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l+d iluminação + design + arquitetura

Luzes da cidade

O papel da iluminação na valorização urbana

Luzes orientais

ano 2 ed.11 novembro 2006

Criando clima em um restaurante chinês

Luzes humanizadas

www.revistald.com.br

Harmonia entre o belo e o necessário em um hospital


evento

Visitantes observam a instalação “Quinze Árvores”, um dos destaques do evento. A proposta foi “pintar” as copas utilizando projetores RGB com Leds da Color Kinetics, controlados por um sistema de sequência programada

Light in Alingsås Elaborado por Gilberto Franco Fotos: Andrés Otero, com exclusividade para L+D

O workshop de Alingsås, na Suécia, é realizado anual-

percebeu-se a importância e o potencial de se envolver o grupo com

mente desde o ano de 2000, tendo sido originado de uma iniciativa do

a comunidade local a que o espaço se refere. Com maior ou menor

lighting designer e membro profissional da Associação Européia de Lighting

intensidade, foram visíveis os efeitos desta proposta.

Designers (Elda), Kai Piippo. Ele já se apresentou no Brasil, durante o 7º Seminário de Lighting Design realizado em São Paulo (SP) em 2004.

A segunda instância é a educação dos líderes de cada grupo, já que eles têm de lidar em um período muito curto com pessoas provenientes

O êxito da experiência na Suécia fez com que a Elda assumisse a

de diversas partes do mundo, com diferentes níveis de conhecimento.

organização do evento e criasse outros similares em outras cidades:

Têm uma agenda apertadíssima de etapas a serem cumpridas para que

Frederikshavn, na Dinamarca, e na cidade de Gainesville, Flórida (EUA),

tudo esteja pronto dentro dos prazos previstos. Têm de lidar com situa-

a partir de fevereiro de 2007.

ções hierárquicas inesperadas em relação à atuação tradicional de seus

Faz parte dos planos da Associação Brasileira dos Arquitetos de Ilu-

escritórios, e garantir que ao final do período não só o trabalho esteja

minação (Asbai) o estudo de uma cooperação com a Elda para o de-

realizado como pronto para ser apresentado. Têm de decidir previamente

senvolvimento de um workshop no Brasil, ainda sem data definida.

os equipamentos que querem ter disponíveis para o trabalho, o que de

Nesse ano, além do autor desse texto mais três brasileiros participa-

certa forma pode direcionar (ou não) um partido de iluminação assumido

ram do workshop: Orlando Marques, Regina dos Santos (estudantes de

a priori. Cabe a eles decidir em que medida vão impor sua marca pessoal

ligthing design em Estocolmo) e Guinter Parschalk - respectivamente

ou quanto delegarão ao grupo. Não há contudo uma fórmula quanto

nos grupos 6, 6, 4 e 1.

à melhor estratégia, alguns líderes pareciam já saber exatamente o que pretendiam, outros entregaram todas as decisões ao grupo.

OBJETIVOS

Educação da comunidade é a terceira instância, isto é, dos habitan-

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conviver com tantos aspectos do mundo da iluminação. Para o bem e

cacional, em todas as suas instâncias. A primeira é a educação dos

para o mal, diga-se, pois é curioso notar como alguns excessos muitas

participantes, na sua maioria estudantes, que têm com isso a oportuni-

vezes presentes nos workshops - que é bom lembrar, são experimentais

dade de atuar num espaço físico real, experimentar e testar propostas

- são captados e reproduzidos por habitantes locais, nem sempre com

de iluminação, manipulando equipamentos de iluminação, controles,

a devida propriedade. Mas há o reverso, também, e citaremos bons

cabeamento, sistemas de fixação, e ao trabalho em grupo, discutindo

exemplos em que a atuação dos grupos interferiu de forma positiva.

todas as fases do projeto de igual para igual com os demais.

Finalmente, a última instância é a educação do público em geral: o

Os alunos têm a oportunidade de visualizar os efeitos de luz propostos

simples fato de existir um circuito turístico cujo tema é a iluminação é

e checar sua interação com o espaço arquitetônico, tomando decisões

algo muito positivo. A cada ano são esperados 50 mil visitantes para o

rapidamente. O tema deste ano remete ainda a um outro aspecto:

workshop, mais que toda a população da cidade, sendo seus resultados

interação com a comunidade. Talvez como lição tirada de outros anos,

também amplamente divulgados na mídia impressa e eletrônica.

