Revista espirita 122

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EDITORIAL O sesquicentenário de “O Livro dos Espíritos” O 18 de abril de 2007 comemora os 150 anos de lançamento da primeira obra espírita: “O Livro dos Espíritos”. Naquele longínquo 1857, iniciava-se a concretização do Consolador prometido por Jesus, consoante os registros de João no capítulo 14 do seu Evangelho. A Boa Nova rediviva implodia o velho edifício carcomido pelos dogmas seculares. O preconceito e a fé cega cedem lugar ao amor fraternal e à razão libertadora de consciências, alavancando o ciclo da renovação espiritual. Nos seus textos encontramos elucidações para os problemas humanos, revelações extraordinárias sobre a existência do mundo espiritual, detalhamento das leis universais, advertências, consolações e outros materiais preciosos para o erguimento de uma nova crença, inabalável, que ficará para sempre conosco. Allan Kardec, que deu sua vida em holocausto à renascença dos ensinamentos cristãos, como cidadão do povo, sob ataques de “inimigos encarniçados”, desdobrou em etapas a evolução do Espiritismo, na Revista Espírita de dezembro de 1863. Seis seriam os períodos, que vão se confirmando: CURIOSIDADE – produzido pelas mesas girantes. FILOSÓFICO – com o advento de “O Livro dos Espíritos”. LUTA – marcado pelo auto-de-fé, ocorrido em Barcelona, Espanha, em 9 de outubro de 1861. RELIGIOSO – caracterizado pela organização do movimento espírita em todo o mundo e pela fundação de instituições para a prática de cultos e ações de benemerência. INTERMEDIÁRIO – que percebemos ocorrer com o interesse da mídia, chamando a sociedade para as idéias da reencarnação e da comunicação com os mortos. O último período, o da RENOVAÇÃO SOCIAL, antevisto pelo Codificador, abrirá ao mundo as portas da nova era, onde o reino do Senhor implantar-se-á entre os homens. O espírita não pode algemar-se ao passado. Precisa avançar com as cautelas necessárias e entender definitivamente que o Bem só triunfará, com a vitória da verdade eterna, se o seu comportamento pessoal sustentar-se em procedimentos elevados, que evidenciem sua reforma íntima, na irradiação das virtudes ensinadas e vividas pelo Cristo. jul/dez - 2006

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FEITOS PARA A GUERRA, ÚTEIS PARA A PAZ Revista VEJA - maio de 2005

Questão 744 de “O Livro dos Espíritos”: “Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?” Resposta: “A liberdade e o progresso.”

Energia nuclear - Para fazer a bomba, o governo americano mobilizou, em 1942, 100.000 pessoas em um projeto de 2 bilhões de dólares. A arma abriu caminho para o uso pacífico da tecnologia. Helicóptero - Criado pelo russo Igor Sikorsky, que trabalhava para os americanos, o VS-300 foi o primeiro helicóptero a sair do chão, em 1940, e deu origem a modelos usados na guerra. Computador - O Colossus, desenvolvido pelo inglês Alan Turing, foi usado a partir de 1943 para decifrar códigos secretos das forças alemãs, substituindo a leitura manual das mensagens. Foguete - O alemão Werner von Braun projetou os foguetes V2, usados para bombardear Londres entre 1944 e 1945. A tecnologia depois foi utilizada na corrida espacial. Radar - Criado em 1935 pelo físico escocês Robert WatsonWatt, o equipamento que detecta objetos à distância foi aprimorado pelos aliados, os primeiros a usá-lo. Penicilina - Descoberta pelo escocês Alexander Fleming, 1928, a penicilina só foi fabricada em escala em 1940, para tratar os soldados americanos. Avião a jato - Projeto do alemão Willy Messerschmitt, o ME 262 foi o primeiro jato do mundo a entrar em operação, em 1944: tarde demais para virar o jogo para a Alemanha. 2

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Fenômenos de Epiderme

Rogério Coelho - MG

Embora ainda arrastando os pés no lodaçal terrestre, já vislumbramos a luz maior das estâncias celestiais, e em baldados esforços intentamos alcançála, porque ainda nos comprazemos nos infelizes e grosseiros apetites horizontais e lineares da matéria... “Não é admissível” – diz Emmanuel – “que alguém entregue o Espírito à direção do Cristo e a veste corporal aos adversários da Luz Divina”. “Não podemos servir a dois senhores”, expõe a mensagem do Evangelho como excelente tática de equilíbrio e eficiência. Assim, não podemos entregar “Recebei-nos em vossos corações.” (S. Paulo, II Cor., 7:2) o corpo à fatalidade do mundo e só mais tarde, na decrepitude somática passar a trilhar os caminhos de Jesus. Igualmente, não podemos flagiciar a carne, através de descabidas mortificações à guisa de aprimoramento da alma, empregando, para isso, tão-somente alguns fenômenos de epiderme. Urge interiorizarmos nos mais íntimos refolhos d’alma os ensinamentos do Mestre dos mestres. Conta-nos, ainda, Emmanuel (Vinha de Luz, cap. 147): “O apóstolo da gentilidade roga que ele e seus companheiros de ministério sejam recebidos nos corações. Muito diversa surgirá a comunidade cristã, se os discípulos atenderem à solicitação. Quando o aprendiz da Boa Nova receber a visita de Jesus e dos emissários divinos, no plano interno, então a discórdia e o sectarismo terão desaparecido do continente sublime da fé. Registra a lição do Evangelho no ádito do ser. Não te descuides relegando-a ao mundo externo, ao sabor da maledicência, da perturbação e do desentendimento. Abriga-a, dentro de ti, preservando a própria felicidade. Orna-te com o brilho que decorre de sua grandeza e o Céu comunicar-se-á com a Terra, através do teu coração.” Entendamos tudo isto com Paulo, que, escrevendo aos Gálatas (2:20), afirmou enfático e impertérrito: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” jul/dez - 2006

