Revista espirita 125

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Editorial

Fidelidade indispensável

A Humanidade está repleta de senhores exóticos e ideologias sofisticadas. Dois terços da sociedade terrena se movimentam sob o comando de lideranças materiais, distantes do apelo que o Céu lhes faz, em bases sólidas, para o soerguimento moral do Planeta. Nisso, o clima de confusão se estabelece. Brigam os sistemas políticos, chocam-se as religiões, as profissões se escravizam ao imediatismo, o esporte Desenho de Manoel Costa sobrevive em clima de competição e a educação é dirigida para que o homem vença o próximo ao invés de vencer a si mesmo. O espírita, como toda criatura, é condicionável, quando não se deixa orientar pelas sábias Leis de Deus das quais o Evangelho é a síntese. Nós, seguidores do Cristo e de Allan Kardec, quando não vigilantes, passamos a ser “crias” do ambiente que nos cerca e costumamos trazer para o Movimento o rescaldo dessas influências. A preocupação excessiva com construções materiais, atitudes éticas incompatíveis, a promoção daquilo que nos pertence, a inconsciência por falta de estudo, o exibicionismo, a falsa santidade (“lobos travestidos de ovelhas”), a fuga ao trabalho na Seara do Mestre, são reflexos nítidos da “importação” das idéias e comportamentos que o Espiritismo não endossa. Como se não bastasse tudo isto, há que lamentarmos a sede de inovação de “espíritas” que se supõem missionários e tentam desfigurar a simplicidade das práticas doutrinárias, introduzindo práticas exteriores, sofisticação de gestos, paramentações e outros absurdos que tentam desacreditar a consciência racional, a pureza de intenções e o amor que são a chave de todo o sucesso espiritual em nosso campo de atividades. Emmanuel afirmou, há alguns anos, para um grupo de damas paulistas, que a grande provação dos espíritas estava na compreensão plena e cumprimento fiel dos preceitos básicos da Doutrina Espírita e não nas perseguições policiais e morte, que, nos nossos dias, não têm sentido. Meditando essas considerações, concluímos que ninguém pode ser fiel sem se definir claramente quanto às suas reais pretensões no campo da Fé. A época é de definições. Portanto, ante o erro e a mistificação que tanto têm ameaçado a integridade de nossa Religião, ante o assédio das falanges do anti-Cristo que podem comprometer a sorte de nossa própria existência, temos somente um único e estreito caminho: Trabalhar no Bem, estudando a Doutrina dos Espíritos, para que, confiantes e vitoriosos, possamos responder repetindo Jesus quando determina: “Sim, sim; não, não”. Jan/abr - 2008

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Santo Agostinho - Pioneiro da fé raciocinada Aurelius Augustinus, mais conhecido como Santo Agostinho (354430 d.C.), nasceu em Tagaste, província romana ao norte da África. Primogênito do pagão Patrício e da fervorosa cristã Mônica, posteriormente Santa Mônica, era africano pela lei do solo, romano pela cultura e cristão por educação. Quando criança foi alegre, travesso e inteligente. Na juventude apresentou temperamento impulsivo e não ardeu de entusiasmo pelo Cristianismo. Entregou-se com afinco ao estudo e aprendeu muito da ciência do seu tempo. Casou e tornou-se pai com apenas 19 anos e seu filho, Adeodato, morreu aos 17 anos. Na madureza, foi brilhante professor de retórica em Cartago, Roma, Milão e conhecia profundamente gramática, dialética, aritmética, geometria, astronomia e música. Ainda jovem viajou para Cartago, a fim de aperfeiçoar seus estudos e desviou-se moralmente, caiu em uma profunda sensualidade. Aderiu ao maniqueísmo, e após 12 anos, insatisfeito com a ausência de respostas, passou a considerar a filosofia neoplatônica. Em 386, na sua incessante busca da verdade, tornou-se cristão. Na oportunidade, renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e de alguns discípulos. Após a sua conversão ao Cristianismo, apoiado pelas orações de sua mãe, dedicou-se à elaboração da filosofia cristã, vendeu suas posses e projetou seu programa de vida comum: pobreza, oração e trabalho. Consagrado Bispo de Hipona em 395, título de serviço e não de honra, converteu sua residência em casa de oração e tribunal de causas. Inspirador da vida religiosa, pastor de almas, administrador justo, defensor da fé e da verdade. Agostinho pregou e escreveu de forma infatigável e condensou o pensamento do seu tempo. Destacou-se como o mais importante filósofo e teólogo, no limiar entre a Antiguidade e a Idade Média. Inspirado no platonismo e no neoplatonismo, particularmente por Plotino (205-270 d.C), influenciou, na condição de pensador, teólogos e filósofos como Tomás de Aquino, João Calvino, Martinho Lutero, Embora seja sempre retratado com muito luxo, como bispo, Agostinho se recusava a usar Cornelius Jansen, Schopenhauer e mesmo o anel e a mitra (chapéu quadrangular usado por Nietzsche. Agostinho foi uma clérigos).

