Forum Democrático

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 109-110 Ano XII - Setembro / Outubro 11 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT

E M A I S : : WA L L S T R E E T • H I S T Ó R I A I TA L I A N A • T U R I S M O • F O T O G R A F I A • A R T E S P L Á S T I C A S


O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias. RIO DE JANEIRO Av. Rio Branco, 257 sala 1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

INCA INCA CGIL

SÃO PAULO (Coordenação) Rua Dr. Alfredo Elis, 68 01322-050 - São Paulo - SP Telefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236 Rua Itapura,300 cj. 608 03.310-000 - São Paulo- SP

“Patronato” da maior Confederação Sindical Italiana, a CGIL

PORTO ALEGRE Rua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RS Telefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718 BELO HORIZONTE Rua Curitiba, 705 - 7º andar 30170-120 - Belo Horizonte - MG Telefax: 0xx-31 3272-9910

http:\\www.incabrasil.org.br

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S E G U N D A

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forum

NOSSA CAPA

D E M O C R A T I C O

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-

S e t e m b r o / O u t u b r o

agenda cultural

14

2 0 1 1

cultura

05 Confira os melhores eventos aqui.

Literatura

06

14 “Pulsatilla”, de Luis Maffei e “Minha Mocidade”, autobiografia de Wiston Churchill.

editorial

06 O estado pornô. Andrea Lanzi

15

às compras

15 Dicas e sugestões imperdíveis.

08

comunità

08 Colloquio con Pasquale Matafora sui fondi del MAE per gli italiani all’estero. 08 Rio de Janeiro: Nuova sede Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi. Corsi di italiano in collaborazione con la Dante Alighieri. 08 Congiuntura Italia. 09 Congiuntura Brasile. 09 Rio de Janeiro: Alla scuola Italia ricordata la data commemorativa dell’emigrazione italiana. 10 Coordinamento Brasile del Partito Democratico. 10 Rio de Janeiro: Câmara dos Vereadores riconosce l’importanza della emigrazione italiana. 10 San Paolo: Progetto di interscambio dell’Associazione Emiliano Romagnola Bandeirante. 10 Caso Cesare Battisti.

11

gastronomia

11 Tortelli di alcachofra, receita do chef Kiko Faria, do restaurante Quadrifoglio.

12

16

encarte

16 “La donna della domenica”, di Carlo Fruttero e Franco Lucentini.

20

Italia

Storia italiana 22 2005. Liberamente tratto dal libro “Patria 1978-2008” di Enrico Deaglio. Emigrazione 28 Matteo Gennari, milanês: “No Brasil tudo me maravilhou. Decidi ficar”. Marisa Oliveira

30

Internacional

30 Wall Street: a ocupação necessãria. Saul Leblon

34

cultura

Fotografia 34 “Vestigios”, ensaio de Marcio R M. Artes Plásticas 36 Deborah Costa: pintura, gravura em metal, desenho e patch art. Marisa Oliveira

turismo

12 Litoral leste do Ceará: de bem com a vida.

Reflexão 38 Eiko.

Marisa Oliveira

Luis Maffei

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www.forumdemocratico.org.br

“Il porno stato” (O estado pornô), charge de Vauro


expediente

La rivista Forum Democratico è una pubblicazione dell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi. Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória). Direttore di redazione Andrea Lanzi Giornalista Responsabile Luiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977) Redazione Avenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ forum@forumdemocratico.org.br Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934 Revisione di testo (portoghese) Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador. Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira. Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença Stampa: Gráfica Opção Copertina e Impaginazione: Ana Maria Moura A Mão Livre Design Gráfico

Dados internacionais de catalogação na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

Nota do Editor

D

uas peças de teatro (Os Altruístas e Trilogia Carioca Antunes Filho), um concerto (Baptiste Trotignon Trio) e uma bela exposição de Mira Schendel são as dicas de cultura e lazer selecionadas entre tantos e variados espetáculos e eventos que acontecem no bimestre setembro-outubro nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Arte ainda, Deborah Costa apresenta a sua Patch Art, na qual predomina a cidade como tema. Diferente (Seção Artes Plásticas). Diferente também, se é que se pode dizer isso de um texto poético, é o trabalho de Luis Maffei em Pulsatilla. Agora, distintas, muito distintas – aqui cabem os conceitos diferentes da palavra – são as memórias de Winston Churchill na obra Minha Mocidade; nela predominam, do ponto de vista do autor, altos valores éticos de conduta, o traçado de uma era próxima e ao mesmo tempo distante, que nos permite conhecer alguns movimentos de uma nação imperialista. Muito interessante (Seção Literatura). Na Seção Às Compras, duas boas dicas de vinho do Rogerio Rebouças e um carregador solar para celular, entre outros produtos. O milanês Matteo Gennari, professor e escritor, nos conta o porquê emigrou e decidiu morar no Brasil (Seção Emigração). Para esta edição, o restaurante Quadrifoglio nos enviou uma delicada e deliciosa receita de Tortelli de Alcachofra. Na Itália, seguem os mandos e desmandos de um governo, que não faz jus à história democrática do Estado italiano, nem se mostra à altura dos valores sociais contemporâneos: ode à tolerância, às diferenças e ao respeito individual das minorias. Grito de alerta, tônica dos nossos editoriais. Para completar, o litoral leste do estado do Ceará nos convida a ficar de bem com a vida.

Carta do leitor

- Forum Democratico/ Associazione per l’insterscambio culturale italo-brasiliano Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

“Foi com grande prazer que li as entrevistas com Renata Franceschi e com as Mulheres de Nelson. Renata é encantadora e as Mulheres de Nelson, promissoras. Mas nada se compara à obra de Raimundo Rodriguez: Que entre a felicidade”.

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione, 1999 - v. Mensal. - Texto em português e italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália - Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural - Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Josephina Ribeiro, em conversa, agosto de 2011

Anita e Giuseppe Garibaldi. CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

As “Mulheres de Nelson”, Marina Considera, Chiara Santoro e Mirna Rubim.

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Setembro / Outubro 11


agenda cultural

EXPOSIÇÃO TEATRO Mira Schendel Foto: Jorge Bastos/©Ada Schendel

Os altruístas

Foto: Divulgação

Sydney é uma estrela de novela à beira de um ataque de nervos. Tão famosa quanto desequilibrada, ela comete uma atitude extrema após conviver e sustentar um grupo de jovens engajados em causas sociais, todos amigos de seu namorado. Intensa, politicamente incorreta e verborrágica, Sydney é quase um resumo da dramaturgia do norte-americano Nicky Silver. Texto: Nicky Silver; Direção: Guilherme Weber; Elenco: Mariana Ximenes, Kiko Mascarenhas, Miguel Thiré, Jonathan Haagensen e Stella Rabello; Cenografia: Daniela Thomas; Figurinos: Emilia Duncan e Antonio Frajado; Iluminação: Domingos Quintiliano.

IMS – Rio de Janeiro - Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea; Tel.: (21) 3284-7400 / (21) 3206-2500; De 3ª a 6ª , das 13h às 20h; Sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h; De 3ª a 6ª, às 17h, visita guiada pelas exposições. Visitas monitoradas para escolas: agendar pelo telefone (21) 3284-7400. Entrada franca; Classificação livre; de 10/09 a 20/11/2011. www.ims.com.br http://twitter.com/imoreirasalles

Teatro Augusta – Rua Augusta, nº 934, SP; tel.: (11) 3151-4141; 6ª, às 21h30 (R$ 70,00); Sáb., às 21h. Dom. às 19h (R$ 80,00); Duração: 100 min; Classificação: 18 anos; Até 18 de dezembro.

Trilogia Carioca Antunes Filho O espetáculo faz o recorte de momentos decisivos do Rio de Janeiro. Nas obras encenadas - Policarpo Quaresma, Foi Carmen Miranda e Lamartine Babo - os personagens que passaram pelas cenas da nossa história são revistos nas propostas de montagens teatrais com maestria, sem o compromisso de fidelidade absoluta às biografias, o que não compromete o brilho das apresentações.

Foto: Emídio Luisi

Com 24 obras da artista plástica suíça radicada no Brasil e curadoria da historiadora Maria Eduarda Marques, a exposição reúne alguns dos melhores exemplos da pintura de Mira Schendel (1919-1988), produzidos entre os anos de 1950 e 1980, pertencentes a acervos de coleções particulares e instituições. Mira Schendel sempre trabalhou com diferentes materiais e linguagens, tais como monotipias e os objetos gráficos, sendo a pintura a técnica que permeia sua trajetória artística. A mostra traz as diversas fases da produção da artista.

Caixa Cultural do Rio de Janeiro - Teatro Nelson Rodrigues – Av. Chile, nº 230; tel.: (21) 2262-8152; de 3ª a Sáb. às 20h e Dom. às 18h; Ingressos: R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia); Classificação: 12 anos; De 7 a 30 de outubro.

CONCERTO Baptiste Trotignon Trio A sólida formação musical, a paixão pelo jazz e o talento incomum para a improvisação fazem do pianista e compositor francês Baptiste Trotignon um dos mais requisitados artistas de sua geração. Trotignon apresenta em trio um programa de standards e composições próprias. Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Praça Mal Floriano, S/N, Centro, Rio de Janeiro, RJ; Tel.: (21) 2332-9191; (21) 2332-9134; 6ª feira, dia 4 de novembro de 2011, às 20h. Temporada oficial. Ciclo: Série Sala Contemporânea; Ingressos de R$ 20,00 a R$ 420,00.

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editoriale

Il porno stato.

L

a vignetta di Vauro con l’immediatezza, la sintesi e la ferocia

tutto per favorire la rottura fra le organizzazioni sindacali, isolando la

caratteristiche dei giullari - i cantastorie medioevali che di

CGIL, e dare sostegno alle posizioni imprenditoriali più intransigenti

paese in paese allietavano il popolo raccontando le malefatte dei

come la disdetta del contratto nazionale di lavoro da parte della FIAT.

potenti- ha dato voce a un sentimento che ormai è della mag-

Nei primi tre anni il governo non ha realizzato praticamente nulla per

gioranza della popolazione. E vediamo assieme perché questo

favorire la crescita - ripetendo il ritornello che la nostra situazione era

governo è ormai vissuto e giudicato come un prodotto pornogra-

migliore degli altri paesi - per poi approvare tre manovre correttive

fico, volgare e rivoltante. La lunga serie di scandali sessuali ha avuto

in tre mesi seguendo la ricetta imposta dalla Banca Centrale Euro-

un forte impatto sull’opinione pubblica di un paese alle prese con

pea. Il riconoscimento dell’Italia a livello internazionale è ai minimi

una grave situazione economica, dove i tassi di disoccupazione, in

storici, tanto che nei momenti decisivi siamo assenti, costringendo

particolare giovanili, sono molto elevati. I racconti delle nottate del

il ministro degli Esteri Frattini a lamentarsi pubblicamente dell’asse

primo ministro si sono sempre più arricchite di particolari portando

Francia Germania. L’isolamento del governo è ormai totale tanto che

infine all’apertura dei due processi a Milano, uno in cui è imputato

anche la Conferenza Episcopale Italiana e la Confindustria ne hanno

Berlusconi per sfruttamento della prostituzione e per concussione,

preso le distanze. I promotori del referendum per cambiare l’attuale

l’altro in cui sono imputati Emilio Fede, Lele Mora e Nicole Minetti,

legge elettorale imposta dal centro destra e simpaticamente definita

sempre per sfruttamento della prostituzione, per aver organizzato

“Porcellum” - hanno raccolto oltre un milione e duecento mila firme,

le serate a luci rosse del premier. Altri due personaggi si sono dati

un primato. In Parlamento, la maggioranza sempre più spesso si

molto da fare per allietare Berlusconi: Valter Lavitola e Gianpaolo

occupa dei guai giudiziari di Berlusconi e di vari esponenti di primo

Tarantini. Il primo, attualmente latitante, si faceva dare forti somme

piano del governo; ultimamente una vera e propria battaglia campale

da Berlusconi - trattenendone una parte - per fare in modo che

è in corso per vietare la divulgazione delle intercettazioni telefo-

il secondo non confermasse ai magistrati il giro di prostituzione

niche. Anche nel Partito della Libertà cominciano a sorgere dubbi

al servizio del primo ministro. Per evitare che nello svolgersi dei

sulla capacità del governo di sopravvivere fino alla scadenza normale

processi di Milano la figura di Berlusconi ne esca - per rimanere al

della legislatura nel 2013; un gruppo di deputati capeggiati da Claudio

tema- completamente “sputtanata”, la maggioranza parlamentare

Scajola chiede un passo indietro di Berlusconi con l’obiettivo di

ha sollevato il conflitto di attribuzione davanti alla Corte Costituzio-

allargare la maggioranza al terzo polo di Fini e Casini, con l’obiettivo

nale in quanto la telefonata dello stesso alla questura di Milano per

di riformulare la legge elettorale. Il capo indiscusso della Lega Nord,

richiedere l’affidamento della minorenne Ruby Rubacuori ad una

Umberto Bossi, di fatto è diventato la stampella di Berlusconi mentre

sua persona di fiducia era stata fatta in qualità di primo ministro,

il governo nel suo insieme assomiglia sempre più ad un ballo di

credendo che la ragazza fosse la nipote del presidente egiziano.

ubriachi in cui ognuno si aggrappa all’altro per non cadere.

Governo impresentabile anche per come ha agito sulle questioni economiche e sociali; fin dalla sua nascita l’esegutivo ha fatto di

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ee d i tt oo rri iaal l

O estado pornô.

A

Andrea Lanzi

charge de Vauro, com a imediação, a síntese e a ferocidade

entre as centrais sindicais, tentando isolar a CGIL (Confederação Geral

características dos giullares - os contadores de história medievais

Italiana do Trabalho) e apoiando as atitudes empresariais mais intran-

que de cidade em cidade alegravam o povo narrando os malfeitos dos

sigentes, como a revogação do contrato coletivo de trabalho por parte

poderosos - deu voz a um sentimento já compartilhado pela maioria

da FIAT. Nos primeiros três anos, o governo não realizou de fato nada

da população. Vejamos então por que esse governo é sentido e julgado

para favorecer o crescimento econômico - repetindo a cantilena de

como um produto pornográfico, vulgar e revoltante. A longa série de

que a nossa realidade era melhor que a de outros países - para depois

escândalos sexuais teve um forte impacto na opinião pública de um

aprovar três medidas corretivas em três meses, seguindo as receitas do

país às voltas com uma grave crise econômica, onde os índices de

Banco Central Europeu. O reconhecimento da Itália em nível interna-

desemprego, sobretudo da juventude, são muito elevados. Os relatos

cional nunca foi tão insignificante, tanto que no momento das decisões

das noitadas do primeiro ministro ficaram, dia após dia, mais ricos

determinantes não somos sequer convidados, obrigando o ministro do

em detalhes, até que provocaram a abertura de dois processos em

exterior, Frattini, a se queixar publicamente da diarquia franco-alemã.

Milão: um no qual Berlusconi é réu por exploração da prostituição e

O isolamento do governo é tamanho que até a Conferência Episco-

concussão; outro cujos acusados são Emilio Fede, Lele Mora e Nicole

pal Italiana e a Confindustria (ndr: confederação dos empresários) se

Minetti, também por exploração da prostituição e por terem organiza-

distanciaram. Os promotores do referendum para mudar a atual lei

do as noites “à luz vermelha” do premiê. Outros dois personagens se

eleitoral - imposta pela centro-direita e simpaticamente chamada de

empenharam muito para alegrar Berlusconi: Valter Lavitola e Gianpaolo

“Porcellum” (ndr: uma porcalhada) - recolheram um milhão e duzentas

Tarantini. O primeiro, atualmente foragido, pedia a Berlusconi ingentes

mil assinaturas, um recorde. No Parlamento, a maioria cuida cada vez

quantias de dinheiro (e ficava com uma parte) para pagar o segundo,

mais das desventuras judiciais de Berlusconi e de inúmeros expoentes

no intuito de que não confirmasse aos juízes o esquema de prostituição

de peso do governo; nos últimos tempos uma verdadeira batalha campal

a serviço do primeiro ministro. Para tentar evitar que, ao longo das

está sendo travada para impedir a divulgação das escutas telefônicas.

audiências no Tribunal de Milão, a imagem de Berlusconi ficasse - para

No Partido da Liberdade também surgem dúvidas em relação à capaci-

não mudar de assunto- completamente prejudicada pela “putaria”,

dade do governo de chegar ao final da vigência da legislatura em 2013;

a maioria parlamentar entrou com um pedido de conflito de atribui-

um grupo de deputados, chefiado por Claudio Scajola, propõe um passo

ção na Corte Constitucional (ndr. equivalente ao Supremo Tribunal

atrás de Berlusconi com o objetivo de ampliar a maioria do governo

Federal); o telefonema de Berlusconi à polícia de Milão, para pedir a

incluindo o terceiro polo de Fini e Casini, a fim de mudar a lei eleitoral.

entrega da menor Ruby Rubacuori a uma pessoa de confiança, foi feito

O chefe supremo da Liga Norte, Umberto Bossi, tornou-se de fato o

na qualidade de primeiro ministro, convicto de que a menina fosse a

alicerce de Berlusconi, enquanto o governo como um todo parece cada

neta do presidente egípcio - esse é o argumento. Governo intragável

vez mais um baile de bêbados no qual um se apoia nos outros para

também pelo comportamento nas questões econômicas e sociais;

conseguir ficar de pé.

desde a sua posse o executivo fez de tudo para aprofundar as divisões

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comunità

Colloquio con Pasquale Matafora sui fondi del MAE per gli italiani all’estero.