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Bezerra de Menezes

Pensamentos doutrinários V Da série publicada no jornal O PAIZ, no Rio de Janeiro, a partir de 1886. Suprimir do Universo a idéia Não. Ou o homem não é livre, de Deus é fazer do homem a obra obedece na vida a uma força mais inexplicável da criação! estranha, que o arrasta, como o vento arrasta a folha seca, ou deve É possível que o justo se sobreviver à morte do corpo, para reduza a nada, sem receber o prêmio sofrer a sanção do bom ou mau uso do bem que fez, usando de sua que fez da sua liberdade. liberdade, que o perverso não espere senão a morte, para escapar à pena Se há materialistas, depois do de suas maldades, do mau uso que Espiritismo, é porque eles o querem fez da liberdade? ser, porque querem negar a verdade O que é liberdade sem caprichosamente. responsabilidade, e responsaDiremos, pois, a alma é bilidade sem sanção? imortal, e o Espiritismo oferece a quem tiver dúvidas os meios irrecusáveis de reconhecê-lo.

Retrato pintado de Bezerra de Menezes 4

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Pois bem, se esses gênios ainda tivessem de vir à Terra por muitas vezes, ainda assim, ainda que fossem sempre alargando a esfera de sua ciência, não poderiam dizer a última palavra da sabedoria humana, teriam de confessar com Laplace: “o que sabemos mal chega para conhecermos o que ignoramos”. É que na Terra o homem não possui senão as faculdades para a ciência da Terra, e esta é para a ciência universal, o que é uma gota d’água para o oceano.


Aos que consideram a fé uma moléstia, sem se lembrarem que toda a humanidade com exceções mínimas, sofre-lhe os efeitos; o que prova ser ela um sentimento universal, e conseguintemente efeito de uma lei natural, como a de pensar, como a de aperfeiçoar-se, como a de falar.

preendemos o Criador incriado; mas além de que é tolo acreditar que só pode ser o que compreendemos; acresce que nossa compreensão dilata-se constantemente, pelo desenvolvimento de nossa perfectibilidade e, portanto, que, se hoje não compreendemos, compreenderemos amanhã, esse mistério, que deve ser a última Nós, que reconhecemos a conquista da razão. existência de Deus, não com-

Falando com o ALÉM Matéria de capa da revista ISTOÉ de julho/2006

Pesquisadores que empregam física, fonética, biometria e tecnologia digital utilizam-se da ciência, e não da fé, para estabelecer comunicação entre vivos e mortos. A chamada Transcomunicação Instrumental – TCI, que se baseia em gravações e filmagens de espíritos desencarnados Sônia Rinaldi é uma dessas ferramentas. Estudiosa e especialista em TCI, a paulista Sônia Rinaldi relata a primeira ocorrência autenticada por um laboratório internacional de contato com um espírito. O caso analisado é o de Cleusa e sua filha Edna, uma adolescente que desencarnou há três anos, vítima de atropelamento. Desesperada, Cleusa procurou a Associação Nacional de Transcomunicadores – ANT, instituição presidida por Sônia, que conseguiu estabelecer várias conversas com Edna. Uma dessas conversas gravadas, juntamente com outra fita que continha um recado de Edna na secretária eletrônica antes da sua desencarnação, foram enviadas para o único centro de pesquisas na Europa totalmente dedicado ao estudo científico de fenômenos paranormais - o Laboratório Interdisciplinar de Biopsicocibernética localizado em Bolonha, na Itália. O extenso laudo técnico é conclusivo e afirma que a voz capturada por meio da transcomunicação é a mesma gravada na secretária eletrônica. O caso tem o aval do físico Cláudio Brasil mestre pela USP e especilista em análise de vozes paranormais. Sônia, autora de 7 livros sobre o assunto, com 18 anos de pesquisas e mais de 50 mil gravações arquivadas, afirma: “É um trabalho puramente matemático, à prova de fraudes”. A TCI defende uma premissa coincidente com um dos princípios fundamentais do Espiritismo – a comunicação com os mortos. jul/dez - 2006

