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POLÍTICA
População de Ponta
Grossa cresce 15% segundo dados do Censo realizado em 2022
P. 6
CULTURA
Falhas na estrutura do Acervo Municipal de Obras de Arte danificam pinturas e esculturas
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ESPECIAL
ESPORTE
Jornalista formada pela UEPG conta como foi a cobertura da Copa do Mundo Feminina
P. 15
Foca Livre pauta comunidades invisibilizadas no bicentenário de Ponta Grossa
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Com maior entendimento do processo de produção do Foca Livre, entregamos uma edição com mais agilidade, qualidade em textos e diagramação. Na editoria UEPG, acompanhamos o VI Copene, que aconteceu na universidade, e pautamos a criação da Rede Trans UEPG, movimento estudantil com intuito de apoiar os acadêmicos transsexuais da instituição. Em POLÍTICA, debatemos os gastos da prefeitura com as comemorações de 200 anos da cidade, além de analisar Ponta Grossa no censo do IBGE.
Dentro da editoria SAÚDE trouxemos uma matéria sobre o uso medicinal da Cannabis, inspirada pela palestra Cannabis Sativa. Também divulgamos as Práticas Integrativas
de Saúde, decreto que visa a recuperação da saúde por meio doacolhimento.
Para o ESPECIAL, trouxemostrêscomunidadesdegrandeinfluêncianocenáriosocial e político da cidade, mas que possuem poucavisibilidadeem suahistória.Ascomunidadesde QuilomboSútil,OcupaçãoEricsonDuarteeVilaJamil.
NaeditoriadeCOTIDIANO,os motoristasreprovamradaresimplantadosemPG.Trazemosamatéria sobre os cursinhos prévestibulares que oferecem a oportunidadedeestudoparaalunosdebaixarenda.
ParaaeditoriadeCULTURA, denunciamososproblemascom afaltademanutençãonoAcervo MunicipaldeArtes.Aindaapresentamos a comemoração dos 50 anos de existência dos Fra
Ombudswoman
Por Melissa Eichelbaun Olá,carosestudantesdocurso de Jornalismo da UEPG. Me chamoMelissaEichelbaunesou egressadocursoháalgunsbons anos.Agradeçooconviteparaanalisareacompanharotrabalhojornalísticodevocês.Vamosaoponto: oFocaLivreéparaalémdosmurosdaUEPG?
Fiqueisurpresaaolerasmatériaseencontrarpoucapluralidadedepautas.Emtornode80% doconteúdodojornaltemalgumarelaçãocomaUniversidade. Issoéumproblema?Acreditoque sim. Obviamente vocês vivem a maioriadashorasnasaladeaula enoentornodeatividadesdocurso,masacidadeémuitoalémdos pátiosdaUEPG.
OFocaLivreéumjornal com
EDITORESCHEFE
Betania Ramos da Silva, Gabriel Aparecido e Iolanda
Lima
EDITORES DE IMAGEM
Loren Leuch, Mariana Borba e VitóriaSchrederhof
CHEFE DE DIAGRAMAÇÃO
RadmilaBaranoski
a intenção de levar informações deumjeitodiferente.Semamarrascomerciais,políticase,principalmente,deveterautenticidade emescreverpautasqueinteressamaopúblico.Essaautenticidade precisa ser evidenciada em todasaspautasetextos.
Vamos para o tópico diagramação. O jornal está blocado e semumaidentidadeatraente.Os parágrafossãoenormes,poucose temintertítulosparaentenderqual caminho o texto vai levar. Além disso,atipografiamudadetamanhoemalgumaspáginas,oespaçamentotambém.
Easfotos?Sentifaltadeum trabalhonasimagens.Asqueaparecem, aparentam ser feitas somenteparapreencherumespaço dapágina,semrealmenteserum
DIAGRAMADORES
Ana BeatrizPaiva,Annelise dos Santos, Eduarda Macedo, João Victor Lemos, Joyce Clara, Karen Stinsky, Laura Urbano, Luisa Camargo, Luiz Cruz e LuizdaLuz
EDITORES DE TEXTO
Diogo Laba, Gabriel Ribeiro, LíviaMariaHass,LucasVeloso, Maria Eduarda Almeida Leme, Maria Tlumaski, Maria Vitória Carollo, Mel Pires, Nicolle BrustolimeVictorSchinato
des Menores Missionários na cidade.
Na editoria LITERÁRIO, levaremos o leitor em uma viagem com o primeiro guia de turismo de Ponta Grossa reconhecido pela legislação.Também relembramos a história do polêmico jornal do curso
de Geografia da UEPG, Jorge. ParaESPORTEtemosumaentrevistacomMarianaSantos,jornalistaformadapelaUEPGque cobriuaCopadoMundoFemininanaAustrália.
Assim,entregamosmaisuma ediçãodojornaledesejamosatodosumaboaleitura.
elementodeextremaimportância equefazpartedaconstruçãoda notícia.Lembrese:porvezes,uma imagemcontamuitomaisquemil palavras.
Nestaedição,sentifaltadepautas a respeito dos 200 anos de PontaGrossa,umacoberturapolítica/críticadaCâmaradeVereadoresedaPrefeitura.Estaratento aospassosdopoderpúblicoéessencialparaojornalismodeinteressepúblico.
Evamosaospontospositivos. Emgeral,ostextosestãobemescritos.Masaindafaltaaquelafinalização nas matérias, para o leitorterumdesfechosobreoassunto.Enãoesqueçam:vocêsestãoescrevendoparatodotipode público.Entãodeixemostítulos burocráticosdeladoepensem
REPÓRTERES
Consulte a autoria de textos e ilustrações diretamente na página
Foca Livre é o jornallaboratório do curso de Jornalismo da UEPG
Produzido, publicado e editado pela disciplina “Núcleo de Redação Integrada I” sob supervisão das Professoras Gabriela AlmeidaeMarizandraRutilli. Notícias integradas à disciplina
noqueaquelapautapodeimpactarnavidadoleitor.
Oquemaismechamouaatençãofoio‘Especial’,quetrouxeuma pautaautêntica,trabalhandocom diversosrelatos,dados,fotosecores.Alémdisso,aúltimapágina do ‘Ensaio’ nem parecia ser do mesmo jornal. Trouxe imagens trabalhadas,impactanteseuma diagramaçãocomidentidade. Eseeupossodarumconselhofinalé:arrisquemse!Esseéo momentoparavocêsentenderem o caminho profissional no qual vocêspretendemseguir.Éahora deregistraronomedevocêsna históriadocursodeumamaneiraúnica.
Sigo ansiosa pelas próximas ediçõesparaacompanharasnovidades.Atémais!
“Produção e Edição de Textos Jornalísticos II” sob direção do ProfessorMurielAmaral. Projeto gráfico integrado à disciplina “Design em Jornalismo” sob a orientação da Professora FernandaCavassana
CONTATO
Departamento de Jornalismo
Praça Santos Andrade n°01, Centro PontaGrossa, PR CEP: 84010330
Telefone: +55 (42) 32203389
Foca Livre | Agosto / Setembro 2023 2 Editorial
Crédito: Victor Schinato
OPINIÃO
Acadêmicos elegem nova chapa para o Cajor
Além da revisão do estatuto, os vencedores propõem eventos culturais e maior diálogo entre estudantes
Por Eduarda Macedo
Com 67,9% dos votos, a chapa Almerinda
Farias Gama é eleita para gerenciar o Centro Acadêmico João do Rio (Cajor), do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A coligação venceu a chapa
C(AOS) Acadêmicos. O grupo eleito exerce a função até as novas eleições, em 2024.
As chapas se inscreveram em agosto para as eleições. As campanhas foram desenvolvidas pelas chapas com distribuição de panfletos, adesivos e idas às salas de aula durante 17 dias. No último dia de campanha, as
chapas realizaram um debate aberto para todos os alunos do curso. Além disso, o evento foi organizado pela comissão eleitoral.
A chapa Almerinda Farias Gama é composta majoritariamente por membros da diretoria anterior, aprovada em eleições extraordinárias com mandato provisório de quatro meses. Para a nova gestão, o objetivo é melhorar as relações e o bemestar dos acadêmicos de jornalismo. Júlia Andrade, coordenadora geral da chapa eleita, afirma que “As nossas propostas convergem para a questão da convivência dos estudantes. A ideia é realizar atividades culturais para os acadêmicos e desenvolver ações que promovem a integração das turmas”.
Além disso, a chapa propõe fortalecer a ouvidoria já presente, tendo como objetivo melhorar o direcionamento de novos alunos do curso, já que muitas vezes, o entendimento bu
rocrático com questões acadêmicas são confusas para os calouros. Outra proposta é a manutenção e fortalecimento dos projetos culturais já presentes dentro da realidade do curso de jornalismo, assim como a Rádio Resistência e também a utilização do espaço do CA dentro do departamento. De acordo com Julia, a intenção é evidenciar a realidade do curso e da universidade, com foco nos estudantes.
Almerinda Farias Gama foi uma jornalista, advogada e feminista preta que lutou para exercer o direito de voto e eleger sindicalistas para a Assembleia Constituinte. Este nome foi escolhido pela chapa devido a sua formação ser composta, na maioria, por mulheres. Além disso, a luta contra o racismo também é uma das pautas do grupo. “Começamos com pequenos atos, como esse, escolhendo e valorizando uma mulher preta.”, finaliza Júlia.
