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Quem conta um conto & Corredores Poéticos

Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer

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Corredores Poéticos & Quem conta um conto

Concurso de contos da Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer para os alunos do Ensino Médio e do Curso Normal. A temática A história é música exigiu que o candidato escolhesse quatro versos de uma música de sua preferência e escrevesse um conto inspirado nesses versos.

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Ficando Azul Sara Elisa Silva

Me leve para o telhado Eu quero ver o mundo Quando eu parar de respirar Listen Before I go [Ouça antes que eu vá] Billie Ellish

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ante e sua câmera inseparável estavam no lugar mais lindo do mundo. A escola era bem caída. As paredes rabiscadas e sujas. Cadeiras mofadas, mesas quebradas e quadros manchados de tinta permanente. A beleza nunca estava no chão. Cansado das flores murchas do pátio precário, num certo dia foi abençoado com a melhor vista do mundo. Sequer acreditava em Deus, ou seres superiores, mas naquela manhã, enquanto curiosamente subia a escada enferrujada e suja para o terraço, sentiu que um milagre aconteceria. Não sabia se era o céu visto daquele lugar, ou as pessoas que pareciam formigas, ou as árvores vistas de cima. Ele se sentia gigante. Poderoso. E eternizava a sensação com sua câmera, melhor amiga e companheira. Estava maravilhado com a infinidade de coisas que um só lugar podia mostrar e surpreso como a cada dia a paisagem mudava. Ela sempre mudava. Era como viajar pelos céus do mundo estando no terraço da escola. Ele sentia que, se prestasse muita atenção na paisagem, memorizan-

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do todo e qualquer detalhe, poderia fechar os olhos e enxergar o céu quando estivesse no chão. Se ele fosse pego, no máximo levaria um sermão. Contraditoriamente os alunos não eram a prioridade naquela escola, então chegou à conclusão de que quinze ou vinte minutos ouvindo a diretora Lena divagar, entre uma tosse e outra, valeria a pena. Foi quando notou que não estava sozinho. Por três segundos se encolheu minimamente, assustado com a possibilidade de perder seu pedaço de paraíso. Mas logo se recuperou, quando enxergou um garoto provavelmente da sua idade, brincando de se equilibrar no parapeito. – Você vai cair! Dante levantou a voz em tom de aviso, sem conseguir pensar em uma frase menos besta. – Ele deve saber disso, imbecil. O garoto magricela apenas sorriu e saltou de volta para a parte mais segura do terraço. Dante se sentiu incomodado com a nova presença. Ele sabia que não podia estar ali e que não era dono de nada, mas simbolicamente era o seu terraço, por mais infantil que soasse. – Está aí há muito tempo? Dante perguntou envergonhado. O problema é que ele fazia umas expressões engraçadas enquanto fotografava. Seria constrangedor ter platéia. – Não. O garoto respondeu, e Dante se sentiu aliviado. Até sorriu. E assim que o garoto notou, lembrou a si mesmo que mentir causava esse efeito nas pessoas. – Como descobriu que podia subir aqui? Dante não gostava de ter as maiores falas. Era como se forçasse uma

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conversa, e sim, era exatamente o que ele estava fazendo, porém queria que parecesse menos óbvio. – Estava procurando um lugar azul. O garoto respondeu e se aproximou, tomando rapidamente a câmera das mãos de Dante, sem mesmo pedir. – Me chamo Lucca. Disse analisando algumas fotos com o cenho franzido. E era oficial. Dante não estava mais sozinho. Nos quatro dias seguintes, Lucca continuou aparecendo no terraço de Dante, que na verdade não era de Dante. Lucca não falava muito. Só andava no parapeito como uma criança, com os braços finos abertos em busca de equilíbrio e rindo das caretas estranhas de Dante, quando o mesmo estava concentrado. Então antes de ir embora ele observava as fotos tiradas, estranhamente sério. Dante gostava de como ele fazia suas fotos parecerem interessantes quando observadas com tanta atenção. Uns chamariam de ego alimentado. Dante usava a palavra orgulho. – Por que encara minhas fotos tão seriamente? Dante perguntou no quinto dia, ao lado de Lucca, sentado no parapeito. Lucca deixou um sorriso escapar no canto de seus lábios e disse depois de cinco segundos intermináveis: – Só estou concentrado. – Por quê? Insistiu Dante, que às vezes falava demais. – Porque quando eu fecho os olhos em outros lugares, consigo me imaginar exatamente aqui. Respondeu, mas não olhou para cima, e sim para o chão. Dante não sorriu. Apenas continuou olhando o cenário e, sem perceber, sua nova paisagem favorita se tornou Lucca.

