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(s/d., p. 23), que “houve uma série de razões para esse interesse pelo povo nesse momento específico da história europeia: razões estéticas, razões intelectuais e razões políticas.” Diremos, seguindo o pensamento de Herder, que houve o” ímpeto” humano descobrindose como ser para além da Razão.
Uma História para a Educação da Humanidade avessa ao Cosmopolitismo kantiano Foi principalmente da Alemanha pietista que essas ideias brotaram com mais força, pois alimentaram uma mentalidade cujo “resultado foi uma intensa vida interior, uma grande quantidade de literatura muito comovente e interessante, mas altamente pessoal e violentamente emocional, o ódio ao intelecto e, acima de tudo, claro, o ódio violento à França (...).” (BERLIN, 2015, p. 70). Berlin acreditava que Johann Georg Hamman6 (1739 – 1788), teórico alemão, tenha sido “a primeira pessoa a declarar guerra contra o Iluminismo da maneira mais aberta, violenta e completa.” (Id. Ibid. p. 81). Segundo Reale e Antiseri, “Hamann foi talvez o mais áspero e genial crítico do Iluminismo e o mais denodado defensor daquela religiosidade e daquele cristianismo, que o Iluminismo minara pelas raízes.” (REALE & ANTISERI, 2005, p. 56).
6 “Johann Georg Hamann nasceu em Königsberg (cidade que já fora berço de Kant) em 1730. Não concluiu estudos universitários em virtude de seus múltiplos interesses e de suas leituras caóticas. Transferiu-se para Londres, ocupando-se de comércio e de ciência das finanças, mas faliu novamente devido a variadas e obscuras vicissitudes. Mas em Londres, em 1757, seu destino foi marcado pelo encontro com a Bíblia e pela emergência de forte vocação religiosa. Voltando a Königsberg, passou a sobreviver como empregado alfandegário. Morreu em 1788. “Em sua maioria curtos, seus escritos são elaborados em estilo muito original, produzindo complexo jogo de citações e, sobretudo, de alusões sempre extremamente determinadas, mas muito difíceis de decifrar, até para seus leitores contemporâneos. O intrincadíssimo jogo de citações de frases e palavras, muitas vezes extraídas da Bíblia, ou então dos clássicos, tem sabor quase cabalístico para o leitor moderno. Isso, porém, deve-se sobretudo ao fato de que, por uma série complexa de razões, Hamann escolheu o caminho indireto da ironia socrática para criticar o Iluminismo. Os Stürmer e os românticos se interessaram por ele, mas provavelmente mais por motivos paralelos do que por convergências. Moser o batizou de “o mago do Norte”; Goethe o chamou de “o fauno socrático”; Schlegel encontrou nos escritos elípticos do pensador uma lógica de “abreviador do universo”. Na história do pensamento posterior, porém, nunca se impôs como um clássico. Entretanto, há algum tempo ocorre lento renascimento do interesse por ele.” (REALE & ANTISERI. 2005, p. 55)
Redescrições - Revista online do GT de Pragmatismo, ano VII, nº 1, 2016