#186 Revista Forum Estudante - Abril 2007

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Texto: Laura Alves Fotos: Gonçalo Gil

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A VIDA DUPLA

DE MARTA GIL

Não escreve num diário há muito tempo, mas todos os dias aparece num. Confuso(a)? Chama-se Marta Gil, tem 21 anos, e encarna a personagem Sofia, uma adolescente complicada, cujas acções seguem a vontade dos espectadores. O ‘Diário de Sofia’ entrou na 3ª série, e nós fomos ao encontro desta futura advogada que rói as unhas e não suporta pessoas cínicas. Pelo caminho, até encontrámos uma quantidade de pequenos fãs, que aproveitaram para pedir autógrafos e tirar fotografias com a sua heroína! O que é que fazia a Marta Gil antes de ser a Sofia? Comecei com dez anos, trabalhei no teatro Politeama durante quatro. Mas nunca deixei de estudar... Depois fiz uma participação no filme “A Falha” e, mais tarde, num filme francês. Entrei ainda na primeira série dos “Morangos Com Açúcar”... Quando fiz o casting para ser a Sofia fui escolhida para a personagem de namorada do irmão. Mas como as gravações da altura nunca chegaram a avançar, e o programa estava num canal da TV Cabo, as coisas não correram muito bem. Eu nunca tive de gravar aquela personagem. Quando o programa passou para a RTP, ligaram-me para ser a Sofia. Nessa altura estava no meu segundo ano de faculdade. E em que pé está o curso? Estou no último ano de Direito na Universidade Lusíada. Acabo por não conseguir conciliar, porque falto às aulas para gravar. O que acontece é quando tenho frequências, os colegas ajudam mais, passam-me os apontamentos, e aí tenho de estudar.

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VEM CONHECER A MARTA GIL NA FUTURÁLIA. APARECE DIA 19 DE ABRIL, DAS 15H ÀS 17H NO STAND DA FORUM ESTUDANTE

Queres trabalhar como advogada, ou preferes ser actriz? Não sei... Gosto muito de ambas as coisas, ainda não chegou aquela altura em que tenho de optar. Gosto e sempre gostei muito de representar, mas não me apetece nada viver naquela situação de ter trabalho hoje e amanhã não. E daqui a três semanas? E daqui a um ano? Posso trabalhar quatro meses seguidos e depois passar dois anos sem fazer nada, e como tenho consciência disso, sei que não é o que quero para mim. Mas também não me imagino a trabalhar num escritório das 9h às 5h. Portanto, é complicado... Ser protagonista da série mudou a tua vida? Em que sentido? Acho que o que mudou é que aprendi imenso e conheci pessoas que hoje fazem parte do meu círculo de amigos e com quem estou todos os dias. O que mudou, a nível exterior, é aquilo que se sabe. A consequência de ser actor e de aparecer na televisão é andar na rua e as pessoas virem ter contigo. E à vezes estás em dias menos bons e levas com pessoas, mas tens de ser simpática à mesma...

E consegues? Lido bem com isso... Também tenho tido sorte, nunca ninguém veio ter comigo a dizer-me coisas horríveis. Quem é que vem mais ter contigo? Adolescentes, adultos? Por incrível que pareça, pessoas entre os 20 e os 30. Dão-me elogios, fazem-me críticas. Depois os pequeninos, por vezes são os que têm mais vergonha: vêem-me, apontam, mas os pais é que insistem, “vai lá...” Como é que te preparas para encarnar a Sofia? O que é diferente na Sofia é que ela é uma personagem e é protagonista da série. O que tem vindo a acontecer é que ela tem de concentrar todo o tipo de problemas, para que o jovem que está lá em casa se identifique com ela. Claro que não se vai identificar com todos os dilemas da Sofia, mas pelo menos um, ou dois... E ter tantos problemas na cabeça não é complicado a nível pessoal? Não... quando comecei a interpretar a Sofia já sabia, à partida, que era aquela miúda muito complicada, que para tudo inventava um dilema, portanto, eu não tenho uma preparação mental gigante para fazer de Sofia. Mas fazes alguma preparação? Observas pessoas? Penso que antes a Sofia tinha uma mentalidade um bocado infantil. Hoje em dia, as raparigas de 18 anos já são muito crescidas, e penso que ela tinha uma cabeça

ainda de 15 ou 16. Tentei sempre puxar as coisas um bocado mais para cima. É certo que temos ali um limite, por ser televisão pública, que não podemos ultrapassar. Mas esta série está muito mais adulta, deram-nos margem para falar e aprofundar outro tipo de problemas, e as pessoas vão perceber que aquela miúda finalmente cresceu. Uma vez que são os espectadores que decidem os passos da Sofia, já te aconteceu não concordares com o que eles pensam? O que eu via, normalmente, a acontecer, era votarem sempre na opção mais “moralmente correcta”. Ou seja,

ACTORES NA CORDA BAMBA Uma das principais dificuldades que Marta encontra na profissão de actriz é o facto de não se abrirem muitas portas. Ou seja, cada vez há mais gente a querer enveredar por esta área, mas as oportunidades não são para todos. E, por vezes, o talento é o que menos conta. “Devia abrir-se mais castings e audições públicas para teatro e cinema. Acho que estamos a passar um pouco por aquele fenómeno de só ir buscar pessoas bonitas às agências de modelos e actores, e as pessoas que não estão em agências nunca sabem dos castings.”


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