Revista Forum Democratico

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 117-118 Ano XIII - Julho / Agosto 12 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT

E MAIS: ENTREVISTA • HISTÓRIA ITALIANA • TURISMO • CINEMA • ARTES PLÁSTICA S • FOTOGRAFIA


O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias. RIO DE JANEIRO Av. Rio Branco, 257 sala 1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

INCA INCA CGIL

SÃO PAULO (Coordenação) Rua Dr. Alfredo Elis, 68 01322-050 - São Paulo - SP Telefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236 Rua Itapura,300 cj. 608 03.310-000 - São Paulo- SP

“Patronato” da maior Confederação Sindical Italiana, a CGIL

PORTO ALEGRE Rua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RS Telefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718 BELO HORIZONTE Rua Curitiba, 705 - 7º andar 30170-120 - Belo Horizonte - MG Telefax: 0xx-31 3272-9910

http:\\www.incabrasil.org.br

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S E G U N D A

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S E X T A ,

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forum

NOSSA CAPA

D E M O C R A T I C O

A n o

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X I I I

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N

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1 1 7 - 1 1 8

-

agenda cultural

J u l h o / A g o s t o

16

2 0 1 2

encarte

05 Os melhores eventos estão aqui.

16 “Le lacrime del kamikaze”, di Gianni Solla.

06

22

editorial

06 Brasil: o xadrez das eleições municipais.

08

comunità

Italia

Storia italiana 22 Gli italiani di Bexiga: calabresi a São Paulo, 1870-1930. Emigrazione

08 Brasitalia: A tutto vapore l’organizzazione dell’evento.

28 Piergiorgio Pastonesi: O que fez Pigio emigrar, a vida no Rio de Janeiro, a Itália.

08 Congiuntura Brasile.

Marisa Oliveira

09 Congiuntura Italia.

30

10 Pietro Grasso presenta il suo libro “Liberi tutti. Lettera a un ragazzo che non vuole morire di mafia”. 10 Cittadinanza onoraria a José Graziano da Silva. 10 Rio de Janeiro: Dia 2 de junho vira data comemorativa da Proclamação da República Italiana.

11

gastronomia

11 Risoto de salmão com mascarpone.

12

turismo

12 Gramado: Pequenina Notável. Marisa Oliveira

14

cultura

Literatura 14 “O filho de mil homens”, de Valter Hugo Mãe e “Prisioneiro do Mundo”, de Nelson Sargento.

15

às compras

15 Aproveite nossas sugestões imperdíveis.

Brasil

30 Eduardo Paes: Eleições Municipais – Muitos e novos desafios. Marisa Oliveira

33

cultura

Especial 33 Brasitalia 2011 em imagens. Fotografia 36 “Route US 66”, ensaio de Roberto Gomes. Artes Plásticas 40 Edmilson Nunes, “A arte colorida dos cotidianos”. Marisa Oliveira

Artes 44 Arte e Consumo. Vicente de Percia

Crônica 45 Veneza, a cidade-água. Ivan Alves Filho

Reflexão 46 Nem 8 Nem 80, Nelson Sargento 88. Luis Maffei

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www.forumdemocratico.org.br

Criação: Tiago Morena/Sambacine


expediente

Nota do Editor Artes e mais artes... obras de arte!

La rivista Forum Democratico è una pubblicazione dell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.

INÍCIO do segundo semestre. Logo, logo o Brasil terá notícias do julgamento do “mensalão”, em um momento em que o primeiro semestre fechou com novos escândalos envolvendo bicheiros e políticos. Enquanto isso, a corrida para os cargos municipais começou e a Forum Democratico traz uma entrevista com o candidato à reeleição ao cargo de prefeito

Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória). Direttore di redazione Andrea Lanzi Giornalista Responsabile Luiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)

da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (Entrevista Brasil). Três exposições marcantes são destaque da Agenda Cultural: Tutto Fellini, fotografias, desenhos, revistas, cartazes; Um olhar sobre O Cruzeiro, que traz registros fotográficos de diversos profissionais que trabalharam para a revista O Cruzeiro na sua época de maior representatividade 1940 – 1950; obras de dois artistas, Raphael Domingues e Emygdio de Barros, vinculados às propostas terapêuticas da psiquiatra Nise da Silveira,

Redazione Avenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ forum@forumdemocratico.org.br

cujos trabalhos deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente.

Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934

e o outro carioca da gema, se valem da língua portuguesa para criarem suas obras de arte

Revisione di testo (portoghese) Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador.

atento, nos revela do que são revestidos os 88 anos desse grande artista.

Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Ivan Alves Filho, Vicente de Percia.

Em matéria de artes e artistas, a presente edição é pródiga: Edmilson Nunes apresenta suas obras repletas de cores e brilhos (Artes Plásticas), enquanto Valter Hugo Mãe e Nelson Sargento, um angolano (Literatura). E por falar em Nelson Sargento, Luis Maffei, com um olhar muito especial e Lindas paisagens brasileiras, no coração da serra gaúcha, coloridas por povos que emigraram de Portugal, da Alemanha e da Itália e se misturaram aos gaúchos, somadas às temperaturas amenas e muitos eventos, tornam Gramado um dos destinos mais procurados entre os turistas eventuais e os viajantes de carteirinha. (Turismo).

Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença

E, por favor, vale a pena conhecer o motivo pelo qual

Stampa: Gráfica Opção

Piergiorgio Pastonesi decidiu permanecer na cidade do Rio de

Copertina: Tiago Morena

Janeiro (Emigração, Parte II).

Impaginazione: Tiago Morena Patrícia Freitas Sambacine Produções Ana Maria Moura Dados internacionais de catalogação na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Forum Democratico/ Associazione per

Carta do leitor

l’insterscambio culturale italo-brasiliano Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar. 1999) - Rio de Janeiro: A Associazione, 1999 - v. Mensal. - Texto em português e italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália - Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione per l’interscambio culturale italo-brasiliano, Anita e Giuseppe Garibaldi. CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

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f o r u mD E M O C R A T I C O

“Quero registrar a satisfação ao me deparar, na edição Maio Junho, com a entrevista com o menino Felix Finkbeiner. Ele é quem os adultos deveriam querer ser quando crescer. Simples, direto, eficiente. Sem políticas nem politicagens. Merece ainda elogios a dica de literatura Aquela água toda. Endosso as palavras da Marisa Oliveira.” Adriana Lopes, por email, em 07/07/2012.

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TEATRO

agenda cultural

À Primeira Vista

EXPOSIÇÃO Tutto Fellini

Crédito: Foto Divulgação Factoria

Estrelada por Drica Moraes e Mariana Lima, À primeira vista, em reestreia, fala de encontros, desencontros e reencontros e, fundamentalmente, trata da amizade entre duas mulheres. O texto é do canadense Daniel Maclvor e a direção de Enrique Diaz. Nova oportunidade para quem não assistiu à peça durante a primeira temporada. Direção: Enrique Diaz, Cenografia: Marcos Chaves, Figurinos: Antônio Medeiros, Iluminação: Maneco Quinderé, Música: Fabiano Krieger e Lucas Marcier

s/título, 1948. Raphael Domingues, Museu de Imagens do Inconsciente

Teatro Leblon – End.: Rua Conde de Bernadotte, nº 26, Leblon, Rio de Janeiro, RJ; Tel.: (21) 2529-7700, 6ªs, às 21h. Sáb., às 19h e 21h. Dom., às 20h, Ingressos: 6ª: R$ 60,00, Sáb. e Dom. R$ 70,00, Classificação 14 anos. Duração: 80 minutos. Até 2 de setembro.

A exposição explora o universo felliniano e apresenta o processo de criação do diretor. Com curadoria do francês Sam Stourdzé, diretor do Museu Elysée Lausanne, a mostra inclui uma seleção de fotografias, desenhos feitos pelo próprio Fellini, revistas, cartazes e entrevistas filmadas. Muitos dos documentos apresentados são inéditos. São cerca de 400 itens apresentados, fora os trechos de filmes que serão projetados ou exibidos em telas de plasma. Serão exibidos trechos do La Dolce Vita na exposição, além de materiais como fotos, trailler, cenas de casting e material de imprensa relativos ao filme.

Federico Fellini ensaia com Marcello Mastroianni A doce vida (1960). Créditos: Pierluigi (Coleção Fondation Fellini pour le cinéma, Sion)

SESC Pinheiros – Rua Paes Leme, nº 195, Pinheiros, São Paulo, SP, Tel.: (11) 3095-9400, de 3ª a 6ª feira, das 10h30 às 21h30. Sáb., dom. e feriados, das 10h30 às 18h30. Entrada franca. Classificação Livre. Até 16 de setembro.

Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro e Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde

O desenhista Raphael Domingues (1912-1979) e o pintor Emygdio de Barros (1895-1986) são dois dos mais importantes artistas que surgiram na Seção de Terapêutica Ocupacional (STOR), criada pela psiquiatra Nise da Silveira, em 1946, no Centro Psiquiátrico Pedro II, bairro do Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. As obras realizadas no ateliê deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente, fundado em 1952, no mesmo local. Ambos eram esquizofrênicos e passaram a maior parte de suas vidas internados nesse hospital. A intenção de Nise da Silveira era criar alternativas aos tratamentos violentos usados no tratamento de pacientes psiquiátricos naquele momento: a lobotomia, o choque elétrico e a injeção de insulina. As obras dos artistas chamaram a atenção de críticos como Mário Pedrosa, Leon Degand, Sérgio Milliet e Ferreira Gullar; foram expostas nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, em galerias de arte moderna e na Bienal. IMS-RJ – Rua Marquês de São Vicente, nº 476, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Tel.: (21) 3284-7400, de 3ª a 6ª feira, das 13h às 20h. Sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h, Entrada franca. Classificação Livre. Até 07 de outubro.

Um olhar sobre O Cruzeiro: as origens do fotojornalismo no Brasil

A mostra apresenta registros de alguns dos fotógrafos que trabalharam para a revista O Cruzeiro, seja como profissionais contratados pelos Diários Associados, seja como colaboradores eventuais: José Medeiros, Peter Scheier, Henri Ballot e Marcel Gautherot (arquivos do acervo do IMS). Também serão exibidas imagens de alguns profissionais importantes na história da revista O Cruzeiro, não pertencentes ao acervo do IMS: Jean Manzon, Pierre Verger e Luiz Carlos Barreto. Os temas se relacionam à história da imprensa ilustrada em geral e, em particular, à história da revista O Cruzeiro. A exposição se debruça sobre as décadas de 1940 e 1950, consideradas como o período de maior representatividade desta publicação.

Romaria – Jubileu do Santuário de Bom Jesus dos Matozinhos, 1947. Congonhas do Campo – MG. Crédito: Marcel Gautherot (Acervo IMS)

IMS-RJ – Rua Marquês de São Vicente, nº 476, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Tel.: (21) 3284-7400, de 3ª a 6ª feira, das 13h às 20h. Sáb., dom. e feriados, das 11h às 20h, Entrada franca. Classificação Livre. Até 07 de outubro.

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editoriale

Brasile: lo scacchiere delle elezioni municipali. Andrea Lanzi

L

e elezioni municipali del prossimo 7 ottobre in Brasile – con un secondo

Anche le elezioni municipali, fino ad oggi, non hanno creato una

turno di ballottaggio nelle città con più di 200.000 elettori dove nessun

polarizzazione politica a livello nazionale, basata sulla storica contrap-

candidato ottiene più del 50% dei voti- si realizzano in una situazione molto par-

posizione fra Partido da Social Democracia Brasileira e Partido dos

ticolare: una crisi prolungata a livello mondiale, in particolare nella zona dell’euro,

Trabalhadores; l’unica eccezione è la città di San Paolo dove José

che ha provocato un rallentamento economico anche in Brasile rispetto ai tassi

Serra tenta di riconquistare il municipio e il PT, con il candidato “in-

di crescita previsti all’inizio dell’anno. La situazione nei paesi più colpiti dalla crisi e

ventato” e imposto dall’ex presidente Lula, Fernando Haddad, cerca

dalla speculazione – Grecia, Portogallo, Spagna, Italia- non accenna a migliorare,

di conquistare una delle ultime roccaforti dell’opposizione. In altre

nonostante i provvedimenti draconiani, adottati dai rispettivi governi, seguendo di

città si svolgono altre importanti battaglie in questo scacchiere che

fatto le ricette neoliberali che hanno portato all’esplosione della crisi; d’altra parte è

prepara le elezioni presidenziali del 2014. In Recife e Fortaleza la

dal 2008 – quando è fallita la banca Lehman Brothers, travolta dalle conseguenze

storica alleanza fra il PT e il Partido Socialista Brasileiro si è interrotta

della crisi delle ipoteche di alto rischio – che la politica, ossia i principali governi

e i due partiti presentano propri candidati a sindaco; nelle due realtà

del mondo che sono passati dal G8 al G20 (alle principali potenze mondiali – Stati

il PSB governa gli Stati, Pernambuco e Ceará, mentre il PT esprime

Uniti, Gran Bretagna, Francia, Germania,Italia, Canada, Giappone e Russia- si sono

i sindaci delle due capitali. A Belo Horizonte, capitale di Minas Gerais

aggiunti i principali paesi emergenti fra cui Brasile, Argentina, Cina, India, Messico,

dove governatore è il “tucano” Antonio Anastasia, il sindaco uscente,

Turchia) non riescono ad imporre regole ai mercati finanziari, sottoponendoli ad

Márcio Lacerda, del PSB era stato eletto con l’appoggio del PSDB

un minimo di controllo. In Brasile il governo (seguito dalla Banca Centrale che ha

e del PT; quest’ultimo aveva espresso il vice sindaco; l’anomalia è

ripetutamente tagliato i tassi di interesse) ha preso alcuni provvedimenti anticiclici

stata superata e il PT, che governa la città insieme al PSB, presenta

tendenti a sostenere l’economia: la riduzione degli interessi alla clientela da parte

un proprio candidato a sindaco. Tutto questo ha fatto parlare di una

delle banche pubbliche, Caixa Econômica e Banco do Brasil, che ha costretto

possibile rottura fra PT e PSB a livello nazionale, ma appare più il

l’insieme del sistema bancario a seguire questa direzione; l’esenzione dal paga-

frutto di vicende locali.

mento dell’IPI (imposto produzione industriale) per prodotti di largo consumo quali automobili, elettrodomesticci, mobili; l’acceleratore – nei limiti possibili- del Programma Accelerato Crescita; la sovvenzione sui prezzi finali della benzina. Forse anche per questa situazione economica non disprezzabile, nonostante l’influenza della crisi mondiale, i livelli di consenso alla Presidente Dilma Roussef sono ottimi: da una ricerca demoscopica del 9 agosto la percentuale di chi da un giudizio di ottimo/ buono è del 62%; giudizio regolare, 30%; giudizio cattivo / pessimo, 7%. Fra coloro che hanno una formazione universitaria - da sempre la fascia più critica al Partido dos Trabalhadores, la formazione politica della Presidente Roussef – il giudizio ottimo/ buono è del 52%; il giudizio ottimo/ buono è del 68% nel nord est, scende al 54% negli stati del sud, risale al 68% nelle aree interne, si assesta al 54% nelle grandi città e nelle aree metropolitane. Infine il dato più interessante: la valutazione ottimo/buono è del 63% fra coloro che dichiarano di non essere informati sul processo agli accusati del “mensalão” che si sta svolgendo al Supremo Tribunale Federale e diminuisce di un solo punto percentuale fra coloro che si dichiarano informati. Sembra quindi che questa vicenda giudiziaria sulla quale speravano i partiti di opposizione per mettere in difficoltà in particolare il Partito dos Trabalhadores, indebolendo il governo, non stia dando questo risultato politico.

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editorial

Brasil: o xadrez das eleições municipais.

do pagamento do IPI (Imposto sobre a Produção Industrial) para os produtos de grande consumo como automóveis, eletrodomésticos, móveis: a viabilização – nos limites das possibilidades reais - do Programa de Aceleração do Crescimento; a subvenção para os preços da gasolina. Em função dessa situação econômica nada desprezível, apesar do peso da crise mundial, os níveis de apoio ao governo da Presidente Dilma Roussef podem ser considerados excelentes: conforme uma pesquisa publicada no dia 9 de agosto

As eleições municipais marcadas para 7 de outubro no Brasil – com um segundo turno nas cidades com mais de 200.000 eleitores, caso nenhum dos candidatos consiga 50% mais um dos votos - se realizam numa situação muito particular: uma prolongada crise a nível mundial, sobretudo na área do Euro, que provocou uma desaceleração econômica também no Brasil em comparação com as taxas de crescimento apontadas no início do ano. De um lado, a situação dos países mais afetados pela crise e pela especulação – Grécia, Portugal, Espanha e Itália – não dá sinal de melhora; isso apesar das medidas draconianas, tomadas pelos respectivos governos, seguindo de fato as receitas neoliberais que estão na origem da própria crise. De outro lado, desde 2008 – quando o banco Lehman Brothers abriu falência, devido à crise gerada pelas hipotecas de alto risco - os principais governos do mundo não conseguem impor regras aos mercados financeiros, submetendo-os a um mínimo de controle. Neste período se passou do G8 ao G20: às principais potências mundiais – isto é, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e Rússia - se juntaram aos principais países emergentes, entre os quais Brasil, Argentina, China, Índia, México, Turquia. No Brasil, o governo (e, na esteira, o Banco Central, que repetidamente tem abaixado a taxa de juros) tomou algumas decisões que tendem a alavancar a economia, a saber: a redução das taxas de juros dos clientes dos bancos públicos, Caixa Econômica e banco do Brasil, obrigando o conjunto do sistema bancário a seguir na mesma direção; a isenção Elza Fiúza/ABr

último, o percentual daqueles que apóiam sua gestão (ótimo/bom) se situa na casa dos 62%; os que a consideram regular são 30% apenas 7% julgam que o governo faz uma péssima administração. Entre aquelas que têm formação universitária – sempre uma faixa mais crítica em relação ao Partido dos Trabalhadores, onde a Presidente Dilma Roussef fez a sua formação política – o índice de ótimo e bom atinge 52%; no Norte do país esta taxa se eleva a 68%, vai a 54% nos estados do Sul, toca os 68% no interior e algo como 54% nas grandes cidades e nas metrópoles brasileiras. Por fim, o dado mais interessante de todos: a avaliação ótimo/bom é de 63% entre os que declaram não possuir nenhuma informação sobre o chamado “mensalão”, em vias de julgamento no Supremo Tribunal Federal, diminuindo apenas um ponto percentual entre aqueles que de fato estão informados sobre esse processo. Tudo indica que esta demanda judicial, com a qual os partidos de oposição contavam para colocar em dificuldade especialmente o Partido dos Trabalhadores, envolvendo ao mesmo tempo o Governo, não está dando o resultado esperado. Acrescente-se a isso o fato de que as eleições municipais não lograram criar uma polarização política a nível nacional, baseada na histórica rixa entre o Partido da Social Democracia Brasileira e o Partido dos Trabalhadores. A exceção que confirma a regra vem da cidade de São Paulo onde José Serra tenta retornar ao poder municipal e o PT, com um candidato “inventado” e imposto pelo ex-presidente Lula, Fernando Haddad, mira a última fortaleza da oposição. Em outras cidades, desenrolam-se importantes batalhas, servindo quase como uma prévia para as eleições presidenciais. No Recife e em Fortaleza, foi rompida a histórica aliança entre o PT e o Partido Socialista Brasileiro e as duas agremiações apresentam candidaturas próprias à prefeitura. É preciso dizer que o PSDB governa os estados de Pernambuco e do Ceará, enquanto o PT dirige as suas respectivas capitais. Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, estado governado pelo “tucano” Antonio Anastasia, o atual prefeito, Márcio Lacerda, do PSB, se elegera com o apoio do PSDB e do PT, que dera o vice-prefeito na chapa. Essa situação, quase uma anomalia em termos nacionais, mudou completamente e o PT, que ainda governa a cidade junto com o PSB, está apresentando uma candidatura própria à prefeitura de Belo Horizonte. Fala-se muito em uma ruptura entre os dois partidos no plano nacional, em função da situação em Minas, mas, ao que parece, trata-se apenas de uma questão local.

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comunità

Congiuntura Brasile.

José Dirceu

L

a campagna elettorale per l’elezione dei sindaci e dei consigli comunali (vedi editoriale) comincia ad entrare nel vivo. Nelle principali capitali oltre la metà degli elettori si dichiarano disinteressati o poco interessati alle votazioni che si terranno il 7 ottobre. Questo dato è il frutto, da un lato, di un progressivo discredito del sistema politico agli occhi degli elettori, anche in base ai molti episodi di corruzione venuti alla luce e che hanno coinvolto partiti che appoggiano il go-

Joaquim Barbosa verno e di opposizione; dall’altro pesa l’affievolirsi delle passioni politico/ ideologiche dopo 27 anni di democrazia, alla fine della ditattura militare, e i miglioramenti sociali ed economici in particolare negli ultimi 10 anni. A ridosso delle elezioni, è iniziato il processo, nel Supremo Tribunale Federale, per il cosiddetto “Mensalão”, l’utilizzo di fondi pubblici per retribuire con generose donazioni, parlamentari che votavano a favore del governo dell’allora Presidente Luiz Inácio Lula Da Silva. Lo

scandalo all’epoca fece scalpore, provocando la cassazione di parlamentari, fra cui il Ministro della Casa Civile, José Dirceu, e la sostituzione del gruppo dirigente del Partido dos Trabalhadores. Il Brasile continua a mantenere una situazione economica e sociale relativamente buona, a fronte della crisi internazionale, anche se alcuni nodi strategici per uno sviluppo armonico e includente non sono ancora stati sciolti: educazione, sanità e infrastrutture soprattutto.

