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Chuvas e as tragédias anunciadas no RJ
* Dani Monteiro
Ingrid
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Opresidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil deixou de ser o país do crescimento para virar uma "nação do ódio e da mentira" em indireta à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração ocorreu ontem (3/3) em Rondonópolis, no Mato Grosso, onde participou da cerimônia de entrega de 1.400 residências do Minha Casa Minha Vida.
"Não sei que desgraça que foi feita, não sei que mão disgramada coloca a mão no país e ele para de andar para frente e passa a andar para trás. Deixou de ser o país da alegria, da verdade, do crescimento, da distribuição de renda para ser o país da mentira, do ódio, o país da provocação."
Lula ainda lembrou a chacina em Sinop (MT), ocorrida no último dia 21, quando um homem assassinou sete pessoas após perder um jogo de sinuca.
"Vocês viram o que aconteceu em Sinop, quando um cidadão jogando snooker, devia ser um vagabundo porque jogar snooker às 15h não é para trabalhador.
Esse cidadão perdeu uma partida e resolveu matar sete pessoas sem nenhuma explicação. Ou seja, a gente vê na tevê todos os dias pessoas agredindo pessoas, em supermercado, aeroporto, no shopping. O país foi tomado pela violência porque a mentira e o ódio predominaram quando o país estava habituado a ser uma sociedade fraterna, que gosta de música, de dança, de futebol, de carnaval, que gosta de trabalhar, de fazer seu churrasquinho no final de semana, que gosta de viver decentemente. Esse país foi tomado pelo ódio. Eu tenho o compromisso de restabelecer a fraternidade nesse país", bradou.

O petista completou ter recebido o país "semidestruído", na área do emprego, salário, educação e políticas sociais. "Eles acabaram com tudo."

Ele também ironizou a falta de entregas do governo Bolsonaro em relação à infraestrutura.
"Eu seria capaz de oferecer um prêmio para qualquer pessoa de Rondonópolis e do Mato Grosso que me dissesse um metro de obra que Bolsonaro fez aqui. E eu duvido porque eu ando o Brasil inteiro. A única coisa que eu sei que ele inaugurou foi uma apenas em São Gabriel, 18 metros, uma ponte feita de madeira". "O país foi desmontado e nós agora vamos montar", prometeu.
Fome
Lula destacou ainda que mais de 30 milhões de pessoas passam fome no país e citou que houve uma redução no preço da carne. "Eu não sei se voces perceberam o preço da carne já caiu 15% e é preciso cair mais. Vai levar um tempo para a gente consertar esse país não é uma coisa tão fácil", emendou. "Foi aqui neste estado, que é um dos maiores criadores de gado e maior produtor de grãos desse país, que apareceu uma mulher na porta de um açougue recebendo um osso para fazer uma sopa dentro de casa. Não é explicável no país que é o terceiro produtor de alimento do planeta, maior produtor de proteína do mundo, a gente ter 33 milhões de pessoas passando fome. O Brasil produz comida suficiente para o seu povo. Os avanços tecnológicos fizeram isso. Por que as pessoas passam fome? Porque as pessoas não têm dinheiro para comprar alimentos necessários porque, se tivessem dinheiro, elas encontravam o alimento no supermercado. Eu tenho quatro anos pela frente para a gente consertar esse país", afirmou.
Acada ano, as chuvas ficam mais intensas, as águas mais barrentas, a sobrevivência mais dramática. A cada verão, as tragédias provocadas pelos temporais se repetem no Rio de Janeiro. Os meses de janeiro e fevereiro já nos mostraram os estragos que o descaso e a ausência de uma política efetiva de prevenção e redução de danos podem causar. Em terras devastadas pelas enxurradas, quem tem abrigo seguro é rei. Há menos de 30 dias, seis pessoas morreram, em 24 horas, em decorrência das chuvas no estado do Rio. Naquele sete de fevereiro, em apenas quatro horas, a cidade do Rio de Janeiro foi tomada por 70% das chuvas previstas para todo o mês. As imagens dos dramas enfrentados por boa parte da população ainda estão vivas. Março está apenas no início e já estamos em estágio de atenção. Segundo a previsão dos meteorologistas, as águas ficarão acima da média em todo o território fluminense. Os impactos, como sabemos, afetam prioritariamente populações pobres e periféricas. E não é por falta de alerta. Se o aquecimento global é uma ameaça concreta, por que seguimos à mercê da nossa própria sorte como se nada pudesse ser feito a respeito de queimadas e desmatamentos de florestas, poluição e falta de proteção dos nossos rios e mananciais, consumo estratégico e descarte de resíduos?
Onde estão os necessários e urgentes planos de contenção, prevenção e mitigação?
Do litoral à região serrana, o es- tado do Rio de Janeiro faz seus moradores mais vulneráveis amargarem perdas entre os seus e prejuízos a cada deslizamento de encosta ou alagamento. As causas mais visíveis dos nossos problemas são a falta de saneamento básico e de recolhimento efetivo de lixo, de assoreamento dos rios e de limpeza urbana. O fosso, no entanto, vai além, envolve desde a desestabilização do solo e a falta de acompanhamento dos seus riscos até a ausência de política de habitação segura.
O problema, obviamente, não se restringe ao nosso estado. Mas é sobre a nossa realidade que podemos falar. É sobre o que fazemos que devemos discutir. Se encontrarmos alternativas por aqui, pela diversidade da nossa geografia e do nosso clima, nós podemos, inclusive, inspirar outras regiões que sofrem igualmente. Se somos tantos os afetados, está mais do que na hora de pensarmos em saídas abrangentes, a começar por governos e instituições. Não é normal que tenhamos tantos impactos de chuvas, e num crescente, e os governos não apresentem rapidamente um grande plano estratégico e execuções de grandes obras estruturais. Que tal começarmos todos a arregaçar as mangas e a cobrar de quem, efetivamente, nos deve respostas e ações?
*Dani Monteiro é deputada estadual reeleita pelo Psol e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.
*Dani Monteiro é deputada estadual (Psol), presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, presidiu a Comissão Especial da Juventude, uma de suas principais bandeiras