Foca Livre 231

Linha de ônibus para Itaiacoca começa a circular após dois anos de solicitação popular

Foto: Karen Stinsky

POLÍTICA Passe Livre para alunos é aprovado em PG e deve funcionar após assinatura da nova licitação

P. 4

CULTURA Autor pontagrossense finalista do Prêmio Jabuti fala da importância da literatura na educação P. 13

SAÚDE Hospital Municipal Amadeu Puppi retorna atendimentos após passar um ano em inatividade

P. 7

ESPECIAL Falta de transporte, aulas aos sábados e mudança do pagamento do RU afetam acadêmicos P. 8 e 9 Foto: Loren Leuch

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Editorial

Pela primeira vez, a turma 37 de Jornalismo da UEPG entrega um Foca Livre impres­ so. Fechamos o jornal em duas semanas, o que durou mais de um mês nas outras edições.

Além disso, tivemos um inci­ dente na sala da redação da Universidade, por conta das fortes chuvas do dia 26 de ou­ tubro que danificaram equi­ pamentos do nosso trabalho.

No entanto, o teto da sala já estava quebrado desde o iní­ cio do ano, por falta de manu­ tenção do prédio, que causa infiltração toda vez que cho­ ve. Sempre que terminava uma aula, desligávamos o disjun­ tor e colocávamos uma lona sobre os computadores para proteção. Há mais de 15 anos, não é feita uma reforma do Departamento. Outros Cole­ giados também enfrentam pro­ blemas de estrutura: o curso

OPINIÃO

Foca Livre | Outubro 2023 de Letras está com aulas on­ line por conta de goteiras no local.

Esses problemas estão no ESPECIAL. O texto retrata as mudanças das linhas de ôni­ bus da Princesa dos Campos, as aulas aos sábados e a in­ serção do Pix do Restaurante Universitário. Além disso, a charge desta edição critica o Encontro Anual de Iniciação Científica e o Encontro Con­ versando sobre Extensão.

Priorizamos ouvir uma plu­ ralidade de pessoas, mas al­ gumas matérias ficam sem resposta oficial do governo.

Quando se trata da Prefeitu­ ra e das Pró­Reitorias, nos en­ caminham ao e­mail da assessoria, que limita suas respostas a notas. Em COTI­ DIANO, sinalizamos isso: 37% dos pedidos de informação à Prefeitura seguem pendentes.

Três fatores causam atra­ so na elaboração do jornal: a

demanda de produção, os pro­ blemas de infraestrutura e o difícil acesso às fontes ofici­ ais. No entanto, nós, como es­ tudantes, fazemos uma mea­culpa pelos atrasos: es­ tamos no processo de apren­ dizado e na adaptação para entregar o melhor produto.

Dedicatória: Durante a produção da edição 231 do Foca Livre, recebemos a triste notícia do

falecimento de Osni Ferrei­ ra, pai de Camila Souza, es­ tudante do 3º ano do curso de Jornalismo. Osni tinha 56 anos, e foi vítima de um acidente na BR­376, na re­ gião de Marialva, sentido Maringá, no dia 16 de outu­ bro. Nós, por trás da produ­ ção do Foca Livre, lamentamos a sua partida e prestamos condolências à sua filha Camila, família e amigos.

Crédito: Victor Schinato

Ombudswoman Por Mafer Teixeira Aqui é Mafer Teixeira, fui es­ tudante da T25 de jornal UEPG e me formei há exatos 10 anos.

Nem eu acredito. Amigos 100, 50 ou 25% jornalistas, começo falando sobre a cruel função de ombudswoman que visa ao mes­ mo tempo sugerir pontos de me­ lhoria para os estudantes, mas também dar incentivo para que sigam seus sonhos. Saibam que tudo que eu disser será neste sentido, ok?

Comecemos pelo começo, o editorial. Senti falta de um pou­ co mais de emoção, afinal este é um dos únicos espaços onde po­ demos expressar nossas impres­ sões e acredito que este deva ser o texto que dá o tom da edição,

deve ser mais do que um mero índice. Falando sobre o Especial, que matéria, meus amigos! Co­ meçando pela diagramação, cri­ ativa, com espaços de respiro bem pontuados, os elementos, o mapa.

O conteúdo foi na mesma linha, fez juz a essa parte da história de Ponta Grossa tão silenciada, tra­ zido com tanta sensibilidade. Con­ fesso que no começo me perdi nas questões mais burocráticas, mas quando de fato entramos na história dos povos quilombolas e indígenas fiquei muito interessada.

Fico animadíssima ao ver pautas tão necessárias presen­ tes no Foca Livre. Sinto que na minha época, a comunidade não era madura o suficiente para de­ bater assuntos como protagonis­ mo negro e de pessoas trans,

outras matérias incríveis. Apro­ veito para destacar alguns pon­ tos altos da edição, como a luta dos colegas jornalistas pela PEC do diploma, a discussão sobre o Canabidiol, o texto sobre o “Jor­ ge”, divertidíssimo, e a entrevista com a jornalista ex­UEPG que co­ briu a copa, emocionante.

Sugiro pensar melhor na hie­ rarquização dos textos. Vejam, o Copene Sul ganharia a primeira colocação da editoria UEPG, na minha opinião. Na editoria Coti­ diano creio que os cursinhos pré­ vestibulares ou o golfe para pcds fazem muito mais sentido ter destaque do que os novos rada­ res de PG. Como uma boa lentei­ ra (ou seria lente quenter?), amei o ensaio sobre as feiras, uma das melhores lembranças que tenho

dos sete anos que morei aí em Ponta Grossa.

Achei um máximo o QR code na capa do jornal que leva para a página do Foca Livre onde é possível acessar outras edições, porém senti falta de indicações para outras plataformas digitais do jornal. Está nas redes sociais a maior concentração de res­ postas em tempo recorde dos leitores, sendo esta a maneira mais ágil de manter um diálogo aberto com os interlocutores.

Isso ainda é algo pouco traba­ lhado no jornalismo tradicional, mas exige nossa atualização en­ quanto profissionais do merca­ do de comunicação, para atender o grande objetivo da nossa profissão: o interesse pú­ blico e do público.

EDITORES­CHEFE

DIAGRAMADORES

REPÓRTERES

“Produção e Edição de Textos

Loren Leuch, Mariana Borba e Vitória Schrederhof

Consulte a autoria de textos e ilustrações diretamente na página.

EDITORES DE IMAGEM

Diogo Laba, Gabriel Aparecido, Lívia Maria Hass, Lucas Veloso, Maria Eduarda Leme, Maria Tlumaski, Maria Vitória Carollo, Nicolle Brustolim, Radmila Baranoski e Victor Schinato

Gabriel Ribeiro, Joyce Clara e Luísa Camargo

Jornalísticos II” sob direção do Professor Muriel Amaral (MTB 6963PR).

Projeto gráfico integrado à disciplina “Design em Jornalismo” sob a orientação da Professora Fernanda Cavassana.

EDITORES DE TEXTO

Produzido, publicado e editado pela disciplina “Núcleo de Redação Integrada I” sob supervisão das Professoras Gabriela Almeida e Marizandra Rutilli (MTB 0017530/ RS).

Notícias integradas à disciplina

CHEFE DE DIAGRAMAÇÃO Eduarda Macedo

Ana Beatriz de Paiva, Annelise dos Santos, Betania Ramos da Silva, Iolanda Lima, João Victor Lemos, Karen Stinsky, Laura Urbano, Luiz Cruz, Luiz da Luz e Mel Pires

Foca Livre é o jornal­ laboratório do curso de Jornalismo da UEPG.

CONTATO Praça Santos Andrade, 01 ­ Centro, Ponta Grossa ­ PR, 84010­330 Departamento de Jornalismo Telefone: (42) 32203389

UEPG

Foca Livre | Outubro 2023

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Cotas para PCDs completam um ano na Universidade Estadual de Ponta Grossa Realidade de universitários com deficiência é diferente da inclusão visada no vestibular Crédito: Victor Schinato

Por Victor Schinato

A

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) abriu inscrições para o vestibular de 2023, completando o primeiro ciclo da política de cotas para o in­ gresso de pessoas com defi­ ciência (PCD) no ensino supe­ rior. A medida foi implementa­ da em 2022, quando cerca de 30 pessoas foram aprovadas pelas cotas. A portaria publi­ cada nos sites da UEPG afir­ ma que 5% das vagas serão reservadas para vestibulandos com deficiência.

Guilherme da Rocha, estu­ dante do curso de Medicina dentro do espectro autista, co­ menta que, por mais que os professores estejam abertos ao diálogo, todo o processo ainda é muito inicial e alguns mantêm mentalidade capacitista. “Por experiência no meu curso, tudo é muito rígido ainda. Infeliz­ mente, a maioria não está pre­ parada, mas, felizmente, a mai­ oria está tentando aprender”, relata Guilherme.

Meirielli da Luz, aluna do primeiro ano de Administra­ ção, também ingressou pela cota destinada a pessoas com deficiência. A estudante afirma que a acessibilidade na uni­ versidade poderia ser avaliada em apenas 40% do ideal de funcionalidade. Isso se deve ao

fato de que muitas vezes os professores não possuem ca­ pacitação necessária para leci­ onar de maneira inclusiva, o que torna a permanência de acadêmicos com deficiência di­ ficultosa e impede a universi­ dade de ser considerada ple­ namente acessível.

Ambos os acadêmicos rela­ tam experiências de capacitis­ mo, sejam elas advindas de pre­ conceito estrutural ou aberta­ mente discriminatórias, pratica­ das por professores ou acadê­ micos. “Na hora dos trabalhos em grupo, eu me via sendo muito deixada de lado”, conta Meirielli. Enquanto isso, Gui­ lherme afirma que o preconcei­ to vem desde o início de sua vida escolar e não chegou ao fim com o ensino superior, sendo até hoje intimidado por seus stims (movimentos repetitivos utilizados como ferramenta de

regulação sensorial), mesmo em sala de aula.