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tes da minúscula cidade de Alingsås, que têm a rara oportunidade de Na visão da Elda, o objetivo básico do workshop de Alingsås é edu-

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ORGANIZAÇÃO Nas palavras de Kai Piippo, o mais importante é o planejamento nos

Os equipamentos selecionados são colocados em um pequeno trailer

1. Atrium de Agência Bancária

e à noite os grupos se reencontram no seu sítio, onde foi deixado o

Líder: Keith Bradshaw (Speirs and Major Associates), Escócia

trailer, e fazem todos os tipos de experimentos de iluminação.

cerca de 12 meses que antecedem o workshop propriamente dito. Claro

No segundo dia, os grupos se reúnem novamente, iniciando uma

Esse grande pátio adjacente a uma agência bancária possui uma

que a repetição anual proporciona um enorme aprendizado quanto aos

discussão sobre os conceitos que julgam importantes para o sítio que

arquitetura dos anos sessenta, toda com acabamentos claros. Desde

procedimentos a serem adotados, além de permitir uma sistemática

vão iluminar. As idéias são apresentadas por todos os participantes,

o início o designer deixou clara sua intenção em trabalhar com uma

integrada com as entidades envolvidas. A prefeitura de Alingsås, por

desenvolvidas e filtradas em conjunto, até que se chegue, depois de um

iluminação monocromática, tirando partido dos acabamentos claros

exemplo, passou a assumir uma boa parte da operacionalidade do

longo processo, a um esboço de estruturação. Baseado neste esboço,

da arquitetura. Para obter uma iluminação homogênea das fachadas

evento, da mesma forma é a companhia de energia local, que cede a

que ainda é conceitual, marca-se um novo teste noturno, desta vez mais

foram utilizados projetores cilíndricos para lâmpadas a vapor metálico

infra-estrutura elétrica para a sua realização.

organizado, e com a missão de definir as linhas gerais do trabalho.

equipados com filtros esculturais e filtros azuis.

A cada ano são selecionadas, junto à prefeitura da cidade, as áreas

Assim, por aproximações sucessivas e com muitas discussões

Diferentes fontes de luz, também com filtros azuis, foram utilizadas

que vão compor o trabalho, cada uma delas com alguma peculiaridade

entre os participantes, chega-se à definição do projeto, processo

em outros locais, até que se conseguisse criar uma espécie de fundo

a ser explorada. Os líderes de cada grupo visitam a cidade previamente

que é quase concomitante à sua execução. É um trabalho árduo,

homogêneo, como um “papel”, sobre o qual seriam projetadas, através

para escolher o seu “sítio”, documentá-lo, traçar as linhas gerais dos

que inclui a fixação das luminárias, o cabeamento, a focalização, o

de elipsoidais, um padrão de linhas retas na cor branca, formando um

trabalhos que serão desenvolvidos e escolher os equipamentos que

desenvolvimento de dispositivos para escondê-las e toda a sorte de

desenho. A cor azul foi escolhida por ser a que melhor se harmoniza com a

deverão estar disponíveis. Participam ainda de reuniões onde recebem

artifícios de que dispuserem. São vários dias de experiências, mon-

noite, de forma a que o conjunto não destoasse da paisagem noturna.

orientação quanto ao funcionamento do workshop.

tagens, desmontagens, etc.

Os trabalhos do workshop iniciam-se em uma segunda-feira e duram

Na sexta-feira à noite os espaços têm de estar concluídos e prontos

seis dias. Os inscritos reúnem-se inicialmente para conhecerem a sua

para a abertura oficial do evento, que consiste em uma apresentação dos

estrutura, os espaços a serem trabalhados, as normas de segurança e

resultados para a imprensa, assim como na realização de todo o percurso

cuidados a serem observados. Tomam conhecimento do árduo traba-

com a explicação de cada um dos trabalhos. Posteriormente, a cidade

lho ao qual serão submetidos, de manhã, tarde e noite, e se compro-

disponibiliza guias turísticos que irão apresentar os trabalhos aos cerca

metem - por escrito, diga-se - a enfrentar o cansaço e adversidades

de 50 mil visitantes que percorrerão a cidade nos meses seguintes.

