após a primeira, dependendo da dose e do produto aplicado. Essas duas aplicações foram eficientes para a dessecação do capim. Foram utilizados os herbicidas sistêmicos (glyphosate ou haloxyfop) ou de contato (glufosinato) e ambos apresentaram resultados positivos.

O estudo comprovou que o controle do capim BRS Zuri com uso de herbicidas antes do plantio da soja é uma estratégia de manejo eficiente e que pode ser usada com segurança pelos produtores. “Com essa informação, é possível realizar o controle e diminuir o intervalo para posterior semeadura da soja”, diz Zago.

O capim BRS Zuri é mais uma espécie a ser empregada nos sistemas de integração lavoura-pecuária, possibilitando a diversificação das forrageiras, principalmente, com as do gênero Brachiaria (B. ruziziensis e B. brizantha cv. Xaraés), que são bastante cul-

tivadas e apresentam características muito interessantes, segundo os pesquisadores. Eles recomendam manter alguns talhões com Brachiaria, já que elas são menos estacionais, ou seja, a redução na produção de forragem durante a seca é menor em Brachiaria, em relação a Panicum.

Outro aspecto a ser considerado no estabelecimento do capim BRS Zuri em sucessão à soja é o percevejo barriga-verde, que é uma praga secundária da soja, mas pode inviabilizar o estabelecimento desse capim. Nesse caso, está sendo avaliado em outro projeto o controle dessa praga. Observou-se que a pulverização de inseticida é pouco eficiente, já que a planta fica abrigada sob a palha da soja. Os melhores resultados têm sido obtidos com o trata-

mento das sementes da forrageira. Zago acrescenta que, no sistema ILP, o capim desempenha um papel fundamental na rotação de culturas e estruturando o solo, que pode contribuir para intensificar e gerar melhorias no ambiente de produção e, consequentemente, promover o aumento de produtividade nas lavouras de soja de forma sustentável.

O que é a BRS Zuri

Desenvolvida pela Embrapa e parceiros e lançada em 2014, a BRS Zuri é uma gramínea cespitosa, da espécie Panicum maximum, que deve ser manejada, preferencialmente, sob pastejo rotacionado, sendo considerada uma boa opção para diversificação de pastagens nos biomas Amazônia e Cerrado.

Os capins da espécie Panicum maximum são conhecidos como capim-colonião. É uma espécie de gramínea tropical muito utilizada como forrageira em sistemas agropecuários. É nativa de diversas regiões da África e tem se disseminado em vários países de clima tropical devido à sua adaptabilidade e valor nutritivo para o gado.

Essa espécie de capim é valorizada devido a sua capacidade de crescimento vigoroso e rápido, tornando-se uma opção popular para a alimentação de bovinos, ovinos e outros animais de pastagem. Caracteriza-se por apresentar folhas largas e compridas, que formam densas touceiras, e suas sementes são dispersas pelo vento. A planta possui uma alta tolerância ao pastejo e consegue se recuperar bem após ser cortada ou consumida pelo gado.

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