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OPINIÃO - Eduardo Neubarth Trindade Medicina também é luta

MEDICINA TAMBÉM É LUTA

EDUARDO NEUBARTH TRINDADE Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers)

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Nos 90 anos do Simers, saudamos seu protagonismo nas questões que envolvem o trabalho médico. A atuação incansável diante de injustiças, a denúncia das más condições de trabalho e o posicionamento forte em defesa do médico vêm ao encontro daquilo que acreditamos ser necessário para que a saúde brasileira progrida

Ofoco principal da atenção do médico é o paciente. Tudo com o que o profissional se ocupa quando assume a responsabilidade de ser médico gira em torno da saúde e do bem-estar do paciente – desde o pleito por melhores condições de atendimento até os avanços científicos que busca por meio de estudo constante, passando pela autonomia tanto do médico quanto do paciente.

No contexto de pandemia que estamos vivenciando, problemas antigos se juntaram aos novos, suscitados pela nova e grave doença que assola o mundo. Não trocamos uma crise pela outra; ao contrário, testemunhamos a já histórica crise da saúde pública brasileira se agravando a olhos vistos. Casos passaram a ficar represados em virtude da pandemia. Pacientes perderam a chance de obter diagnósticos e tratamentos no melhor tempo. Cirurgias deixaram de ser realizadas. E isso terá um preço no futuro próximo.

O conhecimento científico sofre alterações, sim, e deve ser constantemente revisto, ou não haveria avanços. Assim, é preciso investir em tecnologia e em profissionais altamente qualificados, especialmente para a atenção primária, que pode ajudar a prevenir o agravamento de casos. O “médico do postinho” precisa ser extremamente bem formado, de maneira que possa buscar diagnósticos eficientes e evite que pacientes não-graves sobrecarreguem o sistema.

É necessário que esse médico seja formado por faculdades bem estruturadas e tenha uma rede de apoio adequada à sua disposição, sabendo como conseguir exames, medicamentos, internações. Ficou claro que os estados com menores índices de mortalidade durante a pandemia de Covid-19 são aqueles que têm melhor estrutura hospitalar e equipes qualificadas. É nessa toada que as entidades médicas e os médicos devem se unir: na luta por melhores condições para todos.

Isso passa pela própria atuação das entidades médicas: desde o início da pandemia, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance legal para oferecer segurança aos médicos e aos pacientes, defendendo a Medicina e a saúde da população. Emitimos normas de conduta, informatizamos os serviços do Cremers no site e no aplicativo para celular e até mesmo criamos uma plataforma pioneira para a emissão de receitas, atestados e requisição de exames. Tudo on-line, para que houvesse mais segurança, menos deslocamentos, menos risco de contágio e mais facilidade para todos.

Por isso, fica claro que precisamos de instituições fortes e atuantes em defesa da Medicina. Nos 90 anos do Simers, saudamos seu protagonismo nas questões que envolvem o trabalho médico. A atuação incansável diante de injustiças, a denúncia das más condições de trabalho e o posicionamento forte em defesa do médico vêm ao encontro daquilo que acreditamos ser necessário para que a saúde brasileira progrida.

A missão de ser médico é difícil por natureza. Lidar com a vida, a dor, a morte e a esperança não é um fardo leve, mas é o que escolhemos fazer para servir à sociedade, levando sempre em conta a responsabilidade que essa escolha acarreta.

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