As obras do novo corredor de ônibus na Radial Leste já estão em andamento e prometem transformar a mobilidade na Zona Leste. O projeto, que faz parte do sistema BRT, prevê a implantação das faixas de ônibus no canteiro central da via. > VEJA + PÁGINA 3
Eriberto Leão está de volta em ‘Êta Mundo Melhor’
Para Eriberto Leão, o intervalo de quase uma década entre as tramas de “Êta Mundo Bom” e “Êta Mundo Melhor” faz parte essencial do trabalho de composição do vilão Ernesto. Cerca de 10 anos depois, o personagem criado por Walcyr Carrasco em 2016 não traz apenas as evoluções de roteiro, mas também as marcas do tempo em seu intérprete. “A gente está muito feliz. Não é exatamente uma continuação, mas a gente conseguiu ‘linkar’ tudo”. > VEJA + PÁGINA 7
ECOPONTO NO BRÁS
Descarte correto para restos de tecido
A Prefeitura inaugurou na última segunda-feira, dia 20, na Rua Cachoeira, 972, no Brás, o primeiro Ecoponto Têxtil da cidade, que funciona 24 horas e tem capacidade para receber 300 toneladas de resíduos têxteis por mês. O equipamento era uma demanda antiga dos empresários da região. > VEJA + PÁGINA 5
LANÇAMENTO GRUPO AÉREO
DIVULGAÇÃO
O livro do amanhã
POR GAUDÊNCIO TORQUATO
Um livro que sente? Perguntei à Inteligência Artificial como será o livro do futuro. Ficara impressionado com a leitura de um artigo sobre Escrita Artificial, de Rodrigo Tavares, professor catedrático na Nova School of Business and Economics, onde o mestre apresenta quatro hipóteses sobre o livro do amanhã. Queria conferir as abordagens com a IA. A primeira abordagem de Tavares, a mais provável, segundo ele, é a da coautoria. O escritor não delega a tarefa de escrever nem abdica da sua voz, mas usa a IA como prolongamento experimental da sua própria imaginação. O processo criativo deixa de ser um ato solitário e se converte em uma operação dialógica, quase socrática, em que a pergunta do autor encontra a resposta da máquina e esta, por sua vez, devolve novas perguntas. A segunda hipótese é de resistência, ou seja, os livros na forma atual poderão se converter em artefatos de luxo, carregando a marca da lentidão, da limitação e da falibilidade. Uma terceira hipótese é a do livro escrito exclusivamente pela IA, porém, validado pelo escritor. Nesse caso, agentes de IA poderão ser programados para capturar o idioleto de um autor. A quarta hipótese – pasmem!!! – é o livro que se escreve em tempo real, à medida que o leitor o lê, de acordo com a interpretação que a máquina faz das suas reações, captadas por sensores de leitura ocular, ritmo cardíaco e até variações de expressão facial. Um livro que sente. Curioso, quis saber um pouco mais da IA sobre essas quatro hipóteses, principalmente a última, que me deixou perplexo.
Gaudêncio
COMPORTAMENTO
Liberdade para escolher quando desacelerar na carreira
POR SAMIRA MUNAIER
As mulheres estão cada vez mais bem-sucedidas no mercado de trabalho, em um equilíbrio entre acumular patrimônio ao longo da vida e realizar desejos de consumo compatíveis com suas conquistas. A aposentadoria deixou de ser uma fase obrigatória de final de carreira e passou a ser encarada como uma decisão de liberdade para usufruir com saúde do novo tempo livre. Junto a essa tomada de decisão vem a preocupação em manter o padrão de vida. A expectativa de vida feminina no Brasil ultrapassa os 79 anos, segundo o IBGE, o que significa quase sete anos a mais que a masculina. Como Planejadora Financeira, acompanho as minhas clientes e percebo que elas não desejam apenas segurança financeira, mas a tranquilidade de saber que poderão continuar vivendo do mesmo modo quando decidirem se aposentar, sem precisar abrir mão de escolhas pessoais e preservando o seu legado para as próximas gerações. Com a maior longevidade e a diversidade nas estruturas familiares, é alto o número de mulheres que herdam ou passam a administrar sozinhas grandes fortunas. Muitas enfrentam essa transferência de riqueza sem terem participado da construção da carteira de investimentos ou terem
sido preparadas para esse momento, por raramente terem conversas sobre gestão do patrimônio com o tomador de decisões. Minha recomendação é tratar a sucessão patrimonial como tema de governança familiar, com diálogo aberto e a participação nas tratativas sobre os bens da família. O protagonismo feminino está mais representativo também no mercado financeiro. Pesquisas recentes mostram que nós, mulheres, respondemos hoje por mais de um quarto dos investidores de renda variável na B3, um crescimento de mais de 80% em cinco anos. Esse avanço indica maior disposição das mulheres participarem ativamente da gestão dos investimentos, buscando a diversificação e com visão de longo prazo. O perfil de investidora que mais predomina, entre as minhas clientes, é aquele com foco em preservação e segurança do patrimônio, principalmente com estratégias em renda fixa, e abertas a terem orientações sobre demais classes de ativos para trazer maior sofisticação e retorno, de forma estruturada e não especulativa. Mais do que proteger os investimentos, entendo que o desafio das mulheres de alta renda é fazer o dinheiro trabalhar para elas, por meio dos juros compostos e segurança na escolha dos ativos no momento de mercado, considerando inclusive a eficiência fiscal e tributária.
