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Carola Van Lamoen

Combinar gestão ativa com engagement. Rentabilidade com impacto. É a filosofia de investimento do RobecoSAM Global SDG Engagement Equities Fund, que procura impulsionar a contribuição das empresas que investem nos ODS. “Uma gestora verdadeiramente ativa é a que faz engagement para acelerar a transição. Se apenas nos centrarmos nos nomes mais verdes, pode acontecer que o perfil de sustentabilidade a curto prazo seja superior, mas na vida real não se gerou nenhuma mudança para melhor”, defende Carola Van Lamoen.

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NER T PAR

RESPONSÁVEL DE INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL

O NOVO ATIVISMO INVESTIDOR

Carola Van Lamoen é uma veterana de investimento sustentável. Está na Robeco há 15 anos e iniciou-se na equipa de Active Ownership da gestora holandesa. Assim, experienciou em primeira mão a transformação da indústria finaneira. “No princípio as empresas não entendiam muito bem o que queríamos delas; agora trabalhamos lado a lado para fazer progressos”, conta.

O

bjetivo, acelerar a transição climática. Agora que o ESG se converteu numa questão de mínimos, a Robeco trabalha para alcançar a fronteira seguinte. A gestora holandesa foi uma das primeiras entidades a tornar firme o seu compromisso de alcançar emissões líquidas zero em 2050. Para acompanhar o processo, no ano passado lançaram o seu guia de ação com um foco em descarbonizar a sua atividade. Isto implica não só reduzir a pegada de carbono dos seus fundos, mas também melhorar as suas próprias emissões operacionais. A meta, comenta Carola Van Lamoen, responsável de Investimento Sustentável, é acelerar a transição climática. Gerar um verdadeiro impacto através do investimento.

E para isso a gestora opta por ter uma postura ativa. “Preferimos o engagment antes da exclusão direta”, conta a especialista. É certo que há setores nos quais é inevitável traçar uma linha vermelha. Por exemplo, a indústria de tabaco. Mas noutros casos, Van Lamoen vê mais benéfico gerar mudança através do diálogo. “Uma gestora verdadeiramente ativa é a que faz engagement para acelerar a transição. Se apenas nos centrarmos nos nomes mais verdes, o perfil de sustentabilidade a curto prazo pode ser superior, mas na vida real não se gerou nenhuma mudança para melhor ou nem sequer um impacto autêntico”, argumenta. É o ponto sobre o qual incide a especialista: a indústria de investimentos não pode esperar que atuem os políticos, as ONG ou a população. “Os investidores e as empresas também têm um papel a desempenhar no caminho em direção a uma economia mais sustentável”, afirma.

Um bom exemplo dessa filosofi de engagement é o trabalho que estão a fazer com as emissões de carbono. A Robeco identificouos principais emitentes e está a fazer um engagement ativo com os 30 maiores. “As mudanças não acontecem da noite para o dia”, reconhece a especialista. Costumam trabalhar com prazos de cerca de três anos para implementar melhorias. Mas se não veem avanços no período de transição das empresas depois de um ano de intenso engagement, a Robeco não hesitará em usar o seu poder de votação em assembleias de acionistas de tais retardarários climáticos.

E a Robeco está a dar um passo mais em frente. Agora os governos também estão a focar-se nos seus esforços de engagement. Entre outros projetos no contexto do seu grupo de trabalho Call for Climate Action, estão a fazer engagement com o governo do Brasil para a reflorestaçãodo Amazónia. Ou com o governo da Indonésia para fomentar a proteção da biodiversidade.

Porque a biodiversidade é uma preocupação crescente na sociedade. “Não há economia sem natureza. E a perda de capital natural é um risco sistémico para a indústria nanceira”, alerta Van Lamoen. A biodiversidade é outra das prioridades da Robeco precisamente pela sua estreita relação com a economia. “Os negócios dependem do ecossistema, mas ao mesmo tempo geram um impacto nele. É uma dupla materialidade”, explica.

A IMPORTÂNCIA DOS DADOS

Do E ao S no ESG. A terceira prioridade da gestora holandesa são os direitos humanos. A entidade está a centrar-se em empresas ativas nas zonas de conflitoe áreas de elevado risco como, por exemplo, Myanmar. “Vemos uma preocupação crescente entre os clientes pelos direitos humanos”, conta a especialista. Por isso, um dos pontos de diálogo com as empresas é definira sua exposição a este tipo de problemas e assegurar-se de que o processo de due diligence para os direitos humanos é suficiente.

“Ter os dados corretos para tomar uma decisão de investimento é crucial”, conta Van Lamoen. Os dados são o novo ouro da era digital. E mais ainda se uma gestora necessita de mostrar ao cliente como é que está a gerar impacto.

Deve ser medível. Por isso, o perfilde profissionaisque se unem a uma gestora sustentável como a Robeco estão a transformar-se. A especialista conta-nos como nos últimos anos a equipa de Sustentabilidade cresceu muito, mas com cargos como cientistas de dados de clima.

Se falamos de biodiversidade, por exemplo, faz falta incorporar dados geoespaciais e monitorizar satélites.

“A PERDA DO CAPITAL NATURAL É UM RISCO SISTÉMICO PARA A INDÚSTRIA”

Dados cada vez mais complexos que necessitam de um tipo de profissional com distintas capacidades. O trabalho a tempo inteiro de um especialista em dados do clima é encontrar os dados que sejam mais precisos para fazer uma medição de temas como as emissões, assim como projeções para o futuro. “É o que se espera de um gestor de carteiras 2.0, que seja capaz de integrar na sua análise fatores como a pegada de carbono”, afirma Van Lamoen. Mas a especialista enfatiza: “Se pensam esperar pela altura em que os dados vão ser perfeitos, chegarão demasiado tarde”.

Priorizar o engagement inspira a filosofi de vários dos recentes lançamentos da Robeco. Um exemplo é o RobecoSAM Global SDG Engagement Equities Fund, uma combinação de gestão ativa e engagement. O fundo procura combinar retornos positivos com um impacto positivo. Para ser mais concreto, a finalidadeé melhorar a contribuição das empresas que investem nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Para cada uma das 25-35 empresas da carteira desenvolve-se um plano de compromisso com os ODS com milestones anuais para guiar os seus investimentos.

Este veículo procura diversificara alocação nos 17 ODS. Para isso, analisa os fundamentais bottom-up de cada posição. Em geral, a sua pegada de carbono é mais baixa do que o índice de referência. Outro ponto diferencial é que mantém uma posição estruturalmente sobreponderada nos mercados emergentes face ao MSCI ACWI. “Os emergentes vivenciam maiores lacunas no cumprimento dos ODS, têm as maiores necessidades financeiras,e ao mesmo tempo oferecem boas oportunidades para promover a sustentabilidade”, explica.

Um terceiro ponto a destacar. Dado que investem em ações com um elevado ROIC (Retorno sobre Capital Investido) e geração de fluxosde caixa, tendem para uma baixa exposição a negócios muito intensivos em capital e cíclicos. Assim, as maiores exposições setoriais do fundo são a tecnologia de informação, saúde e financeiras.

Há uma exposição limitada a materiais e energia e nenhuma a utilities neste momento.