Servidores da UEPG se incomodam com pombas no local de trabalho
Por Maria Vitória Carollo
Agentes de segurança do campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) se queixam da quantidade e proximidade das pombas no ambiente de trabalho e de refeições. A passarela que liga os blocos A e D da universidade constantemente é local de abrigo para as pombas. A estrutura está logo acima da portaria da entrada lateral da universidade, pela rua Penteado de Almeida, um dos postos de trabalho dos vigilantes. A presença constante das aves incomoda os agentes e os preocupa por questões sanitárias e de saúde.
Airton Severino atua na vigilância da universidade há 35 anos, mas está no campus Central há dois meses. Desde que foi transferido, ele não gosta da
presença das pombas no ambiente. “Quem não se incomoda é porque não vive aqui”, afirma Airton. Ele conta que os problemas de estrutura da passarela propiciam a permanência das pombas no local. Além dos possíveis incidentes com as fezes dos animais, quando chove, as pombas se aglomeram em frente à porta da cozinha dos agentes de segurança, onde eles fazem suas refeições e descansos. Para ele, há um descaso da universidade com o campus Central. “A portaria é cartão de visita, fica feio ter aquele monte de pomba ali. Parece que se pensa muito mais lá [campus Uvaranas] do que pra cá”, acrescenta Airton.
Roberto Ramos concorda com as reclamações do colega de trabalho. “Tem muita pomba, e elas ficam aí, em cima da nossa ca
partamentos da universidade alimentam as aves. Airton comenta como algumas pessoas insistem em continuar alimentando os pássaros. “ A pessoa sai de lá, as pombas a reconhecem e vão seguindo até o estacionamento de
mais próximos, e que alguém precisa tomar uma providência quanto a essa situação. A Prefeitura do Campus (Precam) é o órgão responsável por essa fiscalização, mas a reportagem ainda não obteve respostas quanto à atual atuação da Precam no campus Central.
Foca Livre | Setembro 2023 3
UEPG
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As chapas tiveram 17 dias para realizar campanhas eleitorais
Por Luiz Cruz
a VI edição do Copene Sul
O evento contou com cerca de mil participantes e 250 trabalhos apresentados
Asexta edição do Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros e Negras do Sul (COPENE Sul) aconteceu no Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), entre os dias 28 a 31 de agosto. O foco do evento foi a celebração da identidade negra e o reconhecimento da cultura afrobrasileira para a sociedade, além do empoderamento, resistência, legado e compreensão da história dos afrodescendentes.
Normelia Ondina Lalau de Farias, coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi), e Janaina Damásio Vitório, secretária de diversidades e políticas de ações afirmativas, vieram de Criciúma (SC) para o evento. No ano passado, Farias e Vitório fi
caram à frente da organização que foi sediada pela Universidade do Extremosul Catarinense (UNESC). “A gente sabe que o que a gente tá fazendo aqui é trazer o movimento, mostrar que nós enquanto pessoas negras também somos pesquisadores”, declara Normelia.
Sobre as questões das instituições acadêmicas serem mais inclusivas e acolhedoras para os estudantes e pesquisadores negros, Janaína acredita que o levantamento de dados abordado durante o Copene é essencial. “A pesquisa é de grande importância porque não
falamos a partir de opiniões e, sim, de dados. Se temos a intenção de minimizar o racismo, para fazer uma cultura antiracista, é através de números e de dados. Quando falo que a maior população encarcerada é a população negra, a partir de um evento científico, vou dizer quais as oportunidades dessas pessoas quando saem desse espaço”, relata. Esta edição não apenas celebrou os avanços da pesquisa negra no Brasil, mas também abordou sobre a necessidade de lutar contra a discriminação racial e pela luta da igualdade. Neste ano, a lei 10.639/03 completa 20 anos em vigor, ela tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afrobrasileira em todas as escolas públicas e particulares, desde o ensino fundamental até o médio.
Estudantes criam coletivo de apoio a pessoas trans
Por Gabriel Aparecido
Acadêmicos dos cursos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) se uniram para a criação da Rede Trans UEPG Fernanda Riquelme. A Rede, criada em julho deste ano, funciona como um coletivo estudantil que busca representar não somente as pessoas trans e travestis da universidade, mas também aquelas que estão fora dos portões da instituição. Um dos organizadores do coletivo, o bacharel em Biologia e estudante de geografia René Rodrigues, comentou que a ideia partiu da observação de outras organizações que atuam em instituições de ensino. “Fizemos acontecer uma primeira reunião para tomar os primeiros passos, como a criação do nome do coletivo. É uma produção autônoma, mas articulada em como a galera tem se organizado.”, explicou Rodrigues. Entre as principais reivindicações está a inclu
são do nome social nos documentos oficiais da UEPG. Apesar de existir um sistema que facilite a inclusão do nome social, este aparece somente em alguns documentos e portais disponibilizados pela universidade. A presença do nome morte, o nome de batismo, é algo que causa constrangimento. As pessoas trans também alegam dificuldade de serem chamadas pelo nome social por professores e funcionários da instituição.
No coletivo está Safira Pereira, acadêmica do curso de Serviço Social. Apesar de não participar de todas as reuniões da Rede, ela sente que mesmo no início, o coletivo pode expandir para outros lugares da cidade. “A Rede Trans UEPG é só o começo, pode virar uma Rede Trans Ponta Grossa, um Rede Trans Inter Universidades”, adiciona a estudante. A mesma intenção tem René Rodrigues em acreditar que o
coletivo pode extrapolar os muros da universidade.
Experiências
A professora da graduação em Letras e egressa do Mestrado em Estudos da Linguagem da UEPG, Ronna Freitas, em maio deste ano, trouxe à luz o descaso que presenciou ao ter negada a obtenção de seu diploma como mestra. Na publicação realizada pelo Instagram, a docente comentou que, além das constantes agressões verbais que diminuíram sua pesquisa, houve o período de seis meses sem notícias sobre quando a pesquisa estaria disponível em algumas instituições do município. Além disso, teve que esperar por quase 11 meses o diploma da sua defesa.
Escolha do nome da Rede
Fernanda Riquelme foi uma das primeiras travestis
de Ponta Grossa. “Se hoje a gente consegue estar na universidade é porque muitas movimentações anteriores aconteceram”, disse René Rodrigues ao explicar o porquê do nome ao coletivo. Segundo ele, destacar o nome de Fernanda é um modo de honrar a sua história e trabalhar com a memória das lutas que vieram antes. A vida de dela serviu de enredo para o documentário “Sobre Vivências Trans”, produzido por estudantes e professoras do projeto de extensão ELOS do curso de
UEPG recebe
UEPG Foca Livre | Agosto / Setembro 2023 4
O COPENE integra a cultura negra na universidade
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Jornalistas de Ponta Grossa integram campanha para diploma profissional
A PEC torna obrigatória a exigência de diploma de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão
Por Nicolle Brustolim
Profissionais e estudantes de jornalismo se reuniram na Câmara Municipal de Ponta Grossa, no dia 30 de agosto, para oficializar a instalação do Comitê de luta pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do diploma de jornalista. O objetivo da iniciativa é tornar obrigatório o diploma para o exercício profissional. No ato, foram debatidas, tanto por profissionais da área quanto pela população, questões acerca da importância do diploma e da defesa da capacitaçãodosjornalistas.
“Não é sobre liberdade de expressão, e,sim, sobre direito à informação, um dos pilares da sociedade democrática”, ressalta Jeferson de Souza, diretor de Formação do Sindijor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná). Atualmente, qualquer pessoa sem formação ou entendimento da área pode assumir as funções de um jornalista, sendo a única profissão regu
lamentada do Brasil que não necessita de requisito prévio paraseterregistro.
A discussão pela necessidade da graduação em Jornalismo para atuar na profissão acontece desde 2005, mas o debate se intensifica em 2009, momento no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) derruba a obrigatoriedade do diploma. Este ano, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lança campanha pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição do Diploma na Câmara, pois a PEC 206 / 2012 encontrase pronta para votação na CâmaraFederalhá8anos.
“Os efeitos da ausência da exigência do diploma para o exercício da profissão são vários e visíveis, cotidianamente sentimos e recebemos um conjunto avassalador de desinformação. Muito, desse conteúdo é gerado pela falta de capacidade de compreender o que significa o ato de fazer jornalismo”, afirmaMarceloBronosky,professor do Departamento de Jornalismo
da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e expresidente da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo(Abrej).
Jeferson de Souza pontua também sobre o ataque sofrido pelos jornalistas que, segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), cresceu23%noBrasil em 2022. “O ataque que o jornalismo sofre é um ataque à sociedade. A democracia está em jogo quando o jornalismo
profissional, feito com ética, é desqualificado”,afirma. As consequências da desinformação foram fortemente discutidas, pois afetam diretamente a sociedade e democracia do país. “Temos um estágio de desinformação aprofundado, que gera consequências micro e macro para a vida das pessoas, e acaba colocando pessoas atuando na profissão, sem responsabilidade, o que leva as pessoas a consumirem conteúdos que não necessariamentesãonotíciaouinforma
Prefeitura de PG gasta 2 milhões com eventos para os 200 anos da cidade
Por Joyce Clara
A Prefeitura de Ponta
Grossa utilizou, até o momento, mais de 2 milhões de reais nas comemorações dos 200 anos da cidade. O orçamento tem origem de uma dotação orçamentária específica separada pelo município para as atividades. O valor total é de R$2.705.392,00, 94,28% destinado para cultura e 5,73% para esporte.