Mesmo com a presença de cotas, segundo os entrevistados, há outras medidas que precisam ser adotadas. A instituição, por exemplo, não possui estrutura acessível e que, principalmente para pessoas com deficiência motora, a experiência universi­ tária pode ser complicada pela falta de planejamento. Guilher­ memenciona que, muitas vezes, os elevadores disponibilizados para o acesso de PCD’s são utili­ zados apenas como elevadores de serviço para facilitar a carga e descarga de materiais. Outro ponto levantado é o acesso à quadra de esportes no bloco G que conta com uma porta estrei­ ta direcionada a uma escada bem inclinada.

Em relação à estrutura não­acessível, Iomara Favo­ retto, pedagoga da PRAE, re­

conhece a existência do pro­ blema. “A Proplan [Pró­Reito­ ria de Planejamento] está com a demanda que encaminha­ mos. Estamos analisando as questões referentes à acessi­ bilidade arquitetônica da uni­ versidade como um todo. Ela já encaminhou um projeto, mas é um projeto devagar, porque envolve mudanças muito radicais.”. Iomara afir­ ma também, que um levanta­ mento dos locais mais precá­ rios é feito antes do processo ser encaminhado. Quanto aos problemas docentes, levanta­ dos por Guilherme e Merielli, Iomara diz que os professores recebem instruções de busca­ rem a Prae para aconselha­ mento em casos específicos, mas que é uma questão dire­ cionada principalmente ao po­ sicionamento do colegiado de cada curso.

EAIC da UEPG reúne mais de 510 pesquisas Por Iolanda Lima A Universidade Estadual de Ponta Grossa sediou, entre os dias 24 a 26 de outubro, o 32º Encontro Anual de Iniciação Científica e o 9º Encontro Anu­ al de Iniciação Científica Júnior.

Este ano foram 800 inscritos e 514 trabalhos apresentados por estudantes. O evento teve como objetivo divulgar e inte­ grar as pesquisas de diferentes áreas do conhecimento.

Os graduandos são vincu­ lados por meio de bolsas com o Conselho Nacional de De­ senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Araucária e UEPG. Já os alunos do Encontro Júnior são de for­

ma voluntária. Segundo a UEPG, mais de 2000 pessoas, entre ouvintes, coordenadores, monitores, avaliadores e orien­ tadores, passaram pelas insta­ lações da universidade para acompanhar as apresentações.

Nelba Pisacco, professora da UEPG do departamento de Educação, foi uma das coor­ denadoras de sessão durante o evento. Para ela, as pesqui­ sas melhoraram progressiva­ mente e apresentam maior diversidade de temas. "A gen­ te viu uma participação maior nas salas, que estão cheias.

Para os orientadores e dis­ centes que viram outros te­ mas, outros alunos discutin­ do e se interessando, perce­

be­se que os eventos contri­ buíram para a percepção de novos pontos que podem co­ laborar para a pesquisa e para a evolução dos seus tra­ balhos", afirma Nelba.

Durante as apresentações, os acadêmicos têm 10 minu­ tos para apresentar seu tra­ balho, os objetivos, a metodo­ logia utilizada, o processo de pesquisa, os resultados en­ contrados e as conclusões finais. Para a estudante de licenciatura em História, Thaís Ribeiro, o tempo não é suficiente para resumir uma pesquisa construída ao lon­ go de um ano, mas ressalta a importância do evento para a comunidade acadê­

mica. “Acho que a pesquisa é ótima para nossa formação, enquanto graduanda em li­ cenciatura, é muito importan­ te que eu entenda essa ponte que existe entre ser professora e pesquisadora”, relata.

A primeira edição do evento ocorreu em 1991 na Universidade Estadual de Maringá. Anteriormente, o encontro era realizado em conjunto com as outras uni­ versidades estaduais, como a Unioeste e Unicentro. No entanto, ao longo do tempo o evento cresceu e precisou ser desmembrado. A próxi­ ma edição está programada para os dias 5, 6 e 7 de no­ vembro de 2024.

Foca Livre | Outubro 2023

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POLÍTICA

Passe livre a estudantes é aprovado em PG O projeto foi deferido em setembro e aguarda apenas promulgação da prefeita Por Vitória Schrederhof

A

Câmara de Vereadores de Ponta Grossa sancio­ nou em setembro o pro­ jeto de lei 161/23, também co­ nhecido como Passe Livre, que institui transporte público gra­ tuito a estudantes de todos os níveis de instituições públicas.

O projeto prevê a oferta de qua­ tro passagens diárias, sem ne­ cessidade de comprovação de contraturno escolar, mas exige frequência de 85% das ativida­ des regulares da instituição. Es­ tudantes de universidades e es­ colas particulares com bolsa de estudos superior a 50% da men­ salidade pagam 50% da tarifa.

A iniciativa do projeto é do Coletivo do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A proposta altera a lei 14.585/2023 nos ar­ tigos de número oito, que per­ mitia concessão de passes livres para estudantes carentes, e a de número dezoito, que deixa o

Poder Executivo responsável por custear as gratuidades previstas conforme a viabilidade financei­ ra do município. Em junho des­ te ano, o Coletivo apresentou a emenda ao projeto antigo, mas seria necessária a previsão do manuseio da disponibilização dos créditos.

“Não tinha sentido manter a legislação anterior, que é restriti­ va. Em função de que o próprio sistema novo, possibilitava que a concessão fosse efetivada, sem um acréscimo da tarifa, e havia possibilidades orçamentárias de o município cobrir despesas do Passe livre”, explica João Stefa­ niak, integrante do PSOL. Para que a lei seja promulgada, a prefeita Elizabeth Schmidt deve assinar a nova licitação do transporte público.

O movimento estudantil Di­ retório Acadêmico Livre de His­ tória, (DALHIS) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), participou das reuniões

e de atos a favor do passe livre.

“Nós fizemos cartazes em frente à Câmara Municipal, junto de outras entidades e assistimos às discussões em relação à aprovação” comenta Alexandre Kapusniak, tesoureiro provisó­ rio do DALHIS. “Já havia insa­ tisfação com a forma que a Via­ ção Campos Gerais (VCG) ad­ ministrava o transporte público” fala Kapusniak.

A estudante de enfermagem da UEPG, Gabrielly Rocha Ma­ teus, de 22 anos, utiliza o transporte público para ir à fa­ culdade e já teve dificuldade para pagar a passagem. “A ação do projeto é incrível, porque vai dar acessibilidade a todos os estudantes de uma forma justa, pois muitos alunos não têm acesso à faculdade de forma fa­ cilitada” afirma a estudante.

Foto: Vitória Schrederhof

Aprovação do projeto Passe Livre facilita mobilidade de estudantes

Animais em situação de rua são afetados pela ineficácia de políticas públicas Foto: Nicolle Brustolim

Por Diogo Laba e Nicolle Brustolim De acordo com a Secreta­ ria do Meio Ambiente, Ponta Grossa tem cerca de 40 mil animais desabrigados. A ine­ ficiência ou ausência de po­ líticas públicas ocasiona o aumento da população de animais em situação de rua.

A população de PG, ao en­ contrar um animal abando­ nado pode recorrer ao Cen­ tro de Referência para Ani­ mais de Risco (CRAR), insti­ tuição responsável pela cas­ tração e acolhimento dos ani­ mais desabrigados e também que sofrem maus tratos.

O local realiza castrações de forma gratuita, e, segundo a Secretaria do Meio Ambiente, pode abrigar até 91 animais.

Contudo, a atuação do CRAR não é suficiente para contem­ plar a quantidade de animais nas ruas, o que sobrecarrega as Organizações Não Governa­ mentais da cidade.

Anna Vitória Cuimachowicz, presidente da Associação Casa Los Lobos e Los Gatos, conta que a Prefeitura de Ponta Grossa não considera

Animais abandonados carecem de apoio do município

algumas regiões periféricas como parte do município. No entanto, nestas áreas ainda há livre circulação de ani­ mais abandonados.

A instituição gerenciada por Anna Vitória não possui fins lucrativos e oferece aju­ da para cães e gatos em situ­ ação de vulnerabilidade e maus tratos. Atualmente, a ONG abriga cerca de 50 ani­ mais, número que ultrapas­ sa a capacidade do local.

Além disso, a entidade ofere­ ce ajuda aos animais da ocu­ pação Ericson John Duarte, onde residem famílias e ani­ mais marginalizados. “Essas políticas públicas, no papel, são muito bonitas, mas como

que elas darão conta de 2.000 famílias da ocupação Ericson John Duarte, além de outras áreas que sofrem da mesma forma?’’, questio­ na Anna Vitória.

Três animais da ocupação recebem auxílio da ONG de Anna Vitória, como medica­ ções e acessórios para tratar os problemas de saúde dos bichos e garantir melhor qua­ lidade de vida. O caso mais alarmante é o do cachorro Pingo, que apresenta sinais de maus tratos e está com cino­ mose, doença viral altamente contagiosa. Essa enfermidade é transmitida pelo solo para outros cães e compromete a saúde pública.

Segundo Natana Rodri­ gues, conselheira da ONG, muitos dos animais da ocu­ pação ficam expostos a do­ enças. “Nosso trabalho con­ siste em trazer alimentação e fazer o acompanhamento de tratamento caso seja ne­ cessário. Muitos desses ani­ mais estão expostos a doen­ ças porque não possuem va­ cinas em dia”, relata a conselheira.

O Conselho Municipal de Defesa e Proteção Animal de Ponta Grossa foi criado em abril deste ano. O objetivo do órgão é facilitar o diálogo entre a Prefeitura e repre­ sentantes legais das ONG's.

“O ponto chave é controlar a população dos animais em situação de rua”, afirma Ka­ rina Medaglia, presidente do conselho. O elevado número de animais nas ruas aumen­ ta a disseminação de doen­ ças. “No momento em que é reduzida a quantidade des­ ses animais [abandonados], todos esses problemas irão reduzir junto”. Karina ainda afirma que a principal medi­ da para controlar a situação é a castração.

