ANO 1, EDIÇÃO 3, SETEMBRO DE 2016
PROJETO
ILUMINAR ONDE HÁ PREVENÇÃO NÃO ENTRAM DROGAS
O
O “não” é prova de amor
processo de educação dos filhos sempre foi algo difícil, mas com as mudanças do mundo nas últimas décadas, a forma de criá-los ficou ainda muito mais desafiadora do que era antigamente. Nos dias atuais, cuidar dos filhos tornou-se uma atividade cansativa, preocupante e cara, pois não basta apenas dar amor e atenção, visto que outros elementos também são bastante importantes nesse processo.
“É necessário que os pais entendam que falar ‘não’ e negar alguns pedidos dos seus filhos colabora para melhorar a educação deles” A cobrança dos filhos em cima dos pais está cada dia maior e mais agressiva. Por isso, acaba sendo natural que os eduquemos nas melhores escolas, os matriculemos nos melhores cursos, dando para eles as melhores oportunidades, tudo para poder agradá-los e dar a cada um deles uma chance maior de atingir o sucesso. Mesmo assim, uma grande parcela da nossa juventude ainda acha que tudo isso é pouco e sempre quer um pouco mais do que podemos oferecer. Essa situação acaba nos fazendo reféns do próprio estilo de criação que implantamos em nossas casas. Em muitos lares, o filho acaba tendo um papel de muito destaque na lista de prioridades dos pais. Isso pode não ser muito saudável.
Muitos pais entendem que amar é fazer a vontade dos filhos, atendendo-lhes os desejos e poupando-os das dificuldades da vida. Nós os amamos tanto, que a simples possibilidade de vê-los em sofrimentos ou agruras nos apavora e, com isso, saímos desesperados, tentando protegê-los de qualquer ameaça maior, o que os torna despreparados para enfrentar os verdadeiros desafios da vida. Muitas vezes, o nosso amor é tão grande que temos medo de perdê-lo, por isso, há o receio de falar, algumas vezes, um sonoro “não”. Muitos pais acreditam que com essas recusas, os nossos filhos se sentirão menos amados e vão desejar ir embora de nossas casas, então, com medo de que isso aconteça, nos desdobramos para atender suas vontades, custe o que custar.
“Dizer ‘não’ requer paciência e tempo, coisa que muitos pais não têm” É mais fácil atender aos desejos dos filhos dizendo um “sim”, do que lhes impormos um “não”. Se dizemos “sim”, alguns até dizem “valeu pai...” ou “legal mãe...”, mas, ao dizer um “não”, certamente virá aquela velha pergunta: por que não? E esse questionamento acaba sendo fatal para muitos pais, que não conseguem explicar com clareza porque estão negando o pe-
O poder de ter controle de nossos filhos
O
s jovens são insistentes por natureza e vão ficar questionado os pais, tentando vencê-los pelo cansaço. Muito pais não aguentam a pressão dos filhos e acabam cedendo, transformando o “não” em um “sim”, sinal de rendição, sinal de que os filhos são quem mandam naquela casa e sinal de que os pais não possuem controle sobre os seus filhos. Quando dizemos o “sim” para situações que o nosso coração de mãe ou pai fica apertado, estamos, na verdade, com medo do conflito. Com isso, começamos a aceitar pedidos que, com o tempo, irão evoluir e poderão ter consequências desastrosas na vida da nossa família. Se, por exemplo, uma filha de 15 anos chega e diz que vai dormir na casa do namorado, e os pais enxergam nesse fato algum perigo, têm todo o direito
de dizer um “não”. A filha pode até reclamar, chorar, xingar, dizer que vai te odiar, que quer ir embora daquela casa, mas, com o tempo, perceberá que o “não” dos pais era uma prova de amor, prova de cuidado. Imagine o contrário: a filha pede para ir dormir na casa do namorado e a mãe diz “sim”, e ainda complementa que ela já é grande e sabe o que quer da vida. A imagem que passamos é que a família não está “nem aí” para ela. Ela que faça tudo, experimente tudo e que tome cuidado para não fazer nada que venha a se arrepender depois. Quando dizemos que o “não” é uma prova de amor, estamos querendo dizer que precisamos parar de atender aos desejos dos filhos no modo automático, pois é assim que as drogas entram na vida de nossos adolescentes.
É essa liberdade exagerada que damos para os nossos filhos, que faz com que eles tenham o primeiro contato com substâncias ilícitas que podem trazer prejuízos irreparáveis ao longo do tempo. Assim, cabe deixar bem claro para os nossos filhos que enquanto eles forem menores de idade e morarem sob nosso teto, têm o dever de acatar as regras da família. Os pais trabalharam muito para comprar aquela casa, ou são eles que pagam o aluguel, pagam as contas de água, eletricidade, pagam o supermercado e arcam com inúmeros outros gastos, logo têm todo o direito de colocar as suas regras. Os pais têm direito a ter uma noite de sono tranquila e serem poupados das loucuras de certos fi lhos ingratos e rebeldes.