A maior parte do valor aplicado no setor cultural financiou shows de artistas conhecidos nacionalmente.
Só a banda Roupa Nova levou o cachê de R$ 240,000,00. Outras apresentações foram da banda IRA!,
Fernandinho, Gabriel Sater, Grupo Gaitaço, Jorge Guedes e Família, Gian e Giovanni e BananeiraBrassBand.
Uma parte do orçamento da cultura foi destinado para um edital de concurso de formação e produção artísticoculturais, que selecionou mais de 60 projetos nessa área. Além disso, mais de 665 mil reais foram aplicados nos eventos Cine Celebrar e PG Projection através da contratação de empresas especializadas em projeção cinematográfica em fachadas e domos infláveis. O primeiro evento contou com sessões diárias sobre a história da formação da cidade, apresentadas em
vários locais de Ponta Grossa como o distrito de Itaiacoca e o Parque Ambiental. No total, foram 11 dias dedicados somente às sessões. Já o segundo projeto consistiu na projeção de imagens em prédios. A última edição foi com o tema "Marcelo Ponta Grossa Naïf Schimaneski".
O restante do orçamento foi dividido em três outras partes; 140 mil reais para a contratação do artista plástico João Moro (construção de uma escultura), 430 mil reais foram destinados ao evento do dia do trabalhador e aproximadamente 117 mil reais para a locação e operação de equipamentos de som e
iluminação nos eventos. No esporte, o valor de R$ 154.928,00 será aplicado, principalmente, na preparação e compra de itens para a Copa 200 Anos de Futebol Society. Foram divididos aproximadamente 13 mil reais para aquisição de troféus e medalhas, 63 mil reais para contratação de empresa para prestação de serviços técnicos e de decoração na abertura e encerramento do evento. O orçamento restante foi para aquisição de materiais para o programa Esporte de Base, preparação de circuitos e campeonatos promovidos pela secretaria.
5 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023 POLÍTICA
Membros do Comitê discutem as consequências da desinformação
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População de Ponta Grossa cresce 15% nos últimos 12 anos
Censo de 2022 aponta que o municipio integra a lista das 100 cidades que mais obtiveram crescimento populacional
Por Ana Beatriz de Paiva
Apopulação de Ponta Grossa teve crescimento significativo entre as quatro maiores cidades do Paraná. Na cidade o crescimento foi de 15% em relação aos números de 2010. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, a população pontagrossense atualmente é de 358.367 pessoas. No Censo anterior, em 2010, era de 311.611, número que representa uma variação de 46.756 pessoas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ponta Grossa é uma das seis cidades do estado com maior crescimento em números absolutos desde o último Censo. Este crescimento reflete diretamente nos polos econômicos e culturais da cidade. Nos últimos anos, Ponta Grossa atrai novos investimentos que movimentam a economia local. Além disso, com o crescimento da população, surgem as demandas para a administração do município atender às necessidades dos moradores, a partir de políticas públicas, para garantir a qualidade de vida.
A geógrafa Judite Camargo, recenseadora em 2022, relata que mesmo com este crescimento, Ponta Grossa apresenta vazios urbanos e condições desiguais de habitação. “Vejo a ocupação de certas áreas e acomodação de famílias inteiras que antes não tinham um pedaço de terra. O problema são as condições em que essas pessoas vivem. Enquanto temos a verticalização [construção de prédios] de um lado da cidade, favorecendo as elites, do outro muitas famílias ainda são marginalizadas na sociedade”, analisa Camargo.
Outro recenseador, que optou por não se identificar, avalia que o principal impacto do crescimento populacional para a
cidade é o desordenamento urbano. “A cidade se encontra sem planejamento, infraestrutura básica e apresenta diversas outras situações, como a falta de pavimentação e de saneamento, especialmente nas áreas mais afastadas do centro. Fora a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência e idosos”. O recenseador afirma que o crescimento é desagradável para a maioria das pessoas, pois a cidade não cria políticas públicas efetivas.
“As oportunidades de melhorias ficam mais em torno do centro da cidade, assim o restante da população é abandonada, sendo procurada apenas no período eleitoral”, conclui.
Celbo Antônio Rosas, professor do departamento de geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), acredita que nenhuma cidade brasileira está preparada para este aumento populacional e que os municípios devem traçar, de maneira gradativa e constante, um plano de desenvolvimento de acordo com as expectativas de crescimento. O professor explica os impactos de uma cidade despreparada para o crescimento populacional: “A tendência é um crescimento horizontal [alargamento das cidades], sem planejamento, o que faz com que surjam bairros e vias de acesso que não estão articuladas para o transporte público, mas para o privado. Nas cidades mais antigas, temos uma deficiência de locomoção e dificuldade de acesso aos bens econômicos”, relata o professor.
O Censo 2022 indica que a densidade demográfica de Ponta Grossa é de 174,41 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto este número, em 2010, era de 150,72. Os dados mostram também que, em domicílios particu
lares, a média de moradores é de 2,79 pessoas.
Elizabete Rocha Cogo, uma das coordenadoras de área do Censo em 2022, ressalta como foi o processo da coleta de dados para a realização da pesquisa. “Os recenseadores contratados visitaram, entre agosto de 2022 e maio de 2023, mais de 120 mil domicílios de Ponta Grossa. Eles trabalharam uniformizados, com roupas e bonés azuis com a logomarca do IBGE”, explica a coordenadora. Elizabete fala que, além da entrevista presencial nos domicílios, a população também poderia optar por responder o Censo via internet ou telefone.
Panorama nacional
De acordo com o IBGE, o número populacional brasileiro cresceu 20 vezes desde a primeira operação censitária, em 1872. O levantamento de 2022 apontou que o Brasil possui 203.062.512 habitantes, um aumento de cerca de 6,5% se comparado ao Censo de 2010. Anualmente, o país apresentou uma taxa de crescimento de 0,52%, o menor índice desde o primeiro censo realizado no país. Segundo o instituto, em 2022, foram
visitados aproximadamente 107 milhões de domicílios, em mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional. Além disso, 79.160.207 questionários foram respondidos, sendo quase a totalidade realizada presencialmente.
Os dados levantados pelo Censo começaram a ser divulgados pelo IBGE no final de junho. De acordo com o instituto, os resultados da pesquisa são importantes para o desenvolvimento de políticas públicas que possam garantir o bemestar e a qualidade de vida da população. Além disso, a pesquisa viabiliza a realização de investimentos por parte das prefeituras das cidades para que acompanhem o crescimento populacional.
Mesmo assim, Evelin dos Santos, graduanda em geografia, problematiza a divulgação dos dados deste Censo. “A gente não consegue acesso aos dados, esse Censo ficou confuso. Na minha opinião, a intenção era essa mesmo, fazer um serviço mal feito. Afinal, sem dados, sem problemas.”, afirma a acadêmica, em descontentamento.
6 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023 POLÍTICA
Crédito: Vitória Schrederhof
Painel debate uso medicinal da Cannabis
O evento debateu como a planta pode ajudar em certas doenças e seus aspectos legais
Por Iolanda Lima
Opainel “Cannabis sativa: aspectos legais e uso medicinal” foi realizado no Grande Auditório do campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O evento foi organizado pelo projeto de extensão Democracia e Direitos Humanos, do curso de Jornalismo da UEPG, junto ao Coletivo do PSOL e com apoio do Sinduepg e do Elos, outro projeto de extensão do curso. O encontro abordou o uso medicinal do Canabidiol e Tetrahidrocanabinol e os benefícios da substância no tratamento de diferentes doenças.
Amanda Dias, médica especializada em medicina endocanabinoide, explicou sobre os dois principais derivados da cannabis, o THC (Tetrahidrocanabinol), o qual é extraído da planta e pode atuar como relaxante muscular, analgésico e sedativo. E também o CBD (Canabidiol), tem propriedades ansiolíticas, anticonvulsivantes, antidepressivas e antiinflamatórias. Ela afirma que o sistema nervoso humano tem o próprio sistema endocanabinoide para a recepção
dos tratamentos com a cannabis Contudo, o medicamento não é abertamente usado porque afeta financeiramente a indústriafarmacêutica.
Melissa Vicentini, diretora da Associação Maconha e Saúde, conta sobre como seu filho necessita de medicamentos, com o CBD e THC para o tratamento contínuo da epilepsia. “Os remédios adquiridos para o meu filho, eu não posso aceitar que seja só para ele. A gente pensa no acesso para todas as pessoas.” Ela ainda coloca em questionamentooporquêdeosmedicamentos com canabinoides seremsempreusadosemúltima opção, prolongando o sofrimentodopaciente.
Com relação aos aspectos legais, Konstantin Gerber, da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis, fala sobre como foi formada a lei Antidrogas e como o Brasil está inserido dentro do âmbito mundial do assunto. “Agora, por exemplo, na Argentina existe um certificado de autocultivo para o paciente, que não precisa ter uma semente registrada. Já no Brasil, os próprios usuários importam as sementes, pois para o Supremo Tribunal Federal
(STF) não é crime importar.” explica. Ou seja, as pessoas com acesso aos remédios à base da cannabis são aquelas que podem pagar pela importação.