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HUMILDADE E DESINTERESSE José Pedro Miller - DF

Nesta revista não há lugar Ora, dirão alguns, não se para críticas e isto muito nos pode exigir de todos um agrada, além de que, criticar só comportamento como este. por criticar não é nosso propósito. Acontece, todavia, que não Razão, pois, nos assiste à estamos nos preocupando com saciedade em alertar aos nobres todos. Nossa intenção é alertar leitores e irmãos em fé, quanto a aos espíritas interessados para o isto, evitando-se, destarte, fato de que, se cremos na confusões e falsas interpretações. existência dos espíritos e se já Não podemos, no entanto, calar, sabemos o quanto eles nos porque julgamos ser isto falta de protegem e assistem, há caridade. necessidade de que nos Quem vê e assiste a outros compenetremos no fato dessa companheiros errarem sem um proteção e assistência só vir, alerta sequer, não pratica a chegar, se formos humildes e caridade. Não é, outrossim, desinteressados. coleguismo, demonstração de E continua o alerta em amizade, humildade. É muito mais destaque... “e que repudiam a todo caridoso apontar – aquele que busca na com carinho, é lógico “Lembra-te de que os senda do Céu um – a um irmão que ele degrau para conBons Espíritos só vai cometer um quistar as coisas da dispensam assistência engano, que está Terra; que se afastam aos que servem a Deus sendo induzido ao do orgulhoso e do com humildade e erro, do que calar, ambicioso. O orgulho desinteresse...” para não o magoar, e a ambição serão deixando que ele sempre uma barreira “O Livro dos Espíritos” enfrente uma sierguida entre o Prolegômenos – FEB 30.ª ed., pág. 47. tuação ridícula mais homem e Deus. São tarde. um véu lançado Temos assistido a várias sobre as claridades celestes, e reuniões – e não falamos no campo Deus não pode servir-se do cego religioso – em vários setores de para fazer perceptível a luz”. atividades, desde as mais simples Se, graças a Deus, já somos até as mais complexas, onde um tanto quanto desinteressados, dirigentes compenetrados de suas parece-nos, salvo melhor juízo, responsabilidades esquecem o que humildade é matéria que está alerta supra. escasseando. Extraído da Revista O ESPÍRITA de 1983. 6

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Allan Kardec 3/outubro/1804 a 31/março/1869

“Ismael tem o seu Templo, e sobre ele a sua bandeira - Deus , Cristo e Caridade! Ismael tem a sua pequenina tenda, onde procura reunir todos os seus irmãos - todos aqueles que ouviram a sua palavra e a aceitaram por verdadeira: chama-se Fraternidade! Pergunto-vos: Pertenceis à Fraternidade? Trabalhais para o levantamento desse Templo cujo lema é: Deus , Cristo e Caridade?”

Do livro “A Prece segundo o Evangelho”, FEB, 1944. Trecho extraído das “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil”. jul/dez - 2006

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Publicado na revista “Gestão & Negócios” em junho de 2006 Como é liderar no dia-a-dia? Enfim, em dias tão atribulados nos negócios, como falar de uma liderança servidora, de amor? Será isso possível? Afinal, se muitos agem assim, por que não tornar isso público para incentivar aqueles que muitas vezes querem se expressar dessa forma, porém, acham que nada disso combina com negócios e aí se intimidam. “Somente quem sabe sacrificar-se, por Cheguei em um líder nato, um amor, encontra a incorruptível segurança.” filho de Deus orgulhoso de ser um Antônio Ermírio de Moraes humano e que aplica seus ensinamentos diariamente e com uma força de dar inveja a qualquer mortal, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim. Um cidadão brasileiro com 77 anos, dono de uma das maiores fortunas do país. Tudo o que quis saber dele sobre liderança, Jesus Cristo, amor nos negócios e na vida foi resumido em um artigo (segue abaixo) que ele mesmo escreveu e discursou quando foi homenageado pela Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no final do ano passado. Há muita gente que se julga forte... Nos recursos financeiros, que surgem e fogem. Na posse de terras, que se transferem de dono. Na beleza física, que brilha e passa. Nos parentes importantes, que se transformam. Na cultura da inteligência que, muitas vezes, se engana. Na popularidade, que conduz à desilusão. No poder político, que o tempo desfaz. No oásis de felicidade exclusivista, que a tempestade destrói. Somente quem sabe sacrificar-se, por amor, encontra a incorruptível segurança. Cobrirás com medalhas honoríficas o teu peito, aumentando a série de admiradores que te aplaudem. Mas se a luz da reta consciência, não te banhar o coração, assemelhar-teás a um cofre de trevas, enfeitado por fora, e vazio por dentro. Crescerás horizontalmente, conquistarás poder e fama, reverenciar-te-ão a presença física na Terra, mas se não trouxeres contigo os valores do bem, ombrearás com os infelizes, em marcha imprevidente, para as ruínas do desencanto. Assim será “todo aquele que ajunta tesouros para si, sem ser rico para com Deus”. 8

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Vianna de Carvalho responde ATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITA Médium: Divaldo Pereira Franco

Economia Pergunta: Tendo em vista a utilização de menos mão-de-obra pela indústria, não será necessária a inversão do fluxo migratório campo-cidade já no próximo século?