BRASITALIA

A tutto vapore l’organizzazione dell’evento. Altre imprese hanno confermato il patrocinio all’evento programmato per i giorni 19, 20 e 21 ottobre. Dal punto di vista della divulgazione dell’evento e della visibilità dei patrocinatori, importante “BRASITALIA no Metrô” che prevede in tutto il mese di ottobre nella stazione Carioca la presentazione della mostra multimediale “BRASITALIA: fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico” con le immagini pub-

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blicate a partire dalla fondazione della rivista nel 1999. Gli organizzatori ringraziano per il sostegno ricevuto dall’ambasciatore italiano in Brasile, Gherardo La Francesca, il direttore dell’Istituto Italiano di San Paolo, Attilio De Gasperis, e, soprattutto il Console italiano a Rio de Janeiro, Mario Panaro, che dall’inizio ha creduto nella potenzialità dell’evento. Accessa http://www.brasitaliario.com.br

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comunidade

Congiuntura Italia.

Giorgio Squinzi

A

parte le importanti iniziative contro l’evasione fiscale – più di immagine, peraltro, con la Guardia di Finanza alla caccia degli scontrini fiscali nei luoghi di villeggiatura e nelle vie dedicate agli acquisti di lusso- il Governo Monti non si è distaccato dalle politiche economiche e di bilancio ereditate dal Governo Berlusconi. Chi sta pagando il prezzo maggiore per evitare il tracollo economico sono i pensionati, i lavoratori dipendenti del settore pubblico e privato (che vedono innalzarsi a dismisura l’età pensionabile), i giovani senza lavoro o con un impiego precario. Sono in caduta i consumi e il prodotto interno lordo, mentre chiudono una miriade di piccole e medie aziende. La legge di

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revisione della spesa è stata criticata oltre che dai sindacati dei lavoratori anche dal nuovo presidente di Confindustria, Giorgio Squinzi. I tagli approvati provocheranno la riduzione dei servizi e l’aumento dei costi in particolare nel settore della sanità e dei trasporti. Il Partito della Libertà sembra aver accettato l’annuncio dato da Berlusconi della volontà di ricandidarsi a premier, mentre sono aperte le manovre per la costruzione di un nuovo soggetto politico che riunisca i moderati; molto attivi in questo senso Pierferdinando Casini dell’UDC e Luca Cordero di Montezemolo. Si moltiplicano le curiosità sul futuro dei ministri tecnici e i dubbi sul fatto che abbandoneranno la scena politica. Nel

centro sinistra Bersani, del Partito Democratico, stringe una intesa con il leader di Sinistra e Libertà, Nichi Vendola, per tentare una intesa di governo che comprenda l’UDC. Di Pietro, dopo aver aumentato i toni populisti, si sintonizza sugli umori del Movimento 5 Stelle di Beppe Grillo, che respinge qualsiasi alleanza in previsione delle elezioni del 2013. La domanda che viene spontanea è perché anche in Italia il centro sinistra non abbandona i tatticismi e segue il cammino della Francia (dove già hanno vinto i socialisti alle presidenziali e alle politiche) e della Olanda (dove i socialisti sono in vantaggio nei sondaggi affermando che l’onda neo liberale va battuta).

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comunità

Pietro Grasso presenta il suo libro “Liberi tutti. Lettera a un ragazzo che non vuole morire di mafia”.

Cittadinanza onoraria a José Graziano da Silva.

I

Da destra: Rubens Piovano, Pietro Grasso e Vittorio Romanelli

I

l 28 giugno nei locali dell’Istituto Italiano di Cultura, il Procuratore Nazionale Antimafia ha presentato il suo libro alla presenza di un attento pubblico che in precedenza aveva assistito alla partita dove la nazionale italiana di calcio aveva sconfitto la squadra tedesca. È stata l’ultima ben riuscita manifestazione organizzata dal direttore Rubens Piovano prima di lasciare la sede di Rio dopo 6 anni di intensa attività. Prima della presentazione del libro, uno dei

direttori della Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi, Vittorio Romanelli, è testimone delle confidenze dell’ex responsabile della Sicurezza Pubblica della città, Marcelo Itagiba, in merito all’arresto a San Paolo e all’estradizione in Italia del famoso pentito di mafia, Tommaso Buscetta. Vivo interesse e commozione da parte del pubblico per la presentazione del libro da parte di uno degli uomini più impegnati nella lotta alla mafia. (fotografia da sinistra a destra).

due comuni calabresi di Pianopoli e Lamezia Terme, per mano dei rispettivi sindaci, Gianluca Cuda e Gianni Speranza, hanno conferito la cittadinanza onoraria al direttore della Fao discendente di una famiglia calabrese. Ha assistito alle cerimonie anche Fabio Porta, deputato eletto per il Pd nella ripartizione America meridionale, presidente dell’Associazione di Amicizia Italia-Brasile. José Graziano elaborò nel 2001 il “Programma Fame Zero” e – dopo la vittoria elettorale- il presidente Luiz Inácio Lula Da Silva lo nominò Ministro per la Sicurezza Alimentare e Lotta alla Fame. Nonostante le numerose polemiche suscitate, Fame Zero ha rappresentato una importante novità nelle politiche pubbliche dirette a combattere la povertà estrema, favorendone l’uscita di oltre 24 milioni di persone.

RIO DE JANEIRO

Dia 2 de junho vira data comemorativa da Proclamação da República Italiana.

O

prefeito Eduardo Paes sancionou o Projeto de Lei nº 1178/2011, de autoria da vereadora Tânia Bastos, que altera a Lei Municipal nº 5.146/2010, e institui a data comemorativa da Proclamação da República Italiana na mesma data na qual a Itália comemora a sua festa nacional. A vereadora Tânia Bastos (PRB), candidata à reeleição, disse que a nova lei foi uma sugestão da própria colonia italiana. “No ano passado, promovi a solenidade de entrega de cerca de 200 moções de louvor e reconhecimento aos imigrantes e descendentes de italianos devido ao Momento Itália-Brasil,

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quando a unificação italiana completou 150 anos. Foi uma solenidade linda que ressaltou a importância do povo italiano para a formação da nossa cidade.”, concluiu Tânia. As associações que fizeram o pedido à vereadora são as mesmas que organizaram no ano passado e promovem este ano BRASITALIA: Mostra de Arte e Produtos ítalo-brasileiros: Associação Anita e Giuseppe Garibaldi, Associação de Amizade Brasil Itália, presidida pelo deputado no parlamento italiano Fabio Porta, Instituto Tocando em você, Federação das Associações Lucanas no Brasil, União dos Italianos no Mundo.

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gastronomia

Harmonia e ousadia

I

sso mesmo, harmonia e ousadia definem a receita do risoto de salmão com mascarpone, assinada pela chef e sommelier Liz Cereja, conhecida ainda pela sua ampla experiência no mundo dos vinhos. Assim, o cardápio proposto pela chef Liz para o restaurante Salitre é considerado um ótimo pretexto para se degustar vinhos: cordeiro em crosta de ervas com aligot & Bordeaux Chateau Phélan Ségur 2005; salada de frutos do mar & Chablis

Grand Cru Romaine Willian Fevre 2006. O vice-versa é verdadeiro: se o vinho é o prato principal, é possível escolher tábua mista de frios e queijos, bruschettas de shitake, cebola e shoyo e carpaccio de salmão com molho de alcaparras, entre outras propostas.Quanto ao risoto de salmão com mascarpone, aconselha-se a experimentar e, de preferência, curtindo-o delicadamente para perceber todos os sabores que ele oferece.

Foto: Divulgação / Prima Press

Risoto de salmão com mascarpone

Salitre Ipanema Rua Barão da Torre, 632, Ipanema, RJ. Tel.: (21) 2540-5719 Salitre Barra Av. das Américas, 4.666 / lojas 145 e 146, Barrashopping – Barra da Tijuca, RJ. Tel.: (21) 2408-3239 Horário de funcionamento Ipanema e Barra: seg a qui, de 12h até 0h. Sex e sáb de 12 até 1h30. Dom de 12h até 22h.

Ingredientes

Modo de preparo

- 1 colher de sopa de cebola picada - 2 colheres de sopa de manteiga - 2 colheres de sopa de azeite de oliva - 200g de salmão defumado em tiras - ½ copo de vodka - 380g de arroz carnaroli - 1 e ½ l de caldo de peixe - 200g de mascarpone - 1 colher de sopa de cebolinha em pedaços

Doure ½ colher de sopa de cebola em um pouco de manteiga e metade do azeite. Junte o salmão defumado e flambe com vodca. Reserve.

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Doure a cebola que sobrou em metade da manteiga e no restante do azeite, junte o arroz e refogue por alguns minutos. Adicione aos poucos o caldo de peixe quase em ponto de fervura. Cozinhe por 17 ou 18 minutos, mexendo de vez em quando (à medida que o arroz for secando, coloque mais caldo). Retire do fogo e acrescente o salmão e o mascarpone. Misture delicadamente. Em seguida, sirva polvilhando com cebolinha.

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t u r i s m o

P e q u e n i n a

N o t á v e l

Gramado,RS

Tudo na vida tem uma explicação. Linda, bem cuidada, no coração da serra gaúcha, a 855 m acima do nível do mar, Gramado foi batizada com esse nome, lá pelos idos do século XIX, porque era passagem para os tropeiros, que tocavam o gado pelos campos de cima da serra, pararem para descansar: em uma área de grama macia e verde. Outros acreditam que o nome se deve ao acesso do Vale dos Sinos à Serra, pela Serra Grande, chamado de Gramado. Fundada por portugueses, em 1875, logo logo Gramado viu chegarem os alemães e os italianos. O resultado é uma variedade de tradições culturais desses descendentes europeus misturadas às dos gaúchos. Típico do Brasil. Por Marisa Oliveira / Fotos : Leonid Streliav

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t u r i s m o

À

parte as curiosidades históricas, Gramado esbanja belezas naturais. São paisagens serranas com florestas de araucárias, pássaros e animais silvestres. A localização geográfica desta pequenina notável lhe confere ar puro e temperaturas amenas, com um verão agradável, ocorrência de neve no inverno e geadas que tornam as paisagens inesquecíveis. Aproveitando a sabedoria de seus fundadores e ocupantes e inspirada por tão belo cenário, Gramado não desperdiçou nenhuma das vocações que lhes foram oferecidas. Aos 57 anos de emancipação, a cidade desenvolveu uma ampla e qualificada infra-estrutura receptiva, que a colocou em terceiro lugar como destino turístico preferido no país, de acordo com pesquisa da Fundação Getulio Vargas/Ministério do Turismo. Dos tropeiros para cá, Gramado cavalgou muito. Desenvolveu o turismo de negócios e, a partir daí, tornou-se capaz de abrigar todo tipo de atividade. São vários centros de convenções com infraestrutura adequada para qualquer tipo de evento e com estrutura hoteleira e de bares e restaurantes capaz de suportar a grande movimentação de visitantes. Daí Gramado nos oferece, há 40 anos, o Festival do Cinema, que tem o objetivo de promover o cinema latino e brasileiro. Mais recentemente, durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, o Natal Luz encanta turistas e gramadenses, apresentando mais de 50 espetáculos, como o desfile de Natal e o Show Nativitaten, que tem lugar no Lago Joaquina Rita Bier, com efeitos de som, luz, fogo, águas dançantes e fotos de artifício. Tem ainda a Páscoa em Gramado – Chocofest, recheada de chocolate e atrações, entre elas as Pérgolas Musicais e Interativas, a Parada de Páscoa, um espetáculo musical teatral circense e a encenação da Paixão e Morte de Cristo, que leva ao público a Procissão dos Passos e a Via Crucis. Os gramadenses ainda nos oferecem roteiros de agroturismo. São eles o Tour no Vale, com visitação à localidade Linha 28, essa considerada uma das mais belas e exuberantes representações da natureza, e a redutos de produção de vinho caseiro. O roteiro Raízes Coloniais permite ao visitante conhecer as origens de Gramado – Bonita e Linha Nova, onde residem descendentes dos primeiros colonizadores italianos e alemães, com destaque para a arquitetura e para a culinária. Finalmente aqueles que optarem pelo passeio “O Quatrilho” não vão se arrepender: nas localidades de Tigre e Tapera os aguardam vales e riachos, bem como a produção caseira da bebida grapa, demonstrada por uma família italiana e o típico café alemão, apresentado por uma família alemã, com geléias, lingüiças, pães e outros produtos caseiros. Entre tantas festas e festivais, Gramado dista 115 km de Porto Alegre, 1435 km do Rio de Janeiro e 3600 km de Pernambuco. Longe ou perto, é um lugar para se voltar. Pretexto não falta. Feita de gente hospitaleira, empreendedora. Gramado está lá, charmosa, autêntica, criativa, segura. Feita de emigrantes e de gente da terra. Feita de brasileiros. Dos bons.

Outras informações: http://www.gramado.rs.gov.br Julho / Agosto 12

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c u l t u r a

l i t e r a t u r a Marisa Oliveira

O filho de mil homens

E

xalte-se a língua portuguesa - ela por ela mesma. Pois Valter Hugo Mãe, em sua obra O filho de mil homens, torna evidente e reafirma as infinitas possibilidades desse idioma, com seus vocábulos, fonética, sintagmas, paradigmas, estrutura frasal, harmonia e arranjos (como nas músicas sim), e o que mais se puder relacionar. E, por isso, os autores de língua portuguesa têm a seu dispor um mundo de alternativas para criar. E Mãe explora esse universo com sabedoria. É de prosa, é de poesia. É lusitano, é angolano. É um belo contador de histórias. Um homem sem filho, um filho sem pai; uma anã como mãe, um boneco de pano para iludir o desejo de ser pai. Uma coletividade na sua pequeneza individualista. Um romance denso, O filho de mil homens Autor: Valter Hugo Mãe Editora: Cosac Naify Capa: Marina Rheingantz Páginas: 256 Preço: R$ 39,00

intenso, infinito nas suas proposições como bem os portugueses e africanos de países de língua portuguesa sabem fazer. Parece que é deles essa característica de tratar sentimentos e emoções com densidade, a fundo, expondo as angústias, melancolias e tristezas de cada ser humano, como nos fados, tristes, que choramos todos. Talvez pelo oceano que os banha, que os leva para longe; talvez pelas paternidades e filiações decorrentes das guerras de conquista e de colonização. Quem é pai, quem é filho, quem é mãe? Quem são eles? Quem é português, quem é africano, angolano? Quem somos nós? Quem sabe sejamos todos filhos desse idioma tão literário, como O filho de mil homens?

Quem é Valter Hugo Mãe? Valter Hugo Mãe nasceu em Angola, em 1971. Vencedor do Prêmio Literário José Saramago em 2007, Valter arrancou elogios do grande escritor português, que comparou a experiência de lê-lo a assistir a um novo parto da língua portuguesa. Autor de outros três romances, O nosso reino, O apocalipse dos trabalhadores e O remorso de baltazar serapião (Editora 34), Valter é também poeta, artista plástico, DJ, vocalista da banda de rock Governo e editor. Publicou em seu país autores brasileiros como Ferreira Gullar e Caetano Veloso. A máquina de fazer espanhóis é o primeiro livro do autor publicado pela Cosac Naify e, em Portugal, o romance está na quinta edição e foi o segundo livro de ficção mais vendido em 2010.

Prisioneiro do mundo

E

Prisioneiro do mundo Autor: Nelson Sargento Ilustrações: Leya Mira Brander Editora: Oficina Raquel Preço: R$ 30,00

m versos lúcidos e realistas, às vezes secos, às vezes temperados de lirismo, Nelson Sargento se renova como poeta Prisioneiro do mundo já havia sido editada em 1994 - seja pela reedição, seja pelas alterações e inclusões havidas, seja porque coincide com as comemorações de 88 anos de idade do compositor. Sargento, tão bem representado na foto de capa, chega-nos com esse pisar macio dos sambistas, revelando-se em palavras - sábias, tiradas do mundo real, dedilhadas, como a tocar um instrumento – como nas melodias que compôs e que sempre nos encantaram. Mas não são com-

posições musicais. Têm personalidade própria para o papel. É um querer dizer sobre temas da vida. Fala de morte, de velhice, de traição. Mas também de fé, amor e esperança. O mundo aos pés de quem se acostumou a vê-lo do alto da Estação Primeira de Mangueira. Sábio, vivido, “convivido” com um batalhão de outros “ nelsons sargentos”, como Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho,Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira e outros. O poema preferido do autor é Querer ser. O meu é Velhice (gaiato, gaiato). Prisioneiro do mundo é para quem gosta de poesia, de sambistas e de Nelson Sargento.

Quem é Nelson Sargento? Nelson Sargento nasceu Nelson Mattos, no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1924. É compositor, cantor, pesquisador, artista plástico e escritor. Mangueirense, sambista, é autor de cerca de quatrocentas músicas. Entre alguns de seus sambas mais famosos, Agoniza mas não morre e As quatro estações do Ano. Sargento foi a mais alta patente que atingiu quando serviu ao Exército do Brasil.

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Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para pauta@forumdemocratico.org.br

às compras

Esperança, temperança, Canjinjim, energia e disposição Produto exclusivo do Ponto Solidário, Canjinjim é uma bebida artesanal de origem africana, muito utilizada em festas religiosas. Produzida pela Cooperativa Vila Bela Da Santíssima Trindade - MT, a bebida é feita base de aguardente, com mel, gengibre e é só isso que sabemos, pois a forma de preparo e os demais ingredientes são segredo. A bebida é tida como afrodisíaca e energética. Acompanha o Canjinjim kit com dois copinhos de cuia preta, decorados com grafismos que não se repetem, feitos manualmente, um a um, pela Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém - Pará.

Cor, alegria e criatividade constituem a mandala de bonecas de pano Esperança, produzidas diariamente por 25 artesãos da Associação dos Artesãos do Sítio Riacho Fundo Casa da Boneca Esperança. Preço: R$ 470,00

Kit Bebida Canjinjim + 2 copos de cuia preta Preço: R$52,00

Onde encontrar: Ponto Solidário, R. José Maria Lisboa, 838 - Jardim Paulista, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5522 4440 www.pontosolidario.org.br/loja

Onde encontrar Informações sobre esses e outros produtos Natura, além de contato com as Consultoras, podem ser obtidas com o SNAC – Serviço Natura de Atendimento ao Consumidor, por telefone (0800-115566), por e-mail snac@natura.net ou visitando o site: www.natura.net.

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Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e f a s c i c o l o Símbolos utilizados  Informação histórica

 Expressão - locução  “Falsos amigos” ou falsas analogias  Ao fim do parágrafo, há uma janela

Gírias ou expressões fixas

Anglicismos e neologismos

di brevi testi in Lingua Italiana

 Dialetos

a cura di Cristiana Cocco

“Le lacrime del kamikaze” Di Gianni Solla [ore 16.47]

e apriamo il gas, gli lasciamo trenta chili di pasta cucinata, gli spariamo in

Le batterie sono quattro in tutto, due sono nuove, di marca Samsung, le

vena dieci fiale per farlo dormire? «Andate», ho risposto. L’immagine della

ho appena tolte dal polistiroloi. Sono dei parallelepipedi neri. La plastica

televisione si riflette in un qua­drato dagli angoli deformi nelle cornee di mia

che le rico­pre è liscia, compatta, leggermente bombata in cima. Nei lati

madre. La ricrescita bianca sull’oro patetico dei suoi capelli tinti dimostra

hanno un’aletta che fuoriesce di cinque mil­limetri che scorre nel binario

che la fine per lei è cominciata da un pezzov. Gentile Lady Ricrescita, la

della sediaii. Serve per creare l’incastro. Quando inserisco l’ultima batteria

informiamo che è sulla fase discendente della parabola e che l’impatto al

nella corrente, la lampadina sulla scrivania risente dell’assorbimento e il

suolo è previsto tra breve, si prepari all’atterraggio. Il prete alla radio ha

filamento di tungsteno ha un sussulto di pochi istanti. Alzo la testa oltre la

ragione, non possediamo nulla. Adesso li sento parlare dalla cucina, urlano,

porta della mia stanza, lungo il corridoio. Da qui vedo il neon della cucina.

han­no paura, siamo da due settimane in questo stato, nessuno sa niente,

Sono quattro anni che non esco da casa e da luglio non posso andare oltre

hanno dimenticato che la perso­na di cui stanno parlando è qui e li ascolta.

il bagno. Lady Ricrescitaiii ha piazzato una scarpiera nuova che sporge dal

Stanno dicendo che partiranno oggi e seguiranno le altre macchine anche

muro di quaranta centimetri sulla parete lunga del corridoio e la mia sedia

se in realtà nessuno sa dove anda­re, ma una cosa è certa: che con un

non ci passa. Non ricordo più la tappezzeria del divano né le fotografie

paralitico di cen­toventi chili e la sua sedia elettrificata non è sem­plice. C’è il

appese in salotto, mi muovo nei quattordici metri quadrati della mia stanza.

problema delle batterie che non durano molto e non si sa dove si dorme,

Quando alla televisio­ne hanno detto quello che stava succedendo, Lady Ri-

dove si mangia, se si avrà un bagno, se la protezione civile sta allesten­do

crescita passava il Follettoiv nel corridoio e il ru­more copriva tutto. Mio pa-

dei campi. Forse dovranno spingere la mia sedia su un terreno sconnesso

dre ha staccato la spina dal muro per farlo tacere. Gesù, tutto quel silenzio

o sulle pietruzzevi. Se cado ci vogliono tre persone per alzarmi e chi darà

all’improvviso era assordante. Lady Ricrescita all’i­nizio non ha capito. Ha

loro una mano? Lady Ricrescita ritorna nella mia stanza, ha ad­dosso il ve-

guardato il corpo di plastica, il bottone dell’accensione, poi mio padre l’ha

stito comprato alla Conbipel il mese scor­so coi saldi del trenta per cento,

chia­mata, ha detto: «vieni a sentire che sta succedendo». È andata a sedersi

scapperà con quello. E le scarpe dorate. Se al centro commerciale avesse­

sul divano, nel posto che ha scavato in tanti anni di “Un medico in famiglia”

ro saputo che la fine era vicina, avrebbero fatto al­meno il cinquanta per

e di “Un posto al sole”. Ho immaginato la loro paura. Che spettacolo.

cento. Mi piazza un cellulare in mano, «veniamo a prenderti presto, stai

Vengono nella mia stanza, si appiattiscono per passare oltre la scarpiera.

tranquil­lo», dice. Sembra crederci per davvero. Se fossimo su una sit-com

«Hai sentito?». Io dondolo un po’ la testa. «Che facciamo?». Lady Ricre-

ora partirebbero le risate registrate. Le dico di essere serena, ma in realtà

scita si aggiusta il pantalone, questo mese ha perso altri trecento grammi.

non vedo l’ora che vadano via. Stanno prendendo quello che chiamano

Sta facendo la dieta con il programma sul Nintendo DS. Si guarda­no, ma

«le cose essenziali». Ripetono questa frase in continuazione. Io ho scritto

in realtà vogliono dire: lo ammazziamo, met­tiamo lo scotch alle finestre

le due parole al monitor e poi ho fatto qualche variazione, adesso c’è

Isopor Qui il protagonista si riferisce alla sua sedia a rotelle, unico mezzo di locomozione che ha a disposizione per spostarsi. Iii Il protagonista chiama così la madre, perché la ‘ricrescita’ riguarda i capelli, quelli più vicini alla cute capillare, che – non tinti – assumono il loro colore naturale, probabilmente bianco nel caso del nostro autore, visto che la madre sembra che abbia già una certa età. iv Aspirapolvere molto usato in Italia, pratico e maneggevole. 816

Introduzione alla lettura

com informações fora do texto 

L X X V

i

v

ii

vi

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Ossia ‘da molto tempo’. Piccole pietre.