POLÍTICA

Foca Livre | Outubro 2023

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Apenas dois municípios dos Campos Gerais possuem sede da Defensoria Pública Em Ponta Grossa a instituição atua nas áreas de Família e Sucessões, Cível, Infância e Juventude Cível e Infracional, Criminal, Registros Públicos e Execução Penal Por Mel Pires

P

onta Grossa e Castro são os únicos municípios dos Campos Gerais que possuem comarca da Defenso­ ria Pública no Paraná (DPE­ PR). Atualmente, seis profissio­ nais atuam em Ponta Grossa; em Castro o número cai para dois. O órgão é responsável por prestar assistência jurídica gra­ tuita à população que não pode contratar os serviços de um advogado. São atendidas pes­ soas que comprovem renda in­ ferior a três salários mínimos, mulheres vítimas de violências, pessoas em situação de execu­ ção penal ou com processos criminais e cumprimento de

pena em tramitação.

Segundo a Pesquisa Nacio­ nal da Defensoria Pública, de agosto de 2023, um defensor em Ponta Grossa fica encarre­ gado por advogar para mais de 50 mil pessoas. Em sua ausên­ cia, o Estado, por meio dos ma­ gistrados, nomeia advogados dativos, que não pertencem à DPE­PR, mas atuam como de­ fensores públicos.

Bakker aponta que o núme­ ro de profissionais em relação aos mais de 350 mil habitantes de Ponta Grossa é baixo. ‘’O ideal, com certeza, seria a no­ meação de mais defensores.

Especialmente para a divisão de família e casos de conflito’’, afirma. Como forma de suprir a Foto: Mel Pires

Defensores Públicos atendem no Fórum de Ponta Grossa.

demanda da DPE­PR, desde 2015 é regulamentada a pres­ tação de serviço voluntário nas sedes do órgão. A inscrição de voluntários, para os campos como: Direito, Psicologia, Servi­ ço Social, Contabilidade, Infor­ mática, Administração e outras áreas de interesse, não depen­ de da abertura de edital pelo estado, apenas do preenchi­ mento de formulário de inscri­ ção no site da Defensoria Pública do Paraná.

A comarca de Ponta Gros­ sa, órgão do poder Legislativo, realizou três mutirões, no qual aproximadamente 200 casos foram atendidos nos eventos.

No mutirão Defensoria para Elas, com foco no público fe­ minino, os dois problemas mais recorrentes foram a re­ quisição de pensão alimentícia e divórcio. Mesmo com a efi­ ciência da iniciativa, alguns setores, como o Cível, não possuem profissionais. Para a pessoa que necessita de aten­ dimento nas Varas Cíveis e Fazenda Pública, a DPE­PR encaminha a solicitação para o Fórum da Comarca para a nomeação de defensores liga­ dos ao cadastro do Fórum. Os processos devem ser abertos na cidade sede da Comarca em que o município pertence.

Defensoria em Castro A Comarca de Castro conta com apenas dois profissionais, o que sobrecarrega o sistema.

Ao todo, a comarca da cidade atende sete áreas do direito, sendo: Cível, Criminal, Execu­ ção Penal, Família e Sucessões, Fazenda Pública, Infância e Ju­ ventude Cível e também Infra­ cional e Registros Públicos.

Além disso, a Defensoria Públi­ ca de Castro atende também casos de Carambeí.

Ordem a constituição De acordo com a Constitui­ ção de 1988, todo cidadão que comprove insuficiência finan­ ceira terá assistência do Estado.

Contudo, os moradores que re­ sidem em cidades sem Defen­ soria Pública devem ir ao fórum da cidade sede da comarca para solicitar ao magistrado a nomeação de um defensor. Val­ domiro dos Santos, procurou atendimento da Defensoria Pú­ blica de Ponta Grossa há mais de um ano. "Vim porque quero pegar minhas crianças que es­ tão no Canaã [Associação Ca­ naã de Proteção à Criança e ao Adolescente], em Guarapuava.

Há um ano dei entrada com o pedido aqui na Defensoria, e o processo segue em andamen­ to", finaliza Valdomiro.

Frente Paranaense de universidades pede revogação da LGU Por Maria Eduarda Leme No dia 2 de outubro deste ano aconteceu, na Universi­ dade Estadual de Londrina (UEL), o lançamento da Frente Paranaense pela revogação da Lei Geral das Universidades (LGU), criada pelo atual gover­ nador do Paraná, Ratinho Jú­ nior (PSD), que contou com a participação de docentes e discentes das sete universida­ des estaduais do Paraná. Os presentes lutam pela revoga­ ção, pois essa lei pode afetar cursos que têm baixa procu­ ra e que correm o risco de serem fechados por ques­ tões de demanda.

A LGU visa o financiamen­ to e a distribuição de recursos

entre as universidades para­ naenses e foi aprovada no dia 17 de dezembro de 2021. Sua aplicação afeta também os professores e diminui cada vez mais o número de contra­ tados temporários. Acadêmi­ cos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) são afetados pelos cortes e podem perder até 347 docentes, ao todo, nos próximos anos, se­ gundo a reportagem de Vini­ cius Sampaio publicada no site Periódico da UEPG. O evento enfatizou a im­ portância dos alunos e pro­ fessores das universidades prejudicadas pela LGU ao as­ sinarem o manifesto a favor da sua revogação. A professo­ ra Berenice Jordão, ex­reitora

da Universidade Estadual de Londrina (UEL) defendeu a ampliação da Frente. “Desejo que a Frente avance na cons­ trução de uma grande articu­ lação e que muito mais pessoas entendam o significa­ do do que é a Universidade Pública, gratuita, democrática e autônoma, e que venham aderir a esse movimento.”

O professor Eduardo Di Mauro ressaltou a importân­ cia de convencer as pessoas que fazem parte das universi­ dades. “Percebo que as pesso­ as estão indiferentes à LGU. Estão achando que as conse­ quências não serão tão ruins assim. Nosso trabalho será de convencimento. E nosso con­ vencimento só vai ser eficiente

a partir de trabalhos técnicos que devemos fazer, mostran­ do as consequências que vão acontecer nos próximos anos dentro das universidades”.

Indicativo de greve Para além da LGU, docen­ tes das universidades estadu­ ais se reúnem em assembleia para definir as próximas ações e a continuação ou não da greve. A reivindicação pede pela reposição salarial da categoria e também pela aprovação imediata do plano de carreira docente. A UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) convocou uma reunião de forma online e contou com a presença das outras universidades.

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Foca Livre | Outubro 2023

SAÚDE

Terapia alternativa para saúde mental dos animais ganha espaço no meio veterinário Técnicas como aromaterapia e medicamentos à base de cannabis são algumas das possibilidades Foto: Radmila Baranoski

Por Radmila Baranoski

E

um ambiente saudável para os animais.

Foca Livre: Qual a impor­ tância de cuidar da saúde mental dos animais?

Erika Zanoni: O estresse acaba causando muitas do­ enças físicas e transtornos mentais, então, se você con­ segue dar uma boa qualida­ de de vida e minimizar o es­ tresse, o animal vai ter uma saúde mental boa. As pesso­ as não sabem que os ani­ mais podem desenvolver pa­ tologias como a depressão, ansiedade, o estresse pós­ traumático entre outras.

Precisamos conscientizar as pessoas sobre isso, porque, muitas vezes, os bichos passam por essas doenças sem nenhum tipo de trata­ mento ou cuidado.

rika Zanoni Fagun­ des Cunha é médica veterinária e tem de­ voção aos animais. Ela pos­ sui um espaço amplo, onde também reside, e diz ser gratificante acordar com o som dos mais de 150 ani­ mais que moram no local, os quais não possuem condi­ ções de serem devolvidos à natureza. Há cachorros, ga­ tos, diversas espécies de aves, macacos, cavalos e ca­ bras. Erika conta a história de um dos animais que cui­ da, uma gata que foi arre­ messada por cima dos por­ tões da sua casa, desnutrida e com medo, mas agora com os devidos cuidados está forte e meiga. No local, a ve­ terinária promove tra­ tamentos de dores Conhecer as crônicas, aromaterapia e acompanhamento psicológico para o cui­ necessidades emocionais, dado da saúde mental.

O Foca Livre foi até físicas e ambientais lá para conhecer a es­ pecialização em neuro­ nos permite ciência dos animais com a médica veteri­ proporcionar mais nária. Erika explica a importância de cuidar qualidade de vida" da saúde mental dos bichos quando eles dão sinais de sofri­ FL: Quais são os sinais mento. Além disso, ela explica o tratamento da dor de alerta que os animais de­ quando estão crônica, a aromaterapia e a monstram terapia psicológica e comen­ precisando de cuidados com ta como podemos promover a saúde mental deles?

"

Saúde Mental dos animais também exige atenção

EZ: Os cães apresentam pode servir como terapia algumas alterações de com­ para os animais ressignifica­ portamento como a lambe­ rem os traumas. Mas, o dura excessiva das patas, adestramento primitivo, do eles podem emagrecer ou jeito mais antigo, pode cau­ engordar muito, deixar de sar danos psicológicos.

FL: Como funciona a aro­ comer ou ter um apetite mais caprichoso, destruir as materapia?

EZ: A aromaterapia é a coisas ou engolir substân­ cias não alimentícias. Den­ utilização de óleos essenci­ tre os sintomas mais perce­ ais para o tratamento e pre­ bidos pelos tutores está a venção de alguns problemas agressividade, quando nor­ físicos e emocionais. Nós malmente se busca ajuda montamos blends, que são psiquiátrica por conta dos misturas de óleos específi­ ataques e conflitos com ou­ cos para cada sentimento e problema pelo qual o animal tros animais.

FL: Em geral, como é está passando. Também os realizado o tratamento psico­ kits de beleza e bem estar, porque, às vezes, um banho lógico nos animais?

EZ: O tratamento é multi­ pode ser estressante para o disciplinar e pode ter o auxí­ animal, então, usamos a lio de terapeutas caninos. aromaterapia nos shampoos Normalmente, receito medi­ e no sabonete para minimi­ camentos alopáticos, fitote­ zar o estresse fazendo com rápicos ou cannabis medici­ que ele entenda como algo nal. Também uso a aroma­ bom e positivo. terapia para o bem­es­ tar e tratamento de al­ gumas doenças. Além É importante oferecer disso, pode­se realizar o manejo ambiental, uma alimentação natural e que consiste em mu­ dar o ambiente e colo­ brincadeiras que os animais car o animal em um lo­ cal mais acolhedor e confortável. E o trata­ gastem energia com exercício mento da ansiedade, pois os animais tam­ físico, produzindo bém absorvem muito do que os humanos substâncias do bem" sentem.