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Mas as paisagens sempre mudavam. E ele sentiu isso, dois dias depois, ao se atrasar por ter esquecido sua câmera. Quando voltou para casa correndo, sem evitar que o ônibus fosse sem ele, se sentiu culpado. Odiava esquecer coisas importantes. Um tempo depois, tomado por um sentimento ruim, viu de longe, da janela embaçada do ônibus, uma movimentação estranha no pátio da escola. Sentiu medo ao descer. Nessa última semana, quando o nervosismo ou o medo tomavam seus pensamentos, os motivos eram sempre os mesmos. Sua câmera, ou Lucca. Mas sua câmera estava bem e Dante nunca odiou tanto o chão. Nunca o odiou tanto, porque hoje ele não estava sem graça, mas sim tomado por uma cor viva e assustadora. Sentiu seu coração acelerar e depois parar por tempo demais. As mãos suadas apertaram as alças da mochila, e ele passou reto pelo bolo de gente. Seus pés erraram alguns degraus da escada enferrujada e suas mãos escorregaram, mas ele não parou de subir. E então, do lugar mais lindo do mundo, ele olhou para baixo e viu o branco do plástico que cobria um corpo magricela e manchado de tinta vermelha. Porque Dante não aceitava a verdade. Tentou se convencer de que Lucca teria caído, mas ele nunca vira um garoto com tanto equilíbrio. E por mais que Lucca tivesse caído de fato, o que mais ele queria se balançando na beira de um prédio, se não isso? Dante se sentiu um imbecil por ignorar o que já sabia. “Você vai cair”. Lucca sabia também.

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Queria não ter se atrasado, mas não queria se culpar. Queria não ter esquecido sua câmera, então a tornou responsável. Sentindo raiva da melhor amiga, a jogou no chão, se sentindo um pouco melhor ao ver a lente quebrada. Então sentiu inveja e quis poder não enxergar também. Ficou lá, até levarem o corpo de Lucca, e riu de ódio ao notar uma mancha de sangue parecida demais com uma nuvem. Então olhou para o céu e ele estava vermelho. Exatos sete dias depois, Dante não tinha chorado a morte de Lucca. Ele não sabia o porquê, mas parecia que o magricela ainda estava lá, com um pé na frente do outro, rindo de suas caretas e dizendo poucas coisas que faziam todo sentido. Levou a câmera para o conserto, nesse pequeno tempo, e descobriu algo: nunca havia tirado uma foto sequer de sua paisagem favorita. Tentou não dar importância, pois tinha na mente o que precisava. Foi difícil chegar ao túmulo de alguém, sem aceitar que esse alguém de fato estava morto. As flores murchas o fizeram sorrir, e ele pôde visualizar o sorriso de Lucca, pois já o havia memorizado. Então ele tirou da mochila todas as imagens que revelou e deixou aquela coisa cinza de cimento, tomada pelo céu. Até que o túmulo fosse azul. E ainda sentado em frente ao amigo, ele percebeu que o chão poderia sim ter beleza.

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Mata Austral

Paloma de Simoni Era uma vez uma na Amazônia, a mais bonita floresta Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta No fundo d’água as Iaras, caboclo, lendas e mágoas, E os rios puxando as águas. Saga da Amazônia Geraldo Azevedo