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Gianni Solla. L’autore vive a Napoli. Ha pubblicato Airbag (Ad est dell’equatore, 2008), e le raccolte di racconti, Tropico di San Giovanni a Teduccio (Senza Patria, 2011) e Seppellitemi con l’accappatoio (RGB, 2006), Il fiuto dello squalo (Marsilio, 2012). Pubblichiamo il racconto Le lacrime del Kamikaze, uscito nella raccolta Storie di martiri, ruffiani e giocatori (Caratteri/Mobili, 2012), a cura dell’agenzia letteraria Vicolo Cannery. In mancanza di altre notizie ci limitiamo a riprodurre una delle risposte date in una intervista ad Archivio Caltari e il blog dell’autore per chi volesse conoscerlo meglio: www.hotelmessico.net Domanda: Indica un personale itinerario affettivo nella città guappa. Gianni Solla: Si parte dal corso San Giovanni a Teduccio e si prosegue lungo la Marina. Attenzione alle buche non appena superate il Ponte dei Francesi. Respirare con la mano sulla bocca per via della centrale elettrica. A Gianturco girare a destra. Studiare bene l’organizzazione etnica della prostituzione la dice lunga sulle preferenze di chi frequenta quelle zone. Ci sono le nigeriane prima della Mercedes nei pressi dell’autostrada, a questo punto si sente nell’aria l’odore di benzina del petrolchimico, poi ci sono le bianche, polacche, albanesi, ucraine a tariffa tripla rispetto alle colleghe. Risalendo via Galileo Ferraris si incontrano i trans, che hanno barattato le loro ridicole Smart per la Cinquecento nuova. Guidare fino a Piazza Garibaldi, Piazza Carlo III, Corso Secondigliano e deviare per il rione Terzo Mondo. Crack, cobrette, cocaina, fumo. Prendete quello che volete e smammate veloce, così funziona, e andate a consumare su una piazzola di sosta dell’asse mediano. Quando il vostro organismo richiederà carboidrati da mettere subito in circolo e proteine per ricostruirsi, guidare fino a Ercolano e chiedere di “Giggin e semp n’amic”, ma prima mangiare una frittatina da Annalisa al Corso Garibaldi a Portici.

scritto «l’essenza delle cose». Sono due giorni che non si hanno più notizie

[ore 17.09]

della Francia e della Germania e loro si preoccupano di quale cardiganvii

C’è un prete alla radio, dice di pregare, il messaggio si ripete ogni minuto

portare. Infilano tutto in tre buste di plastica. Portano anche scatolette di

e ventiquattro secondi da nove giorni. Il messaggio dice: rimettete l’anima,

tonno, bottiglie di acqua, Aspirina, Aulin, Voltaren e l’Autan per le zanzare. Si sa mai che all’inferno non vendono lo

zampironeviii.

Infilano quello che

non avete mai posseduto nulla. Il segnale è disturba­to, sembra che stiano trasmettendo dallo stomaco di un cane. Su Rai uno un comunicato del

re­sta della loro vita in quelle schifoseix buste di plastica gialle con il marchio

governo invita a restare in casa, su Canale cinque Il piccolo lord è in loop

del supermercato. Mi saluta­no, è un addio veloce, Lady Ricrescita mi

da undici giorni. Cristo santo, la scena dell’albero di natale con la mamma

passa una mano sulla faccia; mio padre mi guarda da dietro la scarpiera,

nascosta l’ho vi­sta mille volte. Ci sono due cose che non quadrano, uno, il

nemmeno lo saluto, sento solo i suoi pas­si dirigersi lungo le scale. L’ultima

bambino resta immobile per troppo tempo, due, la mamma c’ha la faccia

immagine che ho dei miei genitori è la fiancata destra della Renault Clio

di una puttana e su questo aveva ragione il nonno. Le banche hanno chiu-

e Lady Ricresci­ta fare ciao con la mano mentre mi guarda per un tempo

so, i cellulari non funzionano, i negozi e i distributori di benzina sono stati

lunghissimo come gli addii dei film giappo­nesi. Li seguo fino a che sono alla

saccheggiati. L’umanità è finita al momento dell’annuncio della fine. Dalla

portata del mio

cannocchialex.

Fisso per un paio di secondi il display del

cellulare che Lady Ricrescita mi ha dato e faccio il numero del credito. Le comunicazioni sono spari­te, non c’è più linea. Stai tranquillo un

cazzoxi.

Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e

mia finestra si vedono dei palazzi che van­no a fuoco, in questo momento le fiamme stanno avvolgendo le tende della finestra che mi è di fron­te. Internet funziona ancora, nessuno ha spento i server, né ha cancellato i

vii In portoghese si dice ‘cardigã’, ma è una parola poco usata. Quindi usiamo ‘sueter’, abbotonato davanti, con scollo in V, con le maniche lunghe. viii Lo zampirone è quell’antizanzare a forma di spirale, dannosissimo alla salute. ix Da schifo, “nojo”. x Cannocchiale in portoghese si dice ‘luneta’. xi In portoghese si potrebbe dire ‘uma ova’.

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Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e miliardi di filmati porno. Resteranno per l’eternità come traccia dell’attività

la televi­sione e la luce, Lady Ricrescita ha lasciato le sedie ordinate attorno

degli esseri umani, cazzi ipertrofici, primi piani di labbra, occhi truccati con

alla tavola. Le finestre sono chiuse e le persiane abbassate. Apro la porta,

prodotti

gang bang, video shemale e big teets, inquadrature

il condomi­nio è deserto, non si sente nessuno, alcune porte sono state

con telecamere a buon mercato su divani abbinati male al resto dell’ar-

lasciate aperte nella fretta della fuga. I tappeti con la scritta Benvenuti sono

redamento. La nostra specie verrà ri­cordata come una specie priva di

gli unici te­stimoni di questo vuoto. L’ascensore è libero, premo sul tasto

bellezza, un pia­neta macelleria, un gruppo ben organizzato di can­nibali. Ci

di chiamata, la cabina sembra risvegliarsi da un lungo sonno meccanico e

sono dei cartelloni, li vedo appesi sotto il palazzo che mi è di fronte, ho

dopo pochi secondi le porte si aprono, entro e spingo il tasto del piano

bisogno del binocolo per leggerli. C’è scritto: pregate e chiedete perdo­

terra. Il suono della propulsione idraulica dell’a­scensore ispira potenza.

no a Dio, ma ci sono anche svendite di mobilifici e immagini di dentifrici.

Mi guardo allo specchio appeso nella cabina: sono un ciccione quasi calvo

Saremo ricordati come una razza coi denti in ordine.

con la pelle bianchissima e i denti distrutti. L’arca­ta superiore mi manca del tutto, il labbro si avvolge alle gengiva. Il tempo che passo a guardarmi

[ore 17.16]

all’in­terno dell’ascensore è lunghissimo, la cabina scorre fluida nel tracciato

Tutte e quattro le batterie sono cariche, un led verde intenso è fisso sul

all’interno del muro e si appoggia su due cuscinetti di aria quando arriva

display. Nel linguaggio dei colori, il verde significa che la situazione è sotto­

al piano terra. Il corridoio che dall’ascensore porta all’ester­no del condo-

controllo, che puoi attraversare la strada, che non sei incinta, che non hai

minio è un budello stretto nel quale non posso girarmi, quindi procedo a

l’AIDS. Mi chiedo chi a un certo punto lo abbia deciso. Do un’occhiata per

retromarcia. Da ragazzino percorrevo questo corridoio in pochi secondi,

l’ultima volta al Messanger, Marianna è on-line, non risponde ai miei mes-

ero convinto di avere i superpoteri, forse li avevo davvero, forse tutti i

saggi da due ore, ma è on-line, barricata in casa. Le scrivo che sto andando

bambini ce li hanno e li perdono quando cominciano la scuola. Adesso

da lei, qualunque cosa succederà tra poche ore succede­rà mentre siamo

però lo percorro a tre chilometri l’ora a retromarcia e dormo con un pan-

assieme. So dove abita, lei non ha nessuno, nemmeno nessuno per essere

nolone da due anni per non pisciarmi addosso. A pochi metri dal portone

abbandona­ta e le sue braccia sono troppo esili per spingere la sedia non

sento una voce, è la vecchia del piano terra, è dietro le in­ferriate della sua

elettrica. Ha l’auto con i comandi al vo­lante, ma ha deciso di non scappare.

finestra. «Che fai, tornatene a casa, hai sentito cosa sta succedendo?». «Ti

Mi affaccio, in città sono rimasti solo i paralitici, i ciechi, i pazzi e i cani. Pri-

lascio tutto», le dico, «è tutto tuo adesso». La vecchia alza gli occhi per

ma che tutto finisca, a po­chi istanti dalla fine, siamo diventati i padroni. Mio

guardare il condominio che è diventato suo. Finalmente riesco a gi­rarmi,

dio è l’apocalisse più ridicola che abbia mai imma­ginato. Niente angeli della

mi copro gli occhi con le mani, c’è ancora luce, sono fuori dal condominio

morte e trombe e teste mozzate, ma solo vecchi terrorizzati chiusi in casa

dopo quattro anni.

e cani ovunque. È pieno di cani là fuori. Imprimo negli occhi il colore verde del suo nome sulla scher­mata. È on-line, che aspetta in casa. Nell’ultimo messaggio che le invio c’è scritto: «sto venendo da te amore mio».

[ore 17.49] La mia sedia a rotelle è stata creata per muoversi all’interno di un appartamento. Per strada è troppo lenta, la mancanza di un sistema anche primiti-

[ore 17.36]

vo di ammortizzazione la fa tremare sulle imperfezioni della pavimentazio-

Infilo le batterie in due zaini Invicta che lego ai lati della sedia. Metto la

ne stradale. Ho paura di cadere. Non si tratta esattamente di paura, non

maglietta nera pulita, spruzzo il deodorante sotto le braccia, butto giù tre

esiste una parola esatta. Ho paura di non fare in tempo. La schiena di un

Multicentrum AZ e quando sono pronto spingo la cloche in avanti. Il mo-

uomo normale non avrebbe resistito al tremore della sedia, ma nella mia

torino elettrico della sedia produce un suono simile a quello del trapano di

spina dorsale è possibile piantarci dei chiodi da dodici e non sentire dolore.

un dentista. La sedia fa prima uno scatto incerto, poi si muove. Esco dalla

Da questo punto di vista, dal punto di vista della sopportazione del dolore,

mia stanza e arrivo alla scarpiera del corridoio. È alta un metro e mezzo,

sono un esemplare superiore agli altri. La strada è deserta, si sentono delle

sembra legno dozzinale ricoperto da uno strato di fòrmica laccato bianco.

macchine in lontananza, i suoni vanno verso via delle Repubbliche Mari-

È la prima volta che ci arrivo tanto vicino. Mi ci aggrappo con le mani,

nare in direzione dell’au­tostrada. Forse sanno che esiste un posto sicuro.

la faccio dondolare. La vedo oscillare per un secondo e poi cadere sulla

Tut­to quello che mi interessa è arrivare da Marianna prima che tutto finisca.

parete di fronte. Il rumore del legno che frana un poco mi spaventa. Le sei

Non ho la stessa vile paura di chi sta scappando dalla fine e qualunque

ante si aprono contemporanea­mente e da dentro, non cade nemmeno

posto sarebbe troppo lontano per le batterie della mia se­dia. C’è vento

una scarpa. È stata sempre vuota, ci penso per un istante e non ricordo

e a seconda dell’inclinazione con cui lo guardo, il cielo prende sfumature

nemmeno una volta che Lady Ricrescita ci abbia infilato qualche scarpa

viola e cobalto e poi mi sto pisciando addosso. Sento la vescica premere

dentro. Con un giravite smonto le assi portanti. Ci sono quattro viti per

sulla cinta dei pantaloni ma adesso è presto per fer­marmi, solo quando

lato, infilo la testa del giravite a stella nell’incavo della vite e giro il polso in

sarò vicino il deposito dei tram farò una piccola sosta. Le carte e le buste

senso antiorario. Mano a mano che svito, la struttura perde consistenza,

vorticano impazzite nel vento, la mia faccia è bersaglio di granelli di terra

il mobile si sgonfia e si appiattisce. Sposto lo schele­tro di legno con le

che mi pungono. Il vento mi gonfia la maglietta, mi rimpasta con il mondo,

mani e riesco a passare. Arrivo in salotto. Hanno avuto cura di spegnere

sono inebriato, sto piangendo, mi piace la plastica e il terreno, forse è la

xii

818

dozzinalixii,

Ossia di poca qualità, ordinario, grossolano.

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bellezza della fine, sono come Rocki, uno che corre sulle scale con tutti i

divideva la mia stanza dalla camera da letto dei miei genitori sentivo Lady

bambini attorno che lo incitano, è il momento di estasi dell’inevitabile. C’è

Ricrescita do­mandarsi assieme a mio padre per quanto altro tem­po Lucia-

una leggera inclinazione, adesso che ho superato la traversa di via Bernardo

na sarebbe venuta a casa nostra. Bisognava prendere atto della situazione,

Quaranta. La mia carrozzina si muove più veloce. L’articolazione del pollice

adesso niente più era come prima. La vita di Luciana era da un’altra parte.

comincia a farmi male e sulla superficie del polpastrello c’è una lividuraxiii. La

Che se ne andasse pure, pensai. Un pomeriggio sentii Lady Ricrescita dire

sensazione che maggiormente registro è la leggerezza. Amore mio, non sto

a Lu­ciana che non doveva sentirsi obbligata a venire, che loro avrebbero

venendo a salvarti, io e te moriremo assieme anche se il mondo tutto dovesse

capito e che anch’io col tempo lo avrei fatto, che quella cosa andava fatta

sopravvivere.

e che se ne aveva intenzione, meglio adesso. Bisognava pren­dere una decisione in fretta. Come se il dolore fosse ghiaccio da consegnare alla

[ore 18.07]

svelta. Pianse per due notti intere, aveva gli occhi viola, le mani erano

La sedia ha rallentato fino a fermarsi, quindi ho cambiato la prima batteria.

di­ventate secchissime e la pelle della faccia era con­sumata. Il tormento

Ho abbandonato la vec­chia lungo la strada per essere più leggero. Le cari-

doveva rovesciarle le budella. Lo abbandono? Chi altra oltre me gli starà

che durano meno del previsto e mi muovo lentamente. Non ho un piano

vicino? E io cosa farò? Diciannove mesi dopo Luciana ha co­minciato a

preciso, ho sopravalutato le capaci­tà della mia sedia, ma sono al punto di

lavorare in un negozio di scarpe e adesso ha un figlio albino di sei mesi.

non ritorno, la fine è troppo vicina sia che io torni o arrivi a desti­nazione. Il

Ogni tanto la vedo passare lungo la strada mentre spinge una carroz­zina

piccolo motore elettrico della carrozzella adesso produce un rumore simile

e la seguo con il binocolo fino a che non gira l’angolo. Mi chiedo perché al robot da cucina Bimbyxiv di Lady Ricrescita. Il pollice che uso per spin­gere non cambi strada, lei lo sa che io sono sempre al binocolo. Di notte la la cloche in avanti è diventato viola, la lividura rende la carne del polpastrello chiamavo a casa dei genitori, sentivo la sua voce, la sentivo urlare «non molliccia. Marianna, in questo istante sei la punta del mio cono dei desideri.

ce la faccio più, smettila», e poi il bambino piangere. Non ho mai parlato,

La casa di Marianna si trova dall’altra parte del quartiere, al terzo piano, non

come i quattro giorni dell’ospedale, ma lei doveva saperlo che fossi io. Chi

molto lontano dal ponte della Circumvesuvianaxv. Da casa sua si vede il mare, qualche volta ha orientato la webcam verso il balcone e ho visto una

altro poteva farle quella cosa orribile. Cambiarono numero di tele­fono poche settimane dopo e così ho archiviato la pratica Lucianaxvii. Ogni tanto

distesa azzurra. Secondo Lucia, l’assistente sociale che la ASLxvi mandava

Lady Ricrescita mi por­tava notizie di lei. Spezzoni dolorosi tipo: Luciana

ogni settimana a casa mia, io sono innamorato di lei. È stata la prima ad

si è sposata, Luciana aspetta un figlio, Luciana ha cambiato il colore dei

avanzare questa ipotesi. Lucia è una donna magra con un problema alla

capelli. Ho continuato a desiderare le donne fortemente. Piangevo davanti

tiroide dalla nascita. Ha una piccola ferita a forma di filo spinato attorno

alla bellezza dei corpi che si agitavano in televisione o sul monitor del mio

la gola. Ho pensato spesso a lei du­rante la masturbazione, è stata l’unica

pc. A Natale e a Pasqua veniva il prete del quartiere, si fermava a parlare

donna che ho visto negli ultimi quattro anni. Eccetto Lady Ri­crescita. Una

con me, Lady Ricrescita ci lasciava da soli, mi diceva di pregare perché il

volta ha lasciato che le toccassi i seni, dall’emozione il naso ha cominciato a

signore avrebbe esaudito i miei desideri, ed era la stessa cosa che dicevano

sanguinarmi, ma alla visita della settimana successiva disse che non sarebbe

le ragazze delle hotline in televisione, chiamaci perché realizziamo i tuoi

mai più dovuto succedere. Poi ha defi­nitivamente smesso di venire e la ASL

desideri e io ho fatto tutte e due le cose. Un poco al prete un poco alla

non l’ha mai sostituita. Prima dell’incidente avevo una ragazza, si chia­mava

televisione. Però il prete veniva due volte l’anno mentre la televisione era

Luciana. È rimasta al quarto piano dell’ospeda­le Policlinico per tre settimane

accesa tutti i giorni. Alle ragazze delle hotline di­cevo che ero uno schifo-

seduta su una sedia a sdraio a vegliarmi. Ero fasciato e avevo le gambe e

so in un polmone artificiale e che mi avevano asportato il cazzo durante

il busto in trazione. Nell’incidente la mia dentiera è andata distrutta. Sono

l’opera­zione e urinavo attraverso una cannula infilata nello stomaco, ma

rimasto quattro giorni senza parlare. I medici supponevano che ci fosse un

che avevo ancora i testicoli e se me li strofinavo per bene attraverso

trau­ma a livello neuronale che bloccasse alcune funzio­ni. Invece non avevo

la cannula dell’urina passavano anche dei filamenti di sperma e certe si voglia di parlare. Precisamente: non avevo voglia di aprire la bocca. Il quarto mettevano a piangere e altre invece attaccavano. Fino a tre mesi dopo giorno chiesi di abbassare il volume della televisione. Per i due mesi seguen- l’incidente non riuscivo a controllare bene gli stimoli della mia vescica. ti, Luciana è venuta a trovarmi a casa, ogni pomeriggio. Studiava nella mia

La mia stanza era un lago di piscio. Mia madre, che all’epoca ancora non

camera, aveva sempre i libri con sé. La sera, attraverso la pa­rete sottile che

era diventata Lady Ricrescitaxviii, la mattina lavava a terra con la creolina e

Lividura è una macchia livida sulla pelle. Derivato dal termine ‘livido’, ossia la macchia bluastra che si forma sulla pelle, di solito in seguito ad una contusione. Si dice: “Farsi un livido; essere pieno di lividi”. xiv Il robot da cucina Bimby ha la forma di un frullatore, ma prepara piatti completi: cuoce, mescola, trita, grattugia, frulla, emulsiona... meglio vederlo in questo link: http://www.gingerandtomato.com/ utensili-cucina/cucinare-bimby-robot-da-cucina-multifunzionale/. È un sogno! E viene con un grande libro di ricette, oltre ad offrire sempre nuove ricette on-line. È dello stesso fabbricante del Folletto, di cui abbiamo parlato prima. xv In questo momento il lettore capisce che il racconto è ambientato a Napoli. La Circumvesuviana è una rete di trasporto pubblico urbano che ha avuto inizio nel 1890. Per ulteriori informazioni, accedere il link http://it.wikipedia.org/wiki/Circumvesuviana xvi Le Asl sono unità sanitarie locali, in cui ci sono vari servizi disponibili agli utenti di ogni quartiere.

Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e

xiii

Julho / Agosto 12

Qui l’autore usa ‘archiviare la pratica’, come se fosse un documento da mettere via. Ossia ancora non si tingeva i capelli.

xvii

xviii

f o r u mDEMOCRATICO

19


Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e avevo una busta di segaturaxix dietro la porta. Mischiava gli acidi, mi diceva

La sedia è ribaltata, la cloche è rimasta incastra­ta e le ruote girano a vuoto.

di respirare forte mentre lei si tappava il naso. In diciotto mesi sono ingras-

L’incidente ha provoca­to l’esaurimento di un’intera batteria. La mia testa è

sato di quaranta­sette chili, anche a causa del cortisone. Ho sfondato due

pesante, la spina dorsale non ha la forza sufficiente per tenerla alta. Allungo

sedie, piegato due materassi. Anche spingermi era faticoso. Per portarmi

un braccio, mi aggrappo a qualche imperfezione del pavimento, poi a

in cucina bisognava che spingessero sia mio padre che mia madre. Lui coi

un’altra, i bicipiti sono esili fili di muscoli sotto lo strato di grasso, affondo le

suoi occhiali per la presbiopia, lei con la sua ricre­scita. Poi mia madre ha

unghie e mi sposto di pochi cen­timetri. Ripeto il movimento fino a che non

cominciato a portarmi il pranzo nella mia stanza. Ho respirato la creolina

riesco a toccare la sedia, stringo un tubolare e la ribalto. La cloche si sbloc-

e il disinfettante per pavimenti tutte le mattine, e poi ha messo la scarpiera

ca e le ruote terminano di girare. Con la mano destra agguanto il bracciolo

nuova nel corridoio. Ma adesso Marianna, arrivo da te.

destro, utilizzo quello che resta dei tricipiti e dei dorsali, riesco a girarmi, a spostare tutta la mia massa sulla sedia, ci riesco, sono di nuovo seduto.

[ore 18.14]

Spingo la cloche in avanti, la sedia si muove sot­to sforzo, tiro fuori un’altra

C’è un tram fermo a metà dell’ingresso del deposito Sperone. Si vede la

batteria dallo zaino, ora ne resta solo una, se cado di nuovo non arrivo.

targhetta con il numero 4. Assomiglia a un dinosauro di metallo abbandonato, un pasto per le calamite di mezzo mondo. I suoni si sono azzerati,

[18.31]

l’unico rumore è quello prodotto dal motorino della mia sedia. Anche

Il cielo è cobalto intenso, sono l’unico essere uma­no rimasto e perdo san-

qui è pieno di cani, si muovono in piccoli gruppi compatti senza un vero

gue dalla faccia. Entro nel por­tone, Marianna abita al terzo piano di questo

leader, e tutti non hanno paura alla stessa maniera. Sono sicuro che ancora

condo­minio. È incredibile che la mia sedia sia riuscita ad arrivare fino a qui.

c’è qualcuno nascosto dietro le finestre di casa sua. È impossibile che

L’ascensore mi è di fronte, ma per raggiungerlo ci sono tre gradini. Spingo

siano scappati tutti. Molti vecchi saranno morti in casa mentre aspettavano

la sedia fin dove è possibile poi, cristo dio metto le mani per terra e mi

notizie dalla televisione, altri ancora, in cuor loro saranno felici di essere

ci arrampico sopra. L’ultimo uomo della terra è paralitico, obeso, non ha

arrivati all’ultimo giorno. La loro invidia per gli esuberanti corpi giova­ni dei

i denti, calvo, sanguinante e adesso si sta trascinando su tre scalini. Non

ragazzi sui motorini è stata ripagata. «Dove siete tutti quanti!». Mi restano

sentirò la mancanza del mio corpo, né della piorrea che mi ha distrutto

solo due batterie cariche, ma sono a buon punto, da qui vedo il palazzo

la bocca a dodici anni, né di questa merda di città coi suoi camorristi e la

di Marianna. Mi fermo davanti al deposito dei tram. Là c’era la scuola

sua esuberanza di te­stosterone, le case popolari, i cantanti neomelodici,

dove ho fatto le elementari, adesso è andata giù, dovevano farci un centro

le fotografie di maradona, le madonne a ogni angolo di strada. Non mi

commerciale, ma non ne hanno avuto il tempo. Mi fermo. Il pollice resta

mancherà Lady Ricrescita né la sua vergogna per i miei denti. Nel palazzo

teso, non riesco più a piegarlo. Mi inclino di pochi gradi sul lato destro,

lei era la bella signora col figlio senza i denti davanti. Una disgra­zia la sua,

le meccaniche della sedia cigolano, affondo il gomito nel sedile di pelle,

una maledizione, per forza doveva essere un malocchioxxi che qualcuno

mi sbottono la patta e piscio per strada. Non voglio arrivare a casa di

le aveva fatto, qualcuna invidiosa della sua bellezza, dei suoi stracazzo di

Marianna con il pannolone inzuppato. L’acido dell’urina a contatto con la

ca­pelli che venivano prima di tutto. Non mi mancherà niente di questo

lividura del mio pollice brucia. Me lo rimetto dentro, sono contento di non

schifo. Mi interessa avanzare nella mia corsa contro la fine a tre chilometri

essermela fatta addosso come quella volta che lo feci per umiliare Lady

l’ora. Raggiunto il terzo scalino afferro la sedia e la trascino a me. Il metallo

Ricrescita dopo che lei aveva fatto i colpi di

solexx

dal parrucchiere. Il mio

concetto di giustizia è rudimentale, tu mi fai una cosa, io ne faccio una a te.

la temperatura, gli elettroni si eccitano, ribalto la sedia, concentro tutta la

Mentre avanzo a tre chilometri l’ora, la ruota pic­cola sinistra finisce in una

forza nelle braccia e mi ci arrampico sopra. La meccanica della sedia è stata

buca e la sedia si ribalta. Vedo la pavimentazione avvicinarsi velocemente

compromessa, le ruote fanno sempre più fatica, il loro asse deve essersi

alla mia faccia, cado, sbatto la fronte, sento un si­lenzio caldo e profondo,

piegato. Chiamo l’ascensore, nella cabina leggo la targhetta con il numero

sto respirando a due milli­metri dalla superficie stradale. Chiudo gli occhi.

delle emergenze e con il peso massimo. Faccio un rapi­do calcolo, mi dico che posso farcela. L’ascensore si ferma, sono al terzo piano. Da questo

[18.23]

momento non avrò mai più bisogno dell’energia elettrica. Che gli elettroni

Sono stato con gli occhi chiusi per nove minuti, steso a pancia sotto in

smettano il loro ridicolo moto per sempre, il chiattonexxii è arrivato.

mezzo alla corsia. Alle mie spalle c’è ancora il tram con la testa fuori l’usci­ta del deposito. Tutto è immobile. Ho del sangue in bocca, sento il sapore

[18.43]

dolce e ferroso sotto la lingua e sulla gengiva. Anche sulla mia faccia c’è del

Fuori dall’ascensore ci sono due porte. Una è aperta. Non riesco a leggere

san­gue ma non riesco a capire precisamente da dove fuoriesca. Mi passo

il cognome sulla tar­ghetta e solo adesso mi accorgo di non conoscere il

la mano sul viso, quando la ri­traggo è ricoperta da un film rosso intenso.

cognome di Marianna. Mi avvicino. L’ultima batteria è quasi esaurita, spingo

In portoghese ‘serragem’. Si usa in Italia quando il pavimento dei negozi è bagnato dalla pioggia o da altri liquidi; non certo in casa. xx È una tecnica di decolorazione dei capelli, realizzata ciocca per ciocca, con effetto schiarente simile a quello provocato da una lunga esposizione al sole. xix

820

dei tubolari impatta con­tro il marmo consumato, lo sfregamento aumenta

f o r u mDEMOCRATICO

Il malocchio, credenza molto diffusa a Napoli e, in generale, nell’Italia del sud, in portoghese corrisponde al ‘mau olhado’. xxii Voce dialettale usata per definire una persona grassa. Qui, nell’accrescitivo – one, diviene ‘grassone’. xxi

Julho / Agosto 12


anche con le braccia. L’ingresso è buio, dal corridoio arriva l’odore di un

namorarti di me. Mi hai già detto grazie, in linea di massima questo basta».

deodorante industriale. Non posso sapere se questa è la casa che ho visto

Mentre lo dice muove il mouse, sta cliccando su qualcosa. Allora provo

nella webcam, spingo la sedia e proseguo verso una stanza sul fondo del

a farmi più vicino. Mi chiedo quale sia la relazione tra la fine del mondo e

corrido­io, l’unica dalla quale viene luce. Passo davanti alla porta della cuci-

la verità, se ha ancora senso. Tutto sta per scomparire, ci aspet­ta il buio

na, ci sono piatti sporchi ovunque, bicchieri con macchie di caffè sul bordo

assoluto, il niente, l’assenza delle cose, questo dovrebbe liberarmi eppure

e nei piatti è pieno di mozziconi spenti nella salsa e nella pasta. L’odore

carico i polmoni per l’ultima volta e la guardo. «Marianna, il mio non è

svanisce a mano a mano che mi avvi­cino alle camere. Lungo il corridoio

stato un incidente. Ho preso la rincorsa, ho slacciato la cintura. Sono

c’è una foto di Marianna al mare. È seduta su un asciugamano, si vede

anda­to a sbattere contro il pilastro del ponte a centoqua­ranta l’ora. Se tu

l’ombra di chi la sta fotografando, non sorride, guarda verso l’orizzonte e

non avessi chiamato l’ambulanza sarei morto, ma era quello che volevo.

tra le mani tiene un paio di occhiali da sole con la montatura di celluloide.

Mi hai con­dannato su questa sedia». Mentre parlo sputo. Delle goccioline

Sullo sfondo c’è la sedia a rotelle piegata e appoggia­ta all’ombrellone. Sono

di saliva schizzano dalla mia bocca in direzione della scriva­nia. Marianna

colpito dalla sua magrezza. Poi una voce rompe il silenzio e mi rendo con-

ha delle strane contrazioni del volto, ferma quel maledetto mouse, è la

to che il mio corpo è ancora qui e che non sono l’ultimo uomo sulla terra.

sua muscolatura facciale a rispondermi. «Io non potevo sapere», mi dice.

Ne siamo almeno due. «Ti stavo aspettando, sei lento». Marianna è sulla

«Non importa», le dico. Allungo un braccio verso di lei, vorrei toccarla,

sua sedia a rotelle, adesso rico­nosco la stanza, è quella che ho visto alla

ma la mia sedia non ci passa, «sono venuto qua per perdonarti, adesso io

webcam, ma è più piccola di quanto avessi immaginato. La finestra dalla

ti amo». Ritorna a spostare il mouse sulla scrivania. «Questo non cambia

quale si vede il mare è quella alle sue spalle. Si vede parte della centrale

i fatti, ti ho salvato la vita comunque, anche se il tuo non è stato un inci-

elettrica di Vi­gliena. È ancora magra come nella fotografia del corridoio, le

dente. Avresti potuto ucciderti altre volte». «Hai ragione amore mio, per

braccia sono sottili, il polso e il gomi­to hanno lo stesso diametro ma i fasci

mano mia sono morto, per mano tua resuscitato», le dico, «sono solo uno

muscolari sono contratti, nervosi, pieni di vene. Il bicipite è articolato in un

stupido ciccione, perdonami se ti sto facendo del male». «Quando ti ho

denso tappeto di tendini e muscoli. È tutta la vita che spinge la sua sedia a

visto nell’auto ricoperto di vetro e sangue ti ho invidiato», si ferma, si guar-

rotelle con la sola forza delle braccia. Conosciamo tutto di noi stessi, negli

da le mani, cerca le parole, «ho pensato che la morte sarebbe stata una

ultimi quattro anni abbiamo passato al computer migliaia di ore chattando

soluzione anche per me. Ho parcheggiato vicino la tua macchina distrutta.

sul Messanger, ma è la prima volta che la vedo. Sono emozionato, forse

Era solo lamiere, anche il modello era irriconoscibile. Non ho potu­to

mi esce il sangue dal naso come quella volta con l’assistente sociale. Ha i

tirarti fuori dal finestrino perché io non ho mai camminato. Mi ritrovavo a

capelli raccolti in un codino perché le danno fastidio sul collo, è stata lei a

guidare una macchina per paralitici con tutte le funzioni al volante, men­tre

dirmelo nella conversazione 1143. Ho stampato tutte le nostre conversa-

le mie amiche guidavano gli scooter. La verità è che ti ho salvato per invidia

zioni e raccolte in un fasci­colo, ma questo non gliel’ho mai detto. Penso di

perché stavi per libe­rarti dal tuo corpo. Ma a quanto sembra le nostre

es­sere innamorato di lei, se così si può dire dell’unica persona disposta ad

miserie adesso non hanno più importanza». «Sì amore mio, adesso nella

ascoltarti per ore. «Marianna io ti amo», le dico. È la prima cosa che dico.

fine siamo tutti uguali». «Non chiamarmi così, non mi importa quello che

Sono patetico. Un paralitico patetico. È già tanto che il mio pannolone

ti ho fatto». «Ti prometto che non sentirai niente». «Moriremo comunque

sia asciutto. «Stai sanguinando», mi dice. Metto una mano sulla faccia e

idiota, cosa vuoi fare?». «Ho dei medicinali con me, li prenderemo tutti.

quando la ritraggo ci sono ancora delle macchie di sangue scuro in mezzo

Li conservo da due anni per questo giorno». «Non ne abbiamo bisogno,

al palmo. Faccio segno che non importa. Marianna sorride, potrebbe fare

guarda fuori». La luminescenza rossa di cui la televisione parla da giorni

di sì con la testa, dire che anche lei mi ama, tra poco tutto non esi­sterà più,

già entra dalla finestra. Il rosso progredi­sce a vista d’occhio. Forse già ci sta

invece dice: «tu confondi l’amore con la gratitudine, io non ti amo, questa

avvolgendo. «Mi restano pochi minuti, devo spendere i miei ultimi soldi,

è la verità». Sembra infastidita, si gratta il dorso di una mano e continua

non voglio portarmi dietro niente. I si­stemi di pagamento su internet sono

a fissare il monitor del suo computer. «Io non ti sono grato», le dico, «tu

ancora tutti on-line, accettano la transazione». Mi avvicino al monitor, sullo

nemmeno immagini». Forse non è contenta di come sono, forse per lei il

schermo ci sono decine di immagini di biciclette. «Cosa fai amore?», le

corpo, anche adesso, a pochi momenti dal disfaci­mento, ha ancora impor-

chiedo. «Compro una bicicletta, non ne ho mai avuta una». «Prendi due

tanza. Adesso sta giocando con il mouse, lo muove sul

tappetinoxxiii.

Sono

mountan bike, una anche per me», le dico. «Non lo so se ce la faccio con

di spalle al monitor non posso sapere cosa sta guardando. «Non hai mai

i soldi per due bi­ciclette. Questa ti piace?», dice indicandone una econo-

detto di amarmi, lo so, ma io non sono qui per questo», le dico. Marianna

mica. «Sì», le dico. «Cambio Shimano?». «Sì». «Diciotto marce?». «Sì».

non mi guarda ma alza la voce. «In quel pomeriggio io ti ho salvato la vita,

«Sellino anatomico rinforzato?». «Sì». Marianna fa in tempo a scrivere il

mi di­spiace che tu abbia perso l’uso delle gambe, se non avessi chiamato

numero della carta di credito nella casella di testo che la luce ros­sa invade

subito l’ambulanza saresti morto, ma questo non significa che tu debba in-

tutta la stanza.

xxiii

Encarte especial Forum 117-118 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVI

e n c a r t e

Il tappetino sarebbe il mouse pad.

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f o r u mDEMOCRATICO

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italia

Italiani in Brasile Rotte migratorie e percorsi culturali

Gli italiani di Bexiga: calabresi a São Paulo, 1870-1930.1 Ana Lúcia Duarte Lanna

L

’arrivo e l’insediamento di migliaia di immigrati europei, specificamente di origine italiana, fu uno degli elementi e una del le caratteristiche più spettacolari delle profonde trasformazioni, quantitative e qualita­tive, attraverso le quali è passata la città di São Paulo a partire dalla fine XIX secolo. La capitale dello Stato passa dai 32.000 abitanti del 1872 ai 600.000 del 1920. È in questo periodo che la città si espande, principal­mente per l’arrivo della popolazione straniera. Le due ultime decadi del secolo XIX e i primi anni del secolo XX sono segnati dall’enorme presenza italiana. La città, che cresce vertiginosamente, cresce come «straniera», unendo «tempi sociali diversificati e discontinui, mostrando che São Paulo conviveva [. . .] con quella sua impressionante combinazione e miscela di nervosismo della metropoli borghese e persistenza di tracce coloniali e tradizionali». Una delle forme più significative di questa Belle Époque paulista fu la produzione umoristica, denominata «maccheronica», che produceva cronache mischiando il gergo campagnolo con l’italiano, dando luogo a una lingua anarchica e straniera, come la città di allora2. Intendiamo qui analizzare le relazioni che intercorrono tra gli immigrati italiani e la città di São Paulo. Ci interessa individuare gli immigrati che fanno della città la propria destinazione preferita e che non hanno a che fare con le coltivazioni del caffè e con l’immigrazione sussidiata. Comprendere la presenza di questi gruppi ci sembra essenziale per tracciare alcune delle complesse relazioni tra la costruzione della città di São Paulo e l’immigrazione. Questo testo propone, a partire dalla ricerca in corso, una possibile comprensione del rapporto tra immigrazione e vita urbana. Lo sforzo è quello di pensare la città come la rivelano gli stranieri, basandosi sulle connessioni tra la costruzione dello spazio e le pratiche sociali. In questa prospettiva presentiamo l’area di studio, il quartiere di Bexiga, e al­cune delle sue caratteristiche, durante la trasformazione da campagna a terreno lottizzato e da lotto in quartiere. In questo processo, la presenza di stranieri provenienti dal sud dell’Italia è decisiva, sia nella costruzione della memoria del quartiere italiano, sia nell’effettiva occupazione dello stesso. Cerchiamo allora di comprendere la scelta migratoria di questi gruppi e di approfondire la lettura del quartiere, considerando le reti di relazioni stabilite, che hanno nell’origine comune un dato significativo.

