Confira edição de Zero Hora de 28 de janeiro, um dia após o incêndio na Kiss

www.zerohora.com Um incêndio às 2h30min de ontem na boate Kiss, no centro de Santa Maria, mergulhou o Rio Grande do Sul na pior tragédia de sua história. O fogo teria começado durante um show pirotécnico. A danceteria estava lotada, e havia apenas uma porta de emergência. Pelo menos 230 pessoas, a maioria jovens, morreram.

Diana Corso

Fabrício Carpinejar

Humberto Trezzi

“A morte de um filho é um milhão de vezes mais insuportável que a nossa”

“Mais de 200 jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos”

“Sala do Desespero.

Assim foi apelidado o local onde os corpos eram depositados”

ZERO HORA SANTA MARIA, 27/01/2013

LAURO ALVES

David Coimbra “Caminhei pelos corredores macabros formados pelos corpos”

GERMANO RORATO, ESPECIAL

Vítima é socorrida na Rua dos Andradas, onde fica a casa noturna

Moisés Mendes

Rosane de Oliveira

Martha Medeiros

Paulo Sant’Ana

“Foi-se mesmo o mundo de tanta gente em Santa Maria”

“Para que o drama não se repita, é preciso fiscalização rigorosa”

“Quem não tem filhos sofre.

Quem tem se arrebenta”

“Morreu gente universitária, o futuro da nação”

PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013 - ANO 49 - Nº 17.278 - 2ª EDIÇÃO

SC/PR - R$ 3,00/ DEMAIS REGIÕES - R$ 4,50/ URUGUAI - $ 48

R$ 2,50

2

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

A dor que jamais terminará David Coimbra

O

david.coimbra@zerohora.com.br

horror, o horror.

A frase que encerra um dos maiores clássicos da literatura universal, O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, bem serve para descrever o que ocorreu em Santa Maria a partir da noite de sábado para domingo, e que ainda não terminou, e que, para centenas de pessoas, não terminará jamais. Pelo menos 230 jovens (até a noite de ontem) morreram em um incêndio que destruiu a boate Kiss, no centro da cidade. Eram, quase todos, estudantes de diversos cursos da Universidade Federal. Até o meio da madrugada, estavam festejando a vida, rindo, dançando e se divertindo. Horas depois, quando o sol se ergueu sobre a cidade, jaziam no chão do ginásio municipal, o Farrezão, como se fossem vítimas de alguma guerra terrível.

Quem esteve no interior desse ginásio nunca esquecerá o que viu. Não poderá esquecer. As ruas do entorno foram bloqueadas pela polícia. Populares silenciosos se aglomeravam atrás dos cordões de isolamento. Só os familiares das vítimas podiam passar. Eram encaminhados para o primeiro prédio do ginásio, sentavam-se nas arquibancadas e esperavam.

Pelo que esperavam aqueles pais e mães?

Esperavam que o nome de seus filhos fosse anunciado pelo sistema de som.

Então, se erguiam trêmulos dos bancos de pedra e eram encaminhados por funcionários para o prédio ao lado, para proceder à identificação dos corpos.

E ali, no prédio ao lado, uma grande quadra de futebol sete, nesse prédio habitava o pesadelo. Mais de duzentos corpos estavam deitados de costas, lado a lado, formando corredores macabros que se estendiam de uma ponta a outra da quadra. Caminhei por esses corredores.Vi os rostos daqueles meninos e meninas, muitos com expressões surpreendentemente serenas. Alguns estavam queimados e muito machucados, alguns ainda manchados de sangue, vários deles com as faces enegrecidas, mas quase nenhum carbonizado. Morreram de asfixia. Por causa da fumaça, não do fogo.

Os rapazes foram colocados na primeira metade da quadra, as moças na segunda.

Todos sobre uma lona preta. As meninas foram pudicamente cobertas até a cintura por outra lona, já que muitas vestiam minissaias.As carteiras, documentos e celulares foram postos sobre o peito de seus donos.Durante boa parte da manhã,esses celulares tocavam sem parar. Os funcionários circulavam por entre os corpos e não sabiam o que fazer. Deviam atender? Deviam falar com os pais desesperados que queriam notícias dos filhos?

A identificação dos homens foi mais fácil, porque a maioria deles levava documentos nos bolsos das calças. As mulheres carregavam os documentos nas bolsas, obviamente esquecidas na confusão que se iniciou às 2h30min.

Um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no palco situado no fundo da boate, acendeu um sinalizador para incrementar o show. Uma faísca do sinalizador saltou para o teto de isopor e espuma, que, de imediato, pegou fogo.

As pessoas começaram a correr para a saída, mas foram barradas pelos seguranças, que acharam que se tratava de uma briga. Outros confundiram a porta do banheiro com a de uma saída de emergência e correram para lá. Foi a pior das decisões.

Desesperadas, as pessoas tentavam sair pelas basculantes e acabaram se pisoteando umas às outras. Quando os bombeiros chegaram ao banheiro, encontraram os corpos empilhados. É a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Nunca, no Estado, houve um cenário como o do ginásio municipal de Santa Maria, com mais de 200 corpos dos filhos desse chão rojados sobre uma lona vulgar, deitados de olhos fechados, os membros já tomados pelo rigor da morte, alguns com os braços estendidos como se pedissem socorro, alguns com as mãos em garra, tantos outros parecendo calmos, como se dormissem. Muitas meninas lindas, muitos meninos de tênis e camiseta, todos tão jovens, tão jovens, tão jovens.

O horror, o horror.

O desespero foi o que restou para os familiares das mais de 200 vítimas do incêndio em Santa Maria

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

3

FÉLIX ZUCCO

4

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

O

s estudantes começaram a chegar às 23h de sábado.

Era o horário marcado para o início daAgromerados, uma festa para alunos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Eles chegavam à Rua dos Andradas, pagavam os R$ 15 do ingresso e avançavam,pela única porta da boate Kiss, para o ambiente de 615 metros quadrados.

O público total pode ter chegado a 1,5 mil.

As atrações musicais sucediam-se.

Quando o grupo Pimenta e seus Comparsas terminou seu show, eram cerca de 2h.

Chegou a vez do Gurizada Fandangueira.

A banda executou cinco ou seis músicas.

Tocava cover de Amor de Chocolate, do cantor Naldo, quando um dos integrantes usou um sinalizador. Os efeitos pirotécnicos eram parte da apresentação.

Faíscas do sinalizador atingiram a espuma de isolamento acústico que revestia o teto, acima do palco, produzindo as primeiras chamas. O fogo era tão insignificante que a princípio ninguém se preocupou. Mas ele cresceu. O vocalista atirou um copo para o teto, mas não resultou em nada.As chamas cresceram. Ouviram-se os primeiros gritos,pedindo extintores.

A música finalmente silenciou.

O cantor apanhou um extintor e voltou-o contra a chama, ainda pequena.O equipamento falhou. Estava estragado. O público vaiou, ainda sem noção do perigo. Eram cerca de 2h30min. Em meio minuto, as chamas se alastraram pelo recinto.Uma fumaça densa começou a tomar o ambiente.

A boate era um ambiente penumbroso, com decoração em preto.A fumaça tornou tudo breu. Pedaços incandescentes da espuma, derretidos pelo fogo, precipitavamse como chuva,queimando as peles,os cabelos, as roupas.Veio o pânico e a correria.

Sem luz para enxergar, sem oxigênio para respirar, sem espaço para se mover, os jovens tentavam achar a saída e se perdiam na boate transformada subitamente em labirinto. Copos quebravam-se, gente caía.

Alguns era esmagados e pisoteados no tumulto. Outros tombavam asfixiados pela fumaça.De salto alto,as mulheres tropeçavam,tombavam,ficavam para trás.

Inúmeros sentiram-se aliviados por deparar com o que parecia a porta de saída, apenas para descobrir-se dentro do banheiro e lá perecer. Quem não achava outra alternativa, pedia socorro no celular, postava apelos no Facebook.

Alcançar a porta, a única saída, parecia ser questão de sorte. Havia todo tipo de obstáculo, incluindo corpos caídos. Aos primeiros a achar saída, uma barreira inesperada.A segurança bloqueava a porta, exigindo a comanda que comprovava despesas pagas. Os funcionários não viam a pista e talvez pensassem que fosse só uma briga. O impasse teria durado alguns segundos,até que um grupo de rapazes derrubou o funcionário e arrombou a porta.

Os que atingiram o ar salvador do lado de fora jogavam-se pelas calçadas, intoxicados. Os que sentiam melhor encaravam a porta da boate,transformada na boca de um dragão a cuspir uma fumaça negra e tóxica.Muitos voltaram, em uma tentativa desesperada de enfrentar o monstro.

5

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

GERMANO RORATTO, ESPECIAL

Sobreviventes do incêndio usaram picaretas para tentar abrir a parede da boate

6

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

7

8

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 JEAN PIMENTEL

Os dramas eram cruelmente renovados a cada minuto no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, onde parentes das vítimas procuravam informações

Moisés Mendes moisés.mendes@zerohora.com.br

A romaria dos parentes Santa Maria

– Era o fim do mundo.

A enfermeira Luciana Morales, 31 anos, não tem outra definição para o que viu quando chegou à emergência do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, na madrugada de domingo. E não há como descrever aqui o que Luciana viu e ouviu. O fim do mundo começava ali, por volta das 4h, e se prolongaria ontem, como deve se estender hoje, até quando ninguém sabe.

Ontem à tarde, os dramas eram cruelmente renovados a cada minuto no hospital, por maior que fosse o esforço para aquietar a angústia da pior de todas as esperas numa tragédia – a da informação que não vem e, quando chega, pode ser arrasadora. Circulei por três horas pelos corredores do Caridade à tarde. Invadi o desespero

dos outros e vi que foi-se mesmo o mundo de tanta gente em Santa Maria, e não só o dos que morreram, mas de pais, irmãos e amigos que terão de sobreviver.

A ronda no Caridade, o que mais recebeu feridos, fazia com que parentes atraídos de cidades vizinhas transformassem o saguão e todas as alas numa romaria de lamentações.

Uns corriam e outros arrastavam-se nos corredores do Caridade.A família Pereira começou uma vigília às 5h da manhã e desabou por volta das 17h. Igor Stephan Pereira, filho do seu Neri e da dona Leones,não resistiu.

Mas até ser informada da morte, no fim da tarde, a família ficara mais de 12 horas sem informações. Parentes andaram por todos os hospitais. Ninguém tinha notícia do rapaz. No pátio do Caridade, a mãe, o pai e as primas Liege e Paola esperavam por alguma informação que não vinha.

– Quanto mais passa o tempo, mais bate o desespero – dizia Liege Brum.

O tempo estancou de repente às 17h. A família foi informada de que Igor havia morrido. O estudante do primeiro semestre de psicologia saiu em estado grave da boate em que comemorava aniversário. Morreu um dia antes de fazer 20 anos.

A informação parcial, que maltratou os Pereira, muitas vezes se resumia ao que estava escrito numa lista, na entrada do hospital, com os nomes de “pacientes que vieram da Boate Kiss”. Na lista, os nomes das estudantes Flavia Maria Torre Lemos, Andrieli Righi e Vitória Sacol. Mas, assim com os Pereira nada sabiam de Igor, ninguém sabia nada das três amigas.

Procuravam por Flavia,Andrieli e Vitória os amigos Vagner Ferreira e Kefen Corrêa.

Não eram encontradas no próprio hospital.

O tio Fernando Alves também procurava por Andrieli. Às 16h40min, uma funcionária o informou: – Ela não está mais aqui.

O tio retrucou: – De Porto Alegre, informaram que ela estava aqui.

O tio insiste e dá uma pista, sabendo que a identificação das mulheres, que levam documentos em bolsas, era mais difícil: – Ela é morena, usa um piercing na boca.

Meia hora depois,fui à emergência,de onde saíam macas com pacientes graves, entubados, para hospitais de Porto Alegre. Numa maca, uma moça morena.Alguém diz: – Esta é a Drieli.

Seria a Andrieli procurada pelos amigos e pelo tio? Não era. Drieli Pedroso Lucas estava sendo embarcada numa ambulância que a levaria ao Hospital Mãe de Deus, na Capital.

9

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

A emergência do pronto-socorro do Caridade chegou a receber mais de 70 pessoas durante a madrugada. Foi quando a enfermeira Luciana Morales viu o horror. Drieli era das 20 pessoas que ainda estavam ali, no final da tarde – a maioria na CTI. Aquela não era, como se poderia imaginar, a hora em que a urgência cede lugar à tensão controlada. Luciana continuava ali, sob pressão intensa.

Era a hora em que alguns pacientes começavam a piorar, entre os quais os que inalaram muita fumaça e tiveram queimaduras nos pulmões. Foi o que aconteceu com Lauro Clos Marçal, 30 anos. Lauro estava bem até o início da tarde, quando piorou e foi levado para a unidade coronariana. Na vigília, tinha a distância a companhia dos pais, Amilton Valandro Marçal e Evelyn Russowsky, do irmão Diego e da prima Karen.

Lauro, estudante de Direito na Faculdade Metodista, não deveria estar na boate.

Amilton, professor da faculdade de Veterinária da UFSM, ganhou o convite para a festa de uma colega da universidade. Diego ficou com o ingresso. Desistiu de ir e o repassou ao irmão. À tarde, a família se revezava no canteiro entre as avenidas Pinheiro Machado e José Bonifácio, onde fica o hospital. Marcelo Morais, 32 anos, porteiro, estava ali à espera de notícias do primo Pablo Ricardo Pacheco, 21 anos.

– Esta é a praça da agonia – disse Morais, enquanto se consolava por ter notícias do primo, que estreava na madrugada de ontem como segurança da Kiss.

Pablo estava ao lado do palco, onde o fogo começou. Marcelo achava que o pior já havia passado, e assistia aos outros dramas de quem também ficava à espera de algo na pracinha: – Agora há pouco, aquela senhora que estava aqui foi informada da morte da filha.

Pais viviam a aflição de ter perdido um filho e saber que o outro ainda lutava para sobreviver. Edson Luís Pereira Biscaino, de Manuel Viana, buscava notícias de Renan, 25 anos, internado na CTI. O outro filho, Cássio, 20 anos, morreu na boate. Teriam morrido pelo menos nove jovens de Manuel Viana.

Eliana Brondani Rosso, mãe de um dos sobreviventes, Delvani Rosso, 20 anos, também internado na CTI, orgulhava-se do outro filho que participava da festa. Jovani, de 26, salvou muita gente que conseguiu carregar para fora da boate, quando as portas foram arrombadas.

– Ele arrastou gente pelos cabelos – contava a mãe.

A desinformação não tinha culpados, nem poderia ter. Como conseguir identificar tanta gente? Não havia como,dizia a enfermeira Luciana, que não estava na escala e foi para a boate, para ajudar no socorro, e depois para o hospital – ao ser informada da tragédia por uma amiga. Ao seu lado, Zuriel Cristo, 40 anos, tentava acalmar parentes que buscavam notícias. Zuriel é enfermeira do hospital, formada em psicologia. Nos corredores, atuava como psicóloga: – O importante é estar junto.

Laís Pires Moreira tinha três informações destruidoras: perdeu o sobrinho Leonardo Lima Machado, 27 anos, cabo do Exército, acompanhava outra sobrinha, Jarlene Moreira Spitzmacher, na CTI, e tentava obter notícias do primo Douglas Machado, 23 anos, que ninguém sabia onde poderia estar.

No fim da tarde, o revezamento de parentes na pracinha em frente e nos corredores do hospital mantinha de prontidão muito mais irmãos, tios, primos e amigos do que os pais de quem estava internado, ou tinha o nome na lista mas não era localizado. Muitos pais haviam sido vencidos pelo cansaço.A notícia ruim andava por ali, ainda encoberta, pronta para massacrar alguém.

A notícia ruim poderia estar ali ou no Centro Desportivo Municipal, o Farrezão, para onde os corpos eram levados. Foi ali que Leandro Alves, primo de Andrieli, teve a informação de que os amigos Vagner e Kefen e o tio Fernando não queriam receber. Entrou na fila de identificação dos mortos e reconheceu a prima ao lado dos corpos das outras duas amigas também procuradas – Flávia Maria Torres Lemos e Vitória Saccol. Andrieli tinha 22 anos e estudava num cursinho para fazer vestibular.

Ontem, às 20h30min, quando telefonei para o tio de Andrieli,conforme havia combinado, para saber se ela havia sido localizada, torci por ela, por ele, por Vagner e por Kefen. A voz de Fernando Alves, quando atendeu ao telefonema, tinha o peso, a densidade da notícia ruim. Esvaiu-se ali a ilusão de que, em meio ao horror, eu poderia encerrar este texto com uma notícia boa.

Quando vi que era fogo, já estava uma confusão, tinha gente caindo no chão. Eu e minhas amigas conseguimos sair correndo pela entrada da casa. Fomos dos primeiros a sair.

Os seguranças estavam calmos, acho que também não tinham dimensão do que estava acontecendo.

LÍDIA LIS TOMASI, 20 anos

JEAN PIMENTEL

Algumas vítimas do incêndio que não puderam ser atendidos em Santa Maria foram transferidos em ambulâncias para hospitais em outras cidades

10

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 FOTOS ADRIANA FRANCIOSI

Policiais militares, profissionais da saúde e voluntários prestaram atendimento a familiares que foram reconhecer as vítimas no Centro Municipal de Desportos

A pior notícia Humberto Trezzi humberto.trezzi@zerohora.com.br

Um amigo que estava lá e que conseguiu sair disse que a boate parecia uma zona de guerra.

Meus vizinhos estão chorando, desesperados.

Muitas pessoas estão indo a hospitais para doar sangue ou procurar amigos. É desolador.

MATHEUS LUZ, estudante, 19 anos

E

Santa Maria

scorada no ombro de familiares, a mulher com vestido azul e calça branca sai da parte menor do ginásio, tenta sentar em uma cadeira de plástico e desaba, indo ao chão com estrondo.

– Médico, médico! – gritam, desesperados, os parentes da senhora, que acaba de reconhecer o filho de 20 anos como um dos mais de 200 mortos na tragédia da danceteria Kiss.

Um grupo de enfermeiras e psicólogas, com esparadrapos identificatórios no lugar de improvisados crachás, acode a mãe, que não para de gritar: – Meu filho, meu filho! Eu quero meu filho,tragam meu filho de volta!

Mas ele não volta.

Assim como não voltarão dezenas de jovens cujos parentes tinham, desde o final da manhã da ontem, a

missão de identificar as vítimas do incêndio, o maior desastre já ocorrido no país desde a década de 1960.

Zero Hora acompanhou, de dentro do Centro Desportivo Municipal, o Farrezão (homenagem ao ex-prefeito santa-mariense e atual vice, José Farret), a dor de quem perdeu o familiar na flor da idade. Tia e madrinha do rapaz cuja mãe se desesperava, uma comerciária de 48 anos mal conseguia falar. Ela e o marido reconheceram o jovem em meio à montanha de corpos que se formou inicialmente em uma das alas do ginásio. Inconfundível, porque estava pilchado, “gaudério” como sempre foi. Tanto que tinha ido à boate, como sempre fazia, para curtir um grupo de fandango. Morreu pisoteado e asfixiado, como a maioria.

– Estou tão nervosa que voltei a fumar – desabafou ela, acendendo um cigarro no outro.

O ginásio parecia um formigueiro,

tomado por centenas de voluntários que acorreram ao chamado de ajuda feito por meio das rádios. Além de médicos e psicólogos, compareceram assistentes sociais, enfermeiros, soldados e policiais. Muitos em chinelos de dedo e bermuda, que emergência não combina com etiqueta.

Um jovem de branco, cabelo despenteado,comentou com colegas: – O Exército me convocou. Eu não estava de plantão,mas tinha de ajudar.

Conheço gente que estava na boate.

Adeus na Sala do Desespero A maioria dos voluntários nem conhecia vítimas e, mesmo assim, se dispôs a sair do conforto caseiro para o cenário de guerra em que se transformou o centro de Santa Maria na madrugada de domingo.A confusão era tanta que mesmo quem queria

ajudar tinha de ter crachá para passar por uma sólida barreira formada por PMs do Batalhão de Operações Especiais de Santa Maria.Assim que ingressava, o voluntário recebia uma etiqueta para colar na roupa, com nome e profissão anotados. Aí, era designado,pelo Comitê de Crise,para consolar parentes, ministrar medicamentos ou examinar os corpos.

Foi por volta do meio-dia de ontem, sob um calor sufocante, que os familiares, em fila, começaram a entrar na Sala do Desespero. Assim foi apelidado o local onde os corpos eram depositados, um ginásio menor do que o Farrezão, mas também situado no CDM. Gritos, lágrimas e desmaios se sucediam, em sequência. Um vaivém desesperado que incluía o uivo da sirene de ambulâncias, a gritaria de policiais e o entra e sai de agentes funerários, trazendo mais cadáveres. Todos jovens que a tragédia ceifou.

11

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

RONALD MENDES

Os corpos das vítimas foram levados de caminhão para o ginásio onde foi feito o reconhecimento ADRIANA FRANCIOSI

Cenas de consternação e dor marcaram a fila de familiares e amigos das vítimas que se formou junto ao ginásio de esportes

A fila do calvário O perito da Secretaria da Segurança Pública pegou um microfone e avisou, voz límpida a ecoar pelo ginásio: – Entendo a dor de vocês. Podem acreditar,entendo,porque faz parte do nosso cotidiano.A gente não gostaria de ter de chamar vocês, mas é preciso.Agora vou ler uma lista de nomes, e quem for familiar de alguém com essas credenciais se aproxime.Vai ser difícil,vai ser demorado.

Aqueles que tinham familiares desaparecidos na boate ou que não conseguiam contatar os parentes ao celular chegaram ao ginásio Farrezão, lentamente,agarrados a um fio de esperança. Foram colocados em cadeiras de plástico, próximos a médicos e enfermeiros, prontos para atender crises. Os familiares checavam na rádio a lista de feridos – esta, sim, anunciada aos quatro ventos – na ânsia de ouvir o nome do amado. Logo,

ao descobrir que o destino do parente continuava ignorado, as lágrimas escorriam rosto afora. Sem medo de chorar em frente a estranhos.

Alguns crispavam o rosto, com ódio. A maioria soluçava, quase em silêncio. Um senhor de cerca de 70 anos, cabelos grisalhos, desfaleceu no pátio de cimento em frente ao ginásio, ao ouvir no microfone o nome do neto de 18 anos.

Em grupos de 10, as pessoas que reconheciam o nome de um familiar eram conduzidas em fila para um ginásio menor.Ali os corpos estavam colocados sobre lonas pretas, no chão, do jeito como foram encontrados. Telefones celulares e relógios sobre o peito – tudo que pudesse ajudar na identificação.

Mães passavam demoradamente a mão no rosto dos filhos, num derradeiro e infinito adeus. Um pai que perdeu duas filhas no incêndio

– elas tinham 20 e 25 anos e trabalhavam na boate –, gritava, inconformado: – A Kiss matou minhas filhas.Isso não vai ficar assim!

Depois de identificada, a vítima era colocada em um caixão, com nome e sobrenome pintado em cartolina.A maioria saiu direto para dentro de um carro funerário – já que grande parte das vítimas não é de Santa Maria e teria de enfrentar a última viagem até sua cidade de origem.

Outros apenas mudaram de prédio, foram para o ginásio maior.Lá,dezenas de cavaletes, mesas e classes escolares foram improvisadas para receber os caixões.Ao todo, foram 143 ataúdes para atender à demanda de vítimas santa-marienses.Um deles,o de Lucas de Oliveira, foi envolto com a bandeira do Rio Grande do Sul e encimado por um chapéu de gaúcho.

Um adeus a caráter.

12

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 ADRIANA FRANCIOSI

Editorial

Os gaúchos não podem se conformar com uma imprevidência desta ordem, que transforma um local de diversão em armadilha fatal.

O

Além do luto

Rio Grande chora nesta segunda-feira a perda de dezenas de vidas na tragédia de Santa Maria e se solidariza por inteiro com as famílias atingidas. Num momento de tanta comoção,a primeira reação tem que ser mesmo de apoio às vítimas e de total solidariedade a seus familiares e amigos.

Nesse sentido, agiram corretamente a presidente Dilma Rousseff, o governador Tarso Genro e todas as autoridades e cidadãos que interromperam suas rotinas para prestar atendimento à comunidade abalada pelo infausto acontecimento. É o que se espera de lideranças comprometidas com a sociedade e com a cidadania.

Ainda que o ambiente deste dia seguinte seja de tristeza imensurável, merecem especial reconhecimento os soldados do Corpo de Bombeiros,os policiais,os agentes de saúde e os voluntários anônimos que se envolveram diretamente no socor-

ro e no resgate às vítimas. Um consolo para tamanha desgraça é que na hora da catástrofe também afloram os melhores sentimentos do ser humano – o heroísmo, a fraternidade e a ajuda desinteressada.

Todos estamos desolados com o infortúnio que interrompeu a existência de tantos jovens na região central do Estado. Mas precisamos ir além do luto. Os gaúchos não podem se conformar com uma imprevidência desta ordem, que transforma um local de diversão em armadilha fatal. Não se está aqui sugerindo uma caça às bruxas, nem uma irresponsável busca de culpados, que seriam reações compreensíveis para quem perdeu parentes e amigos. O que defendemos é uma investigação rigorosa das causas que provocaram o sinistro, com o propósito prioritário de prevenir ocorrências semelhantes no futuro.

Mesmo que o fogo tenha começado por conta de um gesto desastrado, que

Presidente do Conselho de Administração e Comitê Editorial Nelson Pacheco Sirotsky Conselheiros: Presidente Emérito: Jayme Sirotsky Fundador: Maurício Sirotsky Sobrinho (1925-1986)

Betania Tanure Carlos Melzer Cláudio Thomaz Lobo Sonder Israel Vainboim Jayme Sirotsky

Luiz Henrique Fraga Marcelo Sirotsky Nelson Mattos Pedro Sirotsky Régis Dubrule

está sendo atribuído a um dos integrantes da banda contratada para o show, é inconcebível que uma casa de espetáculos daquela dimensão não dispusesse de pessoal preparado e equipamento apropriado para impedir o seu alastramento.

Mais: como pode um local de grande afluxo de pessoas ter apenas um espaço estreito para a saída e nenhum plano de abandono para situações de emergência?

Quem falhou? A engenharia? A fiscalização? Os órgãos públicos? Os organizadores do espetáculo?

São muitas as perguntas que precisam ser respondidas num ambiente de serenidade e justiça, para que as falhas sejam efetivamente corrigidas.Além disso, independentemente do que seja apurado,o caso da boate Kiss deve servir de referência para que os legisladores revisem as normas de funcionamento de casas de espetáculos e para que os órgãos fiscalizadores adotem procedimentos mais criteriosos e

Diretoria Executiva Presidente-executivo: Eduardo Sirotsky Melzer Jornais, Rádios e Digital: Eduardo Magnus Smith Televisão: Antônio Augusto Pinent Tigre Jornalismo: Marcelo Rech Jurídico e Relações Governamentais: Alexandre Kruel Jobim Finanças: Claudio Toigo Filho Gestão e Pessoas: Deli Matsuo Estratégia e Desenvolvimento de Negócios: Luciana Antonini Ribeiro Negócios Digitais – e.Bricks: Fabio Bruggioni Unidade de Educação: Mariano de Beer

mais transparentes na aferição das condições de segurança desses estabelecimentos.Vale lembrar que tragédia semelhante ocorrida em BuenosAires,em 2004,quando 194 pessoas morreram no incêndio da discoteca República Cromañón, acabou motivando a criação de uma legislação específica mais rigorosa na Argentina.

Os jovens têm todo o direito de se divertir num ambiente de conforto e segurança.Da mesma maneira,seus familiares têm que recuperar a tranquilidade de saber que eles irão para as festas e voltarão íntegros para seus lares. Por isso, todos nós – governantes, autoridades, empresários, cidadãos, pais – ficamos com a obrigação impostergável de ir além do pesar e de desenvolvermos cuidados e medidas preventivas para que episódios como o de Santa Maria jamais se repitam.

Hoje o Rio Grande está de luto.Amanhã tem que estar mobilizado para garantir a segurança e o futuro dos seus jovens.

ZERO HORA Fundada em 4 de maio de 1964

Diretora de Redação ZH e Jornais RS: Marta Gleich Diretor de Operações Jornais RS: Péricles Cenço Diretor Comercial e de Marketing dos Jornais RS: Marcelo Leite Diretora de Circulação: Fabiana Marcon

www.zerohora.com.br

13

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

MARCO AURÉLIO

IOTTI

marco.aurelio@zerohora.com.br

Artigo

BRASÍLIA Carolina Bahia

Camada de cinza

H

PAULO BROSSARD*

á substantivos que dispensam adjetivos para realçar o que enunciam. Tragédia é um deles. Diante de uma tragédia, tudo o que se disser é ocioso. Não precisa do socorro da adjetivação para agravar seu significado. De modo que, para sublinhar uma tragédia, pode-se dizer quase tudo em poucas palavras. É nessa situação que me encontro diante da sugestão que recebo da Redação de Zero Hora no sentido de trocar o artigo entregue ao jornal na sexta-feira, como de costume, por outro que se aproxime do luto que domina a edição funérea em tudo e por tudo.