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referência basilar na orientação do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Jesus Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana. Agostinho foi um pioneiro da fé raciocinada. Afirmava que a interpretação das escrituras deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Considerava a filosofia como solucionadora parcial do problema da vida, ao qual só o Cristianismo poderia dar uma resposta integral. Em sua pedagogia recomendou aos educadores jovialidade, alegria, paz no As comunicações mediúnicas desse coração e às vezes alguma insigne Espírito, participante da equipe do Espírito brincadeira. de Verdade, podem ser encontradas em vários Segundo estudiosos momentos da Obra Kardeciana: de sua biografia, escreveu - Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”: mais de 400 sermões, 270 Mundos de expiações e de provas, Mundos cartas ou tratados regeneradores e Progressão dos mundos (Cap. doutrinários e 150 livros. As 3, itens 13 a 19); O mal e o remédio (Cap. 5, item palavras que mais 19); O duelo (Cap. 12, itens 12 e 15); A ingratidão aparecem em seus escritos dos filhos e os laços de família (Cap. 14, item 9) e são amor e caridade. Duas Felicidade que a prece proporciona (Cap. 27, item 23). vezes por semana falava - Em “O Livro dos Médiuns”: Acerca do na Igreja da Paz e sempre Espiritismo e Sobre as sociedades espíritas (Cap. muito aplaudido, dizia: 31, dissertações 1 e 16). “Vossos louvores são - Em “O Livro dos Espíritos”: Prolegômenos folhas de árvores; gostaria e respostas às questões 495, 919 e 1009. de ver os frutos”. Agostinho A leitura atenta dos itens supracitados viveu há mais de 1500 anos demonstra a grandeza e a genialidade de e muito do que falou e Agostinho que, desencarnado, na posse de toda escreveu é corroborado sua capacidade intelectual e acessando novas pelo conhecimento espírita. sensações e percepções, com a alma liberta da Aos 76 anos, foi morto em matéria, materializa novos horizontes da sua Hipona (hoje Annaba, na compreensão e, sem renegar a própria fé, se faz Argélia), durante cerco da um propagador da Doutrina Espírita. cidade pelos vândalos. Maniqueísmo – Seita do profeta persa Mani que se funda em princípios opostos, bem e mal. Segundo esta doutrina o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo. Neoplatonismo – Movimento filosófico do período greco-romano desenvolvido por pensadores inspirados em Platão. Marcado por sentimentos religiosos e crenças místicas, caracterizavase pelas teses da absoluta transcendência do ser divino e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem. Jan/abr - 2008

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Bezerra de Menezes

Pensamentos doutrinários VIII Da série publicada no jornal O PAIZ, no Rio de Janeiro, a partir de 1886. A GRADUAÇÃO DOS CONHECIMENTOS Entrando no estudo da antiguidade sagrada, é preciso não acompanhar os que inconsideradamente o fazem, sem atender ao que era a humanidade no tempo que evocam. Pode-se acaso dar o mesmo valor ao que vem da criança e ao que vem do homem feito, ao que vem do ignorante e ao que vem do ilustrado? Não. É de rigor que se apreciem por modos diversos essas quadras e condições da humanidade, dando a cada uma seu natural valor. A História sagrada compreende os tempos em que o homem dava os primeiros passos na senda de seu desenvolvimento. Moisés e os profetas achavam-se, em face da humanidade, na sua primeira infância. Jesus já encontrou-a num período mais adiantado de sua evolução, porém, assim mesmo no que se pode chamar uma segunda infância. Qual homem de bom senso, que possa esperar ou reclamar 4

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daqueles dois luminares um ensino completo das verdades eternas? O espírito cultivado do homem do nosso século sabe perfeitamente que, penetrando no estudo das duas escolas, há de encontrar necessariamente luz e trevas; a luz que elas difundiam na razão da capacidade de seu tempo, as trevas em que ainda se envolvia a humanidade, que os dois altos reveladores vieram esclarecer e guiar.

Retrato pintado de Bezerra de Menezes


Assim como o mestre graduou o ensino segundo a aptidão e o adiantamento do discípulo, assim o Pai dá a seus Messias o encargo de revelar a humanidade o que ela já pode compreender. Vem daí a progressividade da revelação divina, palpável a todo o que se propuser ao estudo comparativo da abraâmica, da mosaica, da cristã. E, como cada nova revelação dá mais luz ou aumenta a intensidade da luz da verdade, destaca-se das crenças religiosas por obra de cada revelação maior ou menor número de falsos princípios, tidos até então por verdades divinas.

Foi assim que a revelação mosaica condenou, por exemplo, a poligamia, que o velho patriarca Abraão praticou como coisa permitida. Foi assim que a revelação cristã condenou, por exemplo, o olho por olho e o dente por dente, que Moisés ensinou a seu povo. E é assim, que a atual revelação espírita condena, por exemplo, o herético e blasfemo princípio do inferno com penas eternas, que Jesus deixou em pé, porque a humanidade de seu tempo não podia suportar a luz da verdade oposta: esta sublime cosmogonia, que assenta na lei das vidas sucessivas e nas penas corretivas temporárias.

Allan Kardec – “O Livro dos Espíritos” Parte III – Capítulo VIII, questão 793 “A civilização tem seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado primitivo. Ela, porém, não se constitui menos em um progresso natural, necessário, que traz em si o remédio ao mal que faz. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que engendrou e esses males desaparecerão com o progresso moral.”

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Perfil de

Jesus Cristo No arquivo do Duque de Cesadini, Em Roma, uma carta foi encontrada, A respeito do perfil de Jesus Que ao mundo foi revelada.

E das orelhas para baixo Crescem crespos e anelados Até a altura dos ombros. Seus cabelos são separados

Esse documento é uma missiva Que ao senado foi encaminhada, No tempo do imperador Tibério, E por Públio Lentulus foi firmada.

Ao meio por uma risca Segundo as práticas adotadas Da gente de Nazaré. As faces são levemente ruborizadas.