22 822

f o r u m DD EE MM OO CC RR AA TT II CC OO

1. Bexiga, la costruzione di un quartiere. Fino alla prima metà dell’Ottocento São Paulo era concentrata sul­la collina storica in cui nacque la città. Eudes Campos mostra come la maggior parte degli agglomerati urbani inquinanti e degradati - e anche pericolosi - dai quali tutti quelli che potevano preferivano tenersi alla larga, erano concentrati a sud dell’agglomerato urbano: la Forca, dal XVI secolo era nel luogo oggi occupato da Praça da Liberdade; il Ceme­tério dos Indigentes e Enforcados nell’attuale Rua dos Estudantes; il ma­cello principale, eretto tra il 1849 e il 1853, sull’altura dell’attuale Rua Humaitá. Lo storico afferma anche che a est la gradevole periferia rura­le del Bràs era separata dalla città dall’ampio alveo del rio Tamanduateí, sempre gonfio d’acqua nella stagione delle piogge. Restavano riservati all’espansione delle residenze urbane, destinate alle fasce sociali privi­legiate, solamente la Luz, a nord, e la Cidade Nova, a est3. Gli attuali quartieri di Liberdade e di Bexiga erano allora periferie della città, luo­ghi indesiderabili, ma indispensabili alla vita urbana. La storia della zona di Bexiga4 rivela l’esistenza di un’ampia area, collegata con la città, che serviva come rifugio degli schiavi in fuga e del­le persone contagiate dal vaiolo5. In questa zona c’era anche, almeno dall’inizio del XIX secolo, un’importante stazione di mandriani e passava u­ na strada che collegava la capitale a Santos6. Da terra non esplorata a nascondiglio e abitazione degli schiavi, a stazione di mandriani e sentiero per Santos, ad asilo del mattatoio municipale, la zona di Bexiga assumerà poi nuovi significati: una lottizzazione la trasformerà in quartiere. Questo quartiere accoglierà, a partire dagli anni Novanta dell’Ottocento, migliaia di immigrati italiani che arrivavano a São Paulo. Nel 1878 Antonio Josè Leite Braga, proprietario della Chácara do Bexiga, risolse di lottizzare parte delle sue terre. La lottizzazione si tradusse dagli anni intorno al 1890, in un quartiere costituito da mol­ti piccoli lotti che avevano, in media, un fronte di 10 metri e 30 metri di profondità. Non erano rari i terreni fino a 60-80 metri di profondità. Qesta configurazione faciliterà la costruzione di abitazioni collettive, ­in generale associate alle attività lavorative che garantivano la sopravvivenza agli abitanti. La forte presenza di questo tipo di lotti non esclude, peraltro, l’esistenza di grandi terreni in cui vengono costruite case con due o più piani, spesso lussuose e raffinate, che appartengono a ricche famiglie pauliste. Fino al 1905 incontriamo nelle liste dei proprietari, consultabili nell’Archivio Aguirra7, i nomi delle tradizionali famiglie pauliste e

imprenditori come Rodovalho, Dona Antonia de Queiroz, Antonio Josè Leite Bra­ga, il lottizzatore che vende una grande quantità di terreni della Rua Con­selheiro Ramalho, o Francisco Josè Bastos che appare come venditore di molti terreni nella Rua Manoel Dutra, o ancora Joaquim Antunes dos San­tos, proprietario di grandi appezzamenti di terreno nel quartiere. In questa documentazione e nella serie di ristrutturazioni di costru­zioni private custodite dall’Archivio municipale Washington Luis tro­viamo anche molte case appartenenti ad artigiani e piccoli commercian­ti, che associano abitazione e lavoro. Si tratta, pertanto, della costituzio­ne di un quartiere che accoglie una molteplicità di situazioni abitative, coinvolgendo diversi gruppi sociali, ma con la forte predominanza di abitazioni collettive8. Conviene però sottolineare che «abitazione collet­tiva» non significa, almeno all’inizio del XX secolo, povertà. Ci sembra che lo standard predominante delle abitazioni a São Paulo, anche tra la élite, non includesse, fino al 1900, l’abitazione unifamiliare. Una prima analisi della bibliografia esistente rivela un quartiere materialmente costruito tra la fine del XIX secolo e gli anni Venti del XX. Una rilevazione realizzata dal municipio di São Paulo alla fine de­gli anni Settanta del Novecento, il cui scopo era di sussidiare proposte di interventi di rinnovamento urbano a Bexiga, rivela che l’80 per cen­to delle edificazioni erano residenze al piano terra, considerato che il 50 per cento di esse erano state costruite prima del 1922. Accanto a que­sta permanenza, fatto in sé peculiare ed eccezionale in una città come São Paulo, che si riproduce a un ritmo allucinante, abbiamo anche un’alta incidenza di abitanti che nacquero e vissero tutta la vita nel quar­tiere. Un altro dato rilevante è l’assenza di grandi industriali nel quar­tiere, dal momento della sua configurazione alla fine del secolo XIX. Bexiga si è caratterizzato da sempre come luogo di abitazione di artigiani, quali calzolai, sarti, ecc. Alcune manifatture, localizzate in generale in fondo ai lotti, consistevano in falegnamerie, fabbriche di cappelli e panifici. Ancora alla fine degli anni Settanta del Novecento, la grande maggioranza della popolazione lavorava nel proprio quartiere o nel nucleo centrale (56 per cento), così come vi svolgeva le attività di consumo di generi alimentari, servizi, vestiario (87 per cento). La strutturazione materiale di quest’area si realizza tra la fine del secolo e i primi decenni del XX. Il processo coincide con la trasform­azione della lottizzazione in quartiere. E la presenza degli italiani, soprattutto di quelli provenienti dalle regioni meridionali, è decisiva. Pensando alla relazione tra Julho / Agosto 12


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storia italiana A cura di Vittorio Cappelli e Alexandre Hecker la trasformazione della campagna in quartiere e la presenza degli stranieri, ci sembra possibile proporre una periodizzazione dell’occupazione e della trasformazione di quest’area: tra il 1878 e il 1890 si ha il consolidamento della lottizzazione con una debole ­presenza di stranieri; dopo il 1890 si amplia la presenza degli stra­n ieri, soprattutto italiani, che saranno la maggioranza dei proprietari del quartiere dopo il 1905. Parlare della presenza degli italiani significa riconoscere che questa segnava in modo decisivo la struttura della proprietà e della sociabilità nello spazio considerato. Ma è essenziale qualificare questi italiani. Zuleika Alvim, nel suo lavoro­: Brava Gente9, lavorando con fonti e bibliografia italiane e brasiliane, evidenzia differenze e somiglianze tra gli immigrati oriundi del nord e del sud Italia e definisce la questione, per noi centrale, dell’inesistenza di un «italia­no» immigrato. Sicché, è essenziale conoscere i luoghi di origine, le intenzioni e le aspettative che determinarono l’atto migratorio, per comprendere le relazioni e gli inserimenti realizzati in Brasile. Apprendere che gli immigrati tentavano di unirsi secondo le regioni di originelO, significa cercare di comprendere le reti di partenza e quelle qui costruite e/ o riprodottell. La presenza di italiani provenienti dall’Italia del sud, soprattutto dalla Calabria, è stata frequentemente utilizzata per caratterizzare Bexiga. L’immigrato, descritto dalla nostra ricerca, è portatore di una esperienza urbana che precede l’emigrazione e possiede un capitale (culturale, finanziario, ecc.) che facilita il suo inserimento nella città. 2. Immigrazione e città. La discussione sull’introduzione di migranti in Brasile durante il XIX secolo e all’inizio del XX si caratterizza per la dualità tra colonizzazione e immigrazione. I coloni sarebbero quelli che, allocati in lotti di terreni definiti e inizialmente amministrati dal governo imperiale, dovevano formare nuclei di piccoli produttori, ed erano, di regola, associati a una pro­spettiva civilizzatrice. L’immigrazione s’inquadra in politiche pubbliche di attrazione di manodopera, soprattutto per le grandi colture di espor­tazione, marcatamente il caffè, e rivela l’importanza politica ed economi­ca dei coltivatori di caffè dell’ovest paulista12. Si trattava di introdurre, su larga scala, lavoratori proletarizzati destinati al mondo

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Editrice: Rubbettino

rurale. La sovven­zione governativa fu la formula che garantì, a partire dalla metà degli an­ni Ottanta dell’Ottocento, l’entrata di milioni di lavoratori europei, so­prattutto italiani, che avevano come destinazione privilegiata il lavoro nel­le coltivazio-

ni di caffè pauliste. L’istituzione della Sociedade Promotora da Imigração, tra il 1886 e il 1895, fu fondamentale nell’attrazione di più di duecentomila immigrati, in maggioranza dal nord dell’Italia, soprattutto dal Veneto. Douglas Graham afferma che fino al 1893 il 94,1 per cento degli immigrati che entrarono nello Stato di São Paulo erano sovvenzio­nati. Questa percentuale decresce nel tempo e nel periodo 1904-1918 oscilla fra il 36 per cento e il 39 per cento del totale13. Gli studi finora ef­fettuati spiegano la disposizione a compiere la scelta migratoria come frutto del processo di trasformazione fondiaria, della pauperizzazione e dell’industrializzazione in corso in Italia alla fine del XIX secolo14. Gli immigrati italiani predominano nella corrente migratoria diret­ta verso lo Stato di São Paulo nel periodo tra il 1886 e il 1902. Da que­sta data fino al 1920, l’attrazione esercitata dagli Usa fa diminuire con­siderevolmente il flusso migratorio per il Brasile. A partire dal 1905 pre­ dominano gli immigrati provenienti dal Portogallo e dalla Spagna. Tra il 1870 e il 1902 la media annuale era di 43.116 italiani; tra il 1902 e il 1920 questa cifra scende fino a 14.328. Un altro dato importante si riferisce ­all’origine di questi italiani. Dal 1886 fino al 1902 predominavano veneti e lombardi (30,9 per cento)15 . Dopo questa data la maggioranza è costituita da immigrati provenienti dal sud Italia.

Percepiamo un’alterazione nel profilo degli immigrati se consideriamo, di volta in volta, la questione dell’immigrazione sussidiata o spontanea, i livelli di povertà e le regioni di origine. In linea generale, il movimento migratorio occorso fino alla fine del XIX secolo si caratterizza per la prevalenza quasi assoluta dell’immigrato sussidiato, originario general­mente del nord Italia, soprattutto del Veneto, di tradizione agricola e totalmente pauperizzato, «proletario senza aggettivi»16, sottomesso agli eccessi delle compagnie di navigazione, «veri adescatori di una nuova forma di traffico umano»17. A partire dall’inizio del XX secolo, diminuisce notevolmente e costantemente il numero degli immigrati sussidiati, si amplia l’entrata degli immigrati che dispongono di qualche gruzzolo e/o qualificazione. Contestualmente, aumenta l’ingresso degli immigrati provenienti dalle province del sud Italia. A noi sembra che parte sostanziale dei nuovi ab­itanti di São Paulo e di Bexiga abbia origine da questo gruppo18 . La presenza degli immigrati italiani nelle città brasiliane, soprattut­to nella città di São Paulo, che cresce vertiginosamente in quegli ultimi anni del XIX secolo e all’inizio del XX, è in generale intesa come uno spostamento, una deviazione dalla destinazione originale: le fazendas del caffè. C’è una vasta bibliografia che analizza le condizioni di lavoro nelle fazendas, la specificità dei rapporti di lavoro, le possibilità di mo­bilità e ascesa sociale, l’importanza dell’accesso alla proprietà della ter­ra, ecc. Gli studi relativi a questo immenso movimento di popolazione indicano un alto indice di ritorno e/o di abbandono delle fazendas19. Questo abbandono della condizione di lavoratore agricolo e la conse­guente partenza/fuga verso le città è individuato come una delle cause centrali della vertiginosa espansione urbana della capitale paulista. Vertiginosa senza dubbio, questa crescita urbana non può avere un’unica spiegazione. L’associazione immigrazione/colono del caffè ha fatto in modo che poco ci si interrogasse sui milioni di immigrati, pro­venienti da città italiane, che affluirono verso la città di São Paulo alla fine del secolo XIX. Tale contingente di immigrati era escluso dall’im­migrazione sussidiata.

Regioni di provenienza degli immigrati italiani in Brasile. Annuario Statistico dell'emigrazione italiana dal 1876 al 1925

Calabria

Veneto

Lombardia

Campania

1876 / 1901

67.944

326.793

86.585

108.301

1902 / 1925

63.211

38.917

19.388

57.779 f o r u m DEMOCRATICO

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italia Molti di coloro che abitarono a Bexiga facevano parte di questo gruppo. Núncia Santoro ha studiato, per Porto Alegre, un gruppo di immi­grati originari di Morano Calabro, un centro nella provincia di Cosen­za, in Calabria, e ha rivelato che la maggior parte erano in Italia conta­dini piccoli proprietari, mezzadri o artigiani20. Indipendentemente dal­l’eventuale attività agricola, abitavano nel centro urbano. Possedevano qualche bene o un gruzzolo che gli permetteva di finanziare il viaggio e la ricerca di una nuova vita al di là dell’Oceano. La famiglia rimaneva nel luogo d’origine. Se negli anni Ottanta dell’Ottocento, l’emigrazione era un dato importante per questa regione, tra il 1901 e il 1910 raggiun­ge cifre spettacolari. A Porto Alegre si stabilivano in piccole imprese a carattere familiare. Arrivavano da soli e, nella misura in cui si radicava­no in città, chiamavano altri membri della famiglia (è un processo, que­ sto, molto simile a quello dei portoghesi venuti in Brasile) 21. Vittorio Cappelli ha studiato gruppi di emigranti spontanei che partivano da una piccola area dell’Italia meridionale al confine tra le provincie di Cosenza, Potenza e Salerno, pertanto tra tre regioni italiane: Calabria, Basilicata e Campania. Si tratta di una parte dell’Appennino meridionale, in cui il fenomeno dell’emigrazione verso l’America si manifesta precocemente già negli anni Sessanta dell’Ottocento, stimolando un attiva esperienza di mobilità, che aveva radici nelle abitudini dei venditori ambulanti e, soprattutto, nel vasto mondo degli artigiani: indoratori, stagnai, ramai, intagliatori, argentieri, orafi, calderai, fabbricanti di strumenti musicali a corda, tintori, sarti, calzolai, ecc. Questi emigranti - per la maggior parte artigiani e contadini piccoli proprietari - escludono dal proprio orizzonte la prospettiva del lavoro agricolo e l’isolamento in ambienti rurali; tuttavia evitano anche, se possibile, le grandi capitali22. I lavori di Cappelli e della Constantino presentano immigrati dalle caratteristiche simili a quelli incontrati nel quartiere di Bexiga a São Paulo. I dati statistici, relativi al periodo compreso tra il 1876 e il 1920, rivelano che migrarono per il Brasile 1.243.633 italiani. Di questi, 332.123, il 26,7 per cento, erano originari delle tre regioni menzionate da Cappelli23. Piero Bevilacqua ed Ercole Sori nello studio della società rurale e dei processi migratori in Italia hanno osservato come per i meridionali lo svolgimento del lavoro agricolo, ancora predominante, fosse associato a molteplici attività relative all’artigianato e che l’esistenza del latifondo configurava movimenti stagionali di lavoratori e caratterizzava la presenza di pratiche migratorie. Pertanto, l’emigrazione transoceanica interverrà nel XIX secolo su una cultura che aveva il viaggio e la peregrinazione come dati costanti e operativi24. In questo senso, l’emigrazione, più 8224 4

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che una fu­ga dalla miseria, era frequentemente una forma di sopravvivenza, inseri­ta in una antica cultura della mobilità. Anche l’emigrazione transoceani­ca inizialmente è stagionale e temporanea. Uno studio calabrese sui mo­vimenti dei calabresi verso il Brasile, citato da Zuleika Alvim, afferma che «i calabresi partono dunque di preferenza nei mesi invernali (quando) i lavori dei campi già sono ultimati, e possono essere lasciati in custodia al­le mogli ed ai figli. Quegli emigranti poi che si dirigono nel Brasile e nei paesi del Plata, sono di preferenza attratti dai lavori di mietitura ecc. che in quelle regioni suscitano grande richiesta di mano d’ opera»25. Questa migrazione temporanea in cerca di lavoro retribuito, miran­te a migliorare le

condizioni di vita nei luoghi d’origine, dove rimane la famiglia e dove si ha la proprietà o qualche forma di accesso stabile al­la terra, è presente nei gruppi calabresi e meridionali26, ma non è una loro esclusiva. Questo movimento migratorio, né permanente né fami­liare, presuppone l’esistenza di qualche risorsa finanziaria che la fami­glia investe nell’emigrazione di uno dei suoi componenti, in genere un uomo giovane. Il successo di questo tipo di migrazione può significare la permanenza nel luogo d’arrivo e l’arrivo graduale della famiglia. Op­pure un movimento di ritorno che può ripetersi numerose volte. Nel 1890 arrivano a São Paulo due giovani fratelli, Domenicantonio e Giovanni, che nonostante fossero di Salerno, si autodefinivano calabresi. Dopo alcuni anni aprono all’incrocio tra la Avenida Brigadeiro Luis Antonio e la Rua Major Diogo, una panetteria dove producono il pane casereccio, meglio conosciuto come pane italiano. Nel 1905, Domenico ritorna in Italia dove si sposa

con Caterina Greco, dalla quale avrà undici figli. Il fratello Giovanni rimane a São Paulo, continuando a lavorare nel settore della panificazione e diventando proprietario di uno stabilimento commerciale nel quartiere di Bom Retiro. A partire dal 1924 i figli di Domenico cominciano a emigrare verso il Brasile. Il primogenito, Paulo, apre anch’egli un panificio, dopo dieci anni di lavoro con lo zio, e si sposa con l’italiana Ida Fiasco, una devota della Madonna Achiropita. Questo tipo di emigrazione provoca trasformazioni significative nei luoghi di origine degli emigrati; specificatamente nell’Italia del sud significa l’introduzione di importanti risorse monetarie, di nuove abitu­dini di vita e, molte volte, lo sconvolgimento di situazioni familiari in seguito alla costituzione di famiglie diverse ai due lati dell’Atlantico27. Al di là di questa transumanza, accade anche che molti immigrati vengano con le famiglie, con la prospettiva di «fare l’America». Per gli uni e per gli altri l’insediamento nella nuova terra diviene più facile, attivando i legami col luogo d’origine, il che definisce come questione centrale la comprensione delle reti stabilite fra i partenti e i rimasti. 3. Bexiga, modi di vita. L’arrivo di questi stranieri e l’affermazione di Bexiga come quartiere italiano si definirà, da un lato, grazie all’eliminazione delle tracce che associvano il territorio a un luogo di rifiuti urbani, facendo sparire gli elementi legati a questa storia. D’altra parte, la trasformazione di Bexiga in un quartiere urbano e italiano significherà la successiva eliminazione di segni e riferimenti negri: Bexiga si sovrappone a Saracura. Analizzando i dati presenti nell’Archivio Aguirra, apprendiamo che la presenza degli italiani nel quartiere, come proprietari, è maggiore a partire dal 1905. Considerando i dati rilevati per due importanti strade, notiamo che nella Rua 13 de Maio, fino al 1905, nel 25 per cen­to delle schede appare per lo meno un nome di un italiano. Questo nu­mero raddoppia e, dopo il 1905 , il 50 per cento delle transazioni immo­ biliari coinvolgono persone con cognomi italiani. Nel caso di Rua Major Diogo, questi dati sono ancora più impressionanti. Fino al 1905 il 40 per cento delle transazioni coinvolgono italiani, ma dopo questa data la per­centuale cresce fino all’82 per cento28. Alcuni di questi italiani sono pro­ prietari di molti immobili acquistati nel corso di alcuni decenni. Essi abitano a fianco agli immobili destinati alla locazione. Le attività professionali si svolgono negli stessi luoghi delle abitazioni. Nel 1912 morì Raphael Briganti, nativo di Polla, in provincia di Sa­lerno. Abitava in Rua Major Diogo, 88. A questo stesso indirizzo aveva una fabbrica di cappelli, situata in una costruzione di due piani e tre stanzoni. Il suo figlio maggiore Antonio, sposato, abitava allo stesso in­dirizzo e gestiva l’azienda29. Julho / Agosto 12


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storia italiana Gli altri immobili, per un totale di nove unità, erano vicini, posti tra la Rua Major Diogo e Rua Maria Josè. Era­no immobili dotati di porta e finestre, con quattro o cinque dépendan­ce esterne (capannoni di zinco), il cui usufrutto era riservato alla vedo­va del defunto, il che ci porta a pensare che fossero immobili destinati alla locazione30. Altri possedevano appena l’immobile dove abitavano e molti erano solamente inquilini. Tutti convivevano in una contiguità che configurava la presenza di significative diversità socio-economiche amalgamate dalle comuni origini. Il Catálogo das Indústrias do Município de São Paulo del 1945 rive­la la forte presenza nel quartiere di imprese, appartenenti a italiani e lo­ro discendenti, legate all’alimentazione (pane, dolci, biscotti) e di atti­vità artigianali (fabbri e falegnami). La vita che si conduceva in questo spazio, trasformandolo in un quartiere31 e trasformando i suoi abitanti in italiani, trascorreva in edifici che, in generale, associavano l’abitazione, il lavoro e il tempo libero. Uno dei segni della storia del quartiere e della memoria paulista è Francisco Capuano, nativo di Rossano Calabro (Cosenza). Teresa Porcari, sua seconda sposa, era figlia di Humberto, calabrese (nonostante fosse nato a Napoli si dichiarava anch’egli calabrese), che abitava negli Arcos e morì durante l’influenza spagnola del 1918. Il «ristorante» di Francisco funzionava in casa sua nella Rua Major Diogo. Inizialmente Capuano vendeva prodotti alimentari: olio, alici e sopressata, tutto importato dall’Italia. Man mano cominciò a offrire dei pasti, inizialmente nello scantinato di casa, e sempre servendo un piatto fisso. Lì si riunivano gli abitanti del quartiere, che, oltre a mangiare, giocavano a bocce e ascoltavano musica32. Fa parte della memoria costruita anche il riferimento ai cortiços, do­ve si sperimentava una vita condivisa, quasi comunitaria. Nei ricordi e nelle rievocazioni del quartiere italiano, l’antico cortiço è diverso dai cortiços di oggi, associati, invece, alla povertà e alla precarietà sociale. L’analisi di una serie di costruzioni private rivela un quartiere in cui sono presenti molteplici modi di abitare: cortiços con casette in ­serie che occupano i terreni di lunghi lotti, scantinati abitati, case isolate che occupano lo stesso lotto, case unifamiliari a due o più piani con raffinatezze borghesi, case con magazzini e negozi sulla