Sinto-me despojado de qualSão os pais quer elemento que não que me possa explicar o aconouvirão mais tecimento, mas, as vozes de em verdade, ele não tem expliseus filhos, cação, nem essa nem verão ser ia consolo para ninguém. A o brilho dos tragédia não se seus olhos explica, não tem lógica nem desfecho aceitável. Dela, fico com a surpresa que no caso é vizinha do terror. Refugiome em velhas lembranças e me lembro da cidade cujas ruas percorri tantas vezes em diversas cruzadas. Dos amigos desaparecidos, por todos Alberto Tomás Londero, cidadão, professor, cientista. De sua catedral, cujos silêncios tantas vezes ouvi. De sua gente, da cidade universitária por excelência que atraía crescente e variada população jovem, principalmente jovem. Nada sei sobre o local,

iotti@zerohora.com.br

mas verifico se tratava de uma festa onde reinavam a alegria, a música, a dança.

Mais não sei. E me ocorre um fato que me tem impressionado: a violência que se filtra e infiltra nas situações menos compatíveis com ela. O canto, a música, a dança cheiram à antítese do que a ela se relaciona. O ritmo da música, o ríctus das faces, o marcial dos movimentos traduzem fenômeno a espelhar a desordem das emoções sentidas e externadas em desalinho. Não sei se devera mencionar isso, mas por uma associação de ideias repercutiram em meu espírito como ressoa na tristeza dos meus dias tristes.

A brutalidade do ocorrido em uma casa de espetáculos na noite de sábado se me apresenta como uma camada de cinza que apagou de repente o alarido de um bando de moças e rapazes, reduzindo-os ao silêncio definitivo para tantos que apenas madrugavam para as aventuras e desventuras da vida. Do que era promessa resta o luto. O infortúnio foi tão inesperado, que imagino a mágoa a incorporar-se à antiga alacridade da vida universitária. Contudo, a vida continua em sua implacável sucessão de alegrias e tristezas, mas as marcas desse momento nunca serão esquecidas para a cidade. Mas Santa Maria é um universo e dentro dele existem e sobrevivem algumas pessoas. De cada uma delas, eu me lembro, embora não as conheça pessoalmente. São os pais que não ouvirão mais as vozes de seus filhos, nem verão o brilho dos seus olhos.

Quando falo em pais, englobo todos os que – pais, avós, irmãos, namorados, noivos, amigos – formam o universo afetivo que acompanha cada um de nós. *Jurista, ministro aposentado do STF

carolina.bahia@gruporbs.com.br

Com Kelly Matos

Dor e responsabilidades

É

inadmissível que, em tempos de alta tecnologia, informação disponível e multiplicação de órgãos de fiscalização, a segurança em locais de intensa concentração de pessoas ainda não seja uma prioridade. As responsabilidades da tragédia de Santa Maria ainda estão sendo investigadas. Mas parece claro que as consequências desse incêndio que ceifou jovens vidas poderiam ser minimizadas se regras básicas do Corpo de Bombeiros tivessem sido respeitadas com rigor. Ser detalhista no cumprimento de normas de prevenção custa tempo, dinheiro, atenção. Fiscalizar de perto, multar, fechar portas de estabelecimentos comerciais são ações que demandam recursos e antipatia política. Poder público e iniciativa privada, no entanto, precisam aprender a trabalhar em conjunto na prevenção, o que vale para qualquer setor. A Argentina precisou viver uma tragédia semelhante para mudar a legislação do funcionamento das casas noturnas. Esse é um debate que agora não vai consolar as famílias que perderam seus filhos, netos e sobrinhos. Mas ações efetivas precisam ser feitas, alguém precisa escutar esse doloroso alerta.

Agilidade e emoção

O governo federal foi ágil na reação à tragédia de Santa Maria.Em viagem oficial ao Chile,a presidente Dilma Rousseff teve comportamento de estadista ao mobilizar rapidamente os ministros e recursos técnicos e fazer um rápido pronunciamento público.

Ao chegar à cidade,ela pediu um relato detalhado de todas as ações do município e do Estado e manifestou preocupação especial com as famílias das vítimas.

Em rede A presidente Dilma ligou também para o ministro Mendes Ribeiro Filho (Agricultura) em busca dos contatos pessoais do prefeito de Santa Maria, Cézar Schirmer.Mendes estava na Argentina,de onde telefonou para o prefeito de Santa Maria,um amigo de longa data,e em seguida embarcou em um helicóptero para o Estado.

PARA CONFERIR

ali adiante

Prioridade

Primeiro ministro a receber uma ligação de Dilma, Alexandre Padilha (Saúde,foto) escalou uma equipe de plantão no Ministério da Saúde para providenciar suporte logístico,como o fornecimento de respiradores.Os produtos seguiram em aviões da FAB para atender às demandas dos hospitais.Do Rio,o Instituto Nacional de Cardiologia colocou à disposição equipamentos de ponta para o socorro a queimados.Se for necessário,profissionais da área também serão deslocados.

Para refletir

Uma legislação mais rigorosa e a competência dos municípios na fiscalização de casas noturnas devem virar tema do encontro dos prefeitos,que começa hoje na Capital Federal.Presidente da Confederação Nacional dos Municípios,Paulo Ziulkoski reconhece que o tema precisa ser debatido,não na busca de culpados,mas como prevenção.

14

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

Luis Fernando Verissimo verissimo@zerohora.com.br

Providências Notícias como a da tragédia em Santa Maria provocam uma reação em cadeia: primeiro o choque, depois a incredulidade, depois a empatia emocionada com quem foi diretamente tocado pelas mortes, finalmente a revolta: contra a imprudência, contra as falhas da fiscalização, contra a ganância – enfim, contra todas as causas evi-

táveis do horror. As outras emoções são manifestações humanas de solidariedade, mas só a revolta é útil, e tem – ou deve ter – consequência.A revolta pede providências para que tragédias assim não se repitam. Pede responsabilização clara e exemplar.

Pede,enfim,o que raramente se vê no Brasil.

FÉLIX ZUCCO

Sapatos das vítimas e de quem tentava fugir das chamas e da fumaça da casa noturna Kiss se tornaram a memória da tragédia que assolou Santa Maria

Fabrício Carpinejar colunaquaseperfeito@gmail.com

M

A maior tragédia de nossas vidas

orri em Santa Maria ontem. Quem não morreu?

Morri na Rua dos Andradas, 1.925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha,avulsa,página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre.

O azul é cinza,anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30min, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.

Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só,e o medo vinha de todos os lados.

Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou

entender como se distanciaram de repente do futuro.

Mais de duzentos jovens sem o último beijo da mãe,do pai,dos irmãos.

Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças.

As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.

As palavras perderam o sentido.

15

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

Só preço baixo. Só na Tumelero. Só aTé dia 31.

R$

12,90 m 2

Est.: 2000m Cód.: 10114128 2

ECONOMIZE 18%

PISO PAREDE MILANO Ref.: White Frost 30x30, Classe B de R$ 8,90 por

PISO CERÂMICO CECAFI Ref.: Gemini, Duomo Bege e Pietra, 45x45, Classe A de R$ 11,90 por

R$

R$

6,90 m 2

Est.: 2000m2 Cód.: 10252113

PISO PORCELLANATO RETIFICADO ELIZABETH Ref.: Megaro Bianco e Venato, 62x62, Classe A de R$ 32,90 por

CONJUNTO PARA BANHEIRO LACA SANDER 62cm, Curvo Direito de R$ 220,00 por

R$

R$

25,90 m 2

Est.: 2000m2 Cód.: 10278481

ECONOMIZE 21%

R$

2

ECONOMIZE 25%

R$

ECONOMIZE 13%

49,

R$

Est.: 300 Unid.

Cód.: 10506093

10,90 m

Est.: 300 Unid.

Cód.: 40104020

R$

R$

ECONOMIZE 16%

65,

R$

brinde CADEIRA Mor

249,90

R$

139,

Est.: 300 Unid.

Cód.: 71107621

R$

119,

00

Est.: 300 Unid.

Cód.: 70511401

90

R$

1.190,

00

TELHA ONDULADA BRASILIT 1,10x2,44m, 6mm, Sem Amianto

R$

R$

34,90 39,90 cada

Est.: 900 Unid.

Cód.: 50560121

cada

PISO LAMINADO DECORFACE com Clic

ECONOMIZE 22%

R$ ECONOMIZE 20%

ECONOMIZE 22%

112X 10X

29,90 m

2

Est.: 3000m2 Cód.: 60410003

ou em em até

**

iguaiS

TELHA ONDULADA IMBRALIT 1,10x2,44m, 6mm

Est.: 1000 Unid.

Cód.: 50509397

QUENT E E FRIO

tuDo em até

99,90

Est.: 3000 Unid.

Cód.: 50602001

ECONOMIZE 33%

Est.: 300 Unid.

Cód.: 80140045

2

MANTA ASFáLTICA PRIMER 2,5mm, Rolo com 10m2, com Alumínio

59,

CONDICIONADOR DE AR SPLIT MIDEA ESTILO Selo C, 12.000 Btu’s de R$ 1.490,90 por R$

9,90 m

Est.: 3000m2 Cód.: 50402134

Est.: 500 Unid.

Cód.: 71107663

PIA EM AÇO INOX TRAMONTINA STANDARD 1,20x0,52m, com Válvula de R$ 153,00 por

119,00

ECONOMIZE 23%

R$

Est.: 300 Unid.

Cód.: 40140824

R$

FORRO EM PVC BENTEVI 10cmx8mm, Comp.: 4, 5, 6, 7 ou 8m, Branco de R$ 12,90 por

ESPREGUIÇADEIRA DECOR Ref.: DBB9004, Várias Cores de R$ 89,90 por

399,00

ECONOMIZE 17%

Est.: 1000 Unid.

Cód.: 30899857

R$

Est.: 500 Unid.

Cód.: 40431331

TINTA ACRíLICA SEMIBRILHO Renner Rekolor 18 litros, Branca

VENTILADOR DE PAREDE VENTISOL Preto, Bivolt, 60cm

90

Est.: 2000 Unid.

Cód.: 30899822

2

Est.: 2000 m² Cód.: 10297559

VENTILADOR DE TETO VENTISOL WIND LIGHT 3 Pás, Branco de R$ 79,90 por

90

CONJUNTO DE JARDIM EM AÇO Decor, 5 peças

32,90m

ECONOMIZE 21%

APARADOR DE GRAMA TRAMONTINA Ref.: AP 1000, fio nylon

149,90

PISO PORCELLANATO POLIDO REF.: CLASSIC BEGE, 60x60, CLASSE A

2

Est.: 2000m2 Cód.: 10291534

90

Est.: 1000 Unid.

Cód.: 30899555

TINTA BRILHO E PROTEÇãO SEMIBRILHO CORAL 18 litros, Branca

329,00

R$

VENTILADOR DE MESA VENTISOL 30cm, Branco de R$ 59,90 por

189,90

Est.: 200 Unid.

Cód.: 10959993

WC COM CAIXA ACOPLADA INCEPA THEMA 3/6 litros, Branco, sem assento

8,90 m

Est.: 3000m2 Cód.: 10230861

ECONOMIZE 22%

ER SUPOSS GL

PISO CERÂMICO TRIUNFO VICTÓRIA GRESS 50x50, Classe A de R$ 13,90 por

*

Sem entraDa e Sem juroS

no cartão ar tumelero maStercarD

televendas/econ atacado: (51) 3349.6150

Ofertas válidas de 25 a 31/01/2013, enquanto durarem os estoques, para as lojas de Porto Alegre, Alvorada, Cachoeira do Sul, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Novo Hamburgo, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz, São Leopoldo, Sapiranga, Taquara, Tramandaí e Viamão. *Condição de pagamento de até 12x no novo cartão Construcred Tumelero Mastercard com juros de 0,99% ao mês equivalente a 12,55% ao ano. ** Condição de pagamento de até 10x no novo cartão Construcred Tumelero Mastercard sem juros em parcelas iguais, não válidas para cimento e ferro. Venda parcelada sujeita à análise cadastral. As cores das fotos poderão sofrer alterações devido ao processo de impressão, fotos meramente ilustrativas.

*Consulte o regulamento nas lojas.

AZULEJO ELIANE Ref.: Forma Branco Brilho, 33,5x45, Classe C de R$ 15,90 por

16

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 FÉLIX ZUCCO

“Quem não tem filhos sofre. Quem tem se arrebenta. Não é algo que se explique. Nenhum racionalismo conforta”

Martha Medeiros marthamedeiros@terra.com.br

P

Nós que temos filhos

or uma infelicidade tremenda, fui ler os comentários de um site sobre o acontecido em Santa Maria e dei com uma criatura funesta que falou coisas impublicáveis. Um só. Um único demente entre tantos solidários, e pensei: precisa mais que um para lamentarmos a falta de compaixão? Porque essa foi a palavra que me invadiu desde as primeiras horas de um domingo ensolarado lá fora e nublado aqui dentro: compaixão. Qual-

quer pessoa que tenha um filho ou uma filha não tem como não se colocar no lugar dos pais, dos avós, dos tios daquela garotada que saiu no sábado à noite para se divertir e que foi vítima do destino – poderíamos também chamar de descaso, insensatez, irresponsabilidade –, mas é cedo para diagnósticos precisos. Destino é uma palavra mais abrangente.

Tenho duas filhas que comumente saem à noite, dançam, se divertem em lugares fechados, e eu não faço vistorias prévias,

não peço laudos, não investigo, simplesmente confio que elas estarão em segurança. Quem pode garantir? Alguém deveria, mas o destino não se responsabiliza.

Nunca se responsabilizou.

Sei de dois irmãos e de um casal de namorados que tinham relações com amigos meus e que estão entre as vítimas. De íntimo, eu não conhecia ninguém. Isso me afasta da tragédia? Nada nos afasta dessa tragédia, a não ser que não tenhamos compaixão. Essa palavra não me sai da

cabeça. Um mundo individualista como o nosso precisa abraçar esse conceito, esse sentimento: compaixão. Se colocar no lugar do outro. Dói, mas é necessário.

Quem não tem filhos sofre. Quem tem se arrebenta. Não é algo que se explique.

Nenhum racionalismo conforta. É um soco que nos tira o ar e nos faz lembrar o que tanto buscamos esquecer: que somos todos vulneráveis diante da fragilidade da vida.

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

17

18

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

Estava com meus amigos dançando, e parou a música.

Só vi meu amigo me agarrando e me empurrando: ‘Corre! Corre!’. Foi um tumulto, um por cima do outro. (...) Não sei quem me empurrou, e eu caí. No que eu caí, caiu um guri junto. Consegui me agarrar nele e saí.

FERNANDA OLIVEIRA, 25 anos

Os sobreviventes

A

banda estava tocando, mas nem todo mundo prestava atenção no palco no momento em que a Gurizada Fandangueira, segunda atração da madrugada na Boate Kiss, realizava seu show. Entre 2h30min e 3h da manhã de domingo, no momento em que o grupo tocava uma cover da canção Amor de Chocolate, do cantor Naldo, um dos integrantes acendeu um sinalizador.

– Era um desses sinalizadores sputnik pequeno,dos que vêm quando se compra espumante – especifica o personal trainer Ezequiel Real, 23 anos, um dos presentes à festa na casa de show em Santa Maria.

Faíscas escaparam do artefato – comum nas apresentações da banda – e incendiaram o forro de espuma acima do teto, que servia para isolamento acústico. Em um primeiro momento, os espectadores não chegaram a se assustar com o princípio de incêndio.

– Eles tentaram apagar o fogo, que até então estava pequeno. O vocalista

da banda pegou um copo e tentou jogar para cima. Não sei se adiantou ou se alastrou mais o fogo. O vocalista parou de cantar, pegou o extintor.

Acho que estava estragado ou vencido,não funcionou – conta Murilo Xavier Lima,22 anos,natural de Alegrete,atualmente morando em Brasília.

Ele e o irmão, Luciano, 25 anos, estavam a cerca de três ou quatro metros do palco. Nem todo mundo percebeu o perigo do que acontecia.

– Quando o vocalista viu que tinha pego fogo, pegou um extintor, mas o extintor só deu um “cuspe”, e a galera começou a vaiar – conta Ezequiel.

Foi só depois que as chamas se espalharam que ficou claro para muita gente o que estava acontecendo.

– Como o fogo pegou no teto, caíam pedaços da espuma, incandescente, sobre as pessoas. O cenário era infernal: copos quebrando, gente caindo, empurra-empurra.

Para as mulheres, com salto alto, era ainda mais difícil chegar até a saída pelo corredor estreito – narra a vendedora Luciene Louzeiro, 32,

anos, frequentadora habitual dos shows da banda.

“A fumaça era muito tóxica” O pânico e o incêndio se alastraram, ambos, com uma velocidade vertiginosa.As amigas Kellen Rebello da Silva, 21 anos, e Bruna Carolina Mariano, 23 anos, se espremeram na multidão que tentava deixar a boate e saíram correndo em direção a um estacionamento localizado no outro lado da rua. Quando olharam outra vez para a casa noturna, o que viram foi uma coluna de fumaça que saía pela porta e a obscurecia até mesmo a visão da entrada. À primeira vista, o que mais as impactou foi a cor: – Era uma fumaça muito escura, preta, densa. As pessoas saíam dela passando muito mal – comenta Kellen, estudante de Farmácia, residente em Florianópolis,que estava em Santa Maria para visitar a família.

Ezequiel também percebeu que o grande problema naquele incêndio

era a fumaça, uma cortina de escuridão e elementos nocivos que impediu muitos frequentadores de se orientar ou escapar a tempo.

– Tentei manter a calma, mas a fumaça era muito tóxica. Queimava muito ao respirar – conta.

Nessa situação de urgência, muitos criticam a demora dos seguranças em perceber a gravidade do que estava ocorrendo. Alguns deles, não convencidos de que se tratava de um incêndio, barraram nos minutos iniciais muitos que tentavam deixar a casa, exigindo o pagamento do que havia sido marcado na cartela de consumo.

– Só deixaram as pessoas passar quando viram a fumaça,que já havia tomado conta da pista. Talvez, se não tivessem bloqueado, mais gente se salvaria – indigna-se Luciene.

De acordo com outros relatos dos sobreviventes, o equívoco dos seguranças,se ocorreu,foi rápido.

– Quando saímos, ninguém mais estava barrando. Os seguranças estavam pedindo calma – comenta Kellen.

MAURÍCIO BARBOSA, ESPECIAL

Pedaços de espuma incandescente que caíam do teto e empurra-empurra dificultaram a saída dos frequentadores, que deixaram um rastro de sapatos pelo caminho

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

19

GERMANO RORATTO, ESPECIAL

Voluntários se uniram a bombeiros na tentativa de derrubar as paredes com golpes de picareta para retirar os frequentadores que permaneciam trancados na boate

Jovens voltaram para o socorro Os sobreviventes não sabem dizer em quanto tempo o que era um episódio apenas inusitado no palco de um show se tornou uma corrida pela vida. Muitos dos que escaparam não conseguem precisar de modo objetivo os minutos transcorridos entre o instante em que as faíscas alcançaram o teto e o momento em que chegaram à calçada na Rua dos Andradas. Todos afirmam, contudo, que a atenção à banda no palco foi a diferença, para muitos, entre a salvação e a morte.

– Do momento em que pegou fogo até a hora em que eu saí, deve ter levado só uns cinco minutos.A gente estava olhando o show. Quando pegou fogo no teto, meu irmão falou: “Vai incendiar”. Peguei a mão dele, e começamos a ir para trás,para nos afastar do palco – disse o estudante Murilo Xavier Lima.

A atenção de uns ajudou aqueles que estavam mais focados em outros pontos da festa. Um dos sobreviventes mais atuantes no resgate, após haver garantido a própria segurança, o estudante de veterinária Cássio Ruppel, 21 anos, admite que ele próprio não sabia o que estava acontecendo até que foi alertado pelas amigas com quem estava.

– Não vi o início do fogo. Eu estava perto do palco com as duas gurias com quem havia ido até lá,

olhando o movimento, quando, de repente, elas me agarraram e foram me puxando, mandando apressar porque estava pegando fogo. Foi tudo muito rápido, nem havia percebido – diz ele.

Maria Regina Marcusso, 45 anos, foi comemorar o aniversário de 22 anos da filha com outras oito pessoas. Ela conta que estava próximo do palco quando tudo aconteceu: – Quando a bola de fogo se formou bem em cima do palco, peguei a minha filha pela mão e saí correndo.Na porta, não queriam deixar a gente sair sem pagar a comanda, mas conseguimos empurrar a porta e sair.

A estudante Bruna Carolina Mariano, que também estava bem perto do palco, conseguiu escapar e voltou para prestar socorro a quem podia.Viu-se tentando estancar um grave sangramento na perna de uma jovem que havia sido pisoteada na correria.

– Eu e outra moça fizemos um torniquete, mas ela sangrava muito.

Conseguimos fazer um carro parar para levá-la, mas ele estacionou na esquina, então tivemos de carregála. Depois daquilo, nem sei como ela está, ela estava muito ferida – lamentou Bruna,que ficou com a amiga Kellen Rebello da Silva em frente à boate, ajudando no que podiam, até por volta de 5h.

COMUNICADO

Consternado com a tragédia ocorrida na madrugada deste domingo (27), em Santa Maria/RS, e em respeito à memória das vítimas e em solidariedade a seus familiares e amigos, o Grupo RBS comunica que todos os eventos que seriam por ele realizados, ou por intermédio de seus veículos, incluindo o Planeta Atlântida, estão suspensos nos próximos sete dias, acompanhando o período de luto oficial decretado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Grupo RBS está trabalhando para reprogramar os eventos e tão logo seja possível informará amplamente as novas datas por meio de seus veículos de comunicação.

20

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 MAURÍCIO BARBOSA, ESPECIAL

Bombeiros conseguiram tirar em torno de 150 pessoas vivas de dentro da boate, onde também encontraram muita dificuldade para entrar e um cenário de morte

Salvação no caos “Era tudo preto, a decoração, as portas, não tinha luz.

Corríamos sem saber para onde. Fui instintivamente em direção ao que achei que fosse a porta. Era um labirinto, tudo cheio de curvas.

VALTERSON WOTTRICH, 36 anos, músico da banda Pimenta e seus Comparsas, que se apresentou na boate

O

s dois metros de largura da porta, única chance de vida para centenas de jovens que se espremiam dentro da boate Kiss, expeliam espessas baforadas negras. No meio da fumaça, emergiam mãos crispadas,braços esticados, implorando por um impulso que os resgatasse do inferno.

– Puxamos várias pessoas. Eu puxei uma guria pelos cabelos – relata o estudante de Medicina Murilo de Toledo Tiecher,26 anos.

Tiecher fez parte da primeira equipe de resgate,mobilizada de improviso antes da chegada dos Bombeiros por jovens que tiveram a sorte de atravessar o pórtico entre a morte e a vida.Antes de sair, ficara prensado contra uma barra de ferro.Conseguiu pular, mas um segurança, braços abertos, barrava a saída. O homem foi derrubado por um punhado de jovens.Salvos,começaram a salvar.

Quando os bombeiros chegaram, tiveram dificuldade para entrar.Havia pilhas de corpos na entrada da boate.

– Era uma cena horrível. Tivemos que transpor essa barreira para poder chegar até as pessoas que estavam agonizando – conta o comandantegeral,coronel Guido Pedroso de Melo.

Reforço veio de várias cidades Começou um mutirão, no qual bombeiros e policiais trabalhavam ombro a ombro com pessoas que haviam conseguido escapar da boate e com voluntários que passavam pelo local. O estudante de Educação Física Ezequiel Real, 23 anos, resgatou duas dezenas de pessoas, algumas com queimaduras, outras debilitadas por inalar a fumaça.

– Voltei para tirar gente. Era muito difícil, porque as pessoas estavam empilhadas e não se via nada.Agarrava uma perna, um braço, e tentava puxar, mas era difícil. Mantive a calma, mas a fumaça era muito tóxica.

Queimava muito ao respirar Segundo Real, muitos jovens con-

cluíram que não conseguiriam alcançar a porta e correram para o banheiro. Ele viu uma atendente se refugiar dentro de um freezer.

Eduardo Buriol, 22 anos, salvou-se por pouco. Na correria, tropeçou em um degrau e caiu, mas um amigo o amparou até a saída.Viu gente escapando com os cabelos queimados, garotas que perderam a roupa enquanto fugiam. Decidiu voltar à Kiss para salvar quem tivera menos sorte.

– Teve gente que morreu a um metro da saída.

Depois de transpor o muro de corpos,os bombeiros teriam conseguido resgatar em torno de 150 pessoas ainda vivas – mas depararam principalmente com a morte.A maior quantidade dos cadáveres se empilhava no banheiro. Enquanto vivos e mortos eram resgatados, o entorno da boate se convulsionava.A ajuda chegava de todos os lados: policiais militares (mais de 80 homens), policiais rodoviários (mais de cem) e guardas municipais (110) trabalhavam em meio a uma multidão de gente atarantada.

Os bombeiros atuavam com 50 homens, alguns de municípios vizinhos. Depois, chegou um reforço de 35 profissionais da Capital. Os populares que ajudavam no resgate trabalhavam de torso nu.Molhadas pela água das mangueiras, as camisas queimavam em contato com a fumaça, e por isso eram eliminadas.

Entre as pessoas que acorreram ao local na esperança de oferecer algum auxílio,estava Júlia Wilasco Vieira, 25 anos, estudante de Medicina em Porto Alegre.Em Santa Maria para visitar uma amiga,havia cogitado ir à Kiss, mas depois mudou de planos com amigos.

Mais tarde,o grupo foi até a boate para conferir a movimentação e deparou com o caos.

– Tentei reanimar um rapaz, mas ele não tinha mais pulso.

Estavam tirando muitos homens, sem camisa, provavelmente rapazes que tentaram prestar socorro e acabaram inalando fumaça.

21

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

O morador de Santa Maria Alberto Tessmer, 35 anos, chegou à boate Kiss às 2h55min e participou durante duas horas dos esforços de resgate. Ele deu um depoimento a Zero Hora.

Militar morreu em resgate a amigos O instinto incontrolável de ajudar os amigos acabou custando a vida de Leonardo Machado de Lacerda, 28 anos, tenente da Cavalaria do Exército. Há cinco anos morando no Rio Grande do Sul, o carioca estava na boate Kiss quando o desespero tomou conta de todos que tentavam escapar da asfixia causada pela fumaça.

Em meio ao pânico e à gritaria, Lacerda chegou a tirar um amigo do estabelecimento e não hesitou em retornar para tentar resgatar outros que ficaram lá dentro. A ansiedade em salvar os colegas, porém, acabou encerrando a trajetória de um jovem apaixonado pelo serviço militar.

– Uma das maiores paixões dele eram carros blindados, ele estava muito feliz com a transferência para Santa Maria – conta o médico Carlos Sparta, 26 anos, que trabalhou ao lado de Lacerda em Rosário do Sul. Nascido no Rio de Janeiro,o jovem mudou-se para o Rio Grande do Sul em 2008 para trabalhar no Exército.

Permaneceu em Rosário do Sul até

dezembro de 2012, quando recebeu a notícia da transferência para a cidade da região Central do Estado.

– Estive com ele há 15 dias no Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, quando ele me falou das perspectivas de trabalhar na nova unidade.

Ele gostava muito do Rio Grande do Sul – conta Lacerda.

Familiares viajaram do Rio Ao saber da notícia da tragédia pela televisão na manhã de domingo, o médico imediatamente se preocupou com o amigo e tentou entrar em contato pelo celular.

– Chamou várias vezes e nada.Leonardo foi um grande companheiro, que sempre esteve ao lado dos amigos nas horas mais difíceis, até mesmo no momento que lhe custou a vida – disse,emocionado,o amigo.

O corpo de Lacerda foi reconhecido ontem em Santa Maria pelos pais, que moram no Rio de Janeiro.

“Tentamos montar uma corrente”

D

Leonardo Machado de Lacerda retornou à boate para socorrer

epois de sair de um bar próximo,onde estava com minha esposa,minha sobrinha e amigos,vi a movimentação dos Bombeiros.Achei que era uma situação controlada e fui fazer fotos.

Quando cheguei perto da boate,me apavorei.Larguei a câmera e fui tirar gente.Eram muitas pessoas gritando, caindo no chão,desmaiando.

Naquela hora, os bombeiros estavam chegando. Estacionavam e desenrolavam as mangueiras. Todo mundo ajudava: gente que havia conseguido sair da boate e outros que passavam por ali. Na hora, todo mundo era uma família, e os bombeiros ofereciam material para a gente ajudar.

Fiquei a maior parte do tempo colaborando na porta.

Saía muita fumaça por ela, mas havia uma altura de uns 30 centímetros, junto ao chão, que estava mais livre. Como várias outras pessoas, eu puxava o ar e entrava engatinhando, para evitar a inalação.Avançava uns oito, 10 metros, para dentro da boate. Os

olhos queimavam muito. Enxergava um vulto, pegava, puxava o corpo.

Peguei assim umas vinte e poucas pessoas. Na porta, passava as vítimas para outras pessoas, que as levavam. Tentamos montar uma corrente, improvisada. Sei de gente que entrou dentro da boate para ajudar e não voltou.