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s árvores partiam de suas raízes e erguiam-se convictas em direção ao céu. Vistas de cima formavam um verdadeiro oceano verde. Vistas de baixo, suas copas ocupavam todo o espaço do céu, e apenas alguns feixes de luz atingiam a terra. Enquanto impera o sol, a mata permite apreciarem seus encantos. Seus sons transformam-se ao longo do dia e, ao cair da noite, sua beleza dá lugar ao mistério oculto em suas entranhas. Pássaros e macacos, rapidamente, cessam sua melodia, já não é momento de festejo. Nem a luz da lua alivia o breu, que entrando pelas pupilas, e por cada poro, cega a qualquer animal incapaz de ver na escuridão. Nessa imensidão cortada ao meio por um rio, diversas onças, cobras, peixes, araras e borboletas, mas apenas um homem. E isso a mata, com cuidado, mantinha em se-

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gredo. Se por um segundo lhe chegasse à consciência tal ideia, seria como arrancar-lhe do peito nu o coração. Pois o que o mantinha pulsante era, justamente, a crença que em breve encontraria outro. Porque haveria de seguir vivendo caso soubesse que nunca mais cruzaria com outro homem, condenado a durar por toda sua vida em completa solitude? Cada renascer do sol brindava-lhe com a chance de achar retorno à sociedade. Ao menos era isso que dizia a si para manter os pés em movimento. A falta de comida lhe tirava a calma; a fome do estômago e o receio ante um fruto desconhecido se confrontavam; e a sensação de andar em círculos atormentava-lhe ao cair de cada tarde. Nunca vivenciara de forma tão sincera tal debilidade, talvez a desconhecesse por completo, ou havia sido realmente fácil ignorá-la na proteção da cidade. Bastava um passo sem sorte para qualquer cobra ou aranha tirar-lhe a vida. Reconhecia que algumas vezes até o desejava. O animal que se alimenta de outro obedece a um instinto, e em tal realidade morte e vida têm mesmo valor. Ainda que sua razão desejasse, simplesmente não era capaz, não conseguia avançar contra o filhote de macaco que o fitava ingênuo e curioso. Seu corpo não parecia projetado para tal. Seus dentes não rasgariam a pele grossa e peluda do animal e suas unhas estavam longe de serem garras. Procurava no alto por frutas e no chão por insetos e vermes. Esqueceu-se de como foi, um dia, não carregar essa fome perpétua no estômago. O tempo perdeu seus números, tornando-se um conceito concreto. O sol e as sombras eram o que lhe dizia

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em que restante da tarde se encontrava. Ao passo de cada dia, a percepção de sua força aumentava, e a esperança de ser encontrado enfraquecia. A ânsia por encontrar alguém se decompôs, enquanto sua resignação fortalecia-se. Uma resignação quase estóica. Olhou para sua vida como costumava ser. Um homem convencional, que seguia o fluxo de uma sociedade globalizada, como se fosse o único. Acordava pra ir trabalhar e dormia aflito por levantar. As contas precisavam ser pagas. Aprendeu mesmo a fazer dinheiro e, neste momento, todas aquelas notas de papel só seriam úteis para alimentar o fogo de uma fogueira. Viu-se tolo por um dia pensar-se independente. Independente de saber fazer, o dinheiro sempre garantia suas necessidades. Descobrira a ilusão, mas acreditava em todo mundo. Obviamente, não conseguia sozinho construir um local abrigado, nem prover seu próprio alimento e tampouco curar-se sem medicamentos, mas nunca se preocupara com tais leviandades. Afinal, o armazém sempre esteve na esquina, e os hospitais não tiram férias. Olhou nos olhos dessa dependência na qual fora tão imergido e nunca se dera conta. Compreendeu, então, porque agrupar-se para viver. O homem nunca evolui só. Ninguém nunca se reproduziu sozinho. Percebeu que poucos enxergavam nossa real condição. Embaixo do aguaceiro que toda noite vinha banhar-lhe o corpo, sonhou. Sonhou que finalmente encontrava alguém, corria e abraçava-o, dizendo quaisquer palavras de euforia, mesmo que este não entendesse nenhuma. Pela primeira vez na mata, sorriu. Não importa que fosse dormindo. Não tardou e, com o sol, tornou a acordar. Tal