Samira Munaier é planejadora financeira
SAÚDE MENTAL
Como o Diário da Gratidão pode silenciar a mente e trazer serenidade
POR
THAÍSA CLAPHAM
Sua mente não para? Entre pensamentos repetitivos, julgamentos e memórias, ela salta de um lado para o outro como um macaco inquieto, drenando sua energia vital. Pesquisadores da Harvard Medical School mostram que esse turbilhão mental está diretamente ligado ao aumento da ansiedade, da insônia e da depressão. É preciso cuidar da saúde mental. Silenciar a mente não significa lutar contra os pensamentos — significa parar de se identificar com eles. Como descrevo no livro Quem Está Falando na Minha Cabeça?, não somos a mente barulhenta, mas a consciência que observa.
E uma das práticas mais simples e poderosas para cultivar essa presença é o Diário da Gratidão. Escrever é como conversar consigo mesmo. É um momento de pausa, um espaço seguro para organizar pensamentos, liberar emoções e encontrar novas perspectivas. O ato de manter um diário traz benefícios comprovados: reduz estresse e ansiedade, aumenta a clareza mental, fortalece a autoestima e conecta você ao momento presente.
Apresento duas formas simples de praticar: Diário Matinal: para começar o dia com intenção e propósito; e Diário Noturno: para revisar os acontecimentos, agradecer e
aprender com cada experiência. Não há regras. Não se preocupe com a forma nem com a gramática. Esse é um espaço para você. Sem julgamentos. Sem pressa. Pesquisas da Harvard, conduzidas pela neurocientista Sara Lazar, mostram que apenas oito semanas de práticas como mindfulness podem aumentar a área do cérebro ligada à atenção e reduzir a região associada ao estresse. Um estudo publicado na Jama Psychiatry revelou que a prática foi tão eficaz quanto um antidepressivo comum no tratamento da ansiedade, mas com menos efeitos colaterais.
E a University of Cambridge mostrou, em pesquisas com mais de 2.300 adultos, que cursos presenciais de mindfulness reduziram significativamente o sofrimento psicológico — com benefícios duradouros. A ciência apenas confirma o que a sabedoria ancestral já dizia: treinar a mente é fortalecer o coração. Quantos dos seus pensamentos de hoje realmente importam? Quantos apenas repetem velhos roteiros? Convido você a experimentar o Diário da Gratidão: em apenas cinco minutos, escreva três coisas pelas quais é grato. Esse gesto simples enfraquece a mente inquieta e abre espaço para serenidade e propósito. Entre um pensamento e outro existe um lugar de paz. Que tal parar e encontrá-lo?
Thaisa Clapham é autora, professora de meditação, yoga e mentora em autoconhecimento
ENCHENTES - Subprefeito sugere campanha para ajudar no combate
Eo que pede o subprefeito Vicente Marques, de Aricanduva/Formosa/Carrão, que rebate aqueles que atribuem apenas ao poder público a responsabilidade pelas enchentes. Para ele, “o momento é de unir forças e conscientizar as pessoas, principalmente aquelas que residem nestas regiões, de que jogar lixo nos córregos e rios só vai contribuir para o pior.” Marques revela ainda que, a partir do momento que houver esta
conscientização, a tendência é só diminuir as enchentes, já ciente de que vai enfrentar esse problema na época das cheias por causa do córrego Aricanduva. “Não existe rio no mundo que não inunda. Por isso a necessidade de desta campanha junto à população”, ressalta o subprefeito ao citar que as limpezas costumeiras feitas nos córregos e rios pela Subprefeitura Aricanduva não são suficientes para acabar com o problema.
