TGI II _ Parque Cultural: Entre Paisagem, memória e percepção

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Carvalho buscava por uma identidade brasileira, partindo da absorção das dinâmicas da sociedade moderna do século XX somada a um primitivismo (PIERROTI)- no sentido de homum primitivo, nu (despido de religião, preconceitos, valores sociais e filosóficos). Os anos passados na Europa pelo pintor também desempenharam um papel importante na sua visão de mundo, já que, após a primeira guerra mundial efervesciam debates na Inglaterra - e no restante da Europa- questionando as formas de habitar e a eficiência nas cidades modernas. Assim da defesa de um primitivismo, Flávio de Carvalho abordava muito as questões da modernidade, da máquina, da velocidade, do homem moderno e das problemáticas da cidade moderna mostrando diversas preocupações que convergiam com os debates que vinham ocorrendo na Europa e com as ideias expostas por Le Corbusier no mesmo período. Isso expressa um contraste nos posicionamentos de Flávio de Carvalho, em que o primitivo e o moderno andavam de mãos dadas tanto em seus discursos, quanto em sua arte e arquitetura. Esse contraste fica evidente no próprio título de alguns de seus textos: Cidade do homem nu (ou seja, do homem primitivo)

e Cidade do Amanhã. O artista se mostrava uma figura extremamente polêmica, um de seus atos mais chocantes para a população da época foi o desfile feito por ele com o New Look: De saia e meia arrastão, além de ter um intuito de propor um visual eficiente do ponto de vista de conforto térmico para um país tropical, Flávio de Carvalho buscava analisar o comportamento e reação da sociedade,. Assim, o mundo para ele era um grande laboratório de experimentações, onde tudo era passível de ser estudado, analisado e explorado.

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