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sonho só podia ser uma premonição. Não havia outra explicação. Não havia sonhado nenhuma noite e agora tinha a certeza, aquele seria o dia, podia sentir até no vento, no jeito como balançavam as folhas e os animais se alvoroçavam. Cantarolava alegre enquanto caminhava rumo àquele que, em algum ponto, aguardava-o. Tempo passou e, de repente, deparou-se com o sol aproximando-se do horizonte; algo invisível despedaçou-se em mil pedaços. Olhou para as árvores firmes e em pé e as admirou por isso. Seus músculos não sustentavam mais seu corpo. Inspirar e expirar eram o máximo de energia que poderia dar-se o luxo de dispender. Deixou o corpo cair pra trás, sentindo a terra úmida e cheia de raízes, e, como pedra, assistiu ao tempo e às nuvens passarem. Neste estado de puro sentir, liberto de qualquer emoção que pudesse vir atormentar-lhe a apatia, não existia mais tristeza nem felicidade, apenas calmaria. Com seu corpo encurvado, diminuído, acorcundou-se em direção à terra, como se esta já o chamasse; aninhou-se em posição fetal para ser gestado mais uma vez. Embora dessa vez,, em outro tipo de ventre, por outro tipo de mãe, para enfim voltar a nascer, com sorte, de forma diferente da humana. Talvez flor. Talvez bicho. Mas o que saberei eu disso?

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Disparo silencioso Vitoria Vaz Cirra Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado Cálice Chico Buarque de Holanda

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uando me entrego ao relento da noite alucino, alucino sobre você nos meus braços enchendo-me de beijos, de carícias, com toda sua meninice, pedindo abrigo no meu colo de mãe; alucino que minhas mãos estão afagando seus cabelos emaranhados de menino levado. Você sempre será minha eterna criança mesmo que não esteja mais aqui. 1 de abril de 1967 Me encolho na cama relutante em levantar, o brilho do sol atravessa meu rosto. Paulatinamente me desvencilho dos lençóis e observo meu reflexo no amplo espelho que se encontra próximo à cama; estou péssima, olheiras profundas de noites mal dormidas, os cabelos enredados e sujos, toda minha vaidade que um dia já foi parte de mim partiu sem deixar rastros. O que sobrou foi apenas uma mulher de meia-idade, frustrada, deprimida, cansada e tristonha demais para pen-

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sar em se cuidar. Meramente fico a pensar em João todas as horas do meu dia, cheiro suas roupas, leio seu diário, deito em sua cama enquanto choro. Fazer essas coisas acabou se tornando uma rotina que já dura mais de 6 meses... há 6 meses meu João saiu pela porta da frente e nunca mais voltou, foi com a roupa do corpo após mais uma discussão com o pai. João era sinônimo de rebeldia, menino levado que se rebelava para mostrar aos outros o que pensava. Não era perfeito, mas era o meu filho. Desço para o café da manhã de pijama, descalça, sentindo o piso gélido alisar meus pés. O silêncio desta imensa casa é ensurdecedor, sento-me na ponta da longa mesa de mármore enquanto observo Luiz ler o jornal, como se eu nem estivesse presente no mesmo ambiente que o mesmo. – Receber um bom dia ao menos seria bom. Retruco, porém parece que eu nem ao menos abri minha boca. – Não vai falar comigo? Finalmente consigo sua atenção, fazendo-o abaixar levemente o jornal; recebo um olhar frio. – Você não tem consideração, Márcia, já chega disso! Luiz se levanta abruptamente: – Sei que pagou um detetive para investigar o delegado Luciano, você não cansa de ficar tentando incriminar alguém pelo o que aconteceu com nosso filho? Você está indo longe demais, você está deixando de viver pra tentar solucionar algo que está fora do nosso alcance. – Mas, Luiz, eu tenho certeza de que o desaparecimento do João tem algo maior escondido por trás e sei que você no fundo sente isso também. As lágrimas contornam meu rosto, meus lábios tremem, eu só quero encontrar meu menino e tê-lo comigo novamente.