Torquato é escritor, jornalista e professor
Radial Leste recebe obras do BRT com corredor central e faixa azul
DA REDAÇÃO
As obras do novo corredor de ônibus na Radial Leste já estão em andamento e, pelos cálculos da Prefeitura, prometem transformar a mobilidade na Zona Leste. O projeto, que faz parte do sistema BRT, prevê a implantação das faixas de ônibus no canteiro central da via, oferecendo mais fluidez ao transporte coletivo e diminuindo o tempo de deslocamento dos passageiros. O primeiro trecho ligará o Parque D. Pedro até Aricanduva, com a previsão de chegar futuramente até Guaianases. Atualmente, as faixas exclusivas para ônibus estão localizadas à direita da pista, o que gera maior interferência no trânsito comum. Com a mudança para o centro
da via, os ônibus terão maior liberdade para circular e poderão atingir velocidades superiores, reduzindo significativamente o tempo de viagem ao longo de toda a Radial Leste. O acesso dos passageiros será feito por meio de passarelas instaladas em pontos estratégicos.
FAIXA AZUL
Uma das novidades anunciadas é a inclusão da Faixa Azul no projeto, medida que beneficia diretamente os motociclistas. A sinalização especial, já implantada em outras avenidas da capital, tem como objetivo aumentar a segurança viária e reduzir os índices de acidentes envolvendo motos. O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Ricardo Teixeira, que esteve
no local acompanhando as obras, destacou que essa conquista representa um grande avanço para a região e um reconhecimento das demandas de quem utiliza diariamente a Radial. Para Teixeira, apesar dos benefícios, a execução das obras traz impactos imediatos para os moradores e motoristas que circulam pela região. Interdições e desvios temporários podem causar transtornos no dia a dia, exigindo paciência e a adoção de rotas alternativas. “É uma grande obra para a Zona Leste, e precisamos ter paciência durante esse período”, ressaltou o vereador. Quando concluído, o corredor central e a Faixa Azul representarão um salto de qualidade no transporte público e na segurança viária da região.
Divulgação
O primeiro trecho ligará o Parque D. Pedro até Aricanduva, com a previsão de chegar até Guaianases
Campanha gera oportunidades para outras crianças
DA REDAÇÃO
As bicicletas infantis seguem para o Rodinha Zero que, oferece aulas práticas para crianças aprenderem a pedalar com segurança, sem rodinhas de apoio, promovendo autonomia, saúde e inclusão desde a infância. Já as bicicletas adultas ganham um novo destino em cursos gratuitos de mecânica e empreendedorismo, que acontecem neste mês de outubro na Zona Leste, gerando capacitação e renda para os participantes.
RODINHA ZERO
A missão do Rodinha Zero é apoiar o desenvolvimento integral infantil através da inserção da bicicleta nas escolas e atividades de aprendizado. Em parceria com
escolas, empresas e organizações da sociedade civil, o instituto disponibiliza bikes, ferramentas, metodologia e monitoria para que todas as crianças tenham a oportunidade de aprender a pedalar.
BIKE PARADA NÃO
ROLA
A campanha Bike Parada não Rola recupera bicicletas esquecidas em garagens e bicicletários. Trata-se de uma iniciativa estruturante para as ações do Instituto Aromeiazero que, usa a bicicleta como ferramenta de combate às desigualdades e por isso mesmo precisa de bikes para realizar seus projetos e ações. As bicicletas recolhidas pelo programa ainda podem ser usadas por organizações parceiras, para
as quais destinamos parte das bikes recolhidas. Quando as magrelas e componentes não têm mais condições de uso, também cuidamos da destinação correta dos materiais recicláveis.
INTENÇÃO DE COLABORAR
Para participar da campanha há mais de uma forma: você pode registrar sua intenção de colaborar com algumas informações adicionais no formulário; pode inscrever-se para receber uma bike através do programa; ou ainda levar o Bike Parada não Rola para sua comunidade, engajando condomínios e outros espaços com todo o apoio do Aro. Mais informações no: https://aromeiazero. org.br/bikeparadanaorola/.
