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OPINIÃO - Tanger Jardim Precisamos falar sobre o esporte como política de desenvolvimento no RS

TANGER JARDIM Advogado, mestre em Direito e professor da FMP

Poucos professores conseguem algum sucesso em projetos sociais esportivos e são submetidos a verdadeiros “atos de heroísmo”, muitas vezes arcando do próprio bolso com as despesas dos alunos, fazendo rifas, enfim, praticamente “mendigando” auxílio financeiro...

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PRECISAMOS FALAR SOBRE O ESPORTE COMO POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO NO RS

Quando os representantes do povo brasileiro se reuniram em Assembleia Constituinte para instituir o nosso Estado Democrático de Direito, buscaram assegurar, entre outros importantes direitos fundamentais, a livre participação de todos em atividades desportivas. Prestigiando o desporto como ferramenta de transformação social, a Lei Maior referiu expressamente o dever do Estado de fomentar práticas desportivas, incentivando-o como forma de promoção social. Contudo, sabemos que existe um grande abismo entre o conteúdo da lei e a realidade. Infelizmente, muitas das normas programáticas que instituem direitos sociais ficam relegadas a segundo plano. Ou seja, a nossa sociedade se acostumou a conviver com a “lei que não pegou”, ou aquela lei que é muito difícil de concretizar e, por isso, nada se faz. Evidente que essa triste realidade atinge diretamente o desporto. É através da prática do esporte que nossos jovens interagem de forma precoce com a concretização de objetivos coletivos, com a necessidade de cumprimento de regras, dentre outras benesses que são importantíssimas para a evolução de nossa sociedade como um todo. Não bastasse isso, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica ressaltam a importância de realização de práticas desportivas e de expressão corporal que contribuam para a saúde, a sociabilidade e a cooperação. Mas a realidade ainda é outra. Com muita tristeza observamos que professores e alunos são desprestigiados e largados à própria sorte. O Estado brasileiro virou às costas ao que escreveu em sua Lei Maior.

Poucos professores conseguem algum sucesso em projetos sociais esportivos e são submetidos a verdadeiros “atos de heroísmo”, muitas vezes arcando do próprio bolso com as despesas dos alunos, fazendo rifas, enfim, praticamente “mendigando” auxílio financeiro para que as crianças tenham materiais minimamente adequados ou possam se inscrever em competições.

Essa é uma realidade a qual não podemos nos acostumar. Isso porque, a formação desportiva ocorre desde a tenra idade, e por isso necessita de orientação adequada com professores preparados e estrutura compatível. As nossas crianças têm o direito subjetivo a uma iniciação esportiva como forma de atingir uma vida plena, tomando contato com diversos elementos que os tornarão cidadãos mais preparados para enfrentar os desafios da vida adulta. Para isso precisamos prestigiar o desporto com a grandiosidade que ele merece, cuidando das nossas crianças e dando estrutura e remuneração adequadas aos nossos professores. Isso não é nenhum feito extraordinário. É apenas o cumprimento da Lei!

Por isso, precisamos de representantes que realmente lutem para modificar esta realidade. A nossa Assembleia Legislativa e nossos deputados precisam de forma urgente priorizar o esporte como ferramenta de inclusão social e desenvolvimento.

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