Perto da porta havia uma janela lacrada por dentro.Perto das 3h30min,fui para lá.Começamos a bater na janela com marretas dos bombeiros,para arrancar a grade e abrir um buraco para criar um novo caminho para acessar o local.

Tiramos a grade e derrubamos a proteção de madeira que fechava a janela.Do lado de dentro,tinha um pessoal que ia alcançando os corpos por ali.Alguns não tinha pulsação nenhuma,outros engasgavam e apresentavam contrações pulmonares,mas é difícil dizer se as pessoas estavam vivas ou mortas.O importante era tirá-los dali.A gente ia tirando,e o pessoal de ambulâncias, de táxis e veículos particulares iam levando para hospitais.”

ALBERTO TESSMER, ARQUIVO PESSOAL

Alberto Tessmer auxiliou no resgate nos primeiros momentos, conseguindo retirar mais de 20 pessoas do local. Na imagem acima feita por ele, a porta da boate

22

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 ARQUIVO PESSOAL

Duas diferentes mensagens postadas no Facebook descreviam a festa na Kiss: na primeira, DJ fala de boate megalotada, na outra, um pedido de socorro

Pânico circulou em tempo real NILSON MARIANO

R Mesmo com 20 anos de experiência na corporação, nunca vi uma tragédia desse tamanho. A gente vê os familiares se abraçando aos corpos, não tem como não se emocionar.

CRISTIANO BECKER DA SILVA 1º sargento do Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul

edes de relacionamento social expuseram, em tempo real, o pavor que acometeu os frequentadores da boate Kiss, na madrugada do domingo.

Prisioneiras dentro da casa noturna em chamas, impedidas de escapulir pelas portas trancadas por seguranças que não conseguiam ver a tragédia, as vítimas recorreram a smartphones para pedir socorro. Era o fio de esperança que restava.

O pânico, o terror e a impotência circularam de forma instantânea. Um dos apelos mais dramáticos ecoou às 3h20min.

Michele Cardoso usou o celular para disparar um alarma no Facebook.Escreveu somente quatro palavras, na pressa de quem está a perigo, o suficiente para noticiar o sinistro e implorar por ajuda.Ainda grafou o nome da boate com letras maiúsculas, para que não houvesse dúvidas sobre o local: – Incêndio na KISS socorro.

Michele não mais se comunicou – seu nome apareceria na lista de mortos depois. Mas, naquele início de madrugada, as 21 letras que postou acionaram um grupo

de amigos que passou a pedir informações – e a multiplicar o SOS. Tudo na linguagem abreviada, sem vírgulas ou acentos, de quem digita um teclado virtual impelido pelo desespero, acreditando que alguns segundos ganhos podem salvar uma vida.

Letícia Côrtes foi a primeira a perguntar por Michele, às 3h40min: – serio mii?

A partir daí, uma torrente de preocupações irrompeu na página do Facebook de Michele. Frases com letras engolidas, truncadas, evidenciaram a ansiedade de quem buscava um informe.

– Tu ta bem, um amigo acabo de me ligar dizndo q ta no hospital ajudando os feridos... – questionava Gláucia Pires, às 4h48min.

Um minuto depois,Gláucia insistiu com a amiga silenciosa. O ponto de interrogação ressou no vazio.

– ?????

Outras colegas se conectaram, aflitas por Michele.

– tu tá bem? – perguntou Daniela Sudati, às 5h30min.

– Miiiiiiiii – angustiava-se Jéssica Corrales Brandli, às 6h32min.

Confiando na ferramenta virtual, no minuto seguinte Jéssica voltou a clamar: – tah beeem?!

Michele estava incomunicável, para tormento das colegas. Às 7h13min, Laady Soares Rosa engrossou o coro dos agoniados. Ela espichou as sílabas da mensagem, como se gritasse para amplificar a súplica: – Miiiicheleee, ta bem? da notícias por faavor!

Alarme em baile da cidade O Facebook que narrou o horror também registrou os momentos de alegria que antecederam o desastre. Às 20h38min de sábado,ignorando que seria uma das vítimas, Fábio José Cervinski convocava amigos para o baile,telegraficamente.

– Concentração para logo mais.

Nove pessoas curtiram o comentário de Fábio. Um deles desejou bom divertimento: – gurizada parceria boa festaaaaaaaa!!!!!!

Ainda no sábado, às 23h36min, Clarissa Teixeira – outra das vítimas – avisou que rumava para a Kiss. Na linguagem cifrada dos jovens, disse que celebraria o aniversário de uma amiga.

– Partiu pro aniver da minha mala favorita – escreveu.

Uma imagem da festa também

foi divulgada. O DJ Bolinha, uma das atrações da Kiss, postou uma foto da boate lotada, os bailarinos sorridentes, sem imaginar que uma conjunção de insensatez iria ceifar vidas. Os efeitos pirotécnicos no palco, nítidos no clique do DJ, já assomavam no ambiente que seria devorado pelo fogo instantes depois.

Mas os relatos dos preparativos foram substituídos pelos rogos de auxílio de quem estava encarcerado na boate. E foram ouvidos em outros bailes. Em um tradicional clube de Santa Maria, numa festa de formatura de Odontologia, jovens pararam de dançar para acessar seus smartphones.

Reuniam-se aos cantos, pressurosos, para trocar informações.

O salão se esvaziou parcialmente.

Um travo amargo abortou a euforia de quem pretendia se divertir até o sol raiar. Às 8h20min de ontem, cinco horas depois de alertar sobre o incêndio na Kiss e implorar por socorro, Michele Cardoso continuava sendo procurada pelos que compartilhavam a narração da tragédia via Facebook. Sua amiga, Luane Scheffer, mortificava-se: – miiiiiiiiiiiiii tu ta beeeem? nilson.mariano@zerohora.com.br

23

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

REPRODUÇÕES/FACEBOOK

Miiiii vc e as gurias estão bem??? De noticias...

Antes do incêndio, DJ Bolinha, uma das atrações da Kiss, postou uma foto da festa, dizendo que estava “megamente” lotada.

Depois, às 3h20min, Michele Cardoso postou um pedido de socorro no Facebook

BERNARDO PINHO Amigo de Michele Cardoso

Está tudo bem com vc e a Fê? quanndo puder mande notícias...

LUIGI CALDANA Amigo de Michele

Miiiicheleee,ta bem?da notícias por faavor!

LAADY SOARES ROSA Amiga de Michele

24

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 LAURO ALVES

Nas redes sociais, multiplicaram-se as manifestações de solidariedade, assim como as postagens irresponsáveis, que chocaram quem buscava informações

Cláudia Laitano claudia.laitano@zerohora.com.br

Reação em rede

E

m momentos de tragédias como a de Santa Maria, as redes sociais revelam o melhor e o pior não apenas do ser humano, mas do uso que podem ter essas ferramentas que aproximam pessoas e possibilitam a troca de informações em tempo real. Como em qualquer espaço público, há nas redes pessoas de quem queremos nos aproximar,porque oferecem conforto ou informação de boa qualidade, e pessoas que parecem pertencer a uma categoria de ser humano que se mostra incapaz de interagir socialmente de forma construtiva – pelo menos virtualmente.

Na mesma velocidade com que internautas próximos e distantes da tragédia, anônimos e famosos, manifestavam solidariedade e multiplicavam o alcance dos pedidos de ajuda e das orientações para voluntários espalhados por todos o país, usuários de Twitter e Facebook eram surpreendidos por revoltantes manifestações de xenofobismo, humor negro, condena-

ções morais de tom religioso (pelo fato de a tragédia ter acontecido em um local de diversão), além de análises apressadas pedindo linchamento indiscriminado antes mesmo de se saber exatamente o que tinha acontecido.

Quem permaneceu o dia inteiro conectado no assunto foi obrigado a desviar de todo o tipo de lixo virtual reunido em páginas do Facebook, blogs criados especialmente para postagem de comentários irônicos e perfis do Twitter que disseminavam o ódio e a irracionalidade.

Nessas horas, quando as opiniões não são mediadas pela reflexão ou pelo bom senso, é possível agir no mundo virtual com a falta de caráter que a relação presencial eventualmente ajuda a disfarçar.

Manifestações desse tipo acabam ofendendo não apenas as vítimas e suas famílias, mas todos nós que aprendemos a transformar as redes sociais em uma espécie de segunda sala de estar das nossas casas – e que vimos essa sala ser invadida

por dor e consternação nas últimas horas, assim como pela violência verbal, pelo rancor e pela irresponsabilidade.

Esse lado obscuro, porém, está longe de dominar as redes sociais. Desde o início da manhã de domingo, Facebook e Twitter serviram para que ganhassem alcance os pedidos de reforços de profissionais para atender os sobreviventes e suas famílias, para disseminar informações de utilidade pública e para que pessoas de boa-fé encontrassem os melhores canais para oferecer ajuda. Possibilitaram ainda o espaço ideal para o imenso luto coletivo que tomou conta não apenas do Estado, mas do mundo inteiro, transformado pela tecnologia em uma pequena aldeia – onde todos nos sentimos vizinhos e ligados uns aos outros, mais do que nunca.

As redes são o que quisermos fazer delas. É lamentável que o mal ganhe tanta visibilidade, mas o bem pode aparecer muito mais e melhor. E isso depende de cada um de nós.

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

25

Mensagens de choque e apoio Músicos, atores, jogadores de futebol e outras personalidades manifestaram, pelas redes sociais, sua tristeza com a tragédia de Santa Maria.As notícias tiveram repercussão mundial e resultaram em mobilização em contas de famosos no Twitter, nas quais a consternação foi geral.

Confira algumas das mensagens, postadas durante o domingo.

Leandra Leal, atriz

@Leandra–Leall Triste acordar e deparar com essa Tragédia. Não existe segurança no Brasil, só insegurança!

Lucas Leiva, jogador do Liverpool

Lady Gaga, cantora americana

@ladygaga Mandando minhas preces aos familiares e amigos que perderam entes queridos no incêndio no Brasil.

Pensando em vocês nesta tragédia.

Maria Rita, cantora

@MROFICIAL Bom dia… mais ou menos… dando uma passada para ver se consigo ajudar de alguma maneira… que tragédia… que tragédia…

José de Abreu, ator

@ZehdeAbreu Toda solidariedade aos pais dos jovens mortos. Enterrar um filho é a vida invertida.

Thedy Corrêa, músico

@thedycorrea Pelo q vejo nas fotos a boate foi reformada e haviam outras portas, só q agora fico sabendo q eles estavam sem alvará. COMO PODE???

Preta Gil, cantora

@PretaGil Meus sinceros sentimentos

aos familiares das vitimas do Incêndio em Santa Maria RS fiquei chocada!!

Serginho Groisman, apresentador

@oserginho Acabo de saber da tragédia em Santa Maria. Sofrimento profundo de todos e meus sentimentos para os pais e amigos.

@LucasLeiva87 Que notícia triste sobre a tragédia em Santa Maria.

Que as famílias tenham muita força neste momento #LutoRS Romario11, ex-jogador

Rodrigo Lombardi, ator

@RomarioOnze Q dia triste, hein, moçada?! Peço a Papai do Céu que conforte as famílias e amigos desses jovens que perderam a vida neste incêndio.

@RoLombardiReal Aos familiares das vitimas da tragédia em Santa Maria RS, que Deus possa confortar o coração e a mente de todos. Beijos...

@aguerosergiokun Que tristeza tanta muerte y tanto dolor. Como puede ser que sigan pasando estas cosas!

Gloria Perez, autora de novelas

@gloriafperez Essa tragédia em Santa Maria lembra o incêndio do Circo em Niteroi!

Leo Jaime, músico

@LeoJaime Sem saber o que dizer, sem saber como lidar com este sentimento, tenho vontade de sair e doar sangue.

Aguero, jogador da seleção argentina

Neymar, jogador do Santos

@Njr92 Que Deus dê força aos familiares!

Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa

@jeromevalcke Muito triste ao saber da tragédia no Sul do Brasil. Minhas condolências às famílias das vítimas.

Daniel, cantor

@cantordaniel Positividade para todas as famílias envolvidas nessa tragédia em Santa Maria RS!!!

Lucas Moura, jogador do PSG

@LucasnaRede_ Noticia triste e lamentável. Chocado com o número de pessoas q foram atingidas nesse acidente em #SantaMaria.

Gusttavo Lima @Gusttavo_lima

Que Deus conforte o coração de todos.

26

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 ROBERTO STUCKERT FILHO, PR

Presidente Dilma cancelou agenda no Chile, viajou a Santa Maria e, por cerca de uma hora, acompanhou a consternação de familiares nos hospitais e no ginásio

A emoção de Dilma Brasília

A KELLY MATOS

A gente gritou ‘tá pegando fogo, tá pegando fogo’, mas o segurança abriu os braços e estava tentando manter a porta fechada.

Uns cinco ou seis caras derrubaram o segurança e colocaram a porta abaixo.

Era a única saída.

MURILO DE TOLEDO TIECHER, estudante, 26 anos

informação sobre a tragédia em Santa Maria chegou à presidente Dilma Rousseff por volta de 7h de ontem, horário local de Santiago, no Chile.

No 14º andar do Hotel Ritz-Carlton, a ministra Helena Chagas (Comunicação Social), que havia recebido um telefonema da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), comunicou a presidente sobre o incêndio ocorrido na boate Kiss,onde estavam centenas de jovens – a maioria deles estudantes universitários. Naquele momento, sabia-se que o número de vítimas passava de cem.

– Me liga com o Tarso agora.Precisamos saber de tudo – reagiu Dilma, chocada com a notícia.

Sensibilizada, a presidente ordenou a assessores próximos que suspendessem todos os compromissos marcados para o domingo.A agenda oficial previa a participação da presidente em reuniões bilaterais com chefes de Estado presentes na Cúpula

da Comunidade de Estados LatinoAmericanos e Caribenhos (Celac) – União Europeia. Ainda em Santiago, Dilma disparou as primeiras ligações aos ministros Alexandre Padilha (Saúde), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Maria do Rosário. A eles, determinou que direcionassem todos os esforços para atender às vítimas da tragédia.A presidente também telefonou ao governador do Estado, Tarso Genro,e ao prefeito Cezar Schirmer.

– Eu não vou continuar na reunião por razões muito claras.Quem precisa de mim hoje é o povo brasileiro e é lá que eu tenho de estar – explicou a presidente, visivelmente emocionada, a jornalistas, no saguão do hotel, antes de embarcar para Santa Maria.

Força Nacional do SUS acionada O avião com a equipe presidencial deixou a capital chilena por volta das 11h.Antes de partir, Dilma havia encarregado o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) de representá-la nos eventos relacionados ao

encerramento dos trabalhos naquele país. O chanceler também ficou com a missão de explicar ao presidente do Chile, Sebastián Piñera, o que havia ocorrido no Rio Grande do Sul. Naquele momento, a ministra Maria do Rosário já estava se deslocando para Santa Maria, acompanhando a comitiva do Palácio Piratini, com o governador Tarso Genro.

Também acionado por Dilma, o ministro Alexandre Padilha deixou São Paulo logo cedo, rumo ao Estado. Antes de viajar, Padilha acionou a coordenação da Força Nacional do SUS para identificar as principais necessidades da cidade em relação a equipes médicas, leitos e suprimentos para o atendimento das vítimas.

– Há uma mobilização de recursos para que a gente possa fazer não só o resgate dos corpos, que é o apoio que nós podemos dar às famílias, e também um tratamento muito rápido e muito eficiente aos feridos – explicou a presidente Dilma.

Também de São Paulo, o ministro José Eduardo Cardozo telefonou para o governador e colocou as equipes da Força Nacional de Segurança

e da Polícia Federal à disposição dos gaúchos. Já o ministro da Educação, Aloizio Mercadante – que acompanhava a presidente Dilma no Chile – telefonou ao reitor da UFSM, Felipe Martins Müller, e ofereceu toda a estrutura dos hospitais universitários.

A presidente Dilma desembarcou na base aérea de Santa Maria por volta de 13h30min. Antes de seguir para o Centro Desportivo Municipal, local onde estavam os corpos das vítimas, foi ao Hospital de Caridade, prestar solidariedade aos feridos.

Pouco depois, Dilma, que já havia se emocionado, chorou ao abraçar os familiares das vítimas, no ginásio esportivo. Preocupada, ao avistar familiares que aguardavam por notícias do lado de fora, a presidente determinou às autoridades que providenciassem um local adequado para recepcioná-los – com atendimento médico e psicológico.

Após visitar a cidade por cerca de uma hora, Dilma retornou a Brasília no final da tarde e decretou luto oficial de três dias. kelly.matos@gruporbs.com.br

27

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

JULIANA GELATTI, ESPECIAL

EVENTOS CANCELADOS PLANETA ATLÂNTIDA TERÁ NOVA DATA O Planeta Atlântida, que seria realizado na próxima sexta e sábado, foi suspenso em solidariedade às vítimas e famílias do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Em comunicado, o Grupo RBS informou que, “em respeito à memória das vítimas e em solidariedade a seus familiares e amigos”, todos os eventos que seriam por ele realizados, ou por intermédio de seus veículos, incluindo o Planeta Atlântida, não ocorrerão nos próximos sete dias, acompanhando o período de luto oficial decretado pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul. A nova data do Planeta Atlântida será definida assim que a

organização conseguir reagendar os shows marcados para o evento. Segundo o diretor-geral da Engage Eventos, Flávio Steiner, o festival de música deve ocorrer ainda em fevereiro.

– Tudo vai depender da agenda dos artistas, de fornecedores e todos os envolvidos para que os shows aconteçam. É uma estrutura gigante. Passamos todo o domingo em contato com artistas e empresários – afirmou Steiner.

A Engage Eventos disponibilizou dois telefones para informações, que estarão funcionando a partir das 10h de hoje: (51) 32178065 e 3217-8069.

Esclarecimento Na edição desta segunda-feira do Segundo Caderno, que já estava impressa quando o Planeta Atlântida foi suspenso, foram publicados nota, na Contracapa, e serviço para compra de ingressos, na Agenda, que não incluem as informações sobre o cancelamento.

RODADA DO GAUCHÃO A rodada do Gauchão, prevista para ontem, foi adiada pela Federação Gaúcha de Futebol.

A nova data deve ser na Quartafeira de Cinzas, 13 de fevereiro.

MUAMBA NA CAPITAL A muamba do Carnaval de Porto Alegre, que ocorreria nos dias 1º e 2 de fevereiro, foi cancelada.

500 DIAS PARA A COPA Em Brasília, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, determinou o cancelamento do evento em alusão aos 500 dias para a Copa do Mundo que ocorreria hoje no Estádio Mané Garrincha. O evento era parceria entre o governo local, o Ministério do Esporte, a Fifa e o Comitê Organizador Local.

REDES SOCIAIS Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República “O Brasil inteiro está triste e de luto pelas mortes ocorridas no incêndio em Santa Maria. Nesse momento difícil, expressamos nossa solidariedade aos amigos e familiares das vítimas e a toda a população da cidade, mas em especial aos pais e mães por essas perdas irreparáveis. Nossos sentimentos.”

Germano Rigotto, ex-governador – @ rigotto “Não se tem o que dizer a não ser nos solidarizar com a comunidade de Santa Maria e com os familiares das vítimas pela tragédia desta madrugada.”

Maria do Rosário, ministra – @_ mariadorosario “Domingo muito triste no RS por incêndio e tragédia em Santa Maria. Necessário cuidar de sobreviventes, apoiar famílias, prevenir tragédias.”

Paulo Paim, senador – @paulopaim “Minha solidariedade aos familiares das vítimas da tragédia de Santa Maria.”

Pedro Simon, senador – @simonimprensa “Minhas orações e solidariedade aos familiares das vítimas da tragédia em Santa Maria, horror que choca o país.”

Ana Amélia Lemos, senadora – @ anaamelialemos “Chorar os mortos na tragédia de Santa Maria e consolar as familias que perderam filhos é o que fazemos todos nos diante dessa catástrofe!”

Acompanhado da ministra Maria do Rosário, Tarso Genro esteve na cidade e visitou as vítimas

Autoridades mobilizadas Ainda era madrugada quando o governador Tarso Genro foi informado da tragédia. Ao receber o telefonema do secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, começou a coletar as informações disponíveis e a mobilizar os mecanismos de saúde e segurança, antes de partir para Santa Maria, onde chegou a ver os corpos dos jovens mortos na danceteria estendidos no chão.

– É uma dor que tem repercussão em todo o mundo,uma tragédia brutal – resumiu Tarso, em entrevista concedida no Piratini,no fim da tarde.

O governador evitou falar em culpados e disse que um inquérito policial “profundo, incisivo e rápido”será feito para apurar as causas concretas da tragédia,com provas científicas e técnicas.

Tarso decretou luto oficial de sete dias no Estado.O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer assinou o decreto de 30 dias.A Universidade Federal de

Santa Maria (UFSM) suspendeu todas as atividades acadêmicas durante três dias – entre hoje e quarta-feira.

A tragédia sensibilizou autoridades de todo o país, que pelas redes sociais e por meio de notas oficiais se manifestaram, e mobilizou vários órgãos do Estado. Pelo Tribunal de Justiça (TJ), o desembargador Marcelo Bandeira Pereira viajou para a cidade e montou um esquema com a direção do Foro de Santa Maria para simplificar os procedimentos legais que envolvem a identificação dos corpos.O TJ também colocou psicólogos e assistentes sociais do Juizado da Infância e da Juventude à disposição das autoridades. Três dos mortos eram funcionários do Fórum de Santa Maria, que ficará fechado por três dias.

O Ministério Público do Estado irá acompanhar as investigações. O procurador-geral, Eduardo de Lima Veiga, também esteve na cidade.

Marco Correia @maccorreia (via Twitter)

Que tragédia absurda a de Santa Maria!

Conheço a cidade, onde morei e trabalhei por 6 meses.

Povo e cidade maravilhosa!

Minha solidariedade e luto!

28

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

29

SANTA MARIA, 27/01/2013 RONALD MENDES

FÉLIX ZUCCO

104 chamadas não atendidas Carlos Walau, 36 anos, foi um dos socorristas voluntários que ajudaram a tirar mais de 200 vítimas de dentro dos caminhões para o ginásio do Centro Desportivo Municipal.

– Tirei o corpo de uma menina que estava com um celular que não parava de tocar.

Em seguida, deu barulho de mensagem, li e era a mãe dela perguntando onde ela estava – relata,com a voz embargada.

Na tentativa de auxiliar na identificação dos mortos,integrantes do Grupo de Gerenciamento da Crise colocavam documentos de identificação – como identidade e carteira de habilitação – e celulares no peito das vítimas. Um bombeiro apanhou um daqueles telefones que tremiam no chão. O aparelho registrava 104 chamadas.Na tela: MÃE.

O cenário era infernal: copos quebrando, gente caindo, empurraempurra. Para as mulheres, era ainda mais difícil disputar a saída da casa pelo corredor estreito que conduz até a saída, onde há poucas e pequenas portas que finalmente conduzem à rua.

LUCIENE LOUZEIRO, 32 anos

FÉLIX ZUCCO

Choro, revolta, reza, consternação e o silêncio mais profundo: o domingo no Centro Desportivo Municipal deixará em todos nós lembranças insuportáveis

Tulio Milman tulio.milman@zerohora.com.br

Fragmentos do que sobrou

A

Santa Maria

dor desenhou durante todo o dia de ontem um mosaico de sons e de silêncios no Centro Desportivo Municipal de Santa Maria.

Uma mãe, chorando: – Ela estava com camiseta da Kiss.Aí foi fácil reconhecer.

A tia, ao ouvir a frase acima: – Não é possível, não é possível, não é possível, não é possível...

Uma amiga, perguntando a uma mãe: – Ela tinha tatuagem?

A mãe, chorando: – Eu já reconheci. Ela está lá.

Debruçado sobre um caixão, o pai de um dos mortos tenta abrir a tampa que cobre o visor. É interrompido por um abraço.

Sentada numa cadeira de plástico, uma mulher de camisa laranja enxuga um olho de cada vez. Direito, esquerdo, direito, es-

querdo. Mecanicamente, repete o gesto dezenas de vezes.

Um homem tenta entrar no ginásio de onde os corpos eram carregados para os carros funerários. Uma policial não permite e ouve: – Vocês são insensíveis! Queria ver se fosse um parente de vocês.

A policial fica em silêncio.

Pelo sistema de som do ginásio: – Atenção! Atenção! Estamos chamado um nome que começa por R, mas isso não quer dizer que todas as outras letras já tenham sido chamadas.

Um garoto magrinho de camiseta, que carrega uma caixa de papelão entre o mar de pessoas atônitas: – Quer uma água?

O funcionário de uma funerária: – Não temos como levar um corpo para Panambi, mas, se a senhora me apresentar a família, eu encaminho eles.

De um homem com calça jeans e camiseta: – A mãe veio e passou mal. Pediu para

eu fazer o reconhecimento.

De uma policial a um familiar: – Se tiver uma foto junto, sempre ajuda.

Da mulher gritando na porta do ginásio onde os corpos eram reconhecidos: – Francisco Vieira, tem alguém aqui?

Silêncio.

Na mesma porta, uma senhora de óculos: – Aqui é pra reconhecimento?

Do radialista de uma cidade do Interior: – Tulio, temos aqui nosso vice-prefeito.

Posso fazer uma foto de vocês dois juntos?

Uma menina aos prantos, falando com dois amigos: – Eu estava lá dentro da Kiss e consegui sair. Liguei pra ela e só ouvi ela dizer “me ajuda, me ajuda”.Aí acabou a ligação.

Uma mulher de camisa florida: – Isso parece uma guerra. Parece uma guerra.

A madrinha de um dos mortos: – Ele foi à festa de aniversário da namorada e não voltou.

Sobre o caixão, a namorada chora.

A freira segura um rosário ao lado do caixão: – Ave Maria, cheia de graça...

Uma menina de blusa de alcinha, na ponta dos pés, ao telefone, procurando alguém no meio do multidão: – Nós já estamos aqui dentro.

A mãe de uma menina morta, falando com a outra filha ao celular: – A psicóloga já está aqui com a mãe, não te preocupa comigo.

Um rapaz de camisa branca diz a uma menina que chora: – Minha mulher trabalhava com ela e já reconheceu.

Um homem abre caminho com um caixão embrulhado em papel pardo nos ombros: – Com licença, com licença.

Um soldado do BOE empurra o biombo que impede a visão dos corpos e sai do ginásio. Ele caminha para longe e diz, em voz baixa: – Eu não aguento mais.

Agentes de funerárias levavam caixões a todo momento ao CDM de Santa Maria

“Não tenho mais esperança” Santa Maria MARILICE DARONCO

Quando Ildo Toniolo soube que a filha, Leandra Fernandes Toniolo, 23 anos, não estava internada em nenhum dos hospitais de Santa Maria, seu peito ficou apertado. As lágrimas caíam sem parar.

Nem o abraço da família consolava. Não adiantava dizer que ela ainda podia estar a salvo e que, quem sabe, logo daria notícias. Não demorou para que Toniolo soubesse, por meio das amigas dela – com quem sua carteira de identidade havia ficado –, que, quando todos corriam para fora da boate Kiss, a jovem estava no banheiro, onde, todos comentavam, foram encontrados corpos amontoados.

Em meio às chegadas e saídas dos

caminhões carregados de vítimas, sem conseguir contato com a filha, Toniolo sentenciou: – Não tenho mais esperança.

E chorou de uma forma incontrolável.

O coração deste pai, que madrugou em frente ao CDM, não estava enganado.

No começo da tarde, Toniolo identificou o corpo da filha. A telefonista e estudante de radiologia, que será sepultada hoje, às 8h, no Cemitério de Santa Flora, deixou para a família a marca de uma jovem dedicada, trabalhadora, apegada à família. Filha de Toniolo e de Márcia Fernandes, a santa-mariense Leandra era mãe de uma menina de um ano e quatro meses. marilice.daronco@diariosm.com.br

Ildo Toniolo perdeu a filha, Leandra, 23 anos, mãe de uma menina

30

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

Horror em nove As famílias dos mais de 230 mortos esperam respostas. O governador Tarso Genro resumiu o que diversas autoridades disseram ao longo do domingo, ao afirmar que investigações foram abertas e responsabilidades serão apuradas. Divergências e informações desencontradas, no entanto, mostram que a missão de apontar as causas da tragédia e de identificar culpados não será simples.

Questões básicas,como se a boate deveria ou não ter saída de emergência, permanecem sem explicação,apesar de estarem claramente previstas em lei.

Após ouvir especialistas, Zero Hora listou nove pontos que devem permear as investigações a cargo da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros.

O trabalho científico do Departamento de Criminalística revelará as causas físicas do incêndio.Restará aos demais personagens desta investigação indicar quem falhou nos processos que poderiam ter evitado a tragédia.

1

SINALIZADORES

Sobreviventes relatam que as chamas teriam começado após uso de sinalizadores durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira.Os relatos divergem,no entanto, quanto à origem das chamas: se seriam provenientes de um sinalizador de mão segurado por um integrante do grupo ou do lançador de pequenas faíscas a partir de plataformas fixadas no chão,conhecido como sputnik.