No Paraná, a lei Pétala, proposta pelo deputado estadual Goura (PDT), sancionada em janeiro deste ano, pode facilitar o acesso a medicamentos relacionados à cannabis. Em Ponta Grossa, a lei 174/23, proposta em agosto, pelos vereadores Geraldo Stocco(PV), JulioKuller (MDB) e pelo Coletivo do PSOL, prevê o fornecimento gratuito pela Prefeitura de medicamentos que tem como base o canabidiol. A lei está tramitando para
votação na Câmara de Vereadores.
A cannabis pode ajudar no tratamento de câncer, epilepsia, glaucoma, mal de Parkinson, esclerose múltipla e outras doenças. A discussão acerca da legalização nacional e seu uso é adiada há oito anos. Contudo, neste ano a pautavoltaaodebatepúblico.
A decisão da liberação do uso está em votação no STF, seis ministros já votaram, sendo cinco a favor e um contra. No Brasil, mais de duas mil pessoas estão autorizadas a fazer o autocultivo da planta para a produção própria de óleos e derivados.
UBSs do município realizam práticas integrativas na saúde
Por Vitoria Schererderof
Todas as unidades básicas de saúde (UBS) de Ponta Grossa passam a incluir práticas integrativas e complementares de saúde (PICs) nos atendimentos à população. Essa medida vigora desde o início de agosto e teve organização da Prefeitura. As PICs são métodos terapêuticos que visam a prevenção de doenças e a recuperação da saúde por meio do acolhimento. As atividades são, por exemplo, acupuntura, uso de plantas medicinais e terapia comunitáriaacolhedora.
A iniciativa de ofertar práticas humanizadas nas unidades básicas teve início após experiência realizada no Ambulatório de
Saúde Integrativa (ASI), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O Hospital Universitário também adotou as medidas integrativas em 2022, após um retorno positivo na recuperação dos pacientes. Atualmente, o decreto 22.140 de 2023, publicado no Diário Oficial de 02 de agosto, oficializa as PICs no Sistema Único de Saúde (SUS) em Ponta Grossa.
Os órgãos ligados ao governo federal e municipal são responsáveis por ministrar e financiar as práticas das PICs.
Milene Zanoni da Silva, professora do Departamento de Saúde Pública da UEPG e também responsável pelo programa, reforça os efeitos positivos das
práticas. “Os resultados para a saúde pública são amplos e consistentes na área da saúde mental, dor crônica, por exemplo. Melhora a satisfação do usuário, do profissional da saúde, acolhe as demandas e promove humanização e a integralidade do cuidado”, finaliza a gestora.
A advogada Luciane Gross Mazurek, de 52 anos, e o filho Guilherme Gross Mazurek, de 21, realizaram a auriculoterapia fornecida pelo Ambulatório de Saúde Integrativa da UEPG. O tratamento em questão utiliza sementes de mostarda na orelha para estimular os nervos de todo o corpo e melhorar as queixas do paciente. Luciane procurou a terapia para
ajudar com a sua inquietação durante o sono e problemas na coluna. Guilherme, que é portador de deficiência, recebeu o tratamento para reduzir a agitação. Juntos, mãe e filho passaram por oito sessões, que ajudaram a melhorar essas dificuldades. “A terapia médica, junto com as terapias alternativas, são excelentes. Espero que alcance muita gente e que as pessoas façam direito o tratamento para ter resultado”, relata Luciane. Ela revela também a expectativa em novas terapias que possam ser encaixadas para auxiliar crianças com deficiências, como hidroterapia, equoterapia, e até mesmo musicoterapia.
SAÚDE 7 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
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O advogado Konstantin Gerber fala sobre a importação de Cannabis no cenário brasileiro
Por Annelise dos Santos, João Victor Lemos, Joyce Clara, Lucas Veloso, Luísa Camargo e Victor Schinato
Em meio às comemorações dos 200 anos de Ponta Grossa, os representantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e moradores da ocupação Ericson John Duarte se reuniram no dia 17 de agosto. A discussão aconteceu no grande auditório do campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e teve como objetivo debater o processo estrutural do loteamento Andorinhas. Ponta Grossa ocupa o 4º lugar no ranking da Companhia Habitacional do Paraná (COHAPAR) de cidade com maior déficit habitacional do estado, sendo mais de 23 mil famílias sem lar.
A programação do evento contoucomapresençadajuízaJuremaCarolinadaSilveira Gomes, que apresentou o desenvolvimentoestruturaldoloteamentoAndorinhas.Deacordo com Jurema, o processo contou com a participação de empresas que oferecem serviços de água e energia elétrica. Aindasegundoajuíza,asempresas debateram acerca do abastecimentobásicoparaque aausênciadessesrecursosfosse revertida. “Fui até a ocupação com todos os atores processuais envolvidos, Sanepar, Copel, Prolar, e fiz uma inspeçãojudicialparaverasituação doterreno.Alimesmo,nomeio daocupação,jáconversamose resolvemosrealizarocadastramento das famílias que estavamnaquelelocal,eparaquea Sanepar e a Copel fizessem umavistoriaparaverificaraviabilidade da ligação de água e luz em algumas localidades”, relataSilveiraGomes.
Os professores da UEPG e também voluntários que prestam assistência à ocupação, Edson Armando Silva e Joel Larocca, apresentaram o Pla
Histórico das ocupações
Em Ponta Grossa, a luta pela moradia teve início antes mesmo da Constituição de 1988 – documento que garante a moradia como direito para todos os cidadãos brasileiros. Em 1982, o projeto João de Barro já iniciava. O local onde hoje se encontra a Vila Rubini, era um loteamento próximo à construção docampusUEPG/Uvaranas.
Em 1988, mesmo ano da constituição, 140 famílias que moravam no arroio da Avenida Souza Naves, lideradas pela exvereadora e líder comunitária Claudete Dallabona, criaram a Vila Dalabona. Em dezembro de 2021, a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade fundou a ocupação Ericson John Duarte no Parque das Andorinhas, que era propriedade da extinta Companhia de Habitação de Ponta Grossa (PROLAR). Cerca de 386 famílias residemnolocalatualmente.
Quilombo Sutil também resiste nos 200 anos de Ponta Grossa
Mesmo com eventos culturaisemelhoriasparaacidade, ascomunidadesperiféricasnão sãocontempladas.Éocaso populaçãodacomunidadequilombolaColôniaSutil.
A história esquecida das ocupaç
“Meu povo ainda resiste no QuilomboSutil.Eurevejotodo o meu passado enquanto mulher, enquanto periférica. Essas são algumas das características que me permeiam”, afirma Ligiane Ferreira, filha de um morador dacomunidade, a respeito da resistência cultural do Sutil. “Eu olho para o quilombo com força, sabendo que eles vêm da Revolta dos Malês, são do povo Nagô e de resistência’’, ressalta.ARevoltadoMalêséconsiderada por historiadores o maior levante de pretos escravizados na história brasileira. O levante ocorreu na Bahia, noséculoXIX,embuscadalibertação dos escravos e da liberdadereligiosa.
Os obstáculos Os problemas burocráticos afetamacomunidadeatéhoje. Uma das áreas atingidas é a economia local. Como a principal atividade é a agricultura, o espaço possui limitações quanto a território, o que dificulta, por exemplo, a criação de animais. Atualmente, muitos moradores cedem sua força de trabalho aos vizinhos e auxiliam nas grandes propriedadesdaregião.
Outra dificuldade que a comunidade enfrenta é em relação à saúde. A unidade básica de saúde Wilson de Jesus Batista Filho, localizada no quilombo, funciona apenas quatro horas na parte
8 O mapa das populações invisibilizadas ESPECIAL
Unidade de saúde móvel no Quilombo Sutil
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Começo da Ocupação Ericson John Duarte
invisibilizadas de Ponta Grossa
upações, Vila Jamil e Quilombo Sutil
da manhã das quartasfeiras. Além do horário restrito de funcionamento, o posto de atendimento não conta com sala de vacinação e atendimento dentário. O transporte é outro fator que demanda atenção. Há uma única linha de ônibus que liga a Colônia Sutil até Ponta Grossa, o ônibus intermunicipal que leva à Palmeira. O transporte não promove o deslocamento adequado, com apenas uma linha, em três únicos horários durante todo o dia, às oito e dez horas da manhã e às duashorasdatarde.
Aindaacercadaprecarização de um povo em detrimento dos outros, Ligiane Ferreira comenta a ausência do feriado de 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) no calendário pontagrossense. Em contrapartida, a quilombola destaca a presençado feriado parao Munchen Fest, festividade criada para celebrar a produção de uma antiga fábrica cervejeira instaladanacidade.
Em relação aos editais de cultura e ao calendário cultural da cidade, Ligiane reforça seu desejo para que o povo do quilombo Sutil seja parte de projetos futuros. “Tem um menino lá no Sutil que é um ótimo fotógrafo, queria ver ele fotografando, fazendo exposições, mas em que meio a gente insere? A gente
comemoração dos 200 anosdacidade.
Lara Luisa Silva Gomes Franco, palestrante durante o IV Congresso Brasileiro de PesquisadoresNegros,sediado na UEPG, ao ser ambientada sobreobicentenáriodacidade e a exclusão da Colônia Sutil na história que está sendo resgatada, comenta: “Ponta Grossa é uma cidade muito próspera e toda cidade que é próspera, se você investigar, tem umaraizquilombolae indígena”.Laraévicepresidente da federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais e idealizadora da primeira linha de pesquisa em quilombolas na Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. Ela defende que é necessário a implementação efetivado Conselho Municipalde Promoção da Igualdade Racial e políticas públicas de saúde para a população negra. Para Lara, a universidade deve fazer pesquisa e extensão nessa comunidadequilombola.