O cidadão Públio Lentulus Investia nessa oportunidade O cargo de procônsul romano. E existe uma grande possibilidade,

O nariz é bem contornado, A sua barba é crescida, E em relação aos cabelos, Ela é mais escurecida

Conforme algumas pesquisas, De ele ter sido o predecessor Do romano Pôncio Pilatos, No encargo de governador

E dividida em duas pontas. Seu olhar revela, pessoalmente, Sabedoria e candura. Tem olhos azuis, resplandecentes,

De todo o território da Judéia. O conteúdo que foi revelado Da carta do nobre romano Será a seguir versificado:

Com reflexos de várias cores. Este homem amável na conversação Torna-se, então, temível Ao fazer qualquer repreensão.

Apareceu e vive estes dias por aqui Um homem de singular virtude, Que os companheiros seus O chamam Filho de Deus.

Mas mesmo assim percebe-se Nele Um sentimento de serenidade E de imensurável segurança. Ninguém nunca o viu rir, na verdade;

Cura os enfermos E ressuscita cadáveres. É belo de figura E atrai todos os olhares.

Contudo, muitos O têm visto chorar. É de estatura normal este ser, De corpo ereto, de mãos e de braços belos Que contemplá-lo é um prazer.

Seu rosto inspira amor E, ao mesmo tempo, temor. Seus cabelos são alongados, Lisos até as orelhas e alourados.

Sua voz é grave. Fala pouco. É modesto. É belo, tanto quanto poderia Um homem vir a ser belo. Chamam-lhe Jesus, Filho de Maria.

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INDIVIDUALIDADE E PERSONALIDADE Rogério Coelho - MG

“A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres...” Lázaro1 Há que se estabelecer a diferença existente entre individualidade e personalidade: “A essência constitui a individualidade, que avança mediante o processo reencarnatório, adquirindo experiências e desenvolvendo aptidões que lhe jazem inatas, heranças que são da sua origem divina. A expressão temporária, adquirida em cada existência corporal, com as suas imposições e necessidades, torna-se a personalidade de que se reveste o espírito, a fim de atingir a destinação que o aguarda.” A individualidade é eterna; a personalidade é transitória; a individualidade é estrutura; a personalidade é o revestimento; a individualidade permanece; a personalidade é cambiante; a individualidade é legítima e aprimorável; a personalidade extravasa, formaliza e apresenta; a individualidade aprimora, realiza e afirma; a personalidade desgasta-se e desaparece; a individualidade esplende e agiganta-se. A personalidade é máscara produtora de nefasta ancilose espiritual que oculta, na maioria das vezes, o que se pensa e o que se é, em realidade. A individualidade é o corolário natural do somatório das conquistas adquiridas através dos êxitos ou fracassos logrados ao longo dos tamises palingenésicos. A gema sem lapidação jamais fulgura. A semente que não se doa à terra, não realiza sua missão de multiplicar e produzir vida. Quem somos nós e o que pretendemos alcançar? Somos espíritos imortais e buscamos a felicidade sem mescla e a perfeição relativa que podemos atingir. Tal meta só será conquistada a partir do momento em que formos menos ciosos de nossa personalidade, substituindo-a pelo amor que une as criaturas e dignifica a vida. Sejamos na aparência externa conforme nossa evolução interior. Cansados do jogo das aparências, realizemo-nos intimamente, desatando as aptidões superiores que jazem no imo de cada um de nós, aguardando oportunidades para auxiliar-nos no crescimento vinculado às finalidades elevadas da vida. A coerência entre o exterior e o interior deve mesclar-se com nossas ações purificadas nas águas lustrais da gentileza, da nobreza, da abnegação, do devotamento, da afabilidade, da doçura e da lealdade... A nossa aparência exterior deve espelhar a nossa realidade interior e, para isso, ingentes esforços devemos aplicar para que se harmonizem a individualidade e a personalidade a fim de refletirmos os ideais de beleza e amor que vitalizam as rotas da evolução. 1

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, ed. FEB, cap. XI, item 8. Jan/abr - 2008

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PRISIONEIROS

Jerônimo Mendonça

Você, que foi recolhido ao interior de um presídio, e se sente, às vezes, na posição de fera enjaulada; que se imagina às pessoas que o visitam à maneira de um animal de zoológico, por favor, não pense assim! A penitenciária é também uma casa de Deus, sendo ao mesmo tempo, um hospital-escola, onde somos tratados pelo Divino médico das almas, contra os nossos velhos impulsos de cólera, violência e ódio, câncer, a lepra e outras tantas enfermidades. Se você quiser, mesmo aí dentro dessas paredes tristes, você pode construir ou reconstruir sua vida, porque vida é também eternidade. Ouça o Evangelho de Jesus e adira de corpo e alma aos seus ensinamentos salvadores. Toda a humanidade vive presa, pois o corpo é também grade para o espírito. Recorde que toda fuga é porta aberta a sofrimentos maiores. Há quem foge do corpo pela porta escura do suicídio, para cair nas trevas de inenarráveis sofrimentos e atrozes desenganos. Há quem foge da prisão para enfrentar maiores problemas com a justiça. Só existe uma saída positiva para todos nós, em nossas prisões, sejam elas quais forem: aceitarmos com paciência e resignação o pagamento de nossas dívidas. Jerônimo em sua cama. Era tetraplégico. Débito pago, credor ausente. 8

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Vianna de Carvalho responde ATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITA Médium: Divaldo Pereira Franco