2 PLANO DE PREVENÇÃO VENCIDO

A danceteria Kiss está com o Plano de Prevenção e Controle de Incêndios vencido desde agosto de 2012.A informação é do subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Altair Cunha,que é bombeiro e viajou para Santa Maria.

– É normal que se permita o funcionamento enquanto um novo plano de prevenção é verificado, já que eles tinham um plano anterior aprovado – explica Altair.

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Guido Pedroso de Melo, também confirma que plano de prevenção estava vencido. Os bombeiros já tinham notificado a boate para a renovação.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO Será apurado se os trâmites da renovação do plano de prevenção estavam dentro do prazo normal e se a casa tinha mesmo os requisitos mínimos de segurança para seguir funcionando.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO

O laudo do Departamento Criminalística deve apontar qual a origem do fogo e subsidiar a investigação. Proibido por lei, o uso de recursos pirotécnicos dentro de casas noturnas será investigado pela Polícia Civil.

Os estabelecimentos têm de estar com o Plano de Prevenção e Controle de Incêndios (PPCI) em dia.A hipótese de o estabelecimento funcionar enquanto a renovação do PPCI tramita depende de análise preliminar dos bombeiros. Se houver uma situação de risco iminente, pode ser pedida a interdição do local.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO Conforme o tenente do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre Miguel Augusto Ribeiro, efeitos pirotécnicos não podem ser empregados em ambientes fechados.

ARQUIVO PESSOAL

3 SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

Relatos de testemunhas indicam que havia apenas uma possibilidade de saída, ou seja, a porta principal, e que ela teria sofrido obstrução dos seguranças da casa.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Guido Pedroso de Melo, as dimensões da porta de acesso principal permitiam o funcionamento da casa sem saídas de emergência.A polícia deve apurar se a informação procede e cotejar o cenário do incêndio com as normas estabelecidas pela legislação.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO Há divergência entre o que diz o comandante Guido e o que estabelece a legislação.A norma da ABNT, que serve de parâmetro para a lei estadual, diz que locais de reunião de público, como boates e clubes noturnos, devem ter duas saídas. Mesmo que se considerasse a única porta existente no local – por onde sobreviventes se esmagavam em busca de ar – como uma saída de emergência, ainda deveria haver outra.

31

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

passos

4 5 6 LOTAÇÃO

LUZES DE EMERGÊNCIA

EQUIPES DE INCÊNDIO

O número de pessoas na festa ainda é impreciso. Há relatos de que havia mais de mil. O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Altair Cunha, chega a falar em cerca de 1,5 mil jovens na boate.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO

7 BASCULANTES LACRADAS

Além de apurar o número aproximado de pessoas dentro da casa, a Polícia Civil deve solicitar ao Corpo de Bombeiros cópia do alvará onde está previsto a ocupação máxima de pessoas dentro da Kiss.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO

Conforme o coronel Guido Pedroso de Melo, comandante do Corpo de Bombeiros, para obtenção do alvará dos bombeiros, a casa havia informado que a capacidade era de mil pessoas.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO A investigação terá de verificar que tipo de iluminação de emergência havia no local, a quantidade e se estavam distribuídas conforme a legislação determina. O comandante dos Bombeiros no Estado, coronel Guido Pedroso de Melo, informou ontem que vistorias constataram a existência de luzes de emergência.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO A legislação determina que a iluminação de emergência seja abastecida por fonte própria – portanto, diferente da fonte que abastece o local atingido pelo fogo. Cada lâmpada tem de ter capacidade de funcionamento de uma hora.

Conforme relatos de um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no momento em que o incêndio se iniciou, funcionários entraram em desespero e não conseguiram auxiliar no combate ao fogo.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO Se funcionários da casa noturna passaram por treinamento específico de brigada de incêndio.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO Conforme a lei, um estabelecimento como a Kiss teria de ter pelo menos quatro pessoas treinadas e habilitadas a lidar com os extintores. A lei define, inclusive, a carga horária de treinamento.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO A Polícia Civil investigará porque as pessoas fizeram das janelas uma alternativa para sair do local. Uma das hipóteses é de que problemas na sinalização tenham levado as vítimas a crer que as portas dos banheiros seriam, na verdade,portas para fora do prédio.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO

Dezenas de relatos de testemunhas indicam que o local ficou às escuras logo que o fogo começou, o que dificultou o socorro.

Sem saída de emergência,muitas vítimas tentaram fugir pelas janelas dos banheiros,mas encontraram as basculantes bloqueadas por tábuas. Conforme o presidente regional do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Marcelo Suarez Saldanha, as vítimas tentaram sair pelas janelas dos dois banheiros.

– Elas foram se empilhando no local. Quebraram os vidros, mas não conseguiram passar pela madeira, que integrava a fachada da casa noturna.

Na visão do engenheiro civil, que produzirá um laudo técnico a ser encaminhado ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e à Polícia Civil, as janelas, com medidas aproximadas de 50 centímetros por 50 centímetros, poderiam ter auxiliado na fuga das vítimas.

8 9

REVESTIMENTO UTILIZADO

AÇÃO DOS SEGURANÇAS

Não há especificação legal sobre a necessidade de as janelas servirem como opção de saída do local.Especialistas, no entanto, alertam que as basculantes se tornariam uma alternativa de fuga na ausência da saída de emergência, obrigatória por lei.

Conforme relatos, o fogo se alastrou pelo teto a partir do revestimento acústico usado na casa noturna. O presidente regional do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Marcelo Suarez Saldanha, que esteve no local, diz que a espuma usada para abafar os ruídos era “inadequada”.

– Era uma espuma branca sensível às chamas. Isso fez com que o fogo se alastrasse – diz.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO A Polícia Civil investiga se foi empregado na casa noturna um material inadequado.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO O local deveria ser revestido acusticamente com o uso de uma espuma especial, que não propaga as chamas e, ao ser aquecida, derrete rapidamente.

Relatos de testemunhas indicam que seguranças da casa, num primeiro momento, teriam barrado a saída de clientes, supostamente exigindo o pagamento das comandas. O bloqueio teria sido vencido pela multidão desesperada.

O QUE DEVE SER INVESTIGADO Com base em depoimentos de sobreviventes, a polícia deve apurar, além da eventual responsabilidade dos funcionários, se estes haviam recebido orientação prévia da direção da casa para barrar clientes em caso de tumultos.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO Os seguranças deveriam auxiliar a saída dos clientes.

32

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

Pirotecnia que mata

A

rtefatos pirotécnicos não são novidade como causa de incêndios em shows realizados em recintos fechados.

O ponto de partida que resultou em mais de 200 mortos em Santa Maria, na madrugada deste domingo,é uma repetição quase mórbida de episódios que remontam ao começo do século passado. Das grandes tragédias do gênero, boa parte teve o mesmo estopim da boate Kiss.

No município de Perm, na Rússia, há três anos, 109 morreram e 134 ficaram feridos durante um show pirotécnico que fugiu ao controle dos organizadores na boate Lame Horse, causando fuga desordenada e em massa.

No mesmo ano de 2009, também em janeiro, a Tailândia registrou um caso rigorosamente idêntico ao que agora comove o Brasil. Em Bangcoc, fogos de artifício tocaram partes inflamáveis do teto e imediatamente provocaram chamas enormes. Morreram 66 pessoas.

Em 2008, novo drama causado por show com fogos. Quarenta e três chineses que se divertiam numa casa noturna de Shenzhen, na província de Guangdong,perderam a vida.

Há exemplos distantes,como os da Rússia, Tailândia e China, mas também bem próximos. Em dezembro de 2004,em BuenosAires,a boate República Cromanón comportava mais de 3 mil pessoas quando o incêndio se alastrou rapidamente. A fagulha produzida por um artefato tocou a espuma inflamável do teto.

Os Estados Unidos registram várias tragédias sob o mesmo roteiro.

E não apenas em cidades pequenas, como West Warwick, em Rhode Island, em 2003. Também em Chicago, uma metrópole, no mesmo ano, 21 americanos morreram no incêndio produzido por um espetáculo pirotécnico na boate Stampede.

– O problema não é o artefato em si, mas o produto. O produto com pólvora, como parece ter sido usado em Santa Maria, pelas imagens do palco da boate que vi na TV, não pode jamais ser usado em recintos fechados. O correto, nestes casos, é utilizar um produto de “fogo frio”, que faz o efeito de fogo mas não queima justamente por não ter pólvora. Só que o fogo frio é mais caro, em torno de R$ 100, contra R$ 2,50 do outro – diz Denise Nunes, há 14 anos sócia da empresa Multifogos, de Caxias do Sul.

GRANDES INCÊNDIOS DA HISTÓRIA Perm, Rússia – 5/12/2009 109 mortos e 134 feridos. Um show pirotécnico durante apresentação de uma banda de rock causou incêndio.

NovaYork, EUA – 25/3/1990 A maioria das 87 vítimas na boate Happy Land era descendente de hondurenhos.

Bangcoc,Tailândia – 1/1/2009 66 mortos e 222 feridos. Fogos de artifício tocaram o teto da danceteria.

Saint-Laurent-du-Pont, França – 1/11/1970 Incêndio no Club Cinq-Sept mata 146, no sudoeste da França.

Shenzhen, China – 21/9/2008 43 mortos e 88 feridos. Causa: show de fogos.

Buenos Aires, Argentina – 30/12/2004 149 mortos. Artefato de fogo alcançou a espuma inflamável do teto.

Rhode Island, EUA – 20/2/2003 Cem mortos durante show da banda de rock Great White. Causa: incêndio provocado por show pirotécnico.

Chicago, EUA – 17/2/2003 21 mortos na boate E2 Stampede, após explosão de fogos de artifício.

Quezon City, Filipinas – 18/3/1996 162 mortos no pior incêndio da história do país, na Ozone Disco Club.

Junior @AJ__26 (via Twitter)

Minha solidariedade ao povo gaúcho após essa tragédia em Santa Maria.

Estamos junto com vocês...

Southgate, EUA – 28/5/1977 165 mortos e 200 feridos no terceiro maior incêndio da história norteamericana em casas noturnas.

Boston, EUA – 28/1/1942 492 mortos no pior incêndio em casas noturnas da história americana, na boate Cocoanut Grove.

Mississippi, EUA – 23/4/1940 207 pessoas perderam a vida.

O incêndio começou próximo à porta de entrada da boate Rhythm Night Club.

Detroit, Michigan – 20/9/1929 Oficialmente, o incêndio que matou 22 pessoas em uma boate nunca teve causa confirmada.

Fogos de artifício em casas noturnas causaram vários incêndios trágicos, como o de Bangcoc, na Tailândia, que resultou em 66 vítimas fatais, em 2009

PAIROJ, AFP, BD

BANGCOC 2009

33

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

ARQUIVO PESSOAL

JEAN PIMENTEL, BD, 12/03/2012

Acima, Rodrigo Martins (de camiseta branca) com integrantes da banda em uma festa.

Ao lado, a Kiss durante reformas em 2012

ENTREVISTA

Rodrigo Martins guitarrista da banda Gurizada Fandangueira

“Foi na hora do gaitaço, para produzir um efeito” Guitarrista do grupo Gurizada Fandangueira,Rodrigo Martins, 32 anos,ferido no incêndio,refugiouse em casa,em Rosário do Sul,e foi o único integrante da banda a conceder entrevista.O grupo passava por uma fase de reconhecimento do público e lançava o CD O Som Que o Povo Gosta.Por telefone,Martins comentou a tragédia e lamentou a morte do amigo Danilo Jaques,28 anos,gaiteiro oficial da banda,conhecida nas festas universitárias no Interior.

Zero Hora – O que ocorreu na boate?

Rodrigo Martins – A gente começou a tocar. Na quinta música, usamos o sputnik (sinalizador). Na metade da música seguinte, eu vi que começou a pingar e, quando olhei para o teto, tinha uma chama na espuma. Pareciam umas aranhazinhas se mexendo.

ZH – Quem acionou o sinalizador?

Martins – Foi o auxiliar de palco, com um controle remoto.Foi na hora do gaitaço, para produzir um efeito. O sputnik fica no chão e produz uma chama de mais ou menos 1m70cm.Nunca houve problema.

ZH – Vocês já haviam usado o equipamento antes?

Martins – Sim, a gente sempre usava.

Até em lugares menores.

ZH – O que aconteceu depois que você viu a chama?

Martins – Os guris jogaram água, mas não adiantou. Depois, um segurança tentou apagar com um extintor,mas o extintor não funcionou.Aí,a gente saiu.

ZH –Vocês conseguiram sair logo?

Martins – Foi um pesadelo. A fumaça logo se espalhou. O pessoal que estava na frente, as gurias, nossas fãs, se salvaram, porque saíram logo. Mas eu cheguei a ser atropelado e inalei fumaça. Caí, pisaram no meu pescoço, nos braços. Vi gente agonizando.

ZH – Vocês ajudaram a salvar alguém?

Martins – Sim, tiramos muita gente. Fizemos o que foi possível.

ZH – E o integrante da banda que acabou morrendo? O que aconteceu?

Martins – Eu não vi, mas disseram que ele conseguiu sair e depois voltou para pegar a gaita.Não voltou mais.

ZH – Vocês se sentem culpados por terem usado o sinalizador?

Martins – Sou empregado da banda e nunca gostei muito disso, porque a fumaça me incomoda. Mas não acredito que o sinalizador foi a causa da tragédia.

Acho que foi um curto-circuito ou algo assim. Querem culpar a banda. Mas nem o extintor funcionou. A boate não estava em condições.

ZH –Você pretende voltar a tocar?

Martins – Acredito que não.Vou viver com a minha família.

MP estuda pedir prisão dos donos O Ministério Público está analisando a possibilidade de pedir a prisão dos donos da boate Kiss, de integrantes da banda Gurizada Fandangueira e de outros envolvidos no episódio.

A promotora criminal de Santa Maria Waleska Flores Agostini está estudando, desde o final da tarde de ontem, um possível pedido de prisão.Os sócios da boate são Mauro Londero Hoffmann e Elissan-

dro Callegaro Spohr. Uma das hipóteses para o começo do incêndio é de que um dos integrantes da banda tenha usado uma espécie de sinalizador, que pode ter causado faíscas e dado início ao fogo.

A banda Gurizada Fandangueira também costuma se apresentar usando efeito pirotécnico conhecido como sputnik. As duas situações são proibidas em locais fechados.

Advogados dizem que boate estava em situação regular O grupo de advogados associados Kümmel & Kümmel divulgou, ontem à noite, uma nota de solidariedade e pesar em nome da boate Kiss e se colocou à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. Confira a íntegra do texto: NOTA DE SOLIDARIEDADE E DE PESAR A Boate Kiss, por sua direção, vem a público manifestar a todas as famílias das vítimas o seu maior sentimento de dor e de solidariedade em decorrência da lamentável tragédia, ocorrida nesta madrugada (domingo), nas suas dependências.

A bem da verdade diante dos inúmeros boatos a respeito do ocorrido, deseja esclarecer que a situação da empresa se encontra regular, contando com todos os equipamentos previsíveis e necessários para o sistema de proteção e combate contra o incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros,

adequado às necessidades da casa e de seus frequentadores.

A direção da empresa, por seu turno, já se colocou à inteira disposição das autoridades para fornecer todos os documentos necessários à apuração dos fatos, que restarão devidamente esclarecidos no curso da investigação.

Lamentamos, sinceramente, a extensão da tragédia que excedeu a toda a normalidade e previsibilidade de qualquer atividade empresarial, creditando o terrível acontecimento a uma fatalidade que somente Deus tem condições de levar o consolo e o conforto espiritual que desejamos a todos os familiares e ao povo santa-mariense, gaúcho e brasileiro.

34

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 FERNANDO RAMOS

Casas noturnas como a boate Kiss (na foto, no centro do quarteirão, com as marcas de fogo no teto) têm de seguir lista de exigências para prevenção de incêndio

O que diz a lei ADRIANA IRION

A

Eu fui muito rápida. Quando eu vi que a coisa estava feia, peguei uma amiga pelo braço e corri.

JENIFER ROSSI, estudante que comemorava na boate o aniversário de 19 anos, completados ontem

legislação que estipula regras para a prevenção de incêndios no Rio Grande do Sul tem 15 anos.Regulamentada em 1997, a norma vale para todos os municípios, menos Porto Alegre, que aprovou lei própria em 1998.

Com base nela, o Corpo de Bombeiros da capital gaúcha armazena hoje cerca de 25 mil Planos de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCIs) relacionados a estabelecimentos comerciais ou a prédios residenciais.

A lei na Capital é um pouco mais detalhada do que a estadual. Estipula, por exemplo, que sinalizações de “saída” têm de funcionar com luz permanentemente ligada. Já nos demais municípios é aceita a sinalização de saída com uma espécie de placa que brilha com a captação de luz. Mas, se funcionar sempre em um ambiente escuro, não chega a ter energia suficiente para permanecer iluminada. As regras para o plano de prevenção variam de

acordo com o tipo de uso do imóvel – moradia, casa noturna, garagem com acesso de público, restaurante ou hospital, por exemplo –, com o tamanho da área construída e com a previsão de ocupação populacional, ou seja, a informação de quantas pessoas utilizarão o estabelecimento ao mesmo tempo.

Grau de risco de boates é médio Boates e clubes noturnos estão classificados com grau de risco de incêndio oito,numa escala que varia de 1 a 12, que é considerado risco médio. O tipo de ocupação do imóvel, o tamanho e o grau de risco definem a quantidade de equipamentos e como eles devem estar distribuídos dentro do local. Uma casa noturna com área inferior a 800 metros quadrados – como a boate Kiss –, por exemplo, precisa ter extintores e pessoal treinado para usá-los, sinalização de saída, luzes de emergência e saída de emergência. A capacidade do local também serve para determinar outro

elemento importante: o tamanho da porta principal de entrada e saída.

Na Capital, o plano de prevenção de um empreendimento passa primeiro pela prefeitura. Depois de ser aprovado, o processo tramita nos bombeiros, onde ficam arquivados todos os dados da construção do imóvel e registrados todos os equipamentos que o local deve ter. As renovações dos alvarás são feitas anualmente para estabelecimentos de risco médio e grande e a cada dois anos para os de risco pequeno.

– O problema que enfrentamos é que muitas vezes o local é liberado num dia, com tudo dentro das normas,e no dia seguinte,é feita alguma mudança que não consta no plano aprovado,como,por exemplo,instalada uma porta de grade onde o acesso deveria estar livre. Enfim, algo que compromete a segurança e que não temos como descobrir – explica o tenente Miguel Augusto Ribeiro, que atua há 25 anos nos bombeiros e é responsável pela seção de prevenção a incêndios em Porto Alegre. adriana.irion@zerohora.com.br

AS REGRAS Algumas normas para instalação de equipamentos de prevenção de incêndio em casas noturnas no Estado ● O estabelecimento deve ter um extintor de incêndio a cada 150 metros quadrados. ● Os extintores não podem estar mais do que 15 metros distantes um do outro. ● As sinalizações indicando o caminho de saída devem respeitar padrões de tamanho de letra e altura máxima em que podem estar afixadas. ● A iluminação de emergência tem de funcionar com fonte própria e deve ser espalhada levando em conta a altura do prédio. Por exemplo: se o prédio tem 10 metros de altura, a cada 20 metros tem de ter uma lâmpada instalada.

A lei também determina a intensidade da luz.

35

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SW Propaganda

VINÍCIUS COSTA, FOTOARENA, AGÊNCIA O GLOBO

Prefeitos em Brasília hoje Apesar do luto oficial decretado pela presidente Dilma Rousseff,está mantida a programação do encontro nacional com novos prefeitos e prefeitas,que começa hoje,em Brasília.

Prefeitos do centro do Estado suspenderam a participação no encontro para ficar em suas cidades apoiando as famílias enlutadas.

O encontro,que se estende até quartafeira,tem como objetivo apresentar aos gestores municipais os programas que têm reflexo direto nas prefeituras.Entre os temas prioritários,estão o crescimento econômico,a inclusão social,o equilíbrio ambiental e a participação cidadã.

Sem marola Ao lado do governador Tarso Genro, a presidente Dilma Rousseff chora ao visitar o ginásio onde estavam os corpos

Rosane de Oliveira rosane.oliveira@zerohora.com.br

Que não se repita

N

o celular de um dos jovens mortos na tragédia da boate Kiss,em Santa Maria,a polícia encontrou 104 chamadas de uma mesma pessoa: “Mãe”.

Os bombeiros contaram que os telefones espalhados pela boate tocavam sem cessar – e ninguém podia atender.Jovens universitários que saíram na noite de sábado para se divertir não voltaram para casa. Os pais, ao acordar e saber do desastre, puseram-se a ligar para os celulares com a esperança de ouvir uma voz dizendo “calma, eu estou bem”. Os que não ouviram saíram desesperados a procurar pelos filhos nos hospitais ou no ginásio para onde foram levados os corpos.

Essa tragédia que enlutou o Rio Grande do Sul, comoveu o Brasil e foi notícia nos principais veículos de comunicação do mundo deve servir de lição para que não se repita em outras cidades.A pergunta que as autoridades responsáveis pela concessão de licenças, os bombeiros, os proprietários de casas noturnas, os jovens e os pais precisam fazer é o que pode ser feito para que não se repita.

Os jovens não se perguntam se os lugares que frequentam são seguros, se têm rotas

de fuga e alvará de funcionamento. Os pais também ignoram as condições dos locais que seus filhos frequentam,confiantes de que têm autorização dos bombeiros, equipamentos de segurança e alvará da prefeitura. Ontem, jovens frequentadores de festas usaram as redes sociais para apontar falhas na segurança de casas noturnas em que estiveram recentemente.

Fiscalização precisa ser mais rigorosa Se os bombeiros ou as secretarias responsáveis pelo licenciamento fecham uma arapuca, chovem protestos, como ocorreu em Porto Alegre quando o então secretário municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre,Valter Nagelstein, endureceu a fiscalização das casas noturnas. Há duas semanas, a prefeitura de Santa Maria fechou a boate do Diretório Central de Estudantes e o prefeito Cezar Schirmer foi chamado de autoritário.

Na Kiss, o plano de prevenção a incêndios estava vencido desde agosto, mas até então a boate tinha autorização legal para funcionar.

O governador Tarso Genro e a presidente Dilma Rousseff fizeram o que se espera de uma autoridade: foram ao local da tragédia dar apoio aos feridos,consolar as famílias dos mortos e colocar as estruturas do governo à disposição para ajudar. Tarso disse que o inquérito deve ser“profundo, incisivo e rápido, com provas científicas e técnicas”, mas que é desrespeito apontar culpados agora.

De fato, não é o caso de se fazer prejulgamentos, mas de identificar os gargalos que ampliaram a extensão da tragédia. Como primeira medida, não seria o caso de proibir todo e qualquer tipo de fogo de artifício em locais fechados? É preciso que se faça uma inspeção rigorosa em todas as casas noturnas, conferindo se os alvarás estão em dia e se todos têm autorização dos bombeiros para funcionar.

Nagelstein diz que, quando foi secretário, eram comuns os casos em que a Smic negou alvará a empreendimentos e os proprietários foram à Justiça e conseguiram liminar para funcionar sem cumprir as exigências da fiscalização.Pode um juiz autorizar o funcionamento de um empreendimento que não passou no crivo dos técnicos?

A presidente Dilma Rousseff fará a abertura do encontro,na tarde de hoje.

Depois,os participantes poderão assistir a palestras com 28 ministros.No total,o encontro terá cinco auditórios onde ocorrerão as palestras das programações principal e paralela,além de oficinas de capacitação.

Dilma não quer discursos,palestras nem tom político.

Estarão à disposição dos gestores municipais 26 estandes de ministérios e de órgãos com influência direta no cotidiano dos municípios,como o Banco do Brasil,a Caixa Econômica Federal,o BNDES,o Sebrae,os Correios e a Infraero.

ALIÁS Abalado, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, disse que a prefeitura não licencia nenhum empreendimento sem o aval do Corpo de Bombeiros e que o fato de o plano de prevenção a incêndios estar vencido não foi determinante para a tragédia, provocada pelo disparo de um sinalizador.

Mutirão Com a morte da mãe do prefeito José Fortunati,dona Amélia,de 87 anos,coube ao vice-prefeito Sebastião Melo oferecer o apoio de Porto Alegre à prefeitura de Santa Maria.

Melo acredita que nos próximos dias será montado,sob o comando de Fortunati,um grupo para avaliar o que pode ser feito para aumentar a fiscalização e garantir a segurança dos frequentadores de casas noturnas.

36

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

As vítimas Lista com 232 vítimas, composta a partir de informações divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública e apuradas pela reportagem de ZH até a 1h de hoje.

ALAN REMBEM DE OLIVEIRA ALEXANDRE ANES PRADO ALEX GIACOMOLLI: 19 anos, completaria 20 anos no dia 11 de março. Era natural de Tapera e estudava Agronomia na UFSM. Deixa a mãe e uma irmã.

ALISSON OLIVEIRA DA SILVA ALLANA WILLERS: 18 anos, estudante de Jornalismo na UFSM, natural de Ijuí.

ANA CAROLINI RODRIGUES ANA PAULA ANIBALETO DOS SANTOS ANA PAULA RODRIGUES ANDRÉ CADORE POSSER: 20 anos, aluno do curso de Engenharia Florestal na UFSM. Natural de Alegrete, era o filho do meio de uma família de três irmãos.

ANDRESSA INAJA DE MOURA FERREIRA: 18 anos, estudante de Medicina Veterinária na UFSM, natural de Santa Rosa. Foi eleita Garota Verão de Santa Rosa em 2011 e deixou a cidade em 2012 para estudar em Santa Maria.

Estava no terceiro semestre do curso.

ANDRESSA FERREIRA FLORES ANDRESSA ROAZ PAZ ANDRESSA THALITA FARIAS BRISSOW: 20 anos, estudava direito em Santa Maria. Era natural de Itaqui.

ANDRIELI RIGHI DA SILVA ANDRISE FARIAS NICOLETTI ÂNGELO NICOLOSSO AITA: 24 anos, estudava Veterinária na UFSM. Família mora em Alegrete, onde tem propriedade rural. Ângelo pretendia terminar a faculdade para trabalhar nas terras da família.

ARIEL NUNES ANDREATTA AUGUSTO CESAR NEVES AUGUSTO MALEZAN DE ALMEIDA GOMES

Teve gente que morreu a um metro da saída. (...) Foi um horror. Meninas com o cabelo queimado, sem roupa. Era muita gente jogada na calçada. Não sabia quem estava vivo ou morto.

EDUARDO BURIOL 22 anos

AUGUSTO SERGIO KRAUSPENHAUER DA SILVA: 20 anos, natural de Santa Maria, era estagiário da 1ª Vara Cível do município. Estudava Direito na Unifra e Filosofia na UFSM. BÁRBARA MORAES NUNES BENHUR RETZLAFF RODRIGUES: 20 anos, natural de Santo Ângelo. Estava desde 2012 em Santa Maria estudando Engenharia Civil na UFSM. BERNARDO CARLO KOBE BIBIANA BERLEZE BRADY ADRIAN GONÇALVES SILVEIRA

BRUNA BRONDANI PAPALIA: 25 anos, advogada.

Namorava Leandro Leivas, também identificado entre as vítimas.

BRUNA CAMILA GRAEFF: 20 anos, estudava Tecnologia em Alimentos na UFSM. A família mora em São José do Inhacorá. Bruna foi morar em Santa Maria no segundo semestre do ano passado.

BRUNA EDUARDA NEU BRUNA KAROLINE OCCAI: 24 anos, nascida na cidade de Belmonte (SC). Formada em Biomedicina, cursava Mestrado em Bioquímica Toxicológica na UFSM. BRUNO KRÄULICH: 28 anos, morava em Santa Maria onde fazia mestrado em Agronomia. É natural de Tuparendi.

CAMILA MASSULO RAMOS CARLITOS CHAVES SOARES CARLOS ALEXANDRE DOS SANTOS MACHADO: 26 anos, estudou no Centro Universitário Franciscano.

CAROLINA SIMÕES CÔRTE REAL: 18 anos, morava em Santa Maria com a mãe e cursava Tecnologia em Alimentos na UFSM. CÁSSIO GARCEZ BISCAINO: 20 anos, cursava Engenharia Agrícola na Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

Nascido em Manoel Viana, na Fronteira Oeste, morava em Alegrete. Estava em Santa Maria com amigos.

CECÍLIA SOARES VARGAS CLARISSA LIMA TEIXEIRA: 26 anos, cursava Letras com habilitação em Português na UFSM. Trabalhava na Kiss, mas não estava no local a trabalho. Nascida em Porto Alegre, morava em Santa Maria.

CRISLEY CAROLINE SARAIVA FREITAS DA PALMA CRISTIANE QUEVEDO DA ROSA DANIEL KNABBEM DA ROSA DANIEL CECHIM DANIELA BETEGA AHMAD DANIELE DIAS DE MATTOS DANILO BRAUNER JAQUES: 23 anos, músico, gaiteiro da banda Gurizada Fandangueira.