Divulgação
A campanha Bike Parada não Rola recupera bicicletas esquecidas em garagens e bicicletários
Prefeitura inaugura primeiro ecoponto exclusivo para receber restos de tecido
DA REDAÇÃO
O novo Ecoponto Têxtil de São Paulo está localizado na Rua Cachoeira, 972, no Brás, e funcionará 24 horas
APrefeitura inaugurou na última segunda-feira, dia 20, na Rua Cachoeira, 972, no Brás, o primeiro Ecoponto Têxtil da cidade, que funciona 24 horas e tem capacidade para receber 300 toneladas de resíduos têxteis por mês, quantidade semelhante ao que é descartado irregularmente nas ruas da região e coletado mensalmente. A região abriga o maior polo de moda e atacado da América Latina, que reúne mais de 6 mil indústrias têxteis e lojas de confecção, O material entregue ao Ecoponto Têxtil Brás será encaminhado para tratamen-
to e transformado em CDR (Combustível Derivado de Resíduo), que pode ser utilizado para alimentar fornos industriais de cimento, de cal ou biomassa, substituindo os combustíveis fósseis e minerais, que prejudicam o meio ambiente, e emitem menos gases na atmosfera.
DEMANDA ANTIGA
Região que recebe até 200 mil pessoas todos os dias, gerando uma receita de R$ 26 bilhões por ano, o Brás convivia com descarte irregular de restos de tecido, o que causava uma série de transtornos para toda a região. Ao inaugurar o serviço, o prefeito Ricardo Nunes lembrou que a área tinha um problema crônico de descar-
te de retalhos. “As pessoas jogavam no meio da rua e o material ia para os bueiros, deixando uma situação realmente caótica. Agora teremos esse Ecoponto, que vai funcionar 24 horas, com capacidade de armazenar 300 toneladas por mês para que as pessoas possam trazer para cá”, ressaltou. De acordo com o vice-presidente da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), Lauro Pimenta, que também é comerciante, o Ecoponto era uma demanda antiga dos empresários da região. “Com o encaminhamento correto, o material pode ser reaproveitado no artesanato e em outras atividades”, ressaltou.
MUSICAL INFANTIL
‘A Incrível Viagem do Quintal’ em curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso
“A Incrível Viagem do Quintal”, que estreou em agosto de 2024 levando quase 60 mil espectadores ao Teatro do SESI-SP em cento e vinte e quatro sessões esgotadas, agora chega ao Teatro Sérgio Cardoso para uma curtíssima temporada.
Além dos integrantes originais do programa, exibido há 13 anos na TV Cultura, a montagem, que tem texto de Fernanda Maia – também responsável pela direção musical – e direção cênica de Bete Rodrigues, conta com um elenco convidado que participa ativamente da encenação, atuando e tocando diversos instrumentos ao vivo, promovendo uma experiência envolvente para toda a família.
EXALTANDO O BRASIL
No enredo, as personagens Sucesso de público e crítica, o musical é vencedor do Prêmio APCA como melhor musical de 2024
do Quintal embarcam em uma viagem repleta de descobertas, onde, a cada parada, exploram as riquezas culturais e as tradições de cada região do nosso país. Em cena, o palco se transforma no próprio roteiro da jornada, levando o público a diferentes cenários e encontros com fi guras marcantes da cultura popular brasileira. Com uma cenografi a simples e imaginativa, a peça estimula a criatividade e a imersão dos espectadores.
SERVIÇO
Teatro Sérgio Cardoso –Sala Nídia Lícia – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. Temporada: Dias 25 e 26/10; 1, 2, 8 e 9/11, aos sábados e domingos às 11h. Classifi cação: Livre. Duração: 75 minutos. Ingressos pelo Sympla a partir de R$ 80, (inteira).
A Sociedade Agostiniana de Educação e Assistência - SAEA, está promovendo mais uma ação solidária em prol das pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Garanta já o seu voucher, aproveite um delicioso kit italiano preparado pelo La Pergoletta e ainda concorra a um final de semana inesquecível no Hotel Villa Santo Agostinho, em Bragança Paulista. Todo o valor arrecadado será destinado às obras sociais da Comunidade Confiança.
Adquira pelo número:
Eriberto Leão volta a encarnar o vilão Ernesto em ‘Êta Mundo Melhor’
Algumas mudanças são muito bem-vindas. Para Eriberto Leão, o intervalo de quase uma década entre as tramas de “Êta Mundo Bom” e “Êta Mundo Melhor” faz parte essencial do trabalho de composição do vilão Ernesto. Cerca de 10 anos depois, o personagem criado por Walcyr Carrasco em 2016 não traz apenas as evoluções de roteiro, mas também as marcas do tempo em seu intérprete. “A gente está muito feliz. Não é exatamente uma continuação, mas a gente conseguiu ‘linkar’ tudo. Voltar a fazer um personagem, após nove anos, é algo inédito para mim e um desafi o, pois a gente muda em nove anos. É o mesmo Ernesto, mas tenho uma desculpa para alguma mudança sutil porque ele quase morreu”, justifi ca.