decorrentes deste trabalho. Nessa ocasião, os líderes de cada grupo

No sábado, o último dia do workshop, é feito um último encontro

se apresentam e descrevem os espaços sobre os quais trabalharão e

com todos os participantes para avaliação do trabalho e da experiência,

os motivos que os levaram à escolha daquele sítio.

com a exposição de críticas e sugestões para o workshop do próximo

escolhas. Os grupos definitivos são montados, e na tarde do mesmo dia

à concessionária de energia elétrica da cidade, que verifica a segurança

retornam cada um ao sítio escolhido onde se apresentam mutuamente,

e consistência das ligações elétricas realizadas. O grupo deve ainda

e iniciam uma discussão sobre as particularidades e potencialidades do

entregar um “as-built” das instalações e deixar o local totalmente

espaço no tocante à iluminação. Em seguida dirigem-se a um galpão

limpo, além de ser responsável pela devolução ao galpão de todos os

cedido à Elda onde estão situados os equipamentos possíveis de ser utili-

equipamentos não utilizados. São portanto seis dias de trabalho quase

zados, têm então a oportunidade de selecionar os que desejam testar.

ininterrupto. Confira a seguir os trabalhos apresentados.

A sequência abaixo, nessa página e na anterior, mostra os bastidores do evento e alguns alunos envolvidos na montagem. Acima, detalhes do átrio de uma agência bancária. Para obter uma iluminação homogênea das fachadas foram utilizados projetores cilíndricos para lâmpadas a vapor metálico equipadas com filtros esculturais e filtros azuis

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ano. Finalmente, retornam aos espaços para “entregá-los” oficialmente

mente o resultado.

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Os grupos então visitam os locais selecionados, para que façam suas

Problemas técnicos, porém, impediram a instalação dos elipsoidais que fariam a projeção das linhas brancas, comprometendo parcial-

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2. Cine Saga Líder: Cláudio Valent, Itália

Este cinema, um dos poucos da cidade, é um edifício sem nenhum valor arquitetônico, porém situado num lugar muito agradável, próximo a um córrego e a uma pequena ponte. O conjunto a ser tratado incluiu o cinema, a ponte e o córrego. O partido adotado para este trabalho foi o de trazer ao exterior alguns

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em toda a sua volta. A primeira referência escolhida foi a cor vermelha, frequentemente associada ao cinema (carpete vermelho, etc.). Uma bicicleta velha, curiosamente achada dentro do córrego, foi também valorizada com iluminação subaquática, talvez em uma referência ao filme “Ladrões de Bicicleta”, um expoente do neo-realismo italiano. Outras referências, como luzes piscantes e moving lights ajudam a criar uma atmosfera de suspense e film noir no lugar. Embora o conceito esteja muito bem expresso, o resultado estético é discutível em alguns aspectos, particularmente a fachada, iluminada de forma rasante por fachos vermelhos.

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ícones do imaginário cinematográfico, criando um ambiente de “cinema”

Nas imagens acima, instalação na parte de trás do Cine Saga busca resgatar alguns ícones do imaginário cinematográfico. Uma bicicleta velha, curiosamente encontrada dentro do córrego, foi valorizada com iluminação subaquática. Ao lado sequência mostra a fachada do cinema

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3. Sede dos Escoteiros Líder: Michael F. Rohde e Thomas Braedikow, Alemanha

Talvez o mais polêmico dos trabalhos, compreende uma casa também de pouco valor arquitetônico que funciona como sede de um clube de escotismo , circundada por uma grande área com um estacionamento descoberto, ainda sem uso. O ponto central deste trabalho (literalmente) fui uma grande “fogueira”, na verdade três painéis luminosos de Leds RGB, distribuídos triangularmente em planta, portanto formando um totem prismático. A imagem gerada nesses painéis é a de uma fogueira, com a particularidade de variar de cor segundo uma programação pré-determinada. A locação desta “fogueira” – que naturalmente remete à idéia de escotismo, etc., foi determinada não por eixos arquitetônicos – tanto que parece de fato descentrada em relação ao conjunto – mas por critérios de feng-shui. Isso teria ocasionado discussões no grupo, já que nem todos estavam de acordo com esta visão. Uma iluminação interna junto às janelas da sede, em tom âmbar, contrasta com a iluminação externa das fachadas.

