Alex Vallauri, Index

ALEX VALLAURI INTRO 8 TEXTOS 11 EXPOGRAFIA 23 OBRAS 29 ENGLISH 119 CRÉDITOS 128

ALEX VALLAURI GALERIA INDEX & MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA

Realização Galeria Index

APRESENTAÇÃO MONICA TACHOTTE E MARCOS MENDES MANENTE

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Alex Vallauri

Nos últimos anos, a cidade de Brasília tem vivido um momento muito especial no circuito das artes visuais, principalmente com o surgimento de uma nova geração de artistas e a ampliação dos espaços expositivos para o recebimento de exposições de artistas consagrados.

A Galeria Index tem, como parte da sua filosofia, um compromisso contínuo com o fomento e difusão das artes visuais para o desenvolvimento cultural e social do Brasil. Com nossos projetos editoriais, buscamos reiterar a importância da pesquisa artística, sua representatividade e acontecimentos que colaboram para o entendimento da capital como eixo importante no circuito das artes. Esta primeira publicação apresenta a produção do artista Alex Vallauri que, durante sua breve carreira, trabalhou insistentemente para a popularização e integração da arte na esfera urbana do brasileiro, conquistando reconhecimento como a principal figura do grafite no país.

Além de ser um rico registro da produção artística de Alex Vallauri, esta publicação compõe um belo exemplo da força que tem a união entre ações privadas e instituições públicas. É com orgulho que compartilhamos este projeto com nossos parceiros, clientes e amigos. Reafirmando assim, a inovação e o apoio à promoção da arte contemporânea brasileira.

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Introdução → Galeria Index

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Alex Vallauri

ALEX VALLAURI TEXTOS

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ALEX VALLAURI MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA BRASÍLIA, BRASIL 2021

↑ Vista da Exposição ‘Alex Vallauri’ na Galeria Principal do Museu Nacional da República

CURADORIA FABRÍCIA JORDÃO

TEXTO CURATORIAL

ALEX VALLAURI FABRÍCIA JORDÃO Alex Vallauri (1949-1987) explorou, ao longo de sua trajetória artística, linguagens e processos variados de impressão e reprodução da imagem.

A partir de 1978 - depois de duas décadas dedicadas à gravura - o experimentalismo gráfico que vinha realizando com matrizes de impressão culminam nos estêncis e grafites que desenvolveu até sua morte, em decorrência de complicações da AIDS, no ano de 1987.

Em plena década de 1980, os grafites criados por Alex Vallauri coincidem com o processo de abertura política, com o crescimento da arte urbana e o surgimento de uma nova geração de artistas e coletivos que propunham a ocupação de espaços nas cidades. Em São Paulo, o artista foi contemporâneo dos pintores da geração 80, dos coletivos de 3Nós3, Viajou Sem Passaporte, Manga Rosa e dos artistas Hudinilson Jr, Carlos Matuck, Waldemar Zaidler, Mauricio Villaça, com os quais desenvolveu importantes parcerias.

Situado em um contexto de crescente integração das imagens na esfera do consumo, os grafites de Vallauri possuem uma dupla genealogia. São devedores tanto de sua formação em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), quanto dos imaginários da cultura de massa. E é desde essa posição de mediador/conector de ambos os universos que os grafites de Alex nos interrogam sobre o lugar das imagens e da arte em uma cultura urbana marcada por um incipiente capitalismo estético globalizado.

Detentoras de uma posição polissêmica que oscila entre arte, mercadoria ou pura visualidade, a depender por onde circularam, suas imagens são cópias itinerantes que transitaram ora pelos grafites e gravuras, ora pelos offsets, serigrafias e livros de artista. Que foram das ruas para os museus, dos museus para o múltiplo artístico, do múltiplo artístico para porcelanas, capas de livros, broches, estamparia de tecidos, camisetas, interiores, muros e jardins de residências.

Pantera que salta, acrobata, bota, luva que aponta, sutiã pontilhado, biquíni de bolinha, panteretas, gravata listrada, cartola, Mercúrio, corações partidos, perfis que se beijam, cupido, diabinhos, lagartixa, bru-

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Curadoria

xa, telefone, mão segurando um cigarro, jacaré, estrela, lua, morcego, raios, planeta Saturno, pião, peru assado, acordeom com pauta musical… Essas e tantas outras são imagens que, como é possível perceber no conjunto aqui exibido, em sua promiscuidade desterritorializada circulavam entre duas esferas nem sempre coincidentes em seus canais de distribuição, seus mecanismos de legibilidade e em seus regimes de visualidade: o da arte e o do consumo/cultura de massa.

O status ambivalente dessa produção atualizou o debate acerca da hierarquia moderna das imagens.

Ao fetiche da obra original, o artista, despido de qualquer moral purista, nos oferece a fetichização da cópia.

Operando numa negatividade permanente à valoração hierárquica e dicotômica na arte, Vallauri, assim como os artistas da arte correio e da xerox art, nos oferece a cópia não como pirataria, mas como valor. Nessa operação, além de deliberadamente borrar as distinções entre produtor e autor, o artista também esboçou uma defesa da cópia como tecnologia potencialmente redistributiva e democratizante da arte.

Coerente com essa postura, outro recurso recorrente na construção de suas imagens é a assimilação de elementos advindos do universo pop, do kitsch urbano, da iconografia de massas e da publicidade. O resultado são imagens que, pensadas enquanto acontecimento vivencial, ao mesmo tempo que buscam instaurar brechas poéticas instáveis e efêmeras na estética do cotidiano, disputam com os demais elementos informacionais da cidade a atenção de um público.

As imagens de Vallauri, consoantes com sua ética da apropriação e do remix, também ensejam uma tentativa de, sem prescindir do circuito artístico institucional, superar o ideal da autonomia, ficção muito cara à formulação do conceito moderno de arte.

O desejo de integrar arte e cotidiano, na mesma medida que reposiciona a cidade e seus transeuntes como destinatários de sua prática artística, impulsiona, a partir de 1977, tentativas de agenciar nos espaços institucionais a presença de um imaginário das ruas que no limite fundisse o museu com o cotidiano citadino.

Esse movimento culminou na “Festa na casa da rainha do frango assado”, que o artista apresentou na XVIII Bienal Internacional de São Paulo em 1985. Ocupando mais de 80m2, a ‘casa do grafite’ foi constituída

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Alex Vallauri

por grafites, mobiliários e objetos. Nesse ambiente onde realidade e virtualização, cotidiano e arte, se misturavam, foi possível observar a constituição de uma geografia condensada dos deslocamentos que as imagens criadas por Vallauri faziam entre espaços sociais e culturais distintos. A Rainha do Frango Assado saia do piquenique no Glicério para a instância máxima de legitimação artística.

Nessa ocupação, a recusa da autonomia e da hierarquia de valor na arte ficaram evidentes. Poderia ser pensada como um misto de colagem dadaísta às avessas – já que eram as imagens do Alex que invadiam as paredes, os objetos e os mobiliários – com readymade espetacularizado. Não esqueçamos que a personagem da Rainha do Frango Assado também foi deslocada e personificada na então jovem atriz Claudia Raia, à época integrante do elenco da novela Roque Santeiro da Rede Globo.