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– Chega! João era um muleque rebelde que não acatava nenhuma regra, era contra tudo e todos, só pensava em si; certamente foi embora pra longe desse país que ele sempre considerou uma porcaria. Você sabe muito bem que ele seria capaz disso, agora pare de choramingar e volte a ser a esposa presente que eu preciso para estar ao meu lado. Ele joga o guardanapo sobre a mesa e se retira, me deixando aos prantos, após a discussão. Atiro toda a louça que estava sobre a mesa no chão aos berros, deixando as lágrimas limparem minha alma. Posteriormente à desgastante discussão, me encontro angustiada, porém mais calma, estou sedada de calmantes observando o nada em um estado catatônico; encontro meu consolo neste jardim onde outrora costumava ser o recinto predileto de João. Posso vê-lo deitado na grama verde e pontuda, tapado pelo sol cálido. Pensando nesta cena me junto ao meu devaneio e deito-me na grama, fecho os olhos e instantaneamente choro, sinto que essa infelicidade nunca vai ter fim. 10 de maio 1997 Me desloco lentamente até a sala de estar segurando uma caixa onde se encontrava todos os pertences antigos de João. Minhas pernas pesam pela idade; trêmula a ponho sob a pequena mesa de centro, retiro a tampa e observo objeto por objeto minuciosamente: livros empoeirados, uma gravata que lhe havia sido dada de presente após conseguir o primeiro emprego e dezenas de fotos; cada uma carregava uma história única e especial. Cativo uma foto de seu rosto, ele era um homem, mas para mim sempre

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será uma criança. Para mim João era meu filho, minha única certeza, mas para a ditadura foi apenas mais um que não suportou a opressão de se manter calado.O meu João só foi mais um a levar o chumbo do silêncio no peito.

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Corredores Poéticos & Quem conta um conto Concurso de poesias da escola de Ensino Médio Emílio Meyer para os alunos do Ensino Médio e do Curso Normal, com temática livre.

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Censuradas

Larissa Rocha Nunes

Elas, Sempre vítimas Porque elas? Culpadas por mostrarem as belas formas, Me disseram que não haverá risco se tiver panos até as canelas Eu senti nelas, Veias abertas da América, Dores de um aborto a beira da janela periférica, As duas últimas sílabas mudarian a vida delas. Ah sempre mulheres, Se “bem não te queres” Com os olhos te queres, Com os olhos te comerão com talheres Mas quando precisarem de testemunhas, irão dizer que em briga de marido e mulher Não metem colheres Mulheres, Seios, vaginas, diferentes tons de pele, Feridas incolores, Diferentes valores, E o marketing gozando de nossas dores. Porque tanta controvérsia? Quanto mais enche esse ônibus, menos sinto a inércia 22


Quanto mais sinto assédio, Mais entendo a Medusa da Antiga Grécia. Enquanto houver os “Poseidons”, Camuflados de “Don Ruan”, Para muitas de nós, não haverá amanhã.

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Aquele tempo Gabriel Rodrigues

Dei-me um tempo Dou-me um tempo Dê-me um tempo Dói-me o tempo Destrói-me o tempo Corrói-me o tempo Absolve-me o tempo Me dê um minuto de seu tempo

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Bakunin

Paloma de Simoni Deixou sua cama Largou seu carro Sua casa, seu bairro Riscou do dicionário o termo “racial” Estourou seu ego inflado Questionou o que seria o natural. Se distanciou do mercado E permitiu à torra amamentar-lhe Saiu dos ponteiros, De sua bolha de preceitos, Preconceitos. Desaprendeu a divisão Logo, entendeu a colonização Esqueceu das linhas verticais Assim, o horizonte contemplou. Queimou a constituição Cuspiu na religião E no círculo da ordem E triângulo do estado Um traço no meio demarcou.

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Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer Diretora Deliamaris Acunha Vice-diretora Letícia Marlise Petry Biblioteca Fabíola Castro de Oliveira Marisa Motta Ravanello Revisão Augusto César Radde da Silva Capa Giovana S. Menegaz Alunos Gabriel Kuch Rodrigues Larissa Rocha Nunes Paloma de Simoni Jauquin Sara Elisa S. do Nascimento Vitoria Vaz Cirra Apoiadores Augusto César R. da Silva, Fabíola C. de Oliveira Felipe Franco, Maria Angélica M. de Azevedo, Marisa M. Ravanello, Nedli M. Valmorbida, Sônia Nunes. Escritores convidados Mario Pirata Michel de Oliveira

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