DANRIEI DARIN DAVID SANTIAGO DE SOUZA DÉBORA CHIAPPA FORNER DEIVES MARQUES GONÇALVES DIEGO COMIM SILVÉSTER DIONATHA KAMPHORST PAULO: 18 anos, nasceu em Santana do Livramento, mas morava em São Gabriel.

Formou-se em 2011 na Escola XV de Novembro.

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

DOUGLAS DA SILVA FLORES DULCE RANIERI GOMES MACHADO ELIZANDRO OLIVEIRA ROLIN EMERSON CARDOSO PAIM: 25 anos, era natural de Santa Maria e estudava na UFSM. EMILI CONTREIRA ERCOLANI: 18 anos, estudante do segundo semestre de Tecnologia de Alimentos. Natural de São Borja, morava em Santa Maria havia dez meses. Morava na casa do estudante da UFSM. ERIKA SARTURI BECKER EVELIN COSTA LOPES FÁBIO JOSÉ CERVINSKI: 25 anos, cursava Agronomia na UFSM. Nascido em Paim Filho, morava em Santa Maria.

FELIPE VIEIRA: 26 anos, morava em Santa Maria havia três meses, onde trabalhava no Frigorífico Silva. Nascido em Caxias do Sul. FERNANDA DE LIMA MALHEIROS: nascida em Ijuí, morava em Santa Maria. Estudava Agronomia na UFSM. FERNANDA TISCHER FERNANDO MICHEL VOGARINS PARCIANELLO: 21 anos, era de Santo Ângelo e morava em Santa Maria. Trabalhava como porteiro em um cinema.

FERNANDO PELLIN: 23 anos e trabalhava na Caixa Econômica Federal, em Sarandi. Morador de Chapada por muitos anos, era natural de Santo Augusto. Em Sarandi, estava havia um ano. Retornava das primeiras férias após a contratação na Caixa. Depois de ter ido a Punta del Este, passou em Santa Maria onde morava o amigo Miguel May, que também morreu no incêndio.

FLÁVIA DE CARLI MAGALHÃES: 18 anos, cursava o primeiro ano da faculdade de Administração, no campus em Palmeira das Missões da UFSM. Namorava Luiz Fernando Donati, também entre as vítimas.

HEITOR TEIXEIRA GONÇALVES: 19 anos, nascido em São Gabriel, era estudante de Administração da UFSM, primo de Octacílio Altíssimo Gonçalves, outra vítima da tragédia. O pai dele, Inocêncio Gonçalves, foi candidato a prefeito de São Gabriel.

HEITOR SANTOS OLIVEIRA TEIXEIRA: 24 anos. Filho único, ele iria se mudar de Santa Maria, sua cidade natal, para Porto Alegre, onde terminaria o curso de Economia. Estudante da UFSM, também era diretor em uma empresa que oferecia serviços de open bar e sócio em uma empresa de eventos.

HELENA POLETTO DAMBROS HELIO TRENTIN JUNIOR HENRIQUE NEMITZ MARTINS HERBERT MAGALHÃES CHARÃO: 28 anos, morava em São Sepé e ia todos os dias a Santa Maria para estudar. Cursava Terapia Ocupacional na UFSM e trabalhava como cabeleireiro. Filho de uma dona de casa e um aposentado, iria concluir o curso na metade do ano que vem.

HERICSON ÁVILA DOS SANTOS IGOR STEFHAN DE OLIVEIRA ILIVELTON MARTINS KOGLIN ISABELA FIORINI: 19 anos, de São Miguel do Oeste (SC). Estudava Medicina Veterinária na UFSM.

IVAN MUNCHEM: natural de Cândido Godói, estudou Medicina Veterinária na UFSM. JACOB FRANCISCO THIELE: 22 anos, estudava Veterinária na UFSM. Familiares moram em Santo Cristo.

JADERSON DA SILVA JANAINA PORTELLA JENNEFER MENDES FERREIRA JÉSSICA ALMEIDA KONGEN

FLÁVIA MARIA TORRES LEMOS FRANCIELE ARAUJO VIEIRA FRANCIELE SOARES VARGAS FRANCIELE VIZIOLE GABRIELA CORCINE SANCHOTENE

JOÃO ALOISIO TREULIEB: faria aniversário no dia 29 e estudou Turismo no Centro Universitário Franciscano (Unifra).

GABRIELA DOS SANTOS SAENGER: aluna do Centro Universitário Franciscano (Unifra), em Santa Maria. Formou-se no Ensino Médio em 2010 no Instituto Laura Vicuna, de Uruguaiana, de onde era natural.

JOÃO PAULO POZZOBOM JOÃO RENATO CHAGAS DE SOUZA JOSÉ LUIZ WEISS NETO JOSÉ MANUEL ROSA DA CRUZ

GENI LOURENÇO DA SILVA GILMARA QUINTANILHA OLIVEIRA GIOVANE KRAUCHEMBERG SIMÕES: 21 anos, era de Santa Maria, onde morava. Era militar e servia na Base Aérea da cidade.

GREICY PAZZINI BAIRRO GUILHERME PONTES GONÇALVES: 19 anos, nascido em Cachoeira do Sul. Cursava Agronomia na UFSM e estava na festa acompanhado da namorada, Stefani Posser Simeoni. Era filho único.

GUINO RAMOM BRITES BURRO GUSTAVO FERREIRA SOARES

JOÃO CARLOS BARCELLOS: 23 anos, filho único. Estava trabalhando na portaria da Kiss, coordenando a entrega de comandas.

JULIA CRISTOFARI SÁUL: 20 anos, estudante de Medicina da Unisc, natural de Jaguari. Sobrinha do prefeito de Jaguari, João Mário.

JULIANA MORO MEDEIROS: 21 anos, era aluna do curso de soldado da Brigada Militar, em Montenegro. Morava em Santa Maria.

JULIANA OLIVEIRA DOS SANTOS JULIANA SPERONE LENTZ JULIANO DE ALMEIDA FARIAS KAREN FERNANDA KNIRSCH KELEN ALINE KARSTEN FAVARIN KELLEN PEREIRA DA ROSA

37

38

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 KELLI ANNE SANTOS AZZOLIN: 23 anos. Havia iniciado o doutorado em Química pela UFSM, onde também cursou a graduação e o mestrado. Era natural de São Luiz Gonzaga e tinha um irmão mais novo.

LARISSA HOSBACH LARISSA TERRES TEIXEIRA LAURIANE SALAPATA LEANDRA FERNANDES TONIOLO LEANDRO AVILA LEIVAS: aprovado em Ciências Contábeis na Unifra em 2010. Namorava Bruna Papalia, advogada, identificada entre as vítimas.

LEANDRO NUNES DA SILVA LEONARDO DE LIMA MACHADO LEONARDO LEMOS KARSBURG LEONARDO MACHADO DE LACERDA: 28 anos, 1º tenente no 1º Regimento de Carros de Combate, em Santa Maria. Natural do Rio de Janeiro.

LEONARDO SCHOFF VENDRÚSCULO LETÍCIA BAÚ LETÍCIA FERRAZ DA CRUZ LETÍCIA VASCONCELLOS LINCON TURCATO CARABAGIALE LOUISE VICTORIA FARIAS BRISSOW LUANA BEHR VIANNA LUANA FACO FERREIRA LUCAS FOGGIATO LUCAS LEITE TEIXEIRA: 21 anos, militar no 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado em Santa Maria. Natural de Dilermando de Aguiar.

LUCIANE MORAES LOPES LUCIANO ARIEL SILVA DA SILVA LUCIANO TAGLIAPETRA ESPERIDIÃO LUIS CARLOS LUDIN DE OLIVEIRA LUÍSA BATISTELLA PÜTTOW: estudante. Natural de Tapera.

Filha de Márcia e Betinho Püttow.

LUIZ ANTONIO XISTO LUIZ EDUARDO VIEGAS FLORES: 24 anos, oficial escrevente e estudante de Direito em Três Passos, natural de Santa Maria.

Foi morar em Três Passos no ano passado, após passar em um concurso público. Estava em Santa Maria para visitar a família.

Cheguei umas 2h. Fui ao banheiro e me deu uma coisa...

Fui para casa, não sei explicar, sei que saí sozinho. Nem falei com meus amigos. Foi Deus que fez eu vir para casa.

Muita tristeza...

FERNANDO MUNIZ 28 anos

LUIZ FELIPE BALEST PIOVESAN LUIZ FERNANDO RIVA DONATI: 18 anos, estudante de Agronomia na UFSM, natural de Palmeira das Missões. Filho único de uma família de produtores rurais, deixou a cidade natal para estudar em 2012.

LUIZ FERNANDRO RODRIGUES WAGNER LUIZA ALVES DA SILVA MAICON AFROLINARIO CARDOSO MAICON DOUGLAS MOREIRA IENSEN MAICON FRANCISCO EVALDT MANUELE MOREIRA PASSAMANE

MARCELO DE FREITAS SALLA FILHO: 20 anos, estudante de Direito, natural de Santa Maria, decidiu ir à festa com o irmão Pedro, depois de ganhar um passe para a área VIP. MARCOS ANDRÉ RIGOLI: 37 anos, era o baterista da banda Pimenta e Seus Comparsas, de Ijuí, que tocava na casa. Era casado e sem filhos.

MARFISA SOARES CAMINHA MARIA MARIANA RODRIGUES FERREIRA MARIANA COMASSETTO DO CANTO MARIANA MACHADO BONA: natural de Santa Maria, estudou no Colégio Nossa Senhora de Fátima.

MARIANA MOREIRA MACEDO MARIANA PEREIRA FREITAS MARILENE IENSEN CASTRO MARINA DE JESUS NUNES MARINA KERTERMANN KALEGARI MARTIM FRANCISCO MASCARENHAS DE SOUZA ONÓFRIO MARTON MATANA MATHEUS DE LIMA LIBRELOTTO: natural de Santa Maria, estudava Agronomia e trabalhava no Laboratório de Agricultura Especial da UFSM. MATHEUS ENGERS REBOLHO: 18 anos, estudava Direito em Santo Ângelo, cidade em que nasceu. Planejava se mudar para Florianópolis (SC) neste ano. De férias, viajou a Santa Maria com amigos. Era o mais novo de três irmãos.

MATHEUS PACHECO BRONDANI MAURÍCIO LORETO JAIME: 22 anos, cursava Zootecnia na UFSM. Ele era natural de Caçapava do Sul. MELISSA BERGEMEIER CORREIA MELISSA DO AMARAL DALFORNO: natural de São Gabriel, fazia Tecnologia em Alimentos na UFSM desde 2012. Idade não confirmada.

MERYLIN DE CAMARGO DOS SANTOS MICHELE DIAS DE CAMPOS MICHELE FROEHLICH CARDOSO: 20 anos, era protética e também trabalhava na Kiss de quinta a sábado. Natural de Santa Maria, morava na cidade.

MIGUEL WEBBER MAY: 23 anos, era natural de Chapada e cursava Agronomia na UFSM. MIRELLA ROSA DA CRUZ MONICA ANDRESSA GLANZEL MURILO DE SOUZA BARONE SILVEIRA MURILO GARCEZ FUMACO: 23 anos, estudava Farmácia na UFSM, natural de São Francisco de Assis.

NATANA PEREIRA CANTO: telefonista do Tribunal de Justiça do Estado na Comarca de Santa Maria NATASCHA OLIVEIRA URQUIZA NATIELE DOS SANTOS SOARES

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

NEIVA CARINA DE OLIVEIRA MARIN ODOMAR GONZAGA NORONHA

RUAN PENDEZA CALLEGARO: 20 anos, estudante de Veterinária na UFSM. Único filho de pai contador e mãe professora.

OCTACÍLIO ALTÍSSIMO GONÇALVES: 19, anos, nasceu em São Gabriel e faria aniversário no dia 5 de fevereiro. Era estudante de Zootecnia na UFSM.

SABRINA SOARES MENDES

PATRÍCIA PAZZINI BAIRRO PÂMELA DE JESUS LOPES

SANDRA LEONE PACHECO ERNESTO

PAULA BATISTELLA GATTO: 19 anos, estudante de agronomia, natural de Tapera, filha de José Paulo e Simone Gatto.

PAULA PORTO RODRIGUES COSTA PEDRO DE OLIVEIRA SALLA: 17 anos, estudante de Agronomia da UFSM, natural de Santa Maria, participou da organização da festa e acompanhava o irmão Marcelo.

SANDRA VICTORINO GOULART

SHAIANA TAUCHEM ANTOLINI: 22 anos, mora em Santa Maria, cursava Publicidade na Unifra e Artes Cênicas na UFSM. Cantora, fazia apresentações na cidade.

SILVIO BEUREN JÚNIOR: 31 anos, era filho do dono de uma tradicional joalheria de Santa Maria, a Silvio Joalheiro. O rapaz havia estudado na Ulbra de Canoas e, atualmente, cuidava de uma fazenda da família em São Pedro do Sul.

PEDRO MORGENTAL SILVA: 25 anos, natural de Santa Maria, formado em Administração, trabalhava em um laboratório de medicamentos.

STEFANI POSSER SIMEONI: 18 anos, estudante de odontologia da UFSM. Natural de Marau. Namorava Guilherme Pontes Gonçalves, também confirmado entre as vítimas.

PRISCILA FERREIRA ESCOBAR RAFAEL DE OLIVEIRA DORNELES

SUSIELE CASSOL: 20 anos, estudante de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Era natural de André da Rocha.

RAFAEL DIAS FERREIRA: 21 anos, natural de Belém, cursava o sexto semestre de Biologia na UFSM.

TAÍS DA SILVA SCAPLIN DE FREITAS TAÍSE CAROLINA VINAS SILVEIRA TAÍZE SANTOS DOS SANTOS TANISE LOPES CIELO THAILAN REHBEIN DE OLIVEIRA THAIS ZIMERMANN DARIF THANISE CORREA GARCIA THIAGO AMARO CECHINATTO TIAGO DOVIGI CEGABINAZE UBERAFARA SOARES BASTOS JUNIOR VAGNER ROLIN MARASTEGA VANDELCORK MARQUES LARA JUNIOR

RAFAEL PAULO NUNES DE CARVALHO RAFAEL QUILIÃO OLIVEIRA RAFAELA SCHIMIDT NUNES RAQUEL DAIANE FISCHER RHAISSA GROSS CÚRIA RHUAN SCHERER DE ANDRADE RICARDO CUSTÓDIO: 27 anos, formado em Administração, trabalhava no setor de Marketing da Grendene, de Farroupilha, onde morava. Foi para Santa Maria no sábado, onde passeou com dois amigos durante o dia e, à noite, foi para a boate.

RICARDO DARIVA RICARDO STEFANELLO PIOVESAN: 18 anos, estava no segundo semestre do curso de Agronomia da UFSM. Era natural de Nova Palma.

ROBSON VAN DER HAM: 31 anos, baixista da banda Pimenta e Seus Comparsas, de Ijuí, um dos grupos que animou a noite na boate Kiss.

O grupo já tinha se apresentado e estava no camarim quando começou o fogo. Na sexta-feira, a banda postou mensagem no Facebook, anunciando o show: “Amanhã, festão na Kiss em Santa Maria.... Todo mundo convidado...” . Robson era casado e deixa uma filha pequena.

RODRIGO BELLING HAUSEN BAIRROS COSTA ROGER BARCELLOS FARIAS ROGER DALLAGNOL: 24 anos, era natural de Paraí e trabalhava no município como vendedor. Estava em Santa Maria para visitar a namorada.

ROGÉRIO CARDOSO IVANISKI ROGÉRIO FLORIANO CARDOSO ROSANE FERNANDES RECHERMANN: escrevente do Tribunal de Justiça do Estado na Comarca de Santa Maria.

VANESSA VANCOVICHT SOARES: 25 anos, estudante de administração da Unifra. Natural de Santiago.

VICTOR DATRIA MACAGNAN: 21 anos, natural de Cruz Alta, estudante de Agronomia na UFSM, vivia em Santa Maria havia um ano.

VICTOR MARTINS SHIMITZ VINICIOS GREFF: 24 anos, estudante do curso de Zootecnia da UFSM. Natural de Tupanciretã.

VINÍCIUS MARCONATO UGGERI: 23 anos, natural de Santo Ângelo.

Cursava o último ano de Direito na URI, na cidade do Noroeste. Estava em férias com a família, onde moram as duas irmãs. Era o caçula entre os irmãos.

VINICIOS PAGLNOSSIM DE MORAES VINICIUS SILVEIRA MARQUES DE MELLO: namorado de Juliana Moro Medeiros.

VINÍCIUS MONTARDO ROSADO VITÓRIA DACORSO SACCOL VIVIANE TÓLIO SOARES WALTER DE MELLO CABISTANI WICTON SCHMITZ: 21 anos, morador de São Borja. Cursava Direito na URI, em Santiago. Estava a passeio em Santa Maria.

39

40

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 PABLO ZAMBELI, ESPECIAL

“Perder um filho é a pior das mortes, é um assassinato da esperança, impossível de assimilar. Sua morte é um milhão de vezes mais insuportável do que a nossa”

Diana Lichtenstein Corso dianamcorso@gmail.com

É

Como se não houvesse amanhã

fácil evocar o que pensamos em momentos de agradável intensidade: “azar, não posso deixar de viver por medo, é tão legal que podia acabar agora”.

Já pensei isso. Quantas vezes nos colocamos em situações de risco ou, pelo menos, naquelas em que o bom senso não impera?

Não negue, mesmo que você seja o rei da precaução, todos nós já fomos apresentados à cara do perigo. Sair à noite em nossa sociedade violenta, beber mais do que gostaríamos, estar em um lugar confinado, fazer uma aventura arriscada de carro, escaladas, voar de asa-delta,tomar banho em cachoeira, dirigir bêbado, subir no carro do amigo destemido ou alcoolizado, ficar íntimo de alguém que não se conhece, frequentar ruelas escuras.A lista é longa.

Essa leveza beirando a irresponsabilidade é coisa típica da juventude, mas também, com sorte, reencontramos esse sentimento mais adiante. Os jovens vivem momentos festivos de euforia coletiva, atravessam juntos uma noite que faz o tempo parecer

infinito. A festa é nossa desde o início dos tempos e costumava ser um momento sagrado,onde os excessos e descontroles eram prescritos. Hoje celebra-se a alegria, a força vital, o direito de dançar de qualquer jeito, só pelo prazer de partilhar o ritmo com os amigos e contemporâneos.

Jovens se arriscam,mas desta vez o culpado é outro.A tragédia de Santa Maria, causada por irresponsáveis que, espero, serão descobertos e punidos, não foi culpa deles, que estavam se divertindo, nem da permissividade das famílias que não os acorrentaram em casa. Eles acorreram ao evento sem conferir se havia saídas de emergência, portas corta-fogo. Mas isso não era tarefa deles.

A alegria pressupõe a confiança de que vai dar tudo certo. A felicidade é otimista, por isso muitas vezes envolve riscos, que devem ser sanados por aqueles que têm a diversão alheia como forma de trabalho. Vale para uma festa, um parque de diversões ou um programa de mergulho.

Investigações e punições são uma dívida com as vítimas. Mas as famílias e os ami-

gos sobreviventes não terão nada devolvido com isso, já perderam o essencial: aquela mínima isenção do medo e da culpa que nos ajuda a viver. A morte, principalmente em sua face trágica e quando se perde um jovem, é a maior experiência de impotência. Nada porta o sem-sentido da vida como a inclemência do fim, principalmente o de quem teve reduzido o tempo de dizer a que veio.

Perder um filho é a pior das mortes, é um assassinato da esperança, impossível de assimilar. Cuidamos zelosamente nossos descendentes, pois seguirão nossos passos quando cessarmos. Sua morte é 1 milhão de vezes mais insuportável que a nossa, restamos sem sua transcendência. Um filho morto diminui a chance de nos tornarmos lembrança.Apesar disso, não podemos ser egoístas e guardá-lo numa redoma, esperando que viva para nos cultuar.

Sou mãe de duas jovens da idade da maior parte das vítimas da boate Kiss. Tanto quanto elas, estivemos muitas vezes em muitos lugares assim. Se meus pais tives-

sem me impedido, se eu proibisse minhas filhas de viver seu tempo, certamente sua segurança estaria melhor garantida. Porém, um filho cerceado em sua liberdade é alguém cujo corpo é confinado para que sua mente só se ocupe de amar aos pais.Lá fora é perigoso, porque o mundo está cheio de perversos e irresponsáveis, mas é para onde todos temos que ir. Às pessoas queridas dessas mais de duas centenas de jovens mortos gostaria de transmitir muito mais do que a solidariedade, também a identificação. E principalmente dizer: não,vocês não poderiam ter impedido seu filho,sua irmã,sobrinho ou amigo de estar lá. Ele exerceu o direito de ser livre e feliz, você tinha o dever de respeitá-lo. Desta vez, não houve amanhã,mas se um jovem é proibido de conviver com seus pares ele também acaba privado de se conhecer, do seu futuro.

A dor é inevitável, mas gostaria de aliviá-la da culpa. Correr riscos faz parte de ensinar a viver, embora, repito, essa dor seja tão imensa que certamente não estou, no momento, servindo de consolo.

41

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

Hora do adeus

O

s corpos das vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ainda eram reconhecidos quando, no mesmo local, o Centro Desportivo Municipal (CDM), já se iniciava o velório coletivo de alguns dos mortos da maior tragédia do Rio Grande do Sul. Por volta das 16h30min, dois caixões que, segundo informações, eram de duas jovens, já esperavam os familiares para a longa e dolorosa noite que marcará para sempre centenas de famílias.

Aos poucos, outros caixões se somaram aos dois primeiros chegados ao local para o velório coletivo, solução encontrada pelo grupo de Gerenciamento da Crise para lidar com a falta de locais apropriados para a realização dos velórios.

Desde cedo foram providenciadas cadeiras, mesas e cavaletes para as famílias que quiseram fazer naquele local a despedida dos parentes mortos no incêndio. O trabalho também foi dobrado para funerárias da região, que tiveram de pedir reforço para aten-

der a grande quantidade de pedidos.

– Foi essa a solução que encontramos para facilitar as pessoas sem local de fazer o velório – afirma o major do Batalhão de Operações Especiais (BOE), Cleberson Braida Bastianello.

Famílias começam a enterrar vítimas Mesmo com o espaço disponível para os velórios, muitos familiares decidiram procurar outros locais para a realização das cerimônias ou enterrar as vítimas nas cidades de onde eram provenientes.A tragédia alterou a rotina dos cemitérios da cidade, que se mobilizaram em força-tarefa para atender uma demanda anormal para Santa Maria, considerada uma cidade de porte médio.

No Cemitério Municipal, um plantão foi acionado para poder receber os pedidos de enterros, que começarão às 9h de hoje. Segundo Carla Fonseca, uma das administradoras do local, muito cedo os funcionários

atenderam um grande volume de telefonemas pedindo informações para a realização dos cultos ecumênicos.

– Decidimos montar esta força-tarefa para dar conta da procura que começou desde cedo – salienta Carla.

No Parque Jardim Santa Rita de Cássia, as capelas estão lotadas, e a direção vai disponibilizar o saguão do local para a realização de um velório coletivo.

Desde cedo funcionários começaram a abrir os terrenos com o objetivo de acolher os corpos das vítimas que serão enterradas no local,que ontem mesmo acabou recebendo um primeiro funeral de vítima do incêndio da boate Kiss.

– Começaremos os enterros às 7h, e serão realizados a cada meia hora, que é o tempo necessário para a cerimônia – ressalta Alison Cassol, um dos funcionários da administração do cemitério.

Outras cidades gaúchas também vão enterrar os mortos da tragédia. Cerimônias estão marcadas em Ijuí, Cruz Alta, Palmeira das Missões,entre outros municípios.

Vi um tumulto e pensei que era uma briga.

Dei um passo, olhei para trás e começou a pegar fogo. Pegou fogo na cortina e no palco. Depois, começou o tumulto, aquela correria, as pessoas tentando sair e não conseguindo, as pessoas já sem respirar, no chão (...) Depois, eu apaguei e acordei só lá fora.

LEONARDO DA ROSA, 19 ANOS

EMERSON SOUZA

Um dos momentos mais chocantes de ontem em Santa Maria foi durante o velório coletivo no ginásio, um caixão ao lado do outro: sepultamentos começam hoje

42

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 JEAN PIMENTEL

Familiares e amigos se aglomeravam em frente ao Hospital Astrogildo de Azevedo (Hospital de Caridade), que montou duas UTIs de emergência no térreo

Sofrimento e alívio

N

Respirei aquela fumaça e fiquei tonto. Caí na porta, e os seguranças me puxaram para fora. Não houve trancamento da porta. Eles não enxergam a pista, foi uma contenção de cinco segundos, e quando gritaram que era fogo eles abriram.

LUCAS CAUDURO PERANZONI, 31 anos, DJ da boate

as primeiras horas de domingo, o horror se transferiu dos escombros da casa noturna Kiss para as portas dos hospitais. Centenas de pais, familiares e amigos de vítimas do incêndio correram às instituições de saúde na esperança de obter notícias sobre desaparecidos – e, sobretudo, saber se estavam vivos.As informações, porém, eram desencontradas e nem sempre chegavam na velocidade esperada para aplacar a angústia dos familiares dos pelo menos 124 feridos na tragédia, número divulgado até as 23h de ontem pela Secretaria Estadual da Saúde.

No Hospital de Caridade, para onde foram levadas dezenas de pessoas, uma lista com feridos em atendimento começou a se formar por volta das 6h30min.A relação de nomes era resultado do esforço de uma dentista, que se voluntariou a entrevistar sobreviventes, procurar documentos de feridos inconscientes e até mesmo anotar por características físicas que pudessem identificar as vítimas.Enquanto isso, alerta dos socorristas ampliava a sensação de

desespero de quem ainda Maria. Chegou a tempo apenas de ver brevemenaguardava por notícias: te sua filha no Hospital – Os pacientes que vieram a óbito serão levados de Caridade antes de a jovem ser transferida, por ao Centro Desportivo Muhelicóptero, para o Hospinicipal (CDM) para identificação dos familiares. tal de Clínicas, na Capital.

O engenheiro, então, enA demora pela confir- Cristina frentou outra viagem de mação do estado de saúde dos feridos castigava os carro para vencer os 292 familiares. Pais rezando de joelhos quilômetros até a Capital, onde eram vistos ao lado de mães à beira chegou no início da noite.

– Não há o que fazer a não ser de colapso nervoso e jovens atordoados. Poucos familiares, porém, tal- confiar no tratamento médico. Sei vez tenham enfrentado um espera que o melhor da medicina está sentão tortuosa para ficar junto de seus do oferecido a ela – disse. filhos quanto o engenheiro florestal Astor Peiter, morador de Casca, no Médica vê o noroeste do Estado. Pai de Cristina Peiter, 23 anos, aluna do curso de próprio filho Engenharia Florestal, ficou sabendo que sua filha estava entre os feApesar do sofrimento, Peiter ainridos por volta de 8h de domingo. da conseguia relativizar sua dor penO portador da notícia foi seu outro sando nas vítimas da tragédia: filho, Mateus, 20 anos, que havia – É muito triste um pai ver uma saído com a irmã na noite de sába- filha ferida assim, mas imagino codo,mas não chegou a ir à boate Kiss. mo deve ser a dor das famílias que Peiter, então, empreendeu uma perderam seus filhos no incêndio. viagem de cerca de 250 quilômeA tragédia na casa noturna não tros e mais de três horas desde poupou nem mesmo quem era Três Maio, onde estava, até Santa responsável por organizar o atendi-

mento às vítimas.A diretora do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Elaine Resener, também teve o filho Luiz Arthur Resener de Moraes, 25 anos, entre os feridos. O estudante de Medicina foi um dos primeiros a serem socorridos e está internado na UTI do hospital.

– Um amigo do meu filho veio à minha casa, por volta das 3h30min, me dizer que o Luiz estava no hospital (de Caridade), mas que estava tudo bem.Corri para lá e, quando vi aquele monte de pessoas em frente ao local, comecei a ter noção do tamanho da tragédia – lembra Elaine.

Mas não era só a tristeza que tomava conta dos corredores dos hospitais. Havia espaço também para o alívio de quem soube que seus familiares sobreviveram ao inferno em que se transformou a casa noturna. Renata Schmidt Nunes, 23 anos, pulou, gritou e sorriu ao ouvir o nome da irmã na lista dos feridos que estavam recebendo atendimento no Hospital de Caridade. Ela não sabia qual a extensão dos ferimentos na caçula Rafaela,18 anos,mas uma certeza lhe bastava: – Ela está viva! Ela está viva!

43

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

DIEGO VARA

LISTA DOS INTERNADOS Relação parcial de feridos que permaneciam em Santa Maria (divulgada pelos hospitais) e dos que foram transferidos (informada pela Secretaria Estadual de Saúde). Alguns nomes estão incompletos:

SANTA MARIA Hospital de Caridade

Lista fixada na porta do hospital após as 12h30min de ontem. O hospital não divulgou o estado de saúde dos pacientes e não atualizou a relação dos nomes.