Resposta: O problema não reside na questão da mão-de-obra útil ou desnecessária para mudar a paisagem do fluxo migratório do homem do campo para a cidade, mas de uma política justa e digna de sua fixação à terra. Enquanto os governos dos países tecnologicamente desenvolvidos ou não, não trabalharem leis dignas e providenciarem recursos para facultar a permanência do homem no solo a cultivar, a ilusão da cidade sempre o chamará, apresentando-lhe falsas perspectivas de uma vida melhor, em razão das facilidades, que parecem existir nos meios urbanos, enquanto que, na área onde vive, com a desolação, a fome, a sede, as pragas, o esquecimento das autoridades, a sua é a morte certa e sem piedade... A questão, portanto, é mais grave, porque dependerá da lucidez e da responsabilidade dos governos, que se devem voltar para uma análise séria e profunda dos problemas agrários, que estão exigindo soluções urgentes antes que sucedam calamidades imprevisíveis. jul/dez - 2006

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As propostas espíritas em face da violência social A violência de todos os matizes deslustra as conquistas sociológicas deste século. Irrompe-se em todos os níveis da sociedade, manifestando-se em múltiplas intensidades. A brutalidade humana tem esmaecido o caminho para Deus. Lemos um jornal, uma revista, assistimos a televisão e a violência é insistentemente veiculada, seja pelos noticiários, pelos documentários; seja pelos filmes, pelos programas de auditório cada vez mais obscuros de valores éticos. Assimilamos subliminarmente as informações e no quotidiano reagimos violentamente, muitas vezes, perante os reveses da vida ou perante as contrariedades. Ao invés de agirmos de forma pacífica e fraterna, somos como que andróides, reagindo sempre de acordo com o que motivou a nossa reação. Somos autômatos sem nos apercebermos. Desde há dois mil anos que Jesus de Nazaré trouxe à humanidade um código de conduta que traria ao homem a felicidade. Essa diretriz que Jesus deixou na Terra é a garantia da paz, da felicidade, do bem-estar social. Contudo o homem perdeu-se no meio das suas lutas, do egoísmo, do orgulho, da violência, ignorou tal diretriz e hoje confronta-se consigo próprio, numa mistura explosiva de intranqüilidade interior e gargalhadas descontroladas. Jamais o homem conquistou tantas coisas na ciência como nos dias atuais, porém, nunca caminhou tão vagarosamente em busca de sua espiritualização. São as contradições da vida contemporânea. O Espiritismo, demonstrando a imortalidade da alma, através dos fatos mediúnicos, aponta que existe uma lógica para a vida, e que cada um colhe dela aquilo que semeia e/ou semeou outrora, dentro da lei de ação e reação, onde cada ato, positivo ou negativo, irá repercutir-se invariavelmente em nós, trazendo-nos paz ou tormento interior. Claro que quem estuda 10

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Jorge Hessen - DF

o Espiritismo e pratica seus preceitos vê-se melhor instrumentalizado para a vida em sociedade encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão evangélica da mesma. Os postulados espíritas são antídotos para a violência, posto que quem os conhece sabe que não poderá se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o seu futuro será uma decorrência do presente. Aquele que conhece o Espiritismo sabe ainda mais que terá de se modificar moralmente, se quiser ter mais harmonia íntima. O Espiritismo, no seu aspecto tríplice resgata as verdades que Jesus ensinou, clareando o raciocínio, interpretando-as com mais lógica e atualidade dentro dos enfoques da pluralidade das existências que, cada vez mais, vai sendo uma realidade nos centros de pesquisas desatrelados dos dogmas religiosos em torno do estudo da personalidade humana. Precisamos cultivar a compaixão, a generosidade que se conjugam na atitude de olvidarmo-nos espontaneamente em favor do próximo. Aprendermos a orar e meditar, porque quem não tem o hábito de introjetar o pensamento pela meditação não conhece a si mesmo e, nesse exercício, teremos autoridade para soltar as estóicas vozes inarticuladas emitidas por quem sente alegria espiritual como o fez Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas o Cristo vive em mim...” Torna-se imprescindível praticarmos o Evangelho nos vários setores do campo social, contribuindo com uma parcela de mansidão para pacificá-los, até porque, todos desencarnaremos um dia, mas a forma de comportarmos dentro do limite berço-túmulo é da nossa livre opção e haveremos de alcançar a iluminação íntima com o ato de desejar, movidos pela fé raciocinada, consoante propõe O CONSOLADOR.