Ligiane afirma que quando a identidade de um quilombo morre, a identidade da cidade a que ela pertence também morre. “Eu, enquanto Conselheira Nacional de Igualdade Racial, faço o chamamento para que a comunidade de Ponta Grossa abrace sua identidade. E sua identidade também é afrobrasileira, in
xonou por uma mulher rival. Com isso, perdeu a posse do tesouro e Tupã ficou enfurecido. A partir da força, o Deus formatou os arenitos conforme desejava.
O apagamento dos povos originários aconteceu com a passagem dos bandeirantes em Ponta Grossa, entre os séculos XVI e XVIII, e também dos jesuítas, no século XVIII. Esses grupos excluíram as tradições, desconfigurando o perfil desses povos. Além disso,muitosforammortosoutiveram que abandonar suas terrasparasobreviver.
O vilarejo local
O historiador Fábio Holzmann conta que, em meados de 1800, o atual Parque Estadual de Vila Velha abrangia fazendas de propriedade do BarãodeGuaraúna.Maistarde elas foram vendidas para Hans Kleine, além das propriedades vizinhas pertencentes ao comerciante Jamil Saad. Em1942,ointerventordoEstadodoParaná,ManoelRibas, declaroupormeiodedecretoa desapropriação das terras de Hans, onde ficavam os arenitos. A negociação de tornar o lugarpúblicoduroutrêsanos.
Com a criação do parque houve a necessidade de contratação dos primeiros funcionários em 1945. Mais tarde, quando os funcionários se
aposentaram, as instalações doparquesetornarampropriedade estadual. Após isso, os aposentados compraram lotes deterrasdeHansKleineeJamil Saad, dando origem à Vila Jamil,nadécadade1980.Porém, a oficialização do Parque Estadualocorreuem1953,no governo de Bento Munhoz da RochaNeto.
O primeiro contratado do Parque foi João Batista Coelho e seu filho, Wilson Coelho, o primeiro homem a nascer no local. “Meus pais foram os primeiros a se casar no Parque, no dia 24 de dezembro de 1946 e passaram a morar na primeira casa construída.”, lembra Wilson. Naquela época, o atual parque Vila Velha era responsável pela conservação das florestas e reflorestamento. Lucélia Clarindo, também nascida na Vila Jamil em 1961, relata as memórias de quando seu pai trabalhava no parque. “Meu pai trabalhava com cultivo de plantas ornamentais, ele plantou muita araucária. A primeira pessoa que eu ouvi falar em ecologia e preservação foi ele”, relembra. Além disso, os funcionários do parque tinham preocupação com os incêndios e avisaram à população da vila por meio de sons feitos por batidas na linha do trem e que
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Trabalhadores da Vila Jamil
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Prefeitura implanta radares de trânsito
Estão previstas 60 unidades até novembro deste ano e a medida não agrada motoristas
Por Eduarda Macedo
Após licitação em 2022, a empresa Splice Indústria Comércio e Serviços LTDA venceu a disputa para a instalação de novos radares em Ponta Grossa. Desde janeiro deste ano, foram implantadas 44 unidades, até novembro estão previstas instalações de mais 16, totalizando 60 radares. Segundo informações repassadas em nota pela Prefeitura, a maior parte dos radares será no Centro, em Uvaranas e Oficinas.
Os locais para a instalação de radares foram definidos após avaliação realizada pela Secretaria Municipal de Segurança Pública, que levou em conta critérios como as características da via, o fluxo de veículos e pedestres na região, o número de acidentes e a existência de outros redutores de velocidade. O período entre a instalação do radar e o início da operação depende da aferição dos dispositivos pelo Inmetro. Por ser uma ação que é feita por um órgão não vinculado ao município, oprazopodevariar.
Mesmo sendo uma medida para evitar acidentes, a instalação dos radares não agradou a todos. A motorista de aplicativo Michelly Ferreira notou o aumento na fiscalização e isso afetou seu trabalho. Para ela, os motoristas demoram para ultrapassar o aparelho e isso pode prejudicar o fluxo de veículos. “Uma corrida que normalmente faríamos em 10 minutos, fazemos em meia hora. Eu acabo fazendo poucas corridas em mais tempo”, afirma a motorista.
No ponto de vista do aposentado Paulo Guimarães, morador de Uvaranas, o aumento do número de radares serve para arrecadar dinheiro para o município. Paulo nota também que os locais onde há semáforos com radares normalmente são aqueles dos modelos antigos, que apenas mudam de cor, isso poderia justificar o aumento do número de multas por esse tipo de infração. “Os radares realmente não estão nesses sinaleiros de contagem de bolinha e com isso o radar pega na velocidade e
no sinal vermelho, isso para mim é uma patifaria que a prefeitura inventou”, relata o aposentado.
Segundo dados do governo municipal, em comparação a julho de 2022, havia 43 radares na cidade, e até julho deste ano, o número total de infrações foi de 9.200 ocorrências. As razões das infrações mudaram um pouco. Em 2022, 92,5% das multas foram por excesso de velocidade, enquanto as por ultrapassagem de sinal vermelho foram 4,85%, e paradas sobre faixa 2,65%. Em 2023, no mesmo período,
62,4% das violações foram por excesso de velocidade, e o índice de multas geradas por paradas em faixas de pedestre quase triplicou, o número passou de 251 para 572. Em relação ao sinal vermelho, o número cresceu em seis vezes, com 31,8%.
A multas para infrações de avanço no sinal vermelho variam de R$293,47 a R$195,23 e até cinco pontos na carteira. Para o excesso de velocidade as multas são maiores, variam de R$130,26 a R$880,41 e podem somar até setepontosnacarteira.
Projeto viabiliza golfe para pessoas com deficiência
Por Diogo Laba
Em Ponta Grossa, um projeto oferece atividades de golfe acessível para pessoas com deficiências locomotoras e intelectuais. A prática é realizada em um campo de golfe improvisado, em frente ao Centro Esportivo Para Pessoas Com Deficiência, no centro de Ponta Grossa, com uma atividade semanal. O projeto começou em 2021, idealizado por Noel Kostiurezko, diretor do Departamento de Paradesporto de Ponta Grossa. Segundo Noel, o golfe só era praticado por pessoas com deficiência intelectual, sendo inexistente para cadeirantes. “O professor me perguntou o por quê não
trazíamos o golfe, eu não conhecia a modalidade. Decidimos inovar e trazer esse esporte para cadeirantes”. O projeto foi pioneiro do Golf 7 e, segundo os organizadores, busca reconhecimento na sociedade. Fábio Siqueira é o treinador da equipe, atleta e responsável pelo Golf 7 no Paraná.
William Mota, paratleta de 36 anos, considera a modalidade uma terapia para tratar a ansiedade. “Eu acho que é justo, porque força a gente querer melhorar. Tem que ter o sentimento de disputa. Vamos chegar no torneio e os outros não vão querer saber, só vencer. Temos que ter esse sentimento de competição”, afirma o atleta. William é natural de Campo Grande
(MS). Lá ele praticava atletismo e outros esportes acessíveis. Quando começou a praticar o basquete, veio a PG para participar do projeto Tubarões Basquete em cadeiras de rodas e se estabeleceu nacidade.
Atualmente 20 atletas participam do projeto. Dos jogadores, 98% recebem a bolsa Prata da Casa, concedida pela Prefeitura. O valor do benefício varia entre 400 a 600 reais e estimula paratletas da cidade a representarem a região em competições estaduais e nacionais.
O grupo de Ponta Grossa participará pela primeira vez de uma competição oficial, os Jogos Abertos Paradesportivos (PARAJAPS). O
evento acontece em novembro, em Foz do Iguaçu. Com o limite de seis paratletas por equipe, a Golf 7 faz uma seleção entre os integrantes com base no desempenho durante os treinamentos. Os jogadores que apresentarem maior rendimento na seleção participam do torneio.
Ponta Grossa conta com acessibilidade em mais esportes, com o intuito de incluir pessoas que possuem deficiências físicas, visuais e intelectuais. Basquete em cadeira de rodas, paranatação, futebol de surdos, tênis de mesa, vôlei sentado, além do parabadminton, são alguns dos 12 esportes acessíveis praticados na cidade.
COTIDIANO 10 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
Avenida Bispo Dom Geraldo Pellanda recebe os novos radares
Foto: Eduarda Macedo
Conselho Tutelar realiza eleição para a gestão 2024/2028
Por Laura Urbano
Aeleição dos novos conselheiros tutelares de Ponta Grossa acontece no dia 01 de outubro, das 8h às 17h, no Campus Central da UEPG. O pleito para escolha dos membros ocorre a cada quatro anos e elege 15 novos conselheiros para o município, que atuam nos conselhos tutelares leste, oeste e norte. Em Ponta Grossa, o órgão trabalha em 234 vilas, com abrangência tanto no perímetro urbano quanto na área rural. Estão aptos a votar os eleitores com título eleitoral em Ponta Grossa, com idade acima de 16 anos e sem débitos com a JustiçaEleitoral.