Angélica Perb Sampaio Bibiano M. Sembranel Bruno Ruppolo Catiele Rodrigues Daniel Barbiero Delvani Brondani Rosso Eduarda Cabelura Eduardo Saraiva Fabiano Albarelo Lapp Fabiano Zati Felipe da Silva Nunes Fernanda Regina Andrade Gilmar Oliveira Graciela Geraldo Guilherme Patati Gustavo Cauduro Gustavo Marques Gonçalves Heuki Temp Iuri Guedes Joel Bewanger Josué de Oliveira Josuel Lacerda de Oliveira Juliano Henrique da Mata Juliano Motta Juliese Pereira Julisi Pereira Kátia Pacheco Kelen Giovanella Leite Pereira Lauro Clos Marçal Leonardo Fontoura da Silva Luciane de Abreu Perlin Ludimila Baratti Mendonça Luise Scmrage Wachter Maira Felipetto Marcos Belinazzo Marielene Vielmo Naiara Hennig Norienseldt Rafaela Perobolli Renan Garcia Biscaia Renan Bysaino Tatiane Laís Andrade Tatieli Rodrigues Tiago Boniatti Tulio Magalhães Fernandes Tulio Gustavo Fernandes Valquiria Perlin Valter de Melo Capistani

Hospital Universitário de Santa Maria

Pessoas que estavam internadas na instituição por volta das 16h de ontem. O hospital não divulgou o estado de saúde deles Andriele Roth da Silva Barbara Aline (sem sobrenome) Bibiana Fontana Ribeiro Brian Zepenfeldi Carmem Janaína Dutra Rodrigues Cássio Martellete Luts Denise Felipetto de Almeida Eduardo Filipeto Klain Fabiano Martins Gabriela França de Abreu Guilherme Ferreira da Luz José Vomp Junior Maroisn Felipeto Kapricie Pereira Hubner Leonardo Guimarães

Luis Arthur Resener de Moraes Manoela Lopes Márcia Andrade Rodrigues Natani Ribeiro da Silva Nathalia lusero Fernandes Ricardo Holdbarbaum do Amaral Rodrigo Mucion Tatiele Soares

Hospital de Guarnição de Santa Maria Lista divulgada às 16h

Ana Paula (sem sobrenome) Angélica Carvalho Debora Parode Assunção Enzo da Cunha Correia Giovane Alves Dias Henrique Muniz da Costa Luiz Otávio Olseiral Marcelo Pacheco Marcos Vinicius Borba dos Santos

Hospital São Francisco

Na tarde de ontem, havia 10 internados, mas o hospital não divulgou os nomes dos pacientes

IJUÍ

Uma pessoa: Rafael (sem sobrenome). No começo da noite de ontem havia a previsão de chegada de mais dois.

CANOAS

Hospital Universitário de Canoas Emanuel de Almeida Pastl

CAPITAL Casos mais graves foram transferidos para Porto Alegre via aérea. Nomes divulgados às 23h de ontem.

Hospital Mãe de Deus Juliano da Silva Driele Pedroso Lucas Ritieli Pedroso Lucas

Hospital Santa Casa

Braw Gethenseld Deise Felipeto de Almeida Emilio Ernich Gahntes Ernich Pedro Almeida Junor Pavonir

Hospital Cristo Redentor Caue Machado Mike dos Santos Willian Lisboa

Hospital de Clínicas

Katia Jean Bruno Portela Feiths Cristina Peiter

Hospital de Pronto Socorro Gionata de Oliveira Rafaela (sem sobrenome)

Hospital Nossa Senhora da Conceição Sergio Willian Gabriel Pereira Fabiano Daut Lauro (sem sobrenome) Rodrigo Tausch

A Redenção, na Capital, transformou-se em pista de pouso para helicópteros com pacientes graves

Legião para socorrer as dezenas de feridos Uma força-tarefa sem precedentes no Estado foi mobilizada para socorrer os feridos no incêndio.

Policiais militares, civis e rodoviários, militares do Exército e da Aeronáutica, além de dezenas de colaboradores voluntários ajudaram no deslocamento aos hospitais de Santa Maria e na transferência dos casos mais graves para a Capital.

Profissionais e instituições de saúde de Santa Maria, Porto Alegre, Canoas, Passo Fundo e Caxias do Sul, entre outras cidades, foram colocados em alerta.Apenas em Porto Alegre, 115 leitos em oito hospitais foram colocados à disposição do feridos. Vinte e dois deles chegaram a ser efetivamente ocupados até o início da noite de domingo, mas a expectativa é de que outros 10 pacientes poderiam chegar até a manhã de hoje.

Um ferido também foi levado, no final da tarde, ao Hospital Universitário de Canoas, onde mais outros três leitos estavam reservados.

– Estamos removendo os pacientes mais graves para Porto Alegre, mas também temos estrutura de prontidão em hospitais de Passo Fundo e Caxias – disse o secretário estadual da Saúde,Ciro Simoni.

Enquanto os corpos eram levados ao estacionamento de um hipermercado em frente à boate, uma frota de ambulâncias e carros de passeio carregou feridos para os hospitais da cidade. As equipes especializadas conduziram os pacientes de maior gravidade para o Hospital de Caridade e para o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), que contam com

unidade de terapia intensiva. A situação exigiu um remanejamento de pacientes ao longo da manhã.

Por volta das 10h, o Hospital de Caridade – que montou duas UTIs de emergência no térreo – começou a transferir os pacientes mais estáveis para o Hospital São Francisco e para o Hospital da Brigada.

Em contrapartida, todos os pacientes de risco internados em hospitais e pronto-atendimentos foram removidos de ambulância para o Caridade.

Alerta para os riscos tardios Enquanto isso, em Santa Maria, a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) intermediava, com municípios vizinhos, a vinda de respiradores artificiais para pacientes. Em menos de uma hora, ambulâncias trazendo equipamentos paravam na porta das unidades necessitadas.

No início da tarde, os primeiros feridos mais graves começam a chegar a Porto Alegre, trazidos em helicópteros da Brigada Militar e da Força Aérea. Todos eram pacientes em estado grave, necessitando de intervenção de equipamentos para respirar. Algumas aeronaves aterrissaram no aeroporto Salgado Filho, e outras pousaram no Parque Farroupilha, a poucos metros do Hospital de Pronto Socorro.

A solidariedade à tragédia gaúcha extrapolou fronteiras. Conforme o secretário, Estados como Paraná, Santa Catarina, Rio São Paulo

e até Alagoas colocaram-se à disposição para auxiliar o Rio Grande do Sul. O governo argentino também anunciou o envio com urgência de um estoque de pele para o tratamento dos queimados.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha,alertou sobre sintomas tardios da exposição à fumaça: – É comum que parte das pessoas que estavam no local, mas num primeiro momento não sentiram quadro grave, não procurem atendimento.Mas dois,três,quatro dias depois, apresentem tosse e falta de ar, o que pode evoluir para uma pneumonia química grave.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, Rogério Aguiar, alerta que quem esteve na boate poderá sentir sintomas como tosse, falta de ar ou febre até 72 horas após a inalação da fumaça tóxica. Segundo o médico, ainda há riscos. A orientação é procurar ajuda médica.

PARA AJUDAR ● Em Santa Maria, os hospitais Universitário, de Caridade, São Francisco e Casa de Saúde precisam de doações de todos os tipos sanguíneos para os feridos no incêndio.

Quem quiser fazer doações de sangue em Porto Alegre deve procurar o Hemocentro do Estado, localizado na Avenida Bento Gonçalves, 3.722, bairro Partenon, das 8h às 17h. A Secretaria Municipal da Saúde pede que as pessoas não procurem o HPS para tentar doar sangue.

●

44

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 FERNANDO RAMOS

Chamada pelo governo estadual, Força Aérea Brasileira (FAB) mergulhou na operação, que contou com auxílio de bombeiros, policiais, cães e psicólogos

Solidariedade do tamanho do país CARLOS ROLLSING

Começou uma aglomeração que, a princípio, todo mundo achou ser uma briga. Após isso, muitas pessoas começaram a gritar fogo, então queríamos sair, mas o segurança insistiu por cerca de um minuto que ficássemos lá dentro, até que alguém conseguiu abrila (a porta) .

TAMINE BRONZATTI Via Facebook

A

escuridão da madrugada pairava sobre o Rio Grande do Sul quando foi deflagrada a mobilização nacional de socorro às vítimas da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria.

Junto com a aurora, as primeiras aeronaves partiram de Porto Alegre rumo ao centro do Estado.A missão não dava margem para esperanças: profissionais e autoridades que embarcavam na Capital já tinham noção da carnificina.

A ação foi organizada pelo secretário da Segurança,Airton Michels, que costurou o auxílio da Aeronáutica na operação. Quatro aeronaves da Brigada Militar e nove da Força Aérea Brasileira (FAB) iniciaram o transporte de bombeiros, policiais militares, médicos, enfermeiros, equipamentos de socorro, sobretudo respiradores,e cães farejadores – utilizados nas buscas por corpos em meio ao escombros da boate.O avião oficial do governador Tarso Genro, antes de levá-lo à cidade,também foi utilizado no transporte de equipes de socorro. As comitivas se somavam

aos profissionais baseados na região de Santa Maria.

Parte majoritária dos reforços seguiu para o Hospital da Caridade.Os poucos leitos disponíveis foram rapidamente ocupados por sobreviventes da Kiss,o que obrigou médicos a improvisarem duas UTI’s no local.

– Chegaram 30 pacientes críticos de uma só vez, mas não enfrentamos escassez de leitos. Tivemos problemas devido ao número de respiradores. Mas, logo no início da manhã,chegaram 12 desses equipamentos de Porto Alegre.A ajuda veio de todo o Estado – relatou Cláudio Azevedo, anestesista que coordenou a operação no Hospital da Caridade. À tarde, pousaram na cidade dois dos maiores aviões de carga da FAB, um do Rio de Janeiro e outro de Campo Grande, para auxiliar no transporte de vítimas de Santa Maria – onde não havia mais lugar para manter jovens com intoxicação pulmonar e edemas nas vias aéreas causadas pela fumaça. Eles eram transferidos para hospitais como o Pronto Socorro, Clínicas e Moinhos deVento,em Porto Alegre.

A rede estadual do Samu se integrou à operação. Dezenas de UTIs

móveis foram enviadas de Caxias do Sul, Canoas, Passo Fundo, Ijuí, Santo Ângelo e Porto Alegre.

A comoção tomou a população, que, por meio das redes sociais, passou a se engajar em campanhas de donativos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que, apesar de solidário, o gesto era desnecessário. As urgências gritantes eram por leitos hospitalares e transporte ágil, algo inalcançável para a população.

O espaço aéreo foi tomado por aeronaves. Pela manhã, a repórter Rosane Marchetti,da RBS TV,viajou em um helicóptero da Unimed, junto com o piloto,uma médica e outra enfermeira. Consternados, voavam em silêncio para resgatar um sobrevivente,segurado do plano de saúde.

– No caminho, avistamos muitos helicópteros. O céu estava muito movimentado – contou Rosane.

Quem chegava na cidade, percebia que o habitual silêncio de um amanhecer de domingo havia sido substituído pelo insistente e perturbador barulho de sirenes de ambulâncias.

Instituições estiveram constantemente presentes no socorro. O

Conselho Regional de Psicologia destacou duas profissionais para prestar atendimento aos familiares, obrigados a encarar fileiras de cadáveres estendidos no chão para fazer o reconhecimento.

Outras quatro psicólogas da Associação Brasileira de Emergências e Desastres viajaram de São Paulo a Caxias do Sul, e depois a Santa Maria, para reconfortar uma comunidade traumatizada.

Diversos órgãos estão em situação de alerta. Ontem à noite, a diretora da Central de Transplantes do Estado, Rosana Nothen, esteve reunida em Santa Maria com o secretário da Saúde,Ciro Simoni.

– Ainda é muito prematuro para falar qualquer coisa, mas vamos verificar o que é necessário – resumiu a diretora.

A mobilização continua hoje. O Hemocentro de Porto Alegre irá coletar sangue. O mesmo irá ocorrer na Região Central do Estado.

Tudo para atenuar a dor de uma ferida que jamais irá cicatrizar. carlos.rollsing@zerohora.com.br Colaborou Cláudia Lawisch

45

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

Comoção mundial

Horror e Copa na ótica inglesa Requisitada a aparecer em programas de rádio e televisão da rede britânica BBC, na Inglaterra, a diretora de redação da BBC Brasil, Juliana Iootty, revelou o teor dos principais questionamentos dos britânicos: – Eles queriam saber quantas pessoas morreram e quais eram os próximos passos. Mas também procuravam informações sobre a questão de estrutura para a Copa e a Olimpíada, se isso tinha alguma relação – disse a ZH,desde Londres.

A Reuters, uma das maiores agências de notícias do mundo, foi outra a relacionar o incidente com a organização dos eventos esportivos. Lembrou que há atenção especial voltada ao Brasil na questão da reação a situações emergenciais.

Em Porto Alegre, na Redação de ZH, os editores Carlos Guilherme Ferreira e Gabrieli Chanas ajudaram a conectar o Estado ao mundo.

– Entrei ao vivo em emissoras da Espanha, dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Austrália e da Argentina. Os radialistas de Buenos Aires entendiam a dor e faziam comparações com o incêndio da boate de Buenos Aires, que em 2004 causou a morte de 194 pessoas. Eles sofreram junto com os gaúchos – conta Gabrieli.

REPERCUSSÕES NA MÍDIA INTERNACIONAL REPRODUÇÕES

A

tragédia de Santa Maria ocupou espaço nobre em sites de jornais, revistas e televisões estrangeiras.

Ontem, competiu com a recente eleição em Israel e o aniversário, com novas mortes, de um ano da onda de protestos que derrubou Hosni Mubarak no Egito. Foi triste destaque mundial.

Além de reportagens, com o relato detalhado do incêndio, alguns sites internacionais preocuparam-se em criar áreas especiais em suas capas para o incidente, com extenso material. Com galerias de fotos e convites à participação dos leitores, como se viu na rede CNN, dos EUA, os portais se concentraram no Brasil.

Por mais que todos trouxessem material meramente narrativo, que buscava elucidar os detalhes da tragédia, alguns meios de comunicação tentavam estabelecer uma conexão com os grandes eventos que o Brasil sediará nos próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

CLARÍN Editado em Buenos Aires, o site do jornal mais vendido da Argentina cobriu a tragédia gaúcha como se fosse um assunto local.

Destacou a apressada viagem de Dilma de volta ao país e ainda publicou um mapa para que o internauta localizasse a cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul.

SPIEGEL O site da revista alemã, uma das mais influentes da Europa, divulgou um vídeo da história, onde uma testemunha disse que tudo “parecia um filme de terror”.

CNN A rede mundial de televisão cobriu a matéria como um grande assunto internacional. Primeiro, a cidade gaúcha recebeu um breaking news (notícias urgentes).

“Inferno mortal no Brasil” foi uma das chamadas.

EL PAÍS Desde cedo, o jornal número 1 da Espanha fez extensa cobertura e buscou informações em Zero Hora.com.

Uma fotogaleria mostrou o incêndio na boate.

THE NEW YORK TIMES O grande jornal dos EUA comparou a tragédia gaúcha com uma local, em 2003, que matou cem pessoas. O fogo numa casa noturna de Rhode Island também foi causado por uma banda que usou pirotecnia no palco.

Tem um corrimão para organizar a fila, e era tanta gente empurrando que ele parecia um arame. Ele ficou trancado e começou a cair gente. (...) Vi gente morrer na minha frente.

DENTISTA QUE ESTAVA NA BOATE

THE GUARDIAN Um dos jornais mais influentes da Europa trouxe fotos e testemunhos de amigos de vítimas, policias, militares e bombeiros. Lembrou que os mortos eram estudantes.

THE TELEGRAPH O site do jornal britânico deu prioridade ao caso desde as primeiras horas da manhã, apresentou vídeos, um deles com a presidente Dilma Rousseff e depoimentos.

46

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013 Marcelo Canellas marcelocanellas@uol.com.br

Vimos ainda a fumaça branca na casa, mas em pouquíssimo tempo começou o pior. Logo, via os corpos no chão, mas acreditava que aquelas pessoas ainda poderiam estar vivas, e não mortas.

KELLEN REBELLO DA SILVA, 21 anos

O janeiro em que o Brasil me perdeu

E

u hoje tenho 20 anos e quero me divertir. Meu pais estão dormindo em casa e amanhã haveria um churrasco. Eu tenho a vida pela frente e quero mudar o mundo.

Mas também quero namorar, dançar, rir, andar a esmo com amigos nas lombas íngremes da minha cidade. Eu sou feito da bafagem úmida da Serra Geral, dos morros que circundam a Boca do Monte, do eco metálico dos trilhos de outrora, da lembrança ancestral da Gare onde meus avós trabalhavam. Ainda que eu não tenha nascido aqui, eu tenho o viço púbere do futuro. Eu posso ter vindo das barrancas de Uruguaiana, das campinas de São Borja, das grotas de Santiago do Boqueirão, das videiras de Jaguari, de São Pedro do Sul, São Sepé, São Gabriel, Dom Pedrito, de cima da serra, não importa. Santa Maria sou eu, cidade cadinho, generosa e aldeã, que nos pariu

a todos em seu útero colossal.

Eu sinto o afago do vento norte, eu vejo anciãs tomando mate na janela e cadeiras nas calçadas da Vila Belga em uma tarde quente de janeiro. Eu tenho o lastro interiorano de minha cidade, mas também as narinas abertas, os ouvidos atentos, os sentidos despertos para o que enxergo na face jovem de uma urbe sempre aberta ao novo, cosmopolita e inquieta, convidando-me para a festa da vida. Por isso celebro, brindo, bailo. Tenho o frescor do campus em meus modos, a avidez universitária do saber.

Recebo, faceiro e agradecido, convite do conhecimento, as portas do desconhecido a me cortejar. Como eu não quereria viver? Então entro numa boate e não tenho mais voz, não tenho mais planos,não tenho saída.

Rogo a todos os que andaram sobre os paralelepípedos da Rio Branco para me salvar.

Quero correr e suplicar socorro a quem me

possa acudir. A bênção, Carlos Scliar. A bênção, Raul Bopp. A bênção, velho Cezimbra Jacques, meu Prado Veppo, a bênção Felippe d’Oliveira. Iberê Camargo, tu que estudaste no Liceu de Artes e Ofícios, ali bem perto de onde a primeira faísca espocou, a bênção. A bênção, todos os artistas e poetas da Boca do Monte. Precisamos de vocês para explicar o sentido do inexplicável.Vocês, que tiveram tempo para luzir, expliquem-nos: por que temos de findar?

Como posso adormecer, se mal despertei para o mundo? Como posso abdicar, se não brinquei o suficiente, não amei o bastante, deixei incompleto o edifício da minha história?

Eu não choro só por mim, e nem meu pranto cai sozinho. Minha cidade é hoje o Brasil em luto. Minha juventude perdida é o meu país, perplexo e tonto, impotente a velar meu corpo.

Santa Maria, rogai por nós.

FÉLIX ZUCCO

Fincada no coração do Rio Grande, a cidade que abriga a primeira universidade federal do interior do país viveu ontem um dos mais tristes domingos de sua história

47

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

PUBLICAÇÕES LEGAIS ADRIANA FRANCIOSI

Ministério de Minas e Energia

RECEBIMENTO DE LICENÇA PRÉVIA A Eletrosul Centrais Elétricas S.A., torna público que recebeu da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - FEPAM, a Licença Prévia para o Seccionamento da Linha de Transmissão Passo Fundo - Monte Claro na Subestação Nova Prata 2, em 230 kV, a se localizar nos municípios de Nova Prata e Fagundes Varela, no estado do Rio Grande do Sul. Giovani Gonçalves Petri Gerente do Departamento de Engenharia Ambiental e Fundiária

Prefeitura Municipal de Porto Alegre DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS JURÍDICOS

Diante das infrutíferas tentativas de contato com a Empresa ALFREDO LUIZ BINS - AB ENGENHARIA, o Departamento Municipal de Habitação vem noticiar a notificação abaixo:

NOTIFICAÇÃO

“Deve-se respeitar as reações particulares de cada um, como o desespero e o choro.”

Como lidar com a perda Crianças também precisam ser escutadas, mas devem casos de luto por perda se cuidar para não insistir traumática, deve-se respeitar no assunto caso não exista receptividade. O conselho é as reações particulares de cada um, como o desespero, o choro, para lançar mão de conversas a necessidade de falar muito ou simples, francas, sinceras. silenciar e isolar-se. É preciso Os sentimentos têm que ser muita sensibilidade e cuidado compartilhados, mas sem para não ser invasivo e respeitar sobrecarregá-los. as diferentes crenças. Também Nas escolas, os professores é preciso cuidado para evitar devem estar receptivos palavras formais,“consolos e solidários, atentos a que não consolam”. Gestos e manifestações que podem comportamentos de apoio dizem incluir apatia, desatenção, mais do que palavras. indisciplina, medo, tristeza,

IARA CAMARATTA ANTON *

E

aumento de apegos e outras manifestações de dependência.

Em casa, comportamentos estranhos também precisam ser observados, entre eles insônia e distúrbios alimentares.

Quando se está de luto, a impressão é de que esse estado é insuperável. Lutos devem ser elaborados e, em alguns casos, a terapia e o uso de medicamentos com recomendação médica se faz necessário para aliviar o sofrimento. * Psicóloga e psicoterapeuta

PUBLICAÇÕES LEGAIS RESGATE O QUE JÁ FOI NOTÍCIA. JORNAIS ANTIGOS PARA VENDA NO ARQUIVO DE JORNAIS ZERO HORA.

EXEMPLARES DA 2ª EDIÇÃO CIRCULAÇÃO GRANDE POA

ATENDIMENTO DE SEGUNDA À SEXTA-FEIRA, DAS 8H30 ÀS 11H30 E DAS 14H ÀS 17H AVENIDA DAS INDÚSTRIAS Nº 748 BAIRRO SÃO JOÃO

O Departamento Municipal de Habitação, vem por meio desta NOTIFICAR a Empresa ALFREDO LUIZ BINS - AB ENGENHARIA, com quem celebrou o Contrato nº 04/2012 ELIC/CJURF, cujo objeto é a execução de levantamentos topográficos cadastrais em vilas populares nesta Capital, Lote A - Cooperativa Sócio Ambiental Francisco de Assis e Vilas: Santa Paula, Beco do Adelar, Graciliano Ramos e Ester., através do seu representante legal Sr. Alfredo Luiz Bins, RG n°.7025954335, CPF n° 439.533.870-49, em virtude da manifestação do Superintendente de Urbanismo e Produção Habitacional, da Coordenadora da CUR e dos engenheiros Fiscais da CTR e CUR, no Processo Administrativo n .

04.2382.11.3, conforme descrito nos Ofícios n°s. 275 e 157/2012, de 18.06.2012, 21.08.2012 e 29.10.2012, fls. 294, 298 e 309, do citado processo, ou seja, não cumprimento do contrato, não tendo iniciado os trabalhos contratados, bem como não ter atendido solicitações da fiscalização, inadimplindo o previsto no Contrato e a boa técnica, afrontando a Cláusula Sétima, item 7.4."...Pela inexecução total ou parcial do contrato, o DEMHAB poderá, garantida prévia defesa, aplicar ao Contratado as seguintes sanções: I advertência, servindo a presente como NOTIFICAÇÃO, sendo-lhe aplicada à pena de ADVERTÊNCIA, forte no artigo 87, inciso I, da Lei Federal n.º 8.666/93, bem como Cláusula Sétima, item 7.4, do Contrato 04/2012-ELIC/CJURF. Fica aberto o prazo de 05 (cinco) dias úteis a partir da intimação, para o contraditório e a ampla defesa, conforme previsto no inciso I, letra "f" combinado com § 1º, ambos do Art. 109 da Lei Federal n° 8.666/93.

Porto Alegre, 25 de janeiro de 2013.

Everton Luis Gomes Braz Diretor-geral

Prefeitura Municipal de Porto Alegre

SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO COORDENAÇÃO DE SELEÇÃO E INGRESSO

EDITAL 5

CONCURSO PÚBLICO 452 – FARMACÊUTICO BIOQUÍMICO

A SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO, convoca a candidata classificada no referido concurso público para comparecer na Secretaria Municipal de Administração (Rua Siqueira Campos, 1300, 9º andar, sala 915), na TERÇAFEIRA, 29/01/2013, às 09h30min, a fim de tratar de sua respectiva nomeação e encaminhar os exames complementares de ingresso. O candidato que não puder comparecer na data e horário sugeridos, tem prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da data de entrega da correspondência para comparecer na Coordenação de Seleção e Ingresso (9º andar, sala 915), podendo agendar um horário de atendimento através do telefone 3289-1270, dentro do horário das 9hrs às 11h30 min ou das 13h30min às 17hrs, para o mesmo fim. O não comparecimento, no prazo determinado, será entendido como desistência do candidato à nomeação no referido cargo.

CP 452 – FARMACÊUTICO BIOQUÍMICO 7º lugar - KELLY GOULART LIMA Porto Alegre, 23 de janeiro de 2013.

EDITAL 6

AVISO DE LICITAÇÃO PREGÃO ELETRÔNICO Nº 2/2013 O CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL, CREA-RS, na forma que dispõe Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 e regulamentado pelo Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005, e o Decreto nº 7.174 de 12 de maio de 2010, comunica que no dia 28 de janeiro de 2013 dará início ao recebimento de propostas para LICITAÇÃO na modalidade PREGÃO ELETRÔNICO tipificada como MENOR PREÇO, visando a AQUISIÇÃO DE 226 LICENÇAS DE USO DE SOFTWARES MICROSOFT PARA O CREA-RS, conforme as especificações e condições estabelecidas no processo protocolizado sob n° 2013019081 com disputa a ocorrer em 8 de fevereiro de 2013 às 14 horas. A íntegra do edital, com maiores informações, poderá ser obtida no website www.pregaoonlinebanrisul.com.br, ou ainda, pelo endereço de correio eletrônico licitacao@crea-rs.org.br à partir da publicação deste.

Porto Alegre-RS, 28 de janeiro de 2013.

Engº Civil Luiz Alcides Capoani Presidente

CONCURSO PÚBLICO 440/441/442 – PROFESSOR

A SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO, convoca os candidatos classificados no referido concurso público para comparecerem na Secretaria Municipal de Administração (Rua Siqueira Campos, 1300, 14º andar, sala J), na TERÇAFEIRA, 29/01/2013, às 14h30min, a fim de tratarem de suas respectivas nomeações e encaminhar os exames complementares de ingresso. O candidato que não puder comparecer na data e horário sugeridos, tem prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da data de entrega da correspondência para comparecer na Coordenação de Seleção e Ingresso (9º andar, sala 915), podendo agendar um horário de atendimento através do telefone 3289-1270, dentro do horário das 9hrs às 11h30 min ou das 13h30min às 17hrs, para o mesmo fim. O não comparecimento, no prazo determinado, será entendido como desistência do candidato à nomeação no referido cargo.

CP 440 – PROFESSOR - ANOS INICIAIS DOS CICLOS DE FORMAÇÃO/EJA 429º lugar - SILVANA VARGAS DA SILVA 430º lugar - ROCHELI LENTZ CARDOZO 431º lugar - GISLAINE ROCHA DE OLIVEIRA BITTENCOURT 432º lugar - TANIZE FAGUNDES BITENCOURT 433º lugar - MARIA GABRIELA PIRES DE SOUZA CP 440 – PROFESSOR - EDUCAÇÃO INFANTIL 111º lugar - ANDREA RIBEIRO CAMPOS DE ARAUJO CP 441 – PROFESSOR – CIÊNCIAS SÓCIO-HISTÓRICAS 41º lugar - CARMEN DAL LAGO CP 441 – PROFESSOR – EDUCAÇÃO FÍSICA/REDE ESCOLAR 114º lugar - CLAUDIA SANTANA GAYA CP 441 – PROFESSOR – LÍNGUA PORTUGUESA 72º lugar - ALINE DO ESPIRITO SANTO CERQUEIRA DUTRA 75º lugar - JAQUELINE DE QUADROS BARBOZA CP 441 – PROFESSOR MÚSICA 51º lugar - DANIEL CASSIANO PINTO RIBEIRO CP 442 – PROFESSOR – LÍNGUA ESPANHOLA 31º lugar - MARISA MOTTA RAVANELLO Porto Alegre, 24 de janeiro de 2013.

ELÓI GUIMARÃES Secretário Municipal de Administração JOÃO LUIS LINDE Supervisor de Recursos Humanos, em exercício DEMÉTRIO DE SOUZA VASNIESKI Coordenador de Seleção e Ingresso

48

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

SANTA MARIA, 27/01/2013

PUBLICAÇÕES LEGAIS

ADRIANA FRANCIOSI

PREFEITURA MUNICIPAL DE BAGÉ DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTOS DE BAGÉ EDITAL DE LICITAÇÃO - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 02/2013 O Departamento de Água e Esgotos de Bagé-DAEB torna público que, no dia 08 de fevereiro de 2013, às 09:00h, será realizada a licitação na modalidade Pregão Eletrônico, do tipo MENOR PREÇO, pelas condições estabelecidas no presente edital e seus anexos, para ata de registro de preços para aquisição de pneus e câmaras. Informações pelo telefone (53) 32407800-Ramal 208/221 ou pelo e-mail: materiais@daeb.com.br ANTÔNIO KIWAL FAGUNDES PARERA Diretor Geral do DAEB

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

AVISO DE LICITAÇÃO A Comissão Permanente de Licitações da UFSM, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, torna público, para conhecimento dos interessados, que: 1. Realizará a seguinte Licitação: Leilão 001/2013 – do tipo maior lance, por lote, para o LEILÃO DE VEÍCULOS (Opala, Kombi, Parati, Fiat 147 Furgão, Caravan, Marea, Saveiro e Ônibus), E SUCATA DE VEÍCULOS, pertencentes à UFSM. O edital estará disponível a partir de: 28/01/2013 das 08:00 às 12:00 e das 13:00 às 17:00. Data de abertura: 14/02/2013, Hora: 09h00min(horário de Brasília/DF), local: Centro de Eventos da UFSM, na Avenida Roraima, 1000, na cidade de Santa Maria.

