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Paul Brain

Se há uma classe de ativos que hoje em dia representa uma verdadeira dor de cabeça para os investidores essa é, sem dúvida, as obrigações. Por esse motivo, não parece casual que a BNY Mellon IM tenha eleito Paul Brain, um dos gestores de obrigações mais reputados do Reino Unido, como o primeiro gestor que traz à Península Ibérica desde o estalar da pandemia. Porque o cliente necessita de soluções que lhe permitam superar com sucesso o intrincado e complexo panorama que enfrenta o mercado de obrigações. E necessita delas já.

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NER T PAR

GESTOR DO BNY MELLON GLOBAL DYNAMIC BOND

Tendo em conta o elevado peso das obrigações nas carteiras dos investidores ibéricos, e a difícil situação que atravessa o mercado de obrigações, não parece casual que Paul Brain tenha sido o primeiro gestor que a BNY Mellon IM trouxe à Península Ibérica desde o início da pandemia. É, sem dúvida, uma visita muito oportuna. Primeiro, porque se trata de um profissionalmuito consagrado na indústria, com uma experiência como responsável de Obrigações na Newton que soma 18 anos. E, segundo, porque os clientes ibéricos necessitam de informação e visibilidade para enfrentar um contexto que se apresenta muito complicado.

“No início do ano, tudo fazia crer que nos encontrávamos às portas de um longo bear market, em que os bancos centrais retiravam liquidez e aplicavam subidas de taxas. Agora a situação tornou-se binária. Com uma inflação que poder estar num intervalo médio de 3-4% durante os próximos anos e com custos energéticos persistentemente mais elevados, tudo parece que dependerá de como evolui o crescimento. Se este se mantém, os bancos centrais continuarão com a sua estratégia de retirada de estímulos. No caso de choque económico provavelmente não farão nada”, reflete

Dada a mutabilidade do panorama, para o gestor a melhor maneira de superar as dificuldadestrazidas pelo intricado cenário atual passa pela flexibilidade.É a filos fiaque aplica o BNY Mellon Global Dynamic Bond, um fundo de obrigações globais com um enfoque dinâmico e com um claro foco de preservação de capital com o qual Brain e a sua equipa tentam tirar vantagem das oportunidades que gera a volatilidade à qual estão a ser submetidos os mercados de obrigações. “Um dia assiste-se a um rally na dívida pública e no dia seguinte a fortes vendas. A situação é muito incerta e os investidores movem-se entre o risk on e o risk off. Não há visibilidade”. Em primeiro lugar, estas fortes oscilações que sofrem os mercados obrigaram a equipa a ser muito rápida na hora de capturar as oportunidades que se apresentam. “A velocidade na tomada de decisões aumentou”, reconhece. Em segundo lugar, há que fazer uma análise retrospetiva de qual foi o comportamento registado pela classe de ativos em bear markets”. Estudamos com detalhe o que ocorreu em 1994, quando a Fed subiu taxas bruscamente, assim como noutras crises similares... a nossa conclusão é que são contextos nos quais se pode gerar rentabilidades positivas a partir de uma perspetiva buy & hold”.

COMPRAR E MANTER

É uma estratégia que aplica atualmente com as obrigações do Tesouro americano a curto prazo, que neste momento representam uma parte core da sua carteira. “São um bom ativo refúgio. Se se investir e se ficar sentado à espera, oferecem um cupão positivo e, para além disso, servem de estabilizador para o conjunto do fundo”. Na sua opinião, esta é uma estratégia muito menos arriscada do que estar curto.

“Se tivermos um cenário em que os bancos centrais sobem taxas porque o crescimento económico melhora, o normal seria construir posições curtas em treasuries ou bunds. No entanto, nas atuais circunstâncias, representa assumir um risco muito elevado. Se os mercados se movem para um flightto quality podem fazer muitos estragos. Essa é a razão pela qual tirámos estes instrumentos das carteiras, deixando a exposição a treasuries sem esta proteção de derivados”, revela. O ponto chave, na sua opinião, está em ter flexibilidadesuficientepara, olhando globalmente para o mercado, poder mover-se até onde está a oportunidade, colocando mão nos 35% que têm em liquidez e emissões inferiores a um ano.

“A POSSIBILIDADE DE ERRO DA POLÍTICA MONETÁRIA É ELEVADA, SOBRETUDO SE OS BANCOS CENTRAIS TENTAREM LUTAR CONTRA A INFLAÇÃO SEM PRESTAR ATENÇÃO AO CHOQUE ECONÓMICO”

O TIPO DE CONVERSAS COM O CLIENTE MUDOU

Paul Brain verifiou uma mudança substancial no tipo de conversas que mantém com os investidores. “Há 18 meses, tudo girava em torno do problema de como fazer dinheiro em obrigações num bear market e num cenário em que não havia yield. Para o cliente, não era fácil vê-lo. Agora, com um mercado em que as yields to maturity são superiores, é mais simples que os investidores se apercebam do potencial da classe de ativos para gerar retornos positivos a médio-longo prazo”.

O repertório de ativos que têm em carteira é muito amplo, selecionado sempre a partir de um cuidadoso bond picking. “Investimos em obrigações ligadas à inflação.Antes pareciam-nos caras, mas dado o novo regime inflacionista,já não”. Também mantém posições em obrigações indexadas e dívida pública chinesa em renminbis. Esta última reduziram ultimamente depois do rally experimentado pelo ativo.

A parte de mais risco da carteira não a concentram em dívida emergente onde, embora veja algumas oportunidades (sobretudo na Indonésia, Coreia e países que beneficiamdo incremento das matérias primas) apenas têm alguma exposição. “É um ativo com uma elevada correlação com as taxas americanas”, avisa. Em lugar disso, prefere concentrar-se no segmento de obrigações high yield, principalmente emissões a curto prazo com um rating médio BB.

“Gostamos especialmente dos fallen angels de empresas de elevada qualidade com durações entre os zero e os três anos. O high yield e as obrigações convertíveis são os ativos que mais contribuem para a duração da nossa carteira, que atualmente está próxima dos 3,5 anos. É um nível que está abaixo do que mostram a maior parte dos fundos de obrigações globais”.

Embora reconheça que o risco de default aumentou devido a maiores custos energéticos e às ramificaçõe do conflitoem Ucrânia, não acredita que o aumento de incumprimentos vá representar um grande problema. “Partimos de níveis muito baixos. É gerível. No mercado sempre acontece da mesma forma: primeiro aparece o choque, depois falam-se de potenciais defaults e fina mente é quando aparecem as oportunidades”, opina. Por esse motivo há que estar atento e ser rápido. Porque as melhores ideias surgem de episódios de tensão e incerteza como aqueles que estamos a viver. É nessa altura que os gestores têm que demonstrar a sua capacidade de saber eleger e gerar alfa. É o seu objetivo.

Desse modo, neste cenário de elevada volatilidade e custos de entrada a subir, em combinação com um consumo provavelmente cada vez menor e mais discricional, o fundo baixou a exposição a high yield de níveis próximos dos máximos históricos que tinha em janeiro. A equipa está a vigiar a situação muito de perto caso seja necessário ajustar mais. Há que controlar o risco.

Paul Brain tem estado de visita à Península Ibérica para falar do BNY Mellon Global Dynamic Bond e sua versão ESG, o BNY Mellon Sustainable Global Dynamic, fundo também global de obrigações com enfoque dinâmico, mas que investe exclusivamente em dívida de emitentes que cumpram os critérios de sustentabilidade da Newton.