Outro aspecto relevante acerca dessa ocupação é que toda a “casa da rainha do frango assado” estava à venda. Os preços foram previamente determinados pelo artista e fornecidos à Bienal. Desse modo, a Festa também convidava para uma espécie de “família vende tudo”. A mercantilização da obra de arte nunca pareceu ser um problema para o artista, algo que talvez denote sua consciência de que o mercado também contribui na construção de valor da obra e de que para as elites, o consumo de obra de arte não se diferenciava tanto assim do consumo de objetos de luxo. É importante mencionar que essa proposta aconteceu depois da temporada que Alex passou em Nova Iorque, onde teve contato com artistas como Keith Haring, Jean-Michel Basquiat e Andy Warhol, em um momento onde o debate sobre a fusão das esferas arte/ vida, a cultura de celebridades, a mercantilização da obra de arte, e a discussão acerca da hibridização entre arte, moda e indústria estavam na ordem do dia, o que certamente contribuiu para delinear melhor seu programa e pensamento artístico.

Considerando ainda que os grafites de Alex se localizam e tiveram seu papel num tempo e espaço que já não correspondem à atual expansão do campo do grafite, por que a produção de Vallauri, 34 anos após sua morte, ainda nos parece tão atual? O que faz com que ela nos interpele com tanta insistência?

Se considerarmos que a partir dos anos 1990 a

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Curadoria

atividade e o campo artístico passaram a se assemelhar cada vez mais com as indústrias culturais e a do entretenimento de massa, constatamos que um dos aspectos que continuam a nos instigar nessa produção é o fato dela antecipar, tensionar e problematizar uma configuração que apenas hoje conseguimos delinear com maior precisão: o sequestro da estética e do artístico como base do paradigma da produção do capitalismo cognitivo e do hiperconsumo estetizado.

Além disso, considerando que a homossexualidade de Vallauri inquestionavelmente atravessou suas produções, talvez uma das maiores urgências que essas imagens nos coloquem hoje, seja situá-las também como o resultado de atravessamentos e vivências no universo gay masculino.

Nesse sentido, é razoável considerar que imagens como a bota preta, o sapato vermelho, a luva que aponta, as estampas de oncinha, o sutiã pontilhado, as panteretas, também podem ser pensadas como deslocamentos de imaginários da cultura travesti e do homoerotismo.

Esse argumento seria indispensável, sobretudo considerando a homofobia e a heteronorma presente nas análises de sua obra, as quais desconsideravam sua sexualidade e subjetividade gay e obliteraram por décadas qualquer possibilidade interpretativa dessa natureza.

Hoje, 34 anos após sua morte, diante desse cenário e dessa interdição histórica, esse debate torna-se incontornável. Considerando ainda as possibilidades e responsabilidades das artes visuais e de suas narrativas na constituição de imaginários coletivos, na implosão ou reforço de estereótipos, essa invisibilidade no limite contribui para a manutenção do Brasil como o país que mais mata integrantes da comunidade LGBTQI+ no mundo. E é desde esse cenário que nessa exposição, a Rainha do Frango Assado, somando-se a tantas outras vozes de artistas travestis, transexuais e não-binárias, interpela-nos como uma mulher negra, suburbana e travesti. Que exige, mais do que visibilidade e representatividade, a implosão da estética binária, cis, heteronormativa também no mundo das artes.

Agradeço à Paulo Reis a leitura atenta, as trocas e as sugestões, importantes no delineamento deste texto.

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Curadoria

↑ Vista da Exposição ‘Alex Vallauri’ na Galeria Index

Ensaio

ENSAIO

1 Artes visuais e Aids no Brasil: histórias, discursos e invisibilidades, disponível em: https://www.lume.ufrgs. br/handle/10183/214418

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VALLAURI: O CORPO, A CIDADE E O DESEJO RICARDO HENRIQUE AYRES ALVES Durante as pesquisas para a realização de minha tese 1 de doutorado tive a oportunidade de entrar em contato com alguns volumes dos Cadernos de Referências de Hudinilson Jr. (1957-2013). Essa série surgiu a partir de colagens que o artista reuniu com a função de o inspirarem para outros trabalhos, e daí o termo referências.

No entanto, com o passar do tempo, os próprios Cadernos tornaram-se obras. Combinando os mais diversos materiais gráficos, com especial atenção ao tema do homoerotismo e ao entorno de Hudinilson, adquiriram muitas vezes um caráter autobiográfico. Para mim, eles também são uma documentação afetiva acerca da dissidência sexual, do desejo e da homocultura no Brasil ao final do século XX e início do XXI. No caso do Caderno VII (1987), pertencente ao acervo do Centro Cultural São Paulo, logo percebi que apesar da presença de outros assuntos. O grande tema daquela compilação era uma elegia para Alex Vallauri (1949-1987), amigo próximo de Hudinilson, que inclusive lhe introduziu a arte urbana. Apresentando recortes de jornais sobre a vida, a morte e a obra de Vallauri, assim como colagens de seus trabalhos, o material apresenta a incontornável importância do artista para a arte brasileira, ao mesmo tempo que se constitui como uma elaboração lutuosa de um amigo querido.

A imagem de uma bota vermelha na capa é o primeiro indício de um dedicado e delicado relicário, que não por acaso, era o sétimo caderno da série, visto a predileção de Vallauri por números terminados em 7, chegando a assinar alguns de seus trabalhos como “27”. Pelas páginas do volume transitam acrobatas, Rainhas do Frango Assado e recortes de jornais que apresentam notas de pesar, convites para sua missa de sétimo dia, fotografias do artista e de seus trabalhos, incluindo também algumas reproduções de suas obras pela cidade. Imersas no projeto artístico de Hudinilson Jr., tais imagens se misturam a corpos masculinos desnudos, cenas de sexo provenientes de revistas pornográficas e informações diversas sobre a cultura gay e o meio artístico dos anos 1980.

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2 KLEIN, Paulo. Viva Vallauri e a arte como diversão! In: MIS. Alex Vallauri: foto-MIS. São Paulo: SESI, 2017.

3 ROTA-ROSSI, Beatriz. Alex Vallauri: da gravura ao grafite. 2. ed. São Paulo: Olhares, 2013.

4 ABREU, Caio Fernando. Pequenas epifanias. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. p. 128-129.

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Apesar de algumas bibliografias monográficas sobre Vallauri insistirem em uma perspectiva heteronormativa, tanto na abordagem de sua vida – o que inclui sua morte em decorrência da aids –, quanto na análise de seus trabalhos, o caderno de Hudinilson inscreve o artista no zeitgeist da dissidência em relação ao sistema de sexo/gênero de maneira incontornável, apresentando o tempo e os espaços em que ambos transitavam.