2. O edital completo poderá ser retirado na sala 657, 6º andar, Prédio da Administração Central, Cidade Universitária, Santa Maria, RS, fone (55)3220 8189, no horário de expediente externo da UFSM, bem como no site www.ufsm.br.

Santa Maria, 28 de janeiro de 2013 Ana Deise Souza Rodrigues Coordenadora de Licitações Substituta

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

AVISO DE LICITAÇÃO A Universidade Federal de Santa Maria, por meio de seu pregoeiro, designado pela Portaria n. 61.586, de 16 de fevereiro de 2012, torna público, para conhecimento dos interessados, que: 1. Realizará a seguinte licitação: Pregão Eletrônico 009/2013 – do tipo Menor Preço, Unitário, para REGISTRO DE PREÇOS PARA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE MANUTENCÃO EM SERVIÇOS DE ELETRICIDADE EM CARÁTER EMERGENCIAL – CAMPI DE SANTA MARIA, FREDERICO WESTPHALEN E PALMEIRA DAS MISSÕES, DESTINADO A PRÓREITORIA DE INFRAESTRUTURA DA UFSM. Entrega das propostas a partir do dia 28.01.2013 às 8 horas, no site www.comprasnet.gov.br. Abertura da proposta 08.02.2013 às 9 horas no site www.comprasnet.gov.br Pregão Eletrônico 010/2013 – do tipo Menor Preço, Unitário, para Registro de Preços SERVIÇO DE RECARGA DE CILINDRO DE SISTEMA DE EXTINÇÃO DE INCÊNCIO COM USO DE GÁS ECARO-25, DESTINADO AO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA. Entrega das propostas a partir do dia 28.01.2013 às 8 horas, no site www.comprasnet.gov.br. Abertura da proposta 07.02.2013 às 9 horas no site www.comprasnet.gov.br.

2. Os editais completos poderão ser retirados nos sites www.comprasnet.gov.br e www.ufsm.br, ou no endereço: Prédio da Administração Central, sala 657, 6o andar, Cidade Universitária, Santa Maria, RS, fone (55)3220 8189, no horário de expediente externo da Universidade.

Ginásio de esportes de Santa Maria foi local da realização de velório coletivo das vítimas

Flávio Tavares Escritor e jornalista

Brutal, revoltante

C

onsumada a tragédia, além do pranto e da solidariedade, resta agora o caminho mais árduo: encontrar os assassinos diretos e indiretos. Sim, pois na tragédia de Santa Maria os culpados transformam-se em assassinos,em autores de um homicídio coletivo.

Não se equivocaram ou cometeram um simples erro, enchendo os salões além da lotação máxima habitual. Sabiam que não havia saídas e nunca se interessaram em resolver o problema. Programaram a atração de um fogaréu nos salões para atrair mais gente, mesmo sabendo que fogo se propaga. Tudo foi feito como se fosse premeditado.

Armaram o cenário da morte, mesmo dizendo (ou pensando) que queriam divertir. Os fiscais municipais “deixaram por isto”, pois a burocracia só cuida dos pa-

péis e, nos papéis, tudo se contorna com propina.“As licenças estavam em ordem”, dirá, certamente, a prefeitura ou quem de direito.E daí?

Onde estava, porém, a responsabilidade empresarial?

O correto empresário não vende água como se fosse leite, à espera de que o poder público, ao fiscalizar, alerte que água não é leite... Em Santa Maria, agora, tudo se juntou – sanha de lucro fácil,desídia e irresponsabilidade dos donos da boate além da fiscalização municipal carcomida pelo desleixo ou pelo suborno.

A tragédia exige pensar a fundo e indagar sobre a sociedade de consumo e seu hedonismo, que transforma tudo em mercadoria de venda fácil. Até a vida de mais de duas centenas de jovens que buscavam relaxar e e divertir-se. Esta tragédia não é apenas dramática e brutal,é revoltante.

Santa Maria, 28 de janeiro de 2013 Ana Deise Souza Rodrigues Coordenadora de Licitações Substituta

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS RECURSOS HUMANOS DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO

EDITAL DE NOTIFICAÇÃO Nº MI.011/2011 O Diretor-Presidente do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN/RS NOTIFICA todos interessados, em particular os proprietários (fiduciários e alienantes) dos veículos automotores (automóveis, motocicletas e outros) abaixo discriminados, a comparecerem na RUA MINAS GERAIS, 138 - PANAMBI/RS, em horário comercial, de segunda a sexta-feira, até 28/02/2013, para tratar da retirada de seus veículos do A MARCON E CIA. LTDA., sob pena de tê-los destinados à reciclagem conforme preconizam as Portarias DETRAN/RS Nº 383/2009, Nº 254/2010 e legislação vigente. Antes, porém, deverão quitar os débitos existentes, sejam eles de IPVA, Multas, Taxas de Licenciamento, Seguro Obrigatório e, com o depósito citado, as despesas de remoção e depósito, se houver.

AAT7166 EFQ6618 ICX6643 IEL9780 IGD6957 IHW9507 IMN5416

BNF7928 GLA5465 ICX8420 IEO0896 IGG9305 IIK5990 INU7339

BNU9027 HQZ4823 IDF6426 IET3547 IGK4983 IIV7937 JOH2679

PLACAS

CEO0372 IAY3111 IDN2770 IFA7378 IGM8108 IJQ4193 LXK1333

CSE2614 IBQ8354 IDW4158 IFJ9660 IGR9960 IKI1750 LXL1982

MATERIAIS INSERVÍVEIS

CWF1896 ICE3563 IED1890 IFW6224 IGV5750 IKM3622 LZZ3585

DEA1778 ICU7705 IEE3173 IGB0172 IHH8368 ILS8906 MCC5610

Além dos veículos acima discriminados, referenciados por meio de suas placas de registro, também serão destinados à reciclagem outros materiais inservíveis e os veículos sem possibilidade de identificação, cujo quantitativo segue abaixo: DEZOITO (18) VEÍCULOS LEVES. Outras informações no site do DETRAN/RS: www.detran.rs.gov.br, em publicações legais, Leilões - Reciclagem, Editais de Notificação - Edital de Notificação MI.011/2011. Porto Alegre, 23/01/2013.

Ildo Mario Szinvelski Diretor-Presidente Substituto

Comovida, a FEDERASUL se solidariza com a comunidade e com os familiares das vítimas da tragédia ocorrida em Santa Maria.

Como Entidade representativa da classe empresarial, a Federasul acompanha, chocada, os acontecimentos e coloca-se à disposição para quaisquer necessidades.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013.

Diretoria e Funcionários da FEDERASUL.

Mercado em dia 49

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA,28 DE JANEIRO DE 2013

INVESTIMENTOS

MOEDAS

MARÇAL ALVES LEITE

CÂMBIO COMERCIAL (EM R$)

marcal.leite@zerohora.com.br

Wall Street avança com consistência

O

bom desempenho dos mercados da Europa e dos Estados Unidos – especialmente em Wall Street,que se aproxima do seu recorde histórico –, poderá favorecer os negócios na reabertura hoje da Bolsa de São Paulo (Bovespa), que não operou na sexta-feira devido ao feriado de aniversário da capital paulista.

Cautelosos ante eventual instabilidade nos pregões globais, investidores brasileiros optaram pela venda de ações na véspera do feriado em São Paulo, reduzindo para apenas 0,36% a alta acumulada pelo Ibovespa em 2013, período no qual o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York (Nyse), já chega a 7,4% de valorização.

Numa sequência de seis altas seguidas, o Dow Jones – composto pelas ações das 30 maiores empresas dos EUA – alcançou 13.896 pontos. Trata-se do mais elevado nível desde 16 de outubro de 2007 e bem perto da marca histórica de 14.164 pontos registrada em 9 de outubro do mesmo ano. Nas últimas 12 sessões,Wall Street avançou 11 vezes.

Apesar de ainda persistirem temores quanto ao teto da dívida pública, os EUA vêm mostrando sinais de recuperação econômica, o que também se reflete no Brasil, uma vez que o país é um dos principais mercados para produtos brasileiros.

Os resultados corporativos referentes ao último trimestre de 2012 vêm superando as estimativas de economistas.

Como ocorre em momentos de retomada, a moeda dos EUA apresentou forte queda nos últimos dias frente ao euro, que encostou na sexta-feira em US$ 1,35 – marca registrada pela última vez em novembro de 2011. No Brasil, com poucos negócios devido ao feriado paulista, o dólar recuou para R$ 2,0285 e o euro avançou para $ 2,7332 no Banco Central.

DIA/MÊS

À VISTA (*)

23/1 24/1 25/1

DÓLAR PTAX (**) COMPRA VENDA 2,0388 2,0394 2,0338 2,0344 2,0277 2,0285

2,0380 2,0330 -

COMPRA 2,7185 2,7139 2,7319

BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO EURO PTAX (**) VENDA 2,7195 2,7149 2,7332

MOEDA Dólar – EUA (*) Dólar – EUA (**) Euro (*) Dólar canadense (*) Libra esterlina (*) Iene japonês (*) Peso argentino (**) Peso uruguaio (**) Peso chileno (**) Dólar australiano (**)

COMPRA 1,950 2,050 2,617 1,932 3,082 0,0216 0,210 0,090 0,0045 2,120

VARIAÇÃO DO DÓLAR

VENDA 2,090 2,170 2,820 2,076 3,303 0,0232 0,370 0,140 0,0050 2,320

Novembro Dezembro Janeiro

R$ 2,1100 2,1636 2,1616 2,1521

+3,82% -3,02% -0,51%

HOJE (dia 28) ICMS/CAE 8.03 – Apuração quinzenal

Novembro Dezembro Janeiro

QUINTA-FEIRA (dia 31) Administradoras de cartões de crédito ou de débito em conta-corrente e estabelecimentos similares – Arquivo eletrônico Administradoras de shopping center, de centro comercial ou de empreendimento semelhante – Arquivo eletrônico GIA – Guia de informação e apuração do ICMS – Transporte aeroviário GIA-SN – Guia de informação e apuração do ICMS – Simples nacional ICMS/Cimento – Apuração decendial ICMS/Serviço de transporte aeroviário (opção) IPVA - Recolhimento da primeira parcela, com desconto de 3%, pelos proprietários de veículos automotores terrestres usados, relativa ao exercício de 2013 ICMS/Substituição tributária – Cimento – Apuração decendial ICMS/Substituição tributária – Combustíveis, lubrificantes, derivados ou não de petróleo (interestadual) Comprovante anual de imposto de renda recolhido – Comissões e corretagens Comprovante anual de imposto de renda recolhido – Serviços de propaganda e publicidade Contrato de trabalho temporário – Informação ao MTE Contribuição sindical – Empregados Contribuição sindical – Patronal

Fonte: Centro de Orientação, Atualização e Desenvolvimento Profissional (Coad)

FISCAIS (R$) INDICADOR NOV DEZ JAN

UFM 2,7778 2,7778 2,9314

UPF/RS 12,9911 12,9911 13,7420

UIF/RS 17,82 17,93 18,04

BOLSAS DE VALORES INTERNACIONAIS Movimento de sexta (em %)

VENCIMENTO 26/1 27/1 28/1 29/1 30/1 31/1 1/2 2/2

Ano 2009 2010 2011 2012

R$ 2,1620 2,1600 2,1518 2,1878

ANUAL

Valor/R$ 2,1020 1,8679 1,7694 2,0725

ALUGUÉIS ALUGUEL

POUPANÇA VELHA (%) 0,5000 0,5000 0,5000 0,5000 0,5000 0,5000 0,5000 0,5000

DIA IMOBILIÁRIOS (R$)

INDICADOR NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO IPC/IEPE 7,13% 6,73% 6,98% INPC/IBGE 5,99% 5,95% 6,20% IPC/FIPE 4,85% 4,92% 5,10% IGP-DI/FGV 7,41% 7,22% 8,10% IGP-M/FGV 7,52% 6,96% 7,82% IPCA/IBGE 5,45% 5,53% 5,84% Média INPC/IBGE e IGP-DI/FGV 6,70% 6,59% 7,15%

Nova York/S&P Jacarta Seul Madri Cidade do México

+0,54 +0,43 -0,91 +0,68 +0,34

POUPANÇA NOVA (%) 0,4134 0,4134 0,4134 0,4134 0,4134 0,4134 0,4134 0,4134

VALIDADE De 26/12 a 26/1 De 27/12 a 27/1 De 28/12 a 28/1 De 29/12 a 29/1 De 30/12 a 30/1 De 31/12 a 31/1 De 1/1 a 1/2 De 2/1 a 2/2

TR (%) 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

UPC Setembro

22,30

Outubro

22,31

Novembro

22,31

Dezembro

22,31

Janeiro

22,31

Fevereiro

22,31

Março

22,31

PREFIXADO PARA DIAS 30 30 30 30

22/1 23/1 24/1 25/1

AO ANO (%) 6,98 (*) 6,96 (*) 6,99 (*) 6,99 (*) Fonte: Agências de notícias (*) Para grandes aportes

Fonte: Agências de notícias

(*) Para grandes aportes

IRPF MÊS AGO SET OUT NOV DEZ JAN

Taxa 0,69 0,54 0,61 0,55 0,55 1,00

OURO DIA 22/1 23/1 24/1 25/1

IRPF 3,25 2,71 2,10 1,55 1,00

BM&F 111,50 110,80 109,00 –

NOVA YORK 1.693,20 1.686,70 1.669,90 1.656,60

Cotação no fechamento do dia.

CONTRIBUIÇÕES AO INSS – JANEIRO*

TRABALHADORES ASSALARIADOS CONTRIBUIÇÃO

ALÍQUOTA

Até R$ 1.247,70 De R$ 1.247,71 até R$ 2.079,50 De R$ 2.079,51 até R$ 4.159,00 Empregador

8% 9% 11% 12%

Multa de 0,33% por dia, calculada a partir do primeiro dia após o vencimento da contribuição até o dia do pagamento. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a 20%.

SALÁRIO MÍNIMO Nacional R$ 678 (a partir de janeiro) Regional (RS) de R$ 700 a R$ 761,28 (conforme o segmento econômico) SALÁRIO-FAMÍLIA Rendimento em 2013 Para salários até R$ 646,55, é de R$ 33,16 por filho. Para salários de R$ 646,55 até R$ 971,78, é de R$ 23,36.

Acima de R$ 971,78 não há direito ao salário-família O salário-família deve ser pago mensalmente a empregados (exceto domésticos) e a trabalhadores avulsos, conforme o número dos filhos ou equiparados de qualquer condição, até 14 anos, ou inválidos

BASE DE CÁLCULO Até R$ 1.710,78 R$ 1.710,79 a R$ 2.563,91 R$ 2.563,92 a R$ 3.418,59 R$ 3.418,60 a R$ 4.271,59 Acima de R$ 4.271,59

JUROS TJLP* AO ANO % 5,50 5,50 5,50

DATA DO CRÉDITO

10/11/2012

10/12/2012

10/1/2013

Juros de 3% ao ano

0,2466%

0,2466%

0,2466%

*Taxa de Juros de Longo Prazo

COMPLEXO SOJA Fechamento em Chicago

Mês

Soja (bushel) Sexta Anterior

MAR/13 14,4100 MAI/13 14,2600 JUL/13 14,1775

MÊS OUT NOV DEZ

TBF* % 5,50 5,50 5,50

VALIDADE De 22/1 a 22/2 De 23/1 a 23/2 De 24/1 a 24/2 *Taxa Básica Financeira

14,3525 14,2375 14,1750

Farelo (tonelada) Sexta Anterior

MAR/13 JUL/13 AGO/13

416,40 406,50 396,20

414,70 406,20 396,80

Óleo (libra-peso) Sexta Anterior 52,10 52,73 52,60

52,11 52,77 52,69

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) fecharam sexta-feira passada com preços mistos. A maior parte dos contratos recuou, em decorrência da postura retraída dos compradores, em uma jornada de poucas novidades fundamentais. As posições com vencimentos mais próximos do grão e do farelo subiram. O relatório de exportações semanais dos Estados Unidos não apresentou novidades, com número dentro do esperado, e seguem as incertezas em relação ao comportamento do clima na América do Sul. Após chuvas na Argentina e no Rio Grande do Sul, a perspectiva é de um período sem precipitações nos próximos cinco dias. As exportações líquidas norte-americanas de soja, referentes à temporada 2012/13, com início em 1º de setembro, ficaram em 383,3 mil toneladas na semana encerrada em 17 de janeiro. Na semana anterior, o total havia sido de 1,608 milhão de toneladas. O principal comprador foi a China (209,6 mil toneladas).

As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Para 2013/14, as vendas bateram em 595 mil toneladas.

PRÊMIOS FOB Paranaguá (MAR) 44,00/48,00 (FEV) 21,00/24,00 (MAR) -2,00/-1,60

SOJA FARELO ÓLEO

Tabela da Receita Federal para cálculo do IR ALÍQUOTA PARCELA A DEDUZIR Isento 7,5% R$ 128,31 15% R$ 320,60 22,5% R$ 577,00 27,5% R$ 790,58

Deduções: R$ 164,56 por dependente, R$ 1.637,11 por aposentadoria ou pensão paga por previdência pública ou privada a segurado com 65 anos ou mais. Pensão alimentícia integral. Contribuição para o INSS. Sobre o resultado aplique a alíquota e subtraia a parcela a deduzir.

Fonte: Secretaria da Receita Federal

MÊS JUL AGO SET

INDICADOR RURAL

Rio Grande (MAR) 42,00/50,00 (MAR) 19,00/26,00 (MAR) -1,80/-1,50

Média dos negócios reportados no Estado: Rio Grande: R$ 64,00 CIF e Passo Fundo: R$ 62,50 (mercado de lote) Fonte: Safras & Mercado (www.safras.com.br)

IMPOSTO DE RENDA - 2013

A Unidade Financeira Municipal (UFM), indexador dos impostos no município de Porto Alegre, é corrigida pela variação do IGP-M. A Unidade de Incentivo do Fundopem/RS (UIF/RS) foi criada pelo governo do Estado por meio do Decreto 37.298, de 13 de março de 1997, para fins específicos de utilização desse fundo.

A Unidade Fiscal de Referência (Ufir) foi extinta em outubro de 2000, quando estava fixada em R$ 1,0641.

FGTS

12 MESES -2,11%

RENDIMENTO DA CADERNETA

-3,68% +3,11% +0,51%

SALÁRIO-BASE ALÍQUOTAS** R$ 678,00 5% (*) R$ 678,00 11% (**) R$ 678,00 até R$ 4.159,00 20% * Alíquota exclusiva do microempreendedor individual e do segurado facultativo que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência ** Plano Simplificado

Contribuição social – Estimativa Contribuição social – Lucro presumido – 4º Trimestre de 2012 – 1ª cota ou cota única Contribuição social – Lucro real – 4º Trimestre de 2012 – 1ª cota ou cota única CSLL, PIS e Cofins – Retenção na fonte DIPI-TIPI 33 – Declaração de informações das indústrias de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal GFIP/Sefip – Guia de recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social – Relativa ao 13° Salário – Ano 2012 IR/Fonte – Fundos de investimento imobiliário IOF – Derivativos financeiros IR – Ganhos em aplicações financeiras de renda variável IRPF – Carnê-leão IRPF – Ganho de capital IRPJ – Estimativa IRPJ – Ganho de capital – ME e EPP optantes pelo Simples nacional IRPJ – Lucro presumido – 4º Trimestre de 2012 – 1ª cota ou cota única IRPJ – Lucro real – 4º Trimestre de 2012 – 1ª cota ou cota única Mapa de avaliação anual dos dados atualizados de acidentes do trabalho – Eventos registrados no ano de 2012 PIS – Cofins – Retenção na fonte Simei – Opção – Ano-calendário de 2013 Simples nacional – Comunicação da exclusão – Ano-calendário de 2013 Simples nacional – Opção – ano-calendário de 2013

NO ANO +0,36%

CDB

celular. O custo por mensagem recebida é R$ 0,31 + tributos para todas as operadoras

PAGAMENTOS E OBRIGAÇÕES FISCAIS

MÊS +0,36%

VARIAÇÃO DO REAL

Fontes: BB (*) Prontur/TSA(**)

MENSAL Mês JUN AGO OUT DEZ

SEMANA -1,65%

Nova York/Nyse +0,51 Nova York/Nasdaq +0,62 Xangai -0,49 Hong Kong -0,08 Tóquio +2,88 Cingapura +0,64 Paris +0,69 Frankfurt +1,42 Londres +0,31 Buenos Aires +0,71 Obs.: A variação da semana corresponde aos últimos sete dias seguidos.

DÓLAR FLUTUANTE/MÉDIA

Mês MAI JUL SET NOV

QUINTA -1,29%

DESEMPENHO MENSAL

CÂMBIO TURISMO (R$)

ECONOMIA 46956 Envie INFOCEL para 46956 e receba notícias de economia no

AGENDA DE PAGAMENTOS

PONTUAÇÃO 61.169

(*) Dólar pronto negociado na BM&F Bovespa (**) Ptax apurada pelo Banco Central (até 13h)

Índices válidos para imóveis residenciais e não residenciais – Fonte: Secovi/RS ÌNDICES ECONÔMICOS NO CELULAR

ÍNDICE Ibovespa

ÍNDICE 0,5260 0,5203 0,5205

PREÇOS INFLAÇÃO (%) MÊS JAN/12 FEV/12 MAR/12 ABR/12 MAI/12 JUN/12 JUL/12 AGO/12 SET/12 OUT/12 NOV/12 DEZ/12 Em 2012 12 MESES

INPC IBGE 0,51 0,39 0,18 0,64 0,55 0,26 0,43 0,45 0,63 0,71 0,54 0,74 6,20 6,20

IPC ICV Fipe DIEESE 0,66 1,32 -0,07 0,13 0,15 0,59 0,47 0,68 0,35 0,43 0,23 0,23 0,13 0,42 0,27 0,20 0,55 0,42 0,80 0,81 0,68 0,57 0,78 0,43 5,10 6,41 5,10 6,41

IPCA IBGE 0,56 0,45 0,21 0,64 0,36 0,08 0,43 0,41 0,57 0,59 0,60 0,79 5,84 5,84

IGP-M FGV 0,25 -0,06 0,43 0,85 1,02 0,66 1,34 1,43 0,97 0,02 -0,03 0,68 7,82 7,82

IGP-DI FGV 0,30 0,07 0,56 1,02 0,91 0,69 1,52 1,29 0,88 -0,31 0,25 0,66 8,10 8,10

INCC-M FGV 0,67 0,42 0,37 0,83 1,30 1,31 0,85 0,32 0,21 0,24 0,23 0,29 7,26 7,26

IPC IEPE 0,56 0,50 0,37 0,78 0,44 0,46 0,94 0,27 1,00 0,61 0,20 0,64 6,98 6,98

50

Tempo

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

Sol e ar seco propiciam tarde quente Uma massa de ar seco passou a atuar no Rio Grande do Sul depois da passagem de uma frente fria pelo sul do Brasil. Com o afastamento da frente fria, o sol predomina entre nuvens nesta segunda-feira. Pela manhã, a sensação ainda pode ser de frio. No decorrer do dia, com a pouca cobertura de nuvens, a temperatura entra rapidamente em elevação e faz calor à tarde.

A massa de ar seco que passou a atuar no sul do Brasil impediu a formação de chuva e manteve a temperatura amena.

Temperatura mínima: Temperatura máxima: Máxima rajada de vento: Direção do vento: Precipitação da 0h às 19h: Pressão às 19h: Ponto de orvalho às 19h: Umidade às 19h:

16.6˚C às 2h5min 26.1˚C às 17h50min 40 km/h às 16h50min Sudeste 0mm 1020hPa 12˚C 45%

Geral

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

geral@zerohora.com.br (51)3218-4728 51

Editor: Marcelo Ermel - marcelo.ermel@zerohora.com.br Produtor: Jaisson Valim - jaisson.valim@zerohora.com.br

LUIZ ARMANDO VAZ

NO CAIXA ELETRÔNICO

Estudante é morto ao sacar dinheiro EDUARDO TORRES

O estudante de Engenharia Mecânica Vinicius da Rosa de Oliveira, 25 anos, faria hoje entrevista para estágio em uma empresa no Polo Petroquímico de Triunfo.

Poderia ser o início de uma carreira promissora, de um jovem preparado para encarar a nova fase em sua vida, mas a oportunidade foi cortada de forma estúpida.

A Labaredas que na noite de ontem atingiram casebres da Vila Liberdade, no bairro Humaitá, se alastraram em direção à freeway

CHAMAS NA CAPITAL Incêndio consome casas em vila próxima à Arena

Bombeiros levaram mais de quatro horas para controlar fogo que destruiu pelo menos 60 moradias

Pelo menos 60 casas na Vila Liberdade, próximo à Arena do Grêmio, no bairro Humaitá, em Porto Alegre, foram totalmente destruídas por um incêndio.

O fogo começou por volta das 19h30min em um beco e levou mais de quatro horas para ser controlado. São cerca de 120 pessoas desabrigadas.

A

té a meia-noite, não havia confirmação de vítimas.

– Não temos a informação de mortos. Estamos trabalhando no combate às chamas e não há vítimas

fatais. Quem teve escoriação ou queimaduras, está sendo atendido pelas ambulâncias – afirmou o Major Paulo Henrique Monteiro de Oliveira, chefe do Estado Maior do 1º Comando Regional de Bombeiros (1º CRB).

Conforme o capitão Marcos Paz, os bombeiros estavam auxiliando no socorro às vítimas da tragédia em Santa Maria,que chegavam de helicóptero à Redenção,quando foi acionado.

– Deslocamos seis viaturas para cá, cada um com 5 mil litros de água.

Elas, inclusive, foram reabastecidas.

Temos, no mínimo 40 homens trabalhando aqui – disse Paz.

Também estavam garantindo o trabalho dos Bombeiros, contento os moradores, policiais militares de quatro batalhões e agentes da Defesa Civil e da EPTC. Inconformada, a dona de casa Mariele Pereira, 22 anos, andava pela Rua Seis com a ajuda do marido, o pintor Rafael Pereira Landim, 29 anos. O casal lamentava a perda total da casa.

– Perdemos tudo. Não sobrou nada – emociona-se Rafael, que não conseguiu mais falar.

A técnica de suporte Adriane Junges, 30 anos, abriu as portas da casa do pai, na Rua Seis, para o auxilio ao

Corpo de Bombeiros. Da janela e da lateral da residência,mangueiras chegavam ao foco do incêndio. No histórico dos 15 anos morando na região, Adriane já viveu mais outras duas situações iguais a essa: – Esse é o terceiro incêndio que passamos. Graças a Deus, não perdemos nada.

Por volta das 21h, o incêndio foi controlado no meio da vila, mas o fogo se alastrou em direção à freeway, que ficou com o trânsito lento. Somente por volta da meianoite, os bombeiros conseguiram debelar totalmente as chamas.

NOTAS Denarc prende oito

Policiais trocam tiros com ladrões de carro

Corpo achado no mar

A Operação Expresso, do Denarc, resultou na prisão de oito pessoas (seis usuários e dois traficantes), na noite de sexta e madrugada de sábado, no Litoral Norte. Segundo o delegado Mario Souza, a namorada de um usuário conseguiu avisá-lo da operação por meio de uma mensagem no celular. O homem jogou o pote onde guardava maconha para o banco de trás no ônibus, mas foi denunciado pelos outros passageiros.

Ladrões de carro e policiais rodoviários federais trocaram tiros na BR-116, em Canoas, na madrugada de sábado.

Os assaltantes roubaram um Voyage prata no Centro de Esteio, durante ataque a uma residência.

O veículo foi visualizado pelos policiais no km 260, com os faróis desligados e quatro homens dentro. Quando os policiais tentaram a abordagem, iniciou-se a

Um homem foi encontrado morto no mar,em um local conhecido como Saco da Magueira,em Rio Grande,na manhã de ontem.

A suspeita da Polícia Civil é de que a vítima tenha morrido afogada.

O corpo estava boiando quando foi achado por pescadores, que chamaram a polícia.O homem não foi identificado.Segundo a polícia,ele deveria ter 50 anos, media cerca de 1m70cm, era calvo e com barba.

perseguição policial.

Depois de alguns quilômetros, o veículo entrou em uma rua sem saída, e os ocupantes atiraram nos agentes rodoviários, que revidaram.

Conforme a PRF, os criminosos dispararam pelo menos nove vezes com uma pistola .380. Um dos tiros atingiu a viatura, mas ninguém ficou ferido.