FL: Como podemos FL: Qual é o procedimento promover um ambiente sau­ para tratar a dor crônica nos dável e enriquecedor para o animais? bem­estar dos animais?

EZ: Muitos animais pos­ EZ: A primeira coisa é co­ nhecer bem a espécie que suem algumas doenças físi­ vai estar sob nossos cuida­ cas, principalmente orto­ dos. Além disso, existem pédicas, as quais causam técnicas de relaxamento es­ dores crônicas. Vejo tutores pecíficas para os animais, que só utilizam anti­infla­ como meditação. Outra ati­ matórios. Mas é possível o vidade importante são os uso combinado da alopatia passeios e exercícios físicos com medicamentos atuantes fora de casa. Quando os bi­ no sistema nervoso. Outra chos possuem alguns sinais alternativa é realizar o su­ de transtorno mental ou es­ porte com a cannabis medi­ tereotipia é bom iniciar tra­ cinal, uma medicação em tamento medicamentoso em alta, pois não há efeitos co­ conjunto com práticas inte­ laterais e nem dose letal.

Tratamos a dor crônica com grativas complementares.

FL: O adestramento pode a associação desses psico­ fármacos, pois atuam de interferir na saúde mental?

EZ: O adestramento posi­ forma mais efetiva no sofri­ tivo é um tipo de técnica que mento do animal.

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SAÚDE

Foca Livre | Outubro 2023

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Ambulatório do Hospital Municipal Amadeu Puppi retoma atendimentos UEPG amplia estrutura dos HUs e assume funcionamento do ambulatório do local Por Ana Beatriz de Paiva

O

Hospital Municipal Amadeu Puppi reto­ mou os atendimentos após mais de um ano fecha­ do. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), des­ de o dia 03 de setembro, as­ sumiu os atendimentos e inaugurou um novo ambula­ tório no hospital municipal.

Com a mudança, o ambula­ tório integra a assistência à saúde dos Hospitais Universi­ tários da UEPG. Os serviços no ambulató­ rio ocorrem no local onde an­ tes funcionava o Pronto So­ corro Municipal Amadeu Puppi. Nesta fase inicial, ape­ nas consultas materno­infan­ tis são realizadas no local, com a disponibilização de es­ pecialidades pediátricas, gi­ necológicas e obstétricas, além de orientações farma­ cêuticas. Antes, essas con­ sultas aconteciam em um prédio anexo ao Hospital Uni­ versitário, em Uvaranas. As próximas fases da reforma devem disponibilizar novas especialidades de atendimen­ to para a população.

Rosiane Rodrigues, é mãe

de uma paciente do HU desde novembro de 2022, quando o atendimento ainda era reali­ zado em Uvaranas. Rosiane destaca a facilidade do deslo­ camento para levar a filha às consultas. ''Achei muito boas as novas instalações. Os equi­ pamentos são novos e o espa­ ço é agradável e acolhedor.

Além disso, a nova localização é ótima, em um local central e de fácil acesso”, relata.

A triagem inicial é realizada em Unidades Básicas de Saú­ de (UBS) ou em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e, na sequência, caso necessário, encaminhado para avaliação dos profissionais especialistas do ambulatório municipal. O atendimento é exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS) e o agendamento é realizado pela Regional de Saúde. A pre­ tensão é que o ambulatório atenda 27 municípios, das re­ gionais de saúde e dos Cam­ pos Gerais.

O hospital foi fechado no começo de abril de 2022 por problemas estruturais. Em março do mesmo ano, o centro cirúrgico fechou devido a fa­ lhas na estrutura do telhado.

Na época, a Fundação Munici­

pal de Saúde (FMS) afirmou que os pacientes seriam trans­ feridos para outros hospitais do estado para dar continuida­ de aos seus tratamentos.

O local permaneceu com as portas fechadas e o anúncio de que a gestão passaria para o Hospital Universitário da UEPG (HU/UEPG) aconteceu no dia 19 de setembro de 2022. A previsão para o início dos atendimentos era março de 2023, mas com os atrasos o Hospital foi reaberto apenas no dia 3 de setembro. De acordo com a Coordenadoria de Comunicação da UEPG, o próximo investimento é a construção do Ambulatório Médico de Especialidades, que

teve início das obras em abril deste ano e tem previsão de término para o segundo se­ mestre de 2024.

Investimentos Em junho deste ano, o de­ putado Marcelo Rangel (PSD), secretário de Estado da Inova­ ção, Modernização e Transfor­ mação Digital garantiu que seriam destinados para os HUs da UEPG, um investi­ mento de três milhões de re­ ais, sendo dois para a reforma do Hospital Municipal Ama­ deu Puppi e inauguração do ambulatório. O restante será utilizado para a implantação da telemedicina nos hospitais universitários.

Foto: Ana Beatriz de Paiva

Atrasos na primeira fase da reforma adiam reabertura do hospital

Capoeira agrega em ação terapêutica entre idosos Foto: João Bobato/Foca Foto

Por Lucas Veloso A capoterapia é uma práti­ ca que alia capoeira à terapia ao usar atividades físicas e danças criadas para idosos. O destaque da ação está na mu­ sicalidade, pois lembra o fol­ clore nacional. Além disso, a capoterapia auxilia na sociali­ zação, coordenação motora e autoestima dos participantes.

Desde 2022, Edenilson Pe­ reira é o único mestre de ca­ poeira que aplica a atividade física em Ponta Grossa. As sessões de capoterapia acon­ tecem na Arena Multiuso, às segundas e quartas­feiras, das 10h às 11h, e no Centro de Convivência Raio de Sol, na Vila Cipa, às segundas­fei­ ras, a partir das 18h.

Vera de Fátima Tsuneta, de 68 anos, percebeu melhora

Capoterapia é alternativa para o bem-estar dos idosos

física e emocional após o início da atividade. “Eu cuidava de quatro idosos da minha famí­ lia, porém, após todos parti­ rem, eu estava entrando em depressão. Cheguei a ficar com os nervos do meu braço atrofiados sem nem poder le­ vantá­los. Mas depois da indi­ cação de uma amiga do bair­ ro, comecei a praticar a capo­ terapia e, hoje, me encontro com a saúde de uma pessoa

jovem e muito feliz com minha vida”, afirma Vera.

Nercinda Caetano Pinto tem 64 anos e faz capoterapia há quatro meses. A idosa rela­ ta que as sessões a ajudaram no processo de socialização.

“Eu fiz muitos amigos aqui na capoterapia. Essas danças mexem com a minha mente e me acalmam”. Além disso, se­ gundo Nercinda, a prática amenizou as dores muscula­

res que sentia.

A capoterapia veio para Ponta Grossa por iniciativa de Edenilson, chamado de Mes­ tre Dengue. Ele conta que sentiu responsabilidade de trazer essa prática para a cidade por conta da família.

“Minha avó não gostava muito de capoeira, porém ela sentia a necessidade de alguma ati­ vidade física que se encaixava com o corpo dela”, relata.

De acordo com a farma­ cêutica Lisiane Cristiane Lo­ pes, a pessoa idosa deve cui­ dar da mobilidade principal­ mente dentro de casa, onde normalmente sofrem princí­ pios de queda com consequências mais graves.

Lisiane destaca que idosos de­ vem se atentar aos objetos co­ muns, porém perigosos, como tapetes ou degraus.

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ESPECIAL

De estudante para estudante: os desafi

Fatores internos e externos contri Por Loren Leuch e Luiz Cruz

O

s alunos da Universi­ dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) relatam dificuldades para a permanência na universida­ de , visto que nem todos con­ seguem plena adaptação com algumas mudanças do cotidi­ ano.

Atualmente, fatores como a troca na forma de pa­ gamento do Restaurante Uni­ versitário (RU), o corte das li­ nhas de ônibus intermunici­ pais e também a realização de aulas aos sábados sinalizam o problema dos estudantes.

Pix no Restaurante Uni­ versitário O RU da UEPG implantou pagamento via pix para a compra dos tickets de refei­ ção desde o dia 21 de setem­ bro. Anteriormente impresso em papel, o bilhete passa agora para o formato digital .

A compra é realizada no site da Universidade e o paga­ mento acontece exclusiva­ mente via pix.

A impossibilidade de com­ pra com dinheiro em espécie gerou reclamações entre es­ tudantes. Lucas de Oliveira,

acadêmico do curso de Turis­ nião na qual veio a ordem mo, que no momento se en­ para passar a ser via pix de­ contra sem celular, apresenta vido ao rastreamento de aca­ dificuldades para almoçar no dêmicos que não seriam da RU. “Essa mudança foi de UEPG estarem utilizando o zero a cem. Antes só aceitava restaurante", relata. dinheiro e não aceitava pix, Quando abordada a ques­ agora só acei­ tão da UATI, ta pix. Se acei­ Essa mudança foi de ainda de acor­ tassem os do com Fábio, dois, ficaria zero a cem. Antes só os profissionais bem melhor”, do Núcleo de relata. aceitava dinheiro e Tecnologia da Além dos Informação jovens, os ido­ não aceitava pix, (NTI) e da Pró­ sos da Univer­ reitoria de Gra­ sidade Aberta agora só aceita pix. Se duação (Pro­ da Terceira grad) organiza­ Idade (UATI) aceitassem os dois, ram o cadastro também pos­ dos acadêmicos suem dificul­ ficaria bem melhor” idosos. Como dades com a os alunos da nova forma de pagamento. A UATI não eram considerados estudante Norma Sueli, de 65 acadêmicos regulares da anos, não se adaptou com a UEPG, houve a necessidade nova tecnologia. “Se eu achar de fazer outro tipo de identifi­ muito complicado vou pedir cação para que pudessem ter para meu filho fazer para acesso ao RU. mim”, comenta ela.