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facciata, case con officine nel fondo, case con stalle. Infine, una pluralità di arredi che rivelano la coesistenza di diversi strati sociali, per i quali la nozione di a­bitazione collettiva come precarietà non è né adeguata né sufficiente a comprendere le diversità presenti. Ciò che effettivamente sembra assente o raro nel quartiere è la co­struzione di case unifamiliari in lotti isolati. Anche le famiglie ricche, o i commercianti ben avviati come Mammana, possiedono nei loro terre­ni più di una casa abitata da oltre una famiglia. L’inventario di Inácio Mammana fu aperto nel 1932, quando egli morì per un attacco cardia­co. Morì nella sua residenza in Rua Manoel Dutra, 15. Era un commer­ciante nativo di Regalbuto (Catania). L’inventario rivela la costruzione di un «condominio», edificato in terreni posti nella Rua Maria José 51 e 53 e nella Rua Major Diogo 140 e 142. In quest’area furono costruite quattro case, le cui facciate davano sulle rispettive strade e al centro del lotto c’era un garage di uso comune33. La famiglia Scarlato, originaria di San Demetrio Corone (Cosenza), segnala la sua presenza nel quartiere dal 1903. Vicente Scarlato, il pa­ triarca, migrò inizialmente a Bebedouro (São Paulo), dove sposò una giovane di origine sirio-libanese, con la quale si trasferì successivamen­te a Bexiga. L’immigrato, di mestiere falegname, costruì un’importante industria mobiliera, situata nello stesso luogo in cui abitava, nella Rua Treze de Maio, all’attuale numero 57. I suoi cinque figli lavoravano nel­la falegnameria e abitavano nello stesso lotto di terreno, sia nella casa che chiude il fronte del lotto sia in case costruite in fondo al terreno. I figli e i nipoti di Vicente convivevano con altri italiani, abitanti nei di­versi cortiços esistenti nella stessa Rua Treze de Maio, e partecipavano intensamente alle attività, inclusa la festa della Madonna Achiropita. Un nipote racconta che nel giorno della processione il nonno stava al bal­cone della casa e distribuiva denaro per la Madonna in processione34. Uassyr Siquera, studiando le diverse associazioni e le attività del tempo libero dei lavoratori paulisti, rivela forti continuità e vincoli degli immigrati con la regione d’origine. In seguito a un litigio, vari italiani furono portati nella stazione di polizia a sud della Sé, nel febbraio del 1906. In base alle testimonianze, si apprende che tutte le perso-

ne coinvolte ­abitavano a Bexiga, la maggior parte di esse risiedevano allo stes­so indirizzo (Rua Marechal Deodoro 40), lavoravano come venditori di dolci e caramelle ed erano tutti nativi di Salerno35. Nel 1929 muore, senza lasciare testamento, l’italiano José Caruso, ricco proprietario di immobili e fabbriche. La disputa intorno ai beni e al matrimonio rivela che José Caruso formò una famiglia per due volte, senza mai sposarsi. Dalla prima unione, con una spagnola, ebbe tre figli. Dalla seconda, con una italiana, ebbe altri due figli, che erano minoren­ni quando morì. La seconda compagna era sposata con un italiano ori­ginario del napoletano, abitante nella Rua Conselheiro Ramalho e proprietario ­di una piccola cartoleria nella Rua da Consolação. Dei figli della prima unione, uno era medico, l’altro commerciante. La figlia femmi­na si sposa con un italiano e ritorna in Italia, andando ad abitare a Napoli. A causa della disputa dei beni, si istruisce un processo per definire se i figli minorenni del secondo matrimonio sono adulterini o naturali, al fine di stabilire se avessero, o no, diritto all’eredità. Sono convocati cinque testimoni. Tutti affermano di essere amici del defunto, ma nessuno di loro era convivente suo o della sua famiglia. Due dei testimoni indica­no la tabaccheria come luogo d’incontro sistematico. Uno dei testimoni, Rafael de Sanctis, un negoziante abitante nella Rua Xavier de Toledo 44, rivela che era amico di José Caruso dai tempi dell’Italia, poiché abitavano non ­solo nella stessa città, Cosenza, ma nella stessa strada; da allora erano amici, essendo lui emigrato a São Paulo nel 1885, un anno prima di Caruso. Durante le deposizioni, viene evidenziato che Caruso va e viene dall’Italia varie volte, tra il 1886 e il 1929 (anno della sua morte). Nei decenni presi in considerazione, Bexiga si caratterizzò come un quartiere italiano, ma in maniera diversa rispetto ai quartieri di Bras e Mooca. In questi ultimi imperava l’immagine delle fabbriche e degli operai e i loro ricorrenti movimenti rivendicativi, invece a Bexiga per­le associazioni e le pratiche culturali legate alla religiosità, all’alimentazione e alla festa. Questa immagine36 persiste fino ai giorni nostri, facendo di questo quartiere un riferimento

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italia turistico e culturale per la città, nonostante non ci siano più italiani e/o loro discendenti. Tra le pratiche istituite dagli immigrati a Bexiga, quelle relazionate alla devozione religiosa risaltano come elemento di aggregazione e, allo stesso tempo, costitutivo di identità etniche che contraddistinguono fi­no a oggi questa regione della metropoli paulista come Quartiere Italia­no. Esistono oggi nel mondo appena due chiese dedicate alla Nossa Senhora Achiropita. Una localizzata a Bexiga e l’altra nella città di Ros­sano Calabro (Cosenza), luogo di origine dei gruppi che portarono in Brasile l’icona e vi consolidarono la loro devozione. All’inizio del XX secolo intorno alla Madonna Achiropita erano organizzate processioni e feste pubbliche. Nei primi due decenni del secolo viene costruita una piccola cappella per accogliere l’icona. Altri gruppi di immigrati aveva­no anch’essi le proprie devozioni. Inizialmente c’era una convivenza con altri culti, tra i quali si distingue quello della Madonna di Ripalta, praticato dagli immigrati provenienti da Cerignola (Foggia). Ma nel processo di affermazione di una identità italiana, si impose il culto del­la Madonna Achiropita. Il processo di affermazione di una identità italiana per i gruppi di di­verse regioni e tradizioni si realizzò nel corso dell’esperienza migratoria. Arrivarono come membri di villaggi e regioni e, nel nuovo processo di affermazione e costruzione della vita a São Paulo, si trasformarono in ita­liani. L’affermazione delle pratiche culturali locali come pratiche devo­zionali degli italiani comportò anche la trasformazione del locale nella relazione nazionale/straniero. La diffusione di questa devozione con la costruzione di una chiesa che porta il nome della Madonna Achiropita, la nascita e il consolidamento di una festa popolare in omaggio alla Vergine, furono momenti importanti della costruzione di una «eredità italiana» per il quartiere e il risultato della prevalenza sugli altri di alcuni gruppi di immigrati, che consolidarono le loro credenze ed eredità come pertinenti all’insieme degli immigrati e degli abitanti del luogo. Un altro elemento importante nella costruzione di Bexiga come quartiere italiano si riferisce all’esistenza di ristoranti e panifici. La maggior parte dei ristoranti (cantinas) oggi esistenti nel quartiere furono inaugurati non più di sessant’anni fa. Anche il famoso Capuano, oggi situato ­nella Rua Conselheiro Carrão, non appartiene alla famiglia che diede origine al ristorante. Al contrario, i panifici che ancora esistono apparteng­ono sempre alle stesse famiglie, rimangono negli stessi luoghi e vendono, fondamentalmente, gli stessi prodotti. Osservando i panifici, più che le cantine, possiamo comprendere la permanenza e le riletture di una storia italiana che si svolge in America. A partire dal 1890, apparvero nel quartiere i primi panifici degli italiani, co­sì come andò consolidandosi il culto della Madonna Achiropi­ta. In questa maniera, la comunità italiana andò costruendosi spazi di convivenza, manifestando le sue radici culturali. Allo stesso tempo si

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costruiva in città il punto di riferimento di un luogo povero, pieno di pra­tiche condivise (il cattolicesimo, l’alimentazione), che rendeva la convivenza diversa da quella stabilita nei quartieri industriali. Il panificio São Domingos è ancora oggi un punto di riferimento nella città di São Paulo nell’attribuzione dell’identità italiana al quartiere. La sua storia ebbe inizio alla fine del XIX secolo con Domenico Albanese, nato a Lauria (Potenza) nel 1861. Egli era ufficiale della Guardia Nazionale e decise di immigrare in Brasile con il fratello Biagio. La storia familiare si struttura successivamente intorno a vari immobili della Rua São Domingo, dove ancora oggi funziona il panificio. La ricetta del pane casereccio è arrivata insieme a loro, ma la professione di panettiere è stata appresa in Brasile. Agli inizi consegnavano il pane con un carretto. Nel 1913 il panificio già occupava tutto il pianterreno della casa e la famiglia abitava al secondo piano; nel 1915 sollecitarono l’autorizzazione a costruire delle rimesse e ad ampliare le case. La seconda sposa di Domenico, Ma­ria Albanese, era devota alla Madonna Achiropita37. 4. Conclusioni. I risultati della ricerca, ancora in corso, rivelano la costruzione di Bexiga come quartiere italiano a partire dagli ultimi anni del XIX seco­lo, ma soprattutto nei primi decenni del XX secolo. La forte presenza di immigrati originari del sud Italia, venuti in Brasile spontaneamente, mettendo in movimento tradizioni e legami, è rivelata dall’analisi delle fonti, sia quelle giudiziarie (inventari e testamenti) sia quelle della poli­zia o quelle di natura privata. L’associazione tra abitazione, lavoro e tempo libero è frequente. Se le modalità abitative sono comuni, soprat­tutto per la quasi inesistenza di abitazioni unifamiliari, diversi sono i proprietari e le dimensioni delle abitazioni, che segnalano un’articola­zione sociale che condivide gli stessi spazi urbani. Pratiche condivise di alimentazione, religiosità e modalità abitative conferiscono ai diversi gruppi un’identità comune di italiani, costruita in Brasile durante l’e­sperienza migratoria. Curiosa è la dichiarazione di José Passalacqua, il quale, prima di morire, dice che malgrado sia nato in Italia (e singolar­mente non menziona il luogo di origine), è brasiliano di coração, ma so­prattutto è cattolico di forte devozione. Bexiga si costruisce come quar­tiere essendo un luogo formatore di identità, di modi di vita condivisi. Comprendere i processi che consolidarono questa identità italiana e la selezione delle tradizioni locali, che guadagnano in America attributi di identità nazionale, è una delle sfide della ricerca. Allo stesso modo, comprendere la trasformazione della base materiale che costruisce que­sto quartiere, allontanandolo dalla prima lottizzazione, e l’evoluzione delle sue molteplici attività, è compito fondamentale per comprendere i percorsi di questa immigrazione che costruisce e rivela uno dei molti volti di São Paulo.

1. Questo testo è il risultato della ricerca realizzata nell’ambito del progetto tematico Fapesp, São Paulo: os estrangeiros e a construção da cidade. 2. E.T. Saliba, As raízes do riso, Companhia das Letras, São Paulo 2002, pp. 154 e ss. 3. E. Campos, Nos caminhos da Luz, antigos palacetes da elite paulistana, in «Anais do Museu Paulista», XIII, n. 1, January-June 2005, p. 14. 4. N. Marzola, Bela Vista, História dos Bairros de São Paulo, vol. 15, Dph, São Pau­lo 1985. 5. Da qui discende probabilmente la denominazione del quartiere; bexiga = vescica/ vaiolo. Secondo altri, invece, la denominazione deriva da Antonio Bexiga, proprietario di una locanda in quel luogo. E. Silva Bruno, História e Tradições da cidade de São Paulo, Hucitec/ Prefeitura de São Paulo, São Paulo 1984, p. 205. 6. Le strade di Bexiga e di Lavapés erano le più frequentate per il fatto di essere percorse ­dalle mandrie che si dirigevano verso Santos. A causa del transito di truppe e di car­ri trainati da buoi, che attraversavano la città, nel 1791, il governatore Lorena dovette stabilire ­i punti dove le truppe e i carri dovevano sostare. Questi carri e le truppe portavano proviste per la città, giungendo da Atibaia, Parnaiba, Mogi das Cruzes. Quelli che veni­vano dai distretti di Atibaia e di Parnaiba, appena entravano in città da est, dovevano so­stare nella campagna di Bexiga, tra Anhangabaú e il fiume Saracura. Saint Hilaire descrive la ­locanda di Bexiga come un terreno fangoso circondato da un fossato e da piccole costruzioni. Il proprietario, Antonio Bexiga, autorizzava l’uso dei pascoli per gli animali, facendo pagare un vintém al giorno senza chiedere altro denaro per l’alloggio. Il viaggiatore ci informa che i cubicoli erano immondi, senza pavimento e senza finestra. Gli alloggi migliori erano in città e ricevevano solo ospiti con lettere di raccomandazione. A. de Saint Hilare, Viagem à Provincia de São Paulo, Itatiaia Editora, São Paulo 1976, pp. 164-165. 7. L’Archivio Aguirra appartiene al Museo Paulista e fu costruito da João Baptista de Campos Aguirra (18711958), che nella sua vita organizzò, in funzione dei suoi interessi professionali di consulente di affari immobiliari e della sua attività come ricercatore della storia paulista, un vasto insieme di documenti (schede, quaderni, piante, map­pe, libri), relativi all’organizzazione fondiaria di São Paulo. Questi dati sono il risultato delle consultazioni e delle copie minuziosamente realizzate nei fondi archivistici pub­blici, notarili e privati di São Paulo. 8. La percezione di Bexiga come un quartiere povero e non industriale è ricorren­te nella bibliografia sull’argomento. Forse la percezione della povertà, che esalta nella caratterizzazione del quartiere l’esistenza

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storia italiana di cortiços (le abitazioni collettive delle fami­glie povere), senza cercare di qualificarli, va associata all’esistenza di un luogo segnato da una forte diversità sociale in spazi fisici assai prossimi. L’inesistenza di vicinati social­mente omogenei, come afferma Paulo Garcez, si configura nel quartiere come elemen­to centrale di analisi per affrontare le questioni proposte nella nostra ricerca. 9. Z. Alvim, Brava gente, Brasiliense, São Paulo 1986. 10. Ivi, p. 65. 11. O. Truzzi, Redes em processos migratórios, in «Tempo Social», v. 20, n. 1, 2008. 12. Questa differenza già risulta da documentazioni come, ad esempio, quella dei Relatórios do Ministério da Agricultura e dos Presidentes de Província. 13.D. Graham, Migração estrangeira e a questão da oferta de mão de obra no cresci­mento econômico brasileiro, in «Estudos Econômicos», 111, n. 1, aprile 1973, p. 49. 14. Secondo Zueika Alvim (op. cit., p. 22), fino al 1885, la maggior parte degli immi­grati era costituita da numerosissimi mezzadri, piccoli proprietari e fittavoli, indipenden­temente dal fatto di essere del nord o del sud Italia. Si veda anche E. Franzina, A grande emigra­ ção: o êxodo dos italianos do Veneto para o Brasil, Ed. Unicamp, Campinas 2006. 15. La periodizzazione di Zuleika Alvim (op. cit., p. 62) rivela che il periodo compreso tra il 1895-1896 e il 1902 si caratterizza per un notevole aumento dell’arrivo di popolazioni meridionali. 16. B. Sallum, Jr., Capitalismo e cafeicultura, in A. de Freitas Barbosa (a cura di), A formação do mercado de trabalho no Brasil, Alameda, São Paulo 2008, p. 140. 17. F. Cenni, Italianos no Brasil: andiamo in Merica, Edusp, São Paulo 2003, p. 238. Vale la pena ricordare che alcuni importanti trafficanti di schiavi, dopo il 1850, fecero adat­tamenti nelle proprie navi negriere e si trasformarono in «commercianti di immigrati». 18. Queste osservazioni ci sembrano importanti, anche perché in Brasile gli studi che trattano le questioni relative alla presenza degli italiani raramente si soffermano sul­le motivazioni dell’emigrazione, considerando genericamente la pauperizzazione come motore della scelta migratoria. 19. Z. Alvim, op. cit., p. 60. 20. N. Santoro de Constantino, O italiano da esquina, Est, Porto Alegre 1991. 21. Si veda tra gli altri: E. M. Lahmeyer Lobo, Imigração Portuguesa no Brasil, Hucitec, São Paulo 2001; M. I. Santos de Matos (et al.), Deslocamentos e histórias: os portugueses, Edusc, Bauru 2008. 22. V. Cappelli, Immigrazione e urbanizzazione. La pre­ senza degli italiani nelle «altre Americhe», in «Passato e Presente», n. 71, 2007; Id., Storie di italiani nelle altre Americhe. Bolivia, Brasile, Colombia, Guatema­ la e Venezuela, Rubbettino, Soveria Mannelli, 2009. L’autore afferma che questi immigrati preferiscono i piccoli centri urbani, come succede, per esempio, nell’America centrale e nel nord del Brasile. Non è raro che scegliessero città portuali in sviluppo agli inizi del XX secolo, come Barranquilla in Colombia; Guayaquil in Ecuador. Ma la forte presenza a São Paulo impone una problematizzazione di questa asserzione. 23. I dati relativi all’immigrazione italiana in Brasile secondo le regioni di provenienza ­nel periodo 1876-1920 sono in Departamento Estadual de Estatísticas (1947). 24. Piero Bevilacqua mostra i movimenti tra Calabria, Basilicata e Sicilia per la rac­colta del grano, la raccolta

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delle olive e la raccolta degli agrumi. Si veda di questo auto­re: Società rurale e emigrazione, in P. Bevilacqua, A. De Clementi, E. Franzina (a cura di), Storia dell’emigrazione italiana. Partenze, Donzelli, Roma 2001, p. 98. 25. D. Taruffi, L. De Nobili, C. Lori, La questione agraria e l’emigrazione in Cala­ bria, G. Barbera, Firenze 1908, p. 730. 26. Vittorio Cappelli afferma che la soggettività che dà impulso a questa esperien­za migratoria contraddice e smentisce l’idea formulata da Fernand Braudel, a proposi­to della montagna mediterranea, che lo storico francese intendeva come una «fabbrica di uomini», nata dalla presunta immobilità sociale e culturale dei luoghi di partenza, che avrebbero espulso dal proprio seno gli individui, secondo la logica elementare e bruta­le della necessità. Le esperienze migratorie concrete alle quali noi ci riferiamo - conti­nua Cappelli - sembrano dire invece un’altra cosa. Semmai, rimandano allo straordina­ rio e parallelo dinamismo migratorio sirio-libanese - per rimanere nel mondo mediter­raneo, sia pure sul versante arabo mediorientale - che presenta anch’esso notevoli ele­menti di audacia e soggettività. Bevilacqua condivide questa critica a Braudel. Si veda: V. Cappelli, Immigra­ zione e urbanizzazione. La presenza degli italiani nelle «altre Ame­riche», in «Passato e Presente», n. 71, 2007. 27. Questa forma di migrazione è ancora oggi molto importante, come nel caso dei brasiliani che emigrano negli Stati Uniti. 28. Il seguito della ricerca prevede il tentativo di individuare le regioni di origine di questi proprietari, così come le loro attività economiche e le tipologie abitative, analiz­zando i dati dei processi criminali, i testamenti e gli inventari. 29. L’inventario non dice quale sia, al momento della morte del padre, il luogo di residenza degli altri cinque figli. 30. Arquivo do Judiciário, Inventario di Raphael Briganti, 1912. 31. La categoria di quartiere, sviluppata da Pierre Mayol è assunta come un «rita­glio» spaziale, a partire dalla distinzione dall’insieme della città. Il quartiere si definisce organizzazione collettiva di traiettorie individuali, come ampliamento dell’abitacolo ­per l’usuario, come una nozione dinamica, infine, definita da itinerari, traiet­torie e pratiche. Nel quartiere, pubblico e privato sono sempre interdipendenti, perché l’uno non ha significato senza l’altro. Per l’articolazione, l’accumulazione e la combinazione della conoscenza dei luoghi, l’istituzione di percorsi quotidiani, relazioni di vicinato e relazioni economiche e di sopravvivenza, è necessaria l’organizzazione di un dispositivo ­sociale e culturale, secondo il quale lo spazio urbano diventa non solamente l’oggetto di una conoscenza ma il luogo di un riconoscimento. P. Mayol, Morar, in M. Certeau et al. (a cura di), A invenção do cotidiano: 2, morar, cozinhar, Vozes, Petrópolis 2008, pp. 39-45. 32. Bevilacqua (op. cit., pp. 108 e ss.) afferma che le partenze per l’Europa e l’America miravano sì alla

conquista di risorse monetarie, ma erano organizzate in gruppi aggrgati ­per parentela, professione e regione d’origine, creando così una microsocietà autoreferenziale, dotata di una sottocultura specifica. 33.Confinanti con queste case e con la stessa residenza del defunto esistevano, co­me parte del lascito, quattro casette da affittare di due piani, due dormitori e un gabi­netto. La casa in cui risiedeva l’inventariato era posta in un terreno di m. 7,75 per m. 27. Aveva tre piani: al primo c’era la hall, l’ufficio, lo studio, la dispensa e il garage; al secondo piano c’era una sala per le visite, la stanza da pranzo, la stanza della musica, una sala da tè, la cucina, la dispensa e una terrazza; al terzo piano c’erano cinque stan­ze da letto, il bagno e una terrazza coperta con tegole di tipo francese. 34.Informazioni desunte da un’intervista al nipote Francisco Scarlato, professore di Geografia nell’Università di São Paulo. Il professor Scarlato era anche nipote, per li­nea materna, di Francisco Capuano, l’immigrato rossanese, proprietario di un ristoran­te, di cui s’è detto. 35. U. de Siqueira, Entre sindicatos, clubes e botequins: identidades, associações e la­zer dos trabalhadores pau­ listanos (1890-1920), Unicamp, Campinas 2008. 36. L’identità etnica è messa a fuoco dallo studio classico di Fredrik Barth su I gruppi etnici e i loro confini (Ethnic groups and boundaries: the social organization of culture diffe­rente, Bergen, Oslo 1969), non come una definizione oggettiva, data dalle pratiche cultu­ rali, ma soprattutto come insieme di caratteristiche stabilite dagli stessi attori che le consi­derano significative. li principale punto di partenza consiste, pertanto, nel dare importan­za prioritaria al fatto che i «gruppi etnici sono categorie di attribuzione e di identificazio­ ne realizzate dagli stessi attori, che così organizzano l’interazione tra le persone»; il che im­plica differenti processi coinvolti nella generazione e nella conservazione di questi gruppi, e un permanente processo di costruzione e conservazione delle frontiere. Inoltre, secondo Barth, la frontiera territoriale tra i gruppi etnici è una possibilità e non una realtà incondi­zionata. In questo senso, si dedica attenzione alle frontiere sociali, considerando che que­ste possano o no avere contropartite territoriali. F. Barth, I gruppi etnici e i loro confini, in V. Maher (a cura di), Questioni di etnicità, Rosenberg & Sellier, Torino 1994, pp. 33-71. 37. Le devozioni erano originarie delle città di provenienza, così come le reti di appartenenza che organizzavano, per lo meno in un primo momento, gli immigrati. Nel corso degli anni, l’una o l’altra delle devozioni si sovrappone alle rimanenti e aggrega l’identità del gruppo che si è stabilito all’estero. Come studiare questi percorsi è una delle sfide della presente ricerca.