Pergunta: Que tipo de arte existe no mundo espiritual? Resposta: Há expressões de estesia nas diferentes esferas felizes que a mente humana ainda não pode conceber, nem o seu vocabulário traduzir. Mediante uma comparação simples pode-se ter idéia da qualidade e tipo de arte existente na espiritualidade particularmente naquela onde vivem as entidades nobres. Se observarmos a contribuição do homem primitivo em relação à arte, mediante as pinturas rupestres, e compararmos com as elevadas conquistas realizadas pelo pensamento hodierno, veremos a distância que medeia entre ambas e a gradação da beleza em ascensão. Assim, em relação às elaborações conseguidas no mundo espiritual, o homem terrestre agora estaria na fase rupestre... Tenhamos sempre em mente que a Terra é cópia grosseira do mundo espiritual, entendendo-se, todavia, que existem esferas ainda inferiores onde estagiam os espíritos rebeldes e primários que se comprazem no erro e no mal, sendo aí, diferente, porque mais grotescas as suas manifestações artísticas, pois que, também as existem. Quando surgem, na Terra, movimentos artísticos inovadores e manifestações da arte, os seus pioneiros são espíritos elevados que se reencarnam para transferir do mundo das causas para o dos efeitos o que há de belo, nobre e edificante, o mesmo ocorrendo nas mais diferentes áreas do conhecimento humano. Jan/abr - 2008

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Queima de obras espíritas

Adriano Henrique - PE

Maurice Lachâtre (1814-1900), editor e autor “A Igreja Católica é francês, publicou “História dos Papas”, “História universal, e sendo esses livros da Inquisição” e “Dicionário Universal Ilustrado”. contrários à fé católica, o Este último levou o imperador Napoleão III a Governo não pode consentir decretar-lhe a prisão. Nestas condições, Lachâtre que eles passem a perverter a exilou-se em Barcelona, Espanha. Como amigo moral e a religião de outros de Kardec, fundou uma livraria na capital hispânica países.” (Bispo D. Antônio Palau e solicitou ao Codificador o envio de obras espíritas y Termens). àquela cidade. Kardec, atendendo seu pedido, remeteu-lhe 300 livros encaixotados. Chegando na alfândega de Barcelona, a bagagem foi aberta para inspeção. Refugaram a mercadoria e a levaram ao bispo D. Antônio Palau y Termens, que logo ordenou a incineração dos exemplares em praça pública. A cena aconteceu no dia 9 de outubro de 1861 e ficou conhecida como o “Auto-da-Fé de Barcelona”. Kardec, não sendo reembolsado, poderia ter acionado seus recursos cíveis nos códigos do Direito Internacional. Mas, a orientação dos espíritos superiores foi decisiva, o caso servira sobremodo para chamar a atenção do mundo ao Espiritismo. O capitão Lagier, comandante do vapor “El Monarca”, e alguns marinheiros, que presenciaram o fato, irritaram-se e prometeram trazer outros volumes pelo Porto de Marselha. Justamente por aí os livros do Codificador novamente invadiram a Espanha e o resto da Europa. Kardec guardou as cinzas numa urna de cristal, que foi destruída pelos nazistas na II Guerra Mundial. Brilhantemente, o Espiritismo espalhou-se por vários países com a notícia do ocorrido. Em julho de 1862, desencarnou o bispo D. Antônio Palau y Termens. Em seguida, numa comunicação à Sociedade Espírita de Paris, o bispo suplicou orações e arrependeu-se profundamente de haver chefiado a operação de queima dos livros espíritas. Assim, mesmo imprevistos, os acontecimentos desagradáveis têm uma razão de ser. Nada ocorre por acaso. Um mal inexplicável significa, muitas vezes, um bem ainda não compreendido pela ignorância humana...

“Nenhuma mensagem do Mundo Espiritual pode ultrapassar a lição permanente e eterna do Cristo e a questão sempre nova do Espiritismo é, acima de tudo, evangelizar e esclarecer, ainda mesmo com sacrifício de outras atividades de ordem doutrinária”. Emmanuel 10

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Nas obras de assistência social Presença de Emmanuel / Chico Xavier

Não esperes ocasião favorável para a resposta aos apelos do bem. Todo dia é tempo de semear... Quantos se prendem à tela escura da desconfiança e do medo, perdendo as mais belas oportunidades de elevação! Se já pudeste aprender que a Humanidade é a nossa família, levanta no centro da própria alma o primeiro santuário de teu ideal, erguido à extensão do Reino do Amor! Oferece em teu mundo íntimo um companheiro aos deserdados, um amigo aos oprimidos, um pai aos órfãos, um irmão aos sofredores. Não exijas do destino uma fortuna amoedada para que te convertas em trabalhador da grande renovação. O ouro sem caridade que o dirija, é moldura da avareza e do sofrimento. A boa vontade ignora o bloco de cheques. A sinceridade não é artigo de oferta e procura. A paz não se acumula nos bancos. Não olvides que o trabalho é o único processo de aumentar a riqueza e nem te esqueças de que o serviço é o único recurso de capitalizar a simpatia e a cooperação. Se abraçastes o Evangelho, recorda que o nome de Jesus está empenhado em nossas mãos. E, com o Mestre da Cruz, toda a visão do caminho se modifica. Onde a ignorância espalhou males incontáveis