Para adquirir o ticket do Fabio Lucas Pontes, auxili­ RU, o acadêmico deve fazer ar operacional que responde login na sua conta da univer­ pelo RU, fala sobre a idealiza­ sidade pelo site ru.uepg.br e ção do pix como pagamento. pagar R$3,80 por refeição.

"A questão do pix não foi uma Além disso, o estudante deve ideia da universidade e, sim, gerar o QR­Code e usá­lo em do Tribunal de Contas. Che­ 24 horas, caso contrário, pre­ guei a participar de uma reu­ cisa gerar um novo QR­Code.

“

Foto: Gabriel Ribeiro

Alunos encontram dificuldades com o novo método de pagamento do RU

Locomoção escassa As linhas de ônibus inter­ municipais que ligam Ponta Grossa a outros municípios da região deixaram de existir ou sofreram mudanças de horários. No caso do municí­ pio de Irati, a linha que liga a cidade à Ponta Grossa sofreu alterações em junho deste ano, nas outras cidades os cortes começaram desde o fim da pandemia.

A Expresso Princesa do Campos, uma das empresas que oferecem o serviço de transporte, reduziu a quanti­ dade de horários, sobretudo aos fins de semana. A empre­ sa atende a região dos Cam­ pos Gerais e Centro­Sul do estado. As alterações afetam, em especial, o deslocamento de estudantes que são de ou­ tras cidades.

Guilherme Oconoski é de Irati e mora em Ponta Grossa para cursar Análise de Siste­ mas e, com as mudanças, re­ clama sobre a linha de ônibus que atende sua cidade natal não possuir horários viáveis para os moradores. “As linhas são escassas; só tem uma op­ ção de horário por dia e a li­ nha de domingo não existe mais, o que prejudicou a volta para Ponta Grossa quando vou pra Irati nos fins de se­ mana. Agora dependo de ca­ rona”, afirma.

A estudante Mylena Olivei­ ra, que também mora em Ira­ ti, e cursa o ensino superior em Ponta Grossa, acrescenta que, apesar da empresa pres­ tar um bom atendimento, dei­ xa a desejar na organização das linhas e horários. “Por conta do corte da linha de do­ mingo ficou difícil usar o transporte. Até acabei deixan­ do de voltar para Irati em al­ guns fins de semana por falta de ônibus aos domingos e, o horário de segunda de manhã é inviável já que o ônibus che­ ga ao meio dia”, alega.

A estudante de Educação Física, Fernanda da Silva Ma­ yer, enfrenta problemas cau­ sados pelo déficit da oferta de horários de ônibus que ligam

Foca Livre | Outubro 2023

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fios para permanecer na Universidade

ibuem para a evasão acadêmica Foto: Loren Leuch

Frota reduzida de ônibus prejudicou o deslocamento dos estudantes

Ponta Grossa a Palmeira.

“Acho que poderia ter mais disponibilidade de horários, principalmente aos domingos que só tem um, às vezes por conta de compromissos em outros horários não consigo usar o transporte e preciso arrumar outra maneira de chegar em Ponta Grossa para as aulas”, pontua.

Segundo o Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), a empresa não tem a obrigação de avisar previamente seus usuários sobre os cortes das linhas, mas aqueles que fo­ ram afetados comprando an­ tecipadamente as passagens podem pedir reembolso. As demais reclamações devem ser feitas nos canais de aten­ dimento da empresa. A repor­ tagem entrou em contato com a Expresso Princesa dos Campos para entender o mo­ tivo dos cortes, mas, até a pu­ blicação desta matéria, não obteve resposta.

mestre na disciplina de Ele­ trônica, que é anual e ficou sem docente nos primeiros meses letivos. Para se ajustar ao calendário letivo, houve du­ plicação de aulas após contra­ tação do novo professor. Con­ tudo, como o curso é noturno, as aulas foram transferidas para o sábado de manhã.

Mauricio Zadra Pacheco, coordenador do Colegiado de Engenharia de Software, ex­ plica que o sábado é conside­ rado dia letivo pela UEPG e, por isso, as aulas foram rema­ nejadas, algo que ocorre entre turmas de dependência de matérias e extensão. “Por ser um curso noturno, dentro da área das engenharias, possui carga horária muito carregada

para um período somente, sen­ por algum motivo precisasse do que não possuímos margem faltar, não perderia nota ou para alocação de horários em algo importante”.

Um caso semelhante acon­ intervalos, pois não existem na grade horária do curso", afir­ teceu no departamento de Di­ ma. O professor completa que reito da UEPG com a curricu­ a alternativa de aulas no sába­ larização da extensão. Por ou­ do ocorreu porque grande par­ tro lado, com trabalho dos re­ te dos alunos trabalham du­ presentantes de sala, as qua­ rante o dia e tornaria difícil re­ tro aulas semanais que ocor­ manejar as aulas em outro ho­ riam nos sábados de manhã foram encaixadas nas terças­ rário da semana.

Apesar de estar dentro das feiras. Izabela Piegat, aluna regras da universidade, alunos do curso, participou do pro­ ainda apresentam insatisfa­ cesso. “Nossa professora de ção, principalmente aqueles extensão sugeriu duas op­ que moram em outras cidades ções: ter um sábado no mês e visitam os pais aos fins de com quatro aulas, ou ter uma semana. “É importante parti­ aula a mais nas terças de 18h às 19h. De­ cipar das aulas no sá­ Pelo menos os trabalhos vido à gran­ de quanti­ bado, mas o lazer tam­ práticos poderiam ser nos dade de alu­ nos que vêm bém é im­ portante. dias de semana, se por de outra ci­ dade para Preciso de um tempo algum motivo precisasse estudar, o horário de para visitar aca­ meus pais, faltar, não perderia nota terça bou sendo o tenho uma mais vota­ vida fora da ou algo importante do”, afirma. universida­ de”, afirma Bruno Machado, Dessa forma as turmas de Di­ acadêmico do terceiro ano do reito conseguiram remanejar curso. Além disso, Bruno co­ as aulas de sábado.

De acordo com o professor menta que as aulas no sábado foram destinadas para traba­ Mauricio Zadra Pacheco, do lho prático. “Entendo que o curso de Engenharia, não departamento não tem culpa houve busca dos discentes pela falta de professor para a para acontecer as mudanças disciplina de Eletrônica, mas de horários, como ocorreu no depois quem acaba pagando o outro departamento. Ainda pato somos nós. Pelo menos segundo o professor, há vaga os trabalhos práticos poderi­ de representante discente no am ser nos dias de semana, se colegiado e que está vazia.

“

Foto: Iolanda Lima

Aula no fim de semana Desde o início do segundo semestre de 2023, alunos de Engenharia de Software da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sofrem com carga horária estendida.

Isso ocorre pela falta de pro­ fessor durante o primeiro se­

”

Pouca aderência de acadêmicos em aulas com horários atípicos

Foca Livre | Outubro 2023

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COTIDIANO

Cerca de 37% dos pedidos de informação à Prefeitura de PG permanecem pendentes A população pode solicitar dados aos órgãos públicos pela Lei de Acesso à Informação e, assim, obtém transparência das ações governamentais Por Joyce Clara

Créditos: Joyce Clara

A

Constituição Federal assegura o acesso à informação a qualquer pessoa. Além disso, a popula­ ção pode recorrer à Lei de Acesso à Informação (LAI), 12.527/11. Todos têm direi­ to de solicitar informações através dos Portais de Trans­ parência, sem necessidade de explicar o motivo do pedido.

O portal da prefeitura de Ponta Grossa aponta que 37,39% dos pedidos solicita­ dos à ela em 2023 permane­ cem sem respostas.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura e obteve resposta por meio de nota. “Se a informação reque­ rida estiver disponível, o órgão ou entidade deverá au­ torizar e conceder o acesso imediato à ela. Não sendo possível o acesso imediato, o órgão ou entidade terá o pra­ zo de 20 dias, mais 10 dias de prorrogação, para disponi­ bilizá­la ao requerente”. Mes­ mo assim, a resposta não mencionou sobre a porcenta­ gem pendente. Ainda, das 337 solicitações pelo e­SIC

(Sistema Eletrônico do Servi­ ço de Informações ao Cida­ dão), 211 permanecem sem resposta, sinalizado como “em trâmite” no portal. Além disso, as respostas que são dadas, muitas vezes, demo­ ram para serem disponibili­ zadas e não atendem ao que era buscado, como foi obser­ vado pela estudante Rayanne Bueno. “Obtive parcialmente as respostas que gostaria, mas a muito custo. Não foi rápido”, explica.

Já a dentista Amanda So­ istak conta que obteve as res­ postas da LAI em tempo médio, porém destaca que a ferramenta não é didática.

“Nem todo mundo sabe da existência e quando tenta usar se torna difícil de obter todas as informações”, acres­ centa. Nesse sentido, Rayan­ ne também pontua que o acesso aos Portais da Trans­ parência não é debatido em escolas e universidades. Ela ainda comenta que o Governo não incentiva o uso da LAI e que a plataforma ainda há muito para melhorar.

Para obter mais êxito nos pedidos por informação é re­ comendado que: as pergun­ tas não sejam genéricas, que os dados sejam de um perío­ do de tempo delimitado. A or­ ganização deve ser clara do

conteúdo. Não se recomeda acumular muitos pedidos em apenas um processo, abrir outro pedido se necessário.

A ferramenta também pode ser usada, por exemplo, para descobrir o gasto com alimentação, viagens, hospe­ dagens e cartões corporati­ vos de autoridades públicas.

Além disso, é possível con­ sultar o valor e periodicidade da manutenção de escolas e unidades básicas de saúde.

No Portal da Transparência também estão disponíveis para consulta o número de multas e acidentes de trânsi­ to, licitações, contratos e fun­ dos municipais.

Escola produz revista em comemoração aos 200 anos de PG Por Lucas Veloso A escola municipal Sena­ dor Flávio Carvalho Guima­ rães produziu a revista Princesina em comemoração dos 200 anos de Ponta Gros­ sa. A produção teve o tema Viajando pelas memórias da comunicação. As matérias abordam a própria escola e, além disso, apresentam uma linha do tempo com a história dos meios de comunicação. O trabalho foi apresentado no X Congresso de Educação e fez parte das festividades dos 200 anos de Ponta Grossa or­ ganizada pela Prefeitura.