Em alguns textos é possível encontrar ecos dessa contextualização. Em uma publicação que aborda o acervo fotográfico de Vallauri, hoje sob a guarda do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Paulo 2 Klein afirma que o artista, assim como José Leonilson (1957-1993) e Hudinilson Jr. frequentava sua casa, o que demonstra o compartilhamento de um mesmo círcu3 lo social. Beatriz Rotta-Rossi menciona a participação de Vallauri com A Festa da Rainha do Frango Assado na XVIII Bienal de São Paulo em 1985, mostra em que Leonilson também participava. Além disso, ao falar da estadia de Vallauri nos EUA, cita sua participação na exposição Stencil Invaders (1982) em Nova York, na qual participa David Wojnarowicz (1954-1992). Todos esses artistas estão relacionados ao debate sobre o corpo, a sexualidade e o impacto do hiv/aids, o que indica também como a vida e a produção de Vallauri são atravessadas por tais aspectos.

Esses dados podem parecer sutis e corriqueiros, mas são importantes por reafirmar o contexto da produção do artista, principalmente diante do apagamento e da heteronormatização da leitura de seus trabalhos. É necessário entendê-lo em relação aos seus pares, assim como é necessário pensar em como sua vida e obra se mesclam. E nesse sentido, apesar do cuidado que é necessário para que nem a biografia nem a obra se reduzam uma à outra, é possível pensar que essas duas dimensões são complementares, de forma que a tentativa de negligenciar tais aspectos provém de um mesmo desejo de interdição.

Indo para além das artes visuais, é represen4 tativa a relação de Vallauri com Caio Fernando Abreu (1948-1996). Em 1982, o artista ilustra o livro Morangos Mofados, lançado pela editora Brasiliense, além de postumamente contribuir, em 2000, com imagens para

Ensaio

uma versão estadunidense do romance Onde andará Dulce Veiga?, publicado pela editora da Universidade do Texas. Além disso, em uma das suas Cartas para além dos muros, série de textos em formato epistolar publicados no jornal Estado de São Paulo entre agosto e setembro de 1994, na qual torna pública sua sorologia, Abreu menciona Vallauri e sua musa em meio a outros indivíduos tocados pela enfermidade: Reconheço um por um contra o fundo blue de Derek Jarman, ao som de uma canção de Freddy Mercury, coreografados por Nureirev, identifico os passos bailarinos-nô de Paulo Yutaka. Com Galizia, Alex Vallauri espia rindo atrás da Rainha do Frango Assado e ah como quero abraçar Vicente Pereira, e outro Santo Daime com Strazzer e mais uma viagem ao Rio com Nelson Pujol Yamamoto.

Wagner Serra pedala bicicleta ao lado de Cyrill Collard, enquanto Wilson Barros esbraveja contra Peter Greenaway, apoiado por Nélson Perlongher.

Ao som de Lóri Finokiaro, Hervé Guibert continua sua interminável carta para o amigo que não lhe salvou a vida. Reinaldo Arenas passa a mão devagar em seus cabelos claros. Tantos, meu Deus, os que se foram. Acordo com a voz safada de Cazuza repetindo em minha orelha fria: “Quem tem um sonho não dança, meu amor.”

A presente exposição permite a possibilidade de um outro olhar sobre o artista, permitindo diversas posições das quais podemos observar sua obra, que devido a sua amplitude, escapa de qualquer classificação. Por esse motivo, mais do que a reduzir a um ou outro tema, acredito ser possível enxergarmos sua amplitude por meio de um filtro que a entenda a partir de sua inserção em um horizonte sobre o corpo, a cidade e o desejo.

Em seus primórdios, Vallauri teve como referência visual a região portuária de Santos, a qual frequentava para produzir estudos. As prostitutas estavam nas ruas antes dele chegar, assim como aqueles que procuravam o amor que não ousa dizer seu nome. Em um primeiro momento, essa vivência influencia diretamente sua produção em gravura. Vemos os corpos erotizados, sejam eles de homens, mulheres ou aqueles que ultrapassam limites binários, abrindo-se para a ambiguidade.

No entanto, esse contexto urbano, que em um

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primeiro momento é seu tema, passa a ser o espaço no qual a obra de desenvolve. E acredito ser importante pensar que, apesar do caráter intervencionista das suas obras posteriores, Vallauri não fere a cidade, mas dialoga com ela com o mesmo cuidado com o qual seus acrobatas se movem sobre os muros. Os grafites se desenvolvem a partir de uma relação afetiva e bem-humorada com o espaço urbano, e a escolha por símbolos de fácil reconhecimento indica seu desejo de se comunicar claramente com o outro. Suas escolhas também flertam com o kitsch, uma postura estética frequentemente associada à cultura gay. É evidente que a Rainha do Frango Assado é uma diva que não deve em nada às estrelas hollywoodianas ou às cantoras pop internacionais, tendo o diferencial de ser genuinamente brasileira. Em uma direção semelhante, as imagens de signos associados ao feminino, como as botas, luvas, sutiãs e biquínis, são objetos de fetiche que atravessam as performatividades femininas. Logo, colocando também em questão a dissidência de gênero, o imaginário gay e o próprio ambiente urbano. O mesmo pode ser dito das gravatas, cartolas e outros acessórios corporais, que desprovidos de corpos, operam como símbolos facilmente reconhecidos, mas de significações complexas, jogando também com as performatividades masculinas.

Tais objetos impressos nos muros ocupam as ruas, compartilhando espaço com os corpos que por ali transitam, principalmente pela noite, quando as carnes pulsam. São também indícios do desejo de reivindicar a cidade para a arte, de ocupar o que for possível, incluindo também os cubos brancos em seu escopo, por que não?

Vallauri desafia as definições entre a baixa e a alta cultura, mergulhando na visualidade de massa e por meio de seus signos, materializando complexos discursos sobre a contemporaneidade. Podemos olhar para seu trabalho sem negligenciar seus agenciamentos na direção da dissidência sexual ou artística, abrindo também a possibilidade de que seja possível pensar seu trabalho no diálogo com seus desejos e com o tempo e o contexto em que eles se inscrevem.

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Curadoria

EXPOGRAFIA

ALEX VALLAURI: O PROJETO EXPOGRÁFICO MANUFATURA “Enfeitar a cidade, transformar o urbano com uma arte viva, popular, de que as pessoas participem, acrescentado ou tirando detalhes da imagem. Essa é a minha intenção.” Alex Vallauri

1 MARTINS, Ana Margarida; ROCHA, Catarina Rosendo. (orgs) A cidade é uma casa. A casa é uma cidade.

Vilanova Artigas arquitecto.

Catálogo de Exposição.Almada: Casa da Cerca, 2011.

← Vista da exposição ‘Alex Vallauri’, na galeria principal do Museu Nacional da República

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O arquiteto Vilanova Artigas já dizia: “A cidade é uma 1 casa. A casa é uma cidade”. Da mesma forma, seguindo essa relação causa-efeito, a obra de Alex Vallauri está na cidade, assim como a cidade está na obra de Vallauri.

Tapumes, cartazes, obras, outdoor, rua, muro, pixo, lambe-lambe, contrapiso, estrutura, andaime, ruído, escoras, estêncil. A cidade está em constante transformação neste exato segundo. A combinação de experiências e ações espontâneas e sincrônicas compõem o contexto urbano. Foi este o ponto de partida para os projetos de expografia das duas mostras paralelas e complementares do artista Alex Vallauri, que acontecem na Galeria Index e Museu Nacional da República, em Brasília.