observarás o teu campo de ação e onde a miséria plantou espinheiros e lágrimas, encontrarás o teu ensejo sublime de auxiliar, valorosamente. Com Cristo, a expectação não encontra lugar. Junto d’Ele , toda dúvida é perda de tempo. À frente do Senhor, toda queixa é descabida. No Evangelho, não existem “terras de ninguém”. Nele, só uma recomendação prevalece: “amar sempre, aprender sem repouso e servir sem distinção”. Quando uma centésima parte do Cristianismo de nossos lábios conseguir expressar-se em nossos atos de cada dia, a Terra será plenamente libertada de todo mal. Em razão disso, traze tu mesmo à edificação da bondade e da luz não somente a tua palavra e a tua bolsa, mas acima de tudo, a tua fé e o teu coração. Lembra-te que a redenção do mundo principiou não na queda do orgulho político e racial do império romano, mas no amor, na humildade, no serviço e na coragem de Jesus, o nosso Divino Mestre e Senhor. Traze tua alma às tarefas do bem e estarás fazendo o melhor. Não te encarceres nas impressões de ontem e nem te amedrontes à frente do amanhã. Hoje é o nosso dia de começar. Jan/abr - 2008

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Verificação de

conhecimentos doutrinários Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta e confira o resultado na página 19: 1. O Monte Caveira ou Gólgota, onde Jesus foi crucificado, ficava: na Judéia. em Roma. na Galiléia. na Samaria. Foto atual do Monte Gólgota

2. Uma das primeiras manifestações Detalhe da caveira em destaque espíritas inteligentes ocorreu em Hydesville, New York, Estados Unidos da América do Norte, com as irmãs Fox. Essa manifestação foi: psicográfica.

de vidência.

de audiência.

tiptológica.

3. Constantino ao vencer Maxêncio às portas de Roma faria do Cristianismo: uma religião. uma seita. alvo de perseguições. uma religião com regalias de Estado. 4. Veículo fundado por Allan Kardec para divulgação do Movimento Espírita: Estudos psíquicos. Alma imortal. Estudos Espíritas. Revista Espírita. 12

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Imagens atual e antiga da Revista Espírita


5. São a mesma coisa: fascinação e subjugação. fascinação e possessão. possessão e subjugação. possessão e obsessão simples. 6. O fenômeno da bi-corporeidade ocorre com a presença simultânea de um mesmo indivíduo em dois lugares diferentes, comprovadamente. Na história há desses fenômenos registrados. O mais famoso ocorreu com: Francisco de Assis. Teresa D’Ávila. Antônio de Pádua. Paulo de Tarso. 7. As obras que falam de duas vidas passadas de Emmanuel, psicografadas por Chico Xavier e editadas pela FEB são: “Há Dois Mil Anos” e “50 Anos Depois”. “Há Dois Mil Anos” e “Paulo e Estevão”. “Há Dois Mil Anos” e “Ave, Cristo!”. “Há Dois Mil Anos” e “Renúncia”. 8. Florence Cook, médium de 15 anos, ficou famosa na Europa ao se submeter às pesquisas do famoso sábio: William Crookes. Charles Richet. Ernesto Bozano. Paul Gibier. 9. O livro “A Gênese”, último da série de cinco obras que formam o Pentateuco Espírita, está completando em 2008: 130 anos. 140 anos. 150 anos.

Capas do Livro Há Dois Mil Anos Jan/abr - 2008

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Renitência obsessiva Gravita em torno dos homens essa multidão de testemunhas a acompanhar-lhes os trajetos... Vibram algumas com seus sucessos felizes, locupletando-se outras como fomento de quedas e dissensões nas existências daqueles que lhes caem nas malhas soezes. É do indivíduo humano o vezo da renitência, da teimosia, quando aconselhado pelo orgulho infelicitador, pela vaidade perturbadora, enfim, pelo egoísmo e seus séquitos, ao revés de ajustar-se à humildade que, em conseguindo abençoar a alma com paz, dá-lhe euforia para as atividades do bem, fazendo-a rever os campos minados esperando pela renovação. Na longa caminhada que os seres devem encetar no panorama evolutivo, não são poucos os que se aglomeram nas praças da inutilidade, das horas vazias, da maledicência francamente desnecessária, dos chamados pequenos vícios, tais como o de pitar, alcoolizar-se socialmente, os das intrigas disfarçadas, os da palavra Autor espiritual: Camilo portadora de obscenidade, da Médium: J. Raul Teixeira jocosidade estridente que se ingerem, Livro: Correnteza de Luz à semelhança de verdadeiros tóxicos para a alma, ensejando, desse modo, a agregação de companheiros despegados do corpo somático, que passam a nutrir esses interesses “inocentes”, ao mesmo tempo que acham nutrimento nas vibrações levianas, torpes e irresponsáveis, que são liberadas pelos partícipes desses contumazes e estranhos hábitos. Vivem-se no mundo momentos de tumulto espiritual, quando falanges sombrias investem contra os valores do amor e do bem, atacam os rútilos ensinos do Mestre Jesus, numa atitude enlouquecida de quem deseja a qualquer preço, apagar da Terra a marca dessa constelação gloriosa dos servidores de Cristo. Tem-se aí excelente motivação para que os lidadores do Evangelho, os que se alimentam com as fulgurâncias do excelso Espiritismo, nos unamos para refletir o bem em nós mesmos, para que com ele nos 14