Na história das seis, Ernesto é o grande responsável pelo sequestro do fi lho de Candinho, papel de Sergio Guizé. O vilão tenta, de todas as maneiras, se dar bem às custas da criança. Ao longo dos capítulos, ele ganhou novos comparsas. Se envolve com Tamires, de Monique Alfradique, e segue comparsa de Sandra, vivida por Flávia Alessandra, por quem é apaixonado. “Talvez o Ernesto esteja um pouco mais vilão, estou sentindo isso. Mais ambicioso ainda porque não tem mais nada a perder. O DNA é o mesmo e os companheiros mudaram um pouco porque ele é primo da Zulma. A Sandra é o grande amor do Ernesto, mas não daria a vida por ela (risos)”, aponta.
P – Após quase uma década, como você enxerga a oportunidade de revisitar um personagem como Ernesto?
R – É uma experiência rara e profundamente gratifi cante. A continuidade de uma novela é algo quase mítico no nosso meio e poder reviver o Ernesto é como reencontrar uma parte de mim que fi cou guardada. É um presente que me emociona, porque não é só sobre voltar a atuar, mas sobre mergulhar novamente em uma história que tocou tantas pessoas. Me sinto honrado e muito feliz.
P – O Ernesto retorna mais sombrio no enredo de “Êta Mundo Melhor”. Quais foram os caminhos que você percorreu para aprofundar essa transformação na composição do personagem?
R – Ele passou por uma experiência de quase morte e isso o transforma, mas não necessariamente para melhor. Ele volta repetindo erros, cometendo novos crimes, errando como ser humano. A vilania dele se aprofunda, se torna mais complexa. Em “Êta Mundo
Bom”, ele já era um vilão, mas agora há uma densidade maior, uma verticalidade emocional que vem, por exemplo, do sequestro da Estela. Ele acredita que ela está morta, e nem ele sabe ao certo se causou isso. Essa ambiguidade é poderosa.
P – Nos últimos anos, você tem encarado uma série de vilões. Como tem sido mergulhar nesse processo de vilania em sequência?
R – Tenho sido convocado para explorar esses lados mais sombrios e isso exige uma entrega emocional intensa. Eu me preparo buscando compreender minhas próprias sombras. Todos nós temos pulsões, temos escolhas. Então eu me pergunto: quais são as escolhas do Ernesto? Quais foram as minhas? Onde, dentro da minha alma, existe algo que possa dialogar com ele? É um mergulho que vai do mais sublime ao mais tenebroso.
P – Como assim?
R – O Ernesto vem mais maduro e isso é consequência tanto da evolução da história quanto do meu próprio processo pessoal. A trama tem uma qualidade absoluta – na escrita, na direção, no elenco – e isso permite que o personagem se fi rme como um clássico. Há muitas camadas novas e elas não são artifi ciais: são fruto de uma construção cuidadosa e orgânica.
P – Logo no início dos trabalhos de “Êta Mundo Melhor”, você estava em “Mania de Você”. Como funcionou essa logística entre as produções?
R – Foi algo raro eu emendar novelas dessa forma. A última vez, inclusive, aconteceu quando emendei “Malhação” e “Êta Mundo Bom”. Mas não foi tão seguido naquela época. Dessa vez foi diferente porque eu emendei mesmo. Não tive um dia de férias. Terminei uma produção e, no dia seguinte, estava com a chave virada para a próxima.
P – Assim como boa parte dos profissionais, você também mantém um novo vínculo por obra com a Globo. Como tem sido encarar essa nova organização do mercado?
R – Tudo caminha para a evolução, mesmo quando parece confuso. É como uma lei que começou no Big Bang e segue seu curso. Pude fazer projetos que talvez não tivesse feito se estivesse como elenco fi xo da Globo. Ao mesmo tempo, emendei duas novelas – algo muito raro. Não tive nem um dia de férias. Foi intenso, mas também muito especial. Tem sido um período muito rico.
Morando há duas décadas no Rio de Janeiro, Eriberto valoriza a flexibilidade que a carreira proporciona, permitindo que ele concilie o trabalho com a rotina dos filhos