No Museu Nacional, andaimes verdes e tapumes de madeirite rosa se intercalam, promovendo uma invasão urbana no ambiente expositivo tradicional e patrimonializado. Elementos construtivos replicados na Galeria Principal do Museu emulam a cidade e dialogam com a obra de Alex Vallauri. A estrutura é viva, tem apelo gráfico e ao mesmo tempo em que contrasta com o formato semiesférico da arquitetura de Oscar Niemeyer, relaciona-se com as abóbadas que circundam as cidades.

Já a Galeria Index, desde sua inauguração em 2020, investiga novos modelos de exposição, desafiando os formatos convencionais do “cubo branco”. Vale dizer que galeria está situada em um edifício modernista do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, ocupando um pavimento em contra-piso sem acabamentos nobres, evidenciando assim, o esqueleto e a malha desta arquitetura icônica e importante, norteadora da experiência sensorial e física. Não há o que esconder na obra brutalista, tudo está à vista. Além de flexibilizar os formatos de exibição das artes visuais, a galeria está localizada no centro urbano da cidade, ou seja, participa ativamente desse lugar que assimila novos significados constantemente.

Expografia

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↑ Representação em 3D do projeto expográfico Alex Vallauri no Museu Nacional da República

Com essa significância atribuída pelo espaço e sua localização, e considerando a pesquisa do artista, na mostra da Galeria Index, dois grandes muros revestidos de lambe-lambe. Esses cartazes colados diretamente na parede com goma diluída em água, são a base expográfica para a apresentação da obra de Alex Vallauri. Ainda a complementar a arquitetura, situam-se dois painéis de outdoor de madeirite, utilizando os mesmos materiais da mostra no Museu Nacional da República, complementando efetivamente a relação entre os dois projetos expositivos.

Bruta, nua, direta, fácil, acessível, próxima.

A rua na galeria. A mostra à mostra.

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OBRAS

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Expografia

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↑ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 40 x 30 cm

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↑ Desembarque Landing place 1968 Xilogravura Xylography 23 x 32 cm

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Núcleo Gravura

→ Mulher Woman 1972 Lápis e caneta sobre papel Pencil and pen on paper 31 x 22,5 cm (Detalhe Detail)

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Obras Selecionadas

↑ Sem Título Untitled Caneta hidrográfica sobre papel Hydrographic pen on paper 35,5 x 21,5 cm ↑ Sem Título Untitled Caneta hidrográfica sobre papel Hydrographic pen on paper 35,5 x 21,5 cm

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Alex Vallauri

→ Sem Título Untitled Caneta hidrográfica sobre papel Hydrographic pen on paper 35,5 x 21,5 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Serigrafia Silk screen 55,5 x 76 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 55,5 x 76 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Serigrafia e caneta sobre papel Silk screen and pen on paper 35 x 66 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Serigrafia e caneta sobre papel Silk screen and pen on paper 36 x 58 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Serigrafia e colagem sobre papel Silk screen and collage on paper 46 x 67 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem título Untitled Serigrafia sobre papel Silk screen on paper 55 x 50 cm

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Núcleo Gravura

→ Sem título Untitled Gravura Silk screen 35 x 66 cm (Detalhe Detail)

↑ Sem Título 1981 Carimbo sobre papel 20x30cm → Núcleo Homoerótico 1981 Brasil

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Obras Selecionadas

↑ Sem Título Untitled Serigrafia Silkscreen 51 x 71 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untilted Xilogravura Xylography 70 x 49 cm

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Núcleo Gravura

→ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 70 x 50 cm (Detalhe Detail)

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled 1974 Xilogravura Xylography 40 x 65 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 47 x 66 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled 1974 Xilogravura Xylography 51 x 48 cm

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Alex Vallauri

↑ My heart beats for you Xilogravura Xylography 43 x 34,5 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 22 x 19 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Xilogravura Xylography 22 x 19 cm

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Núcleo Gravura

↑ Cowboy Xilogravura Xylography 49 x 31,5 cm → Brincos Earrings Xilogravura Xylography 58 x 36 cm (Detalhe Detail)

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Obras Selecionadas

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← Mão da criação Hand of creation 1972 Xilogravura Xylography 68 x 40,5 cm (Detalhe Detail)

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Xilogravura e colagem Xylography and collage 34,5 x 77,5 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled Guache sobre papel Gouache on paper 34 x 45 cm

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↑ Sem Título Untitled 1971 Guache sobre papel Gouache on paper 30 x 30 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título 1981 Carimbo sobre papel Stamp on paper 20 x 30 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled 1971 Guache sobre papel Gouache on paper 70 x 60 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled 1971 Xilogravura e lápis sobre papel Xylography and pencil on paper 70 x 49 cm

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Alex Vallauri

→ Sem Título Untitled Guache e colagem sobre papel Gouache and collage on paper 79x 66 cm (Detalhe Detail)

↑ Sem Título Untitled Xilogravura e tinta sobre papel Xylography and acrylic on paper 79 x 66 cm

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Núcleo Gravura

↑ Sem Título Untitled 1981 Lápis sobre papel Pencil on paper 20 x 30 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem título Untitled Impressão em offset Offset Printing 66 x 48 cm

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Núcleo Homoerótico

↑ Sem título Untitled 1975 Gravura em metal Etching 49 x 39 cm

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Alex Vallauri

↑ For friends Xilogravura Xylography 48 x 33 cm

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Núcleo Homoerótico

← For friends Xilogravura Xylography 52 x 37,5 cm (Detalhe Detail)

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Núcleo Homoerótico

↑ Sem Título Untitled 1981 Spray sobre tela Graffiti on canvas 60 x 80 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Colagem sobre papel Collage on paper 72 x 52 cm

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Núcleo Homoerótico

↑ Sem título Untitled 1977 Lápis sobre papel Pencil on paper 57 x 68 cm

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↑ Sem título Untitled 1976 Lápis sobre papel Pencil on paper 57 x 60 cm

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Núcleo Homoerótico

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← Sem Título Untitled 1976 Lápis sobre papel Pencil on paper 64 x 55 cm

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Núcleo Homoerótico

↑ Sem Título Untitled Spray sobre papel Graffiti on paper 46 x 44,5 cm

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↑ Sem Título Untitled 1981 Spray sobre papel Graffiti on paper 66 x 50 cm

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Núcleo Grafite

↑ Sem Título Untitled Serigrafia sobre papel Silkscreen on paper 101 x 66 cm → Sem Título Untitled Serigrafia sobre papel Silk screen on paper 101 x 66 cm

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Obras Selecionadas

↑ Sem Título Untitled Serigrafia sobre papel Silk screen on paper 96 x 96 cm

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Alex Vallauri

→ Three acrobats Serigrafia sobre papel Silk screen on paper 96 x 96 com (Detalhe Detail)

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Núcleo Grafite

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Obras Selecionadas

↑ Cupido Cupid Spray sobre PVC Graffiti on PVC 47 x 41 cm

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↑ Bruxa Witch Spray sobre PVC Graffiti on PVC 51 x 49 cm

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Núcleo Grafite

↑ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 48 x 23 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 28,5 x 29 cm