Amigos

Presença de Emmanuel/Chico Xavier De quando a quando, aqui e além, por vezes, aparece determinado obreiro do bem que se acredita capaz de agir sozinho, no entanto, a breve tempo, reconhece a própria ilusão. O Criador articulou a vida de tal modo, que ninguém constrói sem a cooperação de alguém. Na Terra, há quem diga que amigo é alguém que nos procura unicamente nas horas de alegria e prosperidade, de vez que comumente se afasta quando o frio da adversidade aparece. Desenho estilizado do rosto de Chico Temos nisso, porém, outra inverdade, porquanto o amigo, ainda mesmo cercado de obstáculos, compreende os companheiros que se distanciam dele, transitoriamente, entendendo que circunstâncias imperiosas os compelem a isso. Na condição de espíritos ainda imperfeitos, é certo que, em muitas ocasiões, não nos achamos afinados uns com os outros, especialmente, no plano físico, nos momentos em que as nossas queixas recíprocas revelam-nos os pontos deficientes. E se soubermos reconhecer que todos temos provas a superar e imperfeições a extinguir, não experimentaremos dificuldades maiores para exercer a solidariedade e praticar a tolerância, melhorando o nosso padrão de serviço e comportamento. Se instalados na compreensão mais ampla, observamos que a amizade apenas sobrevive no clima da caridade que se define por prática do amor, de uns para com os outros. Na posição de amigos, entendemos espontaneamente os nossos companheiros, oferecendo-lhes o apoio fraterno que se nos faça possível, mesmo quando estejamos separados, porquanto estaremos convencidos de que possivelmente, surgirá o dia em que necessitaremos que eles nos amparem com o mesmo auxílio. Aprendamos a valorizar os nossos colaboradores para que não nos falte o concurso deles no momento certo. Amigos são alavancas de sustentação. Saibamos adquirir cooperadores e conservá-los, lembrando-nos de que o próprio Jesus escolheu doze irmãos de ideal para basear a campanha do Cristianismo no mundo. Foi Ele mesmo, o Mestre e Senhor, que, certa feita, lhes falou de modo convincente: “Em verdade, não sois meus servos, porque vos tenho a todos por amigos do coração”. jul/dez - 2006

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Conselho Editorial Verificação de conhecimentos doutrinários

Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta e confira o resultado na página 22: 1. O famoso professor de Allan Kardec, em Iverdum, na Suíça, foi: Jean Jacques Rousseau Voltaire Augusto Comte Jean Henri Pestalozzi 2. A tiptologia é a mediunidade que permite a comunicação espiritual por meio: dos sinais

da escrita

da intuição

das pancadas

3. No tempo de Jesus, aqueles que se incumbiam da cobrança dos impostos, eram conhecidos como: Publicanos

Fariseus

Portageiros

Saduceus

4. O primeiro grande mártir do Cristianismo foi: Estêvão Inácio de Antioquia Paulo de Tarso Pedro 5. A estrada de Damasco, onde se deu a conversão de Paulo, ligava a cidade de Jerusalém à: Assíria

Síria

Cesaréia

Cilícia

Terror

Fim do mundo

Revelação

6. Apocalipse significa: Destruição 12

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7. Em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, Humberto de Campos cita os nomes de quatro grandes colaboradores de Kardec, que foram: João B. Roustaing, Léon Denis, Camille Flammarion e Gabriel Delanne. Léon Denis, Gabriel Delanne, Fortier e Didier. Léon Denis, Camille Flammarion, Gabriel Delanne e Didier. João B. Roustaing, Léon Denis, Gabriel Delanne e Fortier. 8. A “metempsicose” significa: Reencarnação Reencarnação de animal Reencarnação de animal em corpo humano Reencarnação de espírito humano em animal 9. Dos quatro evangelistas, dois não conheceram pessoalmente Jesus. Quais? Marcos e Mateus Mateus e João Lucas e Marcos Lucas e Mateus 10. O pseudônimo “Max” foi usado por: Eurípedes Barsanulfo Bezerra de Menezes Elias da Silva Bittencourt Sampaio 11. Paulo e quatro apóstolos escreveram epístolas que constam do Novo Testamento. Foram eles: Tiago, Pedro, João e Judas. Pedro, João, Judas e Felipe. Tiago, Pedro, João e Marcos. Tiago, João, Marcos e Mateus. 12. Festa solene com a qual os hebreus comemoravam sua saída do Egito em direção à “terra prometida”: Êxodo

Desterro

Pães ázimos

Páscoa jul/dez - 2006

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Época de

REFLEXÃO Passados 150 anos do lançamento de “O Livro dos Espíritos”, é justo que perguntemos à própria consciência: Quais os nossos reais propósitos na atividade espírita? Que espécie de motivação interior impulsiona nossos atos? Estamos servindo ao Senhor ou nos servindo Dele para a expansão do nosso orgulho? Como base para a nossa reflexão, O ESPÍRITA sugere a leitura do texto abaixo, contido em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XX, “Os trabalhadores da última hora”, com suas graves advertências:

Os obreiros do Senhor Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: “Graça! graça!” O Senhor, porém, lhes dirá: “Como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra.” Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.) 14

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Frases que merecem MEDITAÇÃO

(Extraídas da obra “Libertação”, de autoria de André Luiz e psicografia de Chico Xavier.) “O mal é desperdício do tempo ou o emprego da energia em sentido contrário aos propósitos do Senhor. O sofrimento é a reparação ou ensinamento renovador.” “O serviço do reino celeste não depende de compromissos exteriores, mas do individualismo afeiçoado à boa vontade e ao espírito de renúncia em benefício dos semelhantes.” “O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a eletricidade, com a diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda, no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da primeira, que nos preside a todos os atos da vida.” “Para a sabedoria divina, tão infortunado é o pastor que perdeu o rebanho, quanto a ovelha que perdeu o pastor. A desistência de ajudar é tão escura quanto o relaxamento de extraviar-se.” “Qualidades morais e virtudes excelsas não são meras fórmulas verbalistas. São forças vivas. Sem a posse delas, é impraticável ascensão do espírito humano.”

“Expressando-nos coletivamente, sabemos hoje que o espírito humano lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos... Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil.” “O homem que ajunta letras e livros, teorias e valores científicos, sem distribuí-los a benefício dos outros, é irmão infortunado daquele que amontoa moedas e apólices, títulos e objetos preciosos, sem ajudar a ninguém.” “Somente o amor sentido, crido e vivido por nós provocará a eclosão dos raios de amor em nossos semelhantes.” “Não fujas ao óbice valioso na corrida de aperfeiçoamento, nem sorvas o mentiroso elixir da ilusão, apaixonadamente usado por todos os que se deixaram vencer pelas tentações do desânimo, incapazes de aceitar o desafio que o mundo lhes endereça.” “O egoísmo conseguirá criar um oásis, mas nunca edificará um continente.” jul/dez - 2006

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FILOSOFIA do mundo

Estátua: O Pensador, de Auguste Rodin

A filosofia mundana sempre é rica de sabedoria e muito fértil na composição das imagens, facilitando a aceitação e a memorização de ensinamentos como se observa nos ditos abaixo: Não diga tudo o que sabes, não faça tudo o que podes, não acredite em tudo o que ouves, não gaste tudo o que tens. Porque, quem diz o que sabe, faz o que pode, acredita no que ouve, gasta o que tem. Muitas vezes, diz o que não conhece, faz o que não deve, julga o que não vê, gasta o que não pode.

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Tribuna LIVRE Pergunta: Ultimamente, revistas do porte da ÉPOCA, ISTOÉ, VEJA, entre outros veículos de comunicação, têm feito abordagens bastante positivas sobre o Espiritismo. Isso pode levar a uma adesão em massa e prejudicar a qualidade do movimento espírita?

Resposta: Não cremos em adesão em massa, mas na geração de muita simpatia em relação a nossa Doutrina, transformando-a, como mostram as pesquisas, numa segunda opção de crença, embora não haja dúvida quanto ao crescimento quantitativo de adeptos da nossa fé. Aquilo que chamamos de prejuízo da qualidade, verifica-se desde os primórdios da causa. Allan Kardec, o enviado do céu para erguer o monumental edifício da fé raciocinada, já se referia, desgostoso, aos maus espíritas igrejeiros e preguiçosos mentais que não entendiam o sentido mais profundo da mensagem cujas preocupações maiores estavam no proselitismo e nos cultos formais, esquecidos da reforma íntima, objetivo maior do Espiritismo. O proselitismo, coadjuvado pelo orgulho pessoal de alguns, gera

O ESPÍRITA responde margens perigosas para os desvios de todos os gêneros. A advertência de Erasto, um dos protetores de Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, cap. XX, que nos afirma que é “melhor repelir 10 verdades a ter que admitir uma única falsidade entre elas ou uma teoria errônea” está quase que esquecida por parcela expressiva de nossa comunidade. Os petitórios de recursos, as concessões para o recebimento de verbas oficiais, as cobranças de taxas, a enxurrada de livros ditos psicografados, estão gerando um nível alarmante de desconfianças. Foi por essa razão que a revista ISTOÉ, de 26/7/2006, página 53, trouxe o impressionante alerta do jornalista e biógrafo de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, quando diz que: “As dúvidas começam quando a atividade vira uma caixa registradora. Não é o caso do Chico Xavier, que psicografou 412 livros, vendeu mais de 20 milhões de exemplares e reverteu tudo para instituições de caridade”. Costumamos dizer que a “fé tem que ter o tamanho do bolso” e que as promoções doutrinárias devem ser custeadas pela instituição, pelos sócios e diretores. Com o dinheiro alheio tudo é mais fácil, mas onde está o espírito de sacrifício, pelo muito que devemos à Doutrina? jul/dez - 2006

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150 Anos Libertando Consciências “O Livro dos Espíritos”