I

niziamo la collaborazione della rivista con Pasquale Matafora, responsabile Area Sudamerica del Sindacato Confsal- Unsa. Iniziamo dal tema apparentemente molto tecnico del Trattato di Trasferimento delle persone condannate. Matafora afferma che “ è un esempio di come la bieca miopia della nostra dirigenza amministrativa ritiene molto piu facile e comodo effettuare tagli stupidi anzichè agire in forma intelligente con il doppio effetto di recuperare risorse finanziarie, percorrendo il binario della giustizia e dei diritti umani”. Mentre altri paesi, come Spagna, Inghilterra e Canada hanno un trattato in materia con il Brasile dagli anni ‘90, l’Italia lo ha firmato solo 3 anni fa. Per entrare in vigore l’accordo deve essere ratificato dai parlamenti dei due paesi. Aggiunge Matafora “ Vani i tentativi di Fabio Porta, da me istigato, di riuscire a convincere Berlusconi e Scotti ad accelerare le cose , tutto è fermo non si sa fino a quando. Gli italiani hanno però il diritto di sapere che il Trattato in questione non è appena la giusta risposta di un Paese civile alle famiglie dei nostri detenuti. Infatti, se anche volessimo, con sadica vendetta, ignorare la sofferenza dei colpevoli di reati in suolo brasiliano, non possiamo ignorare la sofferenza delle famiglie che distanti non possono dare un minimo di conforto benefico ad un futuro reinserimento ai loro congiunti. Ma saltiamo questa parte e passiamo al sodo. In Italia nel 2005 c’erano oltre 350 brasiliani detenuti. Un detenuto in italia costa 250 euro al giorno: con il trattato approvato si risparmierebbero all’incirca 31 milioni e cinquecentomila euro l´anno. Se pensiamo che per far funzionare la rete consolare in Brasile per un anno ci vuole molto ma molto di meno, possiamo già gridare e indignarci. I nostri connazionali vengono trattati da cani e sai perche? mancanza di personale, di mezzi e evidentemente di risorse economiche adeguate. Spero che invece di tagli stupidi e indiscriminati l´Italia dia una risposta seria e razionalizzi le sue spese. A volte si puo fare anche con eccellenti risultati umani come è il caso del trattato che cito”.

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Congiuntura Italia.

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aggioranza di governo sempre più in difficoltà, che riesce a mantenersi a galla solo per spirito di sopravvivenza in occasione dei voti di fiducia. L’ultimo incidente parlamentare con la bocciatura del bilancio dello Stato ha esiti imprevedibili. Le forze dell’opposizione non riescono a mettersi d’accordo su cosa proporre al paese se non un passo indietro di Berlusconi; ma su cosa fare in seguito esse sono ancora in ordine sparso. E se ne comprende il motivo; Gianfranco Fini infatti l’insieme di forze di centro sinistra, in cui il Partito Democratico é la più rilevante con circa il 27% delle intenzioni di voto, si attestano un poco oltre il 40%; il terzo polo - unitissimo a parole negli innumerevoli convegni - è capeggiato da Gianfranco Fini e Pierferdinando Casini che sono stati gli alleati della prima ora di Berlusconi. I gruppi dirigenti dell’opposizione di centro sinistra e di centro destra riusciranno (e ne hanno interesse) a fare un programma di salvezza nazionale e di nuovo patto sociale? E le rispettive basi elettorali sono disposte a seguire questa strada? Mentre a livello politico siamo di fronte a domande di una complessità forse mai raggiunta, la sfiducia nel ceto politico sembra aumentare senza sosta, senza che si vedano mobilitazioni dal basso dell’opinione pubblica in grado di dare

vita -od imporre- nuovi paradigmi; gli “indignati” nostrani, il movimento degli studenti, il “popolo viola”, sono sì il segnale di un qualcosa che è in ebollizione, ma ancora non si vede la “primavera italiana”; si sente solo la puzza del “porno stato” in decomposizione. A questo proposito è bene chiarire che la fulminante vignetta di Vauro non si riferisce al governo, né tantomeno allo Stato; si riferisce a un ceto, come il “Quarto stato”, ovvero il proletariato, illustrato magistralmente da Pellizza da Volpedo, che irrompe nella vicenda storica per stravolgere gli assetti di potere dei ceti tradizionali: la nobiltà, il clero e la borghesia; di fatto il “Porno stato” è il ceto dei puttanieri, dei ruffiani, dei magnaccia, delle veline, dei corrotti e corruttori di tutti i tipi che sono diventati governo.

RIO DE JANEIRO

Nuova sede Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi. Corsi di italiano in collaborazione con la Dante Alighieri.

I

naugurata la nuova sede dellÀssociazione in rua da Quitanda, 194 - sala 1211. Oltre alla pubblicazione della rivista Forum Democratico, fondata nel 1999, l’Associazione intende utilizzare i nuovi locali per organizzare corsi di italiano e

inglese - nonché di portoghese per stranieri- per i propri soci in collaborazione con la Società Dante Alighieri. Altra iniziativa in cantiere un servizio di appoggio giuridico per i soci per quanto riguarda le cause di lavoro e i diritti dei lavoratori.

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comunidade

Congiuntura Brasile.

Marcha contra a corrupção Popolo viola

Pierferdinando Casini

A

pprovata, da parte del Supremo Tribunale Elettorale, la creazione del Partido Social Democrata, creatura del sindaco di San Paolo, Kassab. Il partito può diventare agevolmente il terzo per numero di deputati sorpassando lo storico PSDB (Partido Social Democracia Brasileiro) dell’ex presidente Cardoso. Dichiarando che il nuovo partito non è di sinistra, né di destra, né di centro, Kassab dimostra di essere un mago della propaganda, mantiene le mani libere per qualsiasi tipo di alleanza e propone una assemblea costituente esclusiva in cui mettere a confronto le proposte del suo partito con quelle degli altri partiti. Sia il PSDB che il DEM - il

RIO DE JANEIRO

Alla scuola Italia ricordata la data commemorativa dell’emigrazione italiana.

S

u iniziativa dell’ITALRIO e dell’Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi, si è svolta presso la scuola intitolata al nostro paese, con la presenza di oltre 400 alunni, la commemorazione della data dedicata alla emigrazione italiana a livello dello Stato di Rio de Janeiro,

Setembro / Outubro 11

ovvero il 4 settembre quando sbarcò nella città di Rio de Janeiro la principessa Teresa Cristina. Presente, oltre a Francisco Scofano, presidente dell’ACIB, entità che da anni insegna gratuitamente l’italiano agli alunni della scuola, il nuovo Console Generale Mario Panaro.

partito da cui proviene Kassab e che più ha sofferto in termini di perdita di parlamentari - tentano di riposizionarsi in quanto opposizione sulla scena politica in vista delle elezioni municipali del 2012; ad oggi con scarsi risultati. L’unica bandiera importante che hanno sollevato - quella della pulizia etica - è stata utile alla presidente Dilma per sollevare dagli incarichi vari ministri. Sempre su questo tema da rilevare come siano attivi vari movimenti civici spontanei, che fanno questione di essere apartitici e che il 12 ottobre hanno organizzato cortei in 18 stati della Federazione chiedendo l’applicazione della legge “ficha limpa” a partire dalle elezioni del 2012 (legge che impedisce di essere candidati se giudicati colpevoli anche se la sentenza non è definitiva), l’abolizione del voto segreto in parlamento e il mantenimento dei poteri disciplinari del Consiglio Nazionale di Giustizia contro i giudici corrotti. Dal punto di vista economico, le variabili fondamentali sono sotto controllo e l’autorità monetaria ha iniziato a diminuire i tassi di interesse, ancora i più alti al mondo. Scena sindacale animata con scioperi che hanno portato alla paralisi di interi settori, dal bancario all’industria automobilitica e a quello postale.

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comunità

Coordinamento Brasile del Partito Democratico.

S

i è tenuta a Rio de Janeiro il 24 settembre la riunione del coordinamento con la presenza del deputato Fabio Porta e dei rappresentanti dei circoli di Porto Alegre, Florianopolis, Curitiba, Brasilia, San Paolo, Rio de Janeiro, Vitoria e Belo Horizonte. Su 24 partecipanti gli interventi sono stati 22. Le conclusioni sono state del segretario del Brasile, Andrea Lanzi, che ha tracciato un dettagliato piano di lavoro. Fra le priorità del partito i servizi consolari e i giovani. Per quanto riguarda i servizi consolari si vuole agire per rendere omogenei i comportamenti dei vari Consolati, anche chiedendo modifiche che non costano nulla e, nello stesso tempo, migliorano la qualità del servizio offerto (ad esempio rilascio della dichiarazione di non rinuncia alla cittadinanza italiana insieme alla legalizzazione dei certificati per chi intende realizzare il riconoscimento in Italia). Per quanto riguarda i giovani è previsto per i prossimi mesi un incontro nazionale.

SAN PAOLO

Progetto di interscambio dell’Associazione Emiliano Romagnola Bandeirante.

RIO DE JANEIRO

Câmara dos Vereadores riconosce l’importanza della emigrazione italiana.

Vereadora Tania Bastos (centro); da sinistra: Andrea Lanzi, Odilon De Barros, Simone Colucci, Plinio Sarti, Fabio Porta; seconda fila: Giuseppe Romiti e Rafael Zibelli.

P

er iniziativa della consigliera municipale Tania Bastos il 23 settembre è stato reso un riconoscimento all’emigrazione italiana da parte della Câmera dos Vereadores. Nel plenario - affollatissimo tanto che si è dovuto occupare anche lo spazio della tribuna - sono stati premiati con una “mozione d’onore” oltre 120 rappresentanti della comunità italo brasiliana. Hanno preso la parola: Giuseppe Romiti per il Consolato Generale d’Italia, Andrea Lanzi per il Comites di Rio de Janeiro, il deputato nel Parlamento italiano Fabio Porta, Rafael Zibelli e Plinio Sarti (UIM), Odilon de Barros (Fabbra). L’even-

Caso Cesare Battisti.

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uatro giovani delle città di Salto e Itu, dopo aver trascorso un periodo in Italia, ospiti di quattro famiglie della Provincia di Forlì, sono stati a loro volta, in Brasile, le guide turistiche “personalizzate”dei quattro giovani italiani che li avevano accolti nelle loro case. L’interessante esperienza intende valorizzare i rapporti fra la comunità emiliano romagnola residente in queste città brasiliane e le zone di origine; l’ospitalità reciproca permette ai giovani di arricchire le rispettive esperienze formative ed educative in modo utile allo sviluppo culturale, sociale e professionale.

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I

l nostro pluriomicida -perché nella decisione dell’allora presidente della Repubblica Inácio Lula Da Silva non si dice che è stato vittima di un errore giudiziario, ma che “le sue condizioni potrebbero aggravarsi se estradato in Italia - ha rapidamente ritrovato la forma e la volontà di parlare. Tranquillamente fotografato mentre si beve una birra - anche

to è stato l’occasione per divulgare BRASITALIA - 1 Mostra de Arte e Produtos ítalo brasileiros, che si terrà dal 7 all 11 dicembre al Forte di Copacabana. La presentazione di BRASITALIA e la parte musicale dell’evento è stata a carico dell’Instituto Tocando em você. A seguito dell’evento, dopo un incontro con gli organizzatori di BRASITALIA, la consigliera Tania Bastos ha manifestato l’intenzione di presentare un progetto di legge municipale per riconoscere il 2 giugno - ricorrenza della Festa della Repubblica italiana- come data del calendario del Municipio di Rio de Janeiro.

i rivoluzionari armati hanno pur diritto a rilassarsi - e a passeggio nelle spiaggie carioca, il pluriomicida si dimostra tranquillo. Si lamenta soltanto del fatto che i soldi sono pochi, che quanto gli ripassano gli amici non gli consente la vita che vorrebbe. Intanto fra i governi di Brasile e Italia sembra ormai giunta l’ora o di un improbabile accordo nell’ambito della commissione di conciliazione prevista nell’accordo bilaterale fra i due paesi, o della richiesta da parte dell’Italia di un pronunciamento della Corte Internazionale dell’Aia. Sembra comunque che l’incendiario La Russa - che più che ministro della Difesa sembra il ministro della Guerra (forse risultato di traumi infantili su cui è meglio non indagare) - sia stato sconfitto visto che il Momento Italia no Brasil è stato finalmente inaugurato il 15 ottobre a Rio de Janeiro. Le male lingue dicono che La Russa volesse aspettare il 22 ottobre per fare la marcia sul Brasile per riprendersi Battisti.

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gastronomia O restaurante Quadrifoglio faz 25 anos e, há dois anos, a seleção de pratos da clássica cozinha italiana vem sendo comandada pelo chef Kiko Faria, com a pâtisserie produzida no próprio restaurante pelo chef Lomanto Oliveira, o que significa uma cestas de pães frescos que saem do forno diretamente para as mesas e um cardápio de sobremesas com lugar de destaque nas refeições. Alguns clássicos inspirados na cozinha milanesa: ravióli mágico, recheado com maçã, molho cremoso e sementes de papoula; risoto Fantasia, arroz italiano com camarão, Foto: Divulgação

mascarpone e melão. Mas há que se provar do filetto al Quadrifoglio, filé com trufas e fois gras, acompanhado de purê de baroa e cebola ao forno, esse criação do Kiko.

Ingredientes e modo de preparo da massa 15 gemas 250 gr de sêmola de trigo

Foto: Divulgação

Tortelli de alcachofra

Quadrifoglio Rua J.J. Seabra nº 19 Jardim Botânico – RJ – Tel.: (21) 2294-1433 / 2294-1799

Procedimento: Misturar a gema com a sêmola até fazer uma massa homogênea. Depois, trabalhar no cilindro até a espessura desejada, colocar o recheio e fechar a massa.

Manobrista: R$ 10,00 Almoço: 2ª a 6ª: das 12h às 16h; Sáb.: das 12h a 1 h; Dom.: das 12h às 18h. Jantar: 2ª a 5ª: das 19h a 0h; 6ª e Sáb. das 19h a 1h.

Ingredientes e modo de preparo do recheio

Cc: Todos Cd: Visa Electron e Redeshop

40 gr de bacon 500 gr de alcachofra fresca 30 gr de cebola picada 50 ml de azeite sal e pimenta a gosto Procedimento: Refogue bem o bacon em uma panela pré-aquecida, coloque a cebola picada e as alcachofras e continue refogando por 10 minutos em fogo baixo. Em seguida, junte tudo no cutter* e faça uma pasta com pedaços. *Cutter - batedeira indicada para cozinhas industriais.

Cozinhando a alcachofra

Primeiro limpe a alcachofra e retire aquele pelinho que tem no meio. Em seguida, em uma panela com água fervente, coloque 2 folhas de louro, 2 dentes de alho apenas amassados com casca, sal e pimenta a gosto e acrescente 10 gr de mostarda Dijon. Procedimento: Coloque as alcachofras e deixe cozinhar por 10 minutos (em média). Assim que estiverem macias pode retirar.