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Núcleo Grafite

↑ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 64 x 46,5 cm

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Alex Vallauri

↑ Saturno Saturn Spray sobre PVC Graffiti on PVC 31,5 x 71 cm

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Núcleo Grafite

↑ Caracol Snail Spray sobre PVC Graffiti on PVC 16 x 26 cm

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Alex Vallauri

→ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 34 x 47,5 cm

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Núcleo Grafite

→ Sem Título Untitled Spray sobre E.V.A Graffiti on E.V.A 34 x 47 cm

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Núcleo Grafite

↑ Pantera Panther Spray sobre PVC Graffiti on PVC 9 x 41,5 cm

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Alex Vallauri

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NúcleoSelecionadas Grafite Obras

↑ Sem título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 32 x 46 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 24,5 x 14 cm

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Núcleo Grafite

↑ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 21 x 36 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 37 x 37 cm (cada/each)

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Núcleo Grafite

↑ Sem Título Untitled Carimbo sobre papel Stamp on paper 21,5 x 14 cm → Sem Título Untitled Lápis e caneta sobre papel Pen and pencil on paper 47 x 32cm

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Alex Vallauri

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Obras Selecionadas

↑ Festa na casa da rainha do frango assado Party at the house of the queen of Roasted chicken Caneta sobre PVC Pen on PVC 29 x 46 cm (cada/ each)

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Spray sobre PVC Graffiti on PVC 32 x 36 cm

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Núcleo Rainha

↑ Sem Título Untitled Tela de serigrafia Silk screen 68 x 38 cm

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Alex Vallauri

↑ Sem Título Untitled Tela de serigrafia Silk screen 54 x 64 cm

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Núcleo Rainha

↑ Sem Título Untitled Xerox Xerography 21,5 x 33 cm e/and 21,5 x 35,5 cm

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Alex Vallauri

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Núcleo Rainha

↑ Sem Título Untitled Impressão offset Offset printing 42 x 29,5 cm

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Alex Vallauri

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Núcleo Rainha

↑ Sem Título Untitled Xerox Xerography 28x43 cm (cada/each)

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Alex Vallauri

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Núcleo Rainha

↑ Sem Título Untitled Xerox Xerography 28 x 43 cm (cada/each) (Detalhe)

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Alex Vallauri

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Núcleo Rainha

ALEX VALLAURI 1949, Asmara, Etiópia (Asmara, Ethiopia) 1987, São Paulo, Brasil (Sao Paulo, Brazil)

Formação [Education] 1971 1975 1982-83

Comunicação Visual, FAAP-SP, Brasil [Visual Communication, FAAP-SP, Brazil] Litografia, Litho Art Center, Estolcomo, Suécia [Lithography, Stockholm, Sweden] Artes Gráficas, Pratt Institute, Nova York, EUA [Graphic Arts, New York, USA]

6° Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea José Pancetti, Campinas, São Paulo, Brasil [Museum of Contemporary Art Jose Pancetti, Campinas, Sao Paulo, Brazil] 1971

11° Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil [Sao Paulo Biennial Foundation, Brazil] 7° Salão de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Arte Contemporânea José Pancetti, Campinas, São Paulo, Brasil [Museum of Contemporary Art Jose Pancetti, Campinas, Sao Paulo, Brazil]

1972

5° Salão de Arte Contemporânea de Santo André, Paço Municipal, Santo André, São Paulo, Brasil [Council Palace, Santo Andre, Sao Paulo, Brazil] Mostra de Arte Sesquicentenário da Independência e Brasil Plástica – 72, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil [Sao Paulo Biennial Foundation, Brazil] 2° Exposição Internacional de Gravura, Museu de Arte Moderna de São Paulo MAM-SP, Brasil [Museum of Modern Art of Sao Paulo, MAM-SP, Brazil]

1977

14° Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil [Sao Paulo Biennial Foundation, Brazil]

1981

16° Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo, Brasil [Sao Paulo Biennial Foundation, Brazil]

1982

5° Salão de Artes Plásticas da Noroeste, Penápolis, São Paulo, Brasil [Brazil] Foto/Ideia, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo MAC-USP, São Paulo [Museum of Contemporary Art of Sao Paulo University, Sao Paulo, Brazil]

2017

Antilogias: O fotográfico na Pinacoteca, Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, Brasil [Brazil]

Exposições Individuais [Solo exhibitions] 1970

Alex Vallauri, São Paulo, Brasil [Brazil]

1980

Alex Vallauri, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil [Brazil]

1982

Stencil Invaders, Alain Belau Gallery, Nova York, EUA [New York, USA] Graffiti em Nova York, São Paulo, Brasil [Brazil]

1988

Viva Vallauri, Museu da Imagem e do Som, MIS-SP, São Paulo, Brasil [Museum of Image and Sound, Sao Paulo, Brazil]

2013

Alex Vallauri: São Paulo e Nova York com suporte, Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM-SP, São Paulo, Brasil [Museum of Modern Art of Sao Paulo, Brazil]

2016

Alex Vallauri, Um recorte da coleção Caíto e Marcos Concílio, Galeria Legado Arte, São Paulo, Brasil [A fraction of Caíto’s and Marcos Concílio’s collection, Legado Gallery, Sao Paulo, Brazil] Coletivas [Group exhibitions]

1968

Salão de Arte Jovem, Santos, São Paulo, Brasil [Brazil]

1969

2° Salão de Arte Contemporânea de Santo André, Paço Municipal, Santo André, São Paulo, Brasil [Council Palace, Santo Andre, Sao Paulo, Brazil]

1970

A gravura Brasileira, Paço das Artes, São Paulo, Brasil [Council Palace, Sao Paulo, Brazil] 4° Jovem Arte Contemporânea, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP, São Paulo, Brasil [Museum of Contemporary Art of Sao Paulo University, MAC-USP, Brazil] 3° Salão de Arte Contemporânea de Santo André, Paço Municipal, Santo André, São Paulo, Brasil [Council Palace, Santo Andre, Sao Paulo, Brazil] Pré-Bienal de São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil [Sao Paulo Biennial Foundation, Brazil]

Coleções [Collections] - Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, MAC-USP, São Paulo, Brasil [Museum of Contemporary Art of Sao Paulo University, Brazil] - Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM-SP, São Paulo, Brasil [Museum of Modern Art of Sao Paulo, Brazil]

ALEX VALLAURI

ENGLISH

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Obras Selecionadas

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PRESENTATION INDEX GALLERY Monica Tachotte Marcos Mendes Manente Gallerists

publication with our partners, clients and friends. We thus reaffirm innovation and support for the dissemination of contemporary Brazilian art.

In the last few years, the city of Brasilia has been experiencing a very special moment in the visual arts circuit, with the emergence of a new generation of artists and the expansion of exhibition venues to host exhibitions by renowned artists.

Galeria Index is committed, as part of its philosophy, to continually promote and diffuse visual arts to collaborate to the cultural and social development of Brazil. With our editorial projects, we seek to reiterate the importance of artistic research, its representativeness and events that contribute to the understanding of the city as an important axis in the arts circuit. This first publication presents the production of the artist Alex Vallauri, who during his brief career worked insistently for the popularization and integration of art in the Brazilian urban sphere, gaining recognition as the main figure of graffiti in the country.

