Tempo Livre Setembro

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01-09-2010

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Boavida|Consumo

Silêncio! Vem aí o ruído… Tantos e tão variados são os problemas ambientais, que por vezes até nos esquecemos da poluição sonora. Mas o ruído existe, não é assim tão inocente e pode provocar graves problemas de saúde. É preciso estarmos atentos para evitar uma overdose de decibéis.

Carlos Barbosa de Oliveira

asta estar parado numa passadeira, à espera que o semáforo lhe dê autorização para atravessar a rua. Quando passa por si uma daquelas ruidosas nuvens de fumo que servem para embrulhar alguns veículos pesados, ou motoretas, logo se apercebe que vive num país de odores e sons onde ouve e cheira o que quer e o que não quer. A distinção dos odores é mais ou menos fácil. Há os cheiros nauseabundos provocados pelos lixos, ou por certas indústrias, os do incenso que se sentem no interior de algumas casas e aqueles perfumes que a publicidade promove, afiançando-nos que torna os nossos corpos mais bem cheirosos e atraentes. São odores distintos e recomenda o comportamento civilizacional “standard” que se detestem os primeiros e se apreciem os restantes. Em muitos locais, porém, há mais cheiros nauseabundos do que perfumes agradáveis. Talvez tudo se deva ao desvio padrão, determinado a partir de uma curva de Gauss que o milagre económico distorceu. Mas isso é outra história… Quanto à distinção entre sons é que me parece mais complicada! Para além da subjectividade da destrinça entre sons agradáveis e desagradáveis, há que ter em consideração que a “chinfrineira” em determinadas horas e locais é tal, que à força de hábitos adquiridos, alguns ruídos já foram promovidos a sons. Ouça-se em casa uma canção que apreciamos e nos impressionou favoravelmente e depois experimentemos ouvi-la numa discoteca ou numa barraca de feira especializada na venda de material sonoro pirateado e logo verificamos o que distingue um som agradável de um insuportável ruído… Nem sempre o problema do ruído em Portugal tem sido encarado com a importância que lhe é devida, mas as suas consequências podem ser demasiado graves para que as esqueçamos.Com efeito, o ruído pode provocar tensões e alterações psíquicas importantes que muitas vezes atribuímos ao “stress”, um réu que neste processo seria provavelmente absolvido ou, quando muito, condenado com pena suspensa.

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Quisemos saber alguma coisa sobre os decibéis a mais que consumimos um pouco por todo o País, mas não foi tarefa fácil, pois apesar das queixas apresentadas, das Directivas comunitárias e respectivas transposições e da legislação avulsa existente, são vários os organismos com competência na matéria. Estamos no entanto em condições de poder afirmar que, havendo discotecas em Portugal onde o nível sonoro atinge facilmente os 120 decibéis, não será difícil fazer uma análise comparativa com o que se passa noutros locais. Sabendo também que as exposições proANDRÉ LETRIA


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