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Cardápio infantil Capacidade: 65 lugares Acesso para deficientes físicos Wireless

Ingredientes e modo de preparo do creme de batata

Ingredientes e modo de preparo do molho

200 gr de batata 50 ml de água 200 ml de leite 10 folhas de sálvia sal e pimenta a gosto 50 ml de azeite

30 gr de manteiga 20 gr de presunto cru

Procedimento: Coloque tudo na panela e deixe cozinhar. Depois precisa apenas bater no liquidificador e colocar o azeite.

Montagem do prato: Em panela pequena coloque o creme de batata pra aquecer e reserve. Em água fervente temperada com um pouco de sal coloque o tortelli para cozinhar e deixe 3 minutos. Depois retire da água e coloque junto na frigideira com a manteiga e presunto e deixe juntar os sabores. Em um prato fundo, deite o creme de batata; por sobre o creme, o tortelli.

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t u r i s m o Pescador em Ponta Grossa Barra Nova

Velejamento

Litoral leste do Ceará S De bem com a vida: praias, praias e muita diversão. Marisa Oliveira Fotos: FTP Setur

Praia de Canoa

ol, muito sol, vento, dunas gigantes, muitas praias. Um privilégio. Assim é o Ceará: um lugar privilegiado sob muitos aspectos. Na natureza, que se manifesta em belas formas e cores. Na simpatia e hospitalidade de seu povo, que sabe receber e cativar os visitantes. Nas artes, na música, no artesanato e na cultura popular. Para quem curte esportes de aventura é considerado um paraíso – off-road, sandboard, surf, windsurf e kitesurf.

Entre os destaques do litoral leste, em Porto das Dunas, a atração principal é o parque aquático, o maior da América Latina, com seu toboágua altíssimo, o mais alto do planeta! Depois de um dia inteiro de sol, piscinas e brincadeiras, comer um caranguejo em uma barraca na beira do mar é uma boa pedida. Em Morro Branco, o pôr-do-sol no Labirinto das Falésias, local onde a erosão esculpiu caminhos que lembram um labirinto, é simplesmente inesquecível.

De tantas paisagens belas, dizem, fica difícil escolher qual o melhor roteiro. Nessa edição vamos começar pelo litoral leste, que, de acordo com os cearenses, foi esculpido pelo mais perfeito dos artistas: a natureza.

Para os que gostam de um agito, na praia de Canoa Quebrada há música e diversão para todos os gostos nas noites da Broadway, principal rua da cidade. Além disso, Canoa oferece um cardápio variado de peixes e frutos do mar, passeios de buggy, voo de pára-jipe e descidas de skibunda em suas dunas. Surpreendente ainda são as bicas naturais que saem dos paredões das falésias na Praia das Fontes. Então, praias, praias e muita diversão. De bem com a vida!

Rally nas dunas

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t u r i s m o

Paçoca

Cajus

Cerâmica

Caranguejada

Artesanato em madeira

Maracatu

Artesanato em palha Voltando do mar em Canoas

Outras informações: ascom@setur.ce.gov.br Tel: (85) 3101.4661 Surf

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c u l t u r a

l i t e r a t u r a

Marisa Oliveira

Pulsatilla

T

oda poesia tem o seu mistério, seja ele das rimas perfeitas, seja ele dos ditos e dos não-ditos ou até mesmo das invencionices que só alma de poeta é capaz. Acostumados que somos à prosa – cada vez mais fácil e óbvia (óbvia mesmo, no estrito sentido da palavra!) – temos o prazer de topar com Pulsatilla, lúdica poesia, nos seus versos e quebra-versos, esses quase um quebra-línguas ou um quebra-pensamentos; espaço revelador. Admito, instigante. Em Tijuca Antes da Retirada do Sebastião, a intimidade que todos temos com nossos bairros, com nossos pensamentos, com nossos

besteróis íntimos, recorrentes, privativos, que nos mantêm a alma jovem, que nos remetem a eterna infanto-juventude descompromissada. 39-Coritiba 3 X 2 Vasco... existencialismo, filosofia, lusitanismo (evocação), realidade, pão com manteiga, feijão com arroz de cada um e de todos. Nessa, a referência à rodovia Régis Bittencourt remete ao amigo Edmar, que, por ter labutado nelas, afirma que rodovias, em si mesmas e por elas mesmas, têm vida, geram vidas, “individuas”. No mais, sempre presentes, nascimento e morte, a cura e a doença. Pulsatilla.

Pulsatilla Autor: Luis Maffei Editora: Oficina Raquel Páginas: 63 Preço: R$ 30,00

Quem é Luis Maffei Compositor, músico, ensaísta lliterário e professor de Literatura Portuguesa (Universidade Federal Fluminense). Como poeta, Maffei (Brasília, 1974) lançou A, em 2006, e Telefunken, em 2008, com edição portuguesa, da editora Deriva, que data de 2009. E, em 2010, lançou 38 círculos também pela Oficina Raquel. Já no universo musical, lançou, em parceria com Marcelo Gargaglione, o disco na mesma situação de blake, em 2005.

Minha mocidade

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Minha Mocidade Autor: Winston Churchill Tradução: Carlos Lacerda Editora: NovaFronteira Páginas: 400 Preço: R$ 79,90

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inston Churchill, o mais célebre primeiro-ministro inglês do século XX, relata seus primeiros vinte e cinco anos de vida, sua visão de mundo e principalmente de seu país ainda no século XIX. O sucesso desta obra se deve à raridade do tema. Com simplicidade, escreve sobre sua infância e seu tempo de colégio, além da juventude como tenente de cavalaria e correspondente de guerra, até chegar ao início da carreira política. Entre os episódios narrados, destaca-se a sua fuga espetacular na África do Sul, descrita como um filme de suspense, quando foi capturado na Guerra dos Bôeres. Essa, a primeira de quatro obras

de Churchill como autor. Como destacam seus editores, a narrativa é repleta de ensinamentos políticos e fino humor, mas chama atenção os valores que norteiam as atitudes do autor desde muito jovem, como, por exemplo, o reconhecimento pelo trabalho da ama que dele cuidou e como isso o ajudou a lutar e propor no Parlamento, entre outras coisas, aposentadorias dignas para os cidadãos ingleses. Carlos Lacerda, como tradutor, é fiel ao autor especialmente por ser capaz de reproduzir o mesmo tom de simplicidade (o que revela domínio completo dos idiomas e sensibilidade aguçada) com que Winston Churchill constrói sua narrativa. Uma leitura cativante.

Quem é Wiston Churchill Depois de anos servindo ao exército, Winston Churchill tornou-se correspondente de um jornal londrino, para depois iniciar sua carreira política como representante eleito ao Parlamento. Em maio de l940, após ter ocupado vários cargos de governo, tornou-se chefe do gabinete de guerra britânico, com a responsabilidade de liderar a Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. Em 1953, reconhecido como o maior dos ingleses vivos, Churchill recebeu o premio Nobel de Literatura.

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às compras

Natureza em alta: elefantes e energia solar Caderninhos artesanais Coloridos e alegres, os caderninhos estilo Moleskine, importados da Tailândia, são produzidos com base em uma técnica artesanal que utiliza as fibras do excremento dos elefantes para fazer as folhas de papel e a capa. O produto é 100% livre de bactérias, não usa cloro, é ecológico e ainda tem foco social, revertendo parte dos lucros para a conservação dos animais na Tailândia. O caderno tem cerca de 30 folhas. Preço: R$ 69,90 Onde encontrar: Nirvana Store (produto exclusivo) Espaço Nirvana – Pça Santos Dumont, nº 31, Gávea, Jockey Club do Rio de Janeiro; Tel.: (21) 2187-0100

Cerâmicas e caramelos Banho de imersão Ylang Ylang Terapeutics Granado 500ml Sensação imediata de hidratação da pele e de bem-estar. Deixa a pele com toque aveludado e macia devido às suas propriedades emolientes. Ideal para relaxar e acalmar o corpo antes de dormir. O banho de imersão deve ser diluído em quantidade de cinco ou seis tampinhas em uma banheira de água quente. É preciso esperar que o óleo se emulsione totalmente, deixando a água esbranquiçada. Fragrância: Floral Oriental Amadeirado. Notas de Topo - Bergamota, Rosa, Flor de Laranjeira; Notas de Corpo - Jasmim, Muguet, Neroli, Ylang Ylang; Notas de Fundo - Sândalo, Pêssego, Musk, Incenso. Preço: R$ 52,00

Kit Mix Frutas Tropicais Granado Sabonetes dermatologicamente testados com base 100% vegetal e ações umectante e protetora da pele para limpeza diária de todos os tipos de pele.

Carregador solar para celular Prático e ecologicamente correto. Preço: R$19,90

Preço: R$15,75, embalagem com 6 sabonetes de 90g

Onde encontrar: Nirvana Store - Espaço Nirvana Pça Santos Dumont, nº 31, Gávea, Jockey Club do Rio de Janeiro; Tel.: (21) 2187-0100

Onde encontrar: Lojas Granado/Phebo - Rua Primeiro de Março, 14/16, Centro, RJ - Tel.: (21) 3231-6746 e Rua do Lavradio, 32, Lapa, RJ - Tel.: (21) 2224-8640 - SAC Granado: 0800 940 6730 / SAC Phebo: 21 3231-6730 Loja virtual: www.granado.com.br / www.phebo.com.br

Dicas do Rogerio Para essa edição, Rogerio Rebouças selecionou um vinho tinto do Piemonte de muita qualidade e com um preço bastante interessante. A outra escolha é um champagne de referência para que você tenha outros parâmetros na hora de escolher seu espumante, de forma a trazer novos conceitos sobre o que é um grande espumante. Santé! Vinho: Montegrilli 2008 Vinícola: Azienda Agrícola Elvio Cogno DOC - Langhe

Vinho: Champagne Philipponnat Royale Reserve Brüt Vinícola: Champagne Philipponnat AOC - Champagne

A vinícola Elvio Cogno situa-se sobre a colina de Ravera Brico, em Novelo, na “Terra di Langa”, um dos doze vilarejos da região de Barolo. Estabelecida em uma bela casa “padronale” (châteaux para os franceses) do século XVIII, Cogno é conhecida por seus grandes vinhos que fazem sucesso entre críticos e amantes dos vinhos do Piemonte. Este tinto tem um corte de 50% Nebbiolo e Barbear. É envelhecido 12 meses em barris de carvalho franceses originários da floresta de Allier, a de maior prestígio. Deve ser servido a 18ºC e acompanha carnes assadas e queijos como Pecorino, Parmesão ou Emmental.

A família Philipponnat instalou-se em 1522 em Aÿ no coração da Champagne. Charles Philipponnat, descendente direto dos fundadores, faz um champagne com personalidade e autenticidade. Suas bolhas fazem sucesso tanto junto à crítica europeia quanto americana. A Reserve Brüt tem um corte com domínio das uvas Pinot Noir, provenientes das parcelas de Grand Cru e Premier Cru, que vão dar ao vinho uma grande vinosidade. O frescor vem das uvas Chardonnay. O resultado é um champagne de grande equilíbrio entre intensidade e vivacidade. Deve ser servida a 8ºC, é ideal no aperitivo ou acompanhando carnes brancas, frutos do mar ou peixes.

Preço: R$ 85,00

Preço: R$185,00

Onde encontrar: Importador - Vinos y Vinos (http://www.vinosyvinos.com.br), nas boas lojas do ramo ou direto no site do importador.

Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para pauta@forumdemocratico.org.br

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e n c a r t e

Encarte especial Forum 109-110 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXII

f a s c i c o l o Símbolos utilizados  Informação histórica

 Expressão - locução  “Falsos amigos” ou falsas analogias  Ao fim do parágrafo, há uma janela

Gírias ou expressões fixas

Anglicismos e neologismos

di brevi testi in Lingua Italiana

 Dialetos

a cura di Cristiana Cocco

“La donna della domenica” di Carlo Fruttero e Franco Lucentini

I

l martedì di giugno in cui fu assassinato, l’architetto Garrone guardò l’ora molte volte. Aveva cominciato aprendo gli occhi nell’oscurità fonda della sua camera, dove la finestra ben tappata non lasciava filtrare il minimo raggio. Mentre la sua mano, maldestra1 per impazienza, risaliva lungo le anse del cordoncino2 cercando l’interruttore, l’architetto era stato preso dalla paura irragionevole che fosse tardissimo, che l’ora della telefonata fosse già passata. Ma non erano ancora le nove, aveva visto con stupore3; per lui, che di solito dormiva fino alle dieci e oltre, era un chiaro sintomo di nervosismo, di apprensione. Calma, s’era raccomandato. Sua madre, sentendolo muovere, era andata automaticamente a preparargli il caffè; e lui, dopo un buon bagno di cui aveva bisogno da tempo, aveva indugiato a radersi4 con meticolosa lentezza. C’erano circa quattro ore da far passare. Ne restavano tre, quand’era uscito di casa dopo aver sfiorato con le labbra la tempia di sua madre; e un’altra mezz’ora l’aveva smaltita5 allungando deliberatamente il percorso per raggiungere la fermata, e poi aspettando il tram, che a metà mattina passava a lunghi intervalli. Prevedibilmente, l’orologio elettrico della vettura era guasto: per via Cibrario, piazza Statuto, e infine lungo tutta la via Garibaldi, le lancette non si spostarono dalle 15 e 20. In polemica con questo piccolo, ma significativo, indizio di decadenza comunale, l’architetto Garrone rifiutò di spostarsi verso l’uscita. Del resto aveva la tessera da invalido, e poteva scendere davanti. Scese davanti. Il tram, deviato a causa di lavori in corso, ripartì verso una fermata non sua, in direzione di Porta Palazzo. Eseguita senza abilità, in portoghese sarebbe come ‘inábil’. Le curvature del cordoncino del telefono 3 Il significato di ‘stupore’ va da ammirazione a spavento, ossia ‘espanto’. Ma in questo caso sarebbe più vicino a ‘sopresa’. 4 Ossia ci aveva messo un po’ di tempo prima di cominciare a farsi la barba. 1 2

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Introduzione alla lettura

com informações fora do texto 

L X X

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- Signorine, attente al buco! - disse l’architetto. Era già salito sullo stretto marciapiede di tavole che consentiva il passaggio dei pedoni in via Venti Settembre, e indicava a due ragazzotte dall’aria immigrata, scese dallo stesso tram, una sconnessione tra le assi della passerella. Non siciliane. Calabresi, o piuttosto lucane, giudicò. Una sua abilità: sapeva riconoscere anche di schiena - anzi, sorrise compiaciuto, soprattutto di schiena - la provenienza esatta delle meridionali. Le seguì per un tratto, elastico e in forma, ammonendole6 a mezza voce contro i pericoli della città, poi riprese verso piazza Castello. Prima di entrare nel caffè si fermò a guardare le cravatte estive nella vetrina del camiciaio. - Seimila, - osservò scandalizzato, voltandosi a un giovane in tenuta vagamente militare, con dei libri sotto il braccio, che stava guardando anche lui. - La giornata di un operaio! - Cose folli, cose folli, Liliana mia, - disse poi alla cassiera del caffè, entrando. - Buongiorno, architetto, - disse la cassiera senza entusiasmo, continuando a leggere il giornale. L’architetto guardò l’orologio ottagonale sopra il banco, lo confrontò col suo - un Patek-Philippe d’oro appartenuto a suo padre - e si fregò le mani con soddisfazione. L’ora si avvicinava, e questa volta era sicuro del fatto suo, questa volta l’istinto gli diceva che tutto sarebbe andato secondo i piani. Raggiunse l’ultima saletta del caffè, e si sedette a un tavolino d’angolo contro le losanghe gialle e azzurre della vetrata. Non c’erano altri clienti. C’era invece, vicino alle toilettes, una cabina telefonica di legno scuro in cui si poteva parlare al riparo da

Il verbo ‘smaltire’ può significare eliminare, decongestionare, far passare. Si usa molto nell’espressione ‘smaltire una sbornia’, ossia ‘curar a ressaca’. In questo caso dà l’idea di far passare il tempo. 6 Avvisandole, avvertendole. 5

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anni ‘50 a scrivere a quattro mani con Franco Lucentini (Roma, 24 dicembre 1920 – Torino, 5 agosto 2002). Il loro primo libro fu la raccolta di poesie L’idraulico non verrà, del 1971. Diventarono noti al grande pubblico l’anno successivo con il giallo La donna della domenica, che fu poi soggetto per un film, diretto da Luigi Comencini, con Marcello Mastroianni nella parte del protagonista, il commissario Santamaria. Tra gli altri romanzi della coppia si possono ricordare Il Palio delle contrade morte (1983), L’amante senza fissa dimora (1986), La verità sul caso D (1989), Enigma in luogo di mare (1991), La morte di Cicerone (1995), la commedia La cosa in sé (1982) e La prevalenza del cretino (1985).