Lançamento da primeira edição: 18 de abril de 1857, com 501 perguntas e respostas, em 3 livros, na cidade de Paris, França. Lançamento da segunda edição: 18 de março de 1860, com 1.019 perguntas e respostas, em 1 livro, passando a ser a versão definitiva, produzida pela editora DIDIER ET Cie. Libraires – Éditeurs Equipe de benfeitores: O Espírito de Verdade e os espíritos elevados que responderam às 1.019 questões são: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg entre outros (fotos abaixo da esquerda para a direita). Divisão da obra: 4 partes – “Causas primárias”, “Do mundo espírita ou dos espíritos”, “Das leis morais” e “Das esperanças e consolações”. Temas principais abordados: Deus, vida eterna, existência do mundo espiritual, comunicação com os desencarnados, evolução anímica ou da alma, reencarnação, justiça divina, lei de ação e reação (carma), temor da morte, suicídio, penas e gozos futuros. A Cepa: “Emblema do trabalho do criador” ou símbolo da criação, colocada nos “prolegômenos”. A cepa é o corpo físico, o espírito é o licor e a alma é o bago. Edição – FEB – Federação Espírita Brasileira: Traduzida para o português pelo Dr. Guillon Ribeiro, engenheiro civil, poliglota e vernaculista. Foi diretor geral do Senado Federal. Exerceu a presidência da FEB de 1920 a 1921 e, depois, de 1930 a 1943. Aos 28 anos de idade recebeu, em 1903, elogio público de Ruy Barbosa, pela competência demonstrada na revisão do Projeto do Código Civil.

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Sempre é bom lembrar: Não olvides que na seara abençoada do Senhor Jesus, os liames da compreensão devem nortear os passos e as atitudes de líderes e liderados na formação de uma consciência coletiva, conforme nos exalta o magnânimo cenário da natureza, onde o Sol, fonte incessante de vida e calor, muita vez cede lugar à nuvem frágil que irriga o solo, fertilizando-o, onde o grão minúsculo trasmutarse-á no alimento que sustenta o corpo.

Em 3 anos, Pedro negou Jesus 3 vezes. Nós o negamos quase todos os dias.

É preciso amor e vigilância no trato com o Espiritismo, para que ele não se perca nas tentativas inglórias das mentes obsidiadas pela vaidade.

Quando a farpa da mágoa ferir-te, busca no amor o lenitivo adequado, comportando-te à maneira do solo em que pisamos, que recebe em silêncio os golpes ferintes do instrumento cortante, e acolhe paternalmente em seu seio a semente, transformando-a no pão de cada dia.

William Drummond, poeta inglês do século XVII, escreveu: “Quem não QUER raciocinar é um FANÁTICO, Quem não SABE raciocinar é um TOLO, Quem não OUSA raciocinar é um ESCRAVO!” jul/dez - 2006

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Curiosidades

doutrinárias

Imagem do espírito Emmanuel Bezerra de Menezes desencarnou em 11 de abril de 1900. No dia seguinte, 12, deu-se o enterro do corpo, às 2 horas da tarde. À noite, às 7 horas, Bezerra de Menezes, acompanhado de seu protetor espiritual, Santo Agostinho, e de Celina, representante de Maria, a mãe de Jesus, e mais uma multidão de entidades luminosas, comunica-se no grupo Ismael, da FEB, e, entre outras coisas afirma: “Meus caros companheiros, meus amigos, é demais a recompensa”. Bittencourt Sampaio, amigo inseparável de Bezerra de Menezes e poeta consagrado, compôs o Hino Acadêmico da Faculdade de Direito de São Paulo. Teve como parceiro o maior de todos os maestros brasileiros, Carlos Gomes, que musicou a letra. Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco e Bittencourt Sampaio foram colegas de Bezerra no Parlamento Nacional. Bittencourt Sampaio foi dos mais expressivos divulgadores da Doutrina Espírita, nos 20

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duros períodos de perseguição política e religiosa. Todos sabemos que Emmanuel, protetor de Chico Xavier, foi o padre Manuel da Nóbrega, que chefiou a primeira missão dos jesuítas no Brasil, aqui chegando em 1549. Com o padre José de Anchieta pacificou os tamoios e escreveu diversas obras. Morreu de tuberculose no Rio de Janeiro em 1570, com apenas 53 anos de idade. Recebeu de seus contemporâneos os títulos de “homem santo”, “procurador dos pobres”, “pai dos necessitados”. Afrânio Peixoto, renomado escritor brasileiro o chamou de “o primeiro santo do Brasil”. Allan Kardec, em sua famosa viagem de 1862, contada em livro, diz ter recebido 3 beijos de Judas (Revista Espírita, março de 1863) referindo-se aos maus espíritas. O título do artigo é “Falsos irmãos e amigos ineptos”. O Codificador identifica as vertentes dessas personalidades: - Não são prudentes nem moderados. - Estimulam a divulgação de temas excêntricos. - Aceitam e divulgam mensagens apócrifas ou mentirosas. - Outros, adocicados e hipócritas, com olhar oblíquo e palavras melosas sopram a discórdia enquanto pregam a união. -Usam questões irritantes ou ferinas para provocarem dissidências. -Excitam a inveja.