In addition to being a rich documentation of the creation of Alex Vallauri, this publication brings a beautiful example of the strength as a result of the union between private actions and public institutions.

Marcos Mendes Manente & Monica Tachotte

ALEX VALLAURI Fabrícia Jordão Exhibition Curator Throughout his artistic journey Alex Vallauri (1949-1987) explored several artistic expressions and varied processes of printing and image reproduction.

From 1978 – after two decades dedicated to engraving – the graphic experiments that he had been carrying out with printing templates had culminated in stencils/graffiti that he had developed until his death as a result of AIDS complications, in 1987.

We are proud to share this

In the decade of 1980, the graffiti created by Alex Vallauri coincided with the

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Alex Vallauri

political overture, the growth of urban art and the emergence of a new generation of artists and groups who proposed the occupation of city spaces. In São Paulo, he was a contemporary of the painters of the 80s, among whom are the 3Nós3, Viajou Sem Passaporte and Manga Rosa groups, and artists such as Hudinilson Jr, Carlos Matuck, Waldemar Zaidler and Mauricio Villaça, with whom he developed important partnerships.

Situated in a context of increasing image’s integration of images in the consumer sphere, Vallauri´s graffiti possesses a double genealogy. These are due both to his education in Visual Arts at the Armando Álvares Penteado Foundation (FAAP), as well as the imagination of mass culture. And it is from this position of mediator/ connector of both universes that his graffiti interrogates us regarding the place for images and art in an urban culture marked by an incipient globalized capitalist aesthetic.

Holding a polysomic position that oscillates between art and merchandise or pure visuality, depending on where they circulated, his images are itinerant copies that sometimes are seen as graffiti and etchings, and at others as offsets, serigraphy and artists´ books. They traveled from streets to museums, from museums to multiple artistic expressions, from these expressions to porcelains, book covers, pins,

fabric patterns, tee-shirts, interiors and walls and gardens of residences.

A jumping panther, an acrobat, a pointing glove, a dotted bra, a polka dotted bikini, small panthers, a striped tie, a top hat, Mercury, broken hearts, profiles kissing, a cupid, little devils, a lizard, a witch, a telephone, a hand holding a cigarette, an alligator, star, moon, bat, lightning, Saturn, a spinning top, a roasted turkey, an accordion with a musical score…

So many others are images that, as can be seen in the set exhibited here, with its non-territorialized promiscuity, circulated between two spheres that did not always coincide in its distribution channels, mechanisms of legibility and visual regimes: art and mass culture/consumption.

Coherent with this posture, another recurrent resource in constructing his images are the assimilation of elements arising from the pop universe, urban kitsch, mass iconography and publicity.

The results were images that, seen as life occurrences, while seeking to establish unstable and ephemeral poetic gaps in everyday aesthetics, disputed the public’s attention with the other elements of information in the city.

Vallauri´s images, in accordance with his ethics of appropriation and remixing, also allow an attempt to overcome the ideal of autonomy, without disregarding the institutional artistic circuit, a fiction that is very important to the formulation of the concept of modern art.

The ambivalent status of this production rekindled the debate regarding the modern hierarchy of images.

To the fantasy of the original artwork, the artist stripped of any purist morals, offers us the fetishization of the copy.

Operating under the permanent negativity of hierarchical appreciation and dichotomy in art, Vallauri, like artists from Postal art and Xerox art, offers us a copy not as a fake, but with value.

In this operation, besides deliberately blurring the distinctions between producer and author, the artist also outlined a defense for the copy as a potentially redistributive and democratizing artistic technology.

The urge to integrate art into everyday life, to the same extent as repositionates the city and its passers-by as recipients of his artistic practice, boost his attempts, from 1977, to promote the presence of a street imagery in institutional spaces that would, in the end, merge the museum and the everyday life of the city.

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English Content

This movement would culminate in the Festa na casa da rainha do frango assado (Feast in the house of the queen of roast chicken), presented by the artist at the XVIII International Biennial of São Paulo, in 1985. Occupying over 80m2, the “graffiti house” was made up of

graffiti, furniture and objects.

In this environment, where reality and virtual life, routine and art are blended, we were able to observe the structure of a condensed geography of the displacements that the images created by Vallauri caused between different social and cultural spaces. A Rainha do Frango Assado leaves the picnic in the Glicério neighborhood to join the highest level of artistic legitimacy.

In this occupation, his denial of the autonomy and hierarchical value of art become evident. It may be considered as a mixture of reverse Dadaist collages – since they were Vallauri´s images that invaded the walls, objects and furniture – with the ready-made showcased, we mustn’t forget that the character of the Rainha do Frango Assado was also displaced and personified by the then young actress Claudia Raia, who at that time was a member of the cast of the soap opera Roque Santeiro on Rede Globo.

Another relevant aspect regarding this occupation is that the entire casa da rainha do frango assado was up for sale. The prices had been previously determined by the artist and provided to the Biennial. Thus, the Festa was also inviting us to a kind of “family yard sale”. The commodification of artwork never seemed to be a problem for the artist, something that perhaps denotes his awareness that the market also contributes

toward building the value of the work and that for the elites, the consumption of artwork was not so different from the consumption of luxury articles.

ater precision: the sequestering of aesthetics and art as a base of the paradigm of the production of cognitive capitalism and aestheticized hyper-consumption.

It is important to mention that this proposal occurred after the period that Alex spent in New York, where he came into contact with artists such as Keith Haring, Jean-Michel Basquiat and Andy Warhol, at a moment when the debate regarding the fusion of the spheres of life/art, celebrity culture, mercantilization of artwork, hybridization of art, fashion and industry were the order of the day and certainly contributed toward better outlining his artistic thinking and schedule.

Furthermore, considering that Vallauri´s homosexuality unquestionably transverses his productions, perhaps one of the greatest urgencies that these images present us today, is to situate them also as a result of traversing and living in the male gay universe.

Moreover, considering that Alex´s graffiti were placed and had a role at a time and space that no longer corresponds to the present expansion of the field of graffiti, why then does Vallauri´s production still seem so current, 34 years after his death?

Why does it challenge us so insistently?

In this sense, it is reasonable to consider that images such as the black ball, the red shoe, the pointing glove, the leopard prints, the dotted bra, the little panthers, can also be seen as images of the transvestite culture and of homoeroticism.

This argument could be imperative, above all considering the homophobia and heteronomy present in the analysis of his work, which disregarded his gay sexuality and subjectivity and, for decades, obliterated any interpretative possibility of this nature.

If we take into account that from the 1990s, the artistic activity and field became increasingly similar to that of cultural industries and the industry of mass entertainment, we realize that one of the aspects that continue to instigate us in this production is the fact that it anticipated, produced tension and caused problems for a configuration that only today can we understand with gre-

Today, 34 years after his death, facing this scenario and this historical interdiction, this debate has become inevitable. Moreover, taking into consideration the possibilities and responsibilities of visual arts and its narratives in the construction of collective images, in the implosion or reinforcement of stereotypes, this invisibility, ultimately, contributes toward

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Alex Vallauri

maintaining Brazil as a country that most kills members of the LGBTQI+ community in the world. And it is from this scenario that in this exhibition Rainha do Frango Assado, adding to so many other voices of transvestite, transsexual and non-binary artists, we are challenged as a black, suburban and transvestite woman, who demands of us, more than visibility and representation, the implosion of binary, cis, and heteronormative aesthetics in the world of arts. → Thanks

to Paulo Reis for his careful readings, changes and suggestions, that were so important for the presentation of this text.