I

l binomio Fruttero & Lucentini, spesso abbreviato in F&L, anche detto “la ditta”, rappresenta il sodalizio artistico fra gli scrittori Carlo Fruttero (destra) e Franco Lucentini (sinistra). Sempre in coppia hanno diretto la collana di fantascienza Urania. Carlo Fruttero, nato a Torino nel 1926, iniziò negli

orecchie indiscrete. Non che la telefonata potesse andare per le lunghe, a questo punto. Ormai la fase di preparazione era superata. Ormai era soltanto questione di... - Ah, - sussultò, trovandosi a fianco il cameriere calvo senza averlo sentito venire. - Il solito, Alfonsino. E il giornale, per favore. L’importante, pensò inzuppando nel cappuccino la seconda brioche, era di saper aspettare. Un’altra sua abilità. Tutto finiva per cascarti in bocca, se sapevi aspettare. Self-control, la grande regola degli inglesi. E se anche, com’era umano, uno veniva preso, vicino al traguardo, da una tensione, da una smania incontenibile, be’, bisognava saperla contenere, nascondere. Farsi desiderare, farsi aspettare, ecco il segreto. Strinse fermamente il pugno sul tavolino. Doveva chiamare lui, tra mezzogiorno e l’una, questa era l’intesa; e lui - decise - avrebbe

chiamato all’una meno cinque, non prima. E addirittura dopo, semmai, all’una e dieci, all’una e venti... Il tempo lavorava comunque per lui. Guardò di nuovo l’orologio e cominciò a sfogliare «La Stampa», come in una qualsiasi delle sue mattinate al caffè. Torino: minima 19, massima 28. Lo stesso di Reggio Calabria, constatò con imparzialità, e l’estate non era ancora incominciata. Esaminò con attenzione le «Graziose bagnanti tedesche ad Alassio» che il quotidiano presentava bisettimanalmente, variando solo il nome della spiaggia, da maggio a tutto settembre. Coscia lunga, ma niente di speciale, giudicò. Scorrendo invece la pagina degli spettacoli, notò con piacere che al cinema Le Arti, per il quale era riuscito a procurarsi7 un biglietto omaggio, davano ancora il capolavoro franco-nigeriano “La sferza”. Tornò alla pagina

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fruttero&lucentini

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Nel significato di ‘ottenere per sé stesso’.

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di cronaca per approfondire nei suoi dettagli lo squallido assassinio della nuora ad opera di un vecchio di ottantaquattro anni, a Sommariva Bosco. Altro fatto: «Travolta in corso Principe Oddone col bambino in braccio». I bambini non lo interessavano e ripiegò il giornale, lo posò sul marmo del tavolino, tra le briciole di brioche, poi consultò, irresistibilmente, l’orologio. Guardò la porta semiaperta della cabina telefonica, dove l’apparecchio luccicava cupo nella penombra. Nessuna fretta, raccomandò a se stesso, nessuna precipitazione. Era stata la sua lunga pazienza, non altro, a portarlo così vicino al successo. - Cristo, - mormorò, - Cristo. I minuti non passavano mai, era impossibile restarsene fermi, seduti. Si alzò lentamente, prudentemente, come se stentasse a sollevare i suoi cinquantadue anni di vita. Ma appena li ebbe messi in piedi non si trattenne più, li spinse, li scaraventò verso la cabina, li chiuse tra le quattro pareti di vecchio legno screpolato. Una luce stenta si accese sulla sua testa e in quel cereo chiarore, stretto in quella bara verticale, l’architetto Garrone trasse febbrilmente di tasca una manciata di spiccioli, trovò un gettone e formò il numero del suo destino. ****** Sono giovane - si provò a elencare Anna Carla - sono intelligente, sono ricca. Ho un ottimo marito (ricco anche lui), e una figlia bellissima (come me, dicono). Riesco simpatica a tutti, mi vesto bene, non ho problemi di linea, non ho problemi sessuali... Racimolò altre tre o quattro cose alla rinfusa: lo stupendo vassoio d’argento ideato da un designer milanese, che aveva comprato la settimana scorsa; la tenerezza preziosa dello zio Emanuele; l’arrivo del primo caldo... Ma non serviva naturalmente a niente, era come sentirsi rispondere da una di quelle rubriche di “Consigli per lei” dei settimanali femminili. Parole. Muffe astratte, sotto le quali il macigno restava intatto, dolorosamente concreto. - Oggi doppia dose, - disse con determinazione Vittorio, l’ottimo marito. Si spillò nel palmo due discoidi viola dal primo flacone, e due arancione dal secondo, poi prese dallo stupendo vassoio d’argento il bicchiere d’acqua minerale non gassata. - Avrò un pomeriggio piuttosto pesante. Bevve, inghiottì, si lasciò andare all’indietro nella poltrona. Anna

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Carla si sporse a mettergli nel decaffeinato una puntina di zucchero. Sono la moglie di un capitalista figlio di capitalisti e nipote di capitalisti - provò a pensare in senso inverso - sono piena di abitudini e pregiudizi borghesi e priva di ogni coscienza sociale e politica. Non m’interesso alle tristi condizioni dei carcerati, dei ricoverati in manicomio, degli spastici e dei popoli sottosviluppati, e i cinesi, se devo essere sincera, me li figuro sempre con il codino e le mani infilate nelle maniche di una casacca ricamata a draghi. Non ho speciali talenti o capacità, non saprei dipingere stoffe per arredamento (come Maria Pia), inventare soprammobili di latta (come Dedè), vincere un torneo di golf o di bridge (come nessuna delle mie amiche: ma almeno loro ci provano), e se mettessi su una boutique o una galleria d’arte la farei fallire in due mesi. La mia vita è vuota, inutile, frivola. - Minimo due ore con il consiglio di fabbrica, - disse il capitalista con la voce sofferta che avevano, di questi tempi, tutti i capitalisti, - e Dio sa cosa mi sentirò chiedere stavolta, pretenderanno la garçonnière di fabbrica, annessa al campo sportivo. Poi abbiamo un sopralluogo del Comune per quella storia dell’inquinamento, e per semplificarmi la vita arriva un altro gruppo di quei tedeschi, o svedesi o danesi che siano a visitarmi lo stabilimento nuovo. Certe volte uno si chiede... Ma non se lo chiese, rimescolò il suo caffè e lo mandò giù a piccoli sorsi sospettosi. No - pensò Anna Carla, incrollabile - nemmeno l’autocritica serviva a niente, erano soltanto parole anche quelle, che non bastavano certo a toglierle il sonno. Il sonno - e lo ammise con un violento rigurgito di rabbia - glielo toglieva Massimo, in realtà, era lui il macigno sullo stomaco, era lui che la costringeva a ridicoli bilanci da casalinga insoddisfatta. Un mattone, ecco quello che era il caro Massimo. E gliel’avrebbe detto, aveva il dovere di dirglielo, con dolcezza, con tristezza, per il suo bene, sai cosa stai diventando, Massimo, sai cosa sei diventato? Un mattone. - C’è anche il caso, - disse Vittorio posando la tazzina, - che debba andare a cena con loro... - Con chi? - Ma con quei mangiapatate, no? Speriamo almeno che... - S’interruppe, notando lo sguardo di Anna Carla, fisso sulla tazzina vuota. - C’è qualcosa che non va? Anna Carla alzò gli occhi. - Scusa, - disse, - non seguivo.

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- Ah, ma allora è grave, - disse Vittorio. - E’ grave? - No, no, figurati. E’ solo che... Cioè... L’entrata di Benito, di nuovo senza guanti e col collo della giubba sbottonato, le risparmiò una spiegazione più complessa. - Niente. Solo che non li sopporto più, né lui né lei, - disse quando il domestico si fu ritirato riuscendo a trarre dalla poca porcellana sul vassoio un acciottolio da mensa aziendale. - Li senti? - aggiunse accennando alla porta, naturalmente lasciata aperta, e oltre la quale, dalla pur lontana cucina, uno strillo ferino di Maria e una gutturale interiezione di Benito annunciavano l’inizio di un nuovo diverbio tra i due coniugi. - Eh già, eh sì, non sono l’ideale neanche questi, - disse Vittorio, con uno sforzo di partecipazione. - D’altra parte... Uh, ma sono le due passate!... Aveva subito perso, come lei s’era aspettata, ogni interesse per i suoi problemi. Si alzò, intascò i due flaconi di medicinali (l’ultima novità in fatto di protettivi del fegato), la baciò in fretta. - Scusami, eh? Allora, se ceno fuori ti telefono. - Va bene. Povero Vittorio. Se c’era una cosa che lo deprimeva sul serio, a parte i pranzi d’affari e i suoi mali più o meno di fantasia, era di trovarsi coinvolto nell’insolubile problema della servitù. Si alzò anche lei e restò un momento a guardarsi intorno, indecisa, notando meccanicamente altri segni di disservizio, da uno dei tappeti aggobbito sotto il piede di una poltrona, all’acqua torbida, visibilmente non cambiata, nei due vasi di tulipani sul caminetto, e a un giocattolo di Francesca rimasto in un angolo. Vero, però, che a quello avrebbe dovuto pensare la bambinaia. Massimo le avrebbe ribattuto che... Be’, non sapeva cosa, ma certo qualcosa da ribatterle avrebbe trovato... Anna Carla alzò le spalle e andò in camera sua. Se quel mattone credeva di toglierle il sonno coi suoi miserabili colpi di spillo, voleva dire che non la conosceva. D’accordo, la notte prima non aveva dormito troppo bene; ma avrebbe ricuperato adesso, e dopo, a mente riposata, gli avrebbe scritto quello che pensava di lui... Si svestì con pochi, bruschi movimenti, e si sdraiò pugnacemente sul letto. Più tardi, fatta la doccia, si trovò col blocco da lettere abbandonato sulle ginocchia e l’estremità della biro tra i denti a scrutare il trapezio di polvere che il sole faceva risaltare sotto il piccolo comò a sinistra del divano. Non spazzato da almeno tre giorni. Incredibile - si stupì per la millesima volta - la rabbia, la furia primigenia che Benito e

Maria, due persone di cui ricordava a stento il cognome, le scatenavano dentro. Così era stato del resto (ma non era una consolazione) con altre «coppie» venute dalla Sardegna, dalle Marche, dalla Spagna, dal Madagascar, tutte dotate di quel potere transitorio e demoniaco su chi li teneva a servizio. Né c’era consolazione nel pensiero che alle sue amiche succedeva la stessa cosa, o che altri perfetti estranei (come l’osceno Garrone, per esempio) avevano un potere analogo... Ma subito si corresse, mordendo la biro8. Il Garrone era un caso del tutto diverso, era Massimo che l’aveva strumentalizzato, usato contro di lei, era Massimo che se ne era servito nel modo più sleale, più vigliacco, e più ingiusto, sì, più ingiusto, per metterla a terra. Per “tentare” di metterla a terra, diciamo meglio. Perché lei, di Massimo e del Garrone... Anna Carla accavallò le gambe, si aggiustò il blocco sulla coscia, e cominciò a scrivere rapidamente. Scrisse: «Caro Massimo, senti...»; e poi si fermò. ******* La vecchia pendola del barbiere sembrava segnare le nove. Ma l’immagine era rovesciata, e l’architetto Garrone, che sedeva davanti al largo specchio dagli orli qua e là scheggiati, sapeva che erano soltanto le tre del pomeriggio. Aspettare, aspettare, la vita era un eterno aspettare. Sotto la cappa bianca ma non immacolata che lo avviluppava dal collo alle ginocchia, l’architetto si sentì all’improvviso come in una camicia di forza. L’immensa, trionfante esultanza di due ore fa gli s’era già riconvertita in affanno. Il barbiere era stato un errore, si disse, avrebbe dovuto fare una lunga passeggiata o prendere una barca e andarsi a sbracciare sul Po, muoversi, sfogarsi fisicamente, tener lontana la mente dal pensiero fisso di stasera. - Vogliamo sfoltire anche qui, architetto? - chiese il barbiere. - E tu sfoltisci, Salvatore, sfoltisci senza paura. Per anni, quando nessun altro aveva il coraggio di farlo, lui aveva portato i capelli lunghi sul collo; ma ormai era tornato a un taglio più classico, non c’era altra soluzione per uno che aveva sempre voluto distinguersi dal gregge, andare controcorrente in tutte le cose anche a costo di rimetterci. E lo sapeva lui, quanto ci aveva rimesso. Il dubbio che anche stavolta qualcosa - un ripensamento, un

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8 Il nome dato alla penna a sfera inventato dall’ungherese Lázló Biró (1899-1985), che ha inventato questo tipo di penna (Bic).

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imprevisto qualsiasi, un niente - gli mandasse tutto all’aria all’ultimo momento, lo riassalì così di colpo che il barbiere fermò allarmato le forbici: - Eh, no, architetto, se mi salta in questa maniera... No, impossibile. Dopo una resa così esplicita, questi terrori non avevano nessun fondamento logico, erano le secrezioni irrazionali di chi sta già allungando la mano verso la mela. Una specie di acquolina9 che lo rodeva. Debolezza umana: solo stamattina, prima della telefonata, quando ancora non era sicuro di niente, avrebbe accettato con gioia qualsiasi rinvio10 pur di avere la certezza. E adesso non era capace di aspettare tranquillo fino a dopocena? - La carne è debole, - disse al barbiere, tamburellando con le dita sulle ginocchia accavallate dove il settimanale erotico, aperto al paginone centrale a colori, si andava lentamente ricoprendo di capelli tagliati. - Eh, certo che davanti a una latteria di questa potenza, - disse il barbiere, che aveva erroneamente collegato l’osservazione con i seni della modella Gungala, ancora visibili sotto le ciocche brizzolate e la forfora11. L’architetto ebbe un sorriso caritatevole. Era un buon conoscitore di uomini, e capiva che a un povero diavolo come Salvatore quell’irraggiungibile mondo di seni, cosce, natiche nude, doveva dare alla testa12, e fargli, in definitiva, più male che bene. La pornografia - insieme a tante altre cose, del resto - era per liberi individui come lui, che non s’erano fregati13 col matrimonio, i figli, la routine dell’ufficio o della bottega, che avevano saputo restare aperti a tutte le esperienze, pronti a cogliere tutte le occasioni della vita... La sua vita - e ce l’aveva lì, nello specchio - gli piacque, gli sembrò ricca, varia, piena, interessante, e se ne vedevano bene i segni: dal cono bianco emergeva un volto intenso, espressivo, nobilmente rapace, come gli aveva detto... Chi gliel’aveva detto? Conosceva tanta gente, frequentava ogni genere d’ambiente: chiunque poteva averglielo detto, nell’alone rosato di un paralume di seta, attorno a un tavolo di comitato, sopra un cuscino madido14, tra le panchine e i macchioni del Valentino, o studiando il suo profilo nel buio di un cinema. - Sai Le Arti a che ora apre? - Ah, - disse il barbiere, - “La sferza”? Alle tre. Io l’ho già visto due volte. E’ forte. Artistico ma forte. - Insomma, merita? - Merita.