4. Quinze árvores Líder: Paul Gregory, Estados Unidos

De característica bastante autoral, este trabalho revelou-se uma surpresa para quem (como o autor deste texto) vê com muita desconfiança a iluminação de vegetação com luzes coloridas. Trata-se de uma alameda de 15 árvores, bastante próximas e dispostas em duas fileiras. As copas das árvores, de tão densas e próximas, criam uma espécie de abóbada de folhas. Apenas pedestres circulam neste trecho. A proposta foi literalmente “pintar” com cores esta abóbada, utilizando projetores RGB com LEDs da Color Kinetics, controlados por um sistema de seqüência programada. O que diferencia este trabalho de uma “iluminação colorida da flora”? Várias coisas: primeiro, porque o conjunto de árvores é quase uma “arquitetura” de tão coeso e definido. O segundo aspecto é que as cores geradas pelos LEDs são muito saturadas, de forma que praticamente se impõem às cores originais das folhas. Os fachos de luz deste tipo de projetores são absolutamente precisos. Finalmente, para dar realismo, os troncos das árvores foram iluminados de baixo para cima, sem filtros.

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cenas, permitiu que se trabalhasse com a luz nas folhas de modo

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Este conjunto de fatores, aliado a uma precisão na criação de análogo ao que fez o pintor Monet nos quadros em que retratou

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a Catedral de Rouen em diversos momentos do dia. Uma alegoria muito bem feita do trabalho que fazemos. Foram criadas diferentes cenas, a partir de temas definidos pelo grupo, e as plantas foram cuidadosamente “pintadas” para expressar as cenas – que duram aproximadamente 3 minutos. O resultado é uma festa aos olhos e não tem nada de antinatural – chega a parecer que vemos as estações e horas do dia desfilar sob nossos olhos. O tema dado ao grupo pelo trabalho: Catedral de Luz.

Acima, a sede dos escoteiros recebeu uma grande “fogueira” formada por três painéis luminosos de LEDs RGB, distribuidos triangularmente. Na página ao lado, detalhes da surpreendente “Quinze Árvores” mostra a instalação dos LEDs, camuflados entre as copas


monótono e desagradável para a permanência no ambiente externo. O

Líder: Jöran Linder e Erik Olsson, Suécia

grupo conseguiu permissão dos moradores para a colocação de antepa-

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ros semi-cilíndricos nesses globos, de maneira a barrar a luz para fora,

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Nos anos 70, assim como em outros países da Europa, a Suécia

iluminando apenas as “cavidades” dos terraços. Essa pequena intervenção

empreendeu um grande esforço construtivo a fim de suprir seu déficit

alterou toda a impressão externa, depois complementada por ilumina-

habitacional. Assim, nas periferias das grandes cidades foram ergui-

ção para a vegetação vinda do piso e iluminação direta em pontos mais

dos conjuntos de edifícios, voltados às classes mais baixas. Trinta anos

significativos, proveniente do topo das árvores mais altas.

depois, pode-se notar que muitas destas áreas encontram-se degra-

O tipo de intervenção proposta vai ao encontro da filosofia de tra-

dadas, e seus espaços exteriores deixaram de ser locais que estimulem

balho de Linden e Olson, que têm procurado melhorar a iluminação

a permanência, especialmente no período noturno.

em áreas externas de subúrbios em seu país, propondo mínimas alte-

O espaço escolhido pelos lighting designers foi exatamente um desses

rações – como substituir lâmpadas a vapor de sódio por lâmpadas a

conjuntos, situado na “periferia” da cidade - se é que faz sentido este

vapor metálico em algumas áreas, ou eliminar ofuscamentos desne-

termo numa cidade tão pequena como Alingsås. Logo ficou evidente

cessários. São intervenções que passam “longe das capas de revistas

que o enfoque deste trabalho nada teria de pirotécnico: ao contrário,

de iluminação”, como lembrou Linden em sua apresentação, mas que

revelou-se voltado a qualificar o ambiente noturno residencial em uma

têm um impacto muito grande na qualidade de vida dos habitantes,

área de pouca expressão.

especialmente em um país com noites às vezes tão longas.

Um aspecto interessante chamou a atenção neste trabalho: o espaço

O grupo fez questão de relatar o entusiasmo dos moradores do

em questão era um jardim interno unindo diversos edifícios de arqui-

lugar quanto aos resultados da intervenção, que infelizmente teria de

tetura dos anos 70, a maioria deles com globos leitosos nos terraços

ser desmontada ao término do workshop (quem sabe não tenham

dos apartamentos, cujo resultado do conjunto aceso era extremamente

deixado ao menos os anteparos?).