ALEX VALLAURI: EXHIBITION DESIGN PROJECT

A project by Manufatura To decorate the city, transforming the urban landscape with a popular, living art in which people participate, adding or removing details of the image. That is my intention.” – Alex Vallauri

Exhibition view at Museu Nacional da República’s Main Gallery.

Entrance at Galeria Index in Brasília.

Architect Vilanova Artigas once said: “The city is a 1 house. The house is a city”.

Likewise, following this cause-effect relationship, Alex Vallauri´s work is in the city in the same way as the city is in Vallauri´s work.

Sidings, posters, construction works, billboards, streets, walls, tags, prints, floor slabs, structures, scaffolding, noise, props, stencils. The city is in constant transformation at this exact second as well. The combination of spontaneous and synchronized actions and experiences makes up the urban context. This was the starting point for the exhibition design projects for two parallel and complementary exhibitions of artist Alex Vallauri that are taking place at the Galeria Index (Index Gallery) and the Museu Nacional da República (National Museum of the Republic), in Brasilia.

At the Museu Nacional, green scaffolding and pink plywood siding are alternated, furthering an urban invasion in the traditional exhibition space, already patrimonializated . Constructive elements replicated in the Museum´s main gallery emulate the city and dialogue with Alex Vallauri´s works. The structure is alive, with graphic appeal, and while it contrasts with the semi-spherical form of Oscar Niemeyer´s architecture, it relates to the domes that surround the cities.

MARTINS, Ana Margarida; ROCHA, Catarina Rosendo. (orgs) A cidade é uma casa. A casa é uma cidade.

Vilanova Artigas arquitecto. Catálogo de Exposição.Almada: Casa da Cerca, 2011.

Meanwhile, since its inauguration in 2020, the Galeria Index has scrutinized new models for exhibitions, challenging the conventional formats of the “white cube”.

It is worth noting that the gallery is located in a modernist building designed by architect João Filgueiras

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English Content

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Lima, known as Lelé, and occupies a floor with concrete slabs as flooring and without any grand finished surface, thus displaying the framework of this iconic and important architecture that stimulates a physical and sensorial experience. There is nothing to hide in this raw work, everything is apparent. Besides creating more flexible formats to show the visual arts, exhibitions, the gallery is situated in the urban center of the city, in other words, it actively participates in this place that is constantly assimilating new meanings.

With the significance attributed to it by the space and its location, and taking into account the artist´s research, at the Galeria Index exhibition the foundation of the design that presents Alex Vallauri´s oeuvre is made up of two large walls lined with prints, which are posters glued directly on the wall, using glue diluted in water.

Furthermore, complementing the architecture, are two “billboards’’ on plywood, using the same materials as those at the exhibition at the Museu Nacional da República, which support the connection between both exhibition design projects more effectively.

Raw, naked, direct, easy, accessible, near. The street in the gallery.

VALLAURI: THE BODY, THE CITY AND DESIRE Essay by Ricardo Henrique Ayres Alves

During my research to 1 prepare my doctorate thesis, I had the opportunity to come into contact with some volumes of the Cadernos de Referências (Notebook of References) of Hudinilson Jr. (1957-2013). This series appeared as a result of collages that the artist collected as an inspiration for other works, thus the use of the term “references”.

However, as time went by, they themselves became works of art, combining many different graphic materials, with special attention to the theme of homoeroticism and Hudinilson´s surroundings, which often acquired an autobiographic character. To me, they are also an emotional document regarding sexual dissidence, desire and homosexual culture in Brazil at the end of the XX century and beginning of the XXI century.

In the case of Notebook VII (1987), belonging to the Centro Cultural São Paulo (Cultural Center of São Paulo),I soon realized that, despite the presence of other isALVES, Ricardo Henrique Ayres.

Artes visuais e aids no Brasil: histórias, discursos e invisibilidades. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/214418 1

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sues, the most important theme in this collection was an elegy to Alex Vallauri (1949-1987), a close friend of Hudinilson, who had also introduced him to urban art. Containing newspaper cutouts regarding the life, death and works of Vallauri, as well as collages of his works, this notebook shows the artist´s inexorable importance for Brazilian art while at the same time it constitutes a doleful record of a dear friend.

The image of a red boot on the cover is the first suggestion of a dedicated and delicate coffer, which, not coincidentally, was the seventh notebook of the series, considering Vallauri´s predilection for numbers that end with 7, even having signed some of his works as “27”. On the pages of this volume we find acrobats, Rainhas do Frango Assado (Queens of Roast Chicken) and newspaper cutouts that include condolences, invitation to his seventh day mass, photographs of the artist and his works, as well as some reproductions of his works in the city. Immersed in the artistic project of Hudinilson Jr., these images are joined by pictures of naked male bodies, sex scenes from pornographic magazines and diverse information regarding the gay culture and the artistic milieu in the 1980s.

Despite some monographic bibliographies about Vallauri insisting on a heteronormative perspective, both when

Alex Vallauri

talking of his life – which includes his death as a result of aids –, as well as in the analysis of his works, Hudinilson´s notebook records the artist in the zeitgeist of dissidence in relation to the system of sex/gender in an inexorable manner, showing the time and space in which both traveled.

In some texts it is possible to find echoes of this contextualization. In a publication that covers Vallauri´s photographic collection, today kept at the Museu da Imagem e do Som de São Paulo (Museum of Image and Sound of São Paulo), 2 Paulo Klein states that the artist visited his home, as did José Leonilson (19571993) and Hudinilson Jr., indicating that they shared the same social circle. Be3 atriz Rotta-Rossi mentions Vallauri´s participation in the XVIII Bienal de São Paulo (XVIII Biennial of São Paulo) in 1985, with A Festa da Rainha do Frango Assado (The Feast of the Queen of Roast Chicken), an exhibition in which Leonilson also took part. Besides this, when speaking of Vallauri´s stay in the United States, she mentions his participation in the exhibition Stencil Invaders (1982) in New York, in which David Wojnarowicz (1954-

2 KLEIN, Paulo. Viva Vallauri e a arte como diversão! In: MIS. Alex Vallauri: foto-MIS. São Paulo: SESI, 2017.

3 ROTA-ROSSI, Beatriz. Alex Vallauri: da gravura ao grafite. 2. ed. São Paulo: Olhares, 2013.

1992) participated. All these artists are involved in the debate regarding the body, sexuality and the impact of hiv/aids, which also indicates how Vallauri´s life and production are permeated by these aspects.

These facts may seem subtle and ordinary, but they are important as they reaffirm the context of the artist´s production, especially considering the effacement and heteronormatization in the reading of his works. It is necessary to understand him in relation to his peers, just as it is necessary to think of how his life and works blend.