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Piergiorgio Pastonesi

O que fez Pigio emigrar, a vida no Rio de Janeiro, a Itália

Chegado ao Rio de Janeiro, em outubro de 1985, sem muitos planos na mala, Piergiorgio Pastonesi, italiano de Gênova, tendo vivido em Milão, entre Ipanema e outras novidades da cidade maravilhosa, deparou-se com um motivo determinante para permanecer. Uma interessante história de vida. Vamos a ela. Por Marisa Oliveira

Parte II O que motivou Pigio a permanecer no Brasil O motivo que me fez ficar no Brasil foi o encontro com a minha mulher. Aconteceu logo no começo da minha permanência. E logo se transformou numa coisa séria, importante, ao ponto de me fazer tomar uma decisão tão radical. Naquela época não era tão comum mudar de país, de vida, largar tudo e ir embora. Mas me apaixonei e me pareceu natural, a única coisa a fazer. Tenho certeza que fiz a escolha certa. Estou casado com Wasmália há 25 anos e sou muito feliz. Temos uma linda filha de 16 anos, Anita, que nasceu na Itália, em Milão, porque, em 1992, nós passamos um período lá. Minha mulher fez doutorado e eu fui trabalhar numa casa de produção de TV como editor de imagens. Quando acabou o doutorado e Anita estava com seis meses voltamos para o Rio.

A chegada, o encontro com o grande amor e experiências profissionais A chegada ao Brasil se deu num dia de semana. Cheguei no Galeão e o frescão me deixou na praia de Ipanema, altura da Henrique Dumont, que era onde morava a moça que ia me hospedar. Era um dia de sol lindo, e como tinha chegado bem cedo e não queria incomodar a garota, dei um tempo ali na praia. Fiquei sentado num quiosque comendo batata frita e tomando um coco verde, vendo as pessoas caminharem no calçadão, correndo, se exercitando. Me sentia feliz, privilegiado de poder estar ali, na mítica Ipanema. Para chegar na casa dela tive que passar pela feira que acabava de ser montada na rua. Fiquei encantado com a variedade de frutas, as cores, o cheiro. Tudo novo. Tudo diferente. Tive a sensação que ia ficar bem nessa cidade. Nos dias que se seguiram comecei a conhecer umas pessoas que me foram apresentadas, a ter contato com outras, assim, na rua, e apesar de não falar uma palavra de português e de não entender nada, a impressão que tive delas foi de simpatia, disponibilidade, descontração, gentileza. A facilidade do contato com as pessoas, a leveza e a alegria delas me cativavam. Sempre me senti à vontade no Rio e me adaptar foi muito fácil. Mas logo percebi que aprender depressa a língua era algo importante para poder sair daquela superficialidade. E passei a me empenhar bastante. Lia o JB (Jornal do Brasil), assistia a novela (era Roque Santeiro), comprei um livro e comecei a estudar. Pedi ajuda a uma amiga e foi por meio dela, num pequeno conjugado onde ela morava, na Prado Junior, que acabei conhecendo a minha futura mulher. Não demorou muito e me juntei a ela, indo morar em Copacabana, depois de ter passado um tempo em apartamentos por temporada em vários lugares. Essa relação mudou a minha vida e eu diria que foi principalmente por causa dela que decidi ficar aqui. No início vivi uma vida de turista, passeando muito, zanzando por aí, caminhando muito e conhecendo a cidade além dos pontos turísticos mais conhecidos. Viajei também para fora do Rio e do estado do Rio. Mas depois de uns meses comecei a sentir vontade de fazer alguma coisa, de trabalhar e um amigo italiano, que trabalhava no turismo, às vezes me chamava para lhe dar 828

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uma mão. Houve uma época em que o ajudei a distribuir quentinhas em escritórios do centro porque eu tinha comprado um Opala velho e ia até Bonsucesso apanhar a comida na cozinha que o amigo tinha montado para a mulher dele tocar. Ganhava uns trocados, ficava ocupado e conhecia o Rio de Janeiro. Em 87, fiz um curso e tirei a minha carteira de guia pela Embratur e comecei a trabalhar. Era divertido e naqueles anos dava para ganhar bem, mesmo eu que era novo na profissão. Alternava o trabalho de guia com reportagens e fotos que enviava para o meu irmão jornalista, que me ajudava a publicar em diários e periódicos na Itália. Uma vez ajudei um amigo italiano a realizar uma reportagem sobre o Rio para uma revista de moda. Ele escrevia e eu cuidava das fotos. Estive na Clínica do Pitanguy, no escritório do Niemeyer, etc. Belíssimas experiências. Ou então, sempre com esse amigo, especializado em F1, cobri várias vezes o GP de F1 em Jacarepaguá e em Interlagos também. Outra vez, ele veio cobrir o GP de motociclismo e conheci o Valentino Rossi, com quem saímos para jantar muitas vezes. Enfim, aproveitava as oportunidades e me divertia. Quando o turismo, especialmente o dos italianos que vinham pra cá, teve uma forte queda em função do aumento dos preços e pela disseminação da Aids, fiz um contrato com uma editora italiana e escrevi um guia de turismo do Brasil. Foi a oportunidade de viajar e conhecer o nordeste, o norte (um pouco), e o resto do sudeste. Isso aconteceu um pouco antes de voltar para a Itália por uns anos. Ao retornar ao Brasil, tentei reatar meus contatos no turismo, mas as coisas tinham mudado: a competição era grande entre os guias e o trabalho era escasso. Então me voltei para o ensino do idioma italiano, primeiramente dando aulas particulares e depois no Instituto Italiano de Cultura, onde trabalho até hoje. Acho que aqui, neste ambiente e neste tipo de trabalho me encontrei. Trabalho com prazer, as aulas são divertidas e descontraídas. Além do ensino da língua, neste trabalho existem outras coisas importantes para mim, como a possibilidade de conhecer muitas pessoas diferentes, de fazer amigos, de trocar ideias e opiniões. É mais uma maneira de conhecer o Brasil. Mas devo dizer que o mérito é dos alunos que são sempre simpáticos, pra cima, cúmplices da atmosfera que vamos criando. Não sei se seria o mesmo se estivéssemos na Finlândia ou na Suíça ou outro país mais sisudo. Acho que só é possível aqui.

A Itália, sempre A Itália é sempre presente na minha vida, mesmo estando tão distante e, nos tempos atuais, com a facilidade que existe para nos comunicarmos, o contato com família e amigos é frequente. De qualquer maneira, nunca deixei de viajar para lá e sempre o faço em julho, época em que o Instituto fecha por um mês e nós podemos melhor aproveitar as férias no verão italiano. Mas além das viagens eu me mantenho informado.Todo dia tenho o hábito de ler o jornal online. E tenho uma biblioteca bem variada em casa, principalmente do gênero policial, pois mantenho há muitos anos uma assinatura com a coleção Gialli Mondadori, que me envia 4 livros por mês. As viagens também são uma oportunidade para encher a mala de livros, pois a minha mulher é uma grande leitora e também gosta do mesmo gênero. Gosto muito de voltar pra lá, aquele mês me recarrega, encontro a família, todos os amigos, organizamos festas para juntar todo mundo, é uma injeção de afeto super importante pra mim. A sensação de que apesar desses anos todos passados fora, o afeto, a amizade não mudaram nem um pouco. Às vezes, parece que saí de lá ontem. Nunca me sinto estrangeiro, emigrante, na Itália. E a minha família também gosta. Minha filha sempre me acompanhou e minha mulher quase sempre. Além disso, as duas falam bem a língua. Minha filha tem sotaque milanês e aprendeu sem estudar, apenas escutando, porque, em casa, eu sempre, e somente, falei italiano com ela. Falta eu sinto da comida, principalmente daquela que minha mãe fazia, grande cozinheira que era. E, mais que tudo, do afeto de família e dos amigos, mas a gente faz de tudo para aproveitar aquele mês, armazenar para o resto do ano tudo que for possível. Sinto falta também dos cheiros. A memória olfativa é algo poderoso, me emociona demais, toca umas cordas lá no fundo. E por último, devo dizer que sinto falta também daquela sensação que toma conta de mim quando o avião pousa na Itália, de que estou seguro, despreocupado, de que eu posso fazer o que quero, ir aonde eu quero. Na Itália nunca me sinto ameaçado, o que também pode não ser verdade, mas é assim que eu me sinto. Julho / Agosto 12

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Entrevista Eduardo Paes Eleições Municipais – Muitos e novos desafios Marisa Oliveira

Quatro anos atrás, a Forum Democratico estabeleceu contato com os candidatos à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e o então candidato Eduardo Paes foi o primeiro a responder. Considerando a grandeza da cidade do Rio, suas novas conquistas – em diferentes níveis – e todos os desafios decorrentes, decidimos conhecer o que o candidato à reeleição tem a nos dizer. Eduardo Paes é candidato pela coligação dos partidos PMDB, PT, PP, PDT, PTB, PSB, PPS, PSC, PC do B, PRB, PRP, PMN, PSL, PTC, PSDC, PT do B, PHS, PSD, PTN, PRTB. FD - Como candidato, em 2008, sua plataforma de campanha destacava: Uma nova filosofia administrativa na cidade com gestão pautada por planejamento e metas. O sr. conseguiu implantá-la? Com que resultados? EP - Nossa gestão inovou em questão de plane-

jamento. Graças a uma administração com metas definidas, planejamento e a uma maior eficiência na gestão das receitas, conseguimos dobrar o orçamento da Prefeitura em três anos, passando de R$ 11 bilhões para R$ 20,5 bilhões, e passamos a ser o ente da federação que mais investe, proporcionalmente. Inovamos também criando o Acordo de Resultados, um programa inédito para os servidores, que paga bônus de acordo com o alcance de metas. O incentivo faz parte do plano estratégico da Prefeitura do Rio, que é o principal meio do governo para garantir mais foco e transparência à administração da cidade. O plano definiu metas e iniciativas estratégicas para que fossem cumpridos os compromissos firmados na campanha anterior. Neste ano, 36 secretarias e órgãos atingiram suas metas

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total ou parcialmente, e mais de 93 mil servidores concorreram ao bônus, que varia de 0,5 a 2 salários extras, ou seja, um 14º ou até um 15º salário. A bonificação deste ano pagou R$ 250 milhões, e a de 2010, R$ 160 milhões. O Acordo de Resultados do último ano abrangeu 39 órgãos, somando 200 metas. Para o acordo deste ano, o número de órgãos chega a 42. O Acordo de Resultados é um processo inovador no Rio de Janeiro, e ainda pouco aplicado nos municípios brasileiros. O programa permite melhoras sensíveis. Posso citar como exemplo a Secretaria de Educação, que virou referência nacional do Ensino Fundamental. Os servidores do município estão dando exemplo e transformando a vida das pessoas. FD - A responsabilidade com os postos de Saúde Modelo, com o Programa de Saúde da

Família e a Rede de 40 UPA’s 24h. O que o sr. pode nos dizer sobre isso? EP - Desde o primeiro dia de governo, melhorar a

Saúde no Rio tem sido prioridade. Os desafios ainda existem, mas já avançamos muito. Para começar, dobramos o orçamento em Saúde, que era de cerca de R$ 1,8 bilhão e hoje é de R$ 4 bilhões. Aumentamos em mais de dez vezes a cobertura do programa de Saúde da Família na cidade, que atendia somente 3,5% da população em 2008 e atualmente atinge mais de 36% dos moradores. São quase 70 Clínicas da Família, que garantem atendimento personalizado a mais de 2,2milhões de cariocas. A nossa proposta é abrir outras 70 clínicas até 2016, incluindo 70% de todos os habitantes na rede de atenção básica. Construímos cinco novos hospitais, sendo dois na Zona Oeste, onde

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“Estabelecemos uma relação de parceria com os governos estadual e federal, que em nada lembra um período recente da nossa história, quando a prefeitura era usada como uma trincheira para luta política.” o município nunca teve uma grande emergência. Já inauguramos o novo Hospital Pedro II, em Santa Cruz; o Hospital da Mulher, em Bangu; a Coordenadoria de Emergência Regional do Miguel Couto, no Leblon; e a nova Maternidade do Centro. Em breve, abriremos também o novo Hospital da Ilha do Governador. Além disso, já foram abertas até agora 12 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), aumentando a capacidade do sistema de urgência e emergência. Somando às UPAs administradas pelo Governo do Estado, a cidade do Rio já possui cobertura integral de atendimento de urgência, de acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde, e outras unidades entrarão em funcionamento até o fim do ano. Mais de 2,1 milhões de cariocas foram atendidos desde dezembro de 2009 nas UPAs. Demos início ainda ao Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI) e ao Cegonha Carioca, que já beneficiou 35 mil gestantes com o acompanhamento pré-natal. Entre2009 e 2011, contratamos quase 11 mil profissionais (concursados e celetistas) e aumentamos em 23% o número de médicos na rede. Até 2016, a proposta é contratar pelo menos mais 2 mil novos médicos.

que a prefeitura pode contribuir para aumentar a sensação de segurança nos bairros, tendo cuidado com a cidade. É ter atenção com a iluminação das ruas, poda de árvores, urbanização das áreas, enfim, não deixar os lugares degradados. Além disso, a prefeitura contribui com o pagamento das gratificações dos policiais que atua nas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). Também criamos meios para combater a desordem nas ruas da cidade, com as Unidades de Ordem Pública, cujos principais atores são os guardas municipais, que hoje são profissionais reconhecidos e valorizados,tendo o maior pleito da categoria atendido na nossa gestão: passaram a ser servidores estatutários. FD - Com relação à preparação da cidade para os grandes eventos esportivos, o que foi feito e o que está sendo feito? Ainda temos grandes problemas a resolver, tais como porto, aeroporto, vias expressas, transportes urbanos, com muitas queixas da população... O Brasil todo nos observa, duvidando da capacidade de o Rio de Janeiro vencer todos os desafios. EP - Tenho muito orgulho do nosso governo ter

tirado do papel obras importantes e aguardadas há tanto tempo pelos cariocas, como o Túnel da Grota Funda e o corredor T5 (hoje, Transoeste). Todas as obras têm sido entregues dentro do prazo ou até com certa antecedência, o que é uma demonstração da nossa capacidade de cumprir cronogramas. O Parque dos Atletas, por exemplo, foi inaugurado cinco anos antes das Olimpíadas, e o BRT Transoeste já está em funcionamento com 29 das 56 estações. Construímos também mais de cinco anos

antes o Centro de Operações mais moderno da América Latina, que monitora o trânsito 24h por dia, 7 dias por semana e que será uma das maiores ferramentas da prefeitura durante os Jogos. Nosso compromisso está registrado no caderno de encargos para as Olimpíadas, que está sendo seguido à risca. O Rio passa por uma verdadeira transformação, uma modernização como nunca se viu antes, estamos realmente mudando. A cidade passou muito tempo sem investimento de infraestrutura. A última grande intervenção talvez tenha sido a Linha Amarela, uma obra basicamente rodoviária, mais nada. E neste momento, ao mesmo tempo, estamos fazendo a Transcarioca, a Transolímpica e vamos iniciar a Transbrasil, que já tem financiamento garantido. São grandes obras que beneficiarão diversas áreas da cidade, e provocarão uma revolução no sistema de transporte. Estamos também fazendo a licitação do VLT do Centro, isso sem contar as obras da região portuária, o Porto Maravilha, que estão a pleno vapor e representam a maior parceria público-privada do país, num investimento de R$ 8 bilhões. Temos conversado com o Comitê Olímpico,que vem acompanhando de perto a preparação do Rio de Janeiro, e é claro, procuramos aprender bastante com a experiência de Londres. Nossos técnicos estão observando e aprendendo como Londres está respondendo aos desafios de sediar uma Olimpíada, para que possamos fazer melhor. Tem bastante coisa acontecendo, e não é obra pra inglês ver, são muitos benefícios que se perpetuarão e continuarão fazendo parte da rotina da cidade. Nossa Olimpíada é uma olimpíada de legado, o que vai importar é o que vai ficar para a cidade.

FD - Quanto aos 4 vetores de atuação no âmbito da Segurança Pública: ordenamento do espaço público, prevenção do pequeno delito, conservação urbana, assistência e promoção social - o município conseguiu avançar? O sr. considera que obteve sucesso na implantação das políticas de segurança? As ações da Secretaria Estadual de Segurança Pública vêm ajudando o trabalho do município? EP - A prefeitura tem contribuído dentro do seu

raio de alcance para melhorar a segurança na cidade. Além do nosso apoio incondicional nas bem sucedidas políticas de segurança implementadas pela atual gestão do governador Cabral, entendemos Foto: Andreas Müller Julho / Agosto 12

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conseguimos fazer com que a cidade tivesse projeto, voltasse a recuperar a autoestima. Realizamos muito, mas os desafios ainda são muitos. Vamos continuar superando e enfrentando estes desafios. FD - A cidade do Rio de Janeiro ganhou mais um título mundial. Mais um desafio. Como pretende administrar essa nova condição, tão cara, tão especial? EP - Inauguramos uma nova compreensão dentro

FD -Candidato por uma coligação tão numerosa de partidos, uma vez eleito, será possível conciliar tantos interesses? EP -As alianças foram feitas primeiramente levando

em conta as propostas para a população, o projeto representado pela figura do prefeito. Já fizemos muito pela cidade, mas também reconheço que ainda há muito a fazer. Eu, como administrador desta cidade, governo com quase todos esses partidos e até hoje não fiz concessão alguma contra qualquer crença minha ou contra nossa proposta de governo. Hoje possuo, sobretudo, um governo de técnicos, com quadros qualificados, independente de serem políticos. Nosso governo é sério e ético, e continuará sendo assim. Sou prefeito do Rio de Janeiro porque amo essa cidade, e amo governar essa cidade, cuidar da vida do carioca, cujo bem estar, para nós, está acima de qualquer interesse. Nosso compromisso com o cidadão desta cidade é notável: dobramos o orçamento da prefeitura; aumentamos em mais de dez vezes a cobertura de saúde da família; inauguramos cinco hospitais; criamos mais de 30 mil vagas em educação; iniciamos obras que há anos estão no papel e não passavam de promessas, como os corredores de BRT; estamos tocando as obras de revitalização da Região Portuária; fizemos o túnel da Grota Funda; revitalizamos várias regiões degradadas; fizemos pela primeira vez na história da cidade a licitação das linhas de ônibus. Essas e muitas outras realizações que estão mudando o sentimento de orgulho da cidade não poderiam ser feitas se não houvesse esse comprometimento acima de qualquer interesse partidário. FD - Como candidato a mais quatro anos de mandato como prefeito: a) Destaque pontos positivos da sua gestão. EP - Como citei antes, sabemos que ainda há

desafios, mas é necessário reconhecer que começamos uma transformação na cidade, que quando assumimos era uma cidade sem perspectiva, que era mais vista no noticiário pelos problemas que pelas realizações. Hoje vivemos outra realidade. Basta perguntar a quem mais sofria, ao morador da Zona Norte, da Zona Oeste, são eles que podem enumerar as principais realizações desta prefeitura. A construção dos BRTs, com o início da operação do corredor da Transoeste, além da construção do Túnel da Grota Funda, mudaram a vida de quem perdia quatro horas por dia no trânsito. E isso não