Avere l’acquolina in bocca corrisponde al portoghese ‘dar água na boca’. In questo caso nel senso di proroga, ossia ‘adiamento’. 11 È la volgarissima ‘caspa’ in portoghese. 12 Dare alla testa significa ‘inebriare, esaltare’. . 9

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Un modo intelligente per far passare un altro paio d’ore. Poi, giusto per il tè, avrebbe fatto una visitina alle contesse Piovano, e più tardi sarebbe passato alla galleria Vollero, per l’inaugurazione dì quella mostra mitologica. C’era sempre gente con cui era utile tenere i contatti, dal buon Vollero. Cenare, avrebbe cenato fuori; inutile tornare a casa, in via Peyron, per poi rifarsi tutta la strada fino al suo studio di via Mazzini. A parte il fatto che una gran fame, nell’imminenza dell’incontro, non l’avrebbe probabilmente avuta. E poi doveva rimetterlo un po’ in ordine, il suo studio, renderlo un po’ più presentabile. Sebbene - sogghignò15 - non fosse il caso di formalizzarsi troppo. Perché o veniva, o non veniva. E se veniva... Risentì come una musica la voce che diceva: «Va bene. Sarò lì tra le dieci e le dieci e mezzo». ******** Nella lunga stanza di Anna Carla il sole del pomeriggio entrava dalla porta-finestra aperta in fondo, sullo stretto balcone e sulla piazza. Ma dietro le tende di lana, anche le finestre alte e grigie sulla via Cavour erano aperte. Era rimasta aperta anche la porta del bagno. Accanto al letto disfatto, il piccolo telefono verde oliva smise di suonare, mentre da lontano la stridula voce di Benito gridava qualcosa a un’altra derivazione. Poi Maria venne a bussare chiamando: - Signora? Entrò e fece una smorfia vedendo il letto e il bagno da riordinare. - Non c’è! - urlò verso il corridoio. Passò nel bagno, torva, per cambiare accappatoio e asciugamani. Ma il resto della stanza appariva perfettamente in ordine. I mobili erano chiusi e nessun indumento era rimasto intorno, salvo le pantofole verso i piedi del letto, e un piccolo scialle lasciato sulla spalliera d’una seggiola. Questa seggiola apparteneva, del resto, al tavolino sistemato di sbieco a destra della porta-finestra, e che formava, in quell’angolo, con due poltrone e un basso scaffale dal piano di marmo, lo studiolo di Anna Carla: dove le domestiche non dovevano toccare nulla. Il divano nell’angolo opposto non era invece compreso nello studiolo, sebbene fosse qui, più spesso che al tavolino, che Anna Carla veniva a leggere, a sentire i suoi dischi, o a scrivere le sue lettere. I cuscini erano da rassettare16, infatti, e il portacenere sul tappeto era da vuotare. Dal tappeto c’era anche da raccogliere un blocco di carta da lettere azzurra, ormai molto assottigliato, con

In italiano familiare ‘fregarsi’ significa ‘danneggiarsi, rovinarsi’. Umido, bagnato sulla superficie 15 Il verbo sogghignare deriva dal ‘sogghigno’, che è un sorriso astioso, maligno o amaro. Si traduce in portoghese con ‘zombar com risotas’. 13 14

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una biro gialla infilata di traverso, e c’era inoltre da vuotare il cestino della carta, pieno di fogli appallottolati. Maria si chinò, sbuffando, per riversare intanto nel cestino il contenuto del portacenere. Poi, vista la lunghezza dei mozziconi schiacciati, gridò verso la porta aperta: - Di’! - Cosa? - Se le vuoi vientele a prendere! - Ma cosa? - E vieni qui, no? Raccolse il blocco e si sedette sul divano a gambe larghe, già esausta. Quando il marito arrivò gl’indicò il portacenere in terra. - Ah, - disse Benito, ispezionando - qui c’è passato un pacchetto sano, e sono quasi intere. - Si diede a pescare le sigarette appena cominciate, cercando via via di restaurarle. - Cristo però, come le ha ridotte. Si vede che aveva i nervi. - Restò accoccolato, col mucchio dei ricuperi nel palmo, guardando la moglie che si faceva vento con la carta da lettere. - Be’, - concluse, - sempre comodo fanno. - Eh sì, tu consolati con le cicche, - sospirò Maria. Smise di ventolarsi, e si alzò con un grugnito rabbioso per andare a rifare il letto, lasciando il blocco sul divano. - Ma dico io dove sta scritto, - ringhiò rimboccando le lenzuola alla meglio, - che adesso devo fargli la camera due volte al giorno. Gliela rifaccia quel cornuto del marito, se non dormono nemmeno insieme. - Ma questo Massimo chi sarebbe? - chiese Benito dal divano. Quello di Ivrea? - No, quello è quell’altro. Massimo è quello che c’era a cena ieri sera. Quel Campi che si telefonano tutti i momenti... Ma perché? - «Massimo, senti: se sono tanto cretina...» - citò Benito. - Ma che dici? - E dico quello che sta scritto qui. - Ah, - disse Maria, interessata - allora hanno litigato. Che altro dice? - Niente. - Come, niente? - Niente. E’ finito qui, non ha scritto altro. Glielo sarà andata a dire a voce. - E già, a letto, - sibilò sprezzante Maria. - Più sono giovani e più sono mignotte. S’accorse di aver messo il copriletto a rovescio, ma decise che

andava benissimo anche così. Con un calcio fortunato che le risparmiò di chinarsi, riuscì a spedire entrambe le pantofole sotto il tavolino da notte. Ecco fatto. - Ehi, - disse Benito, - senti quest’altra: «Caro Massimo, ti ho sempre saputo capace di qualsiasi bassezza, ma permettimi di dirti che quella di ieri sera è stata la più...». - La più cosa? - sollecitò Maria con impazienza. - Non dice. - Come, non dice? - Anche questa finisce qui. Era nel cestino. Aspetta che guardo le altre. Ce n’è pieno. Accese uno dei mozziconi, posando gli altri sulla cassapanca, e si mise a spiegare i fogli appallottolati. Maria si sedette pesantemente sul letto. - Qui dice: «Caro Massimo, manteniamoci almeno su un piano di buona educazione. Io a Boston,» e poi è finito... Qui dice: «Massimo caro», ma il caro è cancellato e non c’è altro... Qui invece dice: «Massimo, io a Boston non ci sono mai stata e non so se ci metterò mai piede. Ma per quanto riguarda la mia associazione con l’architetto...». - Che architetto? - Non lo dice... Ah ecco, lo dice in quest’altra: «Caro Massimo, indipendentemente dal resto, io dell’architetto Garrone...». Ma chi è? Tu lo sai? - No. È finito? - No, continua: «... io dell’architetto Garrone ne ho abbastanza. Tutti i giorni è troppo. Omicidio abituale o no...». - Omicidio? - Sì: «omicidio abi...». No: «omicidio ni...». Ah: «omicidio rituale». - E’ matta. - «Omicidio rituale o no, facciamolo fuori sul serio una buona volta. Ci guadagneremo tutti e due.» - E poi? - E poi basta. Non ce n’è più. Maria ci stette un po’ a pensare. - E’ matta. Sono matti, - concluse un po’ delusa. - Dai, vieni, che adesso rientra la francese con la bambina. Non ci facciamo trovare qui da quella gattamorta17 . Si alzò laboriosamente mentre suo marito, raccolti i mozziconi18 nell’ultimo foglio che aveva letto, ne faceva un pacchetto e se lo metteva in tasca.

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Mettere a posto. Persona che, sotto un’apparenza tranquilla e ingenua, nasconde un’indole aspra e aggressiva o una disposizione d’animo malevola. Di solito si usa con il verbo ‘fare’. 18 Sono il resto delle sigarette, ossia ‘guimbas’. 16 17

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ITALIA, INIZIO 2005. LA PACE ALLE FINESTRE l governo di Silvio Berlusconi sta giungendo alla fine dei suoi cinque anni, registrando un notevole calo di consensi. Particolarmente pesante, dopo il risultato alle elezioni europee, è quello delle elezioni regionali di aprile. Il partito del premier, Forza Italia, è pesantemente sanzionato, scendendo spesso al di sotto del 20%; mentre si affaccia con notevole successo la nuova Unione di centrosinistra. Piero Marrazzo (un altro volto televisivo, popolare per la conduzione della trasmissione Mi manda Rai Tre) batte il favorito governatore del Lazio Francesco Storace. In Puglia, a sorpresa, vince Nichi Vendola, di Rifondazione Comunista, in Piemonte Mercedes Bresso batte Enzo Ghigo. In generale il voto locale in tutta Italia premia il centrosinistra e lascia prevedere un successo alle elezioni del prossimo anno. A causa dei risultati, il governo Berlusconi procede a un rimpasto, pur senza cambiare la linea politica. I cambiamenti più importanti sono il ritorno di Giulio Tremonti come

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Francesco Storace

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vicepresidente del Consiglio e la nomina di Francesco Storace a ministro della Sanità. Altri temi però si stanno affacciando nella società italiana. BAGHDAD, 4 MARZO 2005. GIULIANA SGRENA E NICOLA CALIPARI Giuliana Sgrena, 57 anni, giornalista del quotidiano il Manifesto fin dalla sua fondazione nel 1968, inviata da decenni nel mondo islamico, viene rapita in pieno giorno a Baghdad, il 4 febbraio. Presto i suoi sequestratori diffondono, come d’abitudine, un video con la prigioniera e le loro richieste: il ritiro del contingente italiano dall’Iraq. Il Manifesto ottiene una vastissima solidarietà, richiesta con grande coraggio in primo luogo dal compagno della rapita Pierluigi Scolari e il 19 gennaio a Roma mezzo milione di manifestanti si ritrova per chiedere la liberazione della Sgrena e un intervento del governo che la faciliti. Il 4 marzo, mentre i telespettatori aspettano l’annuale Festival di Sanremo in pochi minuti il telegiornale da due notizie. Una è buona: l’ostaggio è stato liberato dai nostri servizi segreti e sta giungendo all’aeroporto della capitale ira­chena. Subito dopo, però, arrivano le prime e confuse notizie tragiche: c’è stato nella fase terminale della liberazione, un conflitto a fuoco. Giuliana Sgrena è gravemente ferita e Nicola Calipari, 52 anni, il dirigente del Sismi che ha condotto l’operazione, è stato ucciso dal «fuoco amico» delle truppe americane. Il giorno dopo l’aereo con a bordo la giornalista atterra a Roma: è stato Calipari, seduto sul sedile posteriore, che buttandosi sul suo corpo l’ha salvata, ma non ha impe­dito che un proiettile le colpisse un polmone. Nelle ore e nei giorni successivi si apprendono i dettagli dell’operazione. Nicola Calipari, numero due del Sismi dopo una carriera di vent’anni nella po­lizia di Stato, è arrivato con un maggiore del Sismi all’aeroporto di Baghdad dopo essere già intervenuto nei mesi scorsi per la liberazione di Simona Tor­retta e Simona Pari. I due hanno affittato una Toyota Corolla e si sono reca­ti con questa all’appuntamento con i mediatori del riscatto, dove hanno preso in consegna Giuliana Sgrena. Senza particolari conoscenze della città, sotto un diluvio, orientandosi grazie agli alti edifici, hanno imboccato la strada che por­ta all’aeroporto, considerata il tratto di asfalto più pericoloso al mondo. A un chilometro dal check point finale, l’auto non si è fermata a

Giuliana Sgrena un segnale lumino­so e il marine americano di origine italiana, Mario Lozano, ha sparato a raffi­ ca. Calipari non aveva avvertito nessuno - specie l’intelligence Usa - della sua missione, sapendo Washington contraria alla pratica italiana di pagare per ri­scattare gli ostaggi. La tragedia ha un aspetto «italiano» perché l’ultima fase della corsa verso l’ae­roporto è stata seguita in diretta da Palazzo Chigi, dove il capo del Sismi, Nicolò Pollari e il capo del governo Silvio Berlusconi hanno potuto ascoltare la telefo­nata dal cellulare di Calipari che annunciava di essere a un passo dallo scopo. L’idea di poter arrivare a dare la buona notizia ai telespettatori italiani in diret­ta è uno dei tanti motivi della fretta e del massimo riserbo. Nicola Calipari è stato insignito della medaglia d’oro al valor militare. Sua moglie sarà eletta nel 2006 senatrice nell’Unione, ed è attualmente senatri­ce per il Partito democratico. La Magistratura italiana ha incriminato il mari­ne Mario Lozano, che però gode di protezione giuridica da parte degli Stati Uniti, così come era successo per gli aviatori colpevoli della strage del Cer­mis nel 1998. Marco Mancini, l’altro numero due del Sismi, che

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storia italiana

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Liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio. Casa editrice Il Saggiatore.

si vede in una famosa foto­grafia aiutare Giuliana Sgrena a scendere dall’aereo arrivato a Roma, sarà arrestato nel dicembre del 2006 insieme a Giuliano Tavaroli per la vicenda dello spionaggio Telecom. CITTÀ DEL VATICANO, 2 APRILE 2005. LA MORTE DI PAPA GIOVANNI PAOLO II Il portavoce vaticano Joaquin Navarro-Valls annuncia che alle 21.37 è morto Giovanni Paolo II. Il papa ha 84 anni e da molto tempo è affetto dal morbo di Parkinson, contro il quale ha lottato strenuamente, mantenendo gli impegni della sua vita pubblica. Negli ultimi mesi ha destato commozione il suo eviden­te dolore fisico. Karol Wojtyla è stato il primo papa slavo nella storia della Chiesa cattolica e il suo pontificato è stato il terzo per longevità. La sua figura emerge come quella di un «colosso» del Novecento, il patriota polacco che ha sfidato il comunismo sovietico e ha aperto, con la ribellione operaia di Solidarnosc, la fase finale del comunismo reale. Dotato di grande carisma ed energia (ha compiuto più di cento viaggi per il mondo, sempre acclamato da grandi folle), è sopravvissuto all’attentato di Ali Agca nel 1981 in San Pietro e si è convinto che la sua vita sia stata salvata da un intervento miracoloso della Madonna, peraltro profetizzato nel 1917 a Fatima. Nella storia della Chiesa è stato il papa che ha combattuto la teologia della liberazione, la corrente cattolica sudamericana alla ricerca di punti di contatto con il marxismo; ha beatificato e canonizzato più persone di ogni altro pontefice; è stato un feroce oppositore dell’aborto; ha dovuto affrontare lo scandalo della pedofilia dei sacerdoti, vescovi e cardinali delle diocesi del Nord America e l’avanzata delle correnti evangeliche in Sud America e in Africa. In Italia è entrato in Parlamento (14 novembre 2002) per sollecitare provvedimenti a favore dei detenuti e nel 1993 ha lanciato un anatema da Agrigento contro la mafia. Tra i vari paesi visitati c’è anche Cuba, dove è stato accolto da Fidel Castro, il comunista che lo batte in longevità. L’incontro è cordialissimo: Castro è cattolico e ha stu­diato all’Avana dai gesuiti; una storica copertina del settimanale The New Yorker mostra in un disegno i due vecchi in sedia a sdraio mentre sorseggiano un daiquiri davanti a un tramonto caraibico. Lo stesso Castro, nel momento della sua morte, ha lodato il papa che è stato «dalla parte degli oppressi». Le testimonianze ­a suo favore vengono peraltro da tutti i potenti della terra. Ai funerali, fissati per le 10 di mattina dell’8 aprile in San Pietro partecipa più di un milione di persone. Nonostante siano tempi di fortissimi allarmi per attentati islamici, l’organizzazione che

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Il Papa Giovanni Paolo II morto il 2 aprile 2005.