“As pautas foram feitas em grupos na sala de aula, os alunos sugeriram o aniversá­ rio da nossa escola, onde co­ nhecemos nosso patrono e

apresentamos uma mostra so­ bre o que cada turma queria trazer para parabenizar o local em que estudam”, conta Daia­ ne Stauski, educadora e uma das colaboradoras do projeto.

A professora Tamires Dol­ gan ficou responsável pelo desenvolvimento dos alunos com rádio ao mesclar o uso da internet com o surgimento dos podcasts. “Trabalhar a internet com as crianças dei­ xou tudo mais claro, hoje em dia eles conhecem e mexem melhor que muitos adultos”, comenta a professora. Além disso, Tamires destaca a im­ portância dos pais ou res­ ponsáveis para mostrar os meios de comunicação mais antigos e como esses meios acompanharam a vida e o co­ tidiano das famílias.

Foto: Lucas Veloso

Revista aproximou alunos dos meios de comunicação além da internet

Os alunos Isabelly Teixeira Edimidio (7), Ana Laura Lou­ renço Ribeiro (7) e Nathan Sa­ muel Monteiro Araújo (8) foram selecionados pelas pro­ fessoras para apresentar o projeto na parte da tarde. Os estudantes ficam entusiasma­ dos em ajudar na produção da revista, principalmente com as

visitas em diversas redações jornalísticas televisivas e radio­ fônicas da cidade. Renata Gal­ vão, diretora da escola, contou com a euforia das crianças e colaboração da prefeitura para a participação no evento. A di­ retora destaca ainda que pre­ tende estender a publicação para outras edições.

Foca Livre | Outubro 2023

COTIDIANO

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Nova linha de transporte opera no Distrito de Itaiacoca A população cobrava o serviço público há quase dois anos Por Karen Stinsky

A

linha Itaiacoca passa a circular com intuito de ligar o Distrito ao município de Ponta Grossa a partir do dia 25 de setem­ bro. A linha integra os servi­ ços da Viação Campos Gerais (VCG), empresa ter­ ceirizada responsável pelo transporte público na cidade.

A partida do ônibus é no terminal de Uvaranas, e passa pelas regiões de Mato Queimado, Conceição e Bis­ caia, em Itaiacoca.

As viagens do transporte duram cerca de 1h30min, e acontecem pela manhã e tarde. A linha entre Ponta Grossa e Itaiacoca muda

conforme os dias da semana.

Além disso, o valor da passa­ gem, a quatro reais, segue o mesmo se comparado com as outras linhas da VCG. Lucineia da Silva, de 45 anos, moradora do Distrito, expõe que, apesar de a linha ter ajudado a comunidade, ainda precisa de melhorias, principalmente sobre o pon­ to de embarque e também pelo conforto físico. “Sei da necessidade de demanda, mas é muito difícil a gente chegar cedo e ficar o dia in­ teiro na cidade aguardando para pegar o ônibus às qua­ tro horas da tarde”. Ela rela­ ta que precisa arcar com custos de alimentação, pois o embarque para voltar à Foto: Karen Stinsky

A nova linha facilita a interligação entre cidade e distrito

Itaiacoca demora. “A gente não tem nada de ônibus nos fins de semana. Meu filho tem curso e trabalha aqui [em Ponta Grossa]. Sem o transporte fica complicado de ele vir”, comenta Lucineia.

Ana Margarete Lopes, presidente da Associação de Moradores do Mato Queima­ do, conta que já houve pedi­ dos da comunidade do Distrito para a inclusão do transporte coletivo há quase dois anos. Elvira das Neves de Lara Machado, também moradora da região, diz que naquele período precisava andar mais de 10 quilôme­ tros para pegar um trans­ porte até Ponta Grossa.

Além disso, os moradores precisavam pagar 20 reais para sair do Distrito com ônibus particular. Em outros casos, dependendo da locali­ dade, algumas pessoas gas­ tavam em torno de 150 a 200 reais para chegar em Ponta Grossa.

Em nota enviada à repor­ tagem, Diego Felipe Vaz, Co­ ordenador de transporte na Prefeitura Municipal de Pon­ ta Grossa, informa que a partir da utilização do veícu­ lo, o setor pode averiguar e entender as necessidades

dos usuários e realizar as alterações para a melhoria das viagens. A reportagem entrou em contato com a VCG para apresentar sua versão dos fatos, mas não obteve resposta até o fecha­ mento da edição.

Veja abaixo os horários de funcionamento dos ônibus: Segundas, quartas e sextas­feiras Sai às 6h15 e chega às 7h45 (via Águia/Mato Queimado) Sai às 16h15 e chega às 17h45 (via Mato Queimado)

Terças­feiras Sai às 6h15 e chega às 7h45 (via Águia/Mato Queimado) Sai às 16h15 e chega às 17h45 (via Conceição)

Quintas­feiras Sai às 6h15 e chega às 7h45 (via Águia/Mato Queimado) Sai às 16h15 e chega às 17h45 (via Biscaia)

Mensalidade de escolas em PG sofre reajuste em 2024 Os reajustes nos valores das mensalidades são estipu­ lados entre os meses de se­ tembro até 15 de dezembro e, em Ponta Grossa, devem re­ presentar acréscimo de 9%.

Em 2021, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu­ cacionais Anísio Teixeira (INEP) divulgou que há 64 ins­ tituições de níveis de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio particulares em PG. Em um levantamento do portal Melhor Escola, os au­ mentos em outros estados brasileiros podem atingir até 35% para o ano que vem.

O Foca Livre fez um levan­ tamento das mensalidades para o 9º ano do ensino fun­ damental II em 07 escolas do município. Os valores estão entre 710 e 1200 reais, além das taxas de matrícula, mate­

riais didáticos, uniformes e demais gastos adicionais. O reajuste médio das parcelas mensais entre as escolas con­ sultadas é de 7,5%.

Uma fonte que preferiu não se identificar tem o filho matriculado em uma escola particular desde 2021 com desconto de 20%. Para 2024, a fonte conta que, a escola, ao considerar sua renda mensal, concedeu uma bolsa de estudos integral para seu filho. “Ele só vai permanecer na escola porque conseguiu a bolsa integral, caso contrário, eu ia precisar buscar uma escola mais barata ou ainda colocar em uma escola públi­ ca”, comenta.

Claudete Ferreira conta que seu filho estuda em um colégio particular no município com bolsas de estudo de 40% da mensalidade. “Eu não tenho condições de arcar com todos

Crédito: Laura Urbano

Por Laura Urbano

os gastos. Com o desconto a situação melhora um pouco”, conta Claudete. Com a bolsa, a mensalidade cai de R$910 para R$650. A técnica de en­ fermagem foi notificada sobre o aumento da mensalidade para 2024: cerca de 700 reais men­ sais para bolsistas e 980 reais o valor integral.

Das 07 escolas consultadas pelo Foca Livre, 05 justifica­

ram o aumento das mensali­ dades como forma de ampliar o número de funcionários, atualizar os sistemas de ensino e acompanhar os valores de serviços básicos que as insti­ tuições devem pagar. O relató­ rio do Instituto Financeiro Mei­ ra Fernandes também consi­ dera a melhora nas instalações das escolas um dos principais motivos para os aumentos.

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Foca Livre | Outubro 2023

CULTURA Foto: Maria Vitória Carollo

Congresso da Educação destaca protagonismo negro e migrante Autoras de livros infantojuvenis falam aos educadores de Ponta Grossa sobre a importância da temática Por Maria Vitória Carollo

P

rotagonismo negro e cidadania foram te­ mas propostos duran­ te o lançamento de livros e de debate com as autoras integrantes da programação da décima edição do Con­ gresso de Educação de Pon­ ta Grossa, em setembro de 2023, no Parque Ambiental e no Sesc Estação Saudade.

Uma das escritoras é Si­ mone Mota, que apresentou seus livros Francisco, Fran­ cisco… e Que cabelo é esse, Bela?, ambos têm como protagonistas crianças ne­ gras, para falar sobre a im­ portância dessa pauta em livros infanto­juvenis. Ela é carioca e mãe de dois filhos, e foi a maternidade o motivo de escrever histórias infan­ tis nas quais seus filhos pu­ dessem se ver para além dos estigmas de violência e associação à escravatura.

“Eu não quero que a criança negra abra um livro e se de­ pare somente com o racis­ mo, porque isso ela já se depara no dia a dia dela”, afirma Simone.

A escritora também sinaliza a importância de produzir aspectos positivos na história de pessoas negras, além de promover o protagonismo negro nos livros. “A narrativa negra não é excludente, ela busca ser cada vez mais inclusiva para as crianças negras e não negras. A intenção é que a criança não negra, através desse protagonismo, perceba a importância do outro, ela olhe para o Frederico [personagem de seu livro] e entenda sua importância, assim como os outros personagens”, afirma a autora.

Além disso, a cidadania também é abordada pelas

autoras Cassiana Pizaia, Rima Awada Zahra e Rosi Vilas Boas na coleção “Mundo sem fronteira”, composta pelos títulos por “Layla, a menina Sí­ ria”, “O Haiti de Jean” e “Malaika, força do Con­ go”. O trio de escritoras é integrado por uma jorna­ lista, uma psicóloga e uma bibliotecária, unidas pelo interesse nas ques­ tões migratórias e nos di­ reitos humanos.

A coleção atende à ne­ cessidade dos professores de explicar às crianças os acontecimentos mundiais, além de desenvolver em­ patia. Para as escritoras as questões emergenciais em um contexto global são importantes. “Essas narrativas não são contos de fadas. Na verdade, são histórias muito atuais, que acontecem a cada se­ gundo, representam e es­ pelham a vida de crianças a todo instante” diz Rima.