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tem preço. Acabamos com o absurdo que era a aprovação automática, oferecendo aulas de reforço para as crianças, e criamos mais de 30 mil vagas, com a abertura de 52 Espaços de Desenvolvimento Infantil, uma espécie de supercreche. Além disso, criamos 152 escolas do amanhã. Conseguimos fechar o lixão de Gramacho, que era um verdadeiro crime contra o Meio Ambiente. Reabrimos o Imperator, o que representa uma conquista muito importante para a Zona Norte, e que era o símbolo da briga entre as esferas de governo em que a população do Rio era refém. E essa parceria que há hoje entre prefeitura, governo e União só faz bem à cidade e à população. E o principal: conseguimos tirar a Saúde do Rio da situação vergonhosa que a encontramos, com cobertura de 200 mil pessoas, e já estamos em mais de 2,2 milhões de cariocas que têm acesso aos serviços de Saúde da Família. O orgulho de ser carioca é hoje uma das maiores transformações pelas quais a cidade passou nos últimos três anos. Ter tirado projetos do papel e transformado em realidade, além da sintonia das três esferas de governo, são os principais pontos que fizeram a nossa cidade renascer. FD - b) Destaque desafios ainda não superados. EP - Apesar de tudo que já fizemos, a saúde ainda é

a área que mais me angustia e a que consome mais o meu tempo. Continuar trabalhando para melhorar a saúde das pessoas será a prioridade número um. Quando assumi a prefeitura, tínhamos pouco menos de 200 mil cariocas com atenção básica. Hoje são mais de 2,2 milhões - portanto, multiplicamos por dez. Minha meta é garantir atenção primária para 70% da população, com o Programa de Saúde da Família. Então, vamos construir mais 70 Clínicas da Família e reformar mais 54 postos de saúde. Dobramos o orçamento da Saúde, de R$ 1,8 bilhão para R$ 4 bilhões, que corresponde agora a 25% das despesas da Prefeitura. O trânsito da cidade também ainda não está resolvido. Mas, nesse aspecto, temos muita novidade nos próximos quatro anos, como a inauguração da Transcarioca, Transbrasil, Transolímpica e do restante da Transoeste, além do VLT do Centro. Outra medida fundamental é integrar todos os meios de transporte com o Bilhete Único Carioca, que já tem cerca de 1,7 milhão de pessoas cadastradas e proporciona 350 mil viagens integradas por dia. A revitalização da região portuária, com o Porto Maravilha, valorizará e tirará do abandono a região. Nos últimos anos

da Unesco de como as cidades podem ser harmônicas na conjunção entre natureza e ação do homem. Por isso, assim que a eleição do Rio como Patrimônio Cultural da Humanidade foi confirmada, publiquei um decreto com um pacote de medidas para a preservação dos pontos eleitos pela Unesco, e do seu entorno. Foram criadas cinco Unidades de Patrimônio da Humanidade (UPHs): Parque do Flamengo, Floresta da Tijuca/Jardim Botânico, Floresta da Tijuca/Corcovado, Orla de Copacabana e Pão de Açúcar. As UPHs terão o objetivo de monitorar o ordenamento urbano e da paisagem destes locais. Também criamos um projeto de financiamento para restauração de imóveis tombados, vamos construir dois novos parques na cidade, no Engenho de Dentro e na Taquara, e ampliar o Parque Madureira, que vai ganhar um jardim botânico. Para administrar todas essas ações, foi criado o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Com relação ao Centro Histórico, requalificamos nos últimos anos os espaços públicos dessa área tão importante para o Rio, revitalizando, por exemplo, a Praça Tiradentes e a Lapa. Além disso, intensificamos a identificação de imóveis abandonados e criamos instrumentos para combater o abandono e estimular a conservação. O resgate dessa área tão importante da cidade permanece como prioridade nossa para os próximos quatro anos. FD - Por que votar em Eduardo Paes? EP - Ao longo desses três anos e meio, os cariocas

puderam ver que com trabalho sério e dedicação é possível realizar muito na nossa cidade. Temos um calendário fantástico pela frente, que nos impõe novos desafios. Sei que avançamos bastante, mas também sei que ainda há muito a fazer. Estabelecemos uma relação de parceria com os governos estadual e federal, que em nada lembra um período recente da nossa história, quando a prefeitura era usada como uma trincheira para luta política. A integração entre as três esferas permite que a gente realize muito mais. Continuarei sendo um prefeito muito presente na vida das pessoas, e que vai trabalhar em parceria com os outros líderes de governo, como eu fiz ao longo desses três anos. Eu pertenço a uma geração de cariocas que não viu o Rio Cidade Maravilhosa e se acostumou com uma cidade degradada, esvaziada. Não tenho dúvida nenhuma de que a gente vive um novo Rio de Janeiro. O Rio, hoje, olha de novo para a frente, com perspectiva. Eu sei que a cidade melhorou muito, mas eu sou a última pessoa a me iludir e achar que está tudo resolvido, e sei que ainda há muito a fazer. Vamos continuar o trabalho, para que o Rio de Janeiro volte a ser uma Cidade Maravilhosa de fato. Julho / Agosto 12


Galeria

cultura

Brasitalia 2011 em imagens

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c u l t u r a

Ve r, S e n t i r, Tocar a Itรกlia

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Galeria

cultura

Teatro, música, artes plásticas

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fotografia


fotografia

cultura

ROUTE US 66

Fotos e texto: Roberto Gomes

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cultura

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D

enominada de “Rodovia Mãe” (the Mother Road) a “ROUTE US 66” viu nascer em suas margens a pioneira loja do McDonald’s e, também, o primeiro Motel dos Estados Unidos. Inaugurada no final da década de 30, a rodovia mantém, até os dias de hoje, a mesma aura de charme e aventura de seus primórdios, recebendo entusiasmados visitantes de todo o mundo. Pela Historic Route 66, exatamente no contexto do celebrado filme cult “Easy Rider”, vereda que serpenteia por algumas das regiões mais belas da América, circula hoje uma moderna tribo de encasacados em couro, com seus braços estendidos como de maneira a reverenciar a paisagem, montados sobre o dorso de suas reluzentes Harley Davidsons. O fotógrafo Roberto Soares-Gomes, que já dedicou uma exibição sobre este cativante tema na conceituada Galeria Zoom de Paraty (sob a curadoria de Giancarlo Mecarelli, criador do Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco e de Sérgio Branco, Diretor-Editor da Revista Fotografe Melhor), nos trás novas e inéditas imagens, em comemoração ao mês internacional da fotografia, na Galeria FNAC na loja FNAC do Barra Shopping no Rio de Janeiro. A Exposição “ROUTE US 66” é uma ode poética ao passado e é, sem sombra de dúvida, um registro impecável e sensível da beleza que ainda se pode encontrar mesmo na dura decadência provocada pelo transcurso inclemente do tempo. Veja mais: http://www.robertogomes.com/

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cultura

Edmilson Nunes A arte

colorida

dos

cotidianos Por Marisa Oliveira Fotos Eduardo Camara

FD - Tornar-se um artista plástico aconteceu em que momento da sua vida? O sr. se graduou em Arquitetura e Urbanismo... EN - Tive o primeiro contato com artes plásticas no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, pois a escola de Belas Artes ficava no mesmo prédio da Arquitetura e comecei a assistir algumas aulas como ouvinte e trabalhar muito em casa. E, apesar de ter frequentado a FAU durante quatro anos, não me graduei na mesma, pois no final desses quatro anos passei a participar de mostras importantes e vi que meu caminho eram as artes plásticas. FD - Como foi sua formação como artista? EN - Além das aulas como ouvinte na UFRJ, com Lígia Pape, estudei também no Parque Lage como bolsista através de um prêmio da Rio-Arte, com Beatriz Milhazes, Daniel Senize e Milton Machado. FD - De que técnicas o sr. mais se utiliza? Qual delas considera de maior efeito ou a qual delas o sr. tem mais apego? EN - Utilizo basicamente a técnica de colagem, onde uso materiais como velas, pregos, recorte de revistas eróticas, restos de barracão de escola de samba e a própria pintura, técnica que, por sinal, tenho mais apreço, pois lida com o meu imaginário afetivo.

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FD - Quais as principais técnicas de que o senhor se utiliza? EN - Nem sempre encontro técnicas prontas para manipulação do material (no meu caso material tectônico). Quando trabalhei com pontas de cigarros, precisei achar um jeito de desenvolver meu trabalho (suporte, fixação, modelagem etc), ou seja, uma técnica pessoal, assim como nos trabalhos de plástico e atualmente com os palitos de fósforo. Às vezes, encontrar esta técnica dura anos. FD - Fale um pouco dos materiais de que o sr. se utiliza nas suas obras. EN - A visualidade cotidiana é o ponto de partida para a construção do meu trabalho. E os materiais utilizados por mim fazem parte deste meu cotidiano. Como estar entre os brilhos de um barracão de escola de samba ou passear meus olhos pelos outdoors de minha cidade e não ser contaminado por estas visões? FD - Quais são os temas que mais predominam na sua arte? EN - Faço trabalhos de um romantismo rasgado muitas vezes dialogando ou confrontando questões como sexualidade e erotismo, o sagrado e o profano, o bom e o mau gosto usando materiais com memória que remetem a estas questões como velas e pregos ou imagens de santos e revistas pornográficas, antíteses de vida, como carne e alma .

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cultura

artes plásticas

Cores, muitas cores, o dia-a-dia, o que está presente no mundo, ao alcance dos olhos, dos sentidos. Esses são alguns dos pontos de partida para o trabalho artístico do campista Edmilson de Souza Nunes, que associa arte à felicidade. Romantismo, antíteses, arte de rua, grafites. Uma infinidade de materiais e brilhos colorindo o cotidiano.

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cultura

a r t e s

p l á s t i c a s

Edmilson Nunes Livro de cabeceira: O Castelo da Pureza, de Otávio

Local para viver: minha casa, lugar onde moro, Itaipuaçu

Paz, sobre a obra de Marcel Duchamp

Local para trabalhar: onde minha mente estiver

Prato preferido: Comidas regionais, como uma boa

Próximas exposições: MAC-Niterói, Belo Horizonte e Caracas

feijoada

Conhecendo melhor Edmilson Nunes: apresentação feita pela

Artista que desponta: Mariane Monteiro

Galeria Anna Maria Niemeyer.

FD - Que artistas exerceram influência na sua arte? Quais os que ainda o inspiram? EN - Todos aqueles artistas que fizeram da arte uma potente forma de transgressão política e transformação social, como Carlos Zéfiro, Hélio Oiticica ou Joãosinho Trinta. Sou apaixonado por grafites urbanos e arte de rua, atualmente, é a que mais me chama a atenção através de artistas como Carlos Contente e Marinho. FD - Produzir arte o emociona? EN - Vou às lágrimas. FD - O que é arte para Edmilson Nunes? Recortando uma afirmação sua, arte, entre outros conceitos, é libertina, libertária, onanista... – para quem produz ou para quem consome, aprecia? EN - Arte para Edmilson Nunes é possibilidade de construção de um mundo feliz. É sempre uma relação de mão-dupla, senão não faria sentido!

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FD - Você exerce outras atividades profissionais? EN - oordenei de 2003 a 2010 a oficina de pintura do Museu do Ingá-Niterói, além de ter feito cenários para filmes, revistas e telenovelas.

FD - Edmilson Nunes nos próximos cinco anos... EN - Saúde, Paz e Amor.

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artes plรกsticas

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cultura

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a r t e s

Vicente de Percia depercia@gmail.com

Arte e Consumo

A

no cenário dos movimentos dinâmicos da criação. rtistas “contemporâneos” procuram utilizar-se com mais Tanto no Brasil como em outros países, os chamados “coletivos arconstância de uma estratégia estética voltada para métodos e tísticos” incluem, principalmente, as estratégias de grupo e possuem instrumentos que as indústrias de serviços midiáticos oferecem. um sistema operacional diferenciado ao apresentarem o “novo”. Com esse direcionamento, a arte atrela-se a uma reprodução Por vezes, esses discursos/conde formas e cores já existentes, ceitos tornam-se enfadonhos em com raras exceções. As tentativas demasia e afastam o criador da realizadas neste âmbito caracteriliberdade de vivenciar seu mozam e impõem uma estética não mento através de um mergulho raro, hermética e subjetiva. A partir individual inventivo onde o eleda década de 1980 tal conceito mento dionisíaco se intercale com tornou-se um modismo “legitimao apolíneo, bem de acordo com o do”, tanto pelos aparatos da crítica, pensamento de Nietzsche. quanto pelo circuito da arte e do De certa forma, as políticas próprio artista. A globalização mistusociais mantidas pelas instituições rou abstrações “modernistas” e impúblicas e privadas, ora em vigor, provisações que apenas produzem contribuem para que o artista contactos com a nova tecnologia se submeta a tais mecanismos vigente como o vídeoarte, entre impositivos e opte por segmentos outras realizações inventivas. Um olhar diferenciado (Arte Conceitual), da série Mandala, 2012 criativos referentes à feitura da sua O autêntico significado da tarefa obra. Contudo, diante das injunções ele, nem sempre consegue artística é deixado de lado em decorrência da pretensão de que plenamente desenvolver uma linguagem que monte estruturas para haja uma prática relacional ou uma ideia consistente inserida nas a formulação de idéias inovadoras. obras que aderem a essa tática. A mercantilização do ato estético, Nas últimas décadas, houve, entretanto significativas insistências inventivo, e criador no caso são notórios, já que busca apenas uma nas práticas artísticas. Os “novos mestres” optaram por essa postupelo “espetacular”, em que o dado inovador se subtrai ou, por ra, na intenção de irem de encontro a conceitos mais acadêmicos e vezes, subtrai. a suportes artísticos tradicionais. Na realidade, as relações humanas deveriam estar inclusas no É válido, pois, ressaltar que as curadorias estão coligadas, às vetor de uma realização plástica com identidades e propostas que captações de recursos e que por isso, passam maior parte do seu permitissem que o individual marcasse o estilo do produtor, do tempo moldadas a essas estratégias evasivas. Deste modo não se criador seja questionado no nível da existência humana e não dos encontram atentas às exposições de qualidade e conteúdo que modismos atrelados e subjugados ao consumo. tragam, verdadeiramente, um retorno formativo de conhecimento Há a intenção de que o público participe? Sim, este é o ponto mais abrangente para as relações para as interlocuções do Homem crucial para que o modelo seja apreciado. Boa parte dessa nova com a Arte e com a dinâmica produtiva de seu tempo. produção volta-se à filmagem, fotografia, gravação, performace. Objetivamente, são discursos e conceitos cada vez mais presentes Escritor, artista multimídia, crítico de arte - membro da Associação Brasileira e Internacional de Críticos de Arte e da Bow Art International

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c r ô n i c a

Ivan Alves Filho ivanalvesfilho@yahoo.com.br

Veneza, a cidade-água

E

u conheço uma cidade-mulher. Ela existe, já que eu a conheço. Sei que ela existe, dentro e fora da minha imaginação. Acho que é a única cidade assim no mundo. Feminina. Pode ser que exagere, até, mas nunca vi nada tão sensual, ao menos em matéria de lugar. Trago até hoje seu doce perfume em minha pele e sua carne quente parece ter grudado para sempre na minha própria carne. Formamos uma coisa só, bem sei. As cumplicidades se forjam dessa maneira. Essa cidade-fêmea foi o mais belo recanto que vi em toda minha vida. As ruelas, as pontes, as praças, os canais e o céu, de um azul cristalino e eterno, tudo ali parece ter vindo ao mundo para nos encantar e encher nossos corações de funda alegria. O nome dessa cidade-mulher, dessa Veneza tão luminosa e calma, rima com beleza - e com o que mais haveria de rimar? Veneza é cidade e Veneza também é mar. A cidade das calçadas de água. A Veneza dos vaporetti – esses ônibus flutuantes – e dos gondolieri – esses homens aquáticos, que caminham com suas gôndolas pelas águas, exibindo suas camisas listradas, seus chapéus pitorescos e seus cânticos tão envolventes e serenos. Qual o nome

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do maior pintor da cidade flutuante? Canaletto – que outro poderia ser? O simbolismo do mar é ali de tal ordem que, soube certa vez, a Festa della Sensa – a Festa da Ascensão – celebra o casamento da cidade com as águas. Veneza é um sonho e o sonho é algo tão forte que, como lembra o argentino Ernesto Sabato, o próprio filósofo francês Renée Descartes, o senhor da razão, sonhou três vezes com suas complicadas teorias, antes de expô-las em seu famoso livro. Sonho, logo existo. Esse o seu método e o seu mérito: alcançou a razão sonhando. Não sei se o filósofo conheceu Veneza - mas sei que ela é a razão hoje dos meus sonhos. Ah, Veneza e sua arquitetura de água! Cidade-água! Tudo ali flutua, à semelhança das suas pitorescas gôndolas. Pois na mágica cidade de Veneza, pelos segredos e curvas e enlevos daquela cidade-mulher, navegam palácios, praças, igrejas, catedrais. Navegam ruas e prédios inteiros, em alucinante paisagem que se deslocam o tempo todo. Navegam ali também o meu e o teu coração. Vitória-régia das cidades, Veneza chega a provocar ciúmes, uma vez que só se deita com as águas.

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c u l t u r a

Luis Maffei luis.maffei@terra.com.br

Nem 8 Nem 80, Nelson Sargento 88

S

er coeditor da Oficina Raquel é condição que me dá alguns pra-

Blanco presente no disco Versátil) o próprio Nelson Sargento, muda,

zeres. Um deles é tocar um projeto a que sou simpático desde

e é bom que mude.

sempre – a editora, fundada por meu amigo Ricardo Pinto de Souza,Luis Maffei

luis.maffei@terra.com.br

me teve como primeiro autor, ao lado de Maurício Chiamarelli

De qualquer maneira, mudando-se enquanto se mantém altivo e

Gutierrez, em 2006; além disso, hoje divido esse labor com Raquel

inteiro, Nelson aparece nos lugares discretamente – não digo que ele

Surdezes

Menezes, de quem sou parceiro em quase

não seja vaidoso, pois o é: note-se como o

tudo, inclusive em frequentes suspensões

homem se veste, e não se perca de vista o

do advérbio. Outro é editar coisas que me

fato de ele ser leonino. Mas o artista surge

apaixonam.

sem grande barulho, sempre em companhias afetivamente próximas, e se dirige à mesa

Por agora, tivemos, Raquel e eu, a alegria

ou cadeira que lhe cabe. Quando anuncia-

de editar os versos de Nelson Sargento,

do, Nelson canta, e é nesse momento que

no livro Prisioneiro do mundo. O ensejo

muita coisa acontece. Ele rege os músicos,

nos levou a acompanhar o nobre artista em

indicando-lhes andamento e tom, e indica

algumas circunstâncias no mundo, e o que

precisamente quando a música deve acabar.

interessa ressaltar neste breve texto é um

Nelson troca olhares diretos com quem está

aspecto que me chamou especialmente a

mais perto da roda, mexe um corpo ainda

atenção: Nelson Sargento é um extraordi-

pronto a se mover e brinca de montar seu

nário profissional, inclusive no sentido mais

repertório a cada participação.

profundo que esta palavra ainda tem. Ainda

Não há outra conclusão a que este texto

tem?

possa chegar: Nelson Sargento é um professor. Entendo que a afirmação pode ser lida

Etimologicamente, encontro ato de

de modo banalizado, pois enunciar que al-

professar, ensinar, no caminho da palavra

guém é mestre se tornou um lugar-comum.

profissão, e penso especialmente em ser

O que quero dizer é levemente diferente:

professor. A equivalência que ergo, ergue-se por si só: a única profis-

todo profissional à altura da etimologia do termo é um professor, pois

são possível é a de professor, não há outra. Se há, ou não é profissão,

professa (claro que o professor stricto sensu, como eu, difere dos

ou algo escapa à equivalência que se ergue por si só, e que ergo,

demais, mas não pela ideia de profissão: o que nos difere é outra eti-

agora, não por ser professor (de literatura portuguesa na UFF), mas

mologia, a de educar, que remete a amamentação). Professar é, em

por assistir a Nelson Sargento ser profissional, portanto professor.

grande medida, assumir, com e por seu ofício, um compromisso para além da técnica: o de interferir no mundo, oferecendo aos copartíci-

Claro que o autor de “Agoniza mas não morre” nunca ocupou for-

pes da aventura de estar nele algo que tenha nobreza. É por isso que

mais salas de aula – eu as ocupo, com mais sentido de responsabili-

nem todas as atividades merecem o nome de profissão, e nem todos

dade que orgulho, e com imenso orgulho. Ele completa, neste 2012,

conseguem, ou querem, ser professores.

88 anos. Em dois fins de semana seguidos, acompanhamos, Raquel

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e eu, Nelson em apresentações. Em ambas, era ele convidado de

Nelson Sargento, a cada participação no mundo, semeia sua digna

honra de “rodas de samba”, prática de música valorosa mas, ao mes-

música, e professa, com muita fé, seu mister. Os 88 que acaba de

mo tempo, espaços onde não notei grandes novidades de caráter

fazer oferecem-me linda metáfora: se os algarismos se deitarem lado

composicional ou estético, e o samba, como bem sabe e deixa claro

a lado, um infinito indica outro infinito, duplicando a ideia do sem fim

em “Século do samba” (parceria com Josimar Monteiro e Francisco

que se oferece aos grandes artistas, aos maiores professores.

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Organização: Associação Anita e Giuseppe Garibaldi, Instituto Tocando em você, Fabbra, UIM (União dos Italianos no Mundo), Associação de Amizade Brasil Itália.

segunda mostra de arte e produtos ítalo-brasileiros Nossos Objetivos Intercâmbio entre Brasil e Itália: Divulgar o patrimônio histórico, artístico e cultural das diferentes regiões italianas, incentivando as trocas mútuas. Resgate cultural: Valorizar a relação entre os dois povos ao longo da história, a partir das regiões de origem dos emigrantes italianos. Difundir a presença da Itália no Brasil em todos os âmbitos. Criar oportunidades de negócios entre o Brasil e a Itália, a partir da área cultural e artística.

Nossas Atrações Ópera “As mulheres de Nelson”, Trio Felice Del Gaudio, Orquestra Tocante (convidado Roberto Menescal), Quarteto Universalis, Trio Adriano Giffoni. Apresentação de produtos típicos e novidades. Serão convidadas as regiões do “Programa Brasil Próximo” para divulgar ações desenvolvidas com o Governo Federal. Exposição multimídia “BRASITALIA: fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico” com imagens apresentadas na publicação desde 1999. No Consulado teremos uma mostra presencial com a reprodução de uma obra de cada artista e fotógrafo. “BRASITALIA no Metrô” ao longo de todo o mês de outubro com a exposição multimídia e 3 atrações musicais e teatrais.

Dias 19, 20 e 21 de outubro de 2012, das 11h às 0h. Praça Virgílio De Melo Franco, Centro, Rio de Janeiro

www.brasitaliario.com.br Apoio Institucional: Consulado Geral da Itália Rio de Janeiro, Istituto Culturale Italiano Rio de Janeiro, Istituto Culturale Italiano São Paulo, Comites Rio de Janeiro

Invista na 2a Brasitalia: PRONAC no 122237 do Ministério da Cultura, autorização de captação R$ 693.871,41 pelo artigo 18 da Lei Rouanet, que permite o desconto de 100% do valor do patrocínio.

REMETENTE: Associação Anita e Giuseppe Garibaldi Av. Rio Branco, 257 sala 1414 Cep. 20040-009 Rio de Janeiro forum@forumdemocratico.org.br

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