OscandidatosaoConselho
Tutelar devem cumprir requisitos como idade superior a 21 anos, residência fixa em Ponta Grossa, regularidade dos direitos políticos e experiência de pelo menos dois anos em áreas de atenção à criança e ao adolescente. As equipes são formadas por cinco conselheiros que atuam de forma escalonada e em plantõesdeatendimento.
Rosângela Küller, candidata pela primeira vez ao Con
Pleito em Ponta Grossa tem 49 candidatos confirmados
selho, decidiu participar do pleito depois de vivenciar situações de abuso sexual por seis anos dentro de casa. “Viver isso e não saber a quem recorrerémuitodifícil.Eume coloco à disposição da comunidade para melhor atender nossas crianças e adolescentes, ser um ‘braço’ a mais na rededeproteção”,declara.
Para Maria Eduarda Pavesi, candidata aos 22 anos, o cumprimento das funções dos conselheiros tutelares deve acontecer de forma íntegra e empática. No entanto, Pavesi entende a complexidade da comunicação para que a necessidade da criança ou adolescente seja assimilada de forma integral. “Pretendo manter o contato, ver a demanda como um todo, a visão da criança e/ou adolescente, da família, da escola, da legislação e colocar isso em funcionamento para que as situaçõessejamresolvidasdeforma efetiva. Além disso, acredito que, por ser uma jovem, será possívelcompreendermelhore manterumaconexãocomesse público”,ressalta.
Umadasfunçõesdentroda profissão é o acompanhamento da frequência escolar obrigatória de crianças e adoles
centes. Para o candidato Victor Freitas, é necessário assegurar que o ciclo educacional seja cumprido desde a educaçãoprimária,passandoparao ensino fundamental e médio. “Precisamos auxiliar no combate à evasão escolar e garantir a presença do aluno em saladeaula”,refleteVictor.
Em todo o histórico das eleições do Conselho Tutelar, éaprimeiravezqueaJustiça Eleitoral disponibiliza urnas eletrônicas para a realização do pleito. Basta levar um documento oficial com foto e o título de eleitor para votar. A listagem oficial dos candidatos ao Conselho Tutelar está disponível no site do Conselho Municipal dos Di
reitos das Crianças e dos Adolescentes (CMDCA) de Ponta Grossa.
O Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar é um órgão membro do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA). Os conselheiros são responsáveis por atender crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou que têm os seus direitos violados ou ameaçados. A atuação do órgão é guiada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e busca o cumprimento dos direitos como garantia à educação, saúde, integridade psicológica efísica,alémdesegurança.
Instituições oferecem cursinhos pré-vestibulares gratuitos em PG
Por Betania Ramos
Instituições, universidades e igrejas oferecem a possibilidade de estudo para alunos que se preparam para o vestibular da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Os cursinhos se destinam aos estudantes que não têm condição financeira de pagar as mensalidades e materiais de estudos das instituições privadas. Em Ponta Grossa, há pelo menos quatro cursinhos gratuitos ou de baixo custo com vagas abertas: Igreja Imaculada Conceição de Uvaranas, Sesc Ponta Grossa, o Emancipa, realizado pela Frente Nacional de Luta (FNL), e a própriaUEPG.
O funcionamento dos cur
sos prévestibulares varia de acordo com cada instituição. O Sesc fornece aulas online para alunos de mais de 15 cidades do Paraná, possui material incluso com atualizado anualmente, plantões para tirar dúvidas e simulados com medidores de desempenho. O cursinho da Igreja Imaculada Conceição cobra taxa de matrícula de 50 reais para auxílio com os materiais utilizados pelos professoresealunos.
Raíssa Grzebielucka estudou no cursinho da Igreja Imaculada Conceição e foi aprovada no vestibular da UEPG no curso de Ciências Contábeis. “Ver pessoas doando seu tempo para ensinar alunos sem taxa alguma, isso colocou na minha cabeça que teria que me esforçar pra tentar uma vaga na uni
versidade para devolver todo o esforço que eles tiveram pra me ensinar”, afirma. Estefany Fernanda Boiko, agora acadêmica do curso de Serviço Social da UEPG, estudou no cursinho oferecido pela própria instituição. “Vivenciávamos a universidade como um todo, desde o restaurante universitário até as salas de aula, o que facilitou muito a vida acadêmica”, relataagraduanda.
Durante a pandemia de covid19, o cursinho da Igrejinha de Uvaranas, como é conhecido, ofertou aulas e atividades online.
Luiza Canteri Martins, acadêmica de Educação Física da UEPG, relata que o apoio dos professores naquele período foi essencial.
“Eles me deram o maior apoio nas aulas, peguei o
cursinho EAD [ensino a distância], e os professores foram incríveis”, relata Luiza.
A professora de química Suelen Queiroz trabalhou dando aulas no cursinho da Igreja Imaculada Conceição. “A educação comunitária é um exercício de cidadania, construímos uma ponte entre a universidade e a escola pública.” afirma. Para participar dos cursinhos, a pessoa deve entrar em contato pelas redes sociais das instituições, por telefone ou ir até o local. Caso tenha vaga disponível, basta entregar os documentos necessários para a matrícula. Além disso, a população pode contribuir com os cursinhos populares por meio de doações em dinheiro e material didático.
COTIDIANO 11 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
Membros do Conselho Tutelar desfilam nos 200 anos de PG
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Micro e macro cervejarias apostam nos Campos Gerais para a produção cervejeira
Paraná é lider nacional na produção do grão, seguido pelo Rio Grande do Sul e São Paulo
Por Laura Urbano
Segundo o censo do IBGE, em 2020, Ponta Grossa foi a 7º maior produtora de cevada no Brasil. A posição de destaque também se estende ao estado do Paraná, que deve produzir 382 mil toneladas de cevada na safra 2023/2024, de acordo com as previsões da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Na produção da cevada nos 19 municípios dos Campos Gerais, há aproximadamente 22 mil hectares de plantação, representando 30% da colheita. As indústrias cervejeiras movimentam a economia de Ponta Grossa desde 1906, quando o alemão Henrique Thielen fundou a Cervejaria Adriática. Isso se deve ao fato de que a região é destaque na produção da cevada, já que possui água com maior pureza e qualidade, além de mão de obra qualificada. Para contribuir com o setor cervejeiro, microcervejarias da cidade fornecem alta qualidade na produção artesanal de derivados da cerveja. Ao todo, Ponta Grossa tem dez fábricas que produzem, em média, 50 mil litros de cervejas semanalmente. Os levantamentos da Associação das Microcervejarias dos Campos
Gerais revelam também que os microempreendimentos geram em torno de 30 empregos diretos.
A reportagem do Foca
Livre conversou com o proprietário de uma microcervejaria, Hans Strasburger, sobre o impacto das fábricas para o município, processos de produção e também sobre a importância histórica das cervejarias para a região. Hans é filho de Jan Strasburger que, em 1983, tornouse o principal cervejeiro da maior produtora de Ponta
Grossa, a Cervejaria Antárctica. O pai de Hans foi o responsável pela criação do Chope München, além da idealização da München Fest Festa icônica da cidade, que iniciou na década de 80 e segue até hoje na programação festiva do município.
Foca Livre: Hans, como funciona o processo de produção cervejeira? Existe alguma diferença entre a produção artesanaleadelargaescala?
Hans Strasburger: O processo da cerveja, da fabricação artesanal, é exatamente igual ao de uma cerveja industrializada, essas cervejas "mainstream" das maiores. O que difere são as matérias primas, os tempos de fermentação, maturação, alguns equipamentos se adequam melhor a cada estilo de cerveja, diferente de uma fábrica grande que usa um equipamento único para a bebida que é produzida.
FL: Como você avalia o impacto da indústria cervejeira no município de PontaGrossa?
HS: O impacto é enorme. Gera muito emprego, gera aluguéis e movimentação no turismo. Eu acho que é um setor importante, senão o mais importante na região. Considere que tem duas fábricas de bebidas enormes na cidade, que são a Heineken e a Ambev. Isso tudo, além de movimentar o setor de empregos, também movimenta o transporte e outros setores.
FL: A escolha dos ingredientes utilizados na produçãosãolocaisousãoimportadosdeoutroslugares?
HS: A gente tem ingredientes locais, não muita coisa. O malte de cevada, o lúpulo, o fermento, a maior parte do que a gente usa é importada da Alemanha, da República Tcheca, dos Estados Uni
dos. Então, o Brasil ainda não tem hipossuficiência no fornecimento destes insumos e nem qualidade em todos eles. Mas alguns são muito bons.
FL: A instalação da cervejaria na região dos Campos Gerais tem algum diferencial?
HS: Primeiro que a gente mora aqui. Segundo, nós temos uma localização excelente de passagem de pessoas que querem conhecer e é um lugar de fácil deslocamento. E também o fornecimento de água em Ponta Grossa é muito bom, então isso influencia pra escolher um local para produzir.
FL: Quais foram os principais desafios enfrentados no período de instalação da microcervejaria no município?
HS: O principal desafio foi na parte jurídica, de atender todos os requisitos da lei que nos fiscaliza. Para ficar dentro dela, com os ambientes corretos de produção, limpos e sanitizados dentro das recomendações do Ministério da Agricultura.
FL: Qual a sua expectativa para o futuro econômico das microcervejarias na cidade?