As três histórias sur­ gem a partir de conversas com pessoas refugiadas ou migrantes e Cassiana Pizaia reforça a importân­ cia da representação des­ ses grupos na arte, litera­ tura, educação e comuni­ cação. Quando o direito de identidade não é res­ peitado, influencia o apa­ gamento cultural de um grupo. “Muitas vezes, o apagamento real de um povo é precedido pelo seu apagamento simbólico” afirma Cassiana.

Rima, Rosi e Cassiana acreditam no impacto dessa representativida­ de, no poder de fazer di­ ferença nas visões inter­ culturais da sociedade e no modo como ela com­ preende e acolhe migran­ tes e refugiados.

Violência contra a mulher vai além da física e é uma questão estrutural

Performo-palestra debate a violência e silenciamento de gênero Por Maria Vitória Carollo

A

artista, historiadora e doutora em literatu­ ra Marina Stuchi rea­ lizou, em 05 de outubro, a performo­palestra “Me cha­ me pelo meu nome” que aborda o silenciamento his­ tórico da mulher e denuncia as violência de gênero, para que sejam vistos e combati­ dos. O evento, fomentado pelo Programa Municipal de Incen­ tivo à Cultura de Londrina (Promic), integrou a progra­ mação da 42ª Semana Literá­ ria Sesc & Feira do Livro.

Marina busca sinalizar a amplitude da violência contra a mulher, que não se resume à violência físi­ ca. “Será que nós sabemos reconhecer as pequenas vi­ olência do cotidiano, desde o dia em que nascemos?”, ela questiona.

Suas performances são inspiradas em pesquisas e em relatos de mulheres que sofreram violência de gênero. “É um trabalho que coloca luz num problema da nossa sociedade. Quando elas se veem ali, representadas no palco, elas conseguem reco­ nhecer os tipos de violência que sofrem.”, afirma A performance encena como a violência simbólica está enraizada na sociedade que anula e objetifica a mu­ lher. A violência está em vá­ rias esferas e desenvolve a cultura de agressão à elas, além de naturalizar casos de feminicídio e abrir espaço para manifestações de agres­ sões. Além disso, a simbolo­ gia violenta está presente nos padrões de beleza, que objetifica as mulheres. Atre­

lada a ela, está a violência física e, juntas, elas perpe­ tuam um ciclo: a agressão, o pedido de desculpas e a ‘fase de lua de mel’, e tudo fica melhor do que era an­ tes. Até que isso começa de novo, e leva até o feminicí­ dio, “a ponta do iceberg”.

“Não adianta combater a ponta do iceberg se a socie­ dade continua reproduzindo todo um discurso que dá base para isso.” De acordo com Marina, 15 mulheres são mortas por dia no Brasil e o país está em quinto lugar mundial onde mais ocorrem feminicídios; em 90% dos casos, o criminoso é o com­ panheiro ou ex da vítima.

O cenário de insegurança também acontece dentro de casa, onde 80% dos casos de violência sexual aconte­ cem e são provocados pela cultura do estupro. As ou­ tras formas de violência são a moral, que abrange as di­ ferenças entre homens e mulheres quando se trata da sexualidade e da vida priva­ da, e a psicológica, que ge­ ralmente começa como amor e proteção, mas que destrói a autoestima da vítima e gera dependência emocional.

A performo­palestra, se­ gundo Stuchi, é uma forma das mulheres se identifica­ rem e reconhecerem quais tipos de agressões sofrem.

O papel social da atividade se estende aos homens e tem como objetivo elucidar as suas práticas que per­ petuam a violência. “O as­ sédio é estrutural, está em todos os ambientes. Infe­ lizmente, não há lugar se­ guro para nós na socieda­ de”, lamenta.

CULTURA

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Foca Livre | Outubro 2023

“Todo mundo gosta de ler, só tem que descobrir qual tipo de história” Phellip Willian, finalista do Jabuti, conversou com o FL e apresentou o cenário da literatura nacional Créditos: livro Calmaria

Por Eduarda Macedo

P

hellip Willian é escritor, professor e pesquisador que nasceu e ainda vive em Ponta Grossa. Ele foi ven­ cedor do Prêmio Angelo Agos­ tini de Melhor Publicação In­ dependente pelo livro Sauda­ de, e finalista do Prêmio Jabu­ ti 2019. O autor traz no currí­ culo também o prêmio Outras Letras pela obra Acima de Nós, e a publicação de mais de 20 livros, alguns deles tradu­ zidos para outras línguas e co­ mercializados em outros paí­ ses. Nessa empreitada, ele conta com a participação de ilustradores parceiros, mas uma é especial, Melissa Gara­ beli, sua esposa e também au­ tora das ilustrações de Sauda­ de. Phillip foi convidado pelo Foca Livre para contar um pouco de sua história com a literatura, as dificuldades que tem em ser autor na ci­ dade, suas obras e seu pon­ to de vista em relação à edu­ cação e literatura.

Foca Livre: Como você começou na literatura?

Phellip Willian: Entrei no mundo da escrita quando ti­ nha uns 11 anos, iniciei com poemas na escola e gostei do que estava fazendo. Quando entrei na faculdade, em 2011, iniciei a minha especialização e quis transformar esse meu interesse em escrita, em algo mais concreto. Queria mostrar um material que pudesse ex­ por para as pessoas, seja pe­ las redes sociais ou livros pu­ blicados. Na época, comecei a namorar a Melissa, minha atual esposa. Visto que ela é ilustradora, resolvemos juntar as duas fontes de linguagem, experimentando os dois mate­ riais em conjunto. Desde en­ tão, trabalhamos juntos.

Quando entrei aqui [Universi­ dade Estadual de Ponta Gros­ sa ­ UEPG], passei a refletir mercadologicamente em car­ reira, em mercado livreiro e em como público.

FL: Para você, Phellip, como foi saber que seus livros tive­ ram alcance fora do país?

PW: Como vai fazer dois anos que a gente começou a publicar fora do país, ainda

O quadrinho integra a obra “Calmaria”, uma HQ produzida por Phellip Willian e Melissa Garabeli na pandemia

não é um impacto muito ‘uau’. É legal ver as pessoas fazendo resenhas na França e nos Es­ tados Unidos, pessoas fazendo postagens no Equador que es­ tão com o livro. É claro que é uma realização em vários ní­ veis, por alcançar pessoas que estão falando do seu trabalho em diversos países e, obvia­ mente, tem o aspecto que não podemos ignorar que é receber em dólar ou em euro. Isso faz muita diferença para quem quer viver de livros e transfor­ mar isso em renda principal.

FL: De onde vem a inspira­ ção dos seus livros?

PW: Acredito que cada his­ tória vai demandar uma fagu­ lha diferente. Diria que a inspi­ ração vem da percepção de si.

Tenho livros que já foram ins­ pirados em frases que soltei na sessão de terapia, até coisas que vi no dia a dia. Às vezes, vejo algo que achei engraça­ do e penso ‘isso aqui daria uma história’ e transformei em um roteiro ou em um li­ vro infantil ilustrado.

FL: Você é quem escreve suas histórias, mas como funci­ ona a passagem do texto em prosa para as ilustrações?

PW: Existem vários proces­ sos, não existe exatamente uma regra para se fazer isso. O que faço ultimamente é escre­ ver em prosa. Primeiro, o ilus­ trador ou ilustradora lê o texto em prosa antes de ler o roteiro, porque quero que ele ou ela entenda a atmosfera da cena.

O processo de layout ou adap­ tação para ilustração é nor­ malmente construído em par­ ceria com o ilustrador. Tento deixar mais livre em alguns momentos para que ele se sin­ ta pertencente à obra. Sempre incluo algumas indicações, por exemplo, em livros infantis já costumo separar em páginas

duplas e escrever ‘aqui a ilus­ tração pode ser assim’. Gosto de pensar visualmente. Deixo recomendações, mas gosto de conversar e pensar com o ilus­ trador. Mando o texto, eles re­ tornam com comentários; es­ crevo o texto, eles devolvem com o esboço, e então reenvio com comentários. Assim va­ mos construindo a narrati­ va até que a gente perceba que está pronto para ir para o mundo.

FL: Como foi para você ga­ nhar vários prêmios e ter sido finalista do prêmio Jabuti?

PW: Acho que o mercado de livros brasileiros é tão frágil que quando a gente conquista algo assim não parece tão grande. Ainda tenho que dar aula em três, até quatro esco­ las para me manter. Mas, sin­ to que a gente não tem muito tempo para aproveitar esses louros, exceto caso já tenha um destaque grande. Mas, ób­ vio, ganhar prêmios é sempre muito bom. O Angelo Agostini, por exemplo, é um prêmio de votação aberta a todos os inte­ ressados na valorização da produção nacional de HQ, ou seja, o público seleciona do mercado aqueles considerados os melhores, classifica os fina­ listas e, entre esses profissio­ nais, eles escolhem o vencedor, e nós ganhamos. Isso significa que as pessoas estão olhando para nós e falando: ‘Vocês têm talento, vocês mere­ cem esse prêmio’.

Isso nos dá um ar que estamos no cami­ nho certo.

FL: Você acha que Ponta Grossa dá opor­ tunidades para os auto­ res daqui?

PW: A gente não tem mer­ cado em Ponta Grossa, a gente tem um nicho de produção.

Não há um grande mercado consumidor, tanto que nossos livros vendem mais fora do que aqui. Todo mundo gosta de ler, só tem que descobrir qual tipo de história, por isso acredito que esse mercado ainda vai surgir, mas está engatinhando.

FL: Além de escritor, você também é professor. Como professor, qual sua visão em relação à educação e literatura?

PW: Olha, falando como um professor de literatura, acredito que a arte tem um papel fundamental que, para mim, a intenção principal dessas narrativas é ensinar a viver. Me entristece o número de leitores estar diminuindo cada vez mais. É um conhecimento sensível a menos na vida da pessoa. Isso deveria ser lamentando por todos nós.

FL: Para finalizar, como é possível adquirir seus livros?

PW: A princípio, por conta da minha produção ser independente, são vendidos direto conosco nas redes sociais, Phellip Willian (@phellipwillian) ou Melissa Garabeli (@melissa_garabeli). A gente sempre vende direto pelas redes sociais. Mandamos pelo correio, com entrega autografada ou podemos combinar o envio aqui na cidade.