Esgueirando-se pelo meio das casas, os bandidos conseguiram fugir.

inda estava claro no Centro de Porto Alegre, por volta das 20h30min de sábado, quando o universitário da Unisinos tornou-se mais uma vítima de assaltantes em 2013. Sete pessoas já foram assassinadas em latrocínio, roubo com morte, nas 19 principais cidades da Região Metropolitana e Vale do Sinos (houve um latrocínio em Passo Fundo, que seria o oitavo). Uma média de um caso a cada quatro dias, e mais do que o dobro registrado no ano passo em todo o mês de janeiro – três casos.

Oliveira foi encontrado pela Brigada Militar ainda agonizando próximo à porta, dentro da seção de autoatendimento do Itaú da Avenida dos Andradas. Chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O autor do crime foi identificado, e PMs fizeram buscas pela região, sem sucesso.

Faca de cozinha foi a arma empregada por assaltante O jovem havia deixado o apartamento da namorada, a menos de 50 metros da agência bancária,e voltaria aquela noite para Canoas. Teria feito uma parada no caixa eletrônico para sacar o dinheiro com que pagaria o estacionamento de sua motocicleta. De acordo com a delegada Vandi Tatsch, havia uma mulher e um homem dentro da agência no momento em que Oliveira entrou.A mulher teria sacado e, quando saía, ouviu o barulho. Em seguida, viu um homem, que até então estava próximo aos caixas eletrônicos,sair correndo.

Com uma faca de cozinha, o criminoso desferiu um golpe no coração de Oliveira. A arma ficou no local. Os investigadores da 17ª DP não sabem se a vítima resistiu ao ataque do assaltante.

Testemunhas foram ouvidas ainda na noite de sábado,e outras prestarão depoimento a partir de hoje. A delegacia deve analisar ainda imagens do circuito interno do banco. Mas a Polícia Civil confirma que o suspeito, já identificado, tem antecedentes por roubo a pedestres no Centro. eduardo.torres@diariogaucho.com.br

52

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

PARTICIPAÇÃO DE FALECIMENTO

Neusa Therezinha Schumacher Piccinini (esposa), Denise, Adriana, Daniela (filhas), Estela e Jule (netas) e demais familaiares e amigos, participam com pesar, o falecimento do querido

Vera Rodrigues Hausen (nossa querida Vovó Verinha)

participam seu falecimento, ocorrido no dia 27 de janeiro.

Agradecem as manifestações de carinho e conforto recebidas de parentes e amigos. Convidam para culto a ser realizado nesta segunda-feira(28/01), às 14 h , no Crematório Metropolitano Saint Hilaire.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013.

CONVITE PARA MISSA DE 1 ANO DE FALECIMENTO Filhos, nora, netos, bisnetos, sobrinhos e demais parentes da querida

Dora Petzold

convidam para missa de 1 ano de falecimento que será realizada na Igreja São Pedro (Av. Cristóvão Colombo, 1629), na terça-feira, dia 29/1/2013, às 18h.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013.

O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac manifesta solidariedade aos familiares e amigos das vítimas da tragédia ocorrida em Santa Maria.

Neste momento de profunda tristeza, compartilhamos o nosso pesar com toda a comunidade que está em luto no Rio Grande do Sul.

Morreu no fim da tarde de sábado, no Hospital Militar, Amélia Santini Fortunati, mãe do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati.De acordo com informações da instituição, a morte foi entre as 18h e 18h30min.A causa não foi divulgada.

Dona Amélia,que estava com 87 anos, foi internada em 4 de janeiro,por conta de problemas respiratórios.

Por volta das 18h50min, o prefeito postou uma mensagem no Twitter falando sobre a morte.“Minha querida mãe Amélia acaba de falecer.

Deixou do sofrimento intenso das últimas semanas. Que Deus a continue abençoando. Nossos agradecimentos a equipe que atendeu a mãe no Hospital Militar de POA. Profissionais capacitados e que vestem a camiseta da causa”,escreveu Fortunati.

O corpo foi velado ontem, no Crematório Metropolitano. A cerimônia de cremação foi às 14h, no mesmo local. Em maio do ano passado, o prefeito José Fortunati divulgou um vídeo em homenagem à mãe pelo Dia das Mães.

Prof. Dr.

Bento Gonçalves aos 18 anos.

Mudou-se para Caxias do Sul havia 45 anos.

Casado havia 35 anos com Noeci Ana Sagrilo Bavaresco, teve os filhos Roberto, Daniel e Fernando (in memoriam). Deixa também os netos Eduardo e Fernanda. Foi funcionário da Marcopolo e, depois de aposentado, abriu um mercado e depois uma padaria. Torcedor fanático do Grêmio e do Juventude, tinha o futebol como uma das suas paixões. Teve que deixar de jogar aos 30 anos, após quebrar a perna em uma partida. Nas horas de folga, gostava também de assistir a filmes e programas italianos. O corpo foi sepultado no Cemitério Público Municipal.

Natural de São Pedro do Sul e moradora de Santa Maria havia 53 anos, a dona de casa Eva da Silva Medina morreu em 11 de janeiro, vítima de um acidente vascular cerebral, aos 77 anos. Era viúva havia seis anos do ferroviário aposentado Acendino da Costa Medina, com quem teve as filhas Maria, Rosangela e Marisa.

Ela também deixa os netos Rodrigo, Leandro, Patrícia, Daniele,Ana Paula e Lucas e a bisneta Tatiana.

Segundo a neta Patrícia, a avó era Aos 85 anos, morreu em 18 de dedicada, amorosa e carinhosa com janeiro, em razão de problemas retodas as pessoas que se encontra- nais, a dona de casa Thereza Pesce vam ao seu redor. Ela será lembrada Cabral. Natural de Alegrete, morava pelos familiares como uma pessoa em Santa Maria havia 80 anos. Era cativante, extrovertida, brincalhona viúva havia 29 anos de Adão Cabral, e que vivia com um sorriso no rosto. com quem foi casada por 40 anos e Tinha como passatempo predileto teve os filhos Valdir (falecido), Vera assistir a novelas. O sepultamento Lúcia, Paulo Roberto e Dorival. Ela O padre Ezio Berteotti morreu em ocorreu no Cemitério Ecumênico tinha cinco netos e seis bisnetos.

11 de janeiro, aos 81 anos, em Santa Municipal de Santa Maria.

Será lembrada pelos familiares Maria,vítima de um aneurisma.Nascomo uma grande amiga, ótima avó, cido em Trento, na Itália, embarcou Aos 69 anos, morreu em 23 de ja- estava sempre presente e disposta a para o Brasil no ano de 1960. neiro, vítima de um infarto, Daicir ajudar o próximo. Gremista fanática, Em função de um projeto mis- Bavaresco. Ele integrava o grupo Thereza gostava de futebol, princisionário da Igreja Católica, chegou teatral Miseri Coloni e participa- palmente de acompanhar os jogos a Santa Maria, onde posteriormen- va do programa Cancionissima, do seu time de coração. O sepultate assumiu as Paróquias de Jaguari, da Rádio São Francisco. Natural de mento ocorreu no Cemitério EcuFormigueiro, São Sepé. Em 1978 tor- Veranópolis, serviu ao Exército em mênico Municipal de Santa Maria. nou-se pároco na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,em Santa Maria,onde permaneceu por 20 anos PARTICIPAÇÃO DE FALECIMENTO e participou da fundação de creches, E CONVITE PARA MISSA DE 7º DIA na zona norte da cidade.

Esposa, filhos, netos e noras participam o falecimento de Sempre preocupado e atuante nas situações que envolviam os mais necessitados, tinha como sonho acabar ocorrido no dia 23/1/2013, e convidam para missa de 7º dia, que ocorrerá dia 29/1/2013, terça-feira, com a pobreza do mundo, conforme às 18h, na Igreja São Pedro, Rua Cristóvão Colombo, 1629.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013. recorda o padre e amigo Ruben Natal Dotto, coordenador arquidiocesano de pastoral, de Santa Maria. Ele conta Consternado com a tragédia ocorrida em Santa Maria no último final de semana, o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do RS - Sulpetro - solidariza-se com os familiares das vítimas neste momento de dor. A diretoria do Sulpetro coloca-se ainda à disposição para auxiliar no que for possível.

Porto Alegre, 28/01/2013.

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Fundação Médica do Rio Grande do Sul comunicam com pesar o falecimento do .

ainda que Berteotti usava recursos pessoais para contribuir com os menos favorecidos. Em 1998 transferiu-se para a Diocese de Bagé, onde assumiu a Igreja Matriz de Lavras do Sul. Estava havia cinco anos em Santana do Livramento, onde era pároco da Igreja Matriz.

O religioso foi cremado no Memorial Cemitério e Crematório Dom José,em Santa Rosa.

REPRODUÇÃO

PARTICIPAÇÃO DE FALECIMENTO

Marido, filhos, nora, genro, netos e demais familiares de

JEFFERSON BERNARDES, DVG, BD

Anésio Edwino Piccinini

ocorrido no dia 27/01/2013 e convidam para a cerimônia de despedida e atos fúnebres, que será realizado às 15hrs desta segunda, 28/01, na Capela Nossa Senhora do Carmo, ao lado Cemitério Municipal de Garibaldi, RS. Garibaldi, 28 de janeiro de 2013.

Obituário

Moacir Assein Arus

ontem, dia 27/01/2013. Os atos fúnebres estão sendo realizados na Capela C do Cemitério São Miguel e Almas e o sepultamente será às 10h30min de hoje, dia 28/01/2013 no mesmo Cemitério.

Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013.

Ariosto Vieira Marques

AVISO DE FALECIMENTO

Os familiares de

Roger Gonçalves Leal

informam o seu falecimento no dia de ontem e convidam para o velório que está sendo realizado hoje, até às 12 horas, no Salão Nobre do Conselho Deliberativo do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense - Estádio Olímpico Monumental Porto Alegre, 28 de janeiro de 2013

FALE COM

ZH

Esportes

esportes@zerohora.com.br ☎ (51) 3218-4727 Editores: Diego Araujo - diego.araujo@zerohora.com.br

☎ (51) 3218-4351

Rodada fica para 13 de fevereiro

Devido à tragédia de Santa Maria, FGF transfere os jogos para Quarta-feira de Cinzas, véspera de possível estreia do Grêmio na fase de grupos da Libertadores O restante da terceira rodada do Gauchão, que seria completada ontem, será transferido para 13 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas.

O adiamento é devido à tragédia de Santa Maria.

O

único caso ainda pendente é o do Grêmio, que teria de jogar no dia 13 pelo Gauchão e no outro dia pela fase de grupos da Libertadores,caso se classifique.

– Tomaremos a decisão na segunda-feira (hoje).Mas não há alternativa.

A única data disponível é essa – informa Luciano Hocsmann, vice-presidente da FGF. Na única partida realizada pela terceira rodada, Juventude e Novo Hamburgo empataram sábado em 0 a 0.No Estádio doVale,Itamar Schülle reestreou como técnico da equipe doVale do Sinos.

SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

Ticiano Osório - ticiano.osorio@zerohora.com.br

Outro dia TRICOLORES

Cris sente dores na panturrilha

Ingressos para Arena

O Grêmio pode ter mais um problema para enfrentar a LDU na quarta-feira,dia 30,às 22h.Com dores na panturrilha direita,o zagueiro Cris precisou interromper a corrida em torno do gramado da Arena no treino de sábado.O técnico Vanderlei Luxemburgo determinou que ele fosse realizar tratamento no vestiário.Zé Roberto também foi poupado do trabalho.

O treino de sábado na Arena mostrou ainda que o gramado continua com muitos pontos de areia, a poucas horas do jogo de volta, na quarta-feira. Por isso, o treino de ontem passou para o Estádio Olímpico.

Dos 21 mil ingressos colocados à venda para a partida contra a LDU, 4,7 mil já haviam sido adquiridos até ontem por associados,que têm prioridade.

No site www.arenapoa.com.br,a venda tinha início previsto para 22h desse domingo.Hoje,às 11h, começa a venda nas bilheterias.

Os preços dos ingressos: arquibancada (geral), R$ 40; Gramado Sul (PNE 12), R$ 80; Gramado Leste, R$ 100; Gramado Leste Centro (PNE 24), R$ 120; Gramado Oeste, R$ 100; Gramado Oeste Centro (ONE 28), R$ 120. No dia do jogo, os portões da Arena serão abertos às 19h.

Mais tempo para Forlán e Juan Impactados com a tragédia de Santa Maria, que acabou por adiar a rodada do Gauchão, os jogadores do Inter deixaram a concentração em Caxias do Sul por volta das 10h30min de ontem e retornaram para Porto Alegre.

Agora, com a partida contra o Caxias, no Centenário, postergada para 13 de fevereiro, a equipe principal deverá ser utilizada diante do Novo Hamburgo, nesta quarta-feira, às 17h, em Canoas.A comissão técnica planejava jogar com os titulares somente nesse fim de semana, a fim de poupar o grupo para o Gre-Nal de Erechim, no próximo domingo.

Com o adiamento, o Inter terá tempo para recuperar o atacante Diego Forlán e o zagueiro Juan. O uruguaio, com uma pancada no tornozelo esquerdo, não teria condições para enfrentar o Caxias. Será reavaliado amanhã e, dependendo de suas condições físicas, começará diante do Novo Hamburgo. Já o zagueiro, recuperado de dores musculares, poderá formar a dupla de zaga com Rodrigo Moledo. D’Alessandro, que já não sentia dores no músculo adutor da coxa esquerda, também ganhou mais dias para fortalecer a região e estar em melhores condições para estas duas partidas em sequência.

Josimar por Luan, do Palmeiras O Inter pode definir nesta semana a troca do volante Josimar pelo atacante Luan,do Palmeiras.Vaiado na primeira rodada do Campeonato Paulista,o jogador de 24 anos pediu para ser negociado.Como ele tem vínculo com o clube paulista por mais três temporadas,a direção decidiu emprestá-lo.Gilson Kleina, treinador do Palmeiras,foi técnico Direito Direito Direito Direito Direito Direito Direito Direito

da Ponte Preta quando Josimar esteve emprestado à equipe e sugeriu agora sua contratação.Caso defina a transação,por empréstimo,o Inter ficará com oito atacantes no grupo: Leandro Damião,Luan,Diego Forlán, Cassiano,Caio,Gilberto,Rafael Moura e Mike.E com cinco volantes:Willians, Ygor,Elton,Bolatti e Fred,que deverá ser utilizado por Dunga na função.

Tributário Imobiliário Criminal de Família do Trabalho Bancário - Endividamento Previdenciário - INSS Internacional

Advogados www.abdo.com.br

venhaconheceronovo Chevrolet Onix.

gauchãochevrolet.

Conte comigo para comemorar.

Venha conhecer, faça um test driVe.

Respeite os limites de velocidade.

Os veículos Chevrolet estão em conformidade com o PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores. www.chevrolet.com.br - SAC: 0800 702 4200.

OAB/RS 172

Advogados

51 3582-9000 www.abdo.com.br

3 anos

de garantia

54

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA,28 DE JANEIRO DE 2013

PlacarZH

Loteca

Fifa suspende festa

Novak Djokovic chegou a quatro títulos no Aberto da Austrália

A façanha de Djokovic O sérvio Novak Djokovic fez história ao conquistar ontem o quarto título no Aberto da Austrália,derrotando o britânico Andy Murray em quatro sets,por 6-7 (2/7),7-6 (7/2),6-3 e 6-2, na final de Melbourne.

A façanha de ontem do número 1 do tênis se junta às conquistas de 2008,2011 e 2012 e se converte no primeiro jogador da Era Aberta (desde a profissionalização) a vencer três vezes consecutivas na Austrália.Iguala-se a Roger Federer e Andre Agassi,ambos com quatro títulos na competição.

A partida durou três horas e 40 minutos.Murray começou impondo seu jogo,antes de sofrer fisicamente, pagando pelos esforços realizados

Inter é campeão

O time juvenil do Internacional venceu a 25ª edição da Copa Santiago ao golear o Criciúma por 4 a 0,na decisão disputada na noite de sábado.Os gols foram marcados por Alex,Andrigo,Eduardo e Bruno.

Foi o 12º título do Inter no torneio.

na sexta-feira para derrotar Federer nas semifinais,além de afetado por bolhas no pé direito.Mas o que explica o resultado da final na Austrália é a superioridade de Djokovic.

– Cada vitória é muito especial.

Escrever a história,ver todos estes grandes nomes sobre o troféu,é absolutamente excitante.Só tenho 25 anos e já ganhei seis títulos de Grand Slam, é incrível – comentou o sérvio.

Djokovic teve um início um tanto desconcentrado e mal-humorado e perdeu no tiebreak.O equilíbrio seguiu no segundo set,desta vez a favor do sérvio.No terceiro e no quarto, Murray não ofereceu resistência e perdeu a decisão.

Bolívar marca

Botafogo e Fluminense ficaram no 1 a 1,ontem,no primeiro clássico do Carioca 2013.Wellington Nem abriu o placar para a equipe tricolor.

E assim como no final de semana passado,o ex-colorado Bolívar marcou,empatando a partida.

Quina

Dezenas Cinco Quatro Três

Concurso 3.105

Acertadores 0 45 4.061

Prêmio (R$) * 8.240,37 130,44

*R$ 519.143,40 acumulados Os números extraoficiais: 22 - 43 - 53 - 61 - 75

Mega Sena

Dezenas Seis Cinco Quatro

Concurso 1.463

Acertadores 0 46 4.520

Prêmio (R$) * 35.283,98 512,97

*R$ 2.989.852,91 acumulados Os números extraoficiais: 13 - 22 - 28 - 29 - 40 - 48

O marco dos 500 dias para a Lotomania Concurso 1.318 Copa do Mundo no Brasil,que se Dezenas Acertadores Prêmio (R$) completa hoje,não será celebrado 20 0 * com festa em Brasília,como estava 19 15 27.618,10 programado.Em respeito à tragédia 18 207 2.001,31 de Santa Maria,o governo federal e 17 1.908 135,70 a Fifa suspenderam a solenidade.

16 11.272 22,97 Somente a visita ao Estádio 0 0 0 *R$ 6.001.728,66 acumulados Mané Garrincha,em Brasília,e o Os números extraoficiais: lançamento do pôster oficial da 01 11 13 15 16 20 21 25 28 34 Copa do Mundo estão mantidos.

45 48 59 64 67 71 83 86 96 00 No dia 30,porém,está mantida a vistoria da comissão de trabalho ao Timemania Concurso 388 Estádio Beira-Rio.

Hoje naTV RBS TV (51) 3218-5676 12h50min: Globo Esporte

TVCOM (51) 3218-5676 14h: RBS Esporte 19h2min: TVCOM Esportes

SPORTV (21) 3723-8124

Dezenas Sete Seis Cinco Quatro Três

*R$ 1.552.103,19 acumulados Os números extraoficiais:

Prêmio (R$) * 27.709,69 950,04 6,00 2,00

06 - 27 - 54 - 58 - 61 - 63- 70

Time do Coração: BRAGANTINO/SP

14h: Arena SporTV

Federal

SPORTV2

1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio

13h: Copa da África, Níger x Gana 18h: Campeonato Português, Porto x Gil Vicente

Acertadores 0 3 125 2.292 22.405

Extração 04.731

CRECI: 22826-J

COPA SANTIAGO – Inter 4x0 Criciúma. CARIOCA - 3ª rodada: SÁBADO: Friburguense 2x3 Audax Rio,Nova Iguaçu 3x0 Duque de Caxias,Macaé 2x0 Quissamã e Resende 2x4Vasco.

ONTEM: Olaria 0x2 Bangu, Flamengo 1x0Volta Redonda, Boavista 0x1 Madureira e Botafogo 1x1 Fluminense.CATARINENSE - 3ª rodada: SÁBADO: Joinville 1x0 Metropolitano.ONTEM: Guarani de Palhoça 1x0 Camboriú, Juventus 2x1 Atlético Ibirama, Criciúma 1x1Avaí e Figueirense 2x1 Chapecoense.PAULISTA - 3ª rodada: SÁBADO: São Paulo 2x1 Atlético Sorocaba,Guarani 1x3 Ponte Preta,Linense 0x0 Ituano e Oeste 1x1 São Caetano.

ONTEM: Mirassol 0x1 Corinthians, Palmeiras 2x3 Penapolense, Bragantino 2x2 Santos,BotafogoRP 2x0 São Bernardo,Paulista 1x0 União Barbarense e Mogi Mirim 4x2 XV de Piracicaba.ALEMÃO - 19ª rodada: SEXTA: Borussia Dortmund 3x0 Nuremberg.

SÁBADO: Greuther Fürth 0x3 Mainz 05,Borussia M’gladbach 2x1 Fortuna Düsseldorf,Augsburg 0x0 Schalke 04,Hannover 2x1 Wolfsburg,Eintracht Frankfurt 2x1 Hoffenheim e Freiburg 0x0 Bayer Leverkusen.ONTEM: Hamburgo 3x2 Werder Bremen e Stuttgart 0x2 Bayern de Munique.

ITALIANO - 22ª rodada: SÁBADO: Lazio 0x1 Chievo e Juventus 1x1 Genoa.ONTEM: Bologna 3x3 Roma,Catania 2x1 Fiorentina,Atalanta 0x1 Milan, Parma 1x2 Napoli,Cagliari 1x1 Palermo,Sampdoria 6x0 Pescara, Udinese 1x0 Siena e Inter de Milão 2x2 Torino.ESPANHOL - 21ª rodada: SÁBADO: Celta 1x1 Real Sociedad,Levante 2x1 Valladolid, Zaragoza 0x0 Espanyol e La Coruña 2x3 Valencia.ONTEM: Real Madrid 4x0 Getafe,Rayo Vallecano 3x0 Betis,Barcelona 5x1 Osasuna,Athletic Bilbao 3x0 Atlético de Madrid e Mallorca 2x3 Málaga.HOJE: Sevilla x Granada.

PETER PARKS, AFP

Agenda

Jogo 1 – Botafogo 1x1 Fluminense Jogo 2 – Criciúma 1x1 Avaí Jogo 3 – Atlético-GO 1x1 Goiás Jogo 4 – Ceará 0x1 Bahia Jogo 5 – Ceilândia 1x0 Luziânia Jogo 6 – Flamengo 1x0 Volta Redonda Jogo 7 – Atlético/PR 0x1 Paraná Jogo 8 – Caxias x Inter (adiado) Jogo 9 – Oeste 1x1 São Caetano Jogo 10 – Bragantino 2x2 Santos Jogo 11 – Figueirense 2x1 Chapecoense Jogo 12 – Fluminense/BA 0x0 Atlético/BA Jogo 13 – Remo 2x1 Paysandu Jogo 14 – Guarani 1x3 Ponte Preta

Loterias

O PORTAL DE IMÓVEIS MAIS ATUALIZADO DE CAPÃO DA CANOA E REGIÃO. CONFIRA:

www.piramidevendas.com.br 51 3665 4040 • 51 3625 1750 • 51 3625 4040

47.567 31.581 40.740 84.763 07.730

55

ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013

JEAN PIMENTEL

“Uma dor incomparável: qualquer pessoa que morra numa tragédia ocasiona uma desolação, seja jovem, seja adulto, seja idoso.”

Paulo Sant’Ana paulo.santana@zerohora.com.br

P

Oremos pelos mortos

onhamo-nos no lugar dos familiares das vítimas da inigualável tragédia de Santa Maria.

Cria-se entre eles naturalmente um clima de revolta pelo acontecido. E é justamente em torno disso que quero me fixar. ▼ Um dos impulsos naturais surgidos logo após uma tragédia dessas, a maior da história gaúcha, é a do justiçamento moral dos proprietários de uma boate que só tinha uma saída física e das autoridades responsáveis por licenciar para o funcionamento aquele local fatídico.

Cumpro alertar a imprensa gaúcha e a sociedade rio-grandense para que não se exerça uma caça às bruxas pós-tragédia.

Tudo tem de ser feito como manda a lei e o bom senso: a Polícia Civil apurará prováveis responsabilidades, e a Justiça, serenamente, examinará os fatos, decidindo sobre eventuais autorias. ▼ Ponho-me no lugar dos cerca de 400 pais e mães das vítimas da tragédia.

Hoje em dia, sempre que um filho sai para a diversão noturna, os pais ficam com os corações apertados de apreensão.

Esses pais das vítimas de Santa Maria foram acordados na madrugada e souberam que houve um grande incêndio na boate Kiss.

Logo a seguir, constataram que seus filhos não retornaram para casa.

A seguir,tiveram um sofrimento inenarrá-

vel, primeiro porque pressentiram que seus filhos poderiam ter morrido. Segundo, porque tiveram a tortura horrível de se dirigir até o ginásio municipal e reconhecê-los e identificá-los,carbonizados ou intoxicados.

Uma dor incomparável. ▼ Qualquer pessoa que morra numa tragédia ocasiona uma desolação, seja jovem, seja adulto,seja idoso.

Só que em Santa Maria morreram centenas de jovens. E gente universitária, pronta para estudar e formar-se,o futuro da nação.

Mocidade estuante, livre para estudar, formar-se e realizar a sua vida.

E, como se viu, livres também para morrer. Morrer num braseiro ou numa câmara de gás de uma boate trágica de uma cidade universitária. ▼ Não sei mais o que dizer.Sei que a vida implica risco de morrer a qualquer momento.

Mas esse momento escolhido pelo destino para sacrificar estes jovens foi especial: era janeiro, decorriam as férias, tempo de alegria entre os pais e os filhos.

E sobreveio nesse tempo alegre e esfuziante a tragédia. ▼ Só resta que se tomem providências para que nunca mais isso volte a ocorrer. Que nunca mais nenhum estúpido qualquer atire sobre o palco de uma boate um sinalizador no rumo de um teto coberto de material inflamável.

Que nunca mais se permita uma boate para grande público com uma saída só,além disso, quando os jovens tentaram de início fugir por essa saída, os seguranças da boate os impediram,imaginando que eles estavam saindo para não pagar a consumação,já era madrugada e portanto a consumação seria grande.

Uma tragédia,pior até porque foi entre nós e chamou a atenção do Brasil e do mundo.

Tomara que todos os jovens gaúchos que sobreviveram a essa tragédia terrível um dia venham a chamar a atenção do Brasil e do mundo por grandes feitos deles que ainda hão de vir. ▼ Prontamente, com rapidez impressionante, a presidente Dilma Rousseff e o governador Tarso Genro dirigiram-se a Santa Maria e foram solidarizar-se com as vítimas fatais, os feridos e seus familiares, confortando a cidade.

Tarso Genro tinha ontem uma emoção acessória,Santa Maria é a cidade que ele adotou para viver,estudou lá e fez carreira política também.

Tarso nasceu em São Borja,mas,como milhões de gaúchos,escolheu Santa Maria como sede de seus estudos universitários. ▼ Cada um de nós tem algo a ver com Santa Maria, que é o centro geográfico do Estado.

Eu, por exemplo, me casei há 43 anos lá em Santa Maria, na Paróquia da Medianeira, daí por que fiz muitos amigos naquela cidade.Fico ainda mais tocado. ▼ Os jornais e a imprensa em geral estão classificando a tragédia de ontem como a maior da história do Rio Grande do Sul. Lembro-me de tragédias aéreas ocorridas aqui, assim como o célebre incêndio nas Lojas Renner, com muitas vítimas, na esquina das ruas Dr.Flores e Otávio Rocha,na Capital.

Os incêndios sempre estão ligados às tragédias,eles se salientam até nos terremotos.Por sinal,até a hora em que encerrava ontem esta coluna, não fiquei sabendo quantos minutos depois do incêndio chegou ao local a primeira unidade do Corpo de Bombeiros.

www.zerohora.com Um incêndio às 2h30min de ontem na boate Kiss, no centro de Santa Maria, mergulhou o Rio Grande do Sul na pior tragédia de sua história. O fogo teria começado durante um show pirotécnico. A danceteria estava lotada, e havia apenas uma porta de emergência. Pelo menos 230 pessoas, a maioria jovens, morreram.

Diana Corso

Fabrício Carpinejar

Humberto Trezzi

“A morte de um filho é um milhão de vezes mais insuportável que a nossa”

“Mais de 200 jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos”

“Sala do Desespero.

Assim foi apelidado o local onde os corpos eram depositados”

ZERO HORA SANTA MARIA, 27/01/2013

LAURO ALVES

David Coimbra “Caminhei pelos corredores macabros formados pelos corpos”

GERMANO RORATO, ESPECIAL

Vítima é socorrida na Rua dos Andradas, onde fica a casa noturna

Moisés Mendes

Rosane de Oliveira

Martha Medeiros

Paulo Sant’Ana

“Foi-se mesmo o mundo de tanta gente em Santa Maria”

“Para que o drama não se repita, é preciso fiscalização rigorosa”

“Quem não tem filhos sofre.

Quem tem se arrebenta”

“Morreu gente universitária, o futuro da nação”

PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2013 - ANO 49 - Nº 17.278 - 2ª EDIÇÃO

SC/PR - R$ 3,00/ DEMAIS REGIÕES - R$ 4,50/ URUGUAI - $ 48

R$ 2,50