HS: É muito difícil fazer essa análise. Eu acho
que quem trabalha direitinho e tem um bom produto são essas cervejarias que vão se manter e não vão acabar nunca. Isso depende muito da estratégia de cada empresa. O importante é você tentar se identificar com o público que consome essa cerveja.
FL: Como foi criado o interesse de montar e investir na indústria cervejeira? Existe algum passado que influenciouestadecisão?
HS: A nossa cervejaria foi criada principalmente porque é um ofício de família. O meu pai, avô e outras gerações sempre estiveram ligadas com a produção de cerveja. Logo após a morte do meu pai, em 2007, eu comecei a arquitetar um dia abrir um negócio, para dar continuidade ao legado da família. E a gente, em 2018, conseguiu inaugurar nossa fábrica.
FL: Quais os tipos de cervejas que a microcervejaria produz?
HS: A gente produz aquelas que ficam o ano inteiro no nosso cardápio e as cervejas sazonais. As sazonais variam de acordo com o clima e com a época do ano. Ao todo, nós temos cerca de 20 tipos de cervejas produzidas.
COTIDIANO 12 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
De acordo com o cervejeiro Strasburger, Ponta Grossa possui destaque na produção de derivados da cevada
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Acervo Municipal de Obras de Arte apresenta condições precárias de infraestrutura
Goteiras dificultam a preservação das mais de 700 obras presentes no Acervos
Por Mariana Borba
OAcervo Municipal de Obras de Arte, localizado em anexo ao Centro de Cultura, no centro de Ponta Grossa, apresenta falhas estruturais, sendo a principal delas no teto. O problema causa goteiras que danificam as obras de arte. Logo após a inauguração do acervo, no início de abril deste ano, as chuvas intensas que ocorreram na cidade denunciaram os problemas na estrutura do local.
A criação do espaço foi uma solução para abrigar as diversas telas e esculturas que não possuíam local para sua conservação. A curadora do espaço, Mariângela Digiovanni, presenciou todo o histórico do acervo, que iniciou em 1989, com a obra do
artista de Guaragi, João Pilarski. Mariângela relata que mesmo com menor número de obras no início, não havia lugar para guardálas da forma correta.
“Elas ficavam encostadas umas nas outras, mas a gente tomava muito cuidado em encostálas de uma maneira que não ferisse a tela”. Hoje, o Acervo conta
em goteiras no andar de baixo
com mais de 700 telas e esculturas. Apesar de estarem em um local melhor para sua conservação, ainda não é a condição ideal para preservar as telas, de acordo com Mariângela.
Segundo a diretora de patrimônio cultural da Secretaria de Cultura, Brenda Ferreira, as gotei
ras surgem porque os ralos da parte de cima não possuem vazão adequada para o tamanho da área, que ocupa em torno de 750m². Brenda explica que será necessário trocar o piso, fazer uma vazão correta e aplicar impermeabilizante em todo o espaço.
Outras medidas ainda são imprescindíveis para tornar o local adequado para a conservação de obras de arte. Entre elas, reforma nos banheiros, troca de piso, pintura e instalação de ar condicionado. De acordo com Brenda, é estimado um valor de R$ 950 mil para toda a reforma e já foi feito o pedido de licitação. A Secretaria de Cultura permanece no aguardo do recurso que vem da prefeitura. Segundo a diretora, a estimativa é que em dois meses, tudo já esteja concluído.
Franciscanos completam 50 anos em PG
Por Lucas Veloso
No dia 15 de agosto, a comunidade dos Frades Menores Missionários (FMM) completou 50 anos de atuação em Ponta Grossa. Atualmente, a organização ajuda mais de mil famílias de todo o Brasil com visitas, missões e a entrega de cestas básicas. Em Ponta Grossa, o grupo atende principalmente as vilas Sabará, Bonsucesso, Parque do Café e Ildemira. As comemorações começaram
em julho, com distribuição de cestas básicas aos moradores do bairro Chapada. O frei Gabriel de Moura Lima, 50 anos, vigário geral, diz o que espera do grupo no futuro. “Que consigamos ajudar cada vez mais famílias com nossas ações, mas para isso devemos receber doações de benfeitores”, afirma.
Jenifer Loren, de 29 anos, foi contemplada pela ação comemorativa dos Franciscanos. Ela conta que não frequenta os ritos
da igreja, mesmo assim recebe doações para ajudar sua família. “Todo mês a gente vem buscar as comidas. Tem tudo que precisamos, mas dá apenas para uns três dias, porque tenho quatro filhos para criar e alimentar”, pontua Jenifer.
De acordo com a coordenadora da Pastoral da Caridade da Paróquia São Pedro Apóstolo, Valdineia de Freitas, 31 famílias recebem ajuda da comunidade do Sabará. Cada domicílio recebe uma cesta básica que contém arroz, feijão, açúcar, café, fubá, farinha, óleo, bolachas, leite, macarrão e sal. A entrega é feita há mais de oito anos e acontece mensalmente na manhã do terceiro domingo.
O auxílio do grupo não se limita às cestas básicas. Joslaine Fátima Camargo, dona de casa, 36 anos, recebeu do grupo uma casa nova para morar com o marido e seus cinco
filhos. “Eles sempre iam me visitar e viram a situação da minha antiga casa, ela estava caindo. Em uma ação dos freis, ganhei a construção e foi uma grande surpresa na minha vida”, afirma Joslaine, que mora há dois anos no imóvel.
A congregação Frades Menores Missionários é um ramo da família franciscana, que se baseia na vida de São Francisco de Assis. Os freis Celestino Dotti e Justino Dotti, irmãos de sangue vindos da cidade União da Vitória, município do sul do Paraná, foram os responsáveis, com auxílio de outros religiosos, por fundar o grupo em agosto de 1973. A igreja da vila Sabará, em Ponta Grossa, foi inaugurada no dia 27 de fevereiro de 1975 e a primeira celebração ocorreu no mesmo dia, às 19h, com a igreja “cheinha de fiéis”, segundo registros da celebração.
CULTURA Foca Livre | Agosto / Setembro 2023 13
Ralos com pouca vazão resultam
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Frades comemoram 50 anos da comunidade na cidade de Ponta Grossa
Uma jornada pelo guia turístico
Yuri Mazzioti Vergani
Por Iolanda Lima
Yurieseusdreadslongos eEdinéiacomumlargo sorrisonorosto,háanos essassãoascaracterísticasdesses amantes do turismo. Verganifaziapasseioscomgrupos deamigosefamiliaresporPonta Grossa. Até sua formação profissionalteveinícioemmeio anaturezadosCamposGerais. YuriégraduadoemTecnologia emGestãoAmbientalpelaUniversidadeMetropolitanadeSantoseépósgraduadoemEducação Ambiental via FaculdadedeEducaçãoSãoLuís.Além disso,fezcursodeguiadeTurismo Regional, em Palmeira. É credenciado desde 2019 para atuar em todo país e na América do Sul. Essa bagagem fez dele o primeiro guia de turismo credenciado na cidade via Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), órgão ligado ao Ministério do Turismo. Yuri nãoestásozinhonessaempreitada, sua esposa Edinéia AparecidaCalistrotambémfoireconhecidanamesmaoportunidade. Ela é professora do curso técnico de turismo em uma escola estadual, na qual se conheceram. Um amor de corredorsurgiuem2007e,desde então, o relacionamento é rodeado de muita aventura,
e a esposa Edinéia Aparecida Calistro foram os primeiros guias de turismo legalizados em Ponta Grossa
naturezaeviagensinesquecíveis.
“Eusempregosteidasáreas naturais, para meus conhecidos fazia passeios apenas por gostar, nem recebia por isso. Quandoocursodetécnicode turismochegounaescola, percebiqueeramaisvoltadoahotéiseàformaçãodeestagiários parahotelaria.Entãofuifazer um curso de guia de turismo emPalmeira”,relataYuri.
Mesmo com o reconhecimento pelo cadastro, Vergani sinaliza a existência de uma série de problemas para valorização profissional, a despeito da fiscalização do credenciamento. De acordo com a lei federal 11.771/2008, o exercício profissional exige
que os interessados tenham o credenciamento realizado pelo Cadastur, porém a realidade é outra. “Apenasuma vezpararamnossoônibuspara pediradocumentaçãodeguia eaindainventaramproblema noônibusparanãoseguirmos viagem.Foiaúnicavezqueeu vipediremresponsável.”aponta.
Segundo ele, outro ponto que poderia ser melhorado é quanto às práticas do turismo. No Parque Vila Velha, por exemplo, grupos com mais de 40 pessoas, deveriam ser acompanhados por guias turísticos. Por outro lado, o grande número de turistas em circulação, pode contribuir com a de
gradação do espaço e interferir no ecossistema. Como saída para essa questão, ele acredita no incentivo do turismo educacional, em que o público se conscientize sobre a importância da preservação do meio ambiente e de medidas sustentáveis. Além da certificação, o que não faltam são histórias. Em uma viagem de Ponta Grossa a Paranaguá, Yuri acompanhou um grupo de 100 pessoas, composto por idosos em trajes de gala. O encontro seria uma matinê de divertimento, ou seja, as maquiagens e penteados milimetricamente preparados se misturavam às caixas de isopor, camarão e bebidas. Em determinado momento, o grupo decidiuvisitaromercadomunicipal da cidade para comprar lembranças da viagem. Devido ao atraso de mais de uma hora para voltar à matinê, uma senhora foi esquecida deliberadamente no mercado. “Voltamos ao baile e chega uma ligação ‘Ah ficou não sei quem e agora tem que buscar’ e faltava uma hora pra acabar o passeio. A senhora voltou xingando.” Yuri conta a história rindo, pois toda vez que a mulher o reconhece, ela atravessa a rua para xingálo.