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fortaleçamos, executando as tarefas, ainda que as mais simples, com bom ânimo e fidelidade. À frente dessa renitência obsessiva que toma conta dos painéis mentais daqueles que enveredam, invigilantes, por esse submundo de energias viciadas, urge se use de cautela. Aos que entregam à inutilidade os vastos e valiosos recursos de que Deus os dotou, quando poderiam para Deus dirigir-se, utilizando os formidáveis elementos do mundo, ainda fulgem esperanças para o feliz retrocesso, retomando os passos da autodisciplina, com melhor aproveitamento do tempo e dos ensejos que a vida apresenta para a elaboração da saúde moral de que sente carência. O que se vê é um processo de pouca vontade para empreender mudanças em si mesmo, fazendo com que cada indivíduo, sem coragem de fazer ainda que sejam pequenos esforços, siga justificando a sua própria perturbação. Mesmo que tenha consciência, a princípio, de que se vale de desculpas inverídicas, o tempo e a continuidade das suas mentiras são a sua verdade. A fascinação, alicerçada na vaidade e no orgulho, vai minando sempre mais as possibilidades da pessoa, tornando mais enraizados os tormentos obsessivos que, agora, contarão com o caldo tépido das justificativas equivocadas. Muitos dão preferência ao uso de expressões que bem indicam a sua pouca disposição de transformação superior: “não há nada demais nisso”, “todo mundo faz assim”, “todo mundo usa isso”, enquanto outros preferem: “não sou de ferro”, “sou humano ainda”, “não sou fanático”. Entretanto, surgem os quiçá se admitem como são, fazendo do seu estado um estado intocável que alimentam afirmando: “comigo é assim...”, “quem quiser gostar de mim tem que ser assim”, “sou muito bom, mas não pise no meu calo”, e seguem desfilando as suas “máximas”, mantendo o processo pernicioso de suas renitentes perturbações indefinidamente. Somente palmilhando os caminhos da operosidade benfeitora, com vontade firme, mantendo a lídima fraternidade, na alegria de viver e na felicidade que promove para os semelhantes, renunciando aos gozos fugidios e desconcertantes, buscando estar em harmonia consigo mesmo, o indivíduo conquistará a chave libertadora para evadir-se das tenazes persistentes, tidas por “coisas à toa”, e que não passam de obsessões perigosas, detendo a pessoa indiferente ou irrefletida com relação aos valores reais da existência planetária, ainda que sorrateiras e aparentemente ingênuas. Jan/abr - 2008

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Frases que merecem MEDITAÇÃO Extraídas da obra “Evolução em Dois Mundos”, de autoria de André Luiz e psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira.

“Se soubermos, porém, suar no trabalho honesto, não precisaremos suar e chorar no resgate justo.” “Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.” “Frequentemente, através do suicídio, integralmente deliberado, ou do próprio desregramento, operamos em nossa alma calamitosos desequilíbrios, quais tempestades ocultas, que desencadeamos, por teimosia, no campo da natureza íntima.” “Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.” “O instinto sexual, então, a desvairarse na poligamia, traça para si mesmo largo roteiro de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que nós mesmos criamos.” 16

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“Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra desperta e, pela consciência desperta, os princípios de ação e reação funcionam, exatos, dentro do próprio ser, assegurando-lhe a liberdade de escolha e impondo-lhe, mecanicamente, os resultados respectivos, tanto na esfera física quanto no Mundo Espiritual.” “Entendamos, assim, que tanto a regeneração quanto a evolução não se verificam sem preço.” “Nas esferas elevadas, as almas superiores identificam motivo de honra no serviço de amparo aos companheiros menos evolvidos que estagiam nos planos inferiores.” “Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos.”


Tribuna LIVRE Pergunta: João Evangelista, autor do “Apocalipse”, último livro da Bíblia, quando trata da “besta apocalíptica” refere-se ao escarlate e à púrpura. No versículo 3, do capítulo 17, a descreve “(...) uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia (...)”. Mais adiante, no versículo 4, diz: “(...) mulher vestida de púrpura e de escarlate, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro, transbordante de abominações e imundícias de sua prostituição”. Por que João insistiu nessa característica da cor?

Resposta: Na antiguidade, o vermelho exercia enorme fascínio, por ser a cor mais rara, dificilmente encontrada em roupas, em objetos caseiros ou em uso pessoal. Por essa razão, era, também, a cor mais desejada, mais admirada, pela exuberância de suas tonalidades e pela intensidade do brilho. A obtenção do corante vermelho era extremamente difícil, dado ao seu alto custo. Os insumos, os produtos básicos, vinham do Oriente, principalmente da Índia. Isto fez com que o vermelho, a púrpura, o escarlate se tornassem as cores do poder, por permitirem acesso apenas para os ricos e os detentores do mando político, militar, administrativo e religioso.

O ESPÍRITA responde Assim, esse tipo de tintura identificava os privilegiados, os mais influentes, a minoria condutora dos destinos da maioria. Impunha respeito e, quase sempre, medo. Nenhum pobre ou cidadão comum podia usar roupas ou objetos tingidos por essas cores. Os imperadores de todos os tempos, em especial os romanos, os sacerdotes hebreus, e a partir do século IV, com a degeneração do Cristianismo, os líderes católicos, papas, cardeais e bispos as usavam ostensivamente em suas vestimentas. Somente com a descoberta do nosso País e a exploração do pau-brasil pelos portugueses, a Europa barateou os custos, permitindo a aquisição por outros membros da sociedade, popularizando o seu uso. Do pau-brasil extraía-se esse tipo de corante em grande quantidade. “Brasil” quer dizer cor de brasa. A “besta apocalíptica”, claramente mostrada por João, é o símbolo dos desvios religiosos, dos que “se embriagam com o sangue dos santos” (Jo.,17:6), dos que usam “o cálice do vinho do furor de sua ira” (Jo.,16:19), dos que ainda hoje insistem no exercício da dominação religiosa, adotando princípios, paramentos, dogmas e práticas incompatíveis com a simplicidade e a pureza dos ensinamentos trazidos pelo inolvidável Mestre e Senhor Jesus. Jan/abr - 2008