Foto: Eduarda Macedo

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Foca Livre | Outubro 2023

ESPORTE

De pintor a bicampeão brasileiro de capoeira Conhecido como Mestre Chico, o campeão brasileiro e tetracampeão paranaense espera por maior reconhecimento do esporte Crédito: Arquivo Pessoal Mestre Chico

Por Diogo Laba

A

Vila Liane tem um morador ilustre, o pintor de 49 anos, Francisco Aguinaldo Cruz Junior, mais conhecido como Mestre Chico, que há 25 anos é responsável por dar aulas de capoeira em comunidades de Ponta Grossa. Mestre Chico traz em sua trajetória vários tí­ tulos de relevância como as duas vezes em que foi campeão brasileiro e te­ tracampeão paranaense.

Os primeiros lances de ca­ poeira começaram um ano após o início dos treinos, quando morava no Jardim América e tinha que andar por duas horas até o bair­ ro Palmeirinha para fazer as aulas e, em 2005, já com 32 anos, iniciou nas competições.

Há 36 anos, Chico en­ trava em uma academia de capoeira pela primeira vez. Com o professor Val­ deci, o Mestre participava de eventos e subia de ní­ vel no esporte, toda nova etapa tinha um valor a pa­ gar, mas sem condições fi­ nanceiras, o capoeirista teve o apoio de seu profes­ sor e o ajudava a organi­ zar e limpar a academia, como forma de retribui­

ção. Depois de todo esse esforço, Francisco se tor­ nou professor de capoeira e se apaixonou.

Mestre Chico é intitula­ do assim por estar no topo da hierarquia da ca­ poeira. Ele considera que a capoeira teve um papel fundamental para sua vida e para definir seu fu­ turo. “Se eu não tivesse entrado na capoeira, eu estava na droga ou na be­ bida. Eu era muito rebel­ de. A capoeira me ensinou muito na parte da disci­ plina”, afirma.

Mesmo com alguns títu­ los na bagagem, o cami­ nho dentro da prática está longe de ser meritoso. O capoeirista já tentou viver do esporte, mas nunca conseguiu pelo fato de não render financeiramen­ te. Além disso, os campe­ onatos que Chico partici­ pou não tiveram premia­ ções em dinheiro. A única forma de arrecadar di­ nheiro é com patrocinado­ res que financiam as via­ gens às competições. Com seus bons resultados, o Mestre faz parte da Sele­ ção Brasileira de Capoeira e espera uma convocação para participar do Pana­ mericano de Capoeira para representar o país.

A capoeira foi um divisor de águas na vida do Mestre Chico, lhe rendendo diversos prêmios na categoria

Além da capoeira gra­ tuita a quem se interes­ sar, ele ainda se dedica em realizar o The Let’s Dance, projeto que ensina danças e estilos da década de 1980. A iniciativa é re­ alizada no Complexo Es­ portivo Vila Liane, onde Chico é líder comunitário.

Assim como a capoeira, a dança também tem um

propósito: “ A dança é o movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalha­ rem, aprenderem, senti­ rem o mundo e serem sen­ tidos”, comenta. O The Let’s Dance é uma prática acessível a toda a comuni­ dade e os integrantes par­ ticipam de eventos de Flashback.

Crédito: Arquivo Pessoal Mestre Chico

A iniciativa Let's Dance que tem como intuito praticar movimentos corporais e integração entre as pessoas que buscam uma prática saudável, acessível e descontraída

LITERÁRIO

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Foca Livre | Outubro 2023

A menor das surpresas é a comida Por Mariana Borba

T

alvez todo mundo conheça o RU, mas não como eu. O Res­ taurante Universitário da UEPG pode parecer um lugar como qualquer ou­ tro. Só mais um encontro de pessoas de diferentes cursos para almoçar. No entanto, justamente por essa diversidade de gru­ pos, várias histórias podem ser percebidas dentro des­ se local.

Tudo já começa na fila: pessoas reclamando ou co­ memorando sobre o prato do dia. Percebe­se quando é do gosto dos acadêmicos toda vez que a fila se es­ tende por metros debaixo do sol, geralmente em dias de estrogonofe. Os estu­ dantes de Direito recla­ mam do professor de Civil enquanto carregam um Vade Mecum debaixo do braço. O grupo da frente tenta decidir se vai sair à noite ou deixar para o fim

de semana. A garota de franja fala empolgada que vai para sua cidade natal visitar sua família durante o feriado.

Lá vem a tia que todos os dias para na frente da entrada para pegar os tickets do almoço. Ela sempre dá bom dia para todos, mas só algumas pessoas retribuem. Ou­ tras, nem ouvem por esta­ rem no automático com seus fones de ouvido ou envolvidos em alguma con­ versa tão interessante que não pode ser interrompida.

E, falando em fones de ouvido, essa é uma carac­ terística comum dos aca­ dêmicos que almoçam no restaurante universitário.

Alguns deles nem conver­ sam com os colegas por estarem concentrados nas músicas de sua playlist favorita durante o horário do almoço. Afinal, a músi­ ca deve servir como uma espécie de refúgio e calma­ ria em meio ao ambiente

caótico da universidade, principalmente para aque­ les que estudam integral ou fazem estágio à tarde.

Ao servir o almoço, ge­ ralmente há uma funcio­ nária que oferece uma pequena porção de carne.

Mas se você estiver com sorte, ela pode estar de bom­humor e servir um pe­ daço maior para você. Ob­ servamos comentários de felicidade quando a sobre­ mesa é gelatina, momentos raros, já que normalmente é alguma fruta.

Dependendo do horário e do movimento, os grupi­ nhos muitas vezes preci­ sam se separar para conseguir lugar. Apesar de cada mesa ter capacidade para umas vinte pessoas, ela precisa ser dividida e normalmente não há espa­ ço para grupos maiores sentarem juntos. Ter con­ tato com pessoas desco­ nhecidas durante o almoço é uma experiência curiosa. De um lado, há

uma garota comentando com a melhor amiga so­ bre como o menino da outra mesa é bonito. Às vezes, essas garotas mos­ tram, empolgadas, caras que elas já ficaram ou que curtiram um story na semana passada.

Sempre tem estudantes reclamando dos trabalhos que são para os próximos dias, as lamúrias se es­ tendem sobre professores ou colegas de turma. O que também não falta são pessoas que acabaram de se conhecer interagindo entre si. Perguntas como “você é calouro?” ou “que curso você faz?”, podem iniciar uma amizade para os quatro ou cinco anos de graduação ou para ape­ nas os próximos vinte mi­ nutos de almoço.

De qualquer forma, o restaurante universitário da UEPG é uma caixinha de surpresas. E a comida servida é, sem dúvidas, a menor delas.

O jornalista Por Lívia Maria Hass Lá vem o jornalista.

Com suas rou­ pas pálidas e um casaco de couro. Os ócu­ los escuros es­ condem o olhar cansado, acusan­ do somente duas horas de sono. Fi­ gura conhecida na cidade por aparecer nos momentos mais caóticos. Sempre está caminhando. Apressado, mas caminhando. A fuma­ ça do cigarro aceso em sua boca faz um rastro por onde passa. Em mãos, um copo de café. Puro e sem açúcar. Logo cedo, para despertar. O primeiro copo de muitos ao longo do dia.

Quando o jornalista sai às ruas, todos sabem o que vem pela frente. Fu­ jam dele! Pois o homem é curioso. Te perguntará Crédito: Victor Schinato

tudo e mais um pouco. “É para uma pauta que estou escrevendo”, ele justifica.

Os disparos da câmera fo­ tográfica podem ser ouvi­ dos de longe. E, dentro das lojinhas, o comercian­ te anuncia: “Lá vem o jor­ nalista!”. O olhar crítico acompanha os carros indo e vindo pela avenida, pro­ curando algo que lhe dê argumentos. Até os pré­ dios enormes ele encara.

Puro concreto parado no mesmo lugar todos os dias, nem se movem. En­ tão, por que ele olha tan­ to? “Algo factual!”, ele diz.

Ninguém entende do que está falando.

Da sua bolsa ele tira um bloco de notas e uma ca­ neta. A câmera pendurada no pescoço já virou sua marca registrada e balan­ ça de um lado para o ou­ tro, enquanto ele anota rapidamente tudo que vê.

As ruas, ele atravessa cor­ rendo, sem medo. Diz não

ter tempo para esperar o sinal fechar. Quando vê, já são três da tarde e ele nem almoçou. “Não tenho tem­ po!” ele afirma novamente.

Escreve e fotografa até durante os finais de sema­ na. Incessantemente, não cansa. Está sempre ocu­ pado. A família reclama que ele também não tem tempo. Há boatos que pas­ sa no bar da esquina da rua principal no fim do dia, seja para comemorar uma publicação ou chorar a queda de uma boa pau­ ta. Duas doses de whisky são o suficiente para o jor­ nalista, que insiste em pu­ xar suas notas para verificar o que foi que fal­ tou, mesmo que não lhe falte nada. Ele volta para casa tarde da noite. Mas, não tem tempo para dor­ mir porque sua matéria deve sair na manhã se­ guinte. E, no outro dia, corra! Por que lá vem o jornalista.

Foca Livre | Outubro 2023

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ENSAIO

MEMENTO MORI

C

ostumes e ritos fúnebres seguem particularidades ligadas as culturas. Cada pessoa sente a morte de uma forma e acreditamos que todo o processo de luto deve ser acolhido e respeitado. Há quem prefira honrar os seus com flores e velas, que mesmo depois de murchas e consumidas ainda representam o afeto de quem as levou. Outras pessoas preferem utilizar representações divinas para ornamentar os túmulos, com base na crença daqueles que se foram.

Homenageamos assim, com este ensaio, as formas de expressão presentes nos túmulos fotografados no cemitério municipal de Ponta Grossa.

Foto: Gabriel Ribeiro

Foto: Joyce Clara

Foto: Joyce Clara

Foto: Gabriel Ribeiro

Foto: Gabriel Ribeiro

Foto: Joyce Clara