Notícia comentada Anorexia nervosa “Anorexia não é uma doença moderna: antes era espiritual, hoje é estética”, diz a psicanalista Cybelle Weinberg, autora do livro “Do altar às passarelas - Da anorexia santa à anorexia nervosa”. Não é de hoje que moças de todo o mundo trancam a boca e jogam a chave bem longe, determinadas a, simplesmente, deixar de comer. Chamada hoje de anorexia nervosa, a doença, sem nominação no passado, acometeu santas e religiosas fervorosas bem antes de ficar famosa como o mal das modelos. Essa foi a conclusão a qual chegou. A obra traz a pesquisa da tese de mestrado da especialista em parceria com o psiquiatra Táki Athanássios, coordenador do Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas). A literatura investigada pela psicanalista mostra que santas e outras religiosas passavam praticamente a vida sem comer. Isso, lá pelos séculos XIV a XVII, significava morrer por volta dos 30 anos. “Elas comiam migalhas e chás de ervas amargas”, conta a psicanalista. Segundo Weinberg, em comum com as meninas doentes de hoje elas têm a personalidade. “São normalmente boas filhas, meigas, dóceis, com dificuldade em expor a agressividade, a raiva. Elas têm uma grande dificuldade de entrar na adolescência. É como se fosse (o ato de não comer e ir ‘diminuindo’ com o emagrecimento) uma regressão”, diz. Entre as “anoréxicas históricas” Weinberg destaca duas. No século VIII, a santa portuguesa Wilgefortis parou de comer porque não queria casar. “Era comum as meninas ficarem anoréxicas para evitar casamentos arranjados”, diz. Conforme a doença foi ficando mais grave, as unhas quebraram, o cabelo caiu e uma penugem foi crescendo no rosto e no corpo de Wilgefortis. “Isso pode acontecer em casos graves da doença”, lembra Weinberg. O fato é que, por conta da penugem, Wilgefortis ficou conhecida como a “santa barbada”. Morreu crucificada pelo pai e, embora nunca tenha sido canonizada, há inúmeras imagens dela pela Espanha e Portugal, que a conhecem por atender um pedido bem particular: desfazer casamentos indesejados. Mais famosa e com várias seguidoras foi a santa Catarina de Siena, no século XIV. Aos sete anos, na Itália, ela resolveu dedicar a existência, a virgindade e o apetite à Virgem Maria. E parou de comer. Comum na sociedade de muitos séculos anteriores, a anorexia entrou para os registros médicos, pela primeira jul/dez - 2006

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Notícia comentada (continuação) vez, no final do século XVII, em 1690. Foi o médico inglês Richard Morton o primeiro a classificar a doença que acometeu uma jovem de 18 anos cujo ciclo menstrual chegou a ser interrompido pela desnutrição, de anorexia. Na época, o médico ficou impressionado com a aparência cadavérica da garota que se recusava a comer. Tão determinadas a não deixar passar uma refeição completa pela boca quanto as anoréxicas contemporâneas, as de antigamente se diferem das atuais apenas pelo objetivo. “A divisão entre corpo e espírito era a motivação. A idéia era desvalorizar a carne em sinal de uma elevação espiritual”, afirma a psicanalista Carolina Vasone - UOL notícias. O tema volta à evidência em razão da morte recente de uma modelo paulista. A profissão impõe, cruelmente, às profissionais da moda e propaganda paradigmas de peso e medidas corpóreas que contrariam a natureza, e muitas, se não chegam aos problemas graves nos limites da desencarnação, criam outros distúrbios de saúde com severos reflexos no programa encarnacional pela forma como cuidam do próprio corpo. O “Evangelho segundo o Espiritismo” exorta a todos “Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender às necessidades que a própria natureza indica, é desatender à lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa”. (Capítulo XVII, item 11 - Cuidar do corpo e do espírito).

Respostas

Verificação de conhecimentos doutrinários páginas 12 e 13

Q.1 - Jean Henri Pestalozzi Q.2 - das pancadas Q.3 - Publicanos Q.4 - Estêvão Q.5 - Síria Q.6 - Revelação Q.7 - João B. Roustaing, Léon Denis, Camille Flammarion e Gabriel Delanne Q.8 - Reencarnação de espírito humano em animal Q.9 - Lucas e Marcos Q.10 - Bezerra de Menezes Q. 11 - Tiago, Pedro, João e Judas Q. 12 - Páscoa 22

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Carta ao atual e futuro

ASSINANTE MANTENEDOR Querido(a) irmão(ã), A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais deixou de circular em seus 28 anos de existência. Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide do Cristo. Cabe colocar, que grande número de casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, está recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 10,00 (dez reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear as edições da revista, as postagens dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita a instituições espíritas. Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados. Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.

Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita. Preencha o formulário no verso. jul/dez - 2006

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