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Servir

José Venício de Azevedo - RJ

Servir, no seu principal sentido, vilhosa, a imensa alegria de servir. significa trabalhar em favor de alguém Que triste seria o mundo se tudo ou de uma instituição, ou de uma idéia, se encontrasse feito, se não existisse ou de uma causa. uma roseira para plantar, uma obra para Já em sentido cristão, servir é se iniciar! esquecer-se de si mesmo, devotandoNão te chames unicamente os se amorosamente ao auxílio do próximo, trabalhos fáceis. É muito mais belo fazer sem objetivar quaisquer recompensas, aquilo que os outros recusam. Mas não nem mesmo o simples reconhecimento caia no erro de que somente há méritos daqueles a quem se tenha beneficiado, nos grandes trabalhos; há pequeninos suprimindo, assim, insidioso sentimento serviços que são bons serviços; adornar da mágoa, na certeza de que o uma mesa, arrumar teus livros, pentear reconhecimento posterior fatalmente uma criança. virá, mais cedo ou mais tarde, do Alto, Aquele é o que critica; este é o que nas formas mais inesperadas. destrói; sê tu o que serve. Servir é criar simpatia, O Servir não é faina de seres fraternidade e luz. inferiores. Como nos ensina a escritora Deus, que dá os frutos e a luz, romântica, de temperamento exaltado e serve. místico, Gabriela Mistral, Prêmio Nobel Seu nome é ‘aquele que serve’. de Literatura em 1945, nascida Lucila Ele tem os olhos fixos em nossas Godoy Alcayaga em 1899, no Chile, em mãos e nos pergunta a cada dia: sua composição “O prazer de servir”: - Servistes hoje? - A quem?- À “Toda natureza é um serviço. árvore? - A teu amigo? - À tua mãe?” Serve a nuvem, serve o vento, serve a Como nos concita Emmanuel: chuva. “Sirva ajudando, atue amparando, Onde haja uma compreenda curando dores árvore para plantar, plantae sofrimentos e ampare a tu; Onde haja um erro solicitando forças ao Pai para corrigir, corrige-o tu; para apreender Seus Onde haja um trabalho e ensinamentos e transmitítodos se esquivarem, los às almas sequiosas de aceita-o tu; paz, de luz e de amor, Sê o que remove a postulando, com tal pedra do caminho, o ódio comportamento, sua entre os corações e as reconstrução íntima, em dificuldades do problema. oportunidades de evolução, Há a alegria de ser outorgando aos mais puro e a de ser justo; mas necessitados o melhor de Madre Tereza de Calcutá, há, sobretudo, a mara- exemplo de serviço ao próximo. nós mesmos”. 18

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Conduta Espírita - André Luiz Palestrar com naturalidade, governando as próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem momices, fugindo de prelecionar mais que o tempo indicado no horário previsto. A palavra revela o equilíbrio. Calar qualquer propósito de destaque, silenciando exibições de conhecimentos, e ajustar-se à inspiração superior, comentando as lições sem fugir ao assunto em pauta, usando simplicidade e precantando-se contra a formação da dúvida nos ouvintes. Cada pregação deve harmonizarse com o entendimento do auditório.

Respostas

Verificação de conhecimentos doutrinários páginas 12 e 13

Q.1 - na Judéia. Q.2 - tiptológica. Q.3 - uma religião com regalias de Estado. Q.4 - Revista Espírita. Q.5 - possessão e subjugação. Q.6 - Antônio de Pádua. Q.7 - “Há Dois Mil Anos” e “50 Anos Depois”. Q.8 - William Crookes. Q.9 - 140 anos. Jan/abr - 2008

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Curiosidades doutrinárias Em “Vida e Obra de Allan Kardec”, André Moreil afirma que há “Um país que merece a atenção dos espíritas do mundo inteiro: é o Brasil”. Cita a caridade dos espíritas brasileiros praticada por todas as classes sociais. A viúva de Allan Kardec, Amélie Boudet (foto), faleceu em 21 de janeiro de 1883, aos 89 anos de idade. Em 1962, Divaldo Franco passava por duras provações. Com apenas 35 anos de idade, foi socorrido pela mediunidade de Yvonne Pereira. Vianna de Carvalho então lhe diz: “Por que te admiras dos espinhos que circundam os teus caminhos, se teu Mestre de Nazaré foi coroado com os mesmos espinhos?”. A mensagem prossegue belíssima, renovando as energias do bondoso e dedicado orador e médium. Vianna conclui, lembrando: “Tua missão maior é junto dos que sofrem, como o teu Mestre Jesus Nazareno, e não ao pé dos letrados do século”. É o que nos conta Pedro Camilo em sua excelente obra “Yvonne Pereira – Uma heroína silenciosa”. A Bíblia hebraica tem 39 livros, a Católica 73 e a protestante, traduzida por João Ferreira de Almeida, tem 66. Com quem está a razão? 20

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Há religiões que se dizem cristãs e pregam maciçamente o Antigo Testamento. Quase não citam os ensinamentos trazidos por Jesus que ensinam o desprendimento material, a fuga à riqueza, a distribuição das sobras financeiras para os pobres. Esquecem-se do que diz Lucas (16:16): “A lei e os profetas vigoraram até João (Batista). Desde esse tempo vem sendo pregado o Evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele”. Jesus ensinou e exemplificou: “Não tenho sequer uma pedra onde repousar a cabeça”. Emmanuel, mentor de Chico Xavier, em encarnação anterior foi Manuel da Nóbrega, o grande amigo de José de Anchieta no início da colonização de nosso País por Portugal. Por que Emmanuel? O exdeputado federal Freitas Nobre, pesquisando, encontrou o nome inteiro de Nóbrega: Ermano Manuel da Nóbrega, que assinava E. Manuel. Colocou mais um “m” para não confundir com Emanuel que quer dizer “Deus conosco”. Não quis ser presunçoso. A cópia do documento com a assinatura foi encaminhada a Chico Xavier à época, na década de 60.