A iluminação do conjunto habitacional situada na periferia de Alingsås teve como objetivo qualificar o ambiente noturno residencial em uma área de pouca expressão

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5. Conjunto Habitacional

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Líder: Iris Dijkstra e Sjoerd van Beers, Holanda

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o espaço através de diferentes camadas de percepção, envolvendo o

diversas camadas de filtros corretores e redutores, para que seu aspecto final se integrasse ao conjunto.

espectador em uma série de alegorias e referências lúdicas, em uma

As diferentes janelas foram iluminadas internamente com uma ligeira

Trata-se de uma propriedade privada de um único dono, porém aberta

narrativa, cujo eixo central foi uma história infantil popularíssima na

coloração, ora amarelada, ora magenta, ora azulada, de forma a des-

ao público, dada a sua importância arquitetônica – um conjunto de

Suécia (Petson&Findus), cujas ilustrações são impressionantemente

nudar, com certa vertente alegórica, as atividades internas. Sombras

casas, algumas com mais de 300 anos, que se abrem para um pátio

semelhantes com o espírito do lugar. Na verdade, o que todos perce-

dessas luzes internas são projetadas no solo, completando o efeito

interno, servindo também como passagem entre duas ruas.

beram é que tanto o lugar com o as histórias do livro expressam um

desejado. Pequenos efeitos de luz em objetos espalhados pelo pátio

pouco do “modus vivendi“ característico da cultura sueca.

correspondem à camada das descobertas que o visitante pode fazer,

As casas – tipicamente construções suecas – são feitas de tábuas

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A proposta definida pelo grupo foi a de revelar progressivamente

além de remetê-lo ao espírito “Petson&Findus” reinante.

de madeira justapostas verticalmente, pintadas em uma interessan-

O percurso do espectador através do pátio foi então definido em

tíssima e exclusiva cor marrom-avermelhado-ferrugem e abrigando

uma seqüência que se inicia por uma “antecâmara”, quase sem

O insólito abandonado jardim ficou também praticamente “aban-

as mais diferentes atividades: uma marcenaria, uma oficina de mo-

nenhuma iluminação, que antecede a visualização do pátio. Uma

donado” pelo grupo, ganhando apenas pequenos pontos luminosos

tocicletas, uma residência, um antiquário abandonado e até uma

moldura de linhas luminosas perpendiculares transforma a visuali-

de Leds Uma gigantesca árvore na saída é iluminada de baixo para

consultoria de projetos ambientais. Essa diversidade de usos – que

zação do pátio numa espécie de “quadro”. O reconhecimento do

cima criando uma referência de visualização do sítio à distância. O cor-

se percebe entremeada pelas janelas de cada um dos inquilinos – só

pátio é dado pela percepção de suas paredes, iluminadas cada uma

redor final, uma antecâmara similar à da entrada, recebeu iluminação

vem a reforçar a unidade do conjunto. No centro de tudo, um jardim

a seu modo e com fontes de luz diferentes, mas sempre com a sua

âmbar monocromática, rasante à parede e ao piso, antes de devolver

abandonado torna a cena pitoresca e insólita.

tonalidade “vermelho-sueco” preservada.

o espectador à realidade.

O trabalho de definição do projeto – que o autor do texto pôde acom-

Isso custou horas e horas de experiências e tentativas, pois foi

panhar, por ter participado deste grupo – foi muito interessante. Os líderes,

necessário compatibilizar lâmpadas absolutamente diferentes (flu-

Gilberto Franco é arquiteto e ligthing designer, titular da Franco

muito jovens, optaram por não impor nenhum tipo de pré-concepção ao

orescentes, halógenas e mangueiras incandescentes), de forma que

& Fortes Lighting Design e, atualmente, presidente da AsBAI.

trabalho, apenas uma metodologia de trabalho bem definida. Isso deu

todas revelassem homogeneamente a mesma tonalidade. A ilumi-

Mais referências sobre o workshop podem ser encontradas em

oportunidade aos participantes de iniciar do zero as discussões.

nação fluorescente adotada em uma das paredes teve de receber

www.alingsas.se/ljus/engelska/sidor/06_keith_bradshaw.htm

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6. Pátio Interno

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As três imagens mostram a instalação no pátio interno de um conjunto de casas antigas, algumas com mais de 300 anos


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