L d 44 sonata de outono

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l+d luz

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design

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a r q u it et u r a

ISSN: 1808-8996

R$16,00

U-Bahn Hafencity University, Hamburgo Residência Scarlett, Vancouver Centenário Rubem Braga , Vitória BruumRuum!, Barcelona


projetos

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Dizem que a residência, para o arquiteto, é como a cadeira para o designer: simples, porém infinita em possibilidades. Os programas não variam tanto, as funções não são tantas, e assim o arquiteto pode perseguir temas que lhe interessem: concisão, liberdade, busca de formas, ou o que quer que seja. Incrustada em um jardim japonês, desses que parecem saídos de calendário, com folhas outonais multicolores e um pequeno lago, esta residência de 315 m2 nas proximidades de Vancouver, Canadá, logo chama a atenção pela sua concisão e poesia. Uma “música” parece exalar de suas formas, que se contrapõem tal qual instrumentos numa sonata. Como acontece em muitas residências em que o acesso se dá pelo nível superior, é nele que se concentram as áreas sociais da casa; praticamente em um único ambiente temos sala de jantar, cozinha, e estar integrados. Uma lareira com portas de correr ao lado separa a área de estar do jantar. Terraços, deques e passarelas generosos, com guarda-corpos de vidro, circundam a casa. E embora a residência tenha cobertura e estrutura em madeira, elementos de concreto aparente dão personalidade à área de estar, criando um inusitado diálogo de linguagens. No andar inferior, um “cubo” suspenso abriga as áreas íntimas da casa. Uma escada aberta, longitudinal ao eixo da casa, faz a transição dos pisos.

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Sonata de Outono

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A iluminação indireta reforça o “L” invertido que dá personalidade à residência e se faz refletir no espelho d’água. Outros planos também recebem iluminação indireta, característica desse projeto. A vegetação exala um suave brilho, sem “hotspots”


A área íntima flutua sobre o

escada que leva à área íntima

piso, deixando passar a ravina

recebe simultaneamente

que corta a casa. A luz indireta

iluminação de cima e de baixo

reforça esta imagem

Na imagem externa noturna da casa, podemos ver como o projeto de iluminação preocupou-se em avivar a harmonia dos elementos. Pequenos pontos de luz, de baixa intensidade (1,2W, apenas) fixados no piso do terraço externo iluminam suavemente a cobertura de madeira, colocados de forma a não invadirem as paredes. Tudo muito suave. Algumas paredes externas de madeira têm estruturas luminosas lineares fixadas próximas a elas, que as iluminam de forma rasante. O “L” invertido de concreto recebe iluminação de baixo para cima, reforçando sua importância na composição do todo (e, em certos ângulos, duplicado pela imagem refletida no lago). Todas as fontes são de tecnologia LED, o que garante baixíssimo consumo e nenhum ofuscamento. Do jardim, apenas alguns exemplares de plantas iluminados, sempre de maneira discreta, e evitando “hotspots” de luz nas bases.

O recurso de iluminar suavemente os planos horizontais a partir do piso repete-se na área coberta de acesso à casa pelo jardim: duas sequências de pontos iluminam o fundo da laje inferior e da escada, única iluminação deste trecho. O acabamento branco da escada, em contraponto com a madeira, salta aos olhos, tal qual um gelo luminoso escultural. Lembrando que se trata de residência em latitudes canadenses, a entrada de luz natural é sempre bem-vinda. Assim, claraboias protegidas por brises são abundantes nas áreas de estar e cozinha, inundando os ambientes com luz natural. Nenhum ponto de luz é fixado no teto; a iluminação de alguns planos de trabalho dá-se por pendentes lineares, enquanto algumas paredes têm estruturas lineares fixadas próximas a elas, com iluminação rasante por meio de LEDs (10° de abertura de

À frente, a sequência de LEDs que ilumina a escada, única concessão a pontos no teto neste andar. Uma régua de LEDs junto à parede texturizada da lareira “arranha” a superfície, criando sombras, e devolvendo luz refletida ao ambiente. Abundante luz natural inclusive proveniente de claraboias – recurso para altas latitudes

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Verdadeira escultura de gelo, a

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Numa única visada: cozinha (com um pendente direto/indireto), estar,

facho e 3.000K de temperatura de cor), o que ressalta sua textura, no caso das paredes da lareira, e ilumina obras de arte na sala contígua. Aninhada na junção entre a laje de concreto e a cobertura de madeira, uma luminária linear com LEDs faz a iluminação downlight da escada de acesso ao subsolo – única concessão do cliente quanto à luminária de teto. O living é iluminado apenas pela luz rebatida das paredes da lareira e mais alguns pedestais distribuídos pelo mobiliário. Todos os sistemas permitem plena dimerização e criação de cenas. Os banheiros – “banheiros zen”, segundo Galina Zbrigher, autora do projeto – receberam iluminação fluorescente T5 dimerizável escondida das paredes, além de luminárias estanques para LEDs. Um bambu iluminado, do lado de fora da janela, completa a cena. Sempre em 3.000K, como nos demais ambientes da casa. Ganhadora de dois prêmios GE Edison Award (Residential Design e Environmental Design), esta pequena joia, iluminada com uma carga de apenas 2,65W/m2, é um excelente exemplo de uso de tecnologia LED em ambientes residenciais. (Por Gilberto Franco)

lareira e jantar ao fundo. Brises verticais, que só fazem sentido nestas latitudes, controlam a entrada da luz natural. Banheiros “zen”: destaque para a iluminação para o bambu, na área externa, que se distribui para o interior do recinto

Scarlett Residence Vancouver, Canadá Projeto de Iluminação: Galina Zbrizher / Total Lighting Solutions e Vance Harris / Design Dialog Projeto de Arquitetura: Design Dialog Fornecedores: MP Lighting, Dasal, Rosco, Bruck, Lumenpulse (luminárias)

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Parede externa iluminada com o mesmo princípio das internas (que se veem ao fundo). Pontos de LED – 1,2W – guardam distância estratégica das paredes para não manchá-las. Tecnologia LED a serviço da sutileza. Um tênue brilho nos beirais, pequenos pontos no piso. Ao fundo, a iluminação indireta da cozinha

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Imagens: Kristopher Grunert

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