Notícias comentadas Ofensiva contra valores ateus Levantamento do World Christian Database - WCD mapeou o número de ateus em 100 países, cabendo ao Brasil a 82.ª posição, com 0,34% da população ou cerca de 637 mil pessoas. Aqui o número não é expressivo, em alguns outros países assume proporção significativa, com mais de 15% da população, como é o caso da Coréia do Norte. O que mais preocupa é o surgimento do “ateísmo militante”. A influência dos valores ateus, na forma de publicações e verdadeiras pregações nos meios científicos, onde mais cresce, desencadeou ofensivas, como a da Igreja Católica, que veicula na campanha da fraternidade deste ano, no Brasil e em vários países, o tema “defesa da vida”. (Folha de São Paulo – 25/ 12/2007) “O Livro dos Espíritos”, em resposta à questão 446, sobre os fenômenos do sonambulismo e do êxtase, assevera para aquele que os estudar de boa fé “não poderá ser materialista ou ateu”. No capítulo II, Da Lei de Adoração, do mesmo livro, foi indagado na questão 651 se “Terá havido povos destituídos de todo sentimento de adoração?”. A resposta foi incisiva: “Não, que nunca houve povos de ateus. Todos compreendem que acima de tudo há um Ente Supremo”. Embora ponderável a argumentação de alguns cientistas ateus, o que deixa transparecer nessa “crença” é muito mais fruto do orgulho humano em querer tudo explicar apenas com os poucos conhecimentos já alcançados pela humanidade em face da imensa grandeza do Universo e da complexidade dos fenômenos da vida, especialmente dos fenômenos de natureza mental, onde gravita o Espírito, este ainda não sensibilizado pelo aparelhamento da ciência contemporânea. O Pentateuco Espírita, sustentado pelo positivismo, com lógica e profundidade, oferece provas robustas da autoria Divina de tudo o que existe. Em reforço, as obras complementares, em especial as divulgadas com seriedade, como as da FEB, trazem inúmeras provas da existência do mundo espiritual e de que tudo provém de Deus. Príncipe revestirá de ouro seu Airbus O príncipe saudita Al-Waleed Talal al-Saud mandou revestir com uma camada de ouro um Airbus A380, maior avião comercial de passageiros do mundo, adquirido recentemente, que com outros acabamentos e luxos internos alcançará a cifra de praticamente 1 bilhão de reais. O avião contará com refeitório para 14 pessoas, imitando as tendas do deserto, sauna, dormitórios com banheiro, cinema, um ginásio e vários outros dormitórios. Ou seja, um verdadeiro show de esbajamento e dissipação de recursos sob qualquer prisma. (Gazeta do Povo - 16/2/2008) Jan/abr - 2008

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Notícias comentadas (continuação) A questão 816 de “O Livro dos Espíritos” enfoca as muitas tentações a que o rico é submetido, mas, em contrapartida, dispõe dos meios de fazer o bem. Como resposta, os espíritos superiores disseram: “Mas, é justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente.” Kardec, com muita propriedade, continua: “A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder. A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse: “Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de agulha do que entrar um rico no reino dos céus.” Segundo a ONU, mais de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo e pelo menos metade da população da Terra vive na faixa de pobreza. Nem é necessário esforço de raciocínio para saber o que essa soma poderia fazer em prol dos miseráveis e dos enfermos entregues à própria sorte. Catolicismo deixa de ser religião oficial O novo texto da Constituição Boliviana, aprovado em 9/12/2007, permite a reeleição para presidente uma única vez e estabelece a “independência do Estado em relação à religião e que há liberdade de culto”. Na Constituição anterior, o catolicismo era a religião oficial. (Folha de São Paulo - 11/ 12/2007) No Brasil, o Estado laico remonta ao advento da República, com a edição do Decreto no 119-A, de 17/7/1890. A medida permite a liberdade de culto e de crença, não mais vinculada a uma religião oficial. Na conclusão de “O Livro dos Espíritos”, Kardec nos esclarece, no item V, penúltimo Praça de São Pedro no Vaticano parágrafo, que “O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar”. Com a liberdade de escolha, o povo daquele País poderá buscar para si a religião que mais alimente e conforte a consciência e, sem qualquer dúvida, o Espiritismo, em seu tríplice aspecto, se apresenta completo para toda consciência que busque verdadeiramente a Deus. 22

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Carta ao atual e futuro

ASSINANTE MANTENEDOR Querido(a) irmão(ã), A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais deixou de circular em seus 29 anos de existência. Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide do Cristo. Cabe colocar, que muitas casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, estão recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 15,00 (quinze reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear as três edições da revista (abril/agosto/dezembro), as postagens dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita para diversas instituições espíritas. Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados. Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.

Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita. Preencha o formulário no verso. Jan/abr - 2008

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