And in this sense, despite the caution needed so that neither his biography nor his artwork is reduced to one or the other, it is possible to think that these two dimensions are complementary, so that the attempt to neglect these aspects is the result of the same wish for proscription.

Going beyond visual arts, the relationship between Vallauri and Caio Fernando Abreu (1948-1996) is symbolic: in 1982, he illustrated the book Morangos Mofados, launched by the Brasiliense publishing company, as well as contributing posthumously, in 2000, with images for an American version of the novel Onde andará Dulce Veiga?, published by the University of Texas. Furthermo1re, in one of his Cartas para além dos muros, a series of texts in format of letters published in the Estado de São Paulo newspaper from Au-

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gust to September, 1994, in which he makes his serology public, Abreu mentions the artist and his muse among other individuals who were touched by this disease.

I recognize one by one against the blue background of Derek Jarman, to the sound of a Freddy Mercury song, choreographed by Nureyev, I identify the Nô dance steps of Paulo Yutaka. In Galizia, Alex Vallauri laughingly peeks behind the Rainha do Frango Assado and, oh, how I want to hug Vicente Pereira, and another Santo Daime with Strazzer and another trip to Rio with Nelson Pujol Yamamoto. Wagner Serra pedals his bicycle alongside Cyrill Collard, while Wilson Barros roars against Peter Greenaway, backed by Nélson Perlongher. To the sound of Lóri Finokiaro, Hervé Guibert continues his interminable letter to the friend who didn´t save his life.

Reinaldo Arenas passes his hand slowly through his fair hair. So many, my God, have gone. I wake up with the Cazuza´s suggestive voice repeating in my cold ear: “Whoever has a dream doesn´t dan4 ce, my love.”

This exhibition offers the possibility of another look

4 ABREU, Caio Fernando. Pequenas epifanias. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. pp. 128-129.

English Content

upon the artist, allowing several perspectives from which we can observe his work, which due to its scope, escapes any classification.

For this reason, rather than reducing it to this or to that theme, I believe that it is possible to see its amplitude through a filter that understands it from its insertion into a horizon over the body, the city and desire.

At the beginning, Vallauri had as a visual reference the port region of Santos, which he visited to produce his studies.

The prostitutes were in the streets before he arrived, as were those who sought love that doesn´t dare to say its name. At a first moment, this contact would have direct influence on his etchings.

We see eroticized bodies, whether of men or women or those who surpass binary limits, opening to ambiguity.

However, this urban context, which at first is his theme, becomes the space in which his work develops. And I believe it is important to think that, despite the interventionist character of his later works, Vallauri does not hurt the city, but rather dialogues with it with the same caution with which his acrobats move on walls. His graffiti is developed from an emotional and good-humored relationship with the urban space, and the choice of easily recognized symbols indicates his desire to clearly communicate with the other. His choices also flirt with kitsch, an aesthetical posture that is frequently associated with the gay culture.

It is evident that the Rainha do Frango Assado is a diva that owes nothing to Hollywood´s stars or to international pop singers. The difference is that it is authentically Brazilian. In a similar direction, the images and signs associated to the female, such as boots, gloves, bras and bikinis are fetishes that inhabit feminine performances, thus also including gender dissidence, gay images and the urban environment itself. The same can be said of the ties, top hats and other accessories, which deprived of bodies, operate as easily recognized symbols, but with complex meanings, playing also with masculine performances.

These objects printed on walls occupy the streets, sharing space with the bodies of passers-by, especially at night, when flesh throbs. They are also signs of a desire to claim the city for art, to occupy whatever is possible, even including the white cubes in its scope, why not?

Vallauri challenges the definitions between low and high culture, plunging into mass visual culture, and through its symbols materializing complex discourses regarding contemporaneity. We can see his work without neglecting his negotiation with sexual or artistic dissidence, also accepting the possibility that his work may be considered in a dialogue with his desires and with the time and the context in which they are inscribed.

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Alex Vallauri

↑ Exhibition view @ Galeria Index Brasília, 2021

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Organização Organized by Galeria Index

GALERIA INDEX INDEX GALLERY

EXPOSIÇÕES EXHIBITIONS

PUBLICAÇÃO PUBLICATION

Sócios Diretores Directors / Partners Marcos Mendes Manente Monica Tachotte

Curadoria Curated by Fabricia Jordão

Coordenação Editorial Editorial Coordinator Tatiana Gonçales

Projeto expográfico Exhibition Project Manufatura

Textos Texts Fabrícia Jordão Ricardo Ayres

Diretora Executiva Executive Director Monica Tachotte Diretor Criativo Creative Director Marcos Mendes Manente Produção Production Maria Eduarda Millington Estagiária Intern Luna Colazante

Filmes e Conteúdo Film & Content Front Filmes Montagem Mount Chico Mozart Miguel Ferreira Agradecimentos Special thanks to Jaqueline Martins Sara Seilert Museu Nacional Galeria Jaqueline Martins Claudia Vallauri Ediclea Araujo dos Santos

Tipografia Typography Suisse Int’l

Alex Vallauri [livro eletrônico] Organização Galeria Index.

-- 1. ed. São Paulo : Galeria Index, 2021. ePDF Vários colaboradores.

ISBN 978-65-994740-0-2

Projeto Gráfico Graphic Design Manufatura Photography Fotografia Front Filmes Fotografia Still Still Photography Bruno Santiago Versão para o inglês English translation Monica Mills Revisão Proofreading PT Maryella Sobrinho EN Maryella Sobrinho

Versão Digital Digital Version

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

1. Arte brasileira 2. Artes - Exposições - Catálogos 3. Artes plásticas - Brasil 4. Artistas brasileiros 5. Grafites - Arte - Exposições - Catálogos 6.

Gravura brasileira.

21-63809 CDD-730.920981 Índices para catálogo sistemático: 1. Artes : Brasil : Exposições : Catálogos 730.920981 Aline Graziele Benitez Bibliotecária - CRB-1/3129

Todos os direitos desta publicação reservados à Galeria Index SCS Qd.01 Edifício Morro Vermelho 12º andar Asa Sul, Brasília/DF 70399-900 galeriaindex.com 2021©Copyright Galeria Index

A GALERIA INDEX TEM UM COMPROMISSO CONTÍNUO COM O FOMENTO E DIFUSÃO DAS ARTES VISUAIS DO DISTRITO FEDERAL E REGIÃO. COM NOSSOS PROJETOS EDITORIAIS, BUSCAMOS REITERAR A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA ARTÍSTICA E SUA REPRESENTATIVIDADE PARA O ENTENDIMENTO DE BRASÍLIA COMO UM IMPORTANTE EIXO NO CIRCUITO DAS ARTES. ESTA PRIMEIRA PUBLICAÇÃO APRESENTA A PRODUÇÃO DO ARTISTA ALEX VALLAURI, QUE DURANTE SUA BREVE CARREIRA TRABALHOU INSISTENTEMENTE PARA A POPULARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA ARTE NA ESFERA URBANA DO BRASILEIRO, CONQUISTANDO RECONHECIMENTO COMO A PRINCIPAL FIGURA DO GRAFITE NO PAÍS.

ISBN 978-65-994740-0-2

FEITO EM BRASÍLIA