Mas afinal, quem é Jorge?
Por Loren Leuch
Aomenosumavezpormês, todos viam o Jorge. Seu nome estava na boca do povo.Elevirava assunto assim que circulava pelos corredores da universidade. Jorgetraziainformações,ideias, desabafos e risadas por ondepassava.
FilhotedeOsmarAnsbach, acadêmicodaépoca,Jorgeera conhecido pelos estudantes e aindamaisfamosonocampus UvaranasdaUEPGnadécada de1990.Jorgecirculavasempre cheio de estampas em preto e branco e fazia piadas comprofessoresesituaçõescotidianasdocursodegeografia,isso atéseupaiseformarem2000.
Após a formatura de Osmar, Jorge passou a circular menos pelo departamento.
Ainda assim, continuou com suas críticas às demandas do curso e presença nos bares com a turma. Fabricio Havrechaki, amigo da geografia, conta que, nessas aparições, o povo se reunia para tomar cerveja e comentar as informações trazidas por Jorge. Para a tristeza de muitos, em meados de 2010, Jorge desaparece e não deixa notícias.
Sete anos depois, ele decide voltar. Mas, já não era o mesmo. Jorge, antes visto apenas em preto e branco, passou a usar cores. Além disso, ele era tecnológico: trocou a caneta Nankinpelocomputador!Apesar das mudanças, ele nunca deixoudeexercerseupapelde informaramigosecolegas.
Jorge, por mais que não pareça, é um apelido. Seu
nome completo é Jornal da Geografia, iniciado por Osmar Ansbach em 1998. O jornal começoucomopassatempoao longodesuagraduação,inspirados nos fanzines daquela época. Jorge era desenhado à mão, as páginas eram preenchidas com caricaturas de professores, piadas e críticas que contribuíram para a melhoriadocurso.
Comaevoluçãodatecnologia, passou a ser feito com recortes detextosdigitados.
O seu retorno em 2017 foiorganizado pelo professor Mario Sergio de Mello e seus alunos passaram a diagramálo. Leandro Degani, aluno mais
contemporâneo, participava das edições mais recentes e conta que Jorge não era bem recebido pelos acadêmicos como em 1990, os estudantes não se engajaram com o Jorge. Sendo assim, com a mudança de década ele finalmente descansou e saiu de cena. Quem sabe, em mais algunsanos,Jorgeganheoutrasformasevolteaaparecer novamente.
LITERÁRIO 14 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
Osmar Ansbach
Foto: Iolanda Lima
Jornalista formada na UEPG realiza cobertura da Copa do Mundo Feminina
Mariana Santos acompanhou os jogos até a grande final da competição na sua primeira experiência internacional
Por Mel Pires
Mariana Santos é graduada em jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e sempre teve forte ligação com o esporte, principalmente o futebol feminino. Em 2023, ela fez as malas com destino à Nova Zelândia e à Austrália para cobertura da Copa do Mundo Feminina. Atualmente, Mariana ocupa o cargo de editora no ‘Fut das Minas’ portal destinado exclusivamente à cobertura de futebol feminino. Além disso, ela tem passagem em editorias de esporte e futebol nos portais Globo, UOL e também pelo Operário Ferroviário, clube de Ponta Grossa. A jornalista conversou com a reportagem do Foca Livre e relata as experiências que passou durante acoberturadaCopa.
Foca Livre: Como foi o processo até a chegada à Austrália?
Mariana Santos: Foi tranquilo, nós fomos credenciados pela FIFA [Federação Internacional de Futebol], isso facilita a passar por burocracias em viagens para outro país. A gente não precisou tirar o visto normal, de turista ou de trabalho, tinha um visto específico para a Copa, com o nome da competição. Facilitou porque recebemos uma carta da FIFA descrevendo o trabalho na Copa do Mundo.
FL: Qual foi a maior dificuldade desta cobertura internacional?
MS: A maior dificuldade é a própria burocracia que a FIFA impõe à cobertura, porque o registro foi como ‘’mídia escrita’’. Nós não tínhamos credencial de televisão, e isso impede a gravação de vídeos. Não pode gravar vídeos em nenhum espaço que seja da Federação, nem na frente do estádio. Treinos oficiais também não eram possíveis de gravar. Hoje em dia, com uma cobertura feita muito para as redes sociais, a gente perdia muito, porque não poderia
usar as imagens oficiais. Tanto que só poderia usar imagens em treinos que não eram da FIFA, que eram da própria CBF ou outras confederações. Acho que isso foi a maior dificuldade, a FIFA ainda não está preparada pra esse boom digital e acho que a cobertura ficou muito aquém, porque realmente a maioria das imagens não poderíamos usar, nem entrar ao vivo por exemplo. Quem entrava em programa ao vivo de madrugada tinha que sair do estádio, virar a câmera pra rua e só aí entrar ao vivo.
FL: Na cultura local, o que mais te agradou e o que deixou a desejar?
MS: A Austrália é um país muito seguro. Voltávamos dos jogos de madrugada, andando a pé muitas vezes, e a maioria mulheres. Isso foi uma coisa muito legal de acompanhar. Acho que culturalmente a forma que o futebol feminino se mostrou como potência na Austrália também foi legal. Lá o futebol é o sétimo esporte mais popular e está longe de uma cultura como a do Brasil, que vive e respira futebol. O que deixou a desejar é que estamos acostumados com o clima brasileiro, das pessoas serem muito alegres, felizes. O Brasil é um país que conversa mais, que fala mais,
que se entrosa mais com outras pessoas. E eu os sentia [australianos] muito na deles, mas é cultural. O que também deixou a desejar foi a comida, falta de arroz e feijão todos os dias é muito ruim. Comia muita fritura, comida asiática, algo que não se come normalmente no Brasil. Eu senti falta de um feijãozinho, acho que isso foi o que mais me deixou comsaudade doBrasil.
FL: Qual foi a sensação de viver a primeira Copa com sede em dois países diferentes?
MS: Percebemos que os países que estavam na Austrália tinham muita torcida, muita gente acompanhando, até boa parte da imprensa estava na Austrália. Mas achoquefoilegalterdoispaíses em que o futebol não é o primeiro esporte, mas que, de certa forma, o futebol feminino fez com que esse esporte ficasse um pouco mais popular dentro desses países. Acho que o mais importante disso tudo é o legado que essa Copa deixa pra Nova Zelândia e Austrália. Vamos colher muitos frutos disso no futuro, pensando mesmo no futebol feminino com crianças,emescolinhas.
FL: Nos quesitos horários e meios de locomoção, a logística foi tranquila?
MS: A gente organizou com mais pessoas de outros
veículos, planejamos toda a primeira fase antes, em conjunto. Na primeira etapa da competição, sabíamos exatamente aonde ir, que dia teria que viajar pra outra cidade porque seguiríamos a Seleção Brasileira. Como o Brasil caiu, deu pra reorganizar um pouco, mas, ao todo, passamos por quatro cidades: Adelaide, Brisbane, Melbourne e Sydney. A imprensa não pagava transporte público; com a credencial, você entrava nos metrôs, nos trens, no barco, que é a balsa deles. Então, a gente praticamente não teve gastos com a parte delocomoção.
FL: Como foi a comunicação com outras colegas da imprensa e torcida?
MS: Conseguimos ter uma comunicação muito boa entre a imprensa e a torcida. Precisávamos falar um pouco de inglês para manter contato com as jornalistas da maioria dos países. Mas também cobrimos jogos da Colômbia, por exemplo, e conseguimos ter aquele contato mais latino. Essa proximidade resultou em maior contato com as colegas da Colômbia e Argentina. Nossas formas de se expressarsãomaisparecidas.
FL: Quando a ficha caiu para o fato de você realizar a cobertura presencial de um dos eventos esportivos mais importantes do mundo?
MS: Quando eu estava no primeiro jogo da Seleção Brasileira realmente a ficha caiu. Eu cobrindo uma Copa! Um sonho antigo que não imaginava realizar tão rápido na minha carreira. Em cada jogo a ficha caia mais um pouquinho. No último jogo eu pensei: ‘realmente estou em uma final de Copa do Mundo. Na maior de todas na categoria feminina’. É muito fascinante ver o crescimento do futebol feminino. Eu volto, vejo os lances e penso ‘eu estava lá’. O jornalismo nos permite o presente de trabalhar e fazer partes de momentos históricos como este. Meu desejo agora é de que a próxima Copa aconteça no Brasil!
15 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
ESPORTE
:
Mariana de Fátima dos Santos representa jornalistas mulheres na cobertura da Copa do Mundo
Economia Popular
Com este ensaio registramos as feirinhas populares que fazem parte da história de Ponta Grossa. Para muitos feirantes essa é a principal forma de sustento; para populares a de consumo. Além disso, são espaços de convivênciaentreculturas.
ENSAIO 16 Foca Livre | Agosto / Setembro 2023
Fotos: Eduarda Gomes de Paula Emanuely de Almeida Ester Roloff
Fotos: Gabriele Proença Camargo Isabelle Petroski Maria Cecília Mascarenhas