Benedetto XVI è eletto il nuovo Papa. Roma fornisce è impeccabile. La bara in legno di cipresso è esposta al pubblico. Sopra di essa è posto un vangelo aperto di cui, a un certo punto, il vento volterà le pagine. Dalla folla partono folate di applausi che durano molti minuti e viene scandito lo slogan «Santo subito!». CITTÀ DEL VATICANO, CAPPELLA SISTINA, 18-19 APRILE 2005. «HABEMUS PAPAM» Sono le 16.33 del 18 aprile e 115 cardinali si dispongono nei sei grandi tavoli si­stemati ai lati della Cappella Sistina. Bisogna decidere chi sarà il 265° papa del­la Chiesa cattolica. I vaticanisti sono con-

vinti che i due cardinali in lizza siano Carlo Maria Martini e Joseph Ratzinger. Al primo scrutinio Ratzinger prende 47 voti, ma per essere eletto ha bisogno di ottenerne almeno altri 30. Martini pren­de 9 voti mentre il cardinale argentino Jorge Mario Bergoglio, che è meno rigido degli altri sui temi di etica sessuale («Vogliono mettere il mondo in un preserva­tivo» dice rivolgendosi ad alcuni collaboratori di Wojtyla) ne guadagna 10. Ot­tengono voti anche Ruini (6) e Sodano (4). Alle 20.30 si va a cena. I cardinali stabiliscono le linee guida per il prossimo scrutinio. Gli amici del cardinal Ruini fanno sapere che riverseranno quei voti su Ratzinger, il fronte opposto decide

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di puntare su Bergoglio. Poi si va a dormire. Il giorno dopo, le votazioni iniziano alle 9.30. Ratzinger guadagna 18 voti (6 sono quelli di Ruini, 12 degli indecisi del primo scrutinio): è a 65 voti, ne mancano ancora 12. Bergoglio arriva a 35: a lui confluiscono i voti di Mar­tini (che è ora a zero) e quelli di 16 cardinali che la sera precedente avevano disperso il loro voto. Alle 11 si procede col secondo scrutinio e Ratzinger sa­le a 72 (Bergoglio a 40). 5ul fronte di Bergoglio inizia a farsi spazio un cau­to ottimismo. Martini pensa di chiedere un cambiamento di candidati per il giorno seguente, nel caso in cui anche le due prossime votazioni del pome­riggio si concludessero con un nulla di fatto. Propone il nome di José Saraiva Martins. Ma all’elezione del pomeriggio c’è uno spostamento di voti: Ratzinger ne prende 84, Bergoglio 26. Nella Sistina c’è un grande silenzio, poi un forte applauso. Il nuovo papa è Joseph Alois Ratzinger, 78 anni, tedesco, che prenderà il nome di Benedetto XVI. Alle 17.56 dal comignolo della Cappella Sistina spunta la fumata bianca. Mezz’ora dopo, il cardinale Jorge Arturo Medina Estévez si affaccia dal balcone della loggia centrale della basilica: «Habemus papam». PAPA RATZINGER. UNA BIOGRAFIA MOLTO DIVERSA. La biografia del nuovo papa è molto diversa da quella del precedente. Figlio di un commissario della gendarmeria e di una cuoca della bassa Baviera, a 14 anni fu arruolato per legge nella gioventù hitleriana come «membro forzato». Venne poi assegnato, a Monaco, in un reparto di artiglieria contraerea che difendeva gli stabilimenti automobilistici della Bmw, poi allo scavo di trincee, poi insieme a gruppi di coetanei, a marciare in divisa per le strade di alcune città tedesche ­cantando inni nazisti per sollevare il morale della popolazione. Nell’aprile 1945 venne recluso dagli alleati per alcune settimane come prigioniero di guerra vicino a Ulma, e rilasciato il 19 giugno. Nominato sacerdote insieme al fratello Georg nel 1951. Teologo, nel 1981 Papa Giovanni Paolo II lo nomina prefetto della Congregazione per la dottrina della fede, ovvero il buon vecchio Sant’Uffizio, carica che manterrà fino all’elezione al soglio pontificio. All’annuncio della sua nomina, la stampa inglese affonda il sarcasmo sulla sua gioventù hitleriana. In Italia il quotidiano il Manifesto esce con una delle sue brillanti copertine: «Il pastore tedesco», accusato di essere offensivo. In generale tutto i­l mondo interpreta la sua elezione come una scelta di conservazione del Vaticano. Il fratello Georg, parroco a Ratisbona, intervistato dopo l’evento, dice: «Ma che cosa hanno fatto? Ma non sanno che è molto malato?». ITALIA, 12-13 GIUGNO 2005. I REFERENDUM SULLA FECONDAZIONE ASSISTITA, LA VITTORIA DEL CARDINALE CAMILLO RUINI. Per la domenica e il lunedì sono fissati quat-

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Il Cardinale Camillo Ruini. tro referendum sulla fecondazione assistita per l’abrogazione di alcune parti della legge 40. Sono promossi dall’Associazione Luca Coscioni, dai Ds ecc. I primi tre quesiti riguardano la ricerca scientifica e la tutela della salute della donna. Si chiede di permettere l’utilizzo di cellule staminali embriona­li a fini di ricerca medica; nel quesito due si chiede di permettere alle coppie portatrici di gravi malattie genetiche come la fibrosi cistica o la beta talasse­mia, di poter avere una diagnosi genetica prima dell’inizio della gravidanza per poter decidere se proseguirla o meno; il terzo quesito chiede di tutelare maggiormente la donna in gravidanza in presenza di malformazioni del feto; il quarto, sulla cosiddetta «fecondazione eterologa», chiede che sia permesso a una coppia sterile di utilizzare spermatozoi o ovociti estranei al­la coppia stessa. Molte di queste pratiche sono già utilizzate dalle donne e dalle coppie italiane o sono permesse e attuate nelle cliniche europee; le potenzialità delle cellule staminali per la terapia di importanti malattie sono la principale speranza medi­ca del 2000. Ma la Chiesa cattolica, a opera del cardinale Camillo Ruini, oppone un netto rifiuto. LA POSIZIONE VATICANA. La posizione del Vaticano non accetta compromessi: fin dalla primissima fase del concepimento, l’embrione che si forma è un essere umano a tutti gli effetti e ha gli stessi diritti di un adulto; manipolarlo per usi impropri è un delitto. La certezza di tale posizione non viene dalla convinzione religiosa, ma dalla scien­za, che ha dimostrato come il patrimonio genetico (il Dna) nell’embrione sia presente fin dall’inizio, informandone la vita futura e la personalità. Questa sco­perta scientifica supera le antiche credenze della Chiesa che, con san Tommaso, sosteneva che si può parlare del feto come di un essere umano formato solo dopo sei mesi di gravidanza. Per quanto riguarda

la fecondazione eterologa, essa è inammissibile, in quanto mina alle basi il concetto di famiglia. E qui la questione diventa una bizzarria teologica, in quanto Maria, secondo le Sacre scritture, è stata inseminata dallo Spirito Santo e non dallo sposo Giuseppe. Per dogma della Chiesa, poi, la stessa Maria non è nata da una congiunzione carnale, ma anche lei per opera dello Spirito Santo, in una «immacolata concezione». Il dogma cattolico è stato proclamato da papa Pio IX 1’8 dicembre 1854 con la bolla Ineffabilis Deus e sancisce che la vergine Maria è stata preservata dal peccato originale fin dal primo istante del suo concepimento. Un affare davvero complicato, ma allo stesso tempo una questione tutta domestica. Il mondo protestante ne è, fortunatamente, estraneo. E così la teologia ebraica e quella islamica. I GIORNI DEL REFERENDUM Il cardinale Camillo Ruini, nato a Sassuolo, in provincia di Modena, nel 1931, guida dal 1991 la Conferenza episcopale italiana, a capo della quale si adopera per limitare fortemente l’associazionismo cattolico in favore di un’ aderenza maggiore alle scelte vaticane. Molto magro, cresciuto in terra comunista pasciuta, che il cardinale di Bo!ogna Biffi ha chiamato di «disperata sazietà», Ruini è un quadro vivente del pittore El Greco: la sua faccia, la sua postura, il dolce movimento dell­e mani esprimono potere, paternità, un’eleganza rarefatta e nello stesso tempo terribile, un nascosto senso dell’ironia. Si dimostra anche un fine stratega politico; di fronte ai referendum laici che minano il potere della Chiesa cattolica, Ruini invita gli italiani, semplicemente, a non andare a votare. Non era successo con il divorzio o con l’aborto, ma succede ora. Il suo appello ha un grande successo tra i partiti politici italiani, ma trova un ost­acolo in Romano Prodi: dichiarandosi un «cattolico adulto», il nuovo candidato in pectore

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a guidare il governo italiano annuncia che andrà alle urne. Nasce una spaccatura che a Prodi costerà cara. I risultati delle urne danno ragione al cardinale. È andato a votare appena il 25 % degli italiani, la percentuale più bas­sa mai registrata in un referendum. Non si è visto ai seggi né un prete, né una suora in tutta Italia. L’appello del cardinale ha avuto un successo colossale, l’Italia si è dimostrata del tutto disinteressata ai temi della ricerca scientifica, mentre si era appassionata tanto a un guaritore del cancro pochi anni prima. Per curiosità statistica, gli abitanti di Vibo Valentia in Calabria si sono presentati ai seggi solo nella misura del 10,7 %. Mentre il quorum del 50% previsto dalla legge è stato superato solo nel paese di Belforte, in provincia di Alessandria. In tutto 435 persone. Che forse non sono informate, o forse sono degli eretici. La campagna antirefendaria ha infatti usato simbologie pesanti: omicidi per chi fosse andato a votare, hitleriani per i programmi di eugenetica cui la vittoria del referendem apriva le porte. Il cardinale Ruini sa di poter influire sul voto italiano come ­mai era successo prima in Vaticano. E in Italia, naturalmente. ITALIA 2005. I NUOVI CONDOTTIERI. Vent’anni fa il mondo lodava i «condottieri» di un’Italia nuova. Imprenditori che si promettevano di svecchiare la penisola: nella fabbricazione di automobili, nell’industria agroalimentare, con visioni finanziarie europee, nel mondo nuovo della televisione commerciale. Il vento si è infranto contro di loro, per velleità, cattiva sorte o anagrafe. Ne è rimasto uno, che fa insieme l’imprenditore e il presidente del Consiglio. Ma essendo l’Italia un paese ricco di inventiva, di capitali e con

Danilo Coppola

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Stefano Ricucci e Anna Falchi. un alto livello di consumi, ecco comparire una nuova generazione, che qui vi andiamo a presentare nella ­sua, breve, parabola; e che, per fortuna sua e anche nostra, ha anticipato la grande crisi mondiale dei mutui immobiliari; il suo tramonto l’ha messa in condizione di non nuocere troppo. ARGENTARIO, 2 LUGLIO 2005. IL MATRIMONIO DI STEFANO RICUCCI Lo sposo non è sexy, la sposa sì. Stefano Ricucci, 43 anni, porta all’altare la fa­mosa soubrette Anna Falchi e dà una grande festa. In rada sono convenuti molti yacht e intrattenitore della serata è il comico Giorgio Panariello, che ha sempre vantato un cuore che batte per Rifondazione comunista. Agli ospiti che scen­dono dai velieri con il tender, dedica la strofa cantata da Elvis

Presley: «Love me tender, love me sweet ...». Lo sposo ha una storia che fa invidia a quella di Silvio Berlusconi: romano, figlio di un conducente dell’Atac, odontotecnico, ha scoperto di avere il bernoc­colo degli affari e oggi detiene, a sua detta, un patrimonio di due miliardi di eu­ro, quote importanti in importanti banche e circa il 20% del Corriere della Sera, una percentuale che lo potrebbe vedere presto padrone del giornale. I due spo­si ci tengono anche alla cultura. Stefano è diventato doctor in economy presso la Clayton University di San Marino (con base a Hong Kong); Anna è dottoressa in Lettere, con una tesi su Pasolini. L’università fornisce i diplomi, senza valo­re legale in Italia, a prezzi variabili tra i 7mila e i 12mila euro. È rimasto un po’ «grezzo», come dicono a Roma, ma alcune definizioni a pro­posito del capitalismo italiano sono fulminanti: ascoltato per telefono, almeno due battute passano alla storia dell’epoca: «Ma che stamo a fa’, i furbetti del quartieri­no?» e, ancora più icastica, per definire le grandi famiglie del Nord che pretendono di governare l’Italia non mettendo una lira: «Facile fa’ i froci col culo degli altri». Stefano Ricucci è un immobiliarista: compra e vende case in un mercato che è diventato spaventosamente ricco. Negli ultimi cinque anni il valore delle abi­tazioni è aumentato, secondo le stime di Nomisma, del 65%; quello dei negozi del 57%; quello degli uffici del 59%. In più la provvidenziale legge del ministro Tremonti, detta dello «scudo fiscale», ha permesso il ritorno in Italia dei capita­li esportati illegalmente, con garanzia dell’anonimato e solo una piccola tassa da pagare. E quella massa di denaro ritornata si avvia verso il mattone. Ricucci verrà arrestato il 18 aprile 2006, accusato di aggiotaggio e bancarotta frau­dolenta. Uscirà dal carcere il 13 luglio successivo. Anna Falchi chiederà il divorzio. Il 19 gennaio il Tribunale di Roma decreterà il fallimento della Magiste Intemational, la sua società finanziaria. E infine, il 28 dicembre 2007 Ricucci verserà 25,6 milioni di euro all’erario italiano per salvare le sue posizioni per gli anni 2001-2005. ROMA, ESTATE 2005. IL TAGLIO DI CAPELLI DI DANILO COPPOLA. Danilo Coppola, 38 anni, nato a Roma, in borgata Finocchio, è la dimostrazione di come l’Italia premi l’intraprendenza. Come Ricucci, si è specializzato nel mercato immobiliare e la sua carriera finanziaria è stata fulminea. Ha comprato il Grand Hotel di Rimini (quello di Amarcord di Fellini), l’hotel Cicerone di Roma, la Ipi che possiede addirittura il Lingotto di Torino; sfoggia una Ferrari e una Aston Martin, riceve gli ospiti in una lussuosa sede a Roma. Conta su più di 700 collaboratori. Ma la cosa più sorprendente è che è arrivato a possedere il 5 % delle azioni di Mediobanca, il famoso centro di potere fondato da Enrico Cuccia, che mai si sarebbe aspettato di vedere arrivare nella sua sede un immobiliaristafinanziere sconosciuto e soprattutto con una

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acconciatura improponibile. Danilo Coppola infatti sfoggia una capigliatura, arte ­del suo barbiere di quartiere, che propone capelli di corta-media lunghezza davanti, ma una grande coda vaporosa sulla nuca, un taglio detto «a carré». Anche la sua avventura dura poco. Il 1° marzo 2007 verrà arrestato per bancarotta, riciclaggio, associazione a delinquere e appropriazione indebita. Il 23 marzo tenterà il suicidio. Il 19 novembre sarà ricoverato in ospedale per attacco cardiaco. Il 6 dicembre si allontanerà dall’ospedale, contatterà per un’intervista Sky T ­ g24, dichiarandosi vittima di una persecuzione e dopo qualche ora si riconsegnerà alla polizia. Il 9 febbraio 2009 verrà condannato dal Tribunale di Roma a sei anni per bancarotta fraudolenta. ITALIA, 2005, GIANPIERO FIORANI. IL TYRONE POWER DELLA FINANZA ITALIANA. A 46 anni, Gianpiero Fiorani è sicuramente il più affascinante banchiere italiano. Energico, brillante, assomiglia al famoso attore americano degli anni cinquanta. La sua Banca popolare di Lodi, poi diventata Banca popolare italiana, ha una nuova, bellissima sede costruita

Alessandro Piperno dall’architetto Renzo Piano. Il suo obiettivo è acquisire la banca Antonveneta di Padova, cui però mirano anche gli olandesi della Bnm Amro. Così facendo, Fiorani diventerebbe uno dei maggiori banchieri della regione più ricca d’Italia. Il 13 dicembre del 2005 Fiorani viene arrestato ma torna in libertà dopo sei mesi. Accusato di aggiotaggio e associazione a delinquere, tornerà alla ribalta per una serata (il 14 luglio 2007) al Billionaire di Briatore, in cui il banchiere sfoggerà il suo ­ancora apprezzabile fisico, ballando a torso nudo.

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ITALIA, 2005, ANTONIO FAZIO. UN GOVERNATORE DELLA BANCA D’ITALIA, MOLTO CATTOLICO. Antonio Fazio, 69 anni, di Alvito, in provincia di Frosinone, dal 1993 è il gover­natore della Banca d’Italia dopo una lunga carriera nell’istituto. Da quando è entrato in vigore l’euro, il suo potere, come quello degli altri governatori nazio­nali, è molto diminuito di fronte a quello del governatore europeo. Cattolicissi­mo, partecipa addirittura alle «messe di riparazione» per l’offesa portata al papa con la breccia di Porta Pia, convocate dall’aristocrazia papalina romana. Gian­piero Fiorani è un banchiere che gli è molto caro e con cui è in grande intimità; lo vede come artefice di una «italianità» delle banche, sottoposte all’oppressio­ ne europea. Un tema che gli sta molto a cuore. ITALIA, 2005, GIOVANNI CONSORTE. IL COMUNISTA CON IL SOGNO DI UNA BANCA. Abruzzese, nato nel 1948, ingegnere chimico, già dirigente della Lega delle co­operative, Giovanni Consorte è diventato il presidente e amministratore de­legato della Unipol, la storica società assicurativa legata al Partito comunista, che ha guidato verso grandi successi economici e finanziari. Nel 2005 ha un obiettivo: acquistare la Bnl, la Banca nazionale del lavoro, che è invece ambi­ta dai banchieri baschi del Bbva. L’immobiliarista Ricucci è un suo alleato. Il banchiere Fiorani anche. E il governatore della Banca d’Italia pure, nonostante sia così bacia pile. AUTUNNO ITALIANO, 2005. IL GRANDE FALLIMENTO DEI NUOVI CONDOTTIERI. I personaggi finora citati sono stati tutti fermati dalle inchieste giudiziarie. Ste­fano Ricucci non è riuscito a conquistare la proprietà del Corriere della Sera, che non si capiva se voleva per sé o per altri. Danilo Coppola è crollato. Giovanni Consorte si è dimesso dalla Unipol. Gianpiero Fiorani è stato arrestato. Il go­vernatore Antonio Fazio ha dato le dimissioni. Le inchieste giornalistiche e giu­diziarie hanno poi evidenziato come molte cose fossero connesse. In particolare la scalata alla Banca Antonveneta e la scalata alla Banca nazionale del lavoro; le iniziative degli immobiliaristi Ricucci e Coppola con le scalate bancarie. L’uomo politico che è risultato più «simpatetico» con tutte queste operazioni è stato il presidente del Consiglio Massimo D’Alema. I procedimenti sono ancora in corso e sono sicuramente oscurati dalla centuplicata forza della crisi economica attuale. Però

Giovanni Consorte alcuni concetti -l’italianità delle banche, la forza del mattone, il buon uso dei capitali illegali fanno parte ancora oggi della cronaca. SCRITTORI ITALIANI DEL 2005. Alessandro Piperno. Con le peggiori intenzioni. È romano dei Parioli, è professore di Letteratura francese all’Università Roma­Tre. Alessandro Piperno ha 33 anni e irrompe nel mondo della narrativa con il romanzo Con le peggiori intenzioni. Per Antonio D’Orrico è il «romanzo che fa­rà discutere e stregherà gli italiani nei prossimi mesi e probabilmente anche nei prossimi anni». Per Marina Valensise è una comédie humaine del nostro tem­po. Ma il parere non è unanime. Il Riformista definisce il romanzo «una storia di pipparoli pariolini (e olgiatari) senza particolari qualità, se non un egocentri­smo che non muore, neanche una volta superata la fase masturbatoria». Gio­vanni Pacchiano sul Sole 24 Ore si chiede: «Perché questa sensazione di noia prolungata, di fatica a proseguire nella lettura, che proviamo leggendo la prima metà del romanzo?». Il libro esce a febbraio e dopo 15 giorni le copie vendute sono 84mila (l’anno dopo si arriverà a 250mila). Il romanzo racconta, con uno stile inusuale e un’ar­chitettura intricata, la decadenza della dinastia dei Sonnino, una famiglia bor­ghese di ebrei romani, dal nonno Bepy all’io narrante Daniel: “Bepy sentì di non avere scampo diverse ore dopo aver incassato la diagnosi di tu­more alla vescica, quando tra il novero sterminato d’interrogativi agghiaccianti scelse: Potrò ancora scopare una donna o tutto finisce qui? Sebbene tale dilemma possa apparire una patologica inversione delle priorità, per lui, nell’ estremo frangente, risultò più spaven-

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toso lo spettro della compromessa mascolinità che l’orrore del nulla: forse perché nel suo immaginario impotenza e morte coincidevano, anche se la seconda era preferibile alla prima, se non altro per il conforto dell’assenza eterna”... Poi Daniel racconta i funerali di suo nonno Bepy: “Nano in abito scuro, sussurra dentro di me una voce suadente come lo speaker d’una sfilata di moda: floscio zucchetto blu notte e occhiali da sole rubati a mia madre, anche se non sono graduati, perché fanno molto «funerale americano». Sono quasi bello, studiatamente affranto nel blazer di Brooks taglia junior e con il biondo provvisorio ciuffo che mi carezza la fronte. L’intramontabile rabbino Perugia dà inizio al rito senza preamboli. Sembra annoiato. [...] Ma ecco avanzare, con la lentezza d’un ennesimo carro funebre, una nera Mercedes 500 fresca di autolavaggio, e fermarsi proprio all’altezza dello scuro crocchio, nella piazza antistante la tetra cappella del cimitero ebraico. Come un divo del cinema scende dall’auto Giovanni Cittadini (per gli amici Nanni), amico d’una vita di Bepy e socio truffato. [...] È sorprendente vederlo alle esequie dell’uomo indegno che - a sentire quello che la gente mormora - gli ha rubato un mucchio di soldi [...]Com’è riuscito Nanni il Magnanimo a perdonare Bepy l’Irredimibile? Non sono pochi i motivi legittimi e illegittimi di risentimento che il Magnanimo vanta nei

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confronti dell’Irredimibile: e stavolta gli affari non c’entrano e neppure la lealtà tra amici di una vita. Ci sono diverse faccende in sospeso che Nanni, con tutta la sua bonomia, non ha ancora condonato. Una su tutte: Giorgia, la sublime modista diciasse­ttenne. [...] Non deve essere stato facile per un tipo orgoglioso come lui - e così puritano - accettare l’idea che nei giorni in cui aveva appena iniziato a interrogarsi sull’opportunità d’invitarla fuori a colazione Bepy se la scopasse da oltre un mese. Una minorenne, capito che roba? Una minorenne. La mia bambina”... La fissazione di Daniel, il nipote di Bepy, è questa: “Ho bruciato l’adolescenza a trafugare collant dalle case delle mie compagne, del­le ragazze dei miei amici, delle mie zie, di mia nonna, esponendomi a più riprese al rischio di essere scoperto. La cleptomania a scopo feticista divenne una missione oltre che una dolorosa necessità vicino alla dipendenza. Ma chi sono i Sonnino? I Sonnino non sono tipi da commuoversi su Israele, non sono tipi da finanziarlo, non sono quel genere d’ebrei per cui Israele innanzitutto. Israele non è altro che una delle concrete propaggini della Memoria Ebraica da loro guardate con diffi­denza. No, i Sonnino sono dell’altro tipo: orgogliosamente affezionati al loro ufficio di sobri dispensatori di spirito critico e obiettività. Chiediamo molto a Israele. Giustizia e democrazia. Tolleranza e laici-

smo. Proprio dagli israeliani, in guerra permanente, pretendiamo un comportamento esemplare, da padri pellegrini, da ultima frontiera: inflessibilmente duri ma severamente giusti. Ma stavolta no, è sta­to impossibile trattenere l’emozione: ci siamo commossi, abbiamo sofferto, perso il sonno, tifato, temuto realmente che Israele potesse smettere di esistere, scom­parisse dalla faccia della terra, un nuovo genocidio ebraico e l’ennesimo sogno tramutato in tragedia. Abbiamo subito avuto l’impressione che stavolta le cose sa­ rebbero andate diversamente. Abbiamo compreso che lo stoicismo con cui i ge­nitori attesero di essere massacrati ha insegnato ai figli l’inderogabile necessità di combattere. Non potete capire l’orgoglio che riempie il cuore di Bepy. Incredibi­le che in una manciata di ore la piccola aviazione israeliana (cazzo, anche gli ebrei hanno un’aviazione!) abbia annientato i reattori russi, messi a disposizione degli egiziani e dei giordani, assicurandosi una supremazia aerea assoluta. E come que­gli eserciti composti per lo più da masse analfabete e demotivate abbiano ceduto di fronte a un piccolo esercito compatto e così straripante di motivazioni”. MUSICA ITALIANA DEL 2005. I BAUSTELLE, «LA GUERRA È FINITA» I Baustelle, gruppo «indie-rock» con base a Montepulciano, nel 2000 hanno in­ciso Sussidiario illustrato della giovinezza, nel 2003 La moda del lento. Quest’an­no raggiungono la notorietà con «La guerra è finita» (nell’ album La malavita, prodotto dalla Warner) che viene passata da tutte le radio. Raccontano la storia di un’adolescente che prova a fare la ribelle: «Vivere non è possibile» / lasciò un biglietto inutile, / prima di respirare il gas, / prima di collegarsi al caos, / era mia amica, / era una stronza, / aveva sedici anni appena. / Vagamente psichedelica, / la sua tshirt all’epoca, / prima di perdersi nel punk, / prima di perdersi nel crack, / si mise insieme ad un nazista / conosciu­to in una rissa ... / E nonostante le bombe vicine e la fame, / malgrado le mine, / sul foglio lasciò parole nere di vita: / «La guerra è finita, / per sempre è finita, / almeno per me!» / Emotivamente instabile, / viziata ed insensibile / il professo­re la bollò, / ed un caramba la incastrò / durante un furto all’Esselunga, / pianse e non le piacque affatto ... / E nonostante le bombe alla televisione, / malgrado le mine, / la penna sputò parole nere di vita: / «La guerra è finita, / per sempre è fi­nita, / almeno per me!» / E nonostante sua madre impazzita e suo padre, / mal­grado Belgrado, America e Bush, / con una bic profumata / da attrice bruciata: / «La guerra è finita!», / scrisse così. Il gruppo “indie-rock” I Baustelle

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e m i g r a z i o n e

“No Brasil, tudo me mar

Matteo Gennari na Galleria Vittorio Emanuele no centro de Milão - dizem que pisar nos testículos do touro, representado no chão, dá sorte...

m a t t e o

Matteo Gennari nasceu em Milão, Itália. Graduou-se em Lettere Moderne. É escritor e professor de italiano. Há oito anos, por acaso, desembarcou no Brasil. Do Rio, a força da natureza como impressão maior. Apaixonou-se pela nova terra. É casado e tem uma filha. “Italiano da gema”, considera o verão do Rio de Janeiro fantástico, gosta do bairro em que mora e adora carnaval. Dá para ser mais brasileiro?

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FD - Como foi sua vida em Milão, cidade onde nasceu? MG - Pertencia à classe média de San Donato Milanese, na periferia sul da cidade. Uma periferia rica, burguesa, a maioria dessas pessoas ligada à Enichem , indústria petroquímica em que trabalhavam nossos pais. A minha vida foi tranquila, cheia de amigos, amigas e idéias, até o ápice da minha adolescência. Depois bati de cara com a mentalidade um pouco fechada, fechada não é a palavra certa, digamos assim, não-amiga, nãocompanheira de quem tem tendências artísticas. FD - Por que o Sr. decidiu emigrar? Por que escolheu o Rio de Janeiro? Há quantos anos o Sr. vive no Rio de Janeiro? MG - Foi um acaso. Fiz uma viagem, eu já trabalhava em Milão como professor num colégio particular, tinha me formado em Letras, tinha cantado num conjunto de rock, tinha me apaixonado milhões de vezes, mas me sentia vazio. A primeira viagem para o Brasil não foi minha idéia, mas de um amigo de outra cidade. Eu o acompanhei. Ele voltou, eu não. Viajamos para a Bahia e para o Rio de Janeiro, onde eu moro há oito anos. Adorei o Brasil, o povo, as mulheres,

a música, tudo me maravilhou e me deixou uma vontade danada de conhecer melhor, mais de perto. Assim, decidi ficar e procurei trabalho. FD - O que mais o impressionou/marcou ao desembarcar no Brasil? A adaptação foi difícil? MG - O que me impressionou e ainda me impressiona é a força da natureza. É difícil ficar no Rio sem sentir a presença de Deus, digamos assim, não nos relacionamentos e na sociedade brasileira, que é muito cruel e injusta, mas na incrível força e beleza que a natureza exprime em cada detalhe, mesmo nos detalhes cruéis. Às vezes, Deus pode parecer um Diabo, e o que eu quis dizer não é propriamente “a presença de Deus”, mas “a presença do transcendente”. FD - Ao emigrar, como foram os primeiros tempos e como é, atualmente, sua vida no Rio de Janeiro? MG - Trabalhei muito e no começo por um salário baixíssimo. Trabalhei o dobro do quanto estava acostumado na Itália. Não foi difícil entrar em contato com brasileiros e brasileiras, os cariocas são abertos às novidades. Mais difícil (ou quase impossível) é ter amigos parecidos com a idéia Setembro / Outubro 11


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avilhou. Decidi ficar”.

g e n n a r i da amizade que temos na Itália. É uma questão cultural e eu entendo perfeitamente a vontade carioca de se divertir e de se encontrar para fazer alguma coisa juntos. Na Itália, acontece também de as pessoas se encontrarem só para conversar sobre a vida e os acontecimentos. Aqui é mais difícil, aqui todo mundo tem programas e coisas para fazer, lugares ou bares ou teatros ou cinemas ou academias marcados - o tempo todo. Atualmente eu trabalho como professor de italiano, sou sócio de uma sociedade de ensino que se chama Gioconda Aulas e Traduções. Trabalhamos na Barra da Tijuca e no Centro com executivos de empresas italianas. Ensinamos o idioma italiano aos brasileiros. Estamos também abrindo um curso, em parceria com a escola Dante Alighieri e a Associação Giuseppe e Anita Garibaldi. As inscrições abrirão no começo de outubro. FD - Brasil e Itália, Milão e Rio de Janeiro são realidades muito diferentes. Fale-nos um pouco sobre isso. MG - O Brasil é mais divertido, a Itália é mais séria. O italiano é mais chato, mas sabe organizar as coisas e planejar enquanto o brasileiro tem dificuldade principalmente com relação à organiSetembro / Outubro 11

zação. Milão tem um inverno de quatro meses, o Rio tem um verão fantástico. A realidade social carioca é injusta, mas está melhorando, a realidade social italiana é mais justa, mas está piorando.

influenciou muito o mundo espiritual brasileiro, principalmente, o baiano. Frequentei todo tipo de igreja, cheio de curiosidade, e o espiritismo e a macumba entraram em meus romances.

FD - Da sua terra natal, do que mais o Sr. sente falta? Do Rio de Janeiro, do Brasil, do que mais o Sr. gosta? MG - Sinto falta da organização milanesa, dos hospitais públicos, das escolas públicas da minha cidade. Do Rio, gosto da natureza, gosto do bairro onde moro, o Bairro Peixoto, em Copacabana. Gosto do natural entusiasmo dos brasileiros e do jeito único e contagiante de se divertir. Gosto muito do Carnaval.

FD - A propósito, o Sr. está lançando um romance... MG - Sim, na Itália acabou de ser publicado como E Book. E a mesma editora o lançará na versão portuguesa, em um mês. Intitula-se Mortos, amantes e funerais; é a história de uma familia italiana que vive entre Pesaro e Milão e trabalha organizando funerais. O pai e a filha descobrem de repente ter contato com o mundo do além e as vidas deles tomam rumos inesperados. O pai se torna uma espécie de médium (e os familiares o mandam para o psiquiatra) e a filha exorciza o medo com o sexo. É uma história bem brasileira (o espiritismo), mas a ambientação, o drama e o humorismo são italianos, bem como a força dos laços familiares. O titulo italiano é Morti, amanti e funerali.

FD - Como escritor, de que maneira as experiências de emigração influenciam suas obras? MG - Tornei-me um escritor aqui no Brasil. Porque levei a sério a minha vocação, porque comecei a escrever em outro idioma e aprendi a economizar as palavras, a utilizar só as palavras essenciais ou as que conhecia melhor. E depois, voltando ao italiano, também decidi, ao escrever no meu idioma, não jogar palavras fora, aprendi a dizer unicamente o que devia ser dito. E me

FD - Viver no Rio é para sempre? MG - Não sei. Mas alguma coisa me diz que sim.

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W a l l a

S t r e

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n e c e

Saul Leblon

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eduzir o tamanho do sistema financeiro tem sido uma prescrição frequente na boca de economistas não ortodoxos, quando o assunto é reverter a crise mundial e retomar o controle da economia nas mãos da sociedade. Ou, como resumem os indignados norte-americanos indo diretamente ao ponto simbólico da questão: ‘Ocupar Wall Street’. Por sua pertinência e poder de síntese a bandeira que nasceu com um acampamento singelo em Nova Iorque há menos de um mês ganhou rapidamente o foco mundial . Pode se tornar uma espécie de resposta-síntese da sociedade aos dogmas, mantras e salmos dos mercados que jogaram o mundo na maior crise do capitalismo desde 29 e insistem em aprisionar a humanidade dentro dela. ‘Ocupar Wall Street’ tem fôlego histórico para ser uma espécie de ‘pão, paz e trabalho’ do século XXI. É preciso ter em conta, porém, o tamanho da ‘ocupação necessária’. A crueza no discernimento do jogo é crucial para um movimento cujo principal legado será arguir, afrontar e transformar plataformas e programas que se propõem a superar a crise atual. Para que a mobilização persiga de fato os fundamentos de sua bandeira, será necessário

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em algum momento decodificá-la do simbolismo contundente em objetivos concretos. Não necessariamente isso ocorrerá nas assembléias da praça da Liberdade. Mas Atenas, Madrid, Lisboa, Londres, Tel Aviv, Santiago e agora Wall Street já demonstraram que só as ruas tem o calibre e a densidade necessária para derrubar ou pautar governos, refundar ou enterrar partidos, fortalecer ou descartar lideranças. A esperança do mundo é de que seja assim também nas eleições presidenciais de 2012 nos EUA , com as ruas opondo contrapesos claros ao extremismo conservador e à hesitação democrata. Se assim o fizer, ‘Ocupe Wall Street’ terá cumprido a missão de transformar a disputa sucessória de Obama no palco mundial de um embate pedagógico - que a mídia ofusca - entre os interesses devastadores dos chamados ‘livres mercados’ e as forças que buscam uma alternativa solidária, democrática, ambientalmente viável ao longo crepúsculo neoliberal. A resistência a isso, como tem experimentado na carne os indignados de Atenas, não pode ser subestimada. Hoje, 20 maiores bancos do mundo entrelaçam o mercado global formando um poder financeiro superior ao de dezenas de países e governos juntos. Dez maiores empresas gestoras de fundos de investimentos controlam US$ 17,4 trilhões – uma riqueza financeira 20% superior ao PIB dos EUA. Oito vezes o tamanho do Brasil. A desproporção pode ser resumida num dado: o orçamento da FAO, o principal organismo da ONU para cuidar da segurança alimentar e da agricultura é de US$ 1 bi. Parece muito, mas equivale a destinar um

dólar per capita/ano aos quase um bilhão de famintos existentes no mundo. É nada. Alguns países ameaçam reduzir ainda mais esse orçamento composto de contribuições internacionais. Na zona do euro a prioridade de muitos governantes, inclusive os social-democratas, tem sido cortar despesas fiscais para remunerar com juros mais altos os compradores de sua dívida. Uma tentativa pírrica de evitar que os fundos especulativos batam em retirada do mercado mas que apenas lubrifica a beira do abismo: arrocho fiscal ,como lembrou a Presidenta Dilma, gera mais recessão, com quedas proporcionais de receitas públicas que impõem novos degraus de endividamento. Sem reduzir o tamanho do setor financeiro na economia - e, portanto, seu poder discricionário sobre a política fiscal, o Estados e os partidos - fica muito difícil romper essa lógica autopropelida de submissão e sangramento. Um exemplo resume todos os demais. O fundo Pimco comanda sozinho um volume de recursos próximo ao do PIB brasileiro (US$ 1,3 tri). A diferença é que estamos falando de um canhão de liquidez giratório, desvinculado de qualquer outro compromisso exceto a rentabilidade máxima. Com a mira nesse alvo móvel, o Pimco deixou de financiar a Espanha em 2010. Abruptamente. Ao fazê-lo ergueu a bandeira da suspeição sobre a solvência do país anabolizando a fuga da manada que costuma se pautar pelo trote dos grandes mamíferos do mercado. Este ano, o Pimco, que tem como ‘CEO’ (chief executive officer) um desses heróis do capitalismo, Mohamed A. El-Erian, uma espécie de Steve Jobs da especulação com

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Por sua pertinência e poder de síntese a bandeira que nasceu com um acampamento singelo em Nova Iorque há menos de um mês ganhou rapidamente o foco mundial. Pode se tornar uma espécie de resposta-síntese da sociedade aos dogmas, mantras e salmos dos mercados que jogaram o mundo na maior crise do capitalismo desde 29 e insistem em aprisionar a humanidade dentro dela. ‘Ocupar Wall Street’ tem fôlego histórico para ser uma espécie de ‘pão, paz e trabalho’ do século XXI.

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irrepreensível folha corrida de metas de rentabilidade alcançadas, deixou de financiar bancos do euro no mercado de curto prazo. A decisão unilateral e novamente abrupta, como manda a estratégia do ‘esfole a presa e fuja primeiro’, agravou a instabilidade do combalido sistema bancário do euro. Movimentos desses gigantescos répteis especulativos funcionam como um grito de ‘fogo’ aos aplicadores, gerando quedas drásticas do valor dos bancos em bolsa e o pagamento de juros crescentes pelos governos. O epicentro da crise mundial transita assim para a explosiva fronteira bancária, onde abutres do tipo Pimco raspam os ossos antes do vôo mortal de despedida. Ensaios registrados nas últimas semanas - a quebra do banco franco-belga Dexia, por exemplo - sugerem que as exéquias de um explosivo ‘Lehman Brothers do euro’ podem estar próximas. A lenta capacidade de iniciativa das lideranças políticas do euro -colonizadas pelo poder financeiro que deveriam disciplinar e a resistência a resgates em massa sinalizam dias piores para a banca européia. Acenos do tipo ‘agora vai’ esboçados por

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Wa l l S t r e e t Sarkozy e Merkel ao final de suas incontáveis cúpulas ‘decisivas’ tem cada vez menor efeito anestésico nos mercados. É contra esse poder desproporcional e desordenado, em retirada destrutiva para lugar nenhum, que o ‘Ocupe Wall Street’ se insurge e pode cumprir um papel esclarecedor na mobilização e forças e projetos em sentido contrário. Um desafio crucial será escapar do ardil moralista que condena protagonistas mas absolve o enredo. Bancos e juros não são uma invenção do diabo, mas a essência do capitalismo. Seu papel no sistema é estratégico na mobilização e gestão dos capitais dispersos que, na forma de capital a juro, propiciam um salto de escala e qualidade ao gerar crédito e recursos para a demanda e o investimento ampliado em meios de produção. O crédito nesse processo funciona como uma antecipação do futuro para a demanda, contornando a crise de superprodução de mercadorias - mas não a de capitais, como se vê - implícita num sistema baseado na mais-valia. Portanto, estamos diante de um poder estruturado, enraizado e obstinado em sua lógica de extrema funcionalidade e contundência, unicamente controlável através da estatização pura e simples ou da submissão impositiva a regras de repressão estatal de extremo rigor e abrangência. Em resumo, o oposto da desregulação disseminada no ciclo neoliberal que degenerou as atribuições operacionais das finanças, calcificando a supremacia de um poder paralelo e supranacional. A autonomia conquistada pelo capital a juros, com o desmonte regulatório do sistema de coerção das finanças nascido na equação da crise de 29, conso-

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lidou a expansão ilimitada da liquidez, a metástase dos fundos especulativos, a hipertrofia do crédito e do endividamento (de consumidores também, mas sobretudo de Estados que renunciaram à taxação da riqueza para torná-la acionista da dívida pública a juros), os derivativos, os hedges , o carry trade, as bolsas e uma miríade de operações e circuitos do dinheiro arisco. A entropia dessa lógica vem destruindo volumes descomunais de capitais fictícios desde 2007 e mobilizando sacrifícios sociais gigantescos para salvá-los com injeções de recursos subtraído das urgências da sociedade. As bolsas mundiais perderam a bagatela de US$ 22 trilhões em 2008. Os maiores bancos franceses já perderam este ano cerca de 45% de seu valor de mercado de suas ações. Ainda assim é insuficiente para reverter um poder que não deriva apenas de sua ubiquidade econômica, mas também do enraizamento ideológico no

aparelho de Estado, na mídia --vide o jogral contra a redução dos juros no Brasil; no mundo acadêmico e no ambiente dos negócios em geral. A obsessão mórbida pela liquidez (a juros) --para emprestar a frase de Keynes-- tornou-se o valor máximo a perseguir, a contrapelo dos valores da democracia e das prioridades do desenvolvimemto. ‘Ocupar Wall Street’ tem esse sentido de uma rebelião reordenadora contra a lógica que subtrai recursos à saúde e à educação pública no Brasil; frauda o escrutínio das urnas na Espanha e corrói o emprego nos EUA e em dezenas de outras nações, regurgitando juros sobre juros numa autofagia inútil e sem controle. Mesmo em inglês, o grito que partiu da Praça da Liberdade, em Nova Iorque, encontrou empatia imediata em todos os idiomas e agruras do mundo porque fala ao sentimento intuitivo de todos os povos: é preciso enfrentar o cerne do capitalismo em nosso tempo.

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rocissões, blocos de carnaval, eventos folclóricos, são imagens assim, de coletivos humanos em festa, que nos acostumamos a ver nas fotografias de Marcio RM. As séries dos caiçaras, das festas de São Benedito e da Banda de Ipanema, entre outras, revelam um olhar que se detém, se interessa pelo outro, não para registrar friamente uma realidade visual diferente, mas para fazê-lo como resultado de um envolvimento total, que faz de fotógrafo e fotografados uma só unidade, diria, afetiva. Dono de uma curiosidade inesgotável, esse olhar nômade, faminto, perambula pelo Brasil equipado com uma disposição invejável, que parece não querer deixar nada - ou melhor, ninguém - por ser

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fotografado. Como disse Roland Barthes, “a vidência do fotógrafo não consiste em ver, mas em estar lá”. Entretanto as fotografias da série atual nos surpreendem; belas sem dúvida, perigosamente no limite do pictórico, elas desviam para outros trechos do real nossa expectativa: a ausência do humano soa como um silêncio profundo e intrigante. Obviamente, não se trataria aqui de se cobrar uma coerência que restringisse a generosidade desse olhar a um determinado campo temático, afinal a grandeza da fotografia está justamente em ter o mundo todo à sua disposição. Mesmo assim, ficamos ligeiramente perplexos: onde a algazarra, a

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festa, a percepção brilhante do momento único do clique que fixa o encontro, o beijo, o transitório, o irrepetível, para nos oferecer em imagens tão ricas quanto refinadas? Subitamente, no entanto, numa segunda mirada, o enigma se esclarece: é ainda de gente que, agora sutil, alegoricamente, essas imagens falam: são ainda presenças do humano - procissões ou indivíduos, com suas rugas e sinais de expressão - mas que aqui se apresentam como vestígios, lembranças de existências passadas suspensas no tempo, tempo silencioso das imagens fotográficas. Fecha-se então o ciclo da compreensão: pois não é e terá sido sempre esta a vocação primeira da fotografia, desde a silenciosa Paris de um Atget, passando pelo antigo costume de fotografar aqueles que haviam acabado de morrer, isto é, a tentativa de deter através da dupla distância inexorável, no tempo e no espaço, a perda, a ausência, reafirmando que “aquilo foi, estava lá” (ça y est), já que, simultaneamente, “há sempre nela esse signo imperioso de minha morte futura? Podemos concluir então: essas imagens descarnadas das fotografias da série atual de Marcio RM, em que a luz aquarela sombras sobre telas de areia em jogos rítmicos de uma plasticidade quase abstrata, espelham também a própria condição fundamental, existencial e intransferível da fotografia, aquela que reafirma a cada novo olhar: estivemos aqui. Vivemos. Vimos. E fotografamos. Ricardo Maurício*

*Ricardo Maurício Artista plástico,professor do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, mestre e doutor em História da Arte na Área de Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ.

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Deborah Costa é artista, formada pela Escola de Belas Artes. Pinta, desenha e, atualmente, cria produzindo arte sobre tecidos, com base no que aprendeu e em suas vivências artísticas. Carioca, o que “gasta” em cores e criatividade, economiza em palavras. Após uma jornada por várias técnicas, Deborah vem representando o Rio de Janeiro, pela utilização de uma técnica mista, a Patch Art. Afinada com o momento que a cidade vive, a arte da Deborah transmite a peculiaridade da técnica e a beleza do Rio.

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FD - Como o Sra. se descobriu artista plástica? DC - Desde pequena, eu me sentia pintora, mesmo antes de saber o que era pintura e de me tornar artista plástica. FD - Qual a sua formação em Artes? DC - Sou formada em pintura pela Escola de Belas Artes/UFRJ, gravura em metal (PUC/RIO), pintura e gravura na Escola de Artes Visuais (Parque Lage) com Charles Watson e Geanguido Bonfanti-Ana Bella Geiger. FD - No seu processo de formação, o que mais marcou sua alma de artista? DC - Quando do descobrimento da paixão pela pintura. FD - Quais as técnicas de que a Sra. mais se utiliza? Por que? DC - Após uma jornada por várias técnicas de trabalho, tenho feito atualmente uma técnica mista que chamo de “Patch Art”. São trabalhos em que represento o Rio de Janeiro, em tecidos. Selecionando, reciclando, empregando o brilho e o fosco, recortando, colando, criando formas, desconstruindo e construindo a paisagem. Fiz essa escolha por ter me identificado completamente com essa técnica. FD - Quais são as suas principais influências na arte de produzir arte? DC - Van Gogh, especialmente quando pintei a Mata Atlântica. Também gosto de George La Tour, Goya e Daniel Senise. FD - Que temas predominam na sua Arte? DC - A cidade, a política, o homem, a Mata Atlântica, os santos populares e, atualmente, a paisagem carioca.

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FD - As outras técnicas ficaram para trás? No momento, a prevalência é a Patch-Art? DC - Pintura, gravura em metal, desenho. Não, elas não ficaram para trás, servem de subsídios para a Patch Art. FD - Na arte de produzir, do que mais oSra. gosta de realizar? DC - Depende do momento que estou vivendo e do meu entorno. FD - Como artista, o que mais a sensibiliza em sua trajetória profissional? DC - O que estou vivenciando no momento. FD - Como o cotidiano se apropria da arte que a Sra. produz? DC - Quando o público se identifica com o meu trabalho.

Livro de cabeceira: Livro de Ouro de Saint Germain Prato preferido: Moqueca de camarão com arroz integral Local para viver: Santa Teresa - Rio de Janeiro Local para trabalhar: Santa Teresa Artistas que despontam: Daniel Senise e Lucia Laguna

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Principais mostras de que participou: Centro de Pesquisa de Arte (RJ), Galeria Contemporânea, Petrobrás, Centro Cultural Cândido Mendes, Casa de Cultura Laura Alvim, Leilão Carlos Minc (Evandro Carneiro e Soraya Cals). Coletiva na ONU/NY.

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r e f l e x ã o

Luis Maffei luis.maffei@terra.com.br

A

www.midiorama.com.br

EIKO ssim como a vida, ra: dispondo do direito as óperas imitam de decidir seu próprio tragédias gregas, mas destino, Floria Tosca não com bastantes liras se deixa executar, arrede sobra – sobra no messa-se para a morte e sentido de luxo, não promete um mui incerto de desperdício. Assim acerto de contas, diante como na vida, nas de Deus, com o sanóperas, ao menos nas guinário Scarpia. Quem grandes, o descompasainda soa em meus so é radical a ponto de ouvidos e permanece em ser movente, e nisso meus olhos no momento há mais uma vantagem final da vida da personapara as óperas, ao megem, que muitas outras nos para as grandes, vezes viverá para morrer pois nelas o descome morrerá para voltar à passo realmente move, vida, é Eiko Senda. e ninguém, nem perUm único momento: Licio Bruno e Eiko Senda em Tosca, de Puccini. sonagem nem coro, se Eiko, de costas, ergue os ilude para além da ilusão criativa do concerto. Ao contrário da braços no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e emite vida, óperas têm orquestras que têm, por sua vez, maestros; as últimas notas de sua personagem, que vai morrer, que está a vida, esta, não tem concerto, pois o único maestro de cada morrendo. vida é quem a tem, o vivente. Portanto, o único maestro de O contorno do corpo da soprano e sua voz se impõem como cada vida é o pior maestro possível, e, assim como Camões, uma espécie de verdade, ou melhor, de concerto sem concernão conheço maestro, por assim dizer, geral. to, pois, ao contrário das óperas, ao menos as grandes, vidas A ilusão criativa do concerto, pois, move, pela harmonia da não acabam puccinianamente. Mas Eiko, viva para morrer com desarmonia, pela vida das mortes anunciadas, as óperas, ao Tosca, salta, num momento único, para o que pode haver de menos as grandes. Mesmo sob a égide do tonalismo, algumas mais definitivo e frágil em minha memória, amante de coisas grandes óperas desarrumam no fundo o que se encontra arluminosamente sombrias. Eiko Senda me oferece uma das pourumado na aparência, e dão lições de justiça à, logo a quem!?, cas, humildes coisas, que peço à arte, à música, ao canto lírico, à vida, discípula frequentemente tola, que se embriaga de ao outro, aos versos: razão à minha pobre vida. O nome disso algumas horas, poucos momentos, um momento apenas. pode ser beleza, êxtase, autenticidade ou justiça. Mais adequaDesmontando a ingenuidade até aqui exposta, que separa do, porém, é chamá-lo Eiko. ópera e vida, um momento apenas numa vida que tem ópe-

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REMETENTE: Associação Anita e Giuseppe Garibaldi Av. Rio Branco, 257 sala 1414 Cep. 20040-009 Rio de Janeiro